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Ação Tem uma única ação (receios que algo se abata sobre a família).
No entanto, há um esboço sobre uma ação secundária na revolta de Manuel,
que o leva a lançar fogo ao palácio.
Espaço Não cumpre a lei da unidade espacial (câmara com vista ao exterior do palácio
de Manuel; salão interior do palácio de D. João; parte baixa do palácio de D.
João). O espaço afunila-se, tornando-se mais fechado e claustrofóbico,
representando a limitação das possibilidades de soluções para os problemas
que afetam a família. Percurso que vai do profano para o sagrado, já que a
peça acaba na igreja onde as duas personagens professam.
Tempo Não respeita a lei da unidade do tempo (decorre em 8 dias e não em 24h como
prescritas para a tragédia clássica). Há alusões à batalha de Alcácer, 21 anos
antes dos acontecimentos, sem que estas comprometam a unidade de tempo
da peça. A ação avança progressivamente no tempo, já que após os 8 dias no
ato I e II, os acontecimentos precipitam-se nos atos II e III (afunilamento do
tempo), que demonstra o aumento da tensão dramática.
Ananké (força do Destino - força que determina o regresso de D. João e desencadeia o fim
implacável) trágico
Contextualização histórico-literária
O contexto histórico interliga-se com o contexto literário.
O triunfo das ideias liberais na Europa e a afirmação da liberdade nacional foram
acompanhados, no século XIX, por um movimento literário, o Romantismo.
O Romantismo baseava-se:
● na apologia da transformação da sociedade;
● na redescoberta das raízes culturais e históricas, como afirmação da nação;
● na defesa de uma literatura nacional;
● na valorização do indivíduo e a expressão de emoções;
● abordava temas como o exílio, a liberdade, expressão de emoções e a experiência
pessoal.
Dimensão patriótica e a sua expressão simbólica
Portugal perde a sua independência para Espanha após a batalha de Alcácer Quibir e a
identidade da nação ameaça desaparecer. Frei Luís de Sousa representa a tragédia de um
povo que reflete sobre o destino de Portugal numa época complexa, numa profunda crise
de identidade. Inicialmente Telmo e Maria anseiam o regresso do “velho Portugal”,
representado por D. João de Portugal e D. Sebastião, que poderia resgatar o Reino da
situação política e social em que se encontra. No entanto, o regresso de D. João acaba por
destruir a família e, simbolicamente, a esperança num “novo Portugal”.
O “velho Portugal” que desaparece com a perda da independência é representado pelo
palácio de D. João (pesado e antigo) e pelos retratos da sala do palácio de D. João de
Portugal.
O “novo Portugal”, um reino aprisionado na monarquia espanhola, é representado por
Manuel de Sousa Coutinho, D. Madalena e Maria, já que esta família representa o que
poderia ser um Portugal futuro, uma nova nação, mas que se encontra assombrada pelo
passado e acaba por ser destruída devido ao regresso do “velho Portugal”. É ainda
representado pelo palácio de Manuel de Sousa Coutinho, que é incendiado e pelo retrato
deste, que é destruído. A família de Sousa Coutinho revela um forte sentimento patriótico,
rejeitando a união com Espanha, isto é demonstrado pela ação de Manuel, ao incendiar o
seu palácio, de modo a demonstrar repúdio pelo domínio espanhol.
Telmo: personagem dividida
Telmo tem fidelidade ao Portugal passado, mantém a sua estima por D. João, guarda
recordações de Camões e sonha com o regresso de D. Sebastião. No entanto, Telmo tem
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uma grande estima por Maria e sente uma grande admiração por Manuel de Sousa
Coutinho, devido ao seu patriotismo, receando o efeito que o regresso de D. João possa
causar à família. Esta personagem acaba por representar a encruzilhada em que Portugal
se encontra.
Sebastianismo
O Sebastianismo é uma crença que surge com o desaparecimento de D. Sebastião na
batalha de Alcácer Quibir. Como o corpo do jovem nunca foi encontrado, alguns
acreditavam que este poderia regressar para libertar Portugal do domínio espanhol e
conduzir o reino ao esplendor e prosperidade. O Sebastianismo, em Frei Luís de Sousa,
associa-se ao patriotismo. As personagens principais, que são patriotas, tomam diferentes
atitudes em relação ao regresso de D. Sebastião. Maria e Telmo, anseiam pela sua
chegada, já que acreditam que ele libertará Portugal. No entanto, Manuel de Sousa
Coutinho e D. Madalena, porque associam o seu regresso com o regresso de D. João de
Portugal, primeiro marido de D. Madalena, já que também este desapareceu em Alcácer
Quibir e o ser corpo nunca fora recuperado, não anseiam pelo regresso de D. Sebastião,
pelo que se este pode voltar, também D. João pode, o que implica a destruição da família.
Em Frei Luís de Sousa, o Sebastianismo é perspectivado negativamente já que esta crença
condena um povo à inação e não permite a mudança necessária, aquele Portugal morreu
com D. Sebastião em Alcácer Quibir e não pode renascer.
Recorte das personagens
● D. Madalena de Vilhena – personagem romântica, emotiva, insegura, instável e
supersticiosa, atormentada pelos remorsos e culpa de se ter apaixonado por Manuel
de Sousa Coutinho, preocupada (Maria), dominada pelos terrores que a impedem de
ser feliz. No fim resignada, já que aceita a sua desgraça como purificação dos seus
pecados
● Manuel de Sousa Coutinho – figura heroica de recorte clássico, racional, patriota,
íntegra e pragmática, digno, honrado, corajoso, rebelde, desapegado de bens
materiais, sensível e terno para com a mulher e filha
● Maria de Noronha – personagem idealizada, romântica, curiosa, idealista, perspicaz
e débil, madura, bondosa, frágil, patriota, tem boas intuições e está marcada pelo
destino (doença, ilegitimidade)
● Telmo Pais – comentador da ação crítico, confidente, preocupado, fiel, amigo, e
sebastianista, assume o papel do coro da tragédia clássica, fazendo juízos morais e
críticos
● Frei Jorge – clérigo, racional, bom ouvinte e bom conselheiro, intransigente e
inflexível acerca da separação do casal
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que se encontra numa situação débil. Madalena tenta evitar a separação, acabando por se
resignar e aceitar a decisão de Manuel de Sousa Coutinho
Desenlace - cenas X a XII, dá-se o desenlace: o casal retira-se para um convento (toma o
hábito) e Maria morre nos braços da sua mãe.
Amor de Perdição
Gramática
Modalidades e valor modal
Funções sintáticas
Modificador apositivo do O Paulo, meu sobrinho, tem 14 anos. - surge isolado por
nome vírgulas
Complemento do nome
Há nomes que necessitam de informação para completar o seu significado, isto é, são
nomes dependentes. O complemento do nome é selecionado pelo nome e pode ser
constituído por um grupo preposicional ou adjetival.
Nomes coletivos (um todo) ou nomes fragmentados coleção, equipa pedaço, porção,
(parte de um todo) grupo fatia
Consecutiva (consequência) Está tanto sol que os meus olhos estão a arder.
Concessiva (contraste) Ainda que prefira andar de carro, hoje vim de autocarro.
Relativa explicativa O António, que é meu amigo, viu esse filme ontem.