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RESUMOS- PORTUGUÊS

Frei Luís de Sousa

Drama +Tragédia Grega (Obra híbrida)


Drama:
- Prosa
- Vários cenários, vários locais de ação
- Durabilidade de tempo

Tragédia Grega:
- Personagens de origem nobre e ligadas por parentesco;
- Ação decorria num só lugar e em 24 horas
- Escrito em verso
- Todos os problemas se centram numa só ação

Características da Tragédia Grega presentes no texto e as suas


definições:

Personagens – em número reduzido


Protagonista – personalidade ilustre, honrada, de elevada estirpe social
Coro – (personagem coletiva) incita o herói (o protagonista) ao
comedimento; comenta os acontecimentos – Frei Jorge, Telmo e Frades
Assunto – elevado (uma tragédia de condição humana, o homem caminha
cego para a sua ruína pensando ter escolhido o rumo exato)
Hybris – o protagonista lança o desafio aos deuses, às autoridades, às leis
da cidade ouda Natureza.
D. Madalena – crime de amor, apaixona-se por Manuel ainda casada com
D. João e casa uma 2ª vez sem ter a certeza da morte do seu 1º marido.
(mesmo crime de D.Manuel)
Manuel de Sousa – crime político – incendeia o seu palácio para não
receber os governadores do reino (desafio às leis políticas)
Agon – conflito – nesta obra, o conflito é interior, ou seja, decorre no
espaço psicológico das personagens.
Anankê – entidade superior, implacável, que pune o desafio (Destino)
Pathos – o protagonista é sujeito ao sofrimento, cada vez mais intenso
Peripécia – acontecimentos que mudam inesperadamente o rumo da
ação.
- Incêndio no Palácio de Manuel.
- Chegada do Romeiro
- Entrada Brusca de D. Maria e seu discurso
Clímax – o conflito agudiza-se numa tensão crescente até atingir o auge
das emoções.
D. Madalena sabe que o seu 1º marido está vivo
Anagnórise – reconhecimento
O Romeiro identifica-se como D. João de Portugal
Catástrofe – desenlace fatal, aniquilamento do herói/da heroína
pelo destino inexorável
- Morte da família.
- Maria (morte física)
- D. Madalena (entrada no convento do sacramento)
- D. Manuel (entrada no convento de Benfica, na ordem dos dominicanos)

Características do Romantismo em Frei Luís de Sousa

O Culto do eu
A afirmação da personalidade face ao mundo exterior pode observar-se
nas personagens de Manuel de Sousa Coutinho, D. Madalena e Maria:
Manuel afirma a sua rebeldia no desafio aos opressores, incendiando o
seu próprio palácio; D.Madalena infringe o código moral da sociedade
(casa com Manuel sem ter a certeza de que o primeiro marido está
morto), satisfazendo a sua paixão, buscando a felicidade; Maria põe em
causa as leis da sociedade, da moral instituída, ao afirmar o seu direito à
felicidade.

Crença em agouros, em superstições, em dias aziagos


Telmo acredita que D. João de Portugal voltará “vivo ou morto”; Madalena
valoriza agouros e insiste na crença de que o dia de sexta-feira é um dia de
azar; Maria tem visões e sonhos que pressagiam acontecimentos funestos.
Liberdade e Nacionalismo
O amor à Pátria está bem patente na rebeldia e desafio de Manuel de
Sousa Coutinho, bem como no idealismo guerreiro de D. Maria, que apoia
o pai na sua atitude e ação precipitadas(ao deitar fogo ao idealismo
guerreiro de Maria, que apoia o pai na sua atitude e ação
precipitadas (ao deitar fogo ao palácio). Ambos desejam a liberdade da
sua Pátria. Maria mostra ainda o gosto pelo que é popular.

A crença no Sebastianismo
A crença no regresso do rei D. Sebastião para salvar o país do domínio dos
reis espanhóis e devolver a Portugal a sua grandiosidade passada está
presentificada nas falas de Telmo e de Maria. Telmo pensa que deseja a
vida do seu amo. D. João de Portugal; Maria, idealista, anseia pela vida do
‘salvador’, El-rei D. Sebastião. Madalena rejeita essa crença, assim como
Manuel (o que constitui uma espécie de paradoxo). Mulher e
marido (ela, de modo claro, ele, implicitamente, através do semblante e
de silêncio, não deseja o regresso de D. Sebastião, mostrando, assim, que
temem a concretização dessa crença). Se o rei estivesse vivo, também
poderia estar vivo e voltar a Portugal o primeiro marido de Madalena.

Mulher-Anjo e Mulher-Demónio
Maria é caracterizada várias vezes como ‘anjo’; na verdade, ela é uma
jovem forte psicologicamente e muito frágil fisicamente. O seu fim será a
morte causada pela doença – a tuberculose. Madalena pode ser
considerada a mulher-demónio que causará a perdição de toda a família,
derivada da sua paixão incontrolada por Manuel de Sousa Coutinho.

O mito do escritor romântico


Ao ingressar na Ordem Religiosa dos Dominicanos, no Convento de S.
Domingos, Manuel de Sousa Coutinho tomará o nome de Frei Luís de
Sousa, morrendo para o mundo material. Frei Luís de Sousa dedicará a
vida a Deus, tornando-se escritor. Mergulhado na solidão, martirizado,
expiando as consequências trágicas do seu amor (morte da filha,
separação da mulher amada),o escritor romântico, depois de ter desafiado
as regras da sociedade com o seu carácter rebelde, ficará votado ao
sofrimento. Concretiza-se, assim, na obra, o mito do escritor romântico.
Ato Primeiro
O texto introdutório do Ato 1 descreve um ambiente alegre e harmonioso,
onde se pode constatar: a possibilidade de sair para o exterior; a
entrada da luz (‘janelas rasgadas’); o contacto visual com o exterior
(“eirado”, “Tejo”, Lisboa). A luxuosa decoração, de bom gosto,
confortável, alegre, permite concluir que naquele espaço habitam seres de
elevada estirpe social, de bom gosto, cultos, religiosos e felizes. O retrato
de Manuel de Sousa Coutinho ocupa, “no fundo, “entre as janelas”, a
centralidade da atenção por ser de “corpo inteiro”, revelando também
que retrata alguém daquela casa que foi Cavaleiro da Ordem Religiosa de
Malta. Todavia, o facto de o “jovem” estar vestido de noviço significa que
ainda não ingressara nessa Ordem Religiosa. O preto do seu vestuário
pode indiciar (já) fatalidade, tristeza, morte material; porém, a “cruz
branca” pode anunciar esperança de salvação, a possível redenção,
através de Cristo. No interior da casa a família ainda é feliz, o ambiente é
de harmonia. Do exterior virá a razão que determinará a destruição do
palácio. Espaço físico geral – “Câmera Antiga”

Ato Segundo
Espaço Físico-Geográfico- Almada, Palácio de D. João de Portugal, salão
Antigo
O Ato dois apresenta um espaço nostálgico, um pouco sombrio, triste,
onde se impõem figuras nobres e religiosas de séculos antigos. Um trio
de retratos ocupa um espaço privilegiado, numa cumplicidade onde se
misturam o idealismo, o patriotismo, a desgraça e a fatalidade. Camões,
grandioso épico que dedica a D. Sebastião Os Lusíadas, pedindo-lhe que
de matéria a outra epopeia, incentivando o jovem monarca a cometer
grandes feitos no Norte de África para concretizar ideais elevados (difusão
do Cristianismo e engrandecimento da Pátria);D. Sebastião não
concretizará o seu ideal, morrendo na mais desastrosa batalha do reino –
Alcácer Quibir. D. João de Portugal, um dos nobres que integrou o trágico
exército, nobre honrado, patriota, fiel e corajoso, também desapareceu
naquele fatídico areal africano. O ambiente fechado parece escassamente
iluminado, evidenciando-se os reposteiros pesados de tecidos espessos de
amplas dimensões, por um lado, indiciando que ocultam algo, por outro
lado remetendo para a ideia de que uma vez descerrados, se passará para
um outro espaço que estará ligado a uma qualquer desgraça ou
fatalidade.
A decoração é, neste ato, sóbria, triste, sombria, luminosa, anunciando já
os acontecimentos funestos que ali ocorrerão.

Ato Terceiro
Espaço Físico-Geográfico – “Parte baixa do palácio de D. João de Portugal,
comunicando pela porta à esquerda com a capela da Senhora da Piedade
na Igreja de S. Paulo dos Domínicos d’Almada” (a porta esquerda dará
acesso à capela da Senhora da Piedade, onde Manuel de Sousa Coutinho e
Madalena deixarão o mundo profano e ingressarão em Ordens Religiosas;
também neste espaço acontecerá a morte de Maria) “casarão vasto”.

O espaço do ato III é marcado pela ausência de decoração. Os


elementos presentes são referências espirituais, próprias da igreja cristã.
Evidencia-se um “esquife”, “uma grande cruz negra” e uma “toalha
pendente, como se usa nas cerimónias da Semana Santa”. Tais elementos
remetem para a morte, martírio, sacrifício, mas anuncia-se também
implicitamente que, depois da morte (Quaresma), virá a Ressurreição
(nova vida – purificação espiritual); daí a “toalha” para “limpar” os
pecados. Assim, o hábito completo de religioso anuncia a morte para o
mundo profano e entrada no muno espiritual. A luminosidade do
ambiente é escassa; no entanto, é possível interpretá-la simbolicamente.
mergulhado na penumbra, o cenário, apenas iluminado por
“tocheiras”, “tocha acesa e já gasta”, “vela acesa”, propicia uma
introspeção profunda onde tudo indicia a “entrada” para a vida religiosa,
para a ordem religiosa Dominicana, informação clarificada pela presença
das “alfaias e guisamentos de igreja” e pelo “hábito completo de religioso
domínico”. “Uma grande cruz negra de tábua com o letreiro J.N.R.J.”
(Jesus Nazareno Rei dos Judeus) evoca o profundo sofrimento e martírio
de Cristo, bem como a sua morte no mundo terreno. Alguém passará por
sofrimento, sacrifício, martírio e morte por vida mundana (“tocha acesa e
já bastante gasta”); a “vela acesa” pode relacionar-se também com o
“hábito completo de religioso domínico”, porquanto aquele que envergar
o hábito, professar na Ordem nos Domínicos, terá uma vida iluminada,
buscando a purificação da alma, redimindo-se dos seus pecados, tendo
ainda a esperança da salvação eterna na religião de Cristo. O jogo
penumbra/luz afigura-se, pois, altamente significativo.
O ambiente secreto, intimista, de intenso relevo, contribuem para a
solenidade de um espaço que se fecha hermeticamente, numa
prefiguração deste modo (entrada para uma ordem Religiosa), a
solução ainda possível e anunciadora da verdadeira salvação para
os que “pecaram”, mas se arrependeram das suas ações.
A obra não obedece à unidade de espaço, pois decore em lugares
diferentes. Contudo, Almeida Garrett situa todos os acontecimentos em
Almada.

Síntese da Dimensão Trágica do Espaço


Ato I – Palácio de D. Manuel (+ decoração, + luz)
Ato II – Palácio de D. João de Portugal (decoração + pesada, - luz)
Ato III – Parte baixa do Palácio de D. João (- decoração, - luz)

O espaço fecha-se gradualmente, não possibilitando a saída das


personagens para a dimensão física da vida. A progressiva escassez de
elementos decorativos e de luminosidade adensam a atmosfera trágica
que culmina na catástrofe.

Dimensão Trágica do Tempo


Concentração temporal da ação no dia 4 de Agosto de 1599 (21 anos
depois da batalha de Alcácer Quibir que teve lugar no dia 4 de Agosto de
1578). Neste dia, o Romeiro identifica-se como D. João de Portugal e a
família é aniquilada: Maria morre, D. Madalena e Manuel de Sousa
professam de madrugada.

Manuel é a pessoa mais sóbria, ou seja, rege-se pela razão e não pelos
sentimentos. Este não é uma personagem romântica pois não aplica o
culto do eu.

Caracterização das personagens.

Madalena:
Física – bela
Psicológica – emotiva, sentimental, supersticiosa
Social – Aristocracia
D. Manuel:
Física – belo
Psicológica – patriota, corajoso, religioso, racional
Social – Aristocracia

D. Maria:
Física – 13 anos, alta, delgada, formosa
Psicológica – frágil, pura, doente, inteligente
Social – Aristocracia

Telmo:
Física – Idoso
Psicológica – inteligente, teimoso, carinhoso, patriota
Social – Povo Frei Jorge:
Psicológica – racional, preocupado
Social – Clero

Romeiro/D. João de Portugal:


Física – grandes barbas alvas, velho
Psicológica – inteligente, magoado, ressentido
Social – Povo/Aristocracia

Indicio trágico – qualquer momento que nos remete a ações futuras,


densidade trágica, que nos dá a entender o que se irá passar. Tornando a
obra tens

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