Você está na página 1de 8

1

Português - 3º teste - 11ºano


Frei Luís de Sousa
Drama romântico ou tragédia?
O que associa a peça ao drama romântico é o não cumprimento de normas rígidas (que
acontece na tragédia): escrita em prosa e não cumpre a lei da unidade do espaço e tempo.

Ação Tem uma única ação (receios que algo se abata sobre a família).
No entanto, há um esboço sobre uma ação secundária na revolta de Manuel,
que o leva a lançar fogo ao palácio.

Espaço Não cumpre a lei da unidade espacial (câmara com vista ao exterior do palácio
de Manuel; salão interior do palácio de D. João; parte baixa do palácio de D.
João). O espaço afunila-se, tornando-se mais fechado e claustrofóbico,
representando a limitação das possibilidades de soluções para os problemas
que afetam a família. Percurso que vai do profano para o sagrado, já que a
peça acaba na igreja onde as duas personagens professam.

Tempo Não respeita a lei da unidade do tempo (decorre em 8 dias e não em 24h como
prescritas para a tragédia clássica). Há alusões à batalha de Alcácer, 21 anos
antes dos acontecimentos, sem que estas comprometam a unidade de tempo
da peça. A ação avança progressivamente no tempo, já que após os 8 dias no
ato I e II, os acontecimentos precipitam-se nos atos II e III (afunilamento do
tempo), que demonstra o aumento da tensão dramática.

Características da tragédia em Frei Luís de Sousa


● nº reduzido de personagens de caráter nobre e condição social elevada;
● tom grave e sério no tratamento do assunto e linguagem;
● final funesto (catástrofe) no qual desembocam os acontecimentos;
● existência de presságios e indícios que prenunciam a catástrofe (evocação da figura
trágica de Inês de Castro; associação entre o possível regresso de D. Sebastião ao
regresso de D. João; sintomas da doença de Maria; destruição pelo fogo do retrato
de Manuel; mudança da família para o palácio de Manuel; referência de sexta-feira
como “dia fatal”; simbologia dos nº 3 e 7 e situação dos condes de Vimioso);
● presença de elementos da tragédia clássica.
Elementos da tragédia

Hybris - D. Madalena apaixona-se por Manuel quando ainda estava


(desafio à ordem instituída casada e casa com este sem provas do seu marido.
e às leis da natureza) - Manuel desafia a ordem política (incêndio)

Ágon (conflito entre - culpa de D. Madalena por se apaixonar por Manuel


personagens ou conflito - divisão de Telmo
interior de uma - conflito entre a aspiração de D. Madalena à felicidade e ao
personagem) amor e intuito de retaliação de D. João

Peripécia - incêndio do palácio de Manuel, que obriga a família a mudar-se,


(mudança súbita no rumo onde se desencadeia a catástrofe
dos acontecimentos) - chegada de Romeiro que questiona a legitimidade da família e
2

a empurra para o fim trágico

Anagnórise - chegada de Romeiro e identificação deste como D. João


(reconhecimento)

Ananké (força do Destino - força que determina o regresso de D. João e desencadeia o fim
implacável) trágico

- o sofrimento atinge as personagens e sente-se (inquietação e


Pathos (sofrimento) culpa de D. Madalena; dor de Manuel pelo sofrimento da filha;
doença de Maria, a vergonha e a morte; revolta e sofrimento de
D. João; angústia de Frei Jorge que assiste ao fim da família)

Clímax (ponto culminante) - Romeiro anuncia que D. João está vivo

Catástrofe - Maria morre


(desenlace trágico) - D. Madalena e Manuel “morrem” para o mundo

Catarse (terror e piedade - a catástrofe desperta sentimentos de terror e piedade face ao


sentidos pelo espectador) fim trágico da família

Características românticas em Frei Luís de Sousa

- drama romântico (3 atos, prosa)


Género literário - culto dos sentimentos, princípios e valores enaltecidos
pelo Romantismo

Apologia da liberdade poética em - adaptações da História - vida de Manuel, D. Madalena e


detrimento do rigor histórico D. João

- valores exibidos por Manuel (incêndio)


Valorização da identidade - orgulho de Maria pela atitude do pai
nacional (patriotismo) - admiração de Telmo por Manuel
- referências a Camões e Bernardim Ribeiro

- personagens que incorporam a crença: Telmo e Maria


Sebastianismo - D. João - associado a D. Sebastião
- elemento destrutivo e aniquilador da família

- pressentimentos e terrores de Madalena


Crença em agouros e - presságios de Telmo e Maria
superstições - sexta feira “dia fatal”

- suposta morte de D. João e D. Sebastião


Tema da morte - doença e morte de Maria
- morte para o mundo de D. Madalena e Manuel

Referência ao Cristianismo - religião cristã enquanto refúgio e consolação (solução


perante a catástrofe)

Incumprimento da lei das - morte de Maria e sugestão de que morre de vergonha,


conveniências de sofrimento

Relação entre a problemática - época de submissão a Espanha e ato de rebeldia de


política e os problemas individuais Manuel a essa dependência
3

- apologia do patriotismo e nacionalismo


Missão social e edificante da - exaltação dos valores cristãos
literatura - denúncia das consequências do preconceito social
(ilegitimidade de Maria)

Contextualização histórico-literária
O contexto histórico interliga-se com o contexto literário.
O triunfo das ideias liberais na Europa e a afirmação da liberdade nacional foram
acompanhados, no século XIX, por um movimento literário, o Romantismo.
O Romantismo baseava-se:
● na apologia da transformação da sociedade;
● na redescoberta das raízes culturais e históricas, como afirmação da nação;
● na defesa de uma literatura nacional;
● na valorização do indivíduo e a expressão de emoções;
● abordava temas como o exílio, a liberdade, expressão de emoções e a experiência
pessoal.
Dimensão patriótica e a sua expressão simbólica
Portugal perde a sua independência para Espanha após a batalha de Alcácer Quibir e a
identidade da nação ameaça desaparecer. Frei Luís de Sousa representa a tragédia de um
povo que reflete sobre o destino de Portugal numa época complexa, numa profunda crise
de identidade. Inicialmente Telmo e Maria anseiam o regresso do “velho Portugal”,
representado por D. João de Portugal e D. Sebastião, que poderia resgatar o Reino da
situação política e social em que se encontra. No entanto, o regresso de D. João acaba por
destruir a família e, simbolicamente, a esperança num “novo Portugal”.
O “velho Portugal” que desaparece com a perda da independência é representado pelo
palácio de D. João (pesado e antigo) e pelos retratos da sala do palácio de D. João de
Portugal.
O “novo Portugal”, um reino aprisionado na monarquia espanhola, é representado por
Manuel de Sousa Coutinho, D. Madalena e Maria, já que esta família representa o que
poderia ser um Portugal futuro, uma nova nação, mas que se encontra assombrada pelo
passado e acaba por ser destruída devido ao regresso do “velho Portugal”. É ainda
representado pelo palácio de Manuel de Sousa Coutinho, que é incendiado e pelo retrato
deste, que é destruído. A família de Sousa Coutinho revela um forte sentimento patriótico,
rejeitando a união com Espanha, isto é demonstrado pela ação de Manuel, ao incendiar o
seu palácio, de modo a demonstrar repúdio pelo domínio espanhol.
Telmo: personagem dividida
Telmo tem fidelidade ao Portugal passado, mantém a sua estima por D. João, guarda
recordações de Camões e sonha com o regresso de D. Sebastião. No entanto, Telmo tem
4

uma grande estima por Maria e sente uma grande admiração por Manuel de Sousa
Coutinho, devido ao seu patriotismo, receando o efeito que o regresso de D. João possa
causar à família. Esta personagem acaba por representar a encruzilhada em que Portugal
se encontra.
Sebastianismo
O Sebastianismo é uma crença que surge com o desaparecimento de D. Sebastião na
batalha de Alcácer Quibir. Como o corpo do jovem nunca foi encontrado, alguns
acreditavam que este poderia regressar para libertar Portugal do domínio espanhol e
conduzir o reino ao esplendor e prosperidade. O Sebastianismo, em Frei Luís de Sousa,
associa-se ao patriotismo. As personagens principais, que são patriotas, tomam diferentes
atitudes em relação ao regresso de D. Sebastião. Maria e Telmo, anseiam pela sua
chegada, já que acreditam que ele libertará Portugal. No entanto, Manuel de Sousa
Coutinho e D. Madalena, porque associam o seu regresso com o regresso de D. João de
Portugal, primeiro marido de D. Madalena, já que também este desapareceu em Alcácer
Quibir e o ser corpo nunca fora recuperado, não anseiam pelo regresso de D. Sebastião,
pelo que se este pode voltar, também D. João pode, o que implica a destruição da família.
Em Frei Luís de Sousa, o Sebastianismo é perspectivado negativamente já que esta crença
condena um povo à inação e não permite a mudança necessária, aquele Portugal morreu
com D. Sebastião em Alcácer Quibir e não pode renascer.
Recorte das personagens
● D. Madalena de Vilhena – personagem romântica, emotiva, insegura, instável e
supersticiosa, atormentada pelos remorsos e culpa de se ter apaixonado por Manuel
de Sousa Coutinho, preocupada (Maria), dominada pelos terrores que a impedem de
ser feliz. No fim resignada, já que aceita a sua desgraça como purificação dos seus
pecados
● Manuel de Sousa Coutinho – figura heroica de recorte clássico, racional, patriota,
íntegra e pragmática, digno, honrado, corajoso, rebelde, desapegado de bens
materiais, sensível e terno para com a mulher e filha
● Maria de Noronha – personagem idealizada, romântica, curiosa, idealista, perspicaz
e débil, madura, bondosa, frágil, patriota, tem boas intuições e está marcada pelo
destino (doença, ilegitimidade)
● Telmo Pais – comentador da ação crítico, confidente, preocupado, fiel, amigo, e
sebastianista, assume o papel do coro da tragédia clássica, fazendo juízos morais e
críticos
● Frei Jorge – clérigo, racional, bom ouvinte e bom conselheiro, intransigente e
inflexível acerca da separação do casal
5

● D. João de Portugal – personagem trágica, mártir, enigmática, solitária e austera,


representa o destino, honrado e generoso já que ao descobrir que o seu regresso
destruiria a vida de um inocente (Maria), arrepende-se e procura remediar a situação
que provocou
Ato I (12 cenas)
● Espaço – Palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada (elegante, luxuoso,
com boa luminosidade devido às largas janelas abertas sobre o Tejo)
● Tempo – 27 de julho de 1599 - tempo da Peste em Portugal
Exposição - cenas I a IV - contextualização da ação e caracterização dos personagens.
Conflito - cenas V a VIII - Frei Jorge informa de que o palácio será ocupado pelos
governadores em nome de Filipe II e Manuel de Sousa Coutinho decide incendiá-lo para
não os receber.
Desenlace - cenas IX a XII - durante o incêndio, arde o retrato de Manuel de Sousa
Coutinho e as personagens abandonam o palácio.
Ato II (15 cenas)
● Espaço – Palácio de D. João de Portugal, em Almada (antigo, melancólico e escuro;
ala dos retratos)
● Tempo – 4 de agosto de 1599
Exposição - cenas I a III - na sala dos retratos, Maria recorda a noite do incêndio, mostrando
especial interesse pelo retrato de D. João de Portugal e questionando Telmo sobre este
Conflito - cenas IV e VIII - Manuel de Sousa Coutinho, Maria e Telmo partem para Lisboa,
deixando Madalena sozinha com Frei Jorge, a quem manifesta as suas inquietações e
superstições em relação àquele dia (sexta-feira – por ter sido o dia em que se casou com o
seu primeiro marido e que anos depois conheceu Manuel de Sousa Coutinho)
Desenlace - cenas IX a XV - Madalena pressente a desgraça ligada à fatalidade daquele dia
e Romeiro chega, sendo reconhecido por Frei Jorge como D. João de Portugal
Ato III (12 cenas)
● Espaço – parte baixa do palácio de D. João de Portugal (espaço interior, austero e
sem ornamentos)
● Tempo – 5 de agosto de 1599, de madrugada (É importante realçar a rapidez com
que a situação se desenvolveu, já que todos os personagens tomam decisões
mesmo antes do dia nascer, ou seja, conclusões precipitadas devido a fazerem as
suas escolhas de “cabeça quente”)
Exposição - cena I - em conversa com Frei Jorge, Manuel de Sousa Coutinho
responsabiliza-se pela situação e decide a entrada do casal para o convento
Conflito - cenas II a IX - o Romeiro identifica-se a Telmo e tenta remediar o mal causado
pelo regresso de D. João de Portugal, quando se apercebe da existência de uma criança,
6

que se encontra numa situação débil. Madalena tenta evitar a separação, acabando por se
resignar e aceitar a decisão de Manuel de Sousa Coutinho
Desenlace - cenas X a XII, dá-se o desenlace: o casal retira-se para um convento (toma o
hábito) e Maria morre nos braços da sua mãe.
Amor de Perdição
Gramática
Modalidades e valor modal

valor de certeza Esta parede é cinza.


Modalidade
epistémica valor de probabilidade É provável que a mãe a tenha influenciado.

valor de possibilidade É possível ocupar os tempos livres a ler.

valor de obrigação Os pais têm de dedicar mais tempo aos


Modalidade filhos.
deôntica
valor de permissão Pais e filhos podem passar tempo juntos.

Modalidade Infelizmente não consigo ir


apreciativa

Funções sintáticas

Ao nível da frase do sujeito

Sujeito Simples Eles ganharam o torneio.


Composto Eu e a Ana fomos às compras.
Nulo:
➔ Subentendido [Tu] Chegas-te tarde! [Alguém]
➔ indeterminado Denunciaram o agressor!

Predicado Ele ficará em casa.

Vocativo João, chega cá!

Modificador de frase Modificam toda a frase, Infelizmente, não posso ir a


indicando a atitude ou o tua casa.
ponto de vista do locutor Possivelmente, vou acabar.

Internas ao Grupo Verbal

Complemento direto Ele comeu um bolo./ Ele comeu-o. (o quê?, quem?)

Complemento indireto Ele telefonou à Ana./ Ele telefonou-lhe. (a quem?)

Complemento oblíquo Ele discorda do Rui./ Não é substituído por nada.

Complemento agente da Esta foto foi tirada pelo João.


passiva

Predicativo do sujeito O teste foi ontem./ Encontra-se à direita do verbo


copulativo
7

Predicativo do complemento Acho este pôr-do-sol único. “complemento do


direto complemento direto”, encontra-se a seguir verbos como:
achar, considerar, nomear, declarar, julgar, etc

Modificador do GV Ele levantou-se quando ela foi embora. - temporal


Ele levantou-se porque ela foi embora. - causal
Ele levantou-se para que ela fosse embora. - final

Internas ao Grupo Nominal

Modificador apositivo do O Paulo, meu sobrinho, tem 14 anos. - surge isolado por
nome vírgulas

Modificador restritivo do Ele escreveu uma história de amor. - restringe a realidade


nome do nome

Complemento do nome
Há nomes que necessitam de informação para completar o seu significado, isto é, são
nomes dependentes. O complemento do nome é selecionado pelo nome e pode ser
constituído por um grupo preposicional ou adjetival.

Nomes deverbais - derivados de um verbo conquista, luta, transformação

Nomes derivado através do sufixo -dor selecionador, produtor, vendedor

Nomes deadjetivais - derivados de um adjetivo humildade, lealdade, beleza

Nomes de parentesco filha, mãe, avó, madrasta

Nomes de relações institucionais ou sociais professor, amigo, sócio, porteiro

Nomes que expressam sentimentos vontade, medo, coragem

Nomes que classificam a situação certeza, possibilidade, hipótese

Nomes que referem obras culturais filme, história, trabalho, poema

Nomes que referem representações visuais ou desenho, fotografia, quadro,


gráficas radiografia

Nomes coletivos (um todo) ou nomes fragmentados coleção, equipa pedaço, porção,
(parte de um todo) grupo fatia

É geralmente introduzido por uma preposição contraída ou não - exemplo: de O mesmo


nome pode selecionar mais do que um complemento do nome.
Frase complexa - coordenação e subordinação

Copulativa (adição) sindética Não tenho papel nem caneta.

assindética Poupa papel, reutiliza, recicla!

Adversativa (contraste) Eu gostava de ir, mas tenho de trabalhar.


8

Disjuntiva (alternativa) Queres comer massa ou arroz?

Conclusiva (conclusão) Tenho de estudar, logo não poderei ir.

Explicativa (explicação) Prefiro ficar aqui, pois tenho de estudar.

Orações subordinadas adverbiais

Causal (causa) Quero ir à Alemanha porque a minha família é de lá.

Temporal (tempo) Fecha a torneira quando estiveres a lavar os dentes.

Final (finalidade) Fecha a torneira para poupares água.

Consecutiva (consequência) Está tanto sol que os meus olhos estão a arder.

Condicional (condição) Se puderes, passa por minha casa.

Concessiva (contraste) Ainda que prefira andar de carro, hoje vim de autocarro.

Comparativa (comparação) É tão importante reciclar como reutilizar.

Orações subordinadas adjetivas

Relativa restritiva Há pequenos gestos que fazem a diferença.

Relativa explicativa O António, que é meu amigo, viu esse filme ontem.

Orações subordinadas substantivas

Completiva Peço-te que não vás hoje ao cinema.

Relativa (sem antecedente) Quem protege o ambiente evita palhas de plástico

Você também pode gostar