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As personagens
D. Madalena de Vilhena
O seu estado emocional agudizou-se com a estada no palácio de D.
João de Portugal, encontrando-se, durante oito dias, num estado
doentio e revelador de extrema perturbação.
- é atormentada pela sensação de ter cometido um crime, por ter
começado a amar Manuel quando ainda era casada com D. João.
Assim sendo, vive angustiada pelos remorsos de ter pecado;
- tendo em conta a mentalidade da época e a visão católica do
casamento, Madalena sente-se perseguida pela culpa;
- revela incapacidade de reconhecer o seu primeiro marido, ainda
que a sua imagem a tenha atormentado ao longo dos anos.
Maria de Noronha
Indícios trágicos
Ao longo deste ato, como no anterior, o leitor vai sendo confrontado
com indícios que apontam para a tragédia que se avizinha.
São exemplos desses indícios:
- a alusão à obra «Menina e Moça», de Bernardim Ribeiro, na qual
se relatam os amores infelizes de dois jovens e se observam vários
enigmas;
- a passagem textual citada por Maria aponta metaforicamente para
a sua morte precoce e inesperada;
- os vaticínios de D. Madalena, relacionados com a destruição do
retrato do marido e com a presença da imagem a corpo inteiro de D.
João de Portugal, figura que, ao longo da obra, se vai corporizando;
- os presságios de Maria;
- a doença da jovem (o seu estado febril intensifica-se ao longo da
obra);
- a situação de Joana de Castro e do marido, D. Luís de Portugal,
que optaram pela vida religiosa, renegando os bens materiais e o
estatuto social, aponta para o fim do casal Madalena e Manuel (o
convento como sepultura);
- as referências constantes a sexta-feira, dia que Madalena
considera aziago e que evoca a Paixão e morte de Cristo;
- a sugestão de despedida presente no discurso de Madalena e
Manuel;
- a apreensão de Frei Jorge face ao decorrer dos acontecimentos e
aos estados de espírito e reações dos familiares.
Linguagem e estilo
À semelhança do que acontecia no ato anterior, também aqui encontramos
recursos expressivos e linguísticos que dão conta do estado emocional
das personagens, nomeadamente do medo, terror, incredulidade e
desespero.
«[...] que tanto deixou para deixar o mundo e se ir enterrar num claustro.»
- ironia por parte do Romeiro, demonstrando a sua dor pela situação com
que se confronta e por não ser reconhecido.
«Romeiro – Não há ofensa verdadeira senão as que se fazem a Deus. –
Pedi-lhe vós perdão a Ele, que vos não faltara de quê.»