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Contextualização histórico-literária:
Nasceu em 1799 e faleceu em 1854.
A obra foi representada pela 1ª vez em 4 de julho de 1843
A obra foi censurada pois vivia-se sob a ditadura de Costa Cabral:
inimigo político de Garrett, daí haver um paralelo entre o domínio
filipino e o governo cabralista.
Concentração de espaço:
Ato I: (28/07/1599)
Palácio de Manuel de Sousa Coutinho – espaço luxuoso, elegante,
luminoso. Retrato de Manuel de Sousa Coutinho.
Este palácio transmite a ideia de conforto, bem-estar e a união e o
amor familiares. Por esse motivo, o incêndio que destrói o solar
revela-se um presságio da desagregação do núcleo familiar,
consumada pela catástrofe que se abaterá sobre os seus membros.
Acontece a um final de tarde.
Romantismo/drama romântico:
Movimento artístico que se manifestou na primeira metade do
século XIX
Arte fundada no sentimento
Afirma a total liberdade de criação, recusa regras, cria
géneros mistos: prosa poética, drama, romance
Consegue a libertação da linguagem, que se torna coloquial
Assunto nacional
Apresenta uma natureza triste, escura, dinâmica,
tempestuosa, outonal, crepuscular
Arte quer reabilita e celebra a idade média
Texto em prosa
Drama romântico na obra:
Tema da influência nacional;
Atribuição de sentimentos violentos às personagens (culto de honra,
patriotismo, terror provocado pela crença no sobrenatural, efeitos
trágicos dos sentimentos);
Características/temas românticas: crença no sebastianismo,
patriotismo e nacionalismo, crenças religiosas, individualismo, tema
da morte, mito do escritor romântico.
Fatalismo (as personagens tentam negar racionalmente o destino,
mas não o conseguem).
Mitificação da figura de Camões: O poeta é, muitas vezes,
configurado como uma figura incompreendida e desprezada pela
sociedade, que não reconhece o seu génio;
Intensão pedagógica: a problemática dos filhos ilegítimos e a
denúncia da alta de patriotismo.
Dimensão trágica:
Apesar de ser classificada como drama romântico, a obra apresenta
características da tragédia clássica:
Lei das três unidades: ação (a intriga deve ser simples e sem
ações secundárias), tempo (a ação não deve exceder as 24
horas) e espaço (ação decorre no mesmo espaço).
Indícios trágicos:
Coincidências temporais, referências à sexta-feira, simbologia
dos números três e sete (mistério e fatalidade)
Evocação da figura trágica de Inês de Castro
Presságios/agouros e pressentimentos
Sebastianismo de Telmo e de Maria
Doença de Maria (tuberculose)
Perda do retrato de Manuel vs preponderância (importância)
do retrato de João
Referências à vida conventual (exemplo de D.Joana de
Castro) e à morte.
Dimensão patriótica:
Sebastianismo:
Crença nacional que surgiu após o desaparecimento do rei
D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir.
Convicção no regresso de D. Sebastião para devolver a
independência e a liberdade perdidas a Portugal.
Convicção que D. Sebastião era uma espécie de Messias e
que devolveria a honra e a glória a Portugal que, assim,
recuperaria a glória do passado.
D.Madalena de Vilhena:
Representa a mulher romântica, dominada por sentimentos
exacerbados (amor-paixão).
Pertence à nobreza, casada com D.João de Portugal (1º
casamento) e com D.Manuel de Sousa Coutinho (2ºcasamento)
É sentimental, vulnerável, pecadora (pois apaixonou-se por Manuel
quando ainda estava casada com João de Portugal, temendo o seu
regresso), atormentada pelo passado, com pressentimentos, vive
em grande angústia e agitação emocional.
Está ligada à lenda dos amores infelizes de Inês de Castro
(consciente da sua condenação à infelicidade).
O seu amor à pátria é praticamente inexistente, considerando a
atitude dos governadores espanhóis uma ofensa pessoal e não
como um atentado à independência da Pátria. (Ato I, cena 8)
Traços contraditórios:
Racionalidade: recusa crer nos agouros, age sem hesitação,
apesar da dor aceita o ingresso numa ordem religiosa.
Sentimentalidade: considera a possibilidade de morrer como o pai e
releva desagrado quando se fala da figura de D.Sebastião
O ceticismo que mostra em relação aos presságios é também
contrariado quando recorda que o pai fora morto pela própria
espada, interrogando-se sobre se também ele não será vítima
do fogo que ateou.
O destino deste e de seu pai acabam por ser idênticos no sentido
em que eles próprios “provocam” o destino e atraem a fatalidade e a
morte.
Maria de Noronha:
Personagem idealizada; representa a mulher-anjo, ser puro e frágil.
De origem nobre, filha de D. Manuel e de D. Madalena, com 13
anos.
Bela, frágil (doente de tuberculose), perspicaz, inteligente,
meiga e bondosa.
Contemplativa e propensa ao sonho, conhecimento especial, muito
pouco comum para a sua idade.
Com o dom da intuição e da profecia.
Ativa, com desejo de agir (combater, ter um irmão, ver a tia Joana).
Ligada ao culto de Camões e de D. Sebastião.
Telmo:
Severo e inflexível, fiel, honrado, sebastianista.
Escudeiro, servidor das famílias de D. João de Portugal (passado) e
de D. Manuel de Sousa Coutinho (presente).
Confidente de D. Madalena, mas crítico do seu comportamento, e
protetor de Maria.
Dividido/dilacerado entre a afeição antiga (D. João de Portugal) e a
afeição recente (Maria).
É interessante verificar que, desta forma, se humaniza,
aproximando-se de D. Madalena, a quem tanto criticara
anteriormente, na medida em que se apercebe de que o amor por
vezes se sobrepõe aos princípios morais.
D.João de Portugal:
Pertencente à nobreza, muito respeitado (cavaleiro), casado com D.
Madalena de Vilhena.
Patriota, infeliz, arrependido, austero, mas cavalheiresco,
íntegro.
Ligado à lenda de D. Sebastião, símbolo da Pátria humilhada e
cativa.
Permanentemente em cena através das evocações de D. Madalena
e do sebastianismo de Maria e Telmo.
Reduzido ao anonimato.
Inicialmente severo e vingativo por se sentir esquecido e
inexistente e releva-se depois humano e compassivo, pedindo
a Telmo que negue a sua existência.
Cenas V a VIII:
Os governadores decidem ir para o palácio de Manuel para se
afastarem da peste que há em Lisboa;
Decisão de D.Manuel de Sousa Coutinho em se mudarem para o
palácio de D.João de Portugal
Oposição de D.Madalena por temer a desgraça, atitude considerada
caprichosa por parte de D.Manuel de Sousa Coutinho.
Cenas IX a XII:
Manuel incendeia o próprio palácio e muda-se com a família para o
palácio de João;
A destruição do palácio estava em consonância com a
destruição da nação. A identidade portuguesa estava a
destruir-se.
Desespero de Madalena ao ver o retrato do marido a ser consumido
pelas chamas. (IX a XII)