Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
✓ A crença no sebastianismo;
✓ o amor à pátria: patriotismo e o nacionalismo;
✓ as crenças em agouros, superstições e visões;
✓ o fatalismo (as personagens tentam negar racionalmente o destino, mas não o conseguem);
✓ a religiosidade (cristianismo e a religião);
✓ a apologia do individualismo (o confronto entre o indivíduo e a sociedade; a felicidade individual é
contrariada pelas normas sociais);
✓ a aspiração da liberdade;
✓ a exacerbação dos sentimentos;
✓ a noite (a ação passa-se ao fim da tarde, noite e madrugada);
✓ o tema da morte - a morte como solução para os problemas;
✓ o mito do escritor romântico;
✓ a intenção pedagógica: a problemática dos filhos ilegítimos e a denúncia da falta de patriotismo.
O que é a tragédia?
Cultivada na Grécia antiga, a tragédia é um género literário, escrita em verso e em tom solene, cujo
fim é suscitar o terror e a piedade.
Concluindo, a resposta à questão inicial - Frei Luís de Sousa é um drama romântico, ou ainda a
renovação da tragédia antiga? - é adiantada pelo próprio dramaturgo na Memória ao
Conservatório Real, texto em que o Garrett faz a apresentação da sua peça.
"Contento-me para a minha obra com o título de drama; só peço que a não julguem pelas leis que
regem, ou devem reger, essa composição de forma e índole nova; porque a minha, se na forma
desmerece da categoria, pela índole há de ficar pertencendo sempre ao género antigo trágico."
Frei Luís de Sousa é um drama de índole trágica, apontando para o hibridismo de género.
✓ na convicção que D. Sebastião era uma espécie de Messias que devolveria a honra
e a glória a Portugal que, assim, recuperaria o "brilho" do passado. Este mito
messiânico português serviu de apoio, de alento ao povo tiranizado, humilhado pela
independência perdida, aquando da ocupação castelhana, em 1580.
TEMPO
A ação decorre no período de cerca de uma semana, não respeitando, portanto, a unidade de
tempo da tragédia clássica.
Ato Primeiro
- Início da ação:
• sexta-feira;
• fim de tarde/noite.
Ato Segundo
• sexta-feira;
• fim da manhã/tarde.
Ato Terceiro
- Destruição da família:
• noite/alvorecer.
Sexta-feira
ESPAÇO - Almada
Ato Primeiro - Palácio de Manuel de Sousa Coutinho
"O quarto de lavor" está decorado com Luxo e elegância. Possui um ambiente acolhe-
dor, grandes janelas, dando para um terraço - representa a felicidade, embora
aparente.
Ato Terceiro
- representa o despojamento dos bens materiais; a "cruz negra", por exemplo, pode
simbolizar a morte, mas também a esperança de uma vida espiritual.
A ação de Frei Luís de Sousa decorre numa época conturbada da História de Portugal - o domínio
filipino. Recordemos que face à vontade de os governadores de Castela se instalarem no palácio de
Manuel de Sousa Coutinho, este decide, num gesto provocador e patriótico, lançar fogo à sua
própria casa. Manuel de Sousa Coutinho representa, então, a defesa e afirmação da liberdade, o
desejo de contribuir para a construção da identidade de um país oprimido, marcado
indelevelmente pelo sebastianismo, um país que, tal como o Romeiro, é "ninguém".
Depois deste acontecimento, a família é obrigada a mudar para a casa de D. João de Portugal, o
que, simbolicamente, pode ser visto como um regresso ao passado, a um Portugal velho,
impeditivo da construção de um Portugal novo.
• a inação, pois incute a ideia de que essa salvação dispensa em envolvimento efetivo e
pragmático.
Esta compreensão histórica é importante, pois, na época de Almeida Garrett, Portugal vive também
momentos políticos problemáticos, resultantes do governo autoritário de Costa Cabral
(Cabralismo).
Assim, é possível estabelecer um paralelo entre o período retratado em Frei Luís de Sousa e o
tempo da escrita da obra (década de 1840). A situação de crise e de desencanto provocada pelo
desaparecimento de D. Sebastião e consequente perda da independência é comparável aos tempos
do regime cabralista.
Em Frei Luís de Sousa percebe-se uma crítica a este governo, ainda que latente e simbólica, que,
aliás, reagiu à publicação e representação da obra, considerando que esta poderia avivar nos
portugueses valores e sentimentos patrióticos que pusessem em causa a política despótica de Costa
Cabral.
D. Maria de Noronha
Retrato psicológico: fiel a seu amo, D. João de Portugal, movido pela honra e pelo
dever; dedicado a Maria e seu protetor; sebastianista (o seu discurso é marcado
pelos agouros que indiciam um desfecho trágico); atormentado por um conflito
interior (a consciência de que o amor que nutre por Maria é mais forte do que aquele
que dedicava a D. João, seu antigo amo); dividido entre o passado e o presente.
D. João de Portugal
LINGUAGEM E ESTILO
Garrett dá ao diálogo a estrutura típica da linguagem falada: linguagem simples,
fluente, coloquial, refletindo uma certa densidade psicológica. As personagens de
Frei Luís de Sousa falam numa linguagem adequada à época e à sua posição social,
bem como às circunstâncias que envolvem a situação.
A nível sintático são evidentes as frases inacabadas, mais uma vez para transmitirem
as hesitações e o estado emocional das personagens.