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Conhecendo Jesus através do

Evangelho de João
Ricardo Moreira da Silva

O Princípio de tudo
O Criador
O Cordeiro de Deus
O que tem primazia
O Ungido de Deus
O que batiza com o Espírito Santo
O Pão da vida
A Luz do mundo
A Porta das ovelhas
O Bom pastor
A Ressurreição e a Vida
O Caminho, a Verdade e a Vida
A Videira verdadeira
O Filho de Deus

1a Igreja Batista de João Pessoa 1


PREFÁCIO

A inspiração para escrever sobre o Evangelho de João surgiu ainda quando estávamos
morando em Portugal, na cidade de Covilhã. Todos os domingos, eu e Josilene (esposa)
escutávamos online as 10 da manhã o Pastor Gabriel Neubarth da Igreja Presbiteriana de
Dom Benito na Espanha pregando sobre este Evangelho e depois às 13 horas o Pastor
Estevam da nossa igreja (Primeira Igreja Batista de João Pessoa) pregando sobre Jesus com
base nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas).
Foi um período dentro da pandemia Covid19 muito interessante onde fui bombardeado de
belas informações vindos de dois pastores muito queridos na minha vida, um Batista e um
Presbiteriano. Então me veio à mente: Minha igreja está aprendendo tudo de Mateus, Marcos
e Lucas, quando eu chegar no Brasil vou ensinar João. Então conversei com o Pastor Daniel,
responsável pela ELIM, que tudo acertou com nosso líder Pastor Estevam, e esse livro é o
fruto inspirado por tudo que aconteceu, o qual servirá de base para estudos na Escola Bíblica.
Esse livro não se destina à obtenção de ganhos financeiros, é completamente aberto para
realização de download, portanto autoriza-se ser usado em qualquer reunião privada ou
pública e está livre de qualquer empecilho de cunho autoral, sendo o único e o principal
objetivo aprofundar-se no que João queria ensinar ao povo de Deus, principalmente aos
gregos da época.
Assim, esse estudo é sobre JESUS À LUZ DA BÍBLIA SAGRADA, SOBRETUDO O QUE O
EVANGELHO DE JOÃO RELATA. O Evangelho de João foi escrito por volta do ano 95 dC pelo
apóstolo João (que andou com Jesus), considerado como o 4º Evangelho. Não cabe aqui uma
discussão teológica, histórica, filosófica, antropológica ou sociológica se a Bíblia está certa,
se ela é 100% certa ou se ela é a Palavra de Deus, que para nós, esses pressupostos são
completamente vencidos: A Bíblia está certa, por que ela é a Palavra de Deus e em sendo a
Palavra Dele, entendemos que as possíveis contradições existentes ou são erros de
interpretação ou desconhecimento do contexto geral da Bíblia. A BÍBLIA NUNCA ERRA
Então, para você, leitor, aluno, você crendo ou não na Bíblia, dou as boas-vindas a TODOS,
pois ler e estudar sobre Jesus deveria ser uma satisfação para todas as pessoas. Não há na
vida de Jesus histórico uma só passagem que ele não tenha sido ético, amoroso, defenda o
justo e a justiça, defenda os menos favorecidos (independente de religião) e, ainda mais, para
os cristãos, Ele é o salvador, o Cristo anunciado no antigo testamento que veio para ser a Luz
do mundo.
Agradeço a minha família, especialmente aos meus filhos, genro e esposa (que é a revisora
do livro), a convivência presencial e virtual, que me deu forças para enfrentar a saudade e o
frio na época de Portugal e também a força para escrever esse livro, já no Brasil.
Preciso relatar uma questão técnica: todas as fontes pesquisadas são de domínio público,
portanto não foi desrespeitada nenhuma questão autoral. Não há plágio quando as fontes
são de domínio público e citadas, sendo que meu trabalho foi fazer um imenso resumo,
colocar numa linguagem mais atual e acrescentar comentários diversos, alguns oriundos da

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análise da Bíblia em grego, da Bíblia em hebraico, da Bíblia em inglês e outros da minha
experiência.
Acrescento aqui agradecimento aos debates que tive com:
• Pastor Estevam, que confia no meu trabalho teológico;
• Pastor Daniel que me direcionou para fechar o tema em Cristologia;
• Meu irmão de sangue e de fé, Pastor Neto (para mim Netinho) que me ajudou em todo
livro, mas principalmente no Capítulo 9.
• Meu irmão de fé e amigo, Pastor e Sociólogo Jonas que atualmente mora em Coimbra,
Portugal que me mostrou o argumento espiritual de João.
• Além de tudo, meu muito obrigado ao irmão Ronaldo Marinho dos Santos que muito
me ajudou na confecção das seções 5, 7 e 11 desse livro
Assim, meu obrigado ainda para Josinha, filhos e genro, Pastor Gabriel e minha nova alegria
Levi, meu netinho preferido (só tenho ele, por enquanto).

O EVANGELHO DE JOÃO
Grande parte dos teólogos divide o Evangelho de João em duas grandes partes:
1) Primeira Parte: Livro dos Sinais (Cap1 a 12)
João fala em sinais, enquanto os sinóticos em milagres. Mas, por que ele usa falar em sinais e
não milagres? O sinal é aquele que aponta, indica uma direção e em João esses sinais indicam
uma realidade mais profunda: crer em Jesus Cristo (Jo 20,31).
João nos diz que Jesus fez muitos “sinais” (ou milagres) que ele não registrou, mas “estes
foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome” (Jo 20:31). Então, João relata esses sinais com um propósito, o de
mostrar que Jesus é o Messias.
Esses sinais confirmam a missão de Jesus como Enviado de Deus, e respondem às questões:
Quem é Jesus? Quem são os seus discípulos (as)? Qual é a sua missão? Podemos também
perceber que existe algo em comum em todos os sinais, a saber, há sempre uma carência que
dificulta a plenitude da vida, como, por exemplo: a saúde, o pão, a visão... até chegar no último
que é a falta total da vida: a morte. Jesus se apresenta como aquele que supre esta carência:
Eu sou o Pão, a Luz, a Vida...

2) Segunda Parte: Livro da Glorificação, ou das recomendações, despedida,


preparação de Sua morte substituta da nossa (Cap13 ao 21)
Esse livro pode ser subdividido em três partes:
a) Livro da Comunidade: que deixa transparecer a crise que a comunidade joanina está
passando. Jesus está mais voltado para os discípulos;
b) Livro da Paixão: relata a morte de Jesus;
c) Cenas da Ressurreição.

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Nós teremos apenas 10 seções para extrairmos o que João diz sobre Jesus, quem é Ele, assim
divididos:
QUEM É JESUS CRISTOATRAVÉS DO EVANGELHO DE JOÃO
Aulas Base Temas Conteúdo na:
Aula inaugural – quem é o LOGOS e
inicial Cap1:1-14 Seção1
o relato de João, o evangelista
O testemunho de João Batista e os
1 Cap1: 55-51 Seção 2
“Eu Sou” ditos por Jesus
2 Cap2 Água em vinho Seção 3
3 Cap3 Nicodemos Seção 4
4 Cap 4 e 5 A Samaritana e o Paralitico Seção 5
5 Cap 6:35 O Pão da vida Seção 6
6 Cap 7 Jesus na festa dos tabernáculos Seção 7
7 Cap 8 e 9 A Luz do mundo Seção 8
8 Cap 10:7-15 A Porta das ovelhas e o Bom pastor Seção 9
9 Cap 11:25 A Ressurreição e a Vida Seção 10
10 Cap 12 e 13 Uma crise: Ungir Jesus e o lava pés Seção 11
11 Cap 14:6 O Caminho, a Verdade e a Vida Seção 12
12 Cap 15:1,5 A Videira verdadeira Seção 13
13 Cap16 e 17 O consolador e a oração Seção 14
14 Cap18 e 19 Jesus é preso e condenado Seção 15
15 Cap 20 e 21 O Filho de Deus Seção 16
Isso posto, acrescento que entender os Eu sou, tem relação com características de
Jesus.
(1) Eu sou o pão que desceu do céu - Jo 6:41 – JESUS É SUBSISTÊNCIA, ALIMENTO

(2) Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.
Jo 8:12 - JESUS É O FAROL QUE APONTA

(3) Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará
pastagens. Jo 10:9 - JESUS É A PASSAGEM

(4) Eu sou o bom pastor; que dá a sua vida pelas ovelhas. Jo 10:11 - JESUS É O
CUIDADOR

(5) Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; Jo
11:25 - JESUS É O TRANSPORTADOR PARA UMA NOVA VIDA

(6) Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Jo 14:6
- JESUS É A DIREÇÃO VERDADEIRA PARA VIDA ETERNA

(7) Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador Jo 15:1 - PERTENCIMENTO

(8) Eu sou o Filho de Deus –IDENTIDADE

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1
Seção

Introdução ao Evangelho de João

a) O que o Evangelho de João trata?


O Evangelho de João está na Bíblia no NT, logo depois dos livros de Mateus, Marcos e Lucas,
portanto é conhecido como o 4º evangelho. Os três primeiros são chamados de Evangelhos
Sinóticos, por conterem uma grande quantidade de histórias em comum, na mesma
sequência, e algumas vezes utilizando exatamente a mesma estrutura de palavras, incluindo
a vida de Jesus na terra, Sua fala, Seus ensinamentos, Seus milagres. Obviamente, por serem
quatro escritores diferentes, cada um apresenta um olhar, uma perspectiva própria.

• Mateus foi escrito em Jerusalém por volta de 70 dC: Ele foi um dos discípulos de Jesus
e antes de Jesus escolhe-lo para ser Seu discípulo, ele era um publicano, cobrador de
impostos. (E, depois disto, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado na
recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu. E fez-lhe
Levi um grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros
que estavam com eles à mesa. Lc5:27-29) Como Mateus direcionou seus escritos para
os novos judeu-cristãos, ele mostra que Jesus é o leão da tribo de Judá, descendente
do Rei Davi e cita mais de 60 vezes passagens proféticas do AT, demonstrando como
Jesus as cumpriu e assim é o Salvador.
Jesus e Mateus devem ter morado em Cafarnaum durante 3 anos, e como era morador
da região, Mateus (ou Levi) pode ter tido a chance de ver Jesus antes Dele mostrar Seu
ministério. Não só viu os milagres, mas talvez, teve a oportunidade de ver Jesus na
infância e adolescência. (Apenas 50 km separavam Cafarnaum de Nazaré)

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O objetivo de Mateus foi analisar a opinião e a atitude de Jesus para com a Lei judaica,
mostrando que Jesus não rejeitou o AT, mas o cumpriu. Assim, Mateus ameniza o
conflito e as afrontas entre o judaísmo e o cristianismo, pois existia uma situação
tensa. A mensagem de Mateus é “O REINO”: a palavra grega Basiléia (reino) aparece
51 vezes. Para Mateus o reino já existe pela vinda de Jesus Cristo, mas ainda não é
plenamente manifesto como o será por ocasião da consumação dos tempos. Os
cristãos já estão sob o reinado de Cristo, mas esperam ainda o seu apogeu completo:
O reino glorioso e pleno na nova Jerusalém.

• Marcos foi escrito em Roma por volta de 57 dC: Ele era um levita, não foi discípulo de
Jesus (mas talvez tenha andado na multidão que seguia Jesus). Como demonstrado no
livro de Atos, ele teve muito contato com Pedro, com o apóstolo Paulo e com seu tio
Barnabé, então tudo que escreveu ou viu ou aprendeu com seus mestres; Aristarco,
que está preso comigo, vos saúda, e Marcos, o sobrinho de Barnabé; Cl 4:10. Como
Marcos escreveu para os Romanos da época e Roma perseguia os cristãos, Marcos
apresenta Jesus como o Salvador-Servo em contraposição a figura e o que César
significava (deus na terra) - Pois o próprio Filho do homem veio, não para ser servido,
mas para server (Mc1), e dar a sua vida em resgate por muitos (Mc11);
É relatada em Marcos a passagem dos impostos à César, onde herodianos e fariseus
perguntam a Jesus se era lícito pagar tributo, e Jesus com a sabedoria humana e divina,
olhando para a imagem e a inscrição gravada na moeda diz: Dai a César o que é de
César, e a Deus o que é de Deus. Nessa passagem fica claro sobre Jesus (i) Ele não
precisa de ouro e prata dessa terra, pois tudo Dele provém, e; (ii) O que se deve dar a
Deus excede o conceito de Justiça humana.

• Lucas foi escrito em Antioquia por volta de 80 dC. Lucas era médico (Saúda-vos Lucas,
o médico amado Cl 4:14) e, como Marcos, também não foi discípulo de Jesus. Andou
muito tempo com o apóstolo Paulo e possivelmente o acompanhou até sua
decapitação em Roma. Seu livro é considerado o evangelho dos gentios, pois ele
apresenta detalhes mais comuns da vida, como um médico consegue captar.
Lucas é quem melhor relata Jesus ainda no ventre da mãe e como veio ao mundo como
um bebê, mostrando toda trajetória, até torna-se o Senhor ressurreto e glorificado e
outros detalhes que somente um médico poderia perceber. Por exemplo, ele é quem
cita inúmeros milagres onde Jesus cura doenças e quem diz que Jesus crescia em
sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens. Lc 2:52.

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• João foi escrito na Ásia Menor, talvez em Éfeso ou já na ilha de Patnos, por volta de
95 dC, pois ele viveu um tempo em Éfeso, onde Paulo implantou as sete igrejas; depois
o Imperador Domiciano deportou-o para Patnos. Esse evangelista escreveu o
Evangelho de João, as cartas de João 1, 2 e 3 e o livro de Apocalipse.

Neste Evangelho é dito que ele foi escrito pelo “discípulo que Jesus amava” (Jo
21:20,24), mas o livro não diz em nenhum lugar quem era este discípulo. Mas, é quase
uma unanimidade que seja o apóstolo João.
Isso porque o Evangelho foi escrito por alguém que
(i) sabia muito sobre os judeus da Palestina do tempo de Jesus. João tem íntimo
conhecimento do AT e, apesar de escrever em grego, não compromete sua
identificação como judeu. Durante todo o Evangelho, ele move-se com segurança nas
ideias e costumes judaicos, como exemplo, ele conhece a forma que o sábado é
observado e está ciente que a obrigação de circuncidar no oitavo dia.
(ii) Ele está familiarizado com as expectativas messiânicas judaicas (por exemplo, Jo
1:20, 21; 4:25; 7:40-42; 12:34).
(iii) Ele sabe da hostilidade entre judeus e samaritanos (4:9) e o desprezo que os
fariseus tinham para com “os povos da terra” (7:49).
(iv) Ele sabe da importância atribuída às escolas religiosas (7:15).
Ele era pescador, galileu, 6 anos mais jovem que Jesus; e era o discípulo amado (não
que Jesus não tenha amado os outros discípulos, mas o próprio João entendeu que
Jesus nos amava de uma maneira tão incrível, que ele próprio se apresenta dessa
maneira).
Era irmão de Tiago Maior, chamados filhos do trovão. O nome de seu pai era Zebedeu
(Mt. 4:21), sua mãe parece que foi Salomé (Mt. 27:56; Mc. 15:40) a qual, quando se
compara com João 19:25, é possível que fosse irmã de Maria, mãe de Jesus. A Bíblia
não é clara nesse aspecto, mas possivelmente João era primo em primeiro grau de
Jesus (nunca confundir esse João Evangelista, o discípulo amado, com João Batista que a Bíblia
cita literalmente que era primo de Jesus e é degolado a mando de Herodes).

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Além de ter sido inspirado por Deus, João escreveu o que viu, pois ele foi testemunha
ocular dos eventos que relata: Ele afirma explicitamente em João 1.14, “e vimos a sua
glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” e também em
Jo19.35 “E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é
verdade o que diz, para que também vós o creiais”, ou seja, ele estava presente
João e Pedro (e após a morte de Cristo, também Thiago) eram reconhecidos como
líderes dos doze, colunas da igreja (citados por Paulo em Gálatas 2:9) e, apesar de
completamente diferentes de índole, geralmente estavam juntos (Jo. 20:2; At. 3:1,11;
4:13; 8:14).

Conteúdo e Mensagem do Evangelho de João: Jesus é ao mesmo tempo humano e divino;


João combate o Docetismo (doutrina gnóstica que negava a verdadeira humanidade de
Jesus). Jesus Cristo não é o principal Deus, ele é totalmente o verdadeiro e único Deus. João
escreve sobre a divindade de Cristo (1:1-3,14; 5:22-23; 8:58; 14:8-9; 20:28, etc) ensinando
contra os falsos ensinos de seitas que diziam ser Jesus menos do que Deus (um exemplo atual
são os Testemunhas de Jeová; para esses, Jesus não passa de um excelente mestre de obras,
a mando do Jeová-pai). Além disso, Jesus Cristo não é meio humano, ele é totalmente
humano.
Jesus é totalmente divino e ao mesmo tempo, totalmente humano e, por isso, Ele sabe o que
é o sofrimento humano, pois passou fome, teve dor de cabeça, trabalhou como carpinteiro
ajudando o pai, foi preso injustamente, acoitado, foi rejeitado (o povo preferiu libertar um
assassino chamado Barrabás), mas tem poder para intervir nas nossas vidas, pois “o choro
pode durar uma noite, mas o consolo vem pela manhã”.
Os Gregos para quem João escreveu nem imaginavam o que era um NOVO NASCIMENTO.
Tinham uma noção que precisavam de SALVAÇÃO (ou uma regeneração da alma), mas
imaginavam a VIDA ETERNA apenas através do legado intelectual que poderiam deixar.
Jesus oferece um NOVO NASCIMENTO, agora com o pecado justificado no sangue da cruz, por
isso a SALVAÇÃO seria do espírito vivente, em uma VIDA ETERNA, no retorno de uma
convivência com Deus.

Diferenças de abordagem entre os quatro evangelhos:


O Evangelho de João se foca mais no tempo que Jesus andou e pregou na Judéia e os outros
no tempo que Jesus andou na Galileia. Por isso há algumas passagens que só estão no
Evangelho de João e outras que se encontram apenas nos outros três evangelhos. Por
exemplo: O quarto Evangelho não menciona o nascimento de Jesus, seu batismo e suas
tentações; não nos diz nada a respeito da Última Ceia, nada do Getsêmani, nada sobre a
Ascensão.

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O quarto Evangelho também não diz uma só palavra a respeito da cura de pessoas possessas
por espíritos malignos. Por outro lado, foi João que entendeu que Jesus é o princípio de tudo
e que Ele foi o criador do universo e de tudo que nele há.
Isso se traduz como um erro da Bíblia? De maneira nenhuma. Peça para quatro pessoas
diferentes e honestas contarem uma mesma história. Você verá que cada uma delas contará
de seu jeito, com suas palavras e percepções. Todas falarão da mesma coisa, de maneiras
diferentes.

b) Como João começa seu livro? JESUS O PRINCÍPIO, CRIADOR DE TUDO


No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi
feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as
trevas não a compreenderam. Jo1:1-5.

No princípio o Verbo se fez carne – Jesus é a encarnação do próprio Deus, então é mostrado
esse advento e encarnação do logos (Jo.1.1-18).
Vamos entender o começo da Bíblia e do Evangelho de João:
As três palavras hebraicas que a Bíblia começa no livro de Gênesis são:

BARESHIT BARA EL OHIM ha'arets ve'et


No princípio criou El Deus - Ohim é o plural (o Pai, o hashamayim
Filho e o ES) os céus e a terra

ou seja, Moisés (o escritor de Gênesis) estava dizendo que o Deus trino estava criando o
universo, os céus e a terra. Moisés nem sabia o nome de Jesus, mas já sabia que havia uma
promessa e, por revelação divina, sabia que era um Deus criador em três pessoas.

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As palavras iniciais em grego de João são:
En ARCHE em ho LOGOS, Kai ho LOGOS en pros ton THEON,
No princípio era a Palavra, ea Palavra estava com Deus,

Kai THEON em ho LOGOS,


e Deus era a Palavra,

ARCHE (Grego) = BARESHIT (Hebraico)


Ou seja, João estava falando de um princípio anterior ao “princípio” que Moisés escrevera.
João estava explicando o porquê João escrevera Elohim (Deus no plural) ao invés de apenas
El (Deus no singular). Era porque antes de tudo, antes de qualquer coisa existente, Deus que
é eterno (não tem começo nem fim) já existia na forma de Deus-pai, Deus–filho (Jesus) e o
Espírito Santo. Cronologicamente João está falando de um tempo antes da criação
descrito no Gênesis cap. 1,2 e 3.
João está falando que Jesus estava na eternidade, antes de tudo. E é o sentido, o propósito de
tudo, porque Ele é o próprio Deus. Jesus nunca foi uma criação de Deus-pai, Jesus é o próprio
Deus.
Isso é um problema no dogma católico de Maria ser “mãe de Deus” (não é). Em João
entendemos que Maria não pode ser a mãe de Deus, ela foi uma benção escolhida para ser a
mãe da parte humana de Jesus, pois Jesus já existia antes da criação do mundo.
Isso também foi um nó na cabeça dos judeus, porque eles nunca tinham aceitado Jesus como
sendo Deus, eles mesmo gritaram “crucifica-o” e Pilatos lavou as mãos diante dos gritos da
multidão incentivados pelos judeus.
Foi um nó pior na cabeça dos gregos, povo para quem Joao escrevia, pois a cultura helenista
não tinha problema nenhum em entender ou conjecturar sobre o princípio de tudo, em
imaginar a natureza das coisas, nem sobre o universo, mas eles se debatiam sobre o
propósito de cada coisa. “QUAL O PROPÓSITO DE TUDO?” era o que perguntavam e debatiam
– propósito em grego é o sentido da palavra logos.
Esclarecendo um pouco mais acerca dos quatro pilares da Filosofia Grega:

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Estrutura da
a palavra O que significava...
cultura helenista
“O início” ou “a raiz de tudo”. Um grego sabia que quando
era pronunciada a palavra Arche, estava se falando da
raiz primordial das coisas. Por exemplo, uma família está
Pilar1 Arche faminta, as coisas faltando dentro de casa e então, estão
brigando muito, a ponto de se separar. A raiz do
problema, o ARCHE, não é a fome ou a briga, mas a falta
de emprego, de dinheiro para amenizar a fome.
Natureza, Essência natural. No ser humano, sua natureza
Pilar2 Phisis é ser homo sapiens, não é ser gato ou cachorro. O Phisis
do ser humano é seu DNA.
Universo, Atmosfera. O ser humano precisa viver em seu
Pilar3 Kosmos planeta Terra, na terra (e não dentro do mar), pois seu
Kosmos é a terra, com oxigênio na atmosfera.
Propósito, Sentido... Os gregos tentavam o tempo inteiro
Pilar4 Logos responder as seguintes questões: Por que eu vivo? Qual o
propósito de minha existência?

Arche é uma palavra grega muito antiga, já falada pelos filósofos. Por exemplo Anaximandro
de Mileto (cerca de 610-546 a.C.) que já havia introduzido e aperfeiçoado o relógio de sol
(gnomon) na Grécia dizia que o universo teria sido resultado de modificações ocorridas num
princípio originário (arché). Esse princípio seria o ápeiron, que se pode traduzir por infinito
e/ou ilimitado. Sendo princípio, deve também não ter princípio e ser indestrutível, porque o
que foi gerado necessariamente tem fim e há um término para toda destruição, mas o que
gerou tudo, não tem princípio, é indestrutível. De certa forma, sem conhecer Jesus, ele meio
que acertou.
Quando João diz a primeira frase: “En Arche em ho Logos” (“No princípio era a palavra” ou
numa tradução mais grega “a raiz de tudo era a palavra”) estava tudo certo, tanto para
gregos, como para judeus – Todos estavam entendendo.
Quando João diz a segunda e terceira frases: “Kai ho LOGOS en pros ton THEON” (“E a Palavra
estava com Deus” ou numa tradução mais grega “Todo proposto ou sentido da vida estava
em Deus”, e Kai THEON em ho LOGOS (e Deus era a Palavra, ou e Deus era o propósito de
tudo), já deixou os gregos nervosos, pois eles tinham muitos deuses (e João estava mostrando
apenas um único Deus), e para os judeus estava tudo certo ainda, pois os Judeus criam num
Deus único;
Mas quando João termina a sentença falando de Jesus: Ele estava no princípio com Deus. Todas
as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a
vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a
compreenderam. Pronto, João desafiou judeus e gregos quando disse que Jesus era Deus,
que Jesus tudo criou e que ele era a luz do mundo.

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Toda essência, todo propósito era Ele - Talvez, em toda Bíblia não haja uma definição tão
correta e contundente sobre quem é Jesus Cristo, e João anunciara para todo que lê a Bíblia.
Jesus é o Princípio e o criador de tudo. Ele já existia... JESUS É O LOGOS, ou seja, Jesus é o
Arche tido por Anaximandro de Mileto (mesmo sem conhece-lo), era o PROPÓSITO, O
SENTIDO DA VIDA. Deus pai, Jesus e o ES são um só Deus, se apresentando de três formas
diferentes, e com funções diferentes.
João entendeu isso e assim começa seu evangelho anunciando que JESUS É O LOGOS DE
TUDO, transmitindo a ideia de que Jesus é a expressão da mente do Pai. João fala da Palavra
de Deus (1:1), o vê como ativo na criação (1: 3-5). Jesus é o sentido de vida para quem
entende que Ele é Deus, por isso o apóstolo Paulo diz: apanhei, quase morri, mas sigo para o
alvo.
É algo muito forte... Quero usar aqui um simbolismo - Jesus ser o Logos da criação é uma
“tatuagem”. É como se Jesus fizesse uma tatuagem em seu corpo e essa tatuagem seria a
criação, algo impregnado em si. Por isso Paulo diz que:
Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de
Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também
do grego... Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se
manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas
invisíveis, desde a criação do mundo, tanto os seus eternos
poderes, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem
pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu
coração insensato se obscureceu. Rm 1:16-21

Não existe uma escala de importância entre O pai, Jesus e o Espírito Santo, todos são a raiz
de tudo, uma essência e propósito, Arché e Logos ao mesmo tempo, no mesmo instante.
Sobre isso, Paulo disse:
Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra,
visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele
é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. Cl
1:16,17.
Qualquer pessoa que pergunta “quem criou Deus” é uma pessoa que, ou não leu a Bíblia, ou
não acredita nela. Pedro, Paulo e João estão dizendo que Ele, Jesus é antes de todas as coisas.
E mais, além de Jesus existir antes, Ele é maior que os céus e a terra “e todas as coisas
subsistem por ele”. Esse “todas” é uma palavra que engloba tudo. Isso nos remete a uma ideia
que Jesus é tão grande que toda criação é apenas uma pequena, linda e perfeita “tatuagem”
no Seu corpo glorioso.

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O relato de João, o evangelista
Como vimos, João inicia seu evangelho falando que Jesus já existia antes de qualquer
coisa, que participou da criação e que era o propósito de tudo, e continua falando
acerca de Jesus Cristo:
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. Estava no mundo,
e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus,
aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua
glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. Jo1:9-14.

a) Jesus veio para o que era seu, e os seus não o receberam Jo1:11
Imaginamos que líderes religiosos seriam as pessoas mais próximas de Deus.
Realmente deveriam ser, mas nem foram na época de Jesus nem atualmente; muitos
parecem “amigos de Deus”, mas são amigos do poder.
Jesus descreveu tais pessoas como as que “praticam . . . todas as suas obras com o fim
de serem vistos dos homens, se vestem de maneiras especiais, “amam o primeiro lugar”
em atividades sociais e reuniões religiosas, e gostam de ser chamados por títulos de
destaque (Mt 23:5-7).
Jesus ensinou seus servos a se comportarem de uma maneira totalmente diferente,
não agindo para serem vistos por homens, seja nos seus atos de caridade ou nas suas
orações (Mt 6:1-8).
Com certeza muitos destes líderes se sentiram ofendidos quando Jesus falou que
seriam rejeitados por Deus. Os discípulos perceberam que os fariseus se
escandalizaram, mas Jesus não amenizou a sua mensagem. Ele continuou: “Toda
planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Deixai-os; são cegos, guias de
cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco” (Mt 15:12-14).
Na sua censura mais forte, Jesus chamou estes líderes de hipócritas. Se Jesus tivesse
agido politicamente, falando palavras suaves para ganhar o apoio dos homens
influentes, se tivesse oferecido para eles posições de influência no seu reino ou se
tivesse procurado fazer acordos entre partidos para evitar ofensas, certamente a
reação dos líderes teria sido bem mais favorável.
Jesus quer corações dedicados ao Reino e não aparências, por isso foi rejeitado.
b) A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus,
aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade
da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. Jo1:12-13
Ao contrário de quem rejeita Jesus, para quem o aceita, recebe e segue, há uma
mudança de status. Mudam de criaturas de Deus para se tornarem filhos de Deus.

13
Esta passagem fala de duas classes de pessoas, os nascidos de Deus e os não nascidos
de Deus, mas sim "do sangue", "da vontade da carne" e "da vontade do homem".
Portanto, quando um bebê vem ao mundo ele nasceu porque o casal assim o quis,
porque tiveram "vontade da carne" para se relacionarem sexualmente, e o bebê traz
em si as características de seus pais, "do sangue".
Assim é tudo na natureza: houve um designer original (Deus) que criou todas as
coisas, inclusive o ser humano, Adão e Eva sem pecado, e agora a criação funciona
como uma grande fábrica da qual saem todos os seres vivos. É claro que Deus está
sempre por detrás de todas as coisas, seja no nascimento de uma formiga ou de um
ser humano, mas quando Deus criou Adão e Eva perfeitos houve uma “sabotagem”.
A partir dessa sabotagem, todos seres humanos nascem da vontade de seus pais, com
a permissão de Deus, portanto criaturas de Deus, e somente recebem o “folego da
vida”, o Espírito Santo e se tornam filhos de Deus, quando recebem Jesus em suas
vidas.
Tecnicamente os homens são criação de Deus, mas não filhos. Originalmente só
existiam duas classes de filhos de Deus por terem sido criados diretamente por Deus:
os anjos e Adão e Eva. E os homens? Veja que eles não são chamados de filhos de Deus,
mas sempre de filhos de alguém, enquanto Adão é chamado de filho de Deus: “...Cainã,
filho de Enos, Enos, filho de Sete, e este, filho de Adão, FILHO DE DEUS" (Lc 3:38).
Mas, agora há uma terceira classe de filhos de Deus: aquele que crê em Jesus. Isto é
muito claro desta passagem do evangelho de João. Veja que é uma posição
condicional, à qual a pessoa se torna filho pela fé em Cristo Jesus.
Paulo também diz isso em Gl_3:26 “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo
Jesus”. Por meio da obra na cruz, da morte e ressurreição de Cristo, Deus, por assim
dizer, deu um "reset" em tudo e iniciou uma nova Criação a partir de Cristo, do modo
como ele havia feito antes a partir de Adão, e hoje todo aquele que está em Cristo é
"nova criação" (a maioria das bíblias traduzem como "nova criatura") - "Portanto, se
alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram
coisas novas" 2 Co 5:17 NVI
Adão é chamado de "primeiro homem" porque dele vieram outros, como eu e você.
Cristo é chamado de segundo Adão porque dele vêm todos os que creem, os quais têm
agora uma vida que literalmente não é deste planeta, mas do céu.
c) E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória
do unigênito do Pai e era cheio de graça e de verdade Jo1:14
A palavra "habitou" vem da mesma palavra traduzida tabernáculo. Literalmente, a
ideia é que Jesus "tabernaculou" entre os homens. Esta palavra evoca lembranças do
tabernáculo do AT, que era o lugar onde os homens encontravam Deus. Jesus, que é a
expressão exata do Pai (Hebreus 1:3), é a pessoa na qual encontramos Deus. Jesus na
carne era Deus “Emanoel” no meio dos homens.
Jesus, embora sendo divino, assumiu uma natureza humana; veio ao mundo para
fazer expiação pelos nossos pecados, através de Sua morte e ressurreição (2Co 5:14-

14
15; Fp 2:5-11; Cl 1:13-15; 1Tm 2:6; Hb 2:9; 1Jo 2:2), possibilitando que todos os que
Nele creem se tornem filhos de Deus (Jo 1:11-13) e tenham a vida eterna (Jo 3:16-18,
36; 6:47; At 4:12).
O Filho veio a este mundo para trazer a glória de Deus, para torná-la acessível a nós,
homens carregados de pecados, e para nos introduzir nessa glória. De que glória se
trata? O próprio Senhor Jesus Cristo respondeu esta pergunta na oração sacerdotal
quando disse: "e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive
junto de ti, antes que houvesse mundo" (Jo 17.5). Em Sua própria pessoa Jesus nos
trouxe a glória de Deus, glória que Ele já tinha junto ao Pai antes da fundação do
mundo, por isso ele era cheio de graça e verdade.
Nesse caso a palavra graça usada foi “charitos” a mesma usada em atos15:11 “Mas
cremos que seremos salvos pela graça do Rei Jesus Cristo, como eles também”, sendo
graça sinônimo de glória com poder que salva.
E a palavra verdade foi “alētheias” que foi a mesma que Lucas usou quando disse: “E
perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e
que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de
Deus”. Essa verdade é a mesma palavra que direciona para “eu sou o caminho, a
verdade e a vida...” Jo14:6.

Então, o escritor desse livro foi João, o evangelista.


Lembre-se que “João” naquela época era um nome muito comum. Significa “agraciado por
Deus”, “Deus cheio de graça” pois tem sua origem da palavra hebraica Yehokhanan ou
Iohanan, que, por sua vez, são compostas pela união dos termos Yah, que quer dizer “Jeová”,
“Javé” ou “Deus”; e hannah, que significa “graça”.
A respeito do apóstolo e evangelista João, sabe-se por livros de história antiga que o
governador de Roma Tito Flávio Domiciano o exilou, na ilha de Patnos, onde lhe foi revelado
o livro de Apocalipse. Nerva, o sucessor de Dominicano, libertou-o. Dentre todos os
apóstolos, foi o único a ter morte natural. ” (Conforme o Livro dos Mártires de John Fox –
CPAD, citado em O sofrimento dos apóstolos, na proclamação do evangelho, 07/05/2009).
O Evangelista João morreu de velhice e termina seu evangelho contando a conversa que
Pedro teve com Jesus:
Vendo Pedro a este (João), disse a Jesus: Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se
eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu. Divulgou-
se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus,
porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu
venha, que te importa a ti? Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu;
e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras
coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o
mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém. Jo 21:21-25
De fato, há um registro histórico que ele morreu de morte natural no ano 103 d.C., quando
tinha 94 anos, segundo bispo Polícrates de Éfeso em 190 d.C (atestada por Eusébio de
Cesareia na sua História Eclesiástica, 5, 24), o Apóstolo "dormiu" (faleceu) em Éfeso.

15
No evangelho escrito por ele, depois que ele fala que Jesus é o princípio de tudo, e
descreve algumas características de Jesus, então, João começa a falar de outro João –
João Batista.
Precisamos aprender um pouco de história antiga, sobre o que aconteceu na Jdéia, para
entender o porquê João Batista foi tão importante e porque o João Evangelista fala nele:

Comecemos o relato em mais ou menos 537 aC, quando o Reino do Sul é tomado pelos
Persas (o que foi bom para o povo de Deus que estava aprisionado pelos babilônicos

Reino Persa (entre 537 e 333aC) - Na Bíblia é citado várias vezes um personagem chamado
“Ciro, rei da Pérsia (nos livros de Esdras, Daniel, Isaias e Crônicas) ”, rei que foi usado por
Deus para livrar o povo de Israel do cativeiro Babilônico em aproximadamente 537 aC. Ciro
libertou os hebreus do cativeiro publicando um decreto e lhes devolvendo todas as suas
posses que haviam sido tomadas pelos babilônios. Os livros de Esdras e Neemias mostram o
retorno à Palestina para reconstruir os muros e todo modo de vida de Jerusalém.
Entre 537 e 439 aC aconteceu a escrita de vários livros da Bíblia (Ageu, Zacarias, Malaquias,
Daniel, Esdras e Neemias). A partir desse ano de 439 aC nenhum livro da Bíblia foi escrito e
nenhum profeta falou em nome de Deus. Deus não usou ninguém para anunciar nada para o
povo de Israel.
Assim, O SILÊNCIO DE DEUS COMEÇA EM APROXIMADAMENTE 439 aC. - Deus não fala nada,
mas o mundo continua.

Alexandre, o Grande (333 a 323 aC) - O Império Persa tinha começado em 537 aC e dura
até o ano 333 aC quando os persas foram derrotados por Alexandre o Grande. Então se deu
início ao chamado “período helenístico” que durou entre 330 e 166 aC. Alexandre tinha a
ambição de unificar o mundo com a cultura grega e por isso, onde Alexandre conquistava ele
ensinava sobre a arte, filosofia, modo de vida, deuses, inclusive a língua grega (o que facilitou
a escrita do NT).

Reino Ptolomeu e Seleucida (323 a 164 aC) - Em 323 aC Alexandre morreu, e seu império
foi dividido entre seus generais. Dessa divisão surgiram duas dinastias: a Ptolomaica (no
Egito) e a Seleucida (na Síria e na Macedônia). Por mais de cem anos essas dinastias
disputaram o controle da Palestina.
Enquanto os ptolomeus estavam no controle, as práticas religiosas dos judeus foram
respeitadas. Porém, em 198 a.C., os seleucidas assumiram o poder e foi um período
complicado para os Judeus:
Quando Antíoco IV Epifânio subiu ao poder, ele tentou impor um tipo de helenização radical,
cometendo grandes atrocidades. Ele tinha o objetivo de acabar de vez com a religião judaica.
Entre algumas coisas que ele fez, podemos destacar: (i) Proibiu elementos fundamentais dos
costumes judaicos, (ii) Tentou destruir todas as cópias da Torá (os cinco livros de Moisés –
Pentateuco), (iii) Exigiu que o deus grego Zeus fosse cultuado, (iv) Sacrificou um porco
dentro do Templo de Jerusalém.

16
Por isso houve uma revolta dos Judeus, quando Matatias (chamado de Hasmoneu), um
camponês idoso de família sacerdotal, juntamente com seus cinco filhos, Judas (Macabeu),
Jônatas, Simão, João e Eleazar, formaram a liderança da oposição ao governo de Antíoco IV.

Dinastia Hasmoneia (164 a 63 aC) - Matatias morre em 166 aC, e seu filho Judas assume a
liderança da resistência. Judas desenvolve técnicas de guerrilha, que vence as tropas
seleucidas. Em 164 aC, Judas e seus homens conseguem tomar Jerusalém.
Esse foi um período dificílimo, pois era guerra a todo instante. Com a morte de Judas, a
liderança da revolta passa para o seu irmão Jônatas. Jônatas faz acordos com vários países,
como Esparta e inclusive com a República Romana, para que fosse reconhecido a situação de
Israel como nação livre perante o império selêucida.
Com isso, o rei Seleucida Antíoco VI, torna-se ainda mais hostil contra os judeus, o que
provoca nova guerra, dessa vez liderada por Simão, irmão de Jônatas. Foram muitas lutas,
conhecidas como a Revolta dos Macabeus, mas a independência da Judéia vem no governo
de João Hircano I, filho de Simão, que se tornou sumo sacerdote e foi coroado rei da Jdéia.
Nesse processo, do mesmo jeito que essa guerra começou com uma tentativa de helenização
forçada, houve também uma judaização forçada. Por essa época é que surgem os três grandes
partidos políticos da Jdéia: Fariseus, Saduceus e os Essênios.
As crueldades cometidas por João Hircano I contra as cidades conquistadas e as populações
forçadamente judaizadas provocam a primeira reação dos Fariseus contra os governantes
Macabeus. A partir deste momento João Hircano I alia-se aos saduceus e rompe com os
fariseus.

Império Romano (63aC até 476dC) Em 63 a.C. a dinastia dos Hasmoneus chegou ao fim,
com a dominação romana quando o general Pompeu. Pompeu coloca Hircano II como sumo
sacerdote, entretanto lhe retira o título real e transforma a Judéia em um reino subordinado
a um procurador romano.
No ano de 37 aC Marco Antônio entrega o trono da Judéia a Herodes, o Grande, um príncipe
idumeu filho do procurador romano, Antipater. Para se legitimar no trono, Herodes se casa
com Mariana, a única filha e herdeira do sumo sacerdote Hasmoneu Antígono. Entretanto,
com medo de conspirações por parte da elite judaica e dos seus filhos com Mariana, manda
executar a esposa e acusa seus filhos, Alexandre e Aristóbulo IV de alta traição, que são
julgados e executados em 7 a.C.
Aqui foi contado um resumo do que aconteceu entre 537 aC e 7 dC, para entendermos o
período chamado como os “anos de silêncio” ou “período intertestamentário” que separou
no tempo o AT e o NT, onde Deus não usou nenhum profeta para anunciar seus desígnios.
Esse período espiritual de silêncio de Deus (onde guerras iam acontecendo) foi
aproximadamente entre 433aC (época de Neemias) até 5 aC (nascimento de Cristo).
Por isso é que entendemos que depois de 400 anos sem nenhum profeta falar, aparece no
deserto um homem chamado João Batista, que começa a pregar às margens do Jordão. O
impacto de sua pregação é notório. As multidões das mais diferentes cidades foram para o
deserto a fim de ouvir essa voz que clama no deserto.

17
2
Seção

O testemunho de João Batista e os “Eu


Sou” ditos por Jesus

O testemunho de João Batista


Então, o evangelista João fala desse outro João, o João Batista, da seguinte forma:
Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho, para que
testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas para que testificasse
da luz. Jo1:5-8
O evangelista João mostra que o João Batista não era Deus, mas testificava de Deus, através
do anúncio de Jesus. João Batista veio para dar testemunho acerca de Jesus, por isso, João
Batista não era a luz, mas deu testemunho da verdadeira luz.
João Batista era primo de Jesus, filho de Zacarias e Isabel, fruto de uma concepção milagrosa,
já que sua mãe era idosa e estéril (Lucas 1: 57-66). O anjo Gabriel, o mesmo responsável por
anunciar à Maria sua gravidez de Jesus (Lucas 1.26-38), foi o responsável por anunciar a
Zacarias que Isabel sua esposa ficaria grávida do menino mesmo já em idade avançada.
Na época o fato de não ter filhos era como um sinal de desfavor divino ou de sérios pecados
ocultos, seria como um castigo de Deus, e pior era que toda responsabilidade caía sobre a
mulher, que sofria os mais variados julgamentos, bem como rejeições por parte da
comunidade e muitas vezes do próprio marido.
Mas, o anjo apareceu a Zacarias quando ele estava oferecendo uma oferta da queima de
incenso no Santo dos Santos a Deus:
“Não tenhas medo, Zacarias, eis que a tua súplica foi ouvida, Isabel, sua esposa, te
dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de João, Ele te será motivo de grande
felicidade e regozijo. E muitos se alegrarão com o seu nascimento. Pois ele será
grande aos olhos do Senhor, jamais beberá vinho nem qualquer outra bebida

18
fermentada, e será pleno do Espírito Santo desde antes do seu nascimento. E
conduzirá muitos dos filhos de Israel à conversão ao Senhor, seu Deus.” Lc 1.13-16
João Batista desde cedo já sabia o seu propósito aqui na terra: Anunciar a vinda de Jesus
Cristo – o Salvador – e ele permaneceu fiel ao seu chamado. O profeta Isaías já havia
profetizado a respeito dele. E isso é confirmado no texto de Mateus:
“Naqueles dias surgiu João Batista, pregando no deserto da Judéia. Ele dizia:
“Arrependam-se, porque o Reino dos céus está próximo”. Este é aquele que foi
anunciado pelo profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparem o caminho
para o Senhor, façam veredas retas para ele“. Mt 3:1-3

A pregação de João Batista perturbou o Sinédrio, que enviou uma comitiva para investigá-lo.
Como o Sinédrio era controlado pela família do sumo sacerdote, os enviados eram sacerdotes
e levitas que estavam mais interessados em questões de purificação ritual, do que da
mensagem que João Batista pregava.
João Batista declarou que não era o Cristo (1.19,20). Não era o Elias (1.21) nem o profeta
apontado por Moisés (1.21). João Batista era o precursor do Messias, mas não o Messias. Era
o amigo do noivo, mas não o noivo. João Batista veio no espírito de Elias, mas não era Elias.
João Batista não era o profeta apontado por Moisés, mas o precursor desse profeta.
Ele veio preparar o caminho para o Messias, aterrando os vales, nivelando os montes,
endireitando os caminhos tortos e aplainando os caminhos escabrosos. O texto citado por
João é Isaías 40.3, repetido nos quatro evangelhos (Mt 3.3; Mc 1.3; Lc 3.4; Jo 1.23), pois
naqueles tempos os caminhos, não eram nivelados, eram cheios de buracos, pedras e montes.
Quando um rei ia visitar uma província, mandava seus engenheiros à frente a fim de abrir
estradas e colocar os caminhos em boas condições para o rei passar. João Batista não era o
Messias, mas apenas o preparador do seu caminho. Preparando as pessoas para recebê-lo, e
o fez preparando o caminho do coração dos seus discípulos.
Muitas pessoas que seguiam a Jesus, havia sido batizada por João. Apolo era eloquente e
poderoso nas Escrituras e pregava sobre Jesus, conhecendo somente o Batismo de João (Atos
18:24,25), então Priscila e Áquila o instruíram melhor sobre o caminho de Deus.
João Batista crescia e se robustecia em espírito e viveu no deserto até o dia em que havia de
se revelar-se publicamente a Israel (Lucas 1.80). Como seus pais, Zacarias e Isabel, já eram
idosos quando ele nasceu, estudiosos afirmam que seus pais morreram quando João era bem
jovem e que ele foi levado ao deserto da Judéia. Provavelmente, nessa época João Batista
tenha vivido numa comunidade dos Essênios1 de Qunram, pois há alguma semelhança de sua
pregação com os chamados Rolos do Mar Morto.

1
Os essênios eram um grupo religioso entre os judeus, que tinha sua própria interpretação das
Escrituras e queria manter a pureza do judaísmo. Eles eram uma comunidade bastante fechada e alguns
se isolavam no deserto. A Bíblia não fala sobre os essênios, mas através de livros históricos sabe-se que
os essênios surgiram por volta do século II a.C. e ainda existiam no tempo de Jesus.

19
Ele não bebia álcool, vestia roupa de pelos de camelo e comia gafanhotos e mel. Seu
ministério consistia em andar pela região do rio Jordão e pregar que as pessoas precisavam
se arrepender de seus pecados para serem perdoadas. Assim pregava avisando que Deus
pune o pecado e que ninguém poderia escapar só por ser judeu de nascimento. Ele pregava
que era necessário se arrepender e viver de maneira que agrada a Deus (Lucas 3:7-9). Suas
pregações atraíram muitas pessoas que eram batizadas, como um sinal de sua purificação,
pois agora eram novas criaturas. João dizia às multidões:
“Raça de víboras! Quem lhes deu a ideia de fugir da ira que se aproxima? Dêem
frutos que mostrem o arrependimento. E não comecem a dizer a si mesmos:
‘Abraão é nosso pai’. Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode fazer
surgir filhos a Abraão. Lucas 3:7-8
João Batista dizia que viria alguém maior que ele e que este iria batizar com o Espírito Santo
(Mc 1:7-8). Quando João viu Jesus aproximando-se disse:
Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Este é aquele a quem eu me referi,
quando disse: Vem depois de mim um homem que é superior a mim, porque já existia antes
de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas por isso é que vim batizando com água: para que ele
viesse a ser revelado a Israel Jo 1:29-31

Foi João Batista quem batizou Jesus, mesmo João dizendo que não queria batizá-lo pois sabia
que Jesus era superior a ele, mas Jesus insistiu e então foi batizado.
Neste momento, João Batista viu o Espírito Santo descer sobre Jesus como uma pomba e
ouviu a voz de Deus proclamar: “E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo Mt 3:17”, então João começou a anunciar Jesus como o Messias.
Jesus era de idade humana seis meses mais novo que seu primo João Batista, mas o
testemunho de João Batista diz que Jesus já existia antes dele, mostrando ser Jesus pré-
existente. Vejamos afirmações sobre Jesus que João Batista faz, relatadas no Evangelho de
João:
(I) Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo
Jo1:17
Aqui João deve ter tido acesso ao livro de Gálatas, onde este é o principal tema
tratado pelo apóstolo Paulo: A lei dada por Moisés não salva ninguém, pois ninguém
consegue cumprir toda a lei. Para efeito de salvação ou condenação quem cai em

Eles eram contra a mistura do judaísmo com valores gregos e queriam se afastar da influência pagã de
outros povos. Alguns essênios viviam nas cidades, entre outros judeus, mas outros eram mais radicais e
formaram comunidades no deserto, com pouco contato com outras pessoas.
De acordo com os historiadores dessa época, as leis dos essênios eram muito rígidas e valorizavam a
comunidade, a partilha, a pureza e a dedicação a Deus. Eles tinham várias restrições alimentares e
tentavam limitar seu contato com outras pessoas, para não serem contaminados com outras filosofias.

20
algum pecado, ainda que pequenino, é réu condenado, igual a quem rouba, mata e
estupra.
A salvação é obra exclusiva em Jesus Cristo, e de graça (que é favor imerecido – não
merecemos, mas ao crer no sacrifício de Jesus nos é imputado justiça e salvação) e
isso é verdade indiscutível para aquele que crê, caminho da salvação.
(II) Que está no seio do Pai, esse o revelou Jo1:18
O Pai é invisível para nós e, portanto, desconhecido. Para resolver esse problema de
nossa ignorância com relação a Deus, Jesus Cristo veio como a melhor e mais perfeita
revelação e apresentação de Deus.
Ele nunca foi criado. Ele não é um ser inferior ao Pai. Ele é o próprio Deus Filho. É
isso que os pais da igreja confessaram no Credo Niceno (325 AD): “Creio em um só
Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os
séculos Deus de Deus, Luz da luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não
feito, da mesma substância do Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas”.
Sendo a mesma substância do Pai, Jesus está em Seu seio e, através Dele, Jesus é
revelado ao mundo. Incrível que há aqui uma dupla revelação: Deus-pai o revela,
tanto que no batismo uma voz dos céus revela ser Jesus o filho que Ele (Deus) se
alegra e ao mesmo tempo, “Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me
tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o
Pai? Jo 14:9”.
(III) Do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca Jo1:27
João Batista era um profeta estranho, se vestia com peles, comia gafanhoto, vivia no
deserto, mas era respeitado, e tinha muitos seguidores. A Bíblia relata que André e
mais outro (possivelmente seu irmão João, o próprio que escreveu esse evangelho)
seguiam João Batista e foram seguir Jesus: “No dia seguinte João estava outra vez ali,
e dois dos seus discípulos, e vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E
os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus... Era André, irmão de
Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João Batista, e o haviam seguido”
Jo1:35-40.
Possivelmente essa afirmação de João aos seus discípulos teve um forte impacto, e
fez André e João deixarem João Batista e seguirem Jesus. Naquela época, quando uma
pessoa chegava na casa de outra, os escravos tinham a função de tirar a alparcas e
lavar os pés dos visitantes. João diz que não era digno nem de soltar as correias,
quanto mais de lavar os pés, que era atividade de um servo.
(IV) Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo Jo1:29
Para entendermos o porquê de Jesus ser chamado de “o Cordeiro de Deus”,
precisamos nos atentar que os cordeiros eram parte importante dos sacrifícios do
AT. Antes mesmo de Deus dar a Moisés as instruções oficiais acerca da religião
judaica no Sinai, a figura do cordeiro já aparece como parte do ritual religioso.
Por exemplo: Nos primeiros capítulos de Gênesis, encontramos Abel oferecendo a
Deus uma oferta das primícias de seu rebanho (Gn 4:3-5). Na ocasião em que Abraão

21
foi oferecer Isaque em holocausto, Deus providenciou um cordeiro para substituir o
filho do patriarca como sacrifício (Gn 22:13).
Na última praga do Egito, Deus deu instruções que um cordeiro deveria ser
sacrificado e seu sangue aspergido nos umbrais das portas dos israelitas. Assim, o
anjo da morte passaria por cima da casa dos hebreus quando fosse visitar a terra do
Egito e matar seus primogênitos (Êxodo 12). O cordeiro pascal deveria ser sem
defeitos. Além disso, nenhum de seus ossos poderia ser quebrado (Êxodo 12:5,46;
Números 9:12).
Embora a figura do Cordeiro possa apontar para a mansidão de Jesus, esse não é o
foco de João Batista. Sua ênfase está em Jesus ser o sacrifício escolhido por Deus para
expiar nossos pecados.
Jesus é o Cordeiro de Deus relatado por Isaías que falou dele como sendo o Cordeiro
que foi levado para o matadouro e que foi golpeado por causa da transgressão do
seu povo (Isaías 53:7,8). O profeta deixa claro que foi da vontade do Senhor esmagá-
lo, moê-lo e fazê-lo sofrer, fazendo de sua vida uma oferta pela culpa (Isaías 53:10).
Com isso, Isaías apresentou de forma muito clara o conceito do Cordeiro de Deus.
O termo grego amnos (cordeiro) usado por João é uma referência aos vários usos do
cordeiro como sacrifício no AT. Tudo o que esses sacrifícios preanunciaram foi
perfeitamente cumprido no sacrifício de Cristo. Ele ofereceu um sacrifício único:
perfeito e completo.
João Batista identifica Jesus como o animal sacrificial usado nos rituais do templo,
particularmente como oferta pelo pecado, já que ele é aquele que tira o pecado do
mundo.
O apóstolo Paulo também falou de Cristo como sendo o Cordeiro pascal que foi
sacrificado (1 Co 5:7). O paralelo entre o cordeiro da Páscoa e Cristo como o Cordeiro
Deus, realmente é muito grande. Assim como o cordeiro pascal não podia ter
nenhum de seus ossos quebrados, o Cordeiro de Deus também não poderia. Cristo,
em seu sacrifício, teve todos os seus ossos preservados para que se cumprissem as
Escrituras (Jo 19:36; cf. Sl 34:20).
Por isso João, no NT apresenta Jesus como o Cordeiro de Deus e Pedro fala de Cristo
como sendo o Cordeiro conhecido antes da fundação do mundo (1 Pe 1:19,20). O
evangelista Filipe, ao explicar as Escrituras ao eunuco etíope, entendeu que o
Cordeiro da qual falou Isaías é o Cristo, o Cordeiro de Deus (Atos 8:32-35).
No livro de Apocalipse, Jesus é referido como “Cordeiro” por cerca de trinta vezes.
Jesus é o cordeiro providenciado por Deus desde toda a eternidade. O cordeiro foi
morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Assim, Jesus se ofereceu a si mesmo
como sacrifício propiciatório pelo seu povo. Ele venceu a morte e é o único capaz de
abrir o livro selado com sete selos (Ap 5:2-5).
Aqui o cristianismo se distingue de todas as outras religiões do mundo. Nas demais
religiões, o ser humano providencia sacrifício para seus deuses: No cristianismo,
Deus providencia o sacrifício para o ser humano. Jesus é o Cordeiro de Deus.

22
Também é importante entender a frase “que tira o pecado do mundo” não significa
que todos serão salvos no final: Apesar de haver poder suficiente em seu sacrifício
para tal coisa, definitivamente não é isso que a Bíblia ensina. Na verdade, no próprio
Evangelho de João existem várias referências que refutam essa ideia (João 1:12,13;
10:11,27,28; 17:9; 11:50-52).
Com seu próprio sangue, Ele comprou homens de toda tribo, língua, povo e nação.
Estes redimidos foram constituídos reis e sacerdotes de Deus e reinarão com Ele (Ap
5:8-10). Sem dúvida esse é o significado correto de quando se diz que Jesus é o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Esse “mundo” significa pessoas
espalhadas em todos os povos, tribos, línguas e nações.
Portanto, quando João Batista apresenta Cristo como o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo, ele não está afirmando que o mundo inteiro terá seu pecado
expiado pelo Cordeiro de Deus. Ele simplesmente está dizendo que o Filho de Deus
não veio para tirar o pecado de uma nação em particular, como os judeus pensavam.
Três verdades precisam ser destacadas:
Em primeiro lugar a natureza dessa missão. O Cordeiro de Deus veio para tirar o
pecado. Ele não veio para encobrir o pecado. Não veio para mudar o nome do pecado.
Não veio para desculpar o pecado. Ele veio para tirar o pecado. O ser humano não
pode livrar-se do seu pecado sozinho e não pode expiar (fazer algum tipo de
pagamento) pelo seu pecado.
O ser humano é escravo do pecado e assim não pode ser salvo com pecado; ele
precisa ser salvo do pecado. O ser humano não providencia e nunca providenciou a
sua redenção; isso procede de Deus.
O milagre da salvação não foi Jesus fazer cegos verem, andar sobre as águas, curar
paralíticos ou coisa parecida, mas Jesus, o Cordeiro de Deus tira o pecado pelo seu
sacrifício. Foi na cruz que o Cordeiro triunfou sobre o pecado. Ele se fez pecado. Ele
se tornou nosso representante e nosso substituto. Ele tomou sobre si o nosso
pecado. Ele carregou sobre o seu corpo na cruz o nosso pecado. Ele foi traspassado
pelas nossas transgressões.
Para sermos salvos do pecado, Deus fez a maior transação do universo. Ele não
colocou o pecado em nossa conta. Ele transferiu para a conta de Cristo a nossa dívida,
e depositou em nossa conta a infinita justiça de Cristo.

Em segundo lugar o alcance dessa missão. O cordeiro tira o pecado do mundo, ou


seja, de homens de todas as tribos e raças, e não simplesmente de uma nação em
particular. Veja que não são os pecados, mas o pecado. Todo tipo de pecado é tirado.
Não há pecado que Jesus não perdoe. Não há mancha que ele não apague. Não há
culpa que ele não remova.
Isso é mais do que o conjunto de pecados de pessoas individuais. É o pecado do
mundo inteiro. Não apenas de alguns, mas de todos os que creem. Não apenas dos
judeus, mas também dos gentios. A salvação não é apenas para um povo, mas para
todos os povos, sem distinção de raça, religião ou cultura.

23
Em terceiro lugar a eficácia dessa missão. Jesus não apenas “tirou”; ele “tira” o
pecado do mundo. O verbo está no presente. O Cordeiro de Deus morreu há dois mil
anos, mas os efeitos da sua morte são tão atuais, poderosos e eficazes como no
instante do Calvário. Todos os dias pessoas são libertadas de seus pecados. Todos os
dias pessoas são lavadas de suas manchas.
(V) É o que tem primazia, o ungido de Deus
Embora essas duas características sobre Jesus podem ter vários estudos e
desdobramentos, podemos de uma forma muito simples entender porque Jesus é o
que tem primazia e é o ungido de Deus, através da leitura de João1:30-33
Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque
foi primeiro do que eu. E eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a
Israel, vim eu, por isso, batizando com água. E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito
descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me
mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e
sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Jo 1:30-33
Ora, Jesus foi o primeiro de tudo, ele é eterno, já existia eternamente antes do mundo
ser criado, portanto João diz que foi “primeiro do que eu”, além disso, Paulo escreve:
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente.
Amém. Rm 11:36 e no Batismo Jesus foi literal e completamente ungido por Deus,
através da voz Dele, audível e clara para todos que lá estavam.

(VI) É o que batiza com o Espírito Santo Jo1:33


Nos Evangelhos de Mateus e Lucas, é usada a expressão “batizará com o Espírito
Santo e com fogo”, referida a Jesus, pois trata-se de mostrar que o batismo de João é
incompleto, feito apenas com água, o outro com Jesus é perfeito, feito com o fogo,
símbolo do Espírito Santo.
João Batista era um sacerdote, enquanto o próprio Jesus, presente fisicamente na
ocasião que João relatou, era o motivo, a essência da Salvação. Mais adiante, o
próprio Jesus revelou que Ele daria o Espírito Santo àqueles que quisessem ter uma
vida nova quando no “disse em alta voz: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
Quem crê em mim, como diz a Escritura, de seu seio jorrarão rios de água viva”. (Jo
7,37-38). João Evangelista acrescenta com um comentário revelador: “Ele falava do
Espírito que deviam receber os que nele cressem” (Jo 7,39).
O NT menciona sete vezes esse ministério de Jesus. Cinco vezes em citações
proféticas (Mt 3:11; M c l.8; Lc 3.1 6; Jo 1.33; At 1.5), uma em citação histórica (At
2.16-18), e outra em texto doutrinário (1 Co 12.13). Embora Jesus não tenha
batizado fisicamente ninguém nas águas (como joão Batista fazia) Ele o fez e faz com
o Espírito Santo. Todas as vezes que Ele disse: Siga-me e alguém o seguiu, ali houve
“batismo do ES”.

24
Mas há relatado explicitamente na Bíblia na ocasião do Pentecostes (At 1.5;
11.15,16) que o ES desceu, tomando-se uma realidade na vida de todos os cristãos
por ocasião do novo nascimento (1 Co 12.13).
Portanto, a condição necessária para que a pessoa possa receber o batismo do ES e
obter salvação é acreditar e ter Ele como o Senhor e o Salvador. Se por um lado isso
é fácil, basta abrir a boca e o coração, por outro esse desprendimento envolve uma
grande discussão teologia envolvendo teólogos como Calvino e Armínio, que são
temas para outra ocasião.
Sabemos que a instrução que Pedro deu aos judeus no dia de Pentecostes foi:
“Convertei-vos e seja cada um de vós batizado em nome de Jesus Cristo, para a remissão
dos pecados, e recebereis então, o dom do Espírito Santo” At 2, 38. Por isso sabemos
que quando nos convertemos recebemos o ES e entramos num processo de
santificação que se completará na eternidade.

Relatos finais sobre João Batista:


1) O próprio João Batista é o cumprimento de profecias feitas ainda no AT. Os profetas
Isaías (40:3) e Malaquias (3:1; 4:5) falaram sobre ele. O próprio Jesus declarou que
ele era o profeta que havia sido prometido (Mc 9:13; Mt 11:14).
2) Como profeta, João Batista concluiu a responsabilidade da revelação divina sob a
antiga ordem. Isso fica claro nas palavras de Jesus: “A lei e os profetas duraram até
João; desde então, é anunciado o Reino de Deus” (Lc 16:16).
Devemos entender essa passagem como sendo que, no AT e até João Batista, todos
os profetas anunciavam a vinda do Ungido, do Salvador, e nesse sentido de profecia,
em João Batista se encerrou toda anunciação, pois, o Cristo havia chegado.
Atualmente há ainda manifestação de dons, inclusive o de profecia, para edificação
da igreja do Senhor, mas jamais para o anúncio da vinda do Salvador, porque Jesus
já veio.
3) Os próprios apóstolos faziam referência sobre a veracidade e importância do
ministério de João Batista. Isso aconteceu, por exemplo, na pregação de Paulo em
Antioquia (At 13:24; At 10:37).
4) João Batista serviu de referencial para o ministério do próprio Cristo, no sentido de
que ele veio para ser o precursor imediato do ministério do Filho de Deus. Sua vida
foi um sinal vivo de que Jesus era o Messias prometido.
5) A Bíblia não registra nenhum milagre feito por João Batista. Todavia, Jesus testificou
que não houve ninguém nascido de mulher maior do que ele, (Lucas 7:24-28). Aqui
entendemos que não são os sinais e prodígios que fazem com que alguém seja
notável, mas, sim, o desempenho da tarefa lhe foi designada por Deus.
6) João Batista compreendeu muito bem sua missão. Mesmo durante o tempo em que
seu ministério foi simultâneo ao de Cristo, ele, como um bom arauto, permaneceu
em segundo plano diante da presença do Rei que havia chegado. Em momento algum

25
João Batista tentou atrair a atenção para si. Sobre isso, ele disse: “É necessário que
Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).
João Batista foi a voz que levantou no deserto para anunciar o início do ministério de Jesus.
Ele fazia uma pregação ousada e morreu decapitado, por ordem do rei Herodes Antipas,
atendendo ao pedido de sua esposa, com quem tinha um casamento ilegítimo (Mt 14: 3-12;
Mc 6: 14-29).
João encerra sobre o assunto “testemunho de João Batista” mostrando que o principal
ministério dele foi testificar a Cristo (preparando o seu caminho):
João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes
de mim, porque foi primeiro do que eu. E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por
graça. Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Deus nunca foi
visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou Jo1:5-18.

Ou seja, no Evangelho de João:


(1) João o apóstolo, o escritor, começa dizendo que Jesus é Deus de várias formas;
(2) Depois ele relata o testemunho de João Batista que diz que Jesus é Deus e;
(3) Mostra o próprio Jesus dizendo que era Deus.

Os “Eu Sou” de Jesus


De fato, o próprio Jesus diz que ele era Deus, e como Ele faz isso? Através dos vários “Eu Sou”
pronunciados por Ele próprio, numa importantíssima conexão com o AT.
Quando Moisés sobe no Monte Sinai e se depara com a sarça ardente, e apareceu-lhe o
anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a
sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá,
e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E vendo o Senhor que se
virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés.
Respondeu ele: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés;
porque o lugar em que tu estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o
Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto,
porque temeu olhar para Deus... Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó
e tire do Egito os filhos de Israel? E disse: Certamente eu serei contigo... Então disse
Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos
pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse
Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU
me enviou a vós. Ex 3:2-14

A expressão “anjo do Senhor” v.2 que estava na chama ardente demonstra que Jesus aí
estava, e no v.4 diz que “bradou Deus”, ou seja, ali havia uma completa manifestação de Deus
para com Moisés.

26
Deus é tão grande, onipotente, onisciente e onipresente que naquela ocasião Ele não quis
dizer especificamente nenhuma característica Dele, pois ele sempre é maior do que alguém
tentar escrever o que ele é, por isso ele se limitou a dizer: Diga ao povo que EU SOU.

Por exemplo, ele poderia dizer diga ao povo que Eu sou o Criador de tudo, que eu sou o
Salvador do mundo, que Eu sou aquele que enxerga o sofrimento do povo, etc, etc e etc... São
tantas características que qualquer uma dessa é verdadeira, mas incompleta.

Por isso, Jesus relatado no NT através do evangelho de João começa falando da mesma forma
que Ele falou lá no AT, usando apenas o EU SOU, fazendo uma imediata conexão com o texto
do pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio):

Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que EU SOU,
morrereis em vossos pecados. Jo 8:24
Disse-lhes Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU,
e que nada faço por mim mesmo; mas isto falo como meu Pai me ensinou. Jo 8:28
Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, EU
SOU. Jo 8:58
Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a
Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar. Desde agora
vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que EU SOU. Jo
13:18,19

Mas, os Judeus que escutavam Jesus no NT não queriam acreditar que ele, o filho do
carpinteiro José e de Maria era o próprio Deus encarnado, o Cristo, o prometido que eles
tanto esperavam. Talvez por isso, Jesus tenha falado os sete “Eu Sou” com adjetivos:

(9) Eu sou o pão que desceu do céu - Jo 6:41


(10) Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz
da vida. Jo 8:12
(11) Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e
achará pastagens. Jo 10:9
(12) Eu sou o bom pastor; que dá a sua vida pelas ovelhas. Jo 10:11
(13) Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto,
viverá; Jo 11:25
(14) Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
Jo 14:6
(15) Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador Jo 15:1

Os quais na sequência iremos estudar, ou seja, já estudamos como o Evangelista João e o João
Batista dizem quem era Jesus, e agora vamos estudar o que o próprio Jesus diz sobre próprio.

27
3
Seção

Água em Vinho

No capítulo 2 é onde JESUS começa a ser apresentado ao mundo da época, como o Cristo prometido
no AT e que finalmente chegou.
Os Judeus já esperavam a vinda do Cristo, então era de se esperar que esses o adorassem e
literalmente dessem Glórias a Deus pela chegada do Deus vivo encarnado, mas sabemos que
não foi isso que aconteceu.
Assim, neste capítulo 2 de João, é mostrado o primeiro sinal realizado pelo Messias em seu
ministério, que foi num casamento típico judaico.
¹ E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de
Jesus. ² E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas.
Nesses versículos iniciais percebemos:
(a) Foi ao terceiro dia, mas terceiro dia de que? Temos que ler o finzinho do capítulo 1, onde
Jesus se encontra com Natanael, logo esse casamento aconteceu três dias depois do
encontro;
(b) O local do casamento “Caná da Galiléia”, um lugarejo muito pequeno no norte da
Palestina, atual Israel, onde a aldeia dificilmente teria mais de 100 pessoas;
(c) Que lá estava sua mãe e esse fato demonstra que era um casamento de alguém conhecido
da família, ou talvez até algum parente, tipo um primo de Jesus;
(d) Que Jesus e seus discípulos tinham sido convidados, nos mostrando para tempos atuais
que casamento sem Jesus, não deveria ser opção. Jesus no casamento faz toda diferença.

28
Então, é mostrado a Jesus o “problema” que ele teria que resolver: Faltou vinho
³ E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho.
Os casamentos judaicos eram eventos que todos iam. Duravam as vezes uma semana, tempo
de reunião não apenas dos noivos, mas era uma festa que reunia toda família de tios, primos,
etc.
A quantidade de vinho era calculada para não faltar. Era ponto de honra da família da noiva
que tivesse vinho o tempo inteiro, mas nesse casamento faltou.
Na cultura judaica, seria um início de casamento sem benção, causando vergonha para o
casal, já que naquela época o vinho era o principal ingrediente da festa, assim como é o bolo
nos dias atuais.

Jesus dá uma resposta aparentemente grossa a sua mãe:


⁴ Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
Na verdade, a resposta não foi grossa de maneira nenhuma, precisamos entender a língua
aramaica, que Jesus falava. O termo traduzido para nossa língua portuguesa como “mulher”,
significava algo importante, igual quando nós falamos hoje em dia, com respeito a uma
mulher, e dizemos: “a senhora quer isso ou aquilo?”. Isso é tão verdade que a mesma palavra
foi usada por Jesus quando se dirigiu com ternura a Maria Madalena após sua ressurreição
(João 20:15), e sua mãe quando ele estava na cruz (João 19:26).
E o fim da frase: “que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora”, também não foi
um desdém do nosso Senhor. Precisamos entender o contexto.
É claro que Maria sabia que Jesus era diferente, ela já sabia que Jesus podia fazer qualquer
coisa, então ela movida de compaixão pelos noivos pede para Jesus resolver a falta do vinho,
entretanto esse primeiro milagre ou sinal já mostraria ao mundo que Jesus era Deus, pois
transformar agua em vinho mexe no íntimo das moléculas e átomos, algo que somente Deus
pode fazer.
Por isso Jesus disse “que tenho eu contigo”, pois ele estava dizendo que era mais importante
ele seguir as orientações de Deus-pai, e não um pedido humano, ainda que fosse de sua mãe
terrena.
Maria entende imediatamente o que seu filho queria dizer, ela sabe que todo controle da vida
e da morte Jesus tem o supremo controle, então diz:
⁵ Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.
Mesmo tendo alertado sua mãe que ele não podia ainda manifestar que ele era Deus, e fez o
milagre. E como foi esse milagre?
⁶ E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada
uma cabiam duas ou três metretas. ⁷ Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E
encheram-nas até em cima. ⁸ E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram.
⁹ E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem

29
que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo, ¹⁰
E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então
o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.
Jesus desafia as “normas” que os fariseus tinham inventado e que nada tem a ver com Deus.
Naquela época, para um Judeu comer ele tinha que lavar as mãos e é claro que isso é uma
atitude higiênica, mas isso era diferente para eles. Para um Judeu era algo espiritual. Eles não
podiam comer se não lavassem as mãos. Ora isso nunca foi um pedido de Deus.
Quando Jesus fala: “Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima” aponta para a
providência e abundância da provisão messiânica de Deus.
Então, quando levam o vinho para o mestre-sala (nesse caso, ele seria o contratado para
realizar a festa do casamento) que ele prova se admira pois o vinho era de excelente
qualidade.
Então Jesus fez o mais importante, transformou água em vinho, pois os Judeus não teriam
mais água para lavar as mãos, e diante do milagre não podiam fazer nada. Como contestar
um milagre que eles mesmos iriam provar do vinho, e um vinho melhor que o anterior.
Aliais, o milagre trata de três eventos:
(1) A ABUNDANCIA DE DEUS: a quantidade transformada foi muita, pois três metretas
de seis talhas de água equivalia aproximadamente a 700 litros de vinho;
(2) A QUALIDADE DO QUE DEUS FAZ: O vinho foi muito melhor do que já havia antes,
apontando que o reino de Deus que nos aguarda é melhor que a terra que vivemos;
(3) O MILAGRE ENSINA MUITO: O milagre foi bem maior, além da transformação
impossível a um humano (portanto quem fez, só podia ser Deus), ele ensina que Deus
não está preocupado com bobagens de uso e costumes.
então,
¹¹ Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e
os seus discípulos creram nele. João 2:11

As expressões “manifestou a sua glória”; e “os seus discípulos creram nele” é o


cumprimento do que foi dito no capítulo 1:14: “e vimos a sua glória, como a glória do
unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”

Depois desse sinal ou milagre, que inicia o cumprimento de sua missão, Jesus vai para
sua cidade de moradia “Cafarnaum” (era uma aldeia com talvez 100 a 150 moradores).

¹² Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus discípulos; e
ficaram ali não muitos dias.
A expressão “desceu a Cafarnaum” é porque Caná, onde fora o casamento, era meio que em
cima de uma região montanhosa, então nessa passagem “desceu” quer dizer claramente que
eles desceram uma colina, e andaram mais ou menos 24 quilômetros, um dia de caminhada.
¹³ E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

30
Essa é a primeira referência a páscoa ainda no Capítulo 2. No capítulo de Jo 6:4, João se refere
a mais uma páscoa e retrata também a última páscoa de Jesus em Jerusalém, quando ele faz
o lava pés e depois é traído e crucificado.
Além dessas pascoas do livro de João, Mt 12:1 cita possivelmente uma outra páscoa não
registrada em João. Então, o ministério de Jesus inclui quatro páscoas e se estendeu por três
anos e meio, indo de 29 a 33 d.C.
E quanto ao termo “subiu a Jerusalém” significa apenas uma subida de montanha, pois
Jerusalém que ficava na Judeia, que se localizava em um ponto mais alto do que Cafarnaum
na Galileia.
¹⁴ E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores
assentados.
O templo (hireon) refere-se não apenas o templo em si, mas a toda área em torno do templo
inclusive o pátio dos gentios. Nessa parte, mercadores (vendiam bois, ovelhas e pombos)
e cambistas trocavam moedas gregas e romanas por Shekels (a única moeda que era aceito
como pagamento para entrar no templo).

Denario romano Dracma grega

Shekel Judaico

¹⁵ E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e
ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; ¹⁶ E disse aos que
vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda. ¹⁷ E os
seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorou.
“Azorrague de cordéis” era um chicote feito com algumas cordas mais finas, e Jesus expulsou
todos do templo. Essa atitude de Jesus, para quem não estuda, acha que Jesus foi violento e
tal. Na verdade, Jesus estava cumprindo a lei do AT e sendo zeloso com as coisas relativas ao
pai.

31
Veja o Salmos 69:9 – “Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam
caíram sobre mim”.
Veja ainda mais o que Levítico 23:10-14 diz:
Quando vocês entrarem na terra que dou a vocês e fizerem colheita, tragam ao sacerdote
um feixe do primeiro cereal que colherem. O sacerdote moverá ritualmente o feixe perante
o Senhor para que seja aceito em favor de vocês; ele o moverá no dia seguinte ao sábado.
No dia em que moverem o feixe, vocês oferecerão em holocausto ao Senhor um cordeiro de
um ano de idade sem defeito. Apresentem também uma oferta de cereal de dois jarros da
melhor farinha amassada com óleo, oferta ao Senhor preparada no fogo, de aroma agra-
dável, e uma oferta derramada de um litro de vinho. Vocês não poderão comer pão algum,
nem cereal tostado, nem cereal novo, até o dia em que trouxerem essa oferta ao Deus de
vocês. Este é um decreto perpétuo para as suas gerações, onde quer que morarem.
Ou seja, cada um teria que ter cuidado, zelo pelo que iria ofertar ao Senhor no templo e o que
estava acontecendo, era que as pessoas ao invés de trazerem um animal puro, perfeito de
suas primícias estavam comprando e vendendo animais.
Espiritualmente isso tinha um sentido completamente errado do que o Senhor deseja.
Quando Jesus vi as pessoas comprando e vendendo coisas no templo, aquilo talvez
representasse que alguém poderia também comprar a salvação, e sabemos que não
podemos.
Quando Jesus expulsou os vendilhões do Templo ele estava anunciando que nem purificação
de pecado, tampouco salvação se compra.

Então os judeus ficaram indignados, e assim ficaram porque eles próprios que faziam e
concordavam com as vendas.

¹⁸ Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Que sinal nos mostras para fazeres isto?
¹⁹ Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. ²⁰
Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o
levantarás em três dias? ²¹ Mas ele falava do templo do seu corpo.
Jesus fala de sua morte e ressureição fazendo um paralelo com o templo de Salomão, mas
jamais os fariseus entenderam. Ora, o templo tinha sido construído por Salomão em 966 aC
e foi derrubado por Nabucodonosor em 586 aC. Foi refeito por Zorobabel entre 539 e 516
aC. No ano 20 aC o Rei Herodes com o pretexto de fazer algo a altura do Rei Salomão, ampliou
significamente o templo.
Então esses 46 anos que os fariseus citaram na passagem de João deve ter sido o tempo da
ampliação de Herodes, ou falaram de forma imprecisa do tempo da reconstrução de
Zorobabel.
Sendo de um jeito ou outro, nada era comparado aos três dias que Jesus citou, pois na
verdade, Jesus já estava falando que ele passaria três dias no sepulcro e depois ressuscitaria.
De fato, na sequência do capítulo 2 de João isso é dito.
²² Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes
dissera isto; e creram na Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito.

32
Aqui é interessante pois diz que os seus discípulos creram na Escritura e na palavra que Jesus
tinha dito, mas que escritura era essa, já que o NT nem tinha sido escrito?
Com certeza a escritura aqui é o AT que tem mais de 300 profecias sobre a vinda de Jesus.
Como Jesus estava na festa da pascoa, e lá sempre teve muitos judeus peregrinos, muitos
viram os milagres que Jesus fez, inclusive outros até não citados na Bíblia...
²³ E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que
fazia, creram no seu nome.
O interessante é que Jesus, sendo Deus, sabia da intenção do coração de todos e por isso não
confiava nos fariseus, veja:
²⁴ Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; ²⁵ E não necessitava
de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.

Conclusões:
O capítulo 2 de João apresenta uma mensagem forte:
a) Jesus é Deus, senão ele não tinha conseguido transformar água em vinho;
b) Ninguém tem o controle de tudo, somente ele. Sua mãe entendendo isso, pede a ele
para resolver um problema sério no contexto judaico que seria a falta do vinho;
c) Jesus é amoroso com todos, mas não negocia a Palavra de Deus com ninguém, isso foi
demonstrado quando ele expulsou os vendilhões do templo. A conduta das pessoas
no templo não era para glorificar a Deus e sim tirar proveito próprio, seus próprios
interesses, o que fez Jesus ficar indignado
d) O crente só mudará de atitude, de vida, de espiritualidade e se tornará um cristão
quando fizer como seus discípulos que creram na Escritura, e na palavra que Jesus
tinha dito.

33
4
Seção

Nicodemos
O nome de Nicodemos significa ‘vitorioso sobre o povo’, e realmente ele é citado na Bíblia
como “um dos principais dos judeus” (João 3.1). Era um fariseu, um dos mais importantes,
pois era uma espécie de advogado da lei dentro do sinédrio. Mas ele ouviu falar de Jesus,
maior que todos e tudo. Devagar se aproximou de Jesus e passou a seguir o Mestre da Galileia.
Nicodemos é citado apenas três vezes na Bíblia, sempre no evangelho de João e nesse
capítulo 3 é mostrado:

(a) O diálogo de Jesus com Nicodemos e;


(b) O testemunho de João a respeito de Cristo

¹ E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.


² Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre,
vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não
for com ele.
O que será que levou Nicodemos a procurar Jesus? Qual curiosidade moveu o seu
coração para ir ao encontro Dele? O nome Nicodemos não é judeu, mas sim grego, que
significa “conquistador do povo” ou “vitorioso sobre o povo”.
Ele era influente no Sinédrio (era composto por 70 cadeiras divididas entre fariseus e
saduceus e funcionava como uma espécie de Corte Suprema dos judeus em Jerusalém.
No tempo de Jesus, a jurisdição do Sinédrio era tanto civil quanto, de certa maneira,
criminal que somente não poderia condenar ninguém a morte, pois isso somente Roma
fazia).

34
A palavra "fariseus" (pērûshim) significa "os separados"; pois inclusive com boa intenção
inicial, eles tentavam se separar das coisas que poderiam comprometer sua pureza ética,
cerimonial ou moral (na verdade, a iniciativa era boa).
O problema foi que, ao longo do tempo, eles desenvolveram um conjunto de tradições
orais, com a intenção de adaptar os princípios antigos da lei escrita às várias situações
do dia a dia, e foram colocando a lei dura acima do amor, colocando a própria “religião”
acima de Deus. Flávio Josefo, um escritor Judeu antigo, que disse de sí próprio que
guardava os princípios dos fariseus desde os dezenove anos, calculou que naquela
época havia uns 6.000 fariseus.
Dentro da classe dos fariseus, haviam os que além do estudo e ensino da Torá, também
eram uma espécie de governador/advogado, que interpretavam e defendiam a forma de
entendimento da lei. Nicodemos era um desses (a palavra escrita no NT para descrever
essa posição de importância de Nicodemos é “archon”) e por isso, em algumas versões
bíblicas, o termo é traduzido como “líder dos judeus”.
Para mostra-se defensor do Sinédrio, e não necessariamente da lei, naqueles dias
fariseus, saduceus, escribas entre outros, procuravam Jesus durante o dia, pois não
estavam interessados pela verdade, mas sim recolher provas (ou achar culpa) para
posterior acusação do Messias.
Um caso conhecido dessas armadilhas está em João cap 8: “ E os escribas e fariseus
trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre,
esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais
sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?”. Sabemos que Jesus não caiu na armadilha pois
não foi contra a lei e nem julgou a mulher precipitadamente.
Então sendo esse “doutor da lei” dentro do Sinédrio, Nicodemos teve um encontro com
Jesus, para colher mais informações sobre o mestre, ouvindo o próprio Jesus. A Bíblia
não diz claramente o porquê o encontro foi a noite, mas grande parte dos estudiosos
acreditam que foi assim para Nicodemos não ser julgado pelos outros fariseus. Mesmo
assim, ele teve uma atitude nobre porque teve sinceridade ao ignorar o que os outros
diziam contra Jesus e buscou a verdade.
Ele declara sua convicção de quem Jesus era pois o chama de “mestre” e diz “vindo de
Deus”, sendo essa uma expressão que nunca seria usada por um fariseu aplicada a um
mensageiro meramente humano e diz ainda mais que “Deus está com Ele”.
³ Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Veja, Jesus tinha escutado um elogio de Nicodemos, mas conhecendo o coração e a
motivação dele, vai em cima do problema da salvação da humanidade: É necessário
nascer de novo.
Nas Suas palavras, Jesus deixa claro a impossibilidade de o homem chegar a salvação
por si mesmo seguindo a lei ou por suas obras. Ao revelar que Nicodemos precisava
nascer novamente, Jesus demonstrou que a justiça do juiz, mestre e fariseu estava
aquém da justiça exigida por Deus.

35
Todos nós e Nicodemos precisamos obter justiça superior. Ora, como seguidor da lei,
Nicodemos não matava (Mt 5:21), não roubava, não dizia falso testemunho (Jo 3:11),
não adulterava (Mt 5:27), se necessário daria a carta de divórcio (Mt 5:31), não perjurava
(Mt 5:33), amava o próximo (Mt 5:43), ou seja, fazia tudo aquilo que o judaísmo ensinava.
Assim, era necessário rever os conceitos implantados pelos fariseus.
A princípio Nicodemos não entendeu nada, pois pergunta como era nascer de novo,
pensando no corpo e não no espírito.
⁴ Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode,
porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Então Jesus explicou:
⁵ Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito,
não pode entrar no reino de Deus. ⁶ O que é nascido da carne é carne, e o que é
nascido do Espírito é espírito. 7 Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é
nascer de novo.
Quando Jesus disse que era da água e do Espírito, Nicodemos deve ter entendido, pois
para um fariseu, a água servia como instrumento de purificação nos banhos ritualísticos
para entrar no templo de Salomão e o Espírito fazia a operação salvadora.
Ainda mais, Jesus quando falou do “que é nascido de carne é carne” ele usou a palavra
grega sarx que significa que o ser humano tem a capacidade de cometer pecado e não
de se livrar dele. O ser humano nasce pecaminoso, corrompido, depravado, em completa
sujeição à lei da queda. Por isso, mesmo que um homem “pudesse entrar uma segunda
vez no ventre de sua mãe e nascer de novo”, ele nasceria de novo pecaminoso, e
precisamos de “novo nascimento” de forma espiritual.
voltar a nascer é recomeçar a vida em relação a Deus; mudando sua maneira de pensar,
sentir e agir, com referência às coisas espirituais, passando por uma revolução
fundamental e permanente, nesse momento, ninguém será sozinho, mas “um salvo com
Deus”.
⁸ O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem
para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
Essa expressão “O vento assopra onde quer e ouves a sua voz” no grego original começa
com a palavra pneuma que significa Espírito que vai aonde Ele deseja e que nós
humanos não conseguimos mandar nisso. Então todo aquele que é nascido do Espírito
fica ligado, conectado com o desejo do Espírito. Esse é a verdadeiro nascer de novo, ser
comandado pelo espírito. É assim que essa passagem desse ser entendida.
⁹ Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?
Nessa altura da conversa, Nicodemos já tinha entendido que o nascer de novo seria algo
espiritual, então essa pergunta nesse momento, esse “Como pode ser isso?” seria assim:
“Como o Espírito Santo virá?”. Hoje em dia, que já lemos o NT inteiro sabemos que
quando aceitamos Jesus como salvador, o ES vem, mas nessa conversa com
Nicodemos estava acontecendo no início do ministério de Jesus, e nem Nicodemos, nem
ninguém ainda sabia.

36
Então Jesus ensina mais um pouco Nicodemos fazendo uma pergunta:
¹⁰ Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?
Jesus o chama de mestre porque os judeus, nessa época tinham claro que quando o
messias chegasse haveria uma regeneração, pois isso é dito no AT, e como mestre
Nicodemos deveria saber: um judeu, ainda um fariseu sabia da necessidade de uma
obediência espiritual e não seguir regras ritualísticas.
Então Jesus amplia sua resposta, pois diz:
¹¹ Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos
o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho.
Veja, no início da conversa de Jesus com Nicodemos a pergunta foi: Rabi, bem sabemos
que és Mestre, vindo de Deus, Nicodemos usou “sabemos”, essa palavra significa que
ele e outros fariseus sabiam que Jesus tinha o que ensinar. Então a resposta de Jesus,
nessa frase, não é apenas para Nicodemos, mas para todos que têm contato com Jesus,
sabem quem ele é, mas não o aceitam.
Então Jesus começa a falar de coisas bem espirituais.
¹² Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das
celestiais? ¹³ Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do
homem, que está no céu.
Nicodemos quando foi falar com Jesus estava ainda no plano de “coisas terrenas”, mas
Jesus já estava o levando a pensar em coisas de cima - as celestiais – as coisas do céu,
da nova Jerusalém descrita lá no livro de apocalipse.
Então parece (só parece) que Jesus usou uma linguagem paradoxal: “Ninguém subiu,
mas o que desceu, o filho do homem que está no céu”. Essa frase deve ter dado um nó
na cabeça de Nicodemos, porque Jesus aqui, já estava falando que Ele era o próprio
Deus, que sempre esteve no alto e desceu como Jesus, e também como Jesus, sendo
o “Filho do Homem” que é o próprio Deus, sempre estaria no céu. Jesus é aquele que
tem acesso direto ao Pai, pois ele é Deus encarnado.
Para você ter uma ideia de como isso foi forte, ainda hoje existem seitas, como os
Testemunhas de Jeová, não acreditam na preexistência de Jesus Cristo, e inventam,
usando essa passagem, que o homem Jesus foi secretamente levado ao céu para
receber as suas instruções, e depois “desceu do céu” para nos libertar. Essa é uma
completa besteira inventada, que não tem na Bíblia em canto nenhum. Pelo contrário,
Jesus é o próprio Deus, pré-existente, que já estava antes da fundação do mundo nos
céus, e desceu no nosso planeta terra semelhante a nós humanos, para nos salvar.
⁵ De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, ⁶
Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, ⁷ Mas
esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos
homens; ⁸ E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente
até à morte, e morte de cruz. Filipenses 2:5-8
Então Jesus para mostrar que ele era o próprio Deus, cita o AT:

37
¹⁴ E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do
homem seja levantado; ¹⁵ para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha
a vida eterna.
Essa passagem dessa serpente está em Número 21:8: Então o SENHOR ordenou a Moisés:
“Faze uma serpente de bronze e coloca-a no alto de um poste. Todo aquele que for picado e olhar
para ela viverá!”. O que aconteceu lá nessa passagem?
Os hebreus estavam murmurando contra Deus e contra Moises, então as serpentes no
deserto começaram a atacar. O povo pediu a Moises que falasse com Deus para SALVAR
eles das serpentes. Deus deu a ordem de Moises fazer uma estátua de bronze e colocar
num cajado, e todo aquele que olhasse para a serpente seria salvo. Essa estatua já era
uma representação de Jesus Cristo, mostrado no AT. Cristo foi pregado no alto numa
cruz. Jesus estava já dizendo isso a Nicodemos.
Veja o que o profeta Isaias proclamou a respeito de Jesus: “Olhe para mim e sê salvo,
todas as extremidades da terra” (Isaías 45:22) e Hebreus 12:2 “Olhando para Jesus,
autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz,
desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.
Então Jesus diz os versículos mais conhecidos e citados da Bíblia:
¹⁶ Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. ¹⁷ Porque Deus
enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por ele.
Enquanto os fariseus (como Nicodemos) pensavam que a salvação era somente para os
Judeus e que o Messias julgaria os gentios com extrema severidade, nosso Senhor
declara que Deus enviou Seu Filho para salvar o mundo inteiro, e não para julgar ou
condenar qualquer parte dele. “Quem nele crer não é condenado”. Que plano amoroso
estabelecido por Deus...
1° - Deus amou o mundo.... O Plano foi arquitetado por Deus de resgate do homem
por amor. Aprendemos no capítulo 1 que foi nos dado o direito (se crermos em
Jesus) de sermos chamados filhos de Deus. E Deus nos olhou quando ainda
éramos pecadores e estávamos mortos em nossos pecados e delitos. Então a
iniciativa da reaproximação foi Divina.
O que nós poderíamos dar a Deus em troca de todos os seus benefícios? O que
em nós chamaria a atenção de Deus? De fato não merecemos o amor Ágape do
Senhor.
2º - Ele deu Jesus, com um propósito: “Aquele que nele crê não pereça, mas tenha
vida eterna.” O propósito de Deus ter enviado o filho foi para que o homem fosse
resgatado, redimido e salvo através da fé em seu Filho. O desejo de Deus é que
todos sejam salvos, o desejo de seu coração é que nenhuma alma se perca. Porém,
existe uma condição: Crer no seu filho e seguir seus preceitos. Sem Jesus não há
salvação.
3º - Quem Nele crer, não há condenação nenhuma, ou seja, o objetivo de Sua
missão, é puramente salvadora.

38
Então Jesus continua:
¹⁸ Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado,
porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
Mas, existe o grande problema. Da mesma forma que quem crer nele está salvo, quem
não crer JÁ ESTÁ CONDENADO, pois rejeitou o único caminho de libertação. Entenda,
Deus quer todos salvos, mas alguns permanecem intencionalmente condenados.
¹⁹ E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as
trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. ²⁰ Porque todo aquele que faz
o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam
reprovadas.
A condenação ocorre para alguns que não querem vir para luz, então ficam no estado
original de pecado, não nascem de novo e assim ficam praticando obras ruins. O salário
do pecado é a morte… De fato, a luz e a verdade do evangelho tornam o pecado odioso
para aqueles que amam as trevas.
Então Jesus fala de quem vai para luz:
²¹ Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam
manifestas, porque são feitas em Deus.
Jesus ama quem “vem para a luz”, e ama tudo o que se faz na luz. Quem assim procede
é aprovado por Deus.

Depois dessa conversa com Nicodemos,


²² Depois disto foi Jesus com os seus discípulos para a terra da Judéia; e estava ali
com eles, e batizava.
O fato de a Bíblia citar que depois da conversa com Nicodemos Jesus foi para “terra da
Judeia” é interessante. Mostra que Jesus estava na Galileia (pois tinha ido para o
casamento no capítulo anterior) e Nicodemos, um doutor da lei, tinha saído da Judeia (o
centro religioso Judaico da época), se deslocado aproximadamente dois dias, para falar
com Jesus.
Veja também esse registro “e batizava”, ou seja, Jesus batizou algumas pessoas, não se
sabe quantas, mas assim fez. E veja que a Bíblia se refere a João o batista que “batizava
também”. Ou seja, temos a certeza que o próprio Jesus batizou alguém.
²³ Ora, João batizava também em Enom, junto a Salim, porque havia ali muitas
águas; e vinham ali, e eram batizados. ²⁴ Porque ainda João não tinha sido lançado
na prisão.
Então, João antes de ser preso por Herodes, ele também batizava “em Enom, junto de
Salim”. Não se tem a certeza de onde eram esses locais, mas há uma certa confiança
que Salim seria algo diminuitivo de Salém, algum local perto de Jerusalém. Como há
estudos que João pode ter morado um tempo na comunidade de Quram, possivelmente
esse local era entre Jerusalém e Quram.

39
Interessante é que houve um encontro entre os discípulos que andavam com Jesus e os
que andavam com João, pois,
²⁵ Houve então uma questão entre os discípulos de João e os judeus acerca da
purificação.
Aqui há uma questão que não está escrito de forma direta na Bíblia, sobre a purificação:
Os judeus acreditavam que para entrar no Templo de Salomão, tinha que haver banhos
de purificação e João, os da comunidades de Quram e os essênios tinham abolido a
necessidade do banho no templo, e por esse motivo foi que Jesus foi batizado no rio
Jordão e não no Templo de Salomão.
Os que andavam com Jesus e com João sabiam dessa “polemica” e deve ter dado o que
conversar, mas perguntaram a João de forma bem diferente:
²⁶ E foram ter com João, e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do
Jordão, do qual tu deste testemunho, ei-lo batizando, e todos vão ter com ele.
Chamaram João de Rabi, que quer dizer Mestre, mostrando que João tinha obtido deles
autoridade, mas disseram: “João tu vais ficar sem ninguém…”
João, sabendo quem Jesus era de fato, não está nem aí para provocação e diz:
²⁷ João respondeu, e disse: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe
for dada do céu. ²⁸ Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: Eu não sou o
Cristo, mas sou enviado adiante dele.
João foi perfeito em seu entendimento. Como ser humano, ele sabia que qualquer coisa
espiritual que ele fizesse aqui na terra, só teria validade se do céu viesse bençãos e
virtude do céu. Por isso ele diz com suas palavras algo assim: “Eu faço meu trabalho
prescrito pelo céu, e isso é suficiente para mim. Eu não sou o Cristo”
Então novamente começa um TESTEMUNHO DE JOÃO o Batista
Vejam, no capítulo 1 João diz:
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29
“Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.” João 1:32
“E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus.” João 1:34
“Eis aqui o Cordeiro de Deus” João 1:36
Aqui nesse capítulo 3, João diz:
²⁹ Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e
o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está
cumprido.
João aqui já sabe que ele mesmo não “é o esposo”, mas o amigo do esposo, que naquela
época era uma espécie de padrinho de casamento, cuja responsabilidade era, correta e
habilmente, promover a consumação do casamento.
Como padrinho ele não é o mais importante, mas ele é quem cuida de algumas coisas
do casamento, por isso João disse que “ouve, alegra-se muito com a voz do esposo”.
Durante as negociações do casamento, cerimônia e voto, o padrinho fica de pé, como
um guarda fiel. Veja, os discípulos de João estavam preocupados procurando cuidar de

40
João, mas João se regozija ao ver Jesus casado com sua nova Igreja. Para ele o
importante era o crescimento do ministério de Jesus. Tanto que ele diz:
³⁰ É necessário que ele cresça e que eu diminua.
Quanto mais a glória de Cristo foi revelada, melhor para João e para todos nós e ele
sabia disso.
O importante nessa passagem é entender que Cristo é tudo e devemos servir com o
proposito Dele crescer, mas Deus cuida de nós então devemos diminuir, mas não ser
aniquilado.
Nós, como João, temos um trabalho aqui na terra e não podemos renunciar à Sua
comissão, temos que proclamar a Palavra. Essa Palavra tem que ter sempre em mente
que é tudo para Glória Dele, tanto que João continua e diz:
³¹ Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra e fala
da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos.
Jesus veio de cima dos céus, Jesus é Deus e João nasceu na terra, era uma criatura, e
aqui está a razão pela qual Ele deve aumentar enquanto todos os professores humanos
devem diminuir: O mestre dos mestres “vem de cima”.
³² E aquilo que ele viu e ouviu isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho.
Somente Jesus tinha estado com Deus-pai face a face, mas ninguém aceitava esse fato.
Esse “ninguém” tem a ver com os Judeus, que já esperavam um Messias, um Cristo
libertador, mas não viam isso em Jesus.
³³ Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro. ³⁴
Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o
Espírito por medida.
Ao contrário dos Judeus da época, todo aquele que acredita no testemunho de Jesus
entende que Jesus testifica de Deus e vice-versa. Isso se confirma quando João diz “pois
não lhe dá Deus o Espírito por medida”, que significa que todos mestres aqui da terra,
como o próprio João era, tem limitações, mas Jesus NÃO TEM NENHUMA LIMITAÇÃO.
Jesus não tem nenhum tipo de limitação porque Ele é o próprio Deus, vindo na terra
como a segunda pessoa da trindade, e,
³⁵ O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos.
O Pai ama o Filho e tudo está nas mãos de Jesus. Veja também Mateus 11:27 - “²⁷ Todas
as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e
ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Então,
por isso,
³⁶ Aquele que crê no Filho tem vida eterna; porém aquele que é desobediente ao
Filho não verá a vida eterna, mas a ira de Deus continua sobre ele.
Esse versículo é muito significativo pois diz que aquele que acredita em Jesus terá vida
eterna, e quem não acreditar, já está condenado. Parece obvio para a maioria dos
religiosos, mas as consequências do entendimento desse versículo são fortes demais.

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Ele não fala de quem tem ou não pecado, de quem faz ou não o bem ou mal, mas quem
não crê em Jesus é quem vai para o inferno. Aqui se entende o por quê Jesus é “quem
tira o pecado do mundo”.
Você pode até ter pecado, e sempre o teremos até nossa morte (e devemos lutar muito
contra o pecado), mas não é ele quem te coloca no inferno, mas não acreditar em Jesus
Cristo.
Aquele que crê no Filho tem vida eterna. Como todas as coisas estão nas mãos do Filho
pelo dom do Pai, o destino de todos os homens depende de sua relação com o Filho.
Aquele que crê no Filho tem Nele a maior de todas as bênçãos, a vida eterna; já possui
isso – envolvido na comunhão de fé em que vive.
Veja, quando João diz: “aquele que é desobediente ao Filho”, as palavras usadas são ὁ
πειθῶν, significa de novo “não crer”, então uma versão mais fidedigna da tradução seria
assim: ³⁶ Aquele que crê no Filho tem vida eterna; porém aquele não crê no Filho não
verá a vida eterna.
Essa palavra significa aquele que é desconfiado, ou que se recusa a ser persuadido, ou
é obstinado e expressa o oposto da fé em Cristo não verá a vida eterna (nem vai
conhecer, tampouco desfrutar dessa vida)
Conclusões:
a) Ninguém tem o controle de tudo, somente ele. Ele é Deus;
b) Todos têm que renascer de novo, e esse renascer é espiritual;
c) Quem não renascer, não recebe o Espírito, então não será convencido de Jesus
é Deus, e tira o pecado do mundo;
d) Sem Jesus já estamos condenados. Nada que for feito aqui na terra salvará
ninguém, SOMENTE CRER NO SALVADOR JESUS

42
5
Seção

A Samaritana, o Filho do Nobre, o Paralitico e os Fariseus

O Capítulo 4 que mostra a conversa de Jesus com uma mulher samaritana,


aparentemente não tem nada a ver com o Capítulo 3 (quando Jesus conversa com
Nicodemos), mas acredite, praticamente tem o mesmo sentido: Mostrar que ele, Jesus é
Deus, o Cristo prometido, aquele que salva toda humanidade que desejar e buscar
salvação.
O Capítulo 5 mostra Jesus curando um aleijado que havia 38 anos esperando a cura e
uma conversa franca com os Fariseus

43
O capítulo 4 começa mostrando que Jesus saíra da Judeia (no sul da Palestina) e volta
para região da Galileia, onde ele morava.
¹ E quando o Senhor entendeu que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia
e batizava mais discípulos do que João ² (Ainda que Jesus mesmo não
batizava, mas os seus discípulos), ³ Deixou a Judéia, e foi outra vez para a
Galiléia. ⁴ E era-lhe necessário passar por Samaria. João 4:1-4
No mapa da Palestina da época de Jesus ao lado
vemos que Jesus estava na Judeia (parte de baixo) e
para ir para Galileia o caminho natural seria ele e seus
discípulos atravessarem a Samaria.
Entretanto isso jamais acontecia com um Judeu,
ainda mais se ele fosse um Mestre (como Jesus era
– Judeu e Mestre) porque havia uma briga muito
grande entre Judeus e Samaritanos. Eles
praticamente andavam 2 dias a mais para contornar
a Samaria e não atravessar.
Os samaritanos tinham sido 900 anos antes de Cristo
nascer judeus pertencentes as 10 tribos de Israel do
Norte (Ruben, Simeão, Zebulão, Isacar, Asher,
Neftáli, Efraim, Manassé, Gade e Levi) e no Sul eram
as tribos de Judá e Benjamim.
Quando houve a divisão das tribos, as pessoas do
Norte deixaram de ir adorar a Deus no Monte Moriá
(em Jerusalém) e elegeram o Monte Gerizim (perto da
cidade de Siquém) como o “local correto” de
adoração.
Além disso, na Torá é dito para o judeu não casar com
outros povos,
¹ Quando o SENHOR teu Deus te houver introduzido na terra, à qual vais para a possuir,
e tiver lançado fora muitas nações de diante de ti, os heteus, e os girgaseus, e os
amorreus, e os cananeus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus, sete nações mais
numerosas e mais poderosas do que tu; ² E o Senhor teu Deus as tiver dado diante de
ti, para as ferir, totalmente as destruirás; não farás com elas aliança, nem terás piedade
delas; ³ Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás
suas filhas para teus filhos; ⁴ Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem
a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria.
Deuteronômio 7:1-4
E foi exatamente o que aconteceu a partir de 722 aC quando o Rei Assírio chamado
Sargão II invadiu o Reino do Norte. A forma dele dominar foi meio que obrigando os
judeus se casarem com outros povos. Tanto o Rei levou judeu para outras nações, como
trouxe mulheres de outros lugares e os judeus das 10 tribos se casaram e se misturaram
(Os judeus mestiços, fruto dessas uniões, originaram o povo samaritano).

44
Os judaítas do sul (tribos de Benjamim e Judá) condenaram essa a mistura e a troca do
local de adoração. Quando Jesus nasceu, já havia 700 anos dessa briga, dessa perda
de identidade das 10 tribos. No tempo de Jesus, os Israelitas já se chamavam
Samaritanos e os Judaítas passaram a serem chamados de Judeus.
Mas, vejam como a Bíblia é sabia, ela diz que ⁴ E era-lhe necessário passar por
Samaria...Jesus propositalmente foi se encontrar com a mulher samaritana
⁵ Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que
Jacó tinha dado a seu filho José. ⁶ E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois,
cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora
sexta. ⁷ Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de
beber. ⁸ Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. João
4:5-8
Sicar e Siquem eram as maiores cidades de Samaria, próximas ao monte Gerizim, e para
os Judeus havia a fonte de Jacó (importante personagem bíblico, o terceiro patriarca).
No AT Jacó comprou um pedaço de terra (Gn 33.18,19), e o deixou para José como
herança em seu leito de morte (Gn 48.21,22).
A conversa de Jesus com a Samaritana foi uma quebra de paradigmas pois JAMAIS um
judeus conversaria com uma mulher sozinha, ainda mais sendo samaritana. Começou
na sexta hora (no sistema judaico de medição do tempo, a sexta hora era o meio-dia e
pelo sistema romano seria seis da tarde).
Então Jesus pede uma coisa muito normal, pede para ela lhe servir água. Foi um meio
de Jesus se aproximar daquela mulher.
⁹ Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de
beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se
comunicam com os samaritanos). ¹⁰ Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu
conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe
pedirias, e ele te daria água viva. ¹¹ Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens
com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? ¹² És tu maior
do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os
seus filhos, e o seu gado? ¹³ Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que
beber desta água tornará a ter sede; ¹⁴ Mas aquele que beber da água que eu
lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte
de água que salte para a vida eterna. João 4:9-14
De fato, a mulher sabia que em sendo mulher, jamais um judeu falaria com ela. Mas
como Jesus não faz acepção de pessoas, e começa a instigar curiosidade naquela
mulher, e fala de uma “água viva”.
Ora aquela mulher já se sentia discriminada. Somente pelo fato de ir sozinha buscar
água mostra que ela tinha um problema, no mínimo social, com os habitantes daquela
região, então “água viva” para ela seria algo que lhe daria consolo, algo que não obrigaria
ela ir todos os dias no poço (é claro que Jesus não estava falando de água física, mas
Jesus estava falando da vida eterna). Aquela mulher era discriminada, pensava em algo
terreno, Jesus falava do espiritual. Então ela pede a água:

45
¹⁵ Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha
sede, e não venha aqui tirá-la. João 4:15
Então Jesus como estava tratado do campo espiritual e não do físico diz:
¹⁶ Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. João 4:16
Jesus com todos nós age dessa forma: Ele quer nos purificar, ele contesta nossos
pecados, mas perceba que ele não expõe a mulher, pois estavam somente os dois. Jesus
chama a responsabilidade, mas de forma única, sem escândalos.
Ela é bem sincera com ele, e é isso que Jesus espera de nós, sinceridade, pois a
conversa continuou:
¹⁷ A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste
bem: Não tenho marido; ¹⁸ Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens
não é teu marido; isto disseste com verdade. João 4:17,18
Uma mulher naquela época já era discriminada se fosse viúva uma só vez, quanto mais
sendo separada cinco vezes, e ainda mais, vivia com um homem sem casar, por isso ela
era sozinha indo buscar água. Como Jesus acerta no problema dela, ela
automaticamente disse:
¹⁹ Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. João 4:19
Então a mulher reconhecendo em Jesus algo diferente, consegue enxergar nele alguém
divinamente inspirado e com conhecimento sobrenatural, então pergunta:
²⁰ Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o
lugar onde se deve adorar. João 4:20
A questão da pergunta da samaritana era: Monte em Jerusalém ou o Monte Gerizim? Na
verdade, Deus ordenou em Deuteronômio que: ⁴ Será, pois, que, quando houveres
passado o Jordão, levantareis estas pedras, que hoje vos ordeno, no monte Ebal, e as
caiarás. ⁵ E ali edificarás um altar ao Senhor teu Deus, um altar de pedras; não alçarás
instrumento de ferro sobre elas. Deuteronômio 27:4,5, entretanto em seus escritos, os
samaritanos, mudaram o versículo para que se lesse monte Gerizim. Eles mudaram a
história e alteraram o texto das Escrituras para enaltecer o monte Gerizim. Então a
resposta de Jesus acaba com todo erro sobre adoração:
²¹ Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte
nem em Jerusalém adorareis o Pai. ²² Vós adorais o que não sabeis; nós
adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. ²³ Mas a hora
vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito
e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. ²⁴ Deus é
Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
João 4:21-24
Então, Jesus ensinou a mulher que o mais importante não é o lugar onde uma pessoa
adora. A adoração não está limitada ao monte Gerizim ou a Jerusalém. Os samaritanos
adoravam o que não conheciam; eles criaram sua própria religião. Os judeus tinham
todas as orientações para a adoração, mas estavam presos num local físico, mas Deus
é espírito, logo a adoração deveria ser espiritual.

46
Deus não está limitado ao tempo e espaço. A questão não é onde alguém adora, e sim
como e quem alguém adora. Então a pergunta e a resposta mais importantes da Bíblia
acontecem:
²⁵ A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem;
quando ele vier, nos anunciará tudo. ²⁶ Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo
contigo. João 4:25,26
Quando Jesus disse “Eu o sou” ele usou as mesmas palavras que Deus usou quando se
revelou a Moisés (Êx 3.14). Assim, Jesus afirma claramente ser o Messias.
²⁷ E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse
falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por
que falas com ela? ²⁸ Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e
disse àqueles homens: ²⁹ Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto
tenho feito. Porventura não é este o Cristo? ³⁰ Saíram, pois, da cidade, e foram
ter com ele. João 4:27-30
Os discípulos maravilharam-se por seu mestre estar conversando com uma mulher e a
mulher saiu maravilhada para contar na cidade o que havia acontecido: Ela tinha
encontrado o Messias que tanto esperavam. Então Jesus continua a ensinar, mas agora
aos seus discípulos.
³¹ E entretanto os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come. ³² Ele,
porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. ³³
Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém
algo de comer? ³⁴ Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele
que me enviou, e realizar a sua obra. João 4:31-34
Na verdade, nem a mulher samaritana, nem os próprios discípulos entenderam de inicio
que Jesus nunca estava falando de coisas materiais e sim de coisas espirituais. Os
discípulos não estavam entendo a diferença entre o alimento material e o alimento
espiritual, por isso Jesus diz: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou,
e realizar a sua obra
Veja: Desde o capítulo anterior (com Nicodemos) e aqui a mulher e depois os discípulos
estavam todos em ignorância espiritual.
³⁵ Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que
eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas
para a ceifa. ³⁶ E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna;
para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem. ³⁷
Porque nisto é verdadeiro o ditado, que um é o que semeia, e outro o que
ceifa. ³⁸ Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam,
e vós entrastes no seu trabalho. João 4:35-38
Nesses versículos 35 ao 38, Jesus oferece aos discípulos uma oportunidade de entender
que eles, e todos nós, temos que trabalhar em prol ao Reino de Deus, que as “terras
estavam brancas” esperando trabalhadores. E veja, “O que ceifa uma colheita espiritual
recebe galardão”. Deus recompensará cada trabalho nosso, mas as vezes plantamos
uma arvorezinha, e outros que colheram os frutos. Nem sempre, aqui na terra veremos
nosso trabalho edificado, mas tudo veremos nos céus.
47
³⁹ E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da
mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito. ⁴⁰ Indo, pois, ter com
ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias. ⁴¹
E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. ⁴² E diziam à mulher: Já
não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e
sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo. João
4:39-42
Os samaritanos foram ver Jesus e na mesma hora creram. Ainda mais, O reconheceram
como “Salvador do mundo”. Então Jesus volta para Caná da Galileia onde tinha feito o
milagre de transformar água em vinho e faz o segundo milagre lá: Salva o filho de um
nobre
⁴³ E dois dias depois partiu dali, e foi para a Galiléia. ⁴⁴ Porque Jesus mesmo
testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria. ⁴⁵ Chegando,
pois, à Galiléia, os galileus o receberam, vistas todas as coisas que fizera
em Jerusalém, no dia da festa; porque também eles tinham ido à festa. ⁴⁶
Segunda vez foi Jesus a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho. E havia
ali um nobre, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum. ⁴⁷ Ouvindo este que
Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele, e rogou-lhe que
descesse, e curasse o seu filho, porque já estava à morte. ⁴⁸ Então Jesus lhe
disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis. ⁴⁹ Disse-lhe o nobre:
Senhor, desce, antes que meu filho morra. ⁵⁰ Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho
vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse, e partiu. ⁵¹ E descendo
ele logo, saíram-lhe ao encontro os seus servos, e lhe anunciaram, dizendo:
O teu filho vive. ⁵² Perguntou-lhes, pois, a que hora se achara melhor. E
disseram-lhe: Ontem às sete horas a febre o deixou. ⁵³ Entendeu, pois, o pai
que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive; e
creu ele, e toda a sua casa. ⁵⁴ Jesus fez este segundo milagre, quando ia da
Judéia para a Galiléia. João 4:43-54
Esses sinais incontestavelmente sobrenaturais apontavam para todos que Jesus era
Deus.
O mais importante nesse segundo milagre não é o milagre em si, mas Jesus ter se
preocupado com o nobre, que estava ali porque vira o milagre anterior e Jesus estava
preocupado com Salvação da alma.
Está escrito que o nobre creu duas vezes, uma vez registrada no versículo 50 e outra no
versículo 53. Primeiro, ele creu na promessa de Jesus que seu filho não morreria. No
entanto, quando o nobre soube que seu filho tinha sido curado, ele viu que Jesus era
mais do que um simples mortal e ele e sua casa creram em Jesus e nasceram de novo.

João 4 é um capítulo fundamental, pois demonstra a compaixão e a inclusão de Jesus


para com todas as pessoas, independentemente de sua origem. Também inclui
ensinamentos importantes sobre adoração e a importância de ter um relacionamento
pessoal com Deus.

48
O capítulo 5 começa com Jesus curando um homem paralítico há 38 anos.
¹ Depois disto havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. ²
Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado
em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres. ³ Nestes jazia grande
multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento
da água. ⁴ Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a
água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de
qualquer enfermidade que tivesse. ⁵ E estava ali um homem que, havia trinta
e oito anos, se achava enfermo. ⁶ E Jesus, vendo este deitado, e sabendo
que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são? ⁷ O
enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a
água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro
antes de mim. ⁸ Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. ⁹ Logo
aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era
sábado. João 5:1-9
A festa citada provavelmente não era a Páscoa, pois quando era João citava a palavra
“Pascoa”, então os estudiosos acreditam que foi a festa do Purim, que foi criada pelos
judeus para celebrar o livramento dos israelitas e da rainha Ester contra Hamã, ou a festa
dos tabernáculos.
Sobre esse tanque de salvação “Betesda”, era uma piscina dupla cercada por uma
galeria de quatro colunas, construídas por Herodes. Entende-se que era tipo uma lenda,
pois a Bíblia não afirma que havia cura. A palavra “porquanto” no grego original tem uma
ideia de “o povo pensava assim...”, mas não é certeza que havia cura. Na verdade, quem
tem o poder de curar é Jesus, que chega no paralítico e faz o milagre, e faz num sábado.
Isso causou uma polêmica entre os líderes religiosos. Os fariseus não se importavam
com misericórdia e nem compaixão, mas apenas em seguir o que eles achavam ser o
correto. Uma interpretação da lei de Deus, dura, vingativa e por que não dizer, baseada
em reciprocidade. A coisa era tão absurda que os Judeus não foram olhar a benção do
milagre, mas o fato do ex aleijado levar sua cama no sábado.
¹⁰ Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te
é lícito levar o leito. ¹¹ Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio
disse: Toma o teu leito, e anda. ¹² Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem
que te disse: Toma o teu leito, e anda? ¹³ E o que fora curado não sabia
quem era; porque Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar haver
grande multidão. ¹⁴ Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que
já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior. ¹⁵
E aquele homem foi, e anunciou aos judeus que Jesus era o que o curara. ¹⁶
E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo,
porque fazia estas coisas no sábado. João 5:10-16
A cegueira espiritual dos fariseus era tanta que perseguiram Jesus, por fazer o milagre
no sábado, mas esse milagre apontava para divindade de Jesus citado em Isaias:
² eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus. ³ Fortalecei as
mãos fracas, e firmai os joelhos trementes. ⁴ Dizei aos turbados de coração:

49
Sede fortes, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com
recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará. ⁵ Então os olhos dos cegos
serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão. ⁶ Então os coxos saltarão
como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no
deserto e ribeiros no ermo. Isaías 35:2-6
Na verdade, com o passar dos anos, os líderes judeus inventaram milhares de regras e
decretos que não poderia serem feitas no Sábado. Ponderava-se até mesmo sobre a
questão de alguém usar dente postiço ou uma perna de madeira no Sábado. Segundo
eles, carregar algum móvel ou até mesmo fazer um tratamento médico no Sábado era
proibido. Mas, Jesus não violou a Lei; Ele apenas quebrou a tradição dos fariseus
acrescentada à Lei.
Jesus pensava em outra dimensão: A advertência não peques mais (hamartano)
(literalmente, pare de pecar) demonstra que Jesus sempre esteve, desde Nicodemos, a
Samaritana, o filho do nobre e o paralítico, preocupado, não com o milagre, mas sim com
a salvação das pessoas. “Para que te não suceda alguma coisa pior” foi uma alusão
ao inferno, ou seja, há coisas piores na vida do que a enfermidade.
Então Jesus retruca os fariseus:
¹⁷ E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho
também. ¹⁸ Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque
não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio
Pai, fazendo-se igual a Deus. ¹⁹ Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na
verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa
alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz
igualmente. ²⁰ Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele
lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis. ²¹ Pois,
assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho
vivifica aqueles que quer. ²² E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao
Filho todo o juízo; ²³ Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai.
Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou. João 5:17-23
Esse discurso de Jesus foi claro: ele disse que era Filho de Deus, que somente fazia os
milagres porque Deus era com ele e fala de RESSUREIÇÃO, o ponto chave do
cristianismo.
Ele afirma aqui não somente que tem uma comunhão íntima com o Pai, mas que também
é semelhante a Ele em Sua natureza. E já que Deus faz boas obras sem parar, e por si
mesmo tem o direito de fazê-lo no Sábado, o Filho faz o mesmo, já que se assemelha
ao Pai. Jesus declara que tem o mesmo poder de Deus, afirmando que é semelhante a
Ele. Essas declarações deixaram os fariseus furiosos.
²⁴ Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação,
mas passou da morte para a vida. ²⁵ Em verdade, em verdade vos digo que
vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus,
e os que a ouvirem viverão. ²⁶ Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo,

50
assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo; ²⁷ E deu-lhe o poder
de exercer o juízo, porque é o Filho do homem. João 5:24-27
Jesus continua assim a mostrar que ele é o próprio Deus e termina o versículo 27 dizendo
que era o “Filho do Homem”. Essa declaração remete ao livro de Daniel que os fariseus
muito bem conheciam: ¹³ Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha
nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram
chegar até ele. Daniel 7:13, significando ser ele o representante de Deus na terra.
Então Jesus continua se mostrando que, de fato, ele era o próprio Deus.
²⁸ Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que
estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. ²⁹ E os que fizeram o bem sairão
para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição
da condenação. ³⁰ Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma.
Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha
vontade, mas a vontade do Pai que me enviou. ³¹ Se eu testifico de mim
mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. ³² Há outro que testifica de
mim, e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. João 5:28-
32
Interessante nessa passagem é Jesus falar em “ressurreição da vida” e “ressurreição da
condenação” significando que pela morte física todos nós iremos passar, e alguns
ressuscitarão para viver eternamente com Deus, e outros não, pois estão condenados a
uma aflição sem fim.
³³ Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade.
³⁴ Eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto, para que
vos salveis. ³⁵ Ele era a candeia que ardia e alumiava, e vós quisestes
alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz. ³⁶ Mas eu tenho maior
testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para
realizar, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o Pai me
enviou. ³⁷ E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca
ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer. João 5:33-37
Jesus não estava menosprezando o testemunho de João, mas mostrando que as obras
que ele fazia em nome do pai davam testemunho que ele era Deus, mas os fariseus não
quiseram reconhece-lo como Deus, tanto que diz:
³⁸ E a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou
não credes vós. ³⁹ Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a
vida eterna, e são elas que de mim testificam; ⁴⁰ E não quereis vir a mim
para terdes vida. ⁴¹ Eu não recebo glória dos homens; ⁴² Mas bem vos
conheço, que não tendes em vós o amor de Deus. ⁴³ Eu vim em nome de
meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse
aceitareis. João 5:38-43
Os fariseus sabiam a palavra, decoravam a palavra desde os 8 anos de idade, mas não
reconheciam que a Palavra falava de Jesus, sobre Jesus, que Jesus era o messias.
Embora o testemunho de Jesus sobre si mesmo fosse verdadeiro, segundo a Lei judaica,
não era permitido dar testemunho de si mesmo em questões legais, por isso Jesus fala
51
que “outro testifica” dele. Veja: ⁷ Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a
Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. 1 João 5:7. Além disso, Jesus também
fala àqueles que o ouviam de outras três testemunhas: João o Batista (v. 33-35), as
próprias obras de Jesus (v. 36) e as Escrituras (v. 39), e cita especialmente os livros de
Moisés nos versículos seguintes.
⁴⁴ Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando
a honra que vem só de Deus? ⁴⁵ Não cuideis que eu vos hei de acusar
para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais. ⁴⁶
Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim
escreveu ele. ⁴⁷ Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas
minhas palavras? João 5:44-47
Os líderes religiosos judeus deviam procurar cuidadosamente nas Escrituras, mas não
viram que Jesus era o Messias, nem creram nele.
Quando Jesus diz “Não cuides que eu vos hei de acusar para com o Pai”, o verbo
“cuidar” significa Jesus não terá de acusar ninguém no dia do juízo, pois naquilo que
eles depositaram a fé, (somente na Lei de Moisés), fará isso. Eles serão condenados
pela própria Lei que achavam que guardavam.

João 5 inclui vários eventos e ensinamentos importantes. A cura do paralítico demonstra


o poder e a compaixão de Jesus para com os que sofrem, ao mesmo tempo que destaca
o conflito entre Jesus e as autoridades religiosas. Jesus não está buscando aparências,
mas fé nele. Os ensinamentos de Jesus sobre seu relacionamento com o Pai e a
ressurreição dos mortos prepararam o terreno para mostrar a sua natureza divina.

52
6
Seção

Eu sou o pão da vida - (Subsistência, Alimento)


No capítulo 6: Jesus, o Verdadeiro Alimento, o pão da vida – é o quarto sinal relatado em João
que (além da ressurreição) é encontrado em todos os quatro Evangelhos, a alimentação dos
cinco mil (6:1-15).
Ele é seguido por uma caminhada de Jesus sobre a água (6:16-21), o que parece ser
concebido como o quinto sinal. Em seguida, vem o grande sermão sobre o pão da vida (6:22-
59). Jesus é este pão, que se dá aos pecadores. Há referências a comer sua carne e beber seu
sangue (6:50-58), que apontam para a sua morte.
Existe nesse episódio uma íntima interligação entre os sinais (duas multiplicações de pães e
peixes e ele andar sobre as águas) e a proclamação pelo próprio Senhor em dizer: Eu sou o
Pão da Vida. Vamos entender os fatos narrados por Jo6, Mc6, Mt14 e Lc9 (a primeira
transformação de 5 pães e 2 peixes, 5 mil comeram, sobrando 12 sacos); e Mc8 e Mt15 (a
segunda multiplicação de 7 pães e alguns peixes onde 4 mil comeram e sobraram 7 sacos).

A Primeira Multiplicação dos Pães - nas proximidades de Betsaida, cidade da Galiléia


Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a
Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? Mas dizia isto para o experimentar;
porque ele bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não
lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco. E um dos seus discípulos, André, irmão
de Simão Pedro, disse-lhe: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos;
mas que é isto para tantos? E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita relva
naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil. E Jesus tomou
os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos pelos que estavam
assentados; e igualmente também dos peixes, quanto eles queriam. E, quando estavam saciados,
disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.
Recolheram-nos, pois, e encheram doze alcofas de pedaços dos cinco pães de cevada, que

53
sobejaram aos que haviam comido. Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito,
diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo. Jo 6:5-14
A Segunda Multiplicação dos Pães em alguma praia do Mar da Galiléia, nas proximidades
de Cafarnaum
Naqueles dias, havendo uma grande multidão, e não tendo o que comer, Jesus chamou a si os
seus discípulos, e disse-lhes: Tenho compaixão da multidão, porque há já três dias que estão
comigo, e não têm o que comer. E, se os deixar ir em jejum, para suas casas, desfalecerão no
caminho, porque alguns deles vieram de longe. E os seus discípulos responderam-lhe: De onde
poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no deserto? E perguntou-lhes: Quantos pães tendes? E
disseram-lhe: Sete. E ordenou à multidão que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães,
e tendo dado graças, partiu-os, e deu-os aos seus discípulos, para que os pusessem diante deles,
e puseram-nos diante da multidão. Tinham também alguns peixinhos; e, tendo dado graças,
ordenou que também lhes pusessem diante. E comeram, e saciaram-se; e dos pedaços que
sobejaram levantaram sete cestos. E os que comeram eram quase quatro mil; e despediu-os.
Mc 8:1-9

Ruinas da Sinagoga que Jesus 1ª multiplicação dos pães e peixes


pregou em Cafarnaum Ruinas da cidade de Betsaida

2ª multiplicação
dos pães e peixes

Cafarnaum foi a cidade que


Jesus vai mais ou menos com 30
anos para iniciar seu ministério: O local onde foi a
Jesus, deixando Nazaré, foi travessia de barco,
habitar em Cafarnaum, cidade que Jesus andou
Mar da
marítima, nos confins de Zebulom sobre as águas
e Naftali; Para que se cumprisse o Galileia
que foi dito pelo profeta Isaías,
que diz: A terra de Zebulom, e a
terra de Naftali, Junto ao
caminho do mar, além do Jordão,
A Galileia das nações; O povo,
que estava assentado em trevas,
Viu uma grande luz; aos que
estavam assentados na região e
sombra da morte, A luz raiou.
Desde então começou Jesus a
pregar, e a dizer: Arrependei-vos,
porque é chegado o reino dos
céus. Mt 4:12-17
Em Cafarnaum existia uma alfândega na qual trabalhava Mateus, futuro discípulo e evangelista: E, depois
disto, saiu, e viu um publicano, chamado Levi (Mateus), assentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. E
ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu. E fez-lhe Levi um grande banquete em sua casa; e havia ali uma
multidão de publicanos e outros que estavam com eles à mesa. Lc 5:27-29
54
Com essa figura se entende melhor a passagem que Jesus anda sobre as águas.
E logo ordenou Jesus que os seus discípulos entrassem no barco, e fossem adiante para o outro
lado, enquanto despedia a multidão. E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à
parte. E, chegada já a tarde, estava ali só. E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas
ondas; porque o vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles,
andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se,
dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende
bom ânimo, sou eu, não temais. Mt 14:22-27

A primeira coisa que entendemos é que entre a 1ª multiplicação dos pães e peixes e a 2ª não
havia uma grande distância (aproximadamente 7 km). Na época, apesar de existir pequenas
carruagens, carros de boi, cavalos, muitos andavam a pé, sobretudo Jesus e seus discípulos.
Era possível atravessar estes 7 km caminhando, mas os discípulos fizeram uma parte de
barco ou porque era mais cômodo, ou porque como Pedro, André, João e Tiago eram
anteriormente pescadores, eram acostumados a velejar naquelas águas, e seus barcos
deviam estar ancorados por ali.
O fato é que Jesus disse aos discípulos que “e fossem adiante para o outro lado, enquanto
despedia a multidão”. Talvez até os apóstolos tenham pensado que Jesus iria fazer o percurso
todo a pé e fez mesmo, sendo que foi caminhando sobre as águas revoltas.
Nesses três sinais, Jesus mostra que é o dono de elementos da natureza, e Seu poder infinito
tem domínio sobre qualquer coisa, tanto que Ele se apropria de pouquíssimo pão e peixe e
transforma-os num banquete saciando 9 mil pessoas.
Precisamos ter consciência que esse milagre da multiplicação tem um significado enorme
pois não foi apenas multiplicar pão e peixe, foi para mostrar publicamente que era Deus, e
envolveu muita gente. Uma multidão fora alimentada por Jesus. Eles sentiram o poder de
Deus. Imagine se fosse você com fome, e não apenas viu Jesus multiplicando a comida, mas
comeu dela. Qual seria sua reação ao chegar em casa? O que diria a seu cônjuge ou filhos?
ERA JESUS MOSTRANDO ÀS MULTIDÕES QUE ERA O PRÓPRIO DEUS.
Entretanto a multidão viu que houve alguma coisa diferente e dizem: Esse é,
verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo. Trata-se de uma alusão a Deuteronômio
18.15 (O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele
ouvireis). Isso mostra que eles criam que Jesus era alguém especial, mas ainda não o Messias.
Mas, a reação foi gigante, tanto que no outro dia outra multidão atravessou o mar da Galileia
ou caminhou os 7 km para se encontrar novamente com Jesus.
O outro sinal acontece na noite entre a 1ª e 2ª multiplicação, mas dessa vez é testemunhado
apenas pelos apóstolos: Lá vem Jesus andando sobre as águas revoltas do mar, contrariando
todas as leis da natureza.

55
Assim, Ele mostra aos discípulos que o poder dele não era apenas na multiplicação, mas Jesus
tem o poder de manipular as próprias leis da natureza que foram criadas por Ele, desde a
fundação do universo. O Evangelista João, em seu evangelho cumpre o papel de descrever os
sinais que mostram que Jesus é Deus. Esse quinto sinal descrito por João aponta para a
divindade de Jesus. Somente Deus poderia caminhar sobre as águas, acalmar o mar e, de
modo sobrenatural, fazer com que os discípulos chegassem ao destino.

Depois disso vem o anuncio: Eu SOU O PÃO DA VIDA, vejamos a passagem de Jo1: 6:22-59
(i) A multidão foi procurar Jesus depois que ele fez o 1º milagre da
multiplicação: No dia seguinte, a multidão que estava do outro lado do mar, vendo
que não havia ali mais do que um barquinho, a não ser aquele no qual os discípulos
haviam entrado... Vendo, pois, a multidão que Jesus não estava ali, entraram eles
também nos barcos, e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus. E, achando-o no outro
lado do mar, disseram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui? Jo 6:22
De fato, como vimos, depois que Jesus alimentou 5 mil pessoas com apenas cinco
pães e dois peixes, a multidão queria ver de novo milagres acontecerem.
Isso acontece com muitos de nós, depois de testemunhamos um milagre nos
fixamos no milagre e não no motivo do milagre. O Pastor Alexandre Ximenes diz
que por isso o Diabo consegue tantos adeptos, porque ele faz com que olhemos o
milagre e não quem fez o milagre.
Nós, muitas vezes nos encantamos com o milagre e não com o Deus que o faz...
queremos milagres e não reconhecer Jesus como senhor e salvador, autor e
consumador da fé.

(ii) Por isso que Jesus conhecendo o coração daquelas pessoas dá um conselho
interessante: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que
vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que
perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem
vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou. Jo 6:26-27
Jesus mata a charada, vai em cima do problema. Eles estão buscando o milagre e
não a Jesus.
Isso, em parte explica os que mudam de igreja sempre, pulando de galho e galho,
nunca se fixando em nenhuma. É claro que é muito natural visitar outra igreja ou
mesmo trocar, o errado é procurar o milagre de cada igreja e esquecer de procurar
Jesus. O milagre dura pouco tempo, Jesus é eterno.

(iii) Por isso, a multidão faz a melhor pergunta que se pode fazer ao próprio
Deus: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jo 6:28

(iv) E a resposta de Jesus é ainda melhor e surpreendente: A obra de Deus é esta:


Que creiais naquele que ele enviou. Jo 6:29

56
Jesus não disse: vá na sinagoga, faça boas obras, dê esmolas, e nada do gênero...
simplesmente disse que a obra de Deus é CRER NELE, em Jesus, todo resto de
mudança de atitude é consequência de crer Nele.
Tenho certeza que muitos quando entendem a profundidade dessas palavras
simples são surpreendidos, pois achavam que ir para missa e cultos todos
domingos estariam completamente agradando a Deus e, na verdade, Deus não vai
medir a dedicação à obra Dele pela quantidade de vezes que nós fazemos isso ou
aquilo, mas em ter a mente crente que Jesus é Deus e caminho da salvação.
Nós vivemos em um mundo cheio de religiões que exigem obras para a salvação;
por isso é tão difícil acreditar que é preciso apenas crer em Jesus.

(v) Então, nesse momento, o povo que tinha feito uma pergunta brilhante
pergunta uma bobagem: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos, e creiamos
em ti? Que operas tu? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito:
Deu-lhes a comer o pão do céu. Jo 6:30-31
Veja o teor dessa pergunta; em outras palavras a multidão está dizendo: Faça um
milagre para a gente crer em você como Deus. Jesus tinha alimentado uma
multidão com apenas 5 pães e dois peixes, e tinha sobrado 12 sacos de comida, o
que eles queriam ver? Mais milagres. Continuavam a se fixar no milagre e não em
Jesus.
A multidão reagiu de uma forma que demonstrava toda sua cegueira espiritual.
No raciocínio lógico daquelas pessoas, Moisés tinha realizado algo maior do que
aquele feito de Jesus. Basicamente elas estavam dizendo que se Jesus fosse maior
do que Moisés, então que fizesse um milagre também maior que o maná.

(vi) Então nessa hora Jesus fala de Moisés, para fazer um elo de ligação com o AT,
e diz quem era ele: Na verdade, na verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do
céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que
desce do céu e dá vida ao mundo. Jo 6:32-33
Perceba, antes a multidão fala do maná no deserto que no AT caia do céu para
alimentar os hebreus em marcha para terra prometida de Canaã. Jesus, sabendo
do coração do povo, diz que o verdadeiro pão realmente desce do céu, mas agora,
diferente do pão lá do AT que só fazia saciar a fome física, o verdadeiro pão do céu
dá vida ao mundo.
Jesus repreendeu aquelas pessoas incrédulas dizendo que o verdadeiro doador de
todas as coisas é o Pai celestial. Ele dá aos homens não apenas um pão que
alimenta o corpo, mas o Pão que alimenta o espírito. Ele dá o verdadeiro Pão do
céu. O maná não produzia vida eterna, mas Jesus é o genuíno Pão da vida.

(vii) Quem não quer esse pão? Por isso eles dizem a Jesus: Senhor, dá-nos sempre
desse pão. Jo 6:34

57
(viii) Então vem o primeiro “Eu Sou” com adjetivo da boca de Jesus, ele diz: Eu sou
o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá
sede. Mas já vos disse que também vós me vistes, e, contudo, não credes. Jo 6:35-36
Quando Ele diz “Eu sou o Pão da vida”, Jesus fala da vida espiritual e eterna.
O pão era um dos alimentos mais básicos e acessíveis daquela cultura. Jesus estava
dizendo que era o que aquelas pessoas precisavam. Completando, a palavra grega
usada para “vida”’ é zoe que significa: vida real e genuína, vida ativa e vigorosa,
devota a Deus, abençoada em parte já aqui neste mundo para aqueles que colocam
sua confiança em Cristo e, depois da ressurreição, a ser consumada por novas
bênçãos (entre elas um corpo perfeito) que permanecerão para sempre.
Ele sacia a fome e mata a sede; fome e sede espirituais. É interessante notar que
Jesus Cristo diz que a fé deve ser depositada nele, e não em milagres e sinais. Os
judeus queriam crer com base em operações de maravilhas.
Eles estavam enganados! Por maior que possa ser um milagre, ele não é suficiente
para regenerar o pecador e produzir fé em seu coração. Ver necessariamente não
implica crer, embora algumas vezes isso aconteça, mas Jesus abençoa aqueles que
creem sem terem visto sinais.

(ix) Então Jesus continua a falar: Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a
mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a
minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me
enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o
ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que
todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no
último dia. Jo 6:37-40
Aqui há uma verdade Bíblica maravilhosa: A salvação é um favor imerecido, nós
não merecemos, mas Deus nos quis dar. Por Sua vontade Deus, se fez carne e
habitou entre nós através de Jesus. Jesus é a fonte de Salvação.
Por isso Ele, o próprio Jesus diz “Todo o que o pai me dá” vai para Ele, e Ele, Jesus
não vai desprezar, jogar fora. Essa é uma grandeza de Deus para conosco.
Estejamos como trapos imundos, ou viciados, ou sujos por muitos pecados, se
formos a Jesus, Ele não nos lançará fora.
E tem uma razão do porquê Jesus não lança ninguém fora, porque Ele desceu dos
céus, ou seja, Ele foi enviado por Deus com o propósito, obedecendo a vontade do
Pai, de que todos nós ressuscitemos, ou seja, vençamos a última coisa a ser
vencida, a morte.
Tudo isso porque a vontade do Pai é: (1) que todos que vierem ao Filho sejam
aceitos e não se percam; (2) que todos que virem o Filho e crerem nele recebam a
vida eterna.

(x) Mas, os judeus ali presentes não acreditam em Jesus: Murmuravam, pois, dele
os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu. E diziam: Não é este Jesus,

58
o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu? Jo
6:41-42
Os judeus que lá estavam eram os representantes do Sinédrio. Eles começaram a
criticar Jesus por Ele ter dito ser o pão que desceu do céu. Descer do céu era algo
muito precioso para um judeu porque remetia ao AT quando Deus alimentou o
povo com um maná, então para eles Jesus não poderia ser esse maná, esse
alimento de Deus.
Por isso disseram: Não é este o filho de José? O fato deles conhecerem os pais
terrenos de Jesus era a prova (para eles) de que Ele não viera do céu e não havia
nada de sobrenatural na origem de Jesus, quando sabemos na verdade que Jesus
foi concebido milagrosamente por obra do ES.

(xi) Entretanto Jesus tudo conhece, então disse-lhes: Não murmureis entre vós.
Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei
no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto,
todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. Não que alguém visse ao Pai, a
não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai. Na verdade, na verdade vos digo
que aquele que crê em mim tem a vida eterna. Jo 6:43-47
A murmuração é um lamento humano que Deus odeia. Veja o que aconteceu no AT
exatamente numa passagem relatada sobre o maná dos céus: E aconteceu que,
murmurou o povo falando o que era mal aos ouvidos do SENHOR; e ouvindo o
SENHOR a sua ira se acendeu; e o fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu os
que estavam na última parte do arraial. Nm 11:1.
A Bíblia descreve que a ira de Deus se acende quando o seu povo reclama daquilo
que Ele dar. Por isso, não devemos ser murmuradores porque: (1) Murmurar é
negar a providência de Deus; (2) Murmuração não nos distingue dos ímpios; (3)
Murmuração é contrária à humildade; não está de acordo com o padrão de Cristo
e; (4) Murmuração é resultado da falta de fé.
Mas nessa passagem de João, Jesus volta a falar que ninguém pode receber o pão
da vida se o Pai não o trouxer. A palavra grega usada para “trazer” foi helkysē, que
não é um trazer qualquer, é algo mais forte, tipo “mesmo se você não quiser vir,
você será arrastado”, ou seja, Deus traz por Sua vontade mesmo e também tem o
sentido de dependência - Ninguém pode ser salvo, a não ser que seja levado a Jesus
pelo Espírito Santo.
Deus sempre nos ensina, Ele atrai as pessoas ensinando-as, é uma das formas de
tratamento que Deus utiliza para conosco. Então, todo aquele que ouvir o Pai e
aprender Dele, virá a Cristo.
Depois disso, Jesus mostra uma característica que deve ser nosso conviver com
Deus: Ouvir e aprender não significa ver o Pai fisicamente. Jesus diz que ninguém
viu o Pai, a não ser Ele próprio. No entanto, ainda que ninguém tenha visto o Pai,
é possível crer em Jesus e receber a vida eterna. E é isso um dos pilares da
Salvação: Crer sem ver, crer pela fé. É difícil? Sim!

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(xii) Então Jesus repete: Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto,
e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu
sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e
o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. Jo 6: 48-51
Jesus insistentemente repete a ideia principal na qual Ele é o maná que traz vida
e faz um paralelo: O maná no deserto do AT supria a fome física, porém de modo
algum poderia dar a vida; o maná apenas permitia a continuação da vida. Todos
aqueles hebreus de antigamente, que o comeram, um dia morreram porque o
maná do AT era apenas um símbolo, que apontava para o prometido de Deus, que
poderia prover vida eterna.

Aqui Jesus começa a interligar “comer o pão “com “comer a sua carne”, e ninguém
entendeu nada.

(xiii) Por isso os judeus ficavam conversando, murmurando entre si: Como nos
pode dar este a sua carne a comer? Jo 6:52
Na verdade, aqueles judeus estavam levando a palavra de Jesus ao pé da letra.

(xiv) Jesus, começa a tirar a dúvida deles dizendo: Na verdade, na verdade vos digo
que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não
tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a
vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Jo 6:53-54
Quando Jesus diz “e não beberdes o seu sangue” [do Filho do Homem], os judeus
entram em colapso ideológico, pois a expressão “filho do homem” significava “o
representante de Deus na terra”.
Para entendermos o significado de “filho do homem”, precisamos recorrer ao livro
de Daniel quando ele fala que viu, vindo com as nuvens do céu, “um como o Filho
do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de dias, e o fizeram chegar até ele e lhe é dado
domínio, e glória, e o reino; para que os povos, nações e homens de todas as línguas
o servissem. Seu domínio é eterno, e não passará, e o seu reino jamais será destruído”
(Dn 7:13-14).
Em Mateus 26:64, o próprio Jesus declara: “Eu lhes digo, que desde agora verão o
Filho do Homem sentado à mão direita do Poderoso, e vindo com as nuvens do
céu”. A semelhança entre ambos os textos é inegável e, obviamente, a expressão é
utilizada para se referir a mesma pessoa.
Quando Estêvão estava sendo martirizado entendeu perfeitamente o significado
desse título e, prontamente, declarou: “Eis que vejo os céus abertos; e o Filho do
Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (Atos 7:56).
Os judeus com certeza tinham lido o livro de Daniel e se chocaram. Além disso,
não podiam beber sangue (Lv 7.26,27), e essa última declaração de Jesus deve tê-
los insultado ainda mais. De todo modo, os judeus não entenderam nem o que

60
Jesus disse nem tampouco a verdadeira interpretação de Levítico, pois mais
adiante, em Levítico 17.11 é dito claramente que a vida está no sangue. Sendo
assim, aceitar o sacrifício do corpo e do sangue de Cristo é a base da vida eterna.
Comer a carne e beber o sangue de Jesus não podiam ser atitudes literais. Jesus
não era um doido para colocar uma multidão para fazer canibalismo, ele era e é o
cordeiro de Deus, que se deu em sacrifício por nós. Seu sangue foi derramado na
cruz e sua carne humana morreu por nós. Aceitar seu sacrifício é “comer sua carne
e beber seu sangue”.

(xv) Mas, Jesus continua explicando: Porque a minha carne verdadeiramente é


comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe
o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou,
e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é
o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e
morreram; quem comer este pão viverá para sempre. Ele disse estas coisas na
sinagoga, ensinando em Cafarnaum. Jo 6:55-59
O dizer que sua carne e sangue são verdadeiros é mais uma prova que Jesus não
está falando do plano físico, mas espiritual. O fato de uma pessoa comer e beber,
ou seja, acreditar no sacrifício, fará com que essa pessoa permaneça Nele e Ele na
pessoa.
Ainda mais, quando fala: “Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai,
assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim” Jesus faz a mais
importante ligação com a finalidade pela qual Ele veio, a qual foi perdida no
pecado original no Éden.
Jesus veio para salvação do mundo. Nesses versículos específicos Ele não está se
referindo à Ceia do Senhor, ordenança que Ele instituiria somente um ano depois,
mas Jesus deixou bem claro que a vida eterna é alcançada quando se crê nele,
vivendo para sempre.

Ele é o Pão da Vida, nossa SUBSISTÊNCIA e nisso devemos acreditar. Jesus é o caminho para
a salvação. Ele também disse: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de
maneira nenhuma o lançarei”, dessa forma, precisamos ir em sua direção.
Também precisamos entender que, uma vez que estamos indo em Sua direção, precisamos
convidar outros; este é um trabalho que podemos fazer. Nas multiplicações dos pães Ele
primeiro entregou o alimento aos discípulos, então depois os discípulos entregaram o
alimento ao povo. Os discípulos fizeram a sua parte, assim como nós devemos fazer a nossa.

61
7
Seção

Jesus na festa dos tabernáculos e a Água viva


Capítulo 7

A Festa dos Tabernáculos escrita em Lv 23:33-44, dura oito dias e comemora a jornada de
Israel pelo deserto, apontando para o reino prometido do Messias. Mesmo atualmente
Jerusalém é lotada de Judeus que se hospedam (como antigamente) em cabanas feitas de
ramos de árvores, para lembrar o cuidado de Deus com sua nação durante quarenta anos.
³³ E falou o Senhor a Moisés, dizendo: ³⁴ Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês
sétimo será a festa dos tabernáculos ao Senhor por sete dias.³⁵ Ao primeiro dia haverá santa
convocação; nenhum trabalho servil fareis.³⁶ Sete dias oferecereis ofertas queimadas ao Senhor;
ao oitavo dia tereis santa convocação, e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; dia de proibição
é, nenhum trabalho servil fareis.³⁷ Estas são as solenidades do Senhor, que apregoareis para santas
convocações, para oferecer ao Senhor oferta queimada, holocausto e oferta de alimentos, sacrifício
e libações, cada qual em seu dia próprio;³⁸ Além dos sábados do Senhor, e além dos vossos dons, e
além de todos os vossos votos, e além de todas as vossas ofertas voluntárias, que dareis ao Senhor.³⁹
Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis a
festa do Senhor por sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia haverá descanso. ⁴⁰
E no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores, ramos de palmeiras, ramos de
árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus por sete
dias.⁴¹ E celebrareis esta festa ao Senhor por sete dias cada ano; estatuto perpétuo é pelas vossas
gerações; no mês sétimo a celebrareis.⁴² Sete dias habitareis em tendas; todos os naturais em Israel
habitarão em tendas;⁴³ Para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel
em tendas, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus.⁴⁴ Assim pronunciou
Moisés as solenidades do Senhor aos filhos de Israel.
Nessa festa, no AT, a área do templo era iluminada por candelabros para lembrar a coluna
de fogo que havia guiado o povo no deserto (atualmente usam também lâmpadas) e, todos
os dias os sacerdotes tiravam água do tanque de Siloé e a derramavam de um cântaro,
lembrando ao povo, a provisão miraculosa da água da rocha.

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A festa é um tempo de alegria, mas quando Jesus foi para comemoração, a coisa ficou difícil,
pois foi o começo de uma oposição aberta e intensa a Sua Pessoa e a Seu ministério. Desde a
cura do paralítico no sábado, Jesus passou a ser alvo dos líderes judeus que desejavam mata-
lo. No comecinho da festa, permaneceu na Galileia, onde estava mais seguro, mas faltando
tipo uns dois dias para festa acabar, teve de ir, então saiu da Galileia e foi para Judeia, a fim
de observar tudo lá no templo em Jerusalém.
Podemos estudar e entender que João cap7 apresenta três divisões cronológicas:
✓ Antes da Festa (v. 1-10), mostrando incredulidade (até dos irmãos)
✓ No meio da festa (v. 11-36) , houve um debate
✓ Último dia de festa ( v. 37-52) , mostra uma divisão

1. Antes da Festa: Incredulidade (Cap7:1-17)


¹ E depois disto Jesus andava pela Galiléia, e já não queria andar pela Judéia, pois os judeus
procuravam matá-lo.² E estava próxima a festa dos judeus, a dos tabernáculos. ³ Disseram-lhe, pois,
seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que
fazes.⁴ Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes
estas coisas, manifesta-te ao mundo.⁵ Porque nem mesmo seus irmãos criam nele.⁶ Disse-lhes, pois,
Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto.⁷ O mundo não vos
pode odiar, mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más.⁸ Subi vós a
esta festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda o meu tempo não está cumprido.⁹ E, havendo-
lhes dito isto, ficou na Galiléia.¹⁰ Mas, quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele
também, não manifestamente, mas como em oculto.¹¹ Ora, os judeus procuravam-no na festa, e
diziam: Onde está ele?¹² E havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam
alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não, antes engana o povo.¹³ Todavia ninguém falava dele
abertamente, por medo dos judeus.¹⁴ Mas, no meio da festa subiu Jesus ao templo, e ensinava.¹⁵ E os
judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido?¹⁶ Jesus lhes
respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.¹⁷ Se alguém quiser
fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo.

Esse evento era uma das três festas em que os judeus tinham de comparecer todos os
anos. (Três vezes no ano todo o homem entre ti aparecerá perante o Senhor teu Deus, no lugar que
escolher, na festa dos pães ázimos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernáculos Dt16:16 ).

Apesar de algumas religiões atuais ensinarem que Jesus não teve irmãos, a Bíblia é muito
clara e diz que Jesus foi o primeiro filho de Maria, obra do Espírito Santo, conforme Lc
2:7a.⁷ E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos. Jesus era o “primogênito” de
Maria, não o único, o que indica que ela teve outros filhos.
Para uma família de Judeus, como Maria e José eram, ter filhos era uma benção dos céus.
Não há nenhum pecado em uma esposa ter relações com seu marido. Não faz nenhum
sentido dizer que Maria permaneceu virgem depois de Jesus nascer, até mesmo porque,
ela estaria assim desprezando seu marido.
Então, Maria teve sim outros filhos depois de Jesus, logo, os outros “irmãos” de Cristo eram
seus meio irmãos, os filhos de Maria e José, citado em Mt 13:55-56 ⁵⁵ Não é este o filho do
carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?⁵⁶ E não estão

63
entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isto? e em Mc 3:31-34 ³¹ Chegaram, então,
seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar.³² E a multidão estava assentada ao
redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora.³³ E ele lhes
respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? ³⁴ E, olhando em redor para os que estavam
assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
Na época de Jesus, os irmãos de Cristo não acreditavam Nele, inclusive essa descrença
deles é uma profecia citada em Salmos ⁸ Tenho-me tornado um estranho para com meus irmãos,
e um desconhecido para com os filhos de minha mãe. Salmos 69:8 embora At 1:14 indica que após sua
ressurreição eles o receberam. Sl 69:8-9. É outra prova que que Maria teve outros filhos.

Então, mesmo com a descrença, Jesus que estava na Galileia, subiu para Jerusalém para
viver os últimos dias da festa. Deve ter levado dois dias caminhando para sair da Galileia
e ir para Jerusalém.

2. No meio da Festa: Houve Debate (Cap7:10-36)


Alguns dias antes, havia acontecido a cura do paralítico (Cap5) e o milagre da alimentação
de 5.000 pessoas com a multiplicação dos pães (Cap 6), o que suscitou o interesse da
multidão. O POVO QUERIA VER JESUS.
Os judeus enciumados e descrentes disseram que Jesus não era Deus, alegando que ele
tinha desrespeitado a Torá, porque curou um homem no sábado. Eles disseram que Ele
era possuído pelo demônio e até falaram de matá-lo. Os judeus para tentar desqualifica-
lo abordam cinco tópicos diferentes, quando discutem a respeito de Jesus na festa.
a) Seu caráter: ¹¹ Ora, os judeus procuravam-no na festa, e diziam: Onde está ele?¹² E havia grande
murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não, antes
engana o povo.¹³ Todavia ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus.
Alguns o chamam de “bom”; outros de enganador, porque temiam os líderes judeus. O
caráter de Cristo era tão imaculado que eles, quando finalmente o prenderam, tiveram
que inventar falsas testemunhas para falar contra Ele. Pilatos, Judas e até o soldado
romano declararam a inculpabilidade Dele.
b) Sua doutrina: ¹⁴ Mas, no meio da festa subiu Jesus ao templo, e ensinava.¹⁵ E os judeus
maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido?¹⁶ Jesus lhes respondeu,
e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. ¹⁷ Se alguém quiser fazer a
vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo.¹⁸ Quem
fala de si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é
verdadeiro, e não há nele injustiça
Os judeus surpreendiam-se com o conhecimento espiritual de Cristo, Acontece que Ele
nunca frequentara as principais escolas do judaísmo, pois essas escolas eram
(a) em Jerusalém e Jesus morava na Galileia em cafarnaum;
(b) para alguns “escolhidos”, normalmente dentro das tribos de Levi;
(c) para filhos de judeus mais famosos e ricos.
Jesus nasceu pobre em Belém e cresceu continuando pobre na Galileia. Mas, como Judeu
que era, frequentou sinagogas pequenas e foi um desconhecido até começar seu
ministério.
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Jesus foi diferente pois sua doutrina veio de Deus. Paulo adverte em relação ao que é
falsamente chamado de “saber” [ciência] (1 Tm 6:20 - ²⁰ Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi
confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência,...
Cl 2:8 ⁸ Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas,
segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo).
c) Suas Obras: ¹⁹ Não vos deu Moisés a lei? e nenhum de vós observa a lei. Por que procurais matar-
me?²⁰ A multidão respondeu, e disse: Tens demônio; quem procura matar-te?²¹ Respondeu Jesus, e
disse-lhes: Fiz uma só obra, e todos vos maravilhais.²² Pelo motivo de que Moisés vos deu a
circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado circuncidais um homem.²³ Se o
homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-
vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem?²⁴ Não julgueis segundo a aparência,
mas julgai segundo a reta justiça
Eles tentam defender a lei ao acusá-Lo de trabalhar no sábado, contudo Ele lhes mostrava
que o desejo de mata-lo se opõe à própria lei, a qual eles deveriam obedecer. Os Judeus
eram contraditórios pois, para eles, um homem poderia até ser circuncidado no sábado,
mas não curado! Que absurdo. Eles, como muitos hoje, eram superficiais e julgavam pela
aparência, não pela verdade.
d) Sua Origem: ²⁵ Então alguns dos de Jerusalém diziam: Não é este o que procuram matar? ²⁶ E ei-
lo aí está falando abertamente, e nada lhe dizem. Porventura sabem verdadeiramente os príncipes
que de fato este é o Cristo?²⁷ Todavia bem sabemos de onde este é; mas, quando vier o Cristo,
ninguém saberá de onde ele é.²⁸ Clamava, pois, Jesus no templo, ensinando, e dizendo: Vós
conheceis-me, e sabeis de onde sou; e eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é
verdadeiro, o qual vós não conheceis.²⁹ Mas eu conheço-o, porque dele sou e ele me enviou.³⁰
Procuravam, pois, prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele, porque ainda não era chegada a sua
hora.³¹ E muitos da multidão creram nele, e diziam: Quando o Cristo vier, fará ainda mais sinais do
que os que este tem feito?
Os Judeus procuravam desqualificar Jesus, pois sabiam pelas escrituras que o Cristo
nasceria em Belém (Miqueias5: 2 “E tu, Belém Efrata, embora sejas apenas uma pequena aldeia de Judá,
ainda assim serás o local de nascimento do governador do meu povo de Israel que vive desde a eternidade!)
mas jogaram com palavras, pois dizem no versículo 27 (Todavia bem sabemos de onde este é; mas,
quando vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é) sendo essa forma deles falarem apenas uma
enganação, uma alusão que fisicamente Jesus teria vindo de Cafarnaum, da Galileia.
Em outras palavras, eles estavam perdidos, inclusive, no capítulo 8:41 (que ainda
estudaremos) João sugere que eles acusam Jesus de ter nascido em pecado; talvez as
pessoas dissessem isso por causa da condição de Maria antes de casar-se com José. Nos
versículos 28 e 29, Cristo afirma que foi enviado pelo Pai e que se eles conhecessem o Pai
conheceriam o Filho.
e) Seu Aviso: ³² Os fariseus ouviram que a multidão murmurava dele estas coisas; e os fariseus e os
principais dos sacerdotes mandaram servidores para o prenderem.³³ Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda
um pouco de tempo estou convosco, e depois vou para aquele que me enviou.³⁴ Vós me buscareis, e
não me achareis; e onde eu estou, vós não podeis vir. ³⁵ Disseram, pois, os judeus uns para os outros:
Para onde irá este, que o não acharemos? Irá porventura para os dispersos entre os gregos, e
ensinará os gregos? ³⁶ Que palavra é esta que disse: Buscar-me-eis, e não me achareis; e: Aonde eu
estou vós não podeis ir?
O ministério de Jesus revelado ao mundo, de forma pública, demorou apenas em torno de
três anos, entre ele começar e morrer na cruz. Percebam o quanto isso é pouco. Nós seres

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humanos tivemos o privilégio de ter nosso Deus andando com a gente, e eles (os judeus
incrédulos) não o escutava.
É importante que as pessoas busquem o Senhor “enquanto se pode achar” Is55:6. Muitos
pecadores perdidos hoje em dia, que rejeitam a Cristo, não o encontrarão quando o
procurarem amanhã. (Pv 1:24-28 – “²⁴ Entretanto, porque eu clamei e recusastes; e estendi a minha mão
e não houve quem desse atenção,²⁵ Antes rejeitastes todo o meu conselho, e não quisestes a minha repreensão,²⁶
Também de minha parte eu me rirei na vossa perdição e zombarei, em vindo o vosso temor.²⁷ Vindo o vosso
temor como a assolação, e vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia.²⁸
Então clamarão a mim, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão.”)
Os judeus ignoravam as verdades espirituais. Eles não podiam conhecer a verdade porque
não estavam dispostos a obedecer. Eles discutiram com Cristo e perderam a alma.

3. O Último dia da festa: divisão (7:37-53)


³⁷ E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede,
venha a mim, e beba.³⁸ Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu
ventre.³⁹ E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito
Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.⁴⁰ Então muitos da multidão,
ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta.⁴¹ Outros diziam: Este é o Cristo; mas
diziam outros: Vem, pois, o Cristo da Galiléia?⁴² Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência
de Davi, e de Belém, da aldeia de onde era Davi? ⁴³ Assim entre o povo havia dissensão por causa
dele.⁴⁴ E alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele.⁴⁵ E os servidores foram ter
com os principais dos sacerdotes e fariseus; e eles lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? ⁴⁶
Responderam os servidores: Nunca homem algum falou assim como este homem.⁴⁷ Responderam-
lhes, pois, os fariseus: Também vós fostes enganados? ⁴⁸ Creu nele porventura algum dos principais
ou dos fariseus? ⁴⁹ Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita. ⁵⁰ Nicodemos, que era um deles
(o que de noite fora ter com Jesus), disse-lhes: ⁵¹ Porventura condena a nossa lei um homem sem
primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz? ⁵² Responderam eles, e disseram-lhe: És tu também
da Galiléia? Examina, e verás que da Galiléia nenhum profeta surgiu.⁵³ E cada um foi para sua casa.
O sétimo dia da festa dos tabernáculos era um grande dia de celebração e o oitavo dia era a
da Santa Convocação. (Lv 23:36 – “³⁶ Sete dias oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; ao oitavo dia tereis
santa convocação, e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; dia de proibição é, nenhum trabalho servil fareis.” )

Durante a festa, toda manhã na hora do sacrifício, os sacerdotes deviam pegar água no tanque
de Siloé em um vaso de ouro e derramá-lo no templo. Isso comemorava o suprimento de
água que Deus dera aos judeus no deserto.
O sétimo dia era o ponto culminante da festa e era conhecido como “O grande hosana”.(Hosana
significa Salve-nos – Logo “o grande hosana” significa a grande salvação que vem do alto). Então no momento
em que os sacerdotes derramavam a água, imaginem o que aconteceu quando Jesus
exclamou: ”Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (v. 37). Para os Judeus perdidos e ritualistas
foi um sacrilégio
De fato, nosso Cristo é a rocha da qual fluem as águas (1Co 10:4 – “⁴ E beberam todos de uma
mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo.”) . Ele
foi pregado na cruz para que o Espírito da vida pudesse salvar e saciar os pecadores
sedentos. Na bíblia, a água usada para limpeza simboliza a Palavra de Deus (Jo 13:1-17; 15:3 –
“³ Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.”); e a água para beber representa o Espírito
do Senhor (Jo 7: 37-38).

66
Muitas pessoas aceitaram o gracioso convite Dele, mas outros o rejeitaram. Os soldados não
o podiam prender, porque as palavras Dele cativaram o coração deles (v.46).
Infelizmente, os líderes judeus, ao rejeitar Cristo, fecharam a porta da salvação, um mau
exemplo. (Mt 23:13 - ¹³ Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos
céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.)
Entretanto, Nicodemos entra em cena, e agora com outra postura, sem se esconder a noite, e
perante todos defende os direitos legais de Cristo. No capítulo 3, Nicodemos estava nas
trevas da confusão, mas aqui ele vivencia uma convicção e quer dar uma oportunidade justa
a todos para escutarem o verdadeiro Cristo.
Mas, os Judeus não desejavam ouvir nem a Nicodemos, nem ao Cristo. Mesmo com toda
influência que Nicodemos tinha entre os Judeus, não teve jeito. A conversa parou, porque os
que lutavam contra Jesus viram que não adiantaria prosseguir tentando condenar ou matar
Jesus ali. Então adiaram o debate para uma ocasião, quando Nicodemos estivesse ausente.
CADA UM FOI PARA SUA CASA (diz o fim do capítulo7)
Nicodemos aprendeu a verdade, estudando a Palavra quando diz: “Examina e verás”, e ele
fez exatamente isso. Qualquer pessoa que leia a Palavra e lhe obedeça move-se nas trevas
para a maravilhosa luz de Deus.

67
8
Seção

Eu sou a luz do mundo - (Farol que aponta)


Capítulo 8

Quando Jesus disse “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas
terá a luz da vida”, Ele estava fazendo uma clara afirmação de sua divindade, mostrando que
é o único capaz de romper as trevas do pecado e dar a luz da vida ao pecador (João 8:12).
Mas, no começo do Evangelho, João já afirmava que: Ali estava a luz verdadeira, que
ilumina a todo o homem que vem ao mundo. Jo1:9

Para trazer maior compreensão à encarnação do Verbo, esse versículo poderia


ser assim traduzido: “Essa é a verdadeira luz (Jesus) que veio ao mundo para
iluminar todos os homens”. Jesus se tornou homem para revelar a verdade a
todas as pessoas.
Os gregos jamais imaginariam que a “verdade” pudesse ser acessível a todos e
os romanos desprezavam os bárbaros (gregos), pois se consideravam uma raça
superior e os outros, raças inferiores sem lei. Cristo trouxe a luz a todos,
embora nem todos recebessem a Sua luz, pois nem todos creram nele.

Veja, depois que Jesus diz que é a luz do mundo, suas palavras são: ”quem me segue, nunca
andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12). Como nunca andar em trevas? Se Ele disse
isso, podemos imaginar que o mundo em que vivemos está em trevas, não de maneira física,
mas espiritual.
De fato, não é difícil concluirmos que esse mundo está em trevas. Basta sair às ruas. Basta
consultar a mídia. Basta conversar com as pessoas. O próprio evangelista João diz na sua
primeira carta que “o mundo todo está sob o poder do Maligno” 1 Jo 5.19 porque a
desobediência de Adão lá no Éden afastou todos os seres humanos de seu criador (morte
espiritual) e mergulhou todo o mundo em maldição (Gn 3). A criação passou a ser corrupta

68
e escravizada ao pecado. Em Gn 6.12, está escrito: “Viu Deus a terra, e eis que estava
corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra”.
Escuridão e trevas em quase toda a Bíblia, do AT ao NT, são sinônimo de pecado, de
desolação, de tristeza, de condenação:

Alguns exemplos no AT
O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam. Pv 4:19
E dizes: que sabe Deus? Porventura julgará ele através da escuridão? Jó 22:13
Ele põe fim às trevas, e toda a extremidade ele esquadrinha, a pedra da
escuridão e a da sombra da morte. Jó 28:3
Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á
aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é
porque não há luz neles. E passarão pela terra duramente oprimidos e
famintos; e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, então amaldiçoarão ao seu
rei e ao seu Deus, olhando para cima. E, olhando para a terra, eis que haverá
angústia e escuridão, e sombras de ansiedade, e serão empurrados para
as trevas. Is 8:19-22
Dai glória ao Senhor vosso Deus, antes que venha a escuridão e antes que
tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando vós luz,
ele a mude em sombra de morte, e a reduza à escuridão. Jr 13:16

Alguns exemplos no NT
E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.
Ef 5:11
E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o
seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois
herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento,
ainda que com lágrimas o buscou. Porque não chegastes ao monte palpável,
aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao sonido da
trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram pediram que se lhes não
falasse mais; Hb12:16-19
Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para
o dia do juízo, para serem castigados... Mas estes, como animais irracionais, que
seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não
entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo o galardão da injustiça; pois
que tais homens têm prazer nos deleites quotidianos; nódoas são eles e máculas,
deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco; tendo os olhos
cheios de adultério, e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes,
tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição; Os quais, deixando
o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que
amou o prêmio da injustiça; mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo
jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. Estes são
fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão
das trevas eternamente se reserva. 2 Pe 2:9-18

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Vemos assim que a escuridão e trevas são ruins, mas e a luz?
A luz aparece na Bíblia em diferentes contextos, mas na grande maioria das vezes aparece
como esperança, como guia para uma boa coisa, como salvação: Lâmpada para os meus pés é
tua palavra, e luz para o meu caminho. Sl 119:105
Quando o povo de Israel peregrinava pelo deserto, havia uma coluna de fogo que iluminava
e guiava os israelitas (Ex 13:21). Durante a Festa dos Tabernáculos, os judeus se lembravam
da coluna de fogo que os guiou pelo deserto até Canaã.
Também, quando o serviço religioso foi oficializado e regulamentado em Israel, dentro do
Santo Lugar no Tabernáculo havia um candeeiro de ouro puro com sete lâmpadas de
permaneciam acessas continuamente (Lv 24:1-9). Todos esses símbolos eram sinais que
apontavam para Cristo.
Quando Jesus ainda bebê, provavelmente com oito dias de nascido, foi levado para a
sinagoga, Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, despedes em
paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu
preparaste perante a face de todos os povos; Luz para iluminar as nações, E para glória de teu
povo Israel. Lc 2:28-32
Então a declaração de Jesus “Eu sou a luz do mundo” está completamente fundamentada nas
Escrituras.
A luz é um designativo para Deus frequente nos textos bíblicos
O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei Sl 27:1
O seu aspecto era como ardentes brasas de fogo, com uma aparência de
lâmpadas; o fogo subia e descia por entre os seres viventes, e o fogo
resplandecia, e do fogo saíam relâmpagos... Como o aspecto do arco que
aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em
redor. Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor Ez1:13;28
Deus veio de Temã, e do monte de Parã o Santo (Selá). A sua glória cobriu
os céus, e a terra encheu-se do seu louvor. E o resplendor se fez como a
luz, raios brilhantes saíam da sua mão, e ali estava o esconderijo da sua
força. Hb 3:3,4

Ou Seja, o AT diz que Deus é a luz e o NT, em João mostra que Jesus é a Luz do mundo, ou
seja, Jesus é Deus
Além disso, como vimos no finalzinho do capítulo 2, ao dizer “Eu sou a luz do mundo”, Jesus
aplica a si mesmo o nome de Deus revelado a Moisés (Êxodo 3:14). Isso significa que ao dizer
“Eu sou” Jesus estava afirmando explicitamente sua divindade. Por isso a frase “Eu sou a luz
do mundo” é tão significativa.
Jesus é a luz que brilha no meio da humanidade pecadora e merecedora do juízo de Deus. Ele
é a única luz que de fato pode iluminar aqueles que estão em trevas espirituais. Jesus é a luz

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que revela a salvação eterna aos pecadores redimidos que são feitos filhos de Deus. Paulo
escreve: Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na
luz; O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu
amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; O qual é
imagem do Deus invisível Cl 1:12-15.
Além disso, no futuro, na nova Jerusalém citada no livro de Apocalipse, nem de sol haverá
necessidade pois Jesus será a luz: E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada
nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre. Ap 22:5
Mas vamos entender as circunstâncias que Jesus afirmou ser a Luz do Mundo: envolvem um
grande contexto envolvendo os capítulos 8 e 9 do evangelho de João.
Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras. E pela
Onde Jesus estava no início do
manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha
capítulo 8?
ter com ele, e, assentando-se, os ensinava. Jo 8:1,2
PARTE1 -O que aconteceu? A E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher
história da mulher adultera apanhada em adultério Jo 8:3-11
Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz
PARTE2 - Então Jesus dialoga
do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas
com os escribas e fariseus
terá a luz da vida. Jo 8:12-58
Onde Jesus estava nesse Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas
dialogo? possivelmente já Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio
dentro do templo deles, e assim se retirou. Jo 8:59
PARTE3 - Jesus cura um cego
Todo capítulo 9
de nascença

PARTE1 – A história da mulher adúltera


É necessário colocar que não existe a mulher adúltera sem um homem adúltero, mas como
aconteceu?
E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e, pondo-a no meio,
disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos
mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o,
para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E,
como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem
pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, saíram um a um, a
começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. E,
endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão
aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus:
Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. Jo 8:3-11

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É interessante que essa conversa que Jesus tem com essa pecadora aconteceu antes dele
dizer que era a luz do mundo. Mas qual era o teor da conversa? Conversavam sobre luz? De
maneira nenhuma. Conversavam sobre pecado.
São várias as aplicações e ensinamentos que esse trecho pode ensinar e, de fato, adultério é
pecado, tanto que Jesus diz no final a mulher “vá e não peques mais”, mas talvez o maior
ensinamento foi que todos têm pecado. Aqueles judeus quiseram jogar com Jesus usando a
lei de Moisés escrito em Levítico: Se um homem cometer adultério com uma mulher casada,
com a mulher de seu próximo, o homem e a mulher adúltera serão punidos de morte. Lv 20:10
Mas Jesus conhecendo seus corações mostra que todos têm pecado. Logo em seguida João
diz que: Falou-lhes outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará
em trevas, mas terá a luz da vida. Jo 8:12
Mas todos haviam saído da cena do apedrejamento da mulher, então há de se imaginar que
entre Jesus livrar a mulher do apedrejamento e “falou-lhes outra vez”, foi para dentro da
sinagoga, pois lá no final desse capítulo 8 é relatado que Jesus ocultou-se, e saiu do templo.
Jo 8:59.
Com isso, imaginamos que houve a cena da mulher ao ar livre, depois foram todos saindo de
fininho e Jesus foi até o templo e lá começou seu discurso.

PARTE2 - O diálogo de Jesus com os escribas e fariseus no templo foi:


(a) Falou-lhes outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em
trevas, mas terá a luz da vida. Jo8:12
Embora, como já vimos, Jesus sendo Deus, sua palavra e agir estejam literalmente
imersas em luz e resplendor, Jesus estava nesse ponto falando de salvação. Ele
acabara de salvar da morte física por apedrejamento e espiritual a mulher adúltera.
Ele é a luz que expõe o pecado para salvar.

(b) A isso, os fariseus lhe disseram: Tu dás testemunho de ti mesmo; teu testemunho não é
digno de fé. Respondeu-lhes Jesus: Embora eu dê testemunho de mim mesmo, o meu
testemunho é digno de fé, porque sei de onde vim e para onde vou; mas vós não sabeis
de onde venho nem para onde vou. Vós julgais segundo a aparência; eu não julgo
ninguém. E, se julgo, o meu julgamento é conforme a verdade, porque não estou sozinho,
mas comigo está o Pai que me enviou. Ora, na vossa lei está escrito: O testemunho de
duas pessoas é digno de fé {Dt 19,15}. Eu dou testemunho de mim mesmo; e meu Pai, que
me enviou, o dá também. Jo8:13-18
Começa aqui um “julgamento” de Jesus pelos fariseus. Eles recorreram ao direito legal
para desafiar Jesus, pois nenhum homem podia testemunhar a favor de si mesmo ao
ser julgado pela corte judaica. Era necessário haver uma pessoa para testemunhar a
favor de Jesus, como João Batista, dizendo “Eu o conheço e Ele é mesmo a luz do
mundo por isso, isso e aquilo”, mas não havia.

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Quem podia dizer isso sobre Jesus? Ninguém, somente o próprio Jesus era o único que
podia testemunhar sobre quem Ele afirmava ser, mas para os fariseus isso não seria
suficiente para provar.
Mas Jesus usa a lei de Moisés contra os fariseus, citando Dt19:15 - Não será admitida
contra um homem somente uma testemunha, qualquer que seja o crime, falta ou
delito. Só se tomará a coisa em consideração sobre o depoimento de duas ou três
testemunhas e diz que ele e o Pai testemunhavam sobre Ele.
Jesus estava mostrando quem ele era, aos fariseus, usando a lei de Moisés.

(c) Perguntaram-lhe: Onde está teu Pai? Respondeu Jesus: Não conheceis nem a mim nem
a meu Pai; se me conhecêsseis, certamente conheceríeis também a meu Pai. Estas
palavras Jesus proferiu ensinando no templo, junto aos cofres de esmola. Mas ninguém
o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora Jo8:19-20.
Os fariseus não estavam realmente querendo saber onde estava o pai de Jesus. Em
Mateus eles já haviam dito: Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe?
Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Mt 13:55.
Essa pergunta era uma tentativa de dizer a Jesus que ele não era Deus, por isso Jesus
respondeu que eles não conheciam nem ele, nem o pai.

(d) E Jesus continuou: Eu me vou, e procurar-me-eis e morrereis no vosso pecado. Para onde
eu vou, vós não podeis ir. Perguntavam os judeus: Será que ele se vai matar, pois diz:
Para onde eu vou, vós não podeis ir? Ele lhes disse: Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima.
Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. Por isso vos disse: morrereis no vosso
pecado; porque, se não crerdes o que eu sou, morrereis no vosso pecado. Jo8:21-24.
Veja como os fariseus estavam desconectados com Jesus e Sua missão - A crença
judaica colocava o suicídio no mesmo nível do assassinato, porque Deus é o gerador
da vida, e ninguém pode tirar a vida de ninguém ou sua própria.
Mas é claro que Jesus não estava falando em suicídio, ele estava falando de sua morte
sacrificial, e que ninguém poderia ir para cruz levar todos os pecados do mundo. Jesus
podia porque ele não era daqui da terra, mas “lá de cima”, e completa: se não crerem
nisso, morrereis no vosso pecado.
Por não entenderem nada, ou mesmo, até entendendo, mas não querendo admitir que
Jesus era Deus, o Cristo prometido no AT, a luz do mundo, eles perguntam:

(e) Quem és tu?. Jesus respondeu: Exatamente o que eu vos declaro. Tenho muitas coisas a
dizer e a julgar a vosso respeito, mas o que me enviou é verdadeiro e o que dele ouvi eu
o digo ao mundo. Eles, porém, não compreenderam que ele lhes falava do Pai Jo8:25-27
Jesus não se omite, reafirma tudo que Ele falava, e que o que dizia, o fazia porque veio
de Deus, mas os fariseus não compreendiam.
(f) Jesus então lhes disse: Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis
quem sou e que nada faço de mim mesmo, mas falo do modo como o Pai me ensinou.
Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, porque faço sempre o que

73
é do seu agrado. Tendo proferido essas palavras, muitos creram nele. E Jesus dizia aos
judeus que nele creram: Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros
discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos livrará. Jo8:28-32
Aqui há uma outra conexão com o AT. Jesus é a serpente que foi levantada no deserto.
Muitas pessoas não entendem essa comparação porque o diabo se travestiu de
serpente no paraíso para enganar Adão e Eva, então dizem: Jesus não pode ser
comparado a uma serpente, MAS, isso não tem nada a ver.
As cobras são animais criados por Deus, como um leão ou um jacaré. O diabo não se
travestiu de nenhum desses últimos, nem por isso alguém vai brincar com um desses,
pois será devorado. O que também aconteceu no AT foi que ao peregrinar pelo deserto
do Egito para a Terra Prometida:
...o povo perdeu a coragem no caminho, e começou a murmurar contra Deus e
contra Moisés: "Por que, diziam eles, nos tirastes do Egito, para morrermos no
deserto onde não há pão nem água? Estamos enfastiados deste miserável alimento."
Então o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e mataram
muitos. O povo veio a Moisés e disse-lhe: "Pecamos, murmurando contra o Senhor e
contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós essas serpentes." Moisés intercedeu pelo
povo, e o Senhor disse a Moisés: "Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre
um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo." Moisés fez, pois,
uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma
serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida. Nm 21:5-9
Em João 3,14 é relembrada essa passagem: como Moisés levantou a serpente no
deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele
crer tenha a vida eterna. Jo 3:14,15. Aquela serpente era um símbolo do AT que
apontava para Jesus no NT.
Por isso que João faz a comparação: Jesus, como a serpente erguida no deserto, salva
quem o contempla, na cruz. Através da paixão de Cristo ganhamos a salvação,
gratuitamente. Por isso, em Jo 8-28, Jesus diz aos fariseus: Quando tiverdes levantado
o Filho do Homem, então conhecereis quem sou e que nada faço de mim mesmo, mas
falo do modo como o Pai me ensinou.
Voltando a falar na serpente de bronze que Moisés fez lá no AT, inicialmente era um
símbolo de Jesus que viria e era fonte de salvação, com o passar dos tempos a peça de
bronze se tornou objeto de idolatria (eis o perigo de se ter imagens dentro de casa,
mesmo de Jesus, pois além de ferir Êxodos 20, pode facilmente se tornar no coração
uma idolatria). Foi tanto que, no reinado do Rei Ezequias de Judá, ele despedaçou a
serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham até então
queimado incenso diante dela. (Chamavam-na Nehustã) 2 Rs 18:4
Então, em João 8, Jesus diz que Deus estava com ele e, nessa hora, muitos judeus
creram, por isso Jesus diz a famosa sentença: Se permanecerdes na minha palavra,
sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos livrará
Então, a soberba dos judeus não convertidos vem à tona, pois eles perguntam:

74
(g) Somos descendentes de Abraão e jamais fomos escravos de alguém. Como dizes tu: Sereis
livres? Jo8:33
Eles fazem essa pergunta a Jesus porque um verdadeiro Judeu daquela época tinha o
orgulho de se achar “povo santo, livre, escolhido por Deus” desde quando ainda eram
chamados de hebreus no AT com sua origem em Abraão. Então as palavras de Jesus
dizendo que eles precisavam conhecer a verdade (que era o próprio Jesus) para que
lhes fosse imputada liberdade era algo ofensivo.

(h) Então Jesus respondeu: Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega
ao pecado é seu escravo. Ora, o escravo não fica na casa para sempre, mas o filho sim,
fica para sempre. Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.
Jo8:34-36
Jesus aqui revela em que tipo de escravidão aqueles fariseus estavam metidos: A
escravidão do pecado, e que, somente o filho é capaz de libertar. A de se ter em mente
que um escravo não tem como se libertar sozinho. Ele pode até fugir, mas será um
escravo que fugiu. Para um escravo ter a liberdade ou alguém tem que decretar com
lei, ou alguém pagar seu preço, e foi isso que Jesus fez.
Mas nessa hora Jesus conhecia o coração daqueles fariseus, por isso diz:

(i) Bem sei que sois a raça de Abraão; mas quereis matar-me, porque a minha palavra não
penetra em vós. Eu falo o que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que aprendestes de vosso
pai. Nosso pai, replicaram os fariseus, é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se fôsseis filhos de
Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas, agora, procurais tirar-me a vida, a mim que
vos falei a verdade que ouvi de Deus! Isso Abraão não o fez. Vós fazeis as obras de vosso
pai. Retrucaram-lhe eles: Nós não somos filhos da fornicação; temos um só pai: Deus.
Jesus replicou: Se Deus fosse vosso pai, vós me amaríeis, porque eu saí de Deus. É dele
que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele quem me enviou. Por que
não compreendeis a minha linguagem? É porque não podeis ouvir a minha palavra. Vós
tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida
desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando
diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira, mas eu,
porque vos digo a verdade, não me credes. Quem de vós me acusará de pecado? Se vos
falo a verdade, por que me não credes? Quem é de Deus ouve as palavras de Deus, e se
vós não as ouvis é porque não sois de Deus Jo8:37-47
Como se pode observar, nessa sequência de discussão entre Jesus e os fariseus, o
tempo inteiro vemos os fariseus desfazendo das palavras de Jesus. Jesus diz que veio
do pai, que eles não conseguem compreender isso, mas na verdade tais fariseus
estavam sob a influência das trevas, e por isso Jesus assim o diz.

(j) Responderam então os judeus: Não dizemos com razão que és samaritano, e que estás
possesso de um demônio? Respondeu-lhes Jesus: Eu não estou possesso de demônio, mas
honro a meu Pai. Vós, porém, me ultrajais! Não busco a minha glória. Há quem a busque
e ele fará justiça. Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha palavra,
não verá jamais a morte. Jo8:48-51

75
Os judeus chamam Jesus de samaritano por várias razões, vamos entender a origem
desses povos e do ódio entre eles.

• O povo de Deus começa com Abraão (chamado de hebreu, que quer dizer “caminhante”, daí
surgiu o nome povo hebreu) teve Isaque que teve Jacó (depois chamado de Israel, daí a
origem do nome Israelitas);
• Jacó teve duas esposas (Lia e Raquel) e duas concubinas (Bila e Zilpa), tenho 12 filhos
Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim, líderes
das famosas Doze Tribos de Israel.
• Depois do cativeiro do Egito, da libertação com o líder Moisés (que era da tribo de Levi),
essas tribos juntas, com um único propósito, invadem e ocupam a terra de Canaã, e vivem
o tempo inteiro sob ameaças de novas guerras com os povos conquistados.
• Havia desentendimento entre as tribos sim, mas normalmente eles resolviam os problemas
entre si. Por isso, mais ou menos em 1300 aC houve o período dos juízes no AT, onde eles
nomearam pessoas para decidir as questões do povo. Foram eles: Otniel, Eúde, Sangar,
Débora, Gideão, Tola, Jair, Jefté, Ibsã, Elom, Abdom, Sansão, Eli e Samuel.
• Depois desse período dos Juízes, as tribos se achavam descentralizadas e havia a ameaça
de invasão do povo filisteus (Golias por exemplo, era um gigante filisteu), por isso eles
pedem a nomeação de um Rei. Samuel (o último Juiz), não gosta da ideia, mas nomeia Saul
(da tribo de Benjamim) como Rei.
• Naquela época, existiam três funções que não podiam se misturar: A do Rei, comandante do
exército, a do Profeta que falava em nome de Deus e a do Sacerdote, que faria os holocaustos
à Deus. Saul quis realizar as três funções, tanto que ele ofereceu um sacrifício sem
autorização (1 Samuel 13). Por isso, Deus não se agradou dessa posição de Saul, pois
somente haveria um, no futuro, que faria aglomeraria as funções de ser Rei, Sacerdote e
Profeta: Jesus, por isso, Deus mandou nomear o Rei Davi (que era da tribo de Judá).
• O Rei Davi foi amado pela maioria de seus súditos, fez um monte de besteira mas tinha um
coração segundo a vontade de Deus, que sabia pedir perdão ao Senhor. Davi reinou até
morrer velho e assumiu o reinado seu filho Salomão que, dentre tantas coisas que poderia
pedir ao Senhor, pediu sabedoria. A Bíblia relata que “Deus deu a Salomão a sabedoria, uma
inteligência penetrante e um espírito de uma visão tão vasta como as areias que estão à
beira do mar. Sua sabedoria excedia a de todos os orientais e a de todo o Egito. Ele era o
mais sábio de todos os homens 1 Rs 4:29-31”.
• O problema foi quando Salomão morreu, e seu filho chamado Roboão assumiu. Ele não
tinha o mesma carisma e sabedoria do pai, não soube escutar as queixas do povo que queria
ser aliviado com diminuição dos impostos e as tribos que viviam no norte de Jerusalém
exigiam o fim dos trabalhos forçados.
Quando o Rei Roboão não aceita, acontece um racha. É claro que sempre houve invejas,
brigas internas e desequilíbrio financeiro entre as tribos (algumas eram melhor sucedidas
que outras), mas sempre havia um certo respeito e na hora que precisavam se juntavam;
entretanto nesse momento foi diferente, foi mais sério.
• Em mais ou menos 950 aC houve a real divisão entre o Reino do Norte e o Reino do Sul. Pela
primeira vez na história de Israel, as tribos dos patriarcas estavam divididas.
O Reino do Sul (também conhecido como Reino de Judá) era composto por 2 tribos (Judá
e Benjamim) continuou tendo Jerusalém como sua capital política e religiosa conforme

76
estabelecido pelo rei Davi. Esse Reino foi invadido pelo Rei Nabuconodosor da Babilônia
que o domina em 598 aC. Como estavam na região da Jdéia, esses Israelitas começaram a
ser conhecidos como Judeus.
O Reino do Norte (também conhecido como Reino de Israel) era composto por 10 tribos
(Rúben, Simeão, Levi, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom e José – subdividida nas
tribos de Efraim e Manassés) ficou estabelecido na região das cidades de Sicar e Samaria.
Esse Reino foi invadido pelo Rei Assírio Sargão II que o domina em 722 aC. Como estavam
na região de Samaria, esses Israelitas começaram a ser conhecidos como Samaritanos.

• Os dois reinos, em diversas ocasiões, pecaram contra Deus; mas a situação do Reino do
Norte acabou sendo pior. O Reino do Norte teve uma série de reis ímpios que fizeram aquilo
que era mau perante o Senhor. Esses reis conduziram o povo a uma vida de pecado. A
divisão foi muito séria porque as 10 tribos do Norte fizeram duas coisas muito sérias para
cultura e religiosidade dos Israelitas:
(1) as pessoas começaram a se casar com outros povos (o que a lei de Moisés não permitia
“Quando o Senhor, teu Deus, te tiver introduzido na terra que vais possuir, e tiver despojado
em teu favor muitas nações, os heteus, os gergeseus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus,
os heveus e os jebuseus, sete nações maiores e mais poderosas do que tu... não contrairás
com elas matrimônios Dt7:1-3”), assim começou a mistura de raças;
(2) para não ir para Jerusalém, eles edificaram seu próprio templo de adoração no Monte
Gerizim (mais ou menos 140 km ao norte de Jerusalém) e tiveram seus próprios sacerdotes.
Não apenas fizeram esse novo templo, mas também passaram a considerar a adoração no
Templo em Jerusalém inapropriada alegando, inclusive, que o Monte Gerizim era o único
local correto de adoração designado por Deus a Moisés; ao invés do Monte Sião.
Por sua vez, quando os Judeus foram libertos pelo Rei Ciro da Pérsia, eles receberam
permissão para reconstruir o Templo e os muros da cidade de Jerusalém. Os samaritanos
se apresentaram a Zorobabel querendo ajudar na reconstrução do Templo, mas foram
negados e começaram a fazer grande oposição e atrasaram a obra (Esdras 4:2-5). Também
quando Neemias começou a reconstruir os muros de Jerusalém, um de seus maiores
opositores foi Sambalate, o governador de Samaria à época (Neemias 2:10,19; 4:1; 6:1).
A rivalidade entre judeus e samaritanos aumentou ainda mais quando Esdras e Neemias
procuraram enfatizar o zelo pela pureza do povo judeu remanescente do cativeiro.

77
Também naquele tempo o neto do sumo sacerdote se casou com a filha de Sambalate, e
Neemias o expulsou. Neemias queria limpar o povo de toda influência estrangeira que
pudesse perverter a adoração a Deus (Neemias 13:28-30).
• Ou seja, Judeus e Samaritanos eram descendentes das doze tribos de Israel, povo que
recebeu as tábuas da Lei por Moisés e agora estavam em lados opostos.

Quando os judeus discutindo com Jesus dizem que Ele era Samaritano e estava
possesso, eles estavam negando completamente a divindade de Jesus.
Negando porque todos os judeus sabiam que (a) o Cristo prometido viria da tribo de
Judá, e os Samaritanos não eram da tribo de Judá, (b) nenhum ser humano consegue
seguir 100% a lei de Moisés, mas no caso dos samaritanos reconhecidamente todos
sabiam que eles não seguiram, (c) uma pessoa de Deus não pode ser possuída por
demônios (somente sugestionada).
Jesus rebate suas acusações, mas não fala nada contra os Samaritanos, porque sabia
que todos, sem exceção carecem de salvação.

(k) Quando Jesus disse que se alguém guardasse Sua palavra não veria a morte, os Judeus
disseram: Agora vemos que és possuído de um demônio. Abraão morreu, e também os
profetas. E tu dizes que, se alguém guardar a tua palavra, jamais provará a morte... És
acaso maior do que nosso pai Abraão? E, entretanto, ele morreu... e os profetas também.
Quem pretendes ser? Jo8:52-53
Respondeu Jesus: Se me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; meu Pai é
quem me glorifica, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus e, contudo, não o conheceis.
Eu, porém, o conheço e, se dissesse que não o conheço, seria mentiroso como vós. Mas
conheço-o e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver
o meu dia. Viu-o e ficou cheio de alegria. Jo8:54-56
Pronto, aí Jesus tocou em seus orgulhos: Disse que conhecia o pai, que eles não
conheciam (e isso era tudo que um fariseu garantia que sabia) e Jesus disse mais, que
Abraão exultou em ver Seu dia (quando Abraão ofereceu Isaque e Deus o poupou
providenciando um animal substituto Gn22, ali, Abraão viu o dia do Senhor Jesus, que
não foi poupado na cruz) – Isso foi demais para os fariseus.
(l) Então os judeus retrucaram para Jesus: Não tens ainda cinquenta anos e viste Abraão!
E então Jesus encerra a conversa com eles: Em verdade, em verdade vos digo: antes que
Abraão fosse, eu sou. A essas palavras, pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus,
porém, se ocultou e saiu do templo. Jo 8:57-59
Quando Jesus disse “EU SOU”, ele se declarou ser completamente Deus, e isso para os
judeus fariseus era inaceitável... alguém se declarar ser Deus era para eles uma
blasfêmia, por isso pegaram pedras para apedrejá-lo.
Antes tinham pegado em pedras para apedrejar uma mulher, agora para apedrejar o
próprio Jesus.

78
PARTE3 – Então Jesus sai do templo e cura um cego de nascença.
Caminhando, viu Jesus um cego de nascença. Os seus discípulos indagaram dele: Mestre, quem
pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem este pecou nem
seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus. Enquanto for dia, cumpre-
me terminar as obras daquele que me enviou. Virá a noite, na qual já ninguém pode trabalhar.
Por isso, enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Dito isso, cuspiu no chão, fez um
pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. Depois lhe disse: Vai, lava-te na
piscina de Siloé {esta palavra significa emissário}. O cego foi, lavou-se e voltou vendo. Jo 9:1-7

Essa cura é significativa, pois Jesus sendo a luz do mundo, faz um cego de nascença enxergar
a luz natural e depois enxergar Ele próprio, o Salvador.
Vejam bem, naquela época a medicina era muito pouco desenvolvida, então às vezes uma
pessoa tinha perdido a visão por uma doença e alguém colocava um unguento ou coisa
parecida e a pessoa era curada. Ora, na verdade alguém sem saber tinha usado um remédio,
e aquilo se passava por um milagre.
No caso desse milagre, que João chama de sinal, é um milagre de fato pois o cego tinha algum
defeito genético, e Jesus recupera. Então, corretamente João chama de sinal, pois era um
milagre, sinal que Jesus era Deus, e todos sabiam que somente Deus poderia fazer esse
milagre.
Aqui Jesus ensina que, ao contrário ao que muitas religiões preconizam, o cego nasceu cego
não para pagar algum karma (porque temos apenas uma vida, não existe reencarnação), nem
seus pais pecaram antes.
A Bíblia relata que a natureza que Deus criou perfeita foi deformada pelo pecado de Adão e
Eva. Paulo escreve: Pois a criação foi sujeita à vaidade {não voluntariamente, mas por vontade
daquele que a sujeitou}, todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da
corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a
criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós,
que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção
do nosso corpo. Porque pela esperança é que fomos salvos Rm 8:20-24
Infelizmente alguns nascem com defeitos genéticos e isso não é culpa ou pecado de ninguém
especificamente, mas do pecado original, infiltrado na natureza.
É tão interessante o desenrolar desse sinal porque os Judeus sabiam que somente Deus
poderia fazer tal milagre e teriam que admitir ser Jesus Deus, a luz do mundo, então tentam
de todas as formas esconder o milagre de todos.

Os fariseus indagaram ao que fora cego de que modo ficara vendo. Respondeu-lhes:
Pôs-me lodo nos olhos, lavei-me e vejo. Diziam alguns dos fariseus: Este homem não
é o enviado de Deus, pois não guarda sábado. Outros replicavam: Como pode um
pecador fazer tais prodígios? E havia desacordo entre eles. Jo 9:13-16

79
Mas os judeus não quiseram admitir que aquele homem tivesse sido cego e que
tivesse recobrado a vista, até que chamaram seus pais. E os interrogaram: É este o
vosso filho? Afirmais que ele nasceu cego? Pois como é que agora vê? Seus pais
responderam: Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego. Jo9:18-20

Tornaram a chamar o homem que fora cego, dizendo-lhe: Dá glória a Deus! Nós
sabemos que este homem (os fariseus falando de Jesus) é pecador. Disse-lhes ele: Se
esse homem é pecador, não o sei... Sei apenas isto: sendo eu antes cego, agora vejo.
Jo9:24,25

Nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés, mas deste não
sabemos de onde ele é. Respondeu aquele homem: O que é de admirar em tudo isso
é que não saibais de onde ele é, entretanto ele me abriu os olhos. Sabemos, porém,
que Deus não ouve a pecadores, mas atende a quem lhe presta culto e faz a sua
vontade. Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de
nascença. Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer nada. Responderam-
lhe eles: Tu nasceste todo em pecado e nos ensinas?... E expulsaram-no. Jo 9:28-34

Jesus soube que tinham expulsado o ex-cego e, havendo-o encontrado, perguntou-


lhe: Crês no Filho do Homem? Respondeu ele: Quem é ele, Senhor, para que eu creia
nele? Disse-lhe Jesus: Tu o vês, é o mesmo que fala contigo! Creio, Senhor, disse ele.
E, prostrando-se, o adorou. (isso é significativo, pois um Judeus, ainda que cego,
somente prestava culto à Deus, quando esse ex-cego se ajoelhou, ele estava
conversando ser Jesus Deus)

Tanto tentam esconder o milagre que expulsam o ex-cego de onde eles estavam para ninguém
ver o milagre. Jesus diz: Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não veem
vejam, e os que veem se tornem cegos. Alguns dos fariseus, que estavam com ele, ouviram-no e
perguntaram-lhe: Também nós somos, acaso, cegos?... Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos,
não teríeis pecado, mas agora pretendeis ver, e o vosso pecado subsiste. Jo 9:35-41
Ou seja, Jesus termina o capítulo 9 dizendo que ele estava ali para que todos enxergassem
ser Ele o próprio Deus encarnado, Deus Emanoel. Ele é o FAROL QUE APONTA PARA A
SALVAÇÃO. Ele é a luz do mundo, farol que da mesma forma que ilumina o pecado (no sentido
de nos abrir os olhos, revelando que cada um de é pecador), ele é a própria luz, o salvador,
que ofusca o pecado, pecado que deve ser reconhecido e deixado... “Vá, e não peques mais”.

80
r

9
Seção

Eu sou a porta das ovelhas e o bom pastor


(Passagem e Cuidador)

Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe
por outra parte, é ladrão e salteador. Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este
o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz à
pastagem. Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas
seguem-no, pois lhe conhecem a voz. Mas não seguem o estranho; antes fogem dele, porque
não conhecem a voz dos estranhos. Jesus disse-lhes essa parábola, mas não entendiam do que
ele queria falar. Jesus tornou a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das
ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não
os ouviram. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e
encontrará pastagem. O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que
as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom
pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. Jo10:1-11

81
1) A questão de Jesus ser porta: Para entrar em Jerusalém existiam 12 portas descritas no AT,
conforme se pode verificar na tabela a seguir:

Portas Comentário
Estava próxima ao tanque de Betesda, e por ela entravam as ovelhas para
o sacrifício e ali eram lavadas na piscina para serem assim purificadas e
Porta das Ovelhas conduzidas ao templo.
Citada por Neemias: …os sacerdotes, e edificaram a porta das ovelhas, a
qual consagraram, e lhe assentaram os batentes…Ne 3:1
Os seres humanos simbolicamente são peixes que precisam ser pescados,
então se trata da necessidade do evangelismo. Jesus disse para Pedro: Não
Porta dos Peixes temas; de agora em diante serás pescador de homens. Lc5:10
Citada também por Neemias: Os filhos de Hassenaá edificaram a porta dos
peixes. Ne 3:3
Há muitas inovações nas igrejas hoje em dia. O Evangelho está aceitando
remendos que não vem de Deus. Há muitas doutrinas que estão
penetrando no mundo evangélico, mas não deveriam.
Esta porta nos fala de um caminho antigo que é o caminho do qual falou o
Profeta Jeremias: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas
Porta Antiga
antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as
vossas almas. Jr 6:16
Para se manter no caminho correto, a igreja não deveria aceitar algumas
“modernidades”, pois “porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que
conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” Mt 7:13
Às vezes passamos por situações difíceis na nossa vida. O Salmos 23, que
diz: Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal
algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam Sl
23:4, ilustrando a necessidade de confiarmos em Deus quando estivermos
Porta do Vale
“passando pelo vale”, em tempo de angústia, representado pela porta do
vale, nos muros de Jerusalém.
Citada por Neemias: A porta do vale, repararam-na Hanum e os moradores
de Zanoa; estes a edificaram Ne3:13
Essa porta era utilizada para a limpeza da cidade de Jerusalém. Era por
onde o lixo era jogado fora. E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor
é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o
inferno, para o fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre, e o
fogo nunca se apaga. Mc 9:43,44 - Esses versos estão ilustrados no vale de
Porta do Monturo Hinom, onde o lixo da cidade era depositado. Colocava-se fogo nesse lixo
que por conter material orgânico, as moscas pousavam e deixavam ovos
que mais tarde se transformavam em larvas. Era um fogo constante, que
não se apagava
Citada por Neemias: A porta do monturo, reparou-a Malquias, filho de
Recabe… Ne 3:14
Essa porta servia para ilustrar que aquele que crê em Jesus e aceita que Ele
reine em sua vida, a fonte da água da vida estará com ele. Jesus disse: Mas
aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que
Porta da Fonte eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. Jo
4:14
Ficava próxima ao tanque de Siloé, onde Jesus curou um cego de nascença.
E aparece no Evangelho de João, falando com a mulher samaritana.

82
Estava localizada próxima aos estábulos do rei. A saída dos cavalos para a
guerra se dava por esse portão. O cavalo é símbolo de guerra e de
julgamento. Em Ap 19:11 João diz: E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco;
Porta dos Cavalos e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e
peleja com justiça.
Citada por Neemias: Para cima da porta dos cavalos fizeram os reparos os
sacerdotes, cada um defronte da sua casa Ne 3:28
Foi fechada pelos Muçulmanos em 810 dC, e depois reaberta pelos
Cruzados em 1102 dC. Posteriormente o General Muçulmano Saladino
mandou selar esta porta, após a sua conquista de Jerusalém, em 1187 dC.
Fizeram isso porque acreditavam que quando o Messias Judeu viesse, não
poderia entrar pela porta dourada, assim a profecia que está em Ezequiel
Porta Dourada
44:1, não seria cumprida. O que Saladino não sabia, ou não entendeu é que
Oriental
a profecia já se cumpriu quando Jesus passou por essa porta quando se
dirigiu ao tanque de Betesda para curar o paralítico de Betesda. E o
próprio Saladino estava cumprindo a profecia no versículo2: Este pórtico
ficará fechado. Ninguém o abrirá, ninguém aí passará, porque o Senhor,
Deus de Israel, aí passou; ele permanecerá fechado. Ez 44:2
A porta da inspeção era onde o rei Davi se encontrava com as suas tropas
para as examinar, para ver se elas estavam prontas para o combate.
Porta da Inspeção
Um dos princípios bíblicos é o auto-exame. Examine-se, pois, o homem a si
mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.1 Co 11:28
“Palal, filho de Uzai, reparou defronte da esquina e a torre que sai da casa
real superior, que está junto ao pátio da prisão”. Neste pátio o profeta
Porta do Pátio do
Jeremias esteve preso (Jr 32.2). Espiritualmente simboliza “as cadeias” ou
Cárcere
“prisões” que imobilizam o pecador. As prisões podem ser quebradas pelo
poder de Deus (At 16.26).
Essa porta da atribuição, no aspecto espiritual, nos fala da “comissão
divina”, da definição de atribuições ao seu povo! A grande comissão do
Senhor Jesus para seus discípulos nós encontramos nos Evangelhos (Mt
Porta de Mifcade
28.18-20).
[Atribuição]
Citado em Neemias: “Depois dele, trabalhava Melquias, que pertencia à
turma dos ourives, até a casa dos natineus e dos negociantes, diante da
porta de Mifcad até o quarto da esquina. Ne 3:31”.
Efraim significa “fruto dobrado”. Porção dobrada da herança era um
direito de primogenitura (Hb 12.12). Citado em Neemias: “Saiu, pois, o
Porta de Efraim povo, e de tudo trouxeram, e fizeram para si cabanas, cada um no seu
terraço, e nos seus pátios, e nos átrios da casa de Deus, e na praça da porta
das águas, e na praça da porta de Efraim Ne 8.16”
Fonte: Valente (2009); Silva(2021)

Mas no texto de João 10, Jesus diz ser a Porta das ovelhas. Essa porta tem um sentido todo
especial porque ela ficava próximo ao tanque no qual descia um anjo, o tanque de Betesda, e
era por onde as ovelhas e os cordeiros eram levados para o sacrifício no Templo.
Jesus é a porta e só passando por Ele seremos salvos. A salvação não vem pelas nossas forças,
pelo nosso esforço, pelas nossas boas obras: a salvação é Cristo. Jesus é o cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo, que passou pela porta fisicamente, e foi imolado em nosso lugar.
“Eu Sou a Porta das ovelhas, se alguém entrar por mim será salvo” (Jo 10,9)

83
2) A questão de Jesus ser o Bom Pastor
Veja que maravilha: Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; Ele a é porta
onde passavam as ovelhas para serem lavadas e sacrificadas e nesse ponto ele foi a “ovelha”
que morreu por nós, e assim nos livrou da morte; mas tem ainda mais uma coisa, Ele é o
pastor das ovelhas, não apenas o pastor, mas o BOM PASTOR.
E quem são essas ovelhas? Nós, se quisermos, se aceitarmos e ouvirmos a voz do Bom Pastor.
Veja como se sentem as pessoas sem um pastor como Jesus: “Ao ver as multidões, teve
compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor. Então
disse aos seus discípulos: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos Mt9:36-38”
Vamos entender a questão de sermos ovelhas:
A ovelha é um animal bastante ingênuo e muito medroso.
• Basta que ela não sinta o cheiro do pastor para que fique trêmula de medo e no auge
do medo pode sair correndo sem direção e se torna presa fácil dos predadores.
Quando ela sente a chegada do lobo fica apavorada, não sabe como se defender e é
devorada facilmente pelo lobo;
• Incrivelmente ela não sabe discernir a erva boa e a venenosa para comer. O pastor
tem que ir na frente, retirando aquelas que podem envenená-la;
• É tão boba que moscas perturbam rodeando a sua cabeça, ela acaba ficando
desnorteada e sai correndo. Quando uma ovelha corre a outra fica apavorada e vai
atrás. É preciso que o pastor molhe a cabeça dela com óleo para afastar os mosquitos;
• Ela come o dia inteiro e de noite fica com o estômago muito cheio (que é o maior órgão
interno dela), tomando conta da maior parte da caixa torácica. Durante a noite
brincam de dar cabeçadas e normalmente caem no chão. Se caírem com as patas para
cima, não conseguem se levantar sozinhas e se não for erguida dentro de uma hora,
ela morrerá asfixiada.
Deus criou todos os animais, com algum tipo de defesa especial. A cobra, o cachorro, o leão,
todos têm defesas, mas a ovelha é um animal que não possui defesa alguma, ela é totalmente
vulnerável, por isso fica no fim da cadeia alimentar, não sabe como se defender, não tem
habilidades de luta. O máximo que ela faz é se defender dando cabeçada.
Por isso que Davi, que antes de ir combater contra Golias disse ao Rei Saul: Teu servo
apascentava as ovelhas de seu pai; e quando vinha um leão e um urso, e tomava uma ovelha
do rebanho, eu saía após ele e o feria, e livrava-a da sua boca; e, quando ele se levantava
contra mim, lançava-lhe mão da barba, e o feria e o matava. 1 Sm 17:34,35.
Davi era um Bom Pastor de ovelhas reais e lutou contra Golias em nome do Senhor do
Exércitos. Nós somos essas ovelhas que para se salvarem do perigo precisam de um pastor;
Jesus é o Bom Pastor espiritual que cuida e protege.

84
Podemos aprender com o capítulo 10 de João quem é Jesus, quem é o diabo e quem somos
nós.
Jesus é o Bom Pastor O ladrão (o diabo) As Suas ovelhas (nós)
Ele dá sua vida pelas suas Ele não tem cuidado com as
Elas creem em Jesus, que foi o
ovelhas. Significa um amor ovelhas. Significa que ele não
primeiro passo para se
extremo, radical. Jesus deu a tem amor. Quer apenas tirar
tornarem ovelhas dele (v. 26)
sua vida por nós (v 11) proveito
Ele não é um verdadeiro
Ele conhece intimamente cada
pastor no sentido de cuidar e Ouvem a voz de Jesus, o que
uma de suas ovelhas; Ele sabe
se importar; só trabalha pelo significa que obedecem a ele
tudo a nosso respeito (v. 14)
salário
Ele é conhecido pelas suas
Numa situação de perigo ele
ovelhas, ou seja, ele se revela a Elas seguem a Jesus, isso
abandona as ovelhas, foge e
nós. Esse nível de significa que são discípulos
deixa que elas sejam
conhecimento deve ser tão dele (v. 27) e discípulo segue
destruídas pelo lobo (diabo),
profundo quanto o Pai seu mestre de livre e
porque não se importa e só
conhece Jesus e Jesus conhece espontânea vontade.
trabalha por dinheiro
o Pai (v. 14-15)
Ele dá a vida eterna para as Ele não é proprietário das Somos propriedades de Jesus,
suas ovelhas (v. 28) ovelhas; elas pertencem ao Pai e Ele cuida de nós
A grande diferença entre o
Enfim, Jesus compara seus
Ele protege as suas ovelhas – bom pastor e o ladrão é que o
seguidores com ovelhas, e
ninguém as arrebatará de sua bom pastor ama suas ovelhas,
compara a si mesmo com o
mão (v. 28) deseja cuidar delas, dá a vida
Bom Pastor
por elas.
Fonte: Garcia(2021b)

Inspirado por Deus, o Rei Davi escreveu o Salmo talvez mais conhecido da Bíblia. Davi havia
sido pastor quando era jovem. Ele conhecia as necessidades das ovelhas e as
responsabilidades de um pastor. Além disso, Davi tinha sentido o cuidado de Deus em sua
vida, então escreveu o que tem sido chamado de “um salmo de garantia ou confiança”,
fazendo alusão às ovelhas e ao Pastorado de Deus nas nossas vidas:
O Senhor é o meu pastor e de nada sinto falta. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me
mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça,
por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria
mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma
mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu
cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias
da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias. Sl 23:1-6.

Em hebraico, a primeira frase tem apenas duas palavras: “Javé Rohi” e uma tradução literal
seria: “Senhor, pastor de mim”, e isto resume todo o salmo, pois é como se fosse uma

85
confissão de fé. Tudo o que se segue depois são desenvolvimentos lindos, consequências
dessa afirmação básica.
Aqui a palavra “pastor” significa “cuidador”, “guardador”, “guia”, “provedor”. Na língua
hebraica esta frase é marcada por grande delicadeza e refinamento: é algo muito pessoal. É
uma proximidade espiritual impressionante, coisa que nenhuma outra religião poderia
admitir — intimidade com Deus.
Davi aponta para “deitar em verdes pastos” e fala de “águas tranquilas” porque qualquer
perturbação ou intruso assusta as ovelhas. Elas não conseguem deitar-se a não ser que se
sintam totalmente seguras. Verdes pastos e águas tranquilas são tudo que qualquer ovelha
ou pessoa sonha para descansar.
Quando Davi fala de “Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do
seu nome” ele sai do foco das ovelhas e olha para ele próprio, para o ser humano, porque
ficamos tranquilos quando a justiça é correta, e é correta por amor a Ele. Nesse sentido, as
ovelhas conhecem seu Pastor e são por Ele conhecidas e amadas (Jo 10.14). Os atos amorosos
do Pastor provêm de Sua natureza.
Depois de declarar e pedir que o Senhor cuide, Davi externa a Deus seu medo, mas de forma
tranquila, porque confia na Sua proteção, mesmo que “ande no vale da morte”, ou seja, ele
está dizendo que ainda que muita coisa ruim aconteça perto dele, mal algum vai suceder
porque Deus é seu cuidado e provisão.
Por isso Davi não tem medo de nada, nem de escuridão e nem de ansiedade, as quais por
mais profundas que pareçam, não o dominarão, porque o Senhor o protege, assim como um
pastor protege suas ovelhas, lutando contra animais ferozes.
O pastor não é apenas guia e provedor, mas a presença do pastor afugentava o medo das
ovelhas quando precisavam atravessar lugares perigosos e escuros. Esta é também a nossa
experiência quando passamos por momentos de angústia, doenças, problemas emocionais,
dificuldades econômicas, tristeza e luto. Ele estará conosco em todas estas experiências e é
o único que poderá nos amparar.
Quando o Salmo propõe preparar um banquete na frente dos inimigos, não se trata de uma
zombaria, mas o salmista descreve Deus como um anfitrião que recebe a nós com todas as
honras para um banquete. Seus inimigos podem até nos ver, porque estamos sob Sua
proteção.
A unção da cabeça com óleo tem dois sentidos: (1) o pastor passava óleo na cabeça de suas
ovelhas para afugentar as moscas e, (ii) na época era uma prática de boa hospitalidade; na
passagem de Lucas7, falando com Pedro sobre uma mulher pecadora, Jesus disse:

E voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa e
não me deste água para lavar os pés; mas esta, com as suas lágrimas, regou-me os
pés e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste o ósculo; mas esta, desde que
entrou, não cessou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas
esta, com perfume, ungiu-me os pés. Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe
foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor Lc 7:44-47)

86
Voltando ao Salmo 23, quando Davi faz referência ao cálice transbordar é uma figura de
abundância, felicidade e plenitude. Nada pode ser mais elevado e precioso na vida do que ter
um relacionamento próximo com Deus.
Finalmente, o Salmo 23 acaba falando de casa… o Salmista diz que morará todos os dias com
o Senhor. Essa deve ser a missão, o sonho de cada um, viver pelo resto da vida em comunhão
com Deus.
Quando a Bíblia diz que Jesus deu a vida por suas ovelhas, é porque se alguém não fizesse
isto todas as ovelhas estariam perdidas, pois não têm como se defender sozinhas. Sem Jesus,
o nosso Pastor, não somos nada, ficamos indefesos, não sabemos para onde ir, o que fazer,
mas Ele sempre nos leva aos pastos verdejantes
Por tudo isso, Jesus é a porta, uma PASSAGEM onde devemos passar. Ele é a passagem da
morte para vida, Ele se fez cordeiro em nosso lugar; ao mesmo tempo,
Ele é o bom pastor, o CUIDADOR, que nos alimenta, protege, afugenta os perigos físicos e
espirituais.

87
10
Seção

Eu sou a ressurreição e a vida


(Transportador para uma nova vida)

O trecho mais significante do Evangelho de João sobre Jesus ser a ressurreição e a vida
é o Capítulo 11: A Ressurreição de Lázaro: O sinal final é a Ressurreição de Lázaro, um
homem que estava morto há quatro dias. A história mostra o poder de Jesus sobre a
morte e a sua prontidão para conferir o dom da vida. Jesus fala de si mesmo como “a
ressurreição e a vida”; a morte não pode derrotá-lo. Ele traz vida aos mortos, coisa
que somente Deus pode fazer. Essa é a completa revelação que Jesus é Deus.

(1) Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta. Maria era quem
ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe enxugara os pés com os seus cabelos. E
Lázaro, que estava enfermo, era seu irmão. Suas irmãs mandaram, pois, dizer a Jesus:
Senhor, aquele que tu amas está enfermo. Jo11:1-3
Betânia era um pequeno vilarejo ao sul do monte das Oliveiras que ficava a cerca de
3 Km de Jerusalém. Esse aviso de Marta e Maria que Lázaro estava doente era uma
forma educada de pedir ajuda a Jesus, pois elas já tinham fé que Ele poderia curá-lo.

(2) Quando deram o recado a Jesus Ele disse: Esta enfermidade não causará a morte, mas
tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus. Ora, Jesus
amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro. Mas, embora tivesse ouvido que ele estava
enfermo, demorou-se ainda dois dias no mesmo lugar. Depois, disse a seus discípulos:
Voltemos para a Judéia. Mestre, responderam eles, há pouco os judeus te queriam
apedrejar, e voltas para lá? Jo11:5-8

88
A resposta de Jesus já mostrava que Ele ia usar a situação para provar que Ele era
Deus. Ele esperou mais dois dias para que, de fato, Lázaro morresse e todos
soubessem que tinha morrido.

(3) Jesus respondeu: Não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não tropeça,
porque vê a luz deste mundo. Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a luz.
Jo11:9-10
Mais uma vez Jesus faz referência que Ele é a luz que ilumina, e quem com Ele anda
não tropeça.
(4) Depois destas palavras, ele acrescentou: Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-
lo. Disseram-lhe os seus discípulos: Senhor, se ele dorme, há de sarar. Jesus, entretanto,
falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse do sono como tal. Então Jesus lhes
declarou abertamente: Lázaro morreu. Alegro-me por vossa causa, por não ter estado
lá, para que creiais. Mas vamos a ele. A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus
condiscípulos: Vamos também nós, para morrermos com ele. Jo 11:11-16.
Jesus diz que Lázaro dormia, e a Bíblia usa o verbo “dormir” em várias passagens para
se referir à morte (Gn 47:30; Mt27:52; 1Ts4:13). Nesse caso é uma belíssima
explicação que existe a morte física nesse mundo (isso nem é preciso dizer, pois todos
sabemos), mas para os santos essa morte é temporária, como um sono, pois
acordaremos no paraíso com Jesus. A morte como um sono pertence aos que creem
em Jesus, pois é uma plena consciência da vida eterna (Fp 1.23).
Quando Jesus disse que se alegrava com isso, não era com a morte, pois ele mesmo
veio para vencer a morte, morte é coisa ruim, mas Jesus estava feliz pela chance que
os discípulos teriam de testemunhar um milagre extraordinário. Por isso Jesus diz:
“Vamos a ele”(Lázaro).
Interessante a posição de Tomé, que é bastante conhecido por sempre demonstrar fé
e incredulidade ao mesmo tempo. Em todas as vezes que Tomé é citado na Bíblia
mostra que ele estava sempre dedicado a Jesus, mas também tinha a tendência de
olhar para o lado ruim das coisas. Veja, Jesus disse “vamos lá onde Lázaro está”, porém
o que Tomé pensa é que “Vamos nós também, para morrermos com ele”.
Enquanto Jesus via uma oportunidade para a fé de Tomé crescer, Tomé via apenas a
possibilidade da morte. Contudo, por causa da lealdade que dedicava ao Mestre, ele
foi.

(5) À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro. Ora, Betânia
distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. Muitos judeus tinham vindo a Marta e a
Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão. Mal soube Marta da
vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa. Marta disse
a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! Mas sei também,
agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá. Disse-lhe Jesus: Teu irmão
ressurgirá. Respondeu-lhe Marta: Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia.
Jo11:17-24
Alguns detalhes são preciosos:

89
(a) Marta estava na casa dela onde viviam ela, Maria e Lázaro, e sai da casa ao encontro
de Jesus, ou seja, este encontro de Marta com Jesus é em algum ponto no meio do
caminho;
(b) Lázaro já estava morto há quatro dias, é importantíssimo. Havia poções e doenças que
uma pessoa poderia parecer morta por três dias, mas quatro não, além disso, no v39
Marta diz que Lázaro já cheirava mal. Isso constata que, de fato, Lázaro tinha sofrido
morte física;
(c) Muitos judeus lá estavam para dar condolências a Marta e Maria, ou seja, havia muitas
testemunhas;
(d) Marta tinha fé em Jesus, pois diz: “se tivesses estado aqui, meu irmão não teria
morrido!” ela apenas não tinha noção da dimensão do poder de Jesus, que Ele sendo
Deus pode fazer qualquer coisa;
(e) Marta tinha uma noção que Jesus poderia ressuscitar Lázaro, mas pensava apenas que
isso aconteceria no final dos tempos; estava enganada.
Por isso Jesus diz:

(6) Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto,
viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?
Respondeu ela: Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele
que devia vir ao mundo. Jo 11:25-27
Nesses três versículos está o resumo da Bíblia inteira: Jesus é a ressurreição e a vida
e quem crê nisso terá uma morte física apenas, mas nunca uma morte eterna.
Quando Jesus perguntou a Marta se ela cria, é a mesma pergunta que Ele faz todos os
dias para cada um e deseja que a resposta seja “sim, eu creio”. Ainda que haja diversas
doutrinas se essa resposta é espontânea ou não, o fato é que tem que sair da boca de
cada salvo um “sim”.
Marta responde de modo semelhante, com o mesmo sentido das palavras de João para
descrever o propósito do seu Evangelho (“Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus
é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. Jo20:31”).
Para receber a vida eterna, é preciso ter fé em Jesus, que é o Cristo, o Filho de Deus, que veio
a este mundo para dá-la a todos que creem.

Marta então corre de volta para casa para chamar Maria, e lhe diz em segredo:

(7) O Mestre está aí e te chama. Apenas ela o ouviu, levantou-se imediatamente e foi ao
encontro dele. (Pois Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava ainda naquele lugar
onde Marta o tinha encontrado.) Os judeus que estavam com ela em casa, em visita de
pêsames, ao verem Maria levantar-se depressa e sair, seguiram-na, crendo que ela ia ao
sepulcro para ali chorar. Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu,
lançou-se aos seus pés e disse-lhe: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria
morrido! Jo 11:28-32.
Vários ensinamentos podem-se tirar nesses quatro versículos:

90
a) Existem coisas, situações que devem ficar “em segredo” entre a pessoa e Deus. Não
se está advogando sobre esconder pecados, pois pecados têm que ser abolidos na
vida do crente, mas orações, súplicas e adorações, por vezes, melhor serem em
particular, apenas com o Senhor;
b) Quando o Senhor chama, temos mais é que obedecer, fazer como Maria, que se
levantou e foi; e depressa.
c) As atitudes do crente são observadas, e as vezes são seguidas por pessoas não para
obtenção da graça da salvação, mas apenas por curiosidade. Os judeus assim
seguiram Maria. Seja por qual razão for, o crente é observado e deve cuidar de suas
atitudes;
d) A atitude de Maria ao se encontrar com Jesus foi lançasse aos Seus pés, e adorá-lo.
Ainda assim, igual a Marta, Maria não tinha a noção do tamanho do infinito poder de Jesus e
por isso ainda diz: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! Quando Maria
disse isso estava chorando, e a Bíblia registra que Jesus a viu chorar, e não apenas ela, mas
alguns judeus.

(8) Jesus, pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham,
moveu-se muito em espírito, e perturbou-se. E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe:
Senhor, vem, e vê. Jesus chorou. Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava. E alguns
deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este
não morresse? Jo 11:33-37
Lázaro era querido e muitos sentiam sua morte. O grande destaque nessa passagem é que
Jesus chorou. Muitas pessoas podem não entender por que ele chorou se ele sabia que ia
ressuscitar Lázaro alguns minutos depois. A questão é que Jesus, além de ser totalmente
Deus, é totalmente humano.
Ele sentiu fome, calor na região que andava, frio a noite, com certeza teve dor de cabeça, dor
de barriga, correu, brincou quando era criança, deitou-se no colo da mãe, ajudou o pai na
carpintaria, deve ter martelado o dedo alguma vez, Ele riu, e Ele chorou.
Alguns teólogos vão muito além do simples fato de Jesus nessa hora ter visto a aflição, o choro
de Maria, de Marta e de vários judeus e a Bíblia diz que ele “perturbou-se” e outras traduções
“comoveu-se”. Bastava isso para Jesus chorar, mas há quem diga que ele chorou porque viu
muito mais que a aflição de duas irmãs, ele viu a aflição de todos nós, ele viu um mundo aflito
a qual ele precisava, decidiu e ia salvar.
Não podemos afirmar o que passou na Sua cabeça, mas podemos ter a certeza que Ele se
importa, ele sabe o que é sofrer porque ele é o Deus conosco, o Deus que se fez carne e
habitou entre nós.
Nós somos sua imagem e semelhança, e Ele sem pecado e defeito, habitou num corpo físico,
terreno, para saber o que eu e você passamos E CHOROU.
Ao ver isso, os judeus disseram “como ele chora? Não fez um cego ver? Não poderia ter feito
Lázaro não morrer?” ou seja, isso mostra que os Judeus sabiam que Jesus tinha feito um cego

91
de nascença enxergar, e ainda buscavam um meio de negar sua divindade – o choro de Jesus
era (para eles) um argumento, pois “Deus não chora”.
Coitados, como estavam enganados. Então Jesus foi fazer o milagre que somente Deus
poderia fazer: Ressuscitar um morto.

(9) Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, veio ao sepulcro; e era uma
caverna, e tinha uma pedra posta sobre ela. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do
defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias. Disse-lhe Jesus: Não
te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus? Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto
jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres
ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que
está em redor, para que creiam que tu me enviaste. E, tendo dito isto, clamou com
grande voz: Lázaro, sai para fora. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados
com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir. Jo 11:38-
44
O fato relatado que o sepulcro era uma caverna mostra que a família de Lázaro não era
financeiramente pobre, sem dinheiro, e além disso, Ele era um judeu influente, tanto que
“muitos judeus foram consolar as irmãs”.
Se confirma que Ele estava morto de verdade pois cheirava mal, então Jesus ora agradecendo
ao Pai e manda Lázaro sair. A Bíblia ressalta que “o defunto” saiu e estava cheio de faixas
(Era meio que um embalsamento que era feito, não exatamente, mas algo parecido com o
processo de mumificação que se fazia no Egito – era um costume na época, lembrem que o
Egito estava apenas a 400 km de distância), por isso Jesus diz para tirar as faixas.
Ora tirar as faixas de um homem que estava morto, já cheirando mal e vê-lo vivo, era uma
prova contundente que o milagre acontecera e que somente Deus poderia fazer - Jesus fez,
logo Jesus era Deus.
Aqui há um detalhe interessante notado por Agostinho2, disse ele que Jesus sendo Deus, Seu
poder é tão completo e infindável que se Jesus não tivesse chamado especificamente por
Lázaro, todos os mortos sairiam dos túmulos em obediência ao comando de Sua voz.
Ressuscitar Lázaro foi o sinal da soberania de Jesus como o Messias, pois o maior milagre de
todos era trazer alguém de volta à vida.

(10) Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus
fizera, creram nele. Mas alguns deles foram ter com os fariseus, e disseram-lhes o que Jesus
tinha feito. Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam:
Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão
nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação. Jo 11:45-48

2
Agostinho viveu entre 354-430dC e foi um filósofo, escritor, bispo e importante teólogo cristão do norte da África,
durante a dominação romana. Suas concepções sobre as relações entre a fé e a razão, entre a Igreja e o Estado,
dominaram toda a Idade Média. Deixou uma obra fundamental para tratados filosóficos, teológicos, comentários,
sermões e cartas. Exerceu grande influência em várias áreas do conhecimento. Ele fez a síntese entre a filosofia
grega e o pensamento cristão. Fixou a ideia da vida interior do homem como o palco essencial da construção da
identidade.

92
O milagre é tão forte que muitos judeus creram em Jesus, mas outros foram correndo enredar
aos fariseus. Esse momento foi o ápice não da missão de Cristo que foi morrer e ressuscitar
por nós, mas o ápice Dele ser apresentado ao mundo como verdadeiro Deus. O Evangelho de
João se inicia, como vimos, mostrando que Jesus é o princípio de tudo, mas aqui Jesus mostra
que Deus.
Entretanto, da mesma forma que muitos creram Nele, a resposta dos fariseus mostrou a
verdadeira razão deles não acreditarem (ou mesmo que em seu íntimo acreditassem) eles
disseram: este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os
romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.
Ou seja, eles não estavam indignados com a suposta “blasfêmia” de Jesus, na verdade eles
estavam preocupados com o status que tinham, afinal os fariseus daquela época gozavam de
certos privilégios mesmo com a Judéiadominada pelos romanos.

(11) E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, nem
considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a
nação. Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano,
profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para
reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos. Desde aquele dia, pois,
consultavam-se para o matarem. Jo 11:49-53
O Sumo sacerdote do templo era alguém “muito importante” do ponto de vista social na
época de Jesus. Vamos entender: na classificação dos Judeus, naquela época existiam as
pessoas impuras, os mais ou menos puras, e as puras.
Os impuros eram os filhos de mãe solteira, os samaritanos, os estrangeiros, aqueles que eram
estéreis, doentes, pobres que não podiam trabalhar; estes nem entravam no Templo nem nas
Sinagogas.
Os mais ou menos puros eram os outros judeus, alguns filhos ilegítimos dos Sacerdotes, os
trabalhadores de profissão desprezível como pastores, os escravos judeus, os estrangeiros
convertidos ao judaísmo.
Os “puros” eram pessoas da tribo de Levi, sobretudo os
sacerdotes do templo, em geral famílias ricas, cujos chefes
eram chamados de anciãos.
O sumo-sacerdote era então a “pureza das purezas”, o
suprassumo da pessoa acima de qualquer suspeita.
Algumas pessoas até falsificavam o nome dos parentes
para poderem pertencer às famílias consideradas puras,
descendentes de Abraão. A casta dos puros vivia às
custas do Templo de Jerusalém.
O Sumo-Sacerdote para pedir perdão a Deus de todos os
pecados do povo fazia um sacrifício uma vez por ano,
usando uma vestimenta especial considerada sagrada que
lhe dava autoridade de expiação.

93
Assim, todos os sacerdotes eram considerados sagrados porque lidavam com o altar e os
sacrifícios a Javé. Por isso, o povo o considerava-os quase como uma autoridade divina
(lembrem que Faraó era para os egípcios um semideus).
Eles eram os chefes dos sacerdotes que ocupavam os mais altos cargos no Templo que eram
beneficiados com o sacrifício e riquezas que entravam. A grande maioria deles eram
sacerdotes saduceus, pertencentes ao Sinédrio (entidade máxima dos judeus) e quase todos
da mesma família. O Templo era todo controlado por eles, até a venda dos animais. Foi com
esses que Jesus teve grandes discussões.
Mas, existiam grandes diferenças sociais entre esses sacerdotes ligados ao Templo de
Jerusalém e os sacerdotes pobres, em geral vindo do campo, como Zacarias, o pai de João
Batista.
Então, com tanta riqueza e regalias, muitos deles não olhavam mais para a lei de Moisés como
mandamentos de Deus, mas como meio de permanecerem ricos e poderosos. Por isso muitos
jamais aceitariam Jesus como Deus. Jesus diz que todos podem se chegar novamente a Deus
através Dele, de crer Nele, ou seja, Jesus acaba o sacerdócio dos dirigentes das sinagogas e
transforma todos nós em sacerdócio real, onde cada um não precisa mais do sacerdote como
Caifás era.
Antes, no AT e até aquele momento, todos precisavam expiar os pecados através do sacrifício
de um animal feito por um sacerdote, agora Jesus seria o cordeiro perfeito, que tira o pecado
do mundo, inclusive o meu e o seu, individualmente, se Nele cremos.
O livro de Hebreus examina o significado da pessoa e da obra de Cristo e a sua relação com a
figura do sumo sacerdote que aparece no AT. A função sacerdotal era específica de oferecer
sacrifícios pelos pecados se tornaria e se tornou obsoleta diante da morte de Cristo.
No AT, era função dos sacerdotes possibilitar que o povo crescesse em conhecimento e
santidade, no NT também, mas a função de oferecer sacrifícios acabou porque Jesus é o
sacrifício perfeito. Então, Jesus representava o fim da forma antiga de se organizar a
sinagoga. Caifás e os outros sacerdotes permitiram isso? De maneira nenhuma. Assim, na
opinião de Caifás, Jesus deveria morrer para que a nação não fosse ameaçada.
Caifás foi apenas um político cínico dizendo: nos convém que um homem morra pelo povo, e
que não pereça toda a nação. Ele estava dizendo que Jesus deveria morrer para “proteger” a
nação de Israel e não no sentido verdadeiro da morte de Jesus que era de salvar o mundo do
pecado.
Caifás usou as palavras certas, o discurso certo, mas com a intenção completamente errada.
Por isso, as palavras de João dizem que sem querer, mas sem querer mesmo, Caifás foi um
profeta quando disse que um homem deveria morrer pelo povo. Caifás proferiu a profecia de
que Jesus não morreria apenas por Israel, mas pelos gentios de todo mundo também.
Pela perspectiva humana, a ressurreição de Lázaro foi o principal evento que fez o Sinédrio
decidir que Jesus deveria morrer. O irônico naquela situação toda é que eles achavam que
poderiam matar Aquele que podia ressuscitar os mortos. Parece uma total falta de
inteligência ou lógica – diziam eles: “vamos matar Jesus porque ele ressuscitou Lázaro e pode
ser perigoso para nós”.

94
(12) Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a
terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali ficou com os seus discípulos.
E estava próxima a páscoa dos judeus, e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes
da páscoa para se purificarem. Buscavam, pois, a Jesus, e diziam uns aos outros, estando
no templo: Que vos parece? Não virá à festa? Ora, os principais dos sacerdotes e os fariseus
tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o
prenderem. Jo 11:54-57
Jesus, mesmo sendo Deus, se retirou da vida pública para o deserto da Judéia por algum
tempo e encontrava-se apenas com Seus discípulos, nos ensinando que existem horas na
nossa vida que devemos sair de cena, se calar e esperar a hora correta para emitir opinião.
Ora, nessa altura Jesus já tinha feito um cego de nascença ver e ressuscitado Lázaro morto
há quatro dias, não tinha mais necessidade dEle se apresentar como sendo Deus. Acreditava
Nele quem de fato queria a salvação.
Era a época da Páscoa dos Judeus, quando eles comemoravam a libertação do jugo do Egito
com a travessia do Mar Vermelho e todos os judeus com posses financeiras, ou que morassem
próximo “sobem”3 para Jerusalém para purificarem seu corpo e suas roupas, a fim de
entrarem no templo para adorar.
Então, na passagem de João, alguns procuravam Jesus porquê de fato já acreditavam Nele
como sendo Deus (imagine se Jesus estivesse fisicamente num local que você soubesse, eu e
você não daríamos uma carreira para perto dele?), mas por outro lado, havia outras pessoas
procurando Jesus apenas por curiosidade, e infelizmente os principais dos sacerdotes o
buscavam para prendê-lo.
E assim foi todo o enredo sobre Jesus se apresentar como Deus ao ressuscitar Lázaro.
Entretanto Ele tem o poder não apenas para ressuscitar uma pessoa, mas a todos e a si
próprio, pois sendo completamente humano, sua matéria pode sim morrer, mas como Jesus
é completamente Deus Ele pode ressuscitar a si próprio. E Assim aconteceu em João 20.

Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se
para o sepulcro. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de
Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela
lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isto,
voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher,
por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o jardineiro, disse-lhe:
Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus:
Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Rabi, que quer dizer: Mestre. Jo 20:11-16

3
Os salmos 121, 122, 123, 125 e 126 e outras passagens bíblicas falam sobre Jerusalém, dos montes, do local de adoração, que
os israelitas no AT e atualmente os Judeus no NT iam adorar e se sentiam seguros. Isso acontece em vários eventos e
comemorações de festas estabelecidas no AT.
Jerusalém foi a cidade do rei Davi, onde Salomão edificou o templo da adoração dos Israelitas e onde ocorre a maioria das
passagens relativas a morte e ressureição de Jesus. Subir significa espiritualmente ir com o intuito de adorar a Deus, mas
também, até para quem não crê na Bíblia, Jerusalém fica a 800 metros acima do nível do mar. Para chegar no centro, há
diversas ladeiras para subir. Então, no começo, talvez quando o Israelita dizia que ia subir a Jerusalém, significava literalmente
que ia subir muitas ladeiras, mas depois ganhou o sentido de subir para adorar.

95
Jesus morre por nós, Ele É o cordeiro que na cruz se sacrificou, mas o cristianismo não
para na morte de Jesus, ele ressuscita dos mortos e é Salvador e Senhor de todos. Nos
alegremos todos, porque o túmulo de Jesus estava vazio, não porque alguém roubou o corpo
ou coisa parecida, veja o que os fariseus fizeram no sábado depois da morte de Jesus:
E no dia seguinte, que é o dia depois da Preparação, reuniram-se os príncipes dos
sacerdotes e os fariseus em casa de Pilatos, Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele
enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei. Manda, pois, que o
sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não se dê o caso que os seus
discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou dentre os mortos; e assim
o último erro será pior do que o primeiro. E disse-lhes Pilatos: Tendes a guarda; ide,
guardai-o como entenderdes. E, indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a
pedra. Mt 27:62-66

Nos alegremos porque Jesus está vivo, ressurgiu e aparece a Maria Madalena e aos discípulos.
Como ele transportou-se da morte para vida, Ele para nós é o TRANSPORTADOR PARA UMA
NOVA VIDA. Ele nos fará sermos transportados da morte física para uma vida eterna na sua
presença.

96
11
Seção

Uma crise entre os homens: Ungir Jesus e o lava pés

Nesses capítulos 12 e 13 é mostrado uma pequena crise entre os homens que seguiam Jesus:
Apesar de ser o caminho (Jo 14:6) alguns que seguiam Jesus desistiram de andar com Ele (Jo
6:66) e além disso, João mostra que muitos outros se recusaram a crer no Messias (Jo 12:37).
apesar de ele ser“a verdade”.
João começou este livro dizendo que Jesus “Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam (Jo 1:11). Nestes 11 primeiros capítulos que já estudamos, o apóstolo João
apresentou uma sucessão de depoimentos e de evidências para nos convencer de que Jesus,
é verdadeiramente, o Cristo, filho de Deus.
Todas essas evidências foram testemunhadas em primeira mão pelos líderes de Israel que,
no entanto, rejeitaram seu Messias. Uma vez que havia sido desprezado pela própria nação,
Jesus retirou-se com seus discípulos (“os seus” Jo 13:1), os quais amava profundamente.
O capítulo 12 encerra o registro de João sobre o ministério público de Cristo. É um capítulo
solene. Em João 12, vemos Jesus Cristo relacionando-se com três grupos distintos de pessoas
e, ao estudar esta lição, encontramos algumas boas lições para nossa vida.
O capítulo 13 é uma grande lição sobre humildade

97
Cristo e seus amigos (Jo 12: 1-11)
¹ Foi, pois, Jesus seis dias antes da páscoa a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera,
e a quem ressuscitara dentre os mortos.² Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia,
e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.³ Então Maria, tomando um arrátel
de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou lhe os pés
com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento.⁴ Então, um dos seus
discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse:⁵ Por que não
se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?⁶ Ora, ele
disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a
bolsa, e tirava o que ali se lançava.⁷ Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha
sepultura guardou isto;⁸ Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem
sempre me tendes. ⁹ E muita gente dos judeus soube que ele estava ali; e foram, não só
por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara dentre os
mortos.¹⁰ E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a
Lázaro;¹¹ Porque muitos dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus.
Enquanto líderes judeus tramavam para matar Cristo (Jo11:53,57), os amigos Dele o
honravam com uma ceia, em Betânia. Mc 14:3 indica que a ceia foi na casa de Simão (e não
era Pedro – era outro Simão que aparentemente antes era um leproso que Jesus havia
curado). Marta serviu a refeição, mas sem a agitação e frustração que havia demonstrado
antes (Lc 10:38-42). Ela aprendera a deixar Jesus controlar a sua vida. Marta representa o
serviço para Cristo, Maria, a adoração (no evangelho ela sempre está aos pés de Jesus).
O bálsamo que Maria usou custava um ano de salário de um trabalhador comum, mas Maria
reservou-o para ungir Cristo e mostrar seu amor. Ela poderia ter usado este bálsamo com o
irmão por ocasião de sua morte, mas guardou o melhor que tinha para Cristo.
Sempre há um crítico para reclamar quando um crente demonstra seu amor por Cristo. O
coração de Judas Iscariotes, por exemplo, não era justo, portanto sua boca dizia coisas
erradas. Devemos seguir o exemplo de devoção de Maria. Ela ofereceu o seu melhor, ela
oferece em profusão, ela oferece apesar de todas as críticas, com amor. Cristo honrou-a por
sua adoração (Mc 14:7) e defendeu-a dos ataques de Satanás.

Cristo e os Gentios (Jo 12: 12 – 36)


¹² No dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera à festa, que Jesus vinha a
Jerusalém, ¹³ Tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam:
Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor.¹⁴ E achou Jesus um
jumentinho, e assentou-se sobre ele, como está escrito: ¹⁵ Não temas, ó filha de Sião;
eis que o teu Rei vem assentado sobre o filho de uma jumenta.¹⁶ Os seus discípulos,
porém, não entenderam isto no princípio; mas, quando Jesus foi glorificado, então se
lembraram de que isto estava escrito dele, e que isto lhe fizeram. ¹⁷ A multidão, pois,
que estava com ele quando Lázaro foi chamado da sepultura, testificava que ele o
98
ressuscitara dentre os mortos.¹⁸ Por isso a multidão lhe saiu ao encontro, porque
tinham ouvido que ele fizera este sinal.¹⁹ Disseram, pois, os fariseus entre si: Vedes que
nada aproveitais? Eis que toda a gente vai após ele.²⁰ Ora, havia alguns gregos, entre os
que tinham subido a adorar no dia da festa. ²¹ Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era
de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.²² Filipe
foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus. ²³ E Jesus lhes respondeu,
dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado. ²⁴ Na
verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica
ele só; mas se morrer, dá muito fruto. ²⁵ Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste
mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. ²⁶ Se alguém me serve, siga-me,
e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o
honrará. ²⁷ Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta
hora; mas para isto vim a esta hora. ²⁸ Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do
céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei. ²⁹ Ora, a multidão que ali
estava, e que a ouvira, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou.
³⁰ Respondeu Jesus, e disse: Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.
³¹ Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. ³² E eu,
quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. ³³ E dizia isto, significando de que
morte havia de morrer. ³⁴ Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei, que o
Cristo permanece para sempre; e como dizes tu que convém que o Filho do homem seja
levantado? Quem é esse Filho do homem? ³⁵ Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está
convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não
vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. ³⁶ Enquanto tendes
luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se,
escondeu-se deles.
No nascimento Dele, vieram alguns gentios do oriente. Da mesma forma, em sua morte,
alguns gentios vem de novo. Por que João os menciona nesse ponto? Porque agora o Rei dos
Judeus foi rejeitado por Israel. Os judeus disseram:” Mestre, queremos ver de tua parte algum
sinal” (Mt 12:38); no entanto, os gentios disseram: “ Nós queremos ver Jesus!”. Filipe tinha
nome grego, por isso os visitantes que queriam ver Jesus foram a ele; e ele levou o assunto,
a André, que também tinha nome grego.
Importante fazer notar que André em todas as passagens em que é mencionado sempre está
levando alguém até Jesus. (1:40-42; 6:8-9 e 12:22). Um belo exemplo de ganhador de almas!
Cristo menciona os gentios quando fala de ser “levantado” na cruz. Em Mt 10:5 e 15:24, Cristo
ensinou que os gentios também serão salvos pela cruz. Cristo tinha que ser levantado para
que “todos” fossem atraídos a Ele. Isso não significa todas as pessoas, sem exceção, mas todas
as pessoas independentemente da raça que Nele creem.
Mais uma vez Cristo menciona “a hora”. Trata-se da hora de Sua morte, mas Ele chama-a de
a hora de Sua glória!

99
Repare que Cristo convida “alguém” (v. 26). O chão é plano aos pés da cruz, quer dizer, nem
judeus nem gentios tem qualquer vantagem especial e a Bíblia mostra isso quando diz:
“Todos pecaram [...] não há justo(s)” (Rm 3:23,10).

Cristo e os Judeus (Jo 12:37-50)


³⁷ E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele;³⁸ Para que se
cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?
E a quem foi revelado o braço do Senhor?³⁹ Por isso não podiam crer, então Isaías disse
outra vez: ⁴⁰ Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam
com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.⁴¹ Isaías disse
isto quando viu a sua glória e falou dele. ⁴² Apesar de tudo, até muitos dos principais
creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos
da sinagoga.⁴³ Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus. ⁴⁴ E
Jesus clamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me
enviou.⁴⁵ E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou. ⁴⁶ Eu sou a luz que vim ao
mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. ⁴⁷ E se alguém
ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o
mundo, mas para salvar o mundo.⁴⁸ Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas
palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no
último dia.⁴⁹ Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele
me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.⁵⁰ E sei que o
seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.

As últimas palavras do ministério público de Cristo (vv. 35-36) foram uma advertência
terrível contra deixar passar a oportunidade de salvação. Imagine a cena: “Jesus disse estas
coisas e, retirando-se, ocultou-se deles”. Nos versículos seguintes, o apóstolo João explica por
que Cristo escondeu-se e porque os judeus estavam condenados.
Para início de conversa, eles rejeitaram a evidência (os milagres) (v. 37). A luz (Jesus) tinha
estado acesa o tempo inteiro, mas eles se recusaram a crer na luz e a segui-la. Observem os
terríveis resultados da rejeição da palavra de Cristo (vv. 37- 41).
1) Eles não creram (v 37), apesar de ver as evidências de sua filiação divina.
2) Eles não podiam ver (v 39) porque o coração deles endureceu, e seus olhos
ficaram cegos.
3) Por isso, Deus disse:” Não podiam crer (v39) porque rejeitaram a graça Dele!
Esses fatos já estão descritos no AT, pois Isaías 53:1 predisse a descrença deles, e Isaías 6:10,
a dureza do coração deles. Notem que Jo 12:40, que cita Isaías 6:10, afirma que Deus cegou
os olhos e endureceu o coração daqueles que insistem em rejeitar a Cristo.

100
Encontramos esse versículo de Is 6:10, sete vezes na bíblia, e em todas elas ele fala de
julgamento. Mt 13:14; Mc 4:12; Lc 8:10; Jo 12:40; At 28:26 e Rm 11:8. Ele é uma advertência
constante que lembra o não salvo de não aproveitar as suas oportunidades espirituais de
salvação e tratar tudo de forma leviana. “Enquanto tendes a luz, crede na luz” (v.36)! “Buscai
o Senhor enquanto se pode achar” (Is 55:6).
Em aulas anteriores vimos que João apresenta o conflito entre luz e trevas. A luz simboliza a
salvação, a santidade, a vida. As trevas representam à condenação, o pecado, a morte. João
fala de quatro tipos diferentes de trevas neste livro:
1) As trevas mentais. (Jo 1:5-8 ) Aula 1
2) As trevas morais. (Jo 3: 18-21 ) Aula 3, e agora:
3) As trevas de condenação (Jo 12:35-36 ). Se os homens não obedecem a luz,
Deus envia as trevas, e Cristo esconde-se deles.
4) As trevas eternas (Jo 12:46). “Permanecer” nas trevas significa viver para
sempre no inferno.
Nos versículos 42 – 50 João cita Cristo e mostra por que muitas pessoas rejeitam a luz. Alguns
rejeitam por medo dos homens (vv 42-43).
Nesse caso, vamos para Ap 21:8 que apresenta uma lista dos tipos de pessoas que irão para
o inferno, e os covardes encabeçam a lista. ⁸ Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os
assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos
os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda
morte". Apocalipse 21:8
No versículo 48 de João, Cristo afirma que a rejeição à Palavra de Deus leva à condenação. A
salvação vem pela Palavra (Jo 5:24), e a própria bíblia diz que os homens que rejeitam hoje
em dia, essa rejeição será uma evidência contra eles no dia do julgamento.
A luz brilha para todos que quiserem, mas não brilhará para sempre, pois Cristo, algum dia,
se esconderá dos que não se preocupam com a salvação. Não se deve brincar com nossas
oportunidades espirituais.
Capítulo13
Após a apresentação dos relacionamentos de Cristo com os grupos da época e a rejeição a
qual foi submetido, no capítulo 13, João apresenta três lições importantes para todos nós que
não rejeitamos ao Cristo.
Lição sobre humildade – o lava pés(Jo 13: 1-5)
¹ Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar
deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os
até o fim.² E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho

101
de Simão, que o traísse,³ Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas
as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus,⁴ Levantou-se da ceia, tirou as vestes,
e, tomando uma toalha, cingiu-se.⁵ Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar
os pés aos discípulos, e a enxugar lhes com a toalha com que estava cingido.
Jesus deu o exemplo da humildade e do serviço ao lavar os pés dos discípulos. Nos países do
oriente médio, o servo era quem lavava os pés dos convidados. Nessa passagem Cristo
assume o lugar do servo. Mais adiante, nos versículos 13-16, ele deixa isso claro para os
discípulos, ao declarar que aquele a quem chamam Senhor e Mestre lavou os pés deles, e eles
também deviam lavar os pés e servir uns aos outros com humildade. Essa foi uma lição
incrível para os doze, pois naquela noite eles estiveram debatendo sobre quem era o maior!
(Lc 22:24-27)
Aqui, os atos de Cristo, a Sua maneira de agir, Sua Glória e Majestade em servir representam
sua saída do céu para vir a terra. Ele levantou-se de seu trono, deixou de lado a manifestação
exterior de sua glória, tornou-se um servo e humilhou-se ao morrer na cruz.
Anos depois, Pedro deve ter se lembrado dessa lição de humildade quando escreveu em 1 Pe
5:5-6. ⁵ Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos
outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes.⁶ Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos
exalte;
Hoje, muitos cristãos lutam para conseguir reconhecimento e posição, mas deveriam se
lembrar dessa lição de humildade. Deus repele o orgulhoso, mas dá graças ao humilde.

Lição sobre Santidade ( Jo 13:6–17)


⁶ Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?⁷
Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás
depois.⁸ Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não
lavar, não tens parte comigo.⁹ Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas
também as mãos e a cabeça.¹⁰ Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de
lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.¹¹
Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos.¹²
Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa,
disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?¹³ Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis
bem, porque eu o sou.¹⁴ Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também
lavar os pés uns aos outros.¹⁵ Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz,
façais vós também.¹⁶ Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que
o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.¹⁷ Se sabeis estas coisas,
bem-aventurados sois se as fizerdes.

102
No versículo 8, as palavras de Cristo a Pedro são importantes: “Se eu não te lavar, não tens
parte [comunhão] comigo”. Há uma diferença entre união e comunhão. Pedro estava em
união com Cristo como um “(d) os seus” pela fé, mas o pecado rompe nossa comunhão com
o Senhor. Do mesmo jeito que há uma diferença entre filiação e relacionamento. Temos
relacionamento com Cristo e desfrutamos da presença e do poder Dele apenas quando
permitimos que ele nos limpe de todo o pecado, nos tornamos filhos. Crendo que Ele é
“aquele que tira o pecado do mundo”
No versículo 10, Cristo faz uma importante distinção entre lavar e limpar. Literalmente, o
versículo afirma: “Quem já se banhou [de uma vez por todas] não necessita lavar senão os
pés”. No oriente as pessoas utilizavam o banho público, e, como andavam por ruas
poeirentas, os pés ficavam sujos. Elas não precisavam tomar outro banho quando chegavam
em casa, mas apenas lavar os pés. A mesma coisa acontecia com o crente. Somos lavados de
uma vez por todas quando somos salvos, quando aceitamos Jesus como esse mediador de
uma nova aliança, como salvador das nossas almas (1Co 6:9-11; Tt 3:5-6), mas lavamos
nossos pés o tempo inteiro e limpamos nosso “caminhar” quando confessamos nossos
pecados diários ao Senhor (1 Jo 1:7-9).
Hoje, Cristo purifica sua igreja com a lavagem da água da Palavra (Ef 5:25-26) - ²⁵ Vós,
maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou
por ela,²⁶ Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
A leitura diária da Palavra permite que o Espírito sonde nosso coração (Hb 4:12); ¹² Porque
a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e
penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e intenções do coração.
e, depois mantenhamos nossos pés limpos e caminhemos na luz ao confessar nossos pecados.
(Sl 119:9) ⁹ Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.
Essa limpeza diária é que mantém o crente em comunhão com Cristo e é por causa dessa
lavagem diária do pecado que houve o erro de Pedro em dizer que Jesus não iria lavar ele,
então depois Pedro entende e diz: (v.9 - “Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés,
mas também as mãos e a cabeça.”) querem ser salvos (banhados) de novo quando tudo que
precisam fazer é lavar os pés.

Lição sobre Hipocrisia (Jo 13:18 – 38)


¹⁸ Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a
Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar.¹⁹ Desde agora
vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou.²⁰ Na
verdade, na verdade vos digo: Se alguém receber o que eu enviar, me recebe a mim, e
quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.²¹ Tendo Jesus dito isto, turbou-se
em espírito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de

103
trair.²² Então os discípulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem ele falava.²³
Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus.²⁴
Então Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele
falava.²⁵ E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é?²⁶ Jesus
respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a
Judas Iscariotes, filho de Simão.²⁷ E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus:
O que fazes, faze-o depressa.²⁸ E nenhum dos que estavam assentados à mesa
compreendeu a que propósito lhe dissera isto.²⁹ Porque, como Judas tinha a bolsa,
pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou
que desse alguma coisa aos pobres.³⁰ E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já
noite.³¹ Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é
glorificado nele.³² Se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e
logo o há de glorificar.³³ Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Vós me buscareis,
mas, como tenho dito aos judeus: Para onde eu vou não podeis vós ir; eu vo-lo digo
também agora.³⁴ Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu
vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.³⁵ Nisto todos conhecerão que
sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.³⁶ Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, para
onde vais? Jesus lhe respondeu: Para onde eu vou não podes agora seguir-me, mas depois
me seguirás.³⁷ Disse-lhe Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha
vida.³⁸ Respondeu-lhe Jesus: Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na verdade te digo
que não cantará o galo enquanto não me tiveres negado três vezes.
Judas estava no cenáculo e fingia ser um dos de Cristo. Anteriormente, nos versículos 10 e
11, Cristo deixa claro que um deles não fora salvo. A fraude de Judas foi tão bem sucedida
temporariamente que nem os outros apóstolos perceberam a falsidade dele.
Mas, primeiro Jesus Cristo citou Sl 41:9.⁹ Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu tanto
confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar. (v18) para dizer que
seria traído. Ele acabara de lavar os pés de Judas, e este seria cruel com Ele!
Judas foi o instrumento de Satanás (vv 2,27), contudo a morte de Cristo na cruz derrotaria
Satanás. Veja como Satanás age: Primeiro o diabo planta a ideia no coração da pessoa, depois
entra nela para controlar a sua vida. Cristo cita esse versículo para os doze a fim de evitar
que tropecem na descrença (v 19). As frustrações que acontecem ao longo do dia não devem
desencorajar os cristãos que conhecem a Palavra.
No versículo 21, Cristo anuncia claramente aos discípulos que um deles o trairia. Na verdade,
essa declaração foi o último aviso para Judas. Cristo lavou os pés dele, citou a Palavra para
ele e, no fim, avisou-o abertamente, dando, assim, todas as oportunidades para que Judas
mudasse de ideia, e o aceitasse como Salvador, mas isso não aconteceu.
Isso nos ensina que existe gente dentro das igrejas, trabalham para igreja, mas nunca foram
salvas por Jesus. Estão por ali cumprindo tabela.

104
João, aconchegado ao peito de Jesus, descobre o mistério e transmite a Pedro, mas
aparentemente nenhum dos homens entendeu claramente o significado das palavras do
Senhor (v. 28). É interessante observar que o cristão que descobre os segredos de Cristo é o
que está mais próximo de Seu coração.
Judas entrega-se ao aceitar o pedaço de pão molhado, e Satanás entra nele e o transforma em
filho do diabo. (Revise Jo 8:44). Isso nos mostra a ter cuidado para não dar chance a Satanás,
operar no nosso corpo e nas nossas vontades humanas. Não devemos se entregar a esse
inimigo de Deus.
“E era noite” (v. 30) – mostra tanto as trevas no coração de Judas como que aquela era a hora
do poder das trevas (Lc 22:53)” Tenho estado todos os dias convosco no templo, e não
estendestes as mãos contra mim, mas esta é a vossa hora e o poder das trevas”.
De fato, É perigoso ser como Judas. Em Mc 14:21, Jesus declarou:” Melhor lhe fora não haver
nascido!”. Judas fingiu ser cristão, brincou com o pecado e jogou fora a salvação; qualquer
pessoa que faça isso pode terminar desejando não ter nascido.
Há alguns mistérios que não temos resposta, em torno de Judas, mas uma coisa está clara:
ele fez uma escolha deliberada, quando traiu Cristo. Em Jo 6:66-71, Cristo advertiu-o e
chamou-o de “diabo”.
Depois que Judas saiu da sala, Jesus advertiu Pedro a respeito do teste pelo qual passaria em
breve e que negaria Jesus. Agora Pedro tinha que enfrentar os próprios pecados quando,
antes, estivera ansioso para descobrir o pecado dos outros (v.24).”Não julgueis, para que não
sejais julgados” (Mt 7:1).
Pedro nos mostra que, como ele, não conhecemos nosso coração. A autoconfiança representa
um perigo para a vida cristã. É provável que a declaração “Mais tarde, porém, me seguirás”
(v.36) refira-se que depois Pedro seguiria Cristo de verdade (Jo 21:18; 2Pe 1:14).
No texto original, o termo amor (e correlatos) é usado doze vezes em Jo 1 a 12, enquanto em
Jo 13 a 21 aparecem 44 vezes! É uma palavra chave na mensagem de despedida que Cristo
transmitiu a seus discípulos.
Tertuliano (155 – 220 dC), que foi um patriarca da igreja, comentou que os pagãos diziam
uns para os outros sobre os cristãos: “Já reparou como amam uns aos outros?”
De que modo manifestamos este amor? Simplesmente seguindo o exemplo de Jesus:
entregando a vida pelos irmãos (1 Jo 3:16). “Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo
deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos.”
E a melhor maneira de começar é lavando os pés dos outros em serviço sacrificial.

105
12
Seção

Eu sou o caminho, a verdade e a vida


(Direção verdadeira para a vida eterna)

Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu
Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E
quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para
que onde eu estiver estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o
caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber
o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai,
senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde
agora o conheceis, e o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos
basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe?
Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Jo 14:1-9

Jesus disse “eu sou o caminho a verdade e a vida” enquanto estava conversando com seus
discípulos acerca de sua partida. Os discípulos estavam tristes, preocupados e perplexos com
a informação de que Jesus estava indo para um lugar que, naquele momento, eles não
poderiam acompanhá-lo. Eles tinham andado com Jesus aproximadamente três anos e
naquele momento tinham que se separar.
Jesus então lhes disse para acalmar seus corações, que Ele estava indo para a casa do Pai, e
aquela separação não seria definitiva. Na verdade, era exatamente o contrário disso. Sua
partida seria necessária para que em breve eles também pudessem estar na casa do Pai
juntamente com Ele. Jesus estava preparando o caminho para casa do pai: Sua morte
sacrificial e ressuscitação.

106
Na verdade, como os apóstolos naquele dia, todas as pessoas na face da terra buscam
algumas respostas em seus corações: Para que ou por que eu existo? Por que eu nasci? O que
eu vim fazer nessa vida? Quem lhes dava todas as respostas estava indo embora.
Nesse século XXI, alguns buscam tais respostas na Ciência e ficam inconformados porque
algumas dessas a ciência jamais responderá. 100% dos povos no planeta buscam respostas
em Deus, embora individualmente existem muitas pessoas que não acreditam em Deus, mas
como colocado, todos os povos, como sociedade constituída, buscam Deus. Infelizmente,
muitos buscam deuses estranhos e não acreditam em Jesus.

O CAMINHO
Preparai o caminho do Senhor (Lc 3,4), gritava João Batista no deserto de Judá, fazendo eco
ao profeta Isaías. Para quem crer na Bíblia, Deus criou tudo perfeito, inclusive o ser humano
e deixou apenas um e único mandamento: “daquela arvore não coma do fruto Gn2:17” e Adão
e Eva numa ânsia de serem donos de suas vidas, desobedeceram e comeram. Tudo a partir
daí foi diferente.
Vamos entender de maneira bem simples o cerne da questão: Deus é muitoooooooo
amoroso, paciente, amigo, criador de tudo e não é de maneira nenhuma vingativo, ruim,
mesquinho, mas quer queiramos ou não, é um Deus muito poderoso, não apenas um Deus,
mas “o” Deus; e não apenas “muito” poderoso, mas totalmente poderoso.
Sinceramente, Ele decide nos criar, nos tinha como filhos amados, e nós enquanto repetindo
o que Adão e Eva fizeram, não O respeitamos muitas e muitas vezes. Precisamos ter um
pouco de respeito a Ele. Adão e Eva não tiveram esse cuidado.
Por isso, apesar de amá-los demais, como um pai que tem que corrigir um filho para ensinar,
ele tira Adão e Eva do jardim perfeito (perfeito porque Deus lá está), e coloca anjos cuidando
da porta para eles não entrarem novamente por si só. Mas porque Deus ama demais sua
criação prepara um plano para Adão e Eva e todos seus filhos voltarem para dentro do
jardim, para conviver novamente num ambiente saudável.
Precisamos entender que esse retorno para convivermos com Deus é muito bom e será num
ambiente perfeito. Nós precisamos respeitar quem Deus é e, acredite, Ele respeita nossas
vontades, nossa individualidade, até quando nós não agredirmos Suas regras amorosas. Veja,
todas as casas têm regras, na dEle: Das árvores daqui pode comer de todas, fiquem à vontade,
menos daquela ali – Claro que é uma metáfora, mas que indica que existe um leque imenso
de coisas que Deus nos deixa à vontade para decidir o que e como fazer, mas existem limites.
Ele é Deus e nós somos filhos criados e adotados.
Interessante é que quando não temos uma casa, um lar, um vazio se instala. Os moradores
de rua, quando são tratados, cuidados e indagados o que queriam das suas vidas, sempre
dizem “encontrar o caminho de casa de novo”. Por causa do pecado, todos nós ficamos

107
separados de Deus, longe de sua presença, sem casa, sem lar. Sem Deus, não estamos
completos e passamos a vida procurando um caminho que nos leve à sermos nós mesmo. No
fundo, procuramos um caminho de volta para Deus.
Na busca para completar nossas vidas, muitos procuram caminhos, nas religiões, filosofias,
estudos, carreiras, prazeres, aventuras, enfim, em muitas coisas que afetam o rumo de nossas
vidas, mas nenhuma leva a Deus. O caminho para o Éden foi perdido, mas Jesus mostra como
podemos voltar para casa – através Dele mesmo.
As pessoas não entendem que O CAMINHO passa pelo ato da JUSTIFICAÇÃO.
Pergunta-se: Qual o sentido de Atos 4:10-12?

Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos,
em nome desse é que este está são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós,
os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação,
porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual
devamos ser salvos At4:10-12.

Por que em nenhum outro há salvação? Por causa da essência do CRISTIANISMO:


Ninguém merece nada, pelo contrário, espiritualmente somos devedores... devemos muito,
fomos ingratos com a criação, com o jardim, com todas as arvores para comer, então
devemos sim... mas alguém vem e paga a dívida – Isso se chama justificação, absolvição da
culpa, que é o mesmo que ser declarado livre. Jesus se tornou substituto do pecador
Mas, quem comeu do fruto da árvore não foi Adão e Eva, o que eu tenho com isso? por
que somos devedores?
De fato, o primeiro pecado foram eles, mas de alguma maneira foi transmitida para todos os
seres humanos a vontade de fazer o que não se deve fazer. E quando transgredimos qualquer
mandamento morremos espiritualmente. “Aquele que pecar é que morrerá” Ez 18.4 – Essa
morte é perder o caminho da convivência com Deus.
O pecado como sendo o motivo de perder o caminho é uma coisa muito simples de entender:
nada mais é do que uma rebelião contra a relação Deus-Criador x ser humano, criatura, filho
adotado. Na verdade, todos pecamos (“Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”.
Rm 3.23), então não estamos devendo a Deus por causa de Adão e Eva, estamos devendo
pelas ações de cada um; nós próprios perdemos o caminho para conviver com Deus - A culpa
é de cada um.
Então a crença e a certeza de que a morte Dele é o que tira o pecado do mundo, é o que acende
a LUZ do Mundo, ilumina o CAMINHO e nos habilita a não irmos para o inferno – ISSO É
JUSTIFICAÇÃO – é o caminho aberto por Jesus para acertarmos de novo irmos para o Éden.
Jesus é o caminho para o Pai. Sem Jesus, ninguém chega a Deus. Nada neste mundo consegue
preencher o vazio deixado pela falta de Deus e nenhuma boa ação que fazemos pode
preencher o abismo entre nós e Deus, criado pelo pecado. Somente Jesus consegue fazer a

108
ligação. E somente a fé, por graça, de graça em Jesus, na sua morte e ressureição nos leva por
esse caminho de volta ao Pai.
“Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue…” (Rm 3.25a).
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus;
não por obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8,9

Mas por que existem as dúvidas de muitas pessoas que Jesus é o único caminho? Porque
algumas pessoas dizem que todos têm que fazer obras para salvação? Por que dizem que
“todos os caminhos levam a Deus”?
Ah, muitas pessoas não leem a Bíblia e dizem “eu acho isso ou aquilo” baseado em percepções
individuais e não na palavra de Deus; ou seja, muita gente gosta de emitir opinião de tudo
sem ler a Bíblia.
a) Tomás de Aquino (354-430), disse que “a salvação do homem é alcançada pela
fé e pelas boas ações” influenciando todo pensamento da Igreja Católica antiga, o que
foi revisto por Santo Agostinho (1225-1274) quando disse que a salvação do homem é
alcançada somente pela fé – A Igreja Católica não quis rever o catecismo. Isso faz pensar
que boas obras conquistem a salvação. Isso é anti-bíblico. Boas obras conquistam
galardões (o que é bem diferente).
b) Influência na nossa cultura da doutrina da reencarnação onde o sangue de
Jesus não serviu de meio reparador. Na doutrina da reencarnação, Jesus não é o
cordeiro de Deus que tira pecado do mundo, Ele é apenas o maior espírito iluminado.
Segundo essa doutrina, cada um consegue por merecimento a reencarnação para ser
uma pessoa melhor. Apesar de ser uma coisa muito digna fazer o bem, e ser obrigação
de todo aquele que em Cristo acredita, esse dogma fere princípios bíblicos:
(1) Jesus fala de ressureição e não de reencarnação, portanto morremos uma única vez.
Cada um somente tem uma vida na terra, depois a vida será no novo Éden (ou não). E,
como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo. Hb 9:27.
Ou seja, creia em Jesus e será salvo, depois disso, mude de comportamento, seja uma
pessoa melhor, imite o Senhor Jesus.
(2) A ordem é assim: primeiro cremos em Jesus, e alcançamos salvação que é de graça, e
por isso tentaremos ser pessoas melhores, pois se alguém está em Cristo, nova criatura
é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. 2 Co 5:17. O caminho é Jesus,
depois façamos o bem.
Mas a indignação sempre surge: “mas, quer dizer que eu fazer o bem, ser uma boa pessoa,
respeitar os outros não serve de nada?”. O apóstolo Paulo responde isso no livro de Gálatas:
Paulo, já havia tentado obter a salvação por meio de boas obras: Na minha nação excedia em
judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais
Gl1:14 (no meio dessas “tradições” estava fazer o bem aos outros, dar esmolas, etc) e
acrescenta Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus
Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não
pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Gl 2:15,16.

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Ou seja, Paulo diz que temos que sermos boas pessoas, éticas, trabalhadores, ajudarmos os
mais necessitados, SIM, pois, na verdade tudo isso, são características de um verdadeiro
cristão, mas salvação, não é através dessas coisas, é por meio de Jesus.
Nenhuma boa obra, ou a pessoa ser honesta justifica pecado, SOMENTE JESUS JUSTIFICA
PECADO, assim JESUS é o caminho.
Adão e Eva saíram da convivência com Deus por causa do pecado, pelo desrespeito que
tiveram... Jesus é o caminho de volta.
Mas, Jesus não é apenas o caminho, Ele é a verdade. Entender Jesus ser “a verdade” é mais
difícil do que entender Ele ser “o caminho”.

A VERDADE
O que é (ou pode ser) a verdade? Existe verdade absoluta? O que é a verdade para mim e
para você?
Todas as pessoas têm opiniões e todos querem que suas opiniões sejam a verdade absoluta
para todas as pessoas, isso é o que se chama de dogmatismo. Isso funciona assim: Eu tenho
uma série de princípios e valores que eu considero que são indiscutíveis. Exemplo:
“Assassinar alguém é tanto pecado, como é crime”. É isso que eu penso e que a maioria dos
brasileiros pensam. O fato de eu não permitir ou aceitar quem pense diferente, é um dogma
(certo ou não, mas é um dogma).
Esse tipo de “verdade” dogma acontece na política – muitas vezes a pessoa pensa que tal
candidato é bom, é o certo, então defende ele cegamente, sem perceber o lado ruim do
político. Ruim ou bom, é o melhor candidato, não se discute nada, e se os outros não
aceitarem, há briga – Este é um exemplo da “verdade” como dogma.
Mas, perceba - Quando imaginamos que cada ser humano é inserido num conjunto ético e
moral de uma família, de uma sociedade, ela cria na sua cabeça conceitos de “verdade”, ou
seja, quando tratamos de diferenças de “verdade”, quando paramos e escutamos as outras
pessoas, o que é dogma pode se transformar em relativismo moral:
Por exemplo, na China o infanticídio de bebês meninas (matança de meninas logo quando
nascem) e o aborto de fetos femininos (quando os pais descobrem ainda na barriga que o
futuro bebê será uma menina), são aceitados pela sociedade. Essa é a “verdade” é injusta,
mas é a verdade para os chineses. Outras pessoas com princípios e valores diferentes não
vão aceitar essa verdade. Alguns dirão que é preciso intervir, outros dirão que faz parte da
cultura deles e não há o que fazer. Nota-se claramente um relativismo moral, então nesse
sentido, cada um tem sua verdade.
Por isso, muita gente estuda o que é “VERDADE”. O prof. Eduardo (2021) explica o que é
“verdade” na filosofia citando alguns filósofos:
Edmund Husserl (1859 – 1938) diz que a verdade se dá através da fenomenologia,
ou seja, é o que se observa, percebe e sente. Se a pessoa viu, percebeu ou sentiu é
verdade (Tomé precisou tocar nas feridas de Jesus).

110
Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) vai levar em conta o existencialismo. Para ele, a
verdade está na essência do indivíduo, não importa o que você é, importa você saber
o que fazer com aquilo que fizeram de você (ou seja, para Sartre, a verdade depende
do que a pessoa passou e de como a pessoa ficou marcada).
Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) faz uma crítica forte ao pensamento das ideias de
Platão e Sócrates. Ele vai defender que a verdade não existe (para Nietzsche, que disse
que Deus estava morto, a verdade é o que qualquer pessoa determina como verdade,
qualquer um é livre para definir a verdade, já que “a” verdade não existe).
Michel Foucault (1926 – 1984) vai dizer que para ser verdade, ela precisa ser livre
(totalmente). Ela não pode estar vinculada a uma institucionalização porque, desta
forma, a verdade será manipulada, gerando constrangimentos e formas de
comportamento. (Foucault escreveu alguns textos sobre prisões e sobre manipulação,
logo ele percebeu que “a” verdade pode ser manipulada, como por exemplo Hitler
falava se no planeta terra houvesse somente uma raça pura, não haveria diferenças,
então não haveria mais guerras - o que gerou a 2ª guerra mundial) – logo, segundo
Foucault a verdade pode ser manipulada.
Mas, qual dessas verdades Jesus usou quando disse, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”?
Ora, Ele usou o pronome definido “a”, ou seja, para Jesus o pronome não abre possibilidade
de existir outra verdade, somente Ele é a verdade.
Nenhum desses filósofos existiam quando Jesus falou e, além disso, a palavra para “Verdade”
usada no grego foi alētheia. Isso dá uma pista sobre qual verdade Jesus estava falando no
evangelho de João. Então, vamos entender o que os filósofos gregos disseram ou pensavam
antes de Jesus pronunciar que era a verdade e João escrever:
Parmênides de Eleia (viveu no fim do século VI aC) deixou um poema, apresentando suas
ideias filosóficas.
A primeira parte do poema mostra o que seria a “via da verdade”, ou seja, ele escreveu
o que de fato deveria ser “o pensamento verdadeiro”. Parece muito simples o que ele
escreveu, mas existe muito estudo para entender o que ele disse: “a verdade é o
contrário do que não é verdade” (simples assim – Eu acho que todo cristão entende isso
sem muito estudo - A verdade é o contrário da mentira).
Parmênides disse que a verdade tem a ver com o ser humano. “O ser é o que existe; e o
não ser, não é nada e não existe” (frase proferida por Parmênides). Então, depois que
ele diz o que é verdade, ele diz o que não é verdade.
A segunda parte Parmênides apresenta o que não é verdade, ao que chamou de “via
da opinião”, ou seja, ele apresenta o que é pensamento errôneo, o que era errado e por
isso não era verdade. Segundo ele, os mortais, por confiarem em seus sentidos
(audição, tato, olfato visão, paladar), não chegariam à verdade (alētheia), nem à
certeza das coisas, permanecendo nas opiniões e nas convenções de linguagem. Os
sentidos enganam, levam-nos ao erro e tentam nos manter numa ilusão. A coisa não
era autêntica, era apenas um sentido. (tem gente que sente frio numa cidade como
Bananeiras, entretanto um sueco tomaria banho de piscina no dia mais frio dessa
cidade).

111
Então, para os gregos antigos, de antes da época de Jesus, a verdade tem a ver com ser
autêntico, independente de sentido, por isso, algo que é verdadeiro independe de eu achar
isso ou aquilo, de outra pessoa achar isso ou aquilo, pois não se pode confiar nos sentidos. A
verdadeira “verdade” depende somente do objeto de ser autêntico, verdadeiro.
Tem Cristão que diz, “eu acho que Deus é desse jeito ou daquele”... (nós não devemos achar
nada, temos que entender como a Bíblia diz); outros dizem: “não é possível que Deus não me
dê isso, porque eu sou tão bom para os outros, não faço mal a ninguém” (que bom que você
é uma boa pessoa, mas Deus prometeu salvação para quem crer em Jesus e ponto final, mas
Ele pode dar isso ou aquilo porque Ele nos ama, não porque você é bonzinho).
Na verdade, o filósofo grego Parmênides separa e distingue a realidade da aparência e nós
temos a mania de nos justificarmos com boas obras, como sermos ético, etc e, como já foi
dito, essas coisas são bacanas, mas somente a Bíblia é verdadeira, e somente JEUS DISSE, EU
SOU A VERDADE.
Então podemos concluir essa “verdade” falando que JESUS NÃO É:
(1) um dogma que eu acredito e pronto, e os outros são obrigados a aceitar;
(2) uma verdade relativa que depende de minha educação, de minhas convivências, e não
depende da sociedade que eu vivo;
(3) a verdade como Husserl conceitua, porque Ele não depende de eu e você vermos,
percebermos ou tocarmos.
(4) a verdade como Sartre disse porque Ele existe independentemente de você existir ou
do que você passou na vida (Ele quer cuidar e cuida de você, mas Ele existe
independente disso).
(5) a verdade como Nietzsche disse porque a verdade existe, não é apenas uma coisa vaga.
(6) a verdade como Foucault disse pois Ele é independente das instituições. Ele não é uma
verdade manipulada.

A “verdade” escrita em João tinha o sentido que os Gregos antigos davam, como foi o
caso do filósofo Parmênides de Eleia que disse que:

A “verdade” é o oposto da mentira


A “verdade” é autêntica
Jesus é a verdade porque ele não é uma mentira. Se Jesus nunca mentiu em toda sua vida,
porque mentiria dizendo “eu sou a verdade”? A Bíblia condena a mentira e Ele cumpriu toda
a Lei. Foram palavras de Jesus: Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-
rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um
jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido Mt 5:17-18:
Sobre a mentira a Bíblia diz:
Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida
desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele
profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Jo 8:44

112
Aquele que diz: "Eu o conheço", mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e
a verdade não está nele. 1 Jo 2:4 –
Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo,
pois todos somos membros de um mesmo corpo. Ef 4:25
Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está
em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos
pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmarmos que não temos cometido
pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 1 Jo 1:8-10
Além de Jesus não ser uma mentira, Ele é a verdade porque Jesus é a autêntica
substância de Deus.
Jesus é o Deus encarnado, Ele o Cristo, impregnado pelo Espírito de Deus. Enquanto existia
em Jesus carne humana real que podia sangrar, sentir dor, frio e calor, a “carne espiritual” ou
seja, a alma e espírito de Jesus eram diferentes de qualquer homem que é da carne. Jesus é o
autêntico Logos, é a encarnação do Espírito.
Ele tem tanto uma humanidade normal como uma divindade completa. Sua divindade não é
possuída por nenhum homem. Sua humanidade normal sustenta todas as Suas atividades
normais na carne, enquanto Sua divindade realiza a obra do Próprio Deus.
Seja Sua humanidade ou divindade, ambas se submetem à vontade do Pai celestial. A
substância de Cristo é o Espírito, isto é, a divindade. Portanto, Sua substância é a do Próprio
Deus; essa substância não interromperá Sua obra, e Jesus não poderia fazer qualquer coisa
que destruísse Sua obra, e jamais pronunciaria palavras que fossem contra Sua vontade.
Isso é o que todas as pessoas deveriam entender. A essência da obra do ES é salvar o homem,
e é pela vontade de Deus. Por isso, a obra de Cristo também é salvar o homem.
A própria substância de Deus em Cristo exerce autoridade, por isso Jesus é capaz de
submeter-Se plenamente à autoridade que vem de Deus. Seja a obra do Espírito ou a da carne,
em Jesus nenhuma entra em conflito com a outra.
Basta então observar todo decorrer, toda missão, todas as passagens de Jesus nesta terra e
tentar encontrar um erro, ou apenas um viés contrário à obra redentora de Deus, planejada
lá no AT em Gn3:15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente;
esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
Porque Jesus, Deus e o ES coexistem em uma mesma substância, Jesus tem certificado de
garantia dado pelo próprio Deus:
• Antes do batismo de Jesus, João Batista disse: Eu vi o Espírito descer do céu como
pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com
água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse
é o que batiza com o Espírito Santo. E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus.
Jo 1:32-34
• No Batismo de Jesus por João Batista, E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e
eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo

113
sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo. Mt 3:16,17
• Quando Jesus foi orar, antes de ser preso em Jerusalém, Pedro estava falando e
estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma
voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o. Mt 17:5

Até na morte uma autoridade Romana autenticou Jesus com selo de garantia colocado na
cruz, nos três idiomas mais conhecidos da época, mesmo contra vontade dos Judeus:
• E Pilatos escreveu também um título, e pô-lo em cima da cruz; e nele estava escrito:
JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. E muitos dos judeus leram este título; porque o
lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico,
grego e latim. Diziam, pois, os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas,
O Rei dos Judeus, mas que ele disse: Sou o Rei dos Judeus. Respondeu Pilatos: O que
escrevi, escrevi. Jo 19:19-22

Na morte um ladrão, malfeitor de verdade, reconhece e autentica ser Jesus verdadeiro:


• E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o
Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo:
Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com
justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E
disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus:
Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. Lc 23:39-43

Depois de morto, ainda na cruz, se cumpriram duas profecias:


• Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a
preparação da pascoa, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem
tirados. Foram, os soldados, e quebraram as pernas dos malfeitores; Mas, vindo a Jesus,
e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o
lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. E aquele que o viu testificou, e o seu
testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais.
Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos
será quebrado. E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que traspassaram. Jo 19:31-37
“Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado”. Sl 34.20
“Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os
pés”. Sl 22.16.

Muitas outras profecias foram cumpridas autenticando que Jesus era a verdade esperada
pelos Judeus (e que, ainda assim, não acreditaram Nele) - Em Mateus encontramos: Tudo isto,
porém, aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas”. Mt 26.56
1. Vendido por trinta moedas de prata:
Profecia: “Eu lhes disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois,
por meu salário trinta moedas de prata”. Zc 11.12

114
Cumprimento: “Então, um dos doze, chamado Judas Iscariotes, indo ter com os principais
sacerdotes, propôs: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de
prata”. Mt 26.14-15.
Curiosidade: Muito colecionadores atuais possuem um exemplar dessa moeda da traição que
hoje é chamada de “shekel de tyro”. Custa em torno de 180 dólares.

2. Traído por um amigo


Profecia: “... mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo. Juntos
andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus. A morte os assalte,
e vivos desçam à cova! Porque há maldade nas suas moradas e no seu íntimo”. Salmos 55.13-15
Cumprimento: “E logo, aproximando-se de Jesus, lhe disse: Salve, Mestre! E o beijou. 50 Jesus,
porém, lhe disse: Amigo, para que vieste? Nisto, aproximando-se eles, deitaram as mãos em Jesus
e o prenderam”. Mateus 26.49-50
3. O Dinheiro foi atirado para o oleiro
Profecia: “Então, o SENHOR me disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui
avaliado por eles. Tomei as trinta moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do SENHOR”. Zc
11.13
Cumprimento: “Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso,
devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei,
traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo. Então, Judas,
atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se. (...) E, tendo deliberado,
compraram com elas o campo do oleiro, para cemitério de forasteiros”. Mt 27.3-5,7
4. Os discípulos O abandonaram
Profecia: “Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro,
diz o Senhor dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas; mas volverei a mão para
os pequeninos”. Zc 13.7
Cumprimento: “Então, os discípulos todos, deixando-o, fugiram”. Mateus 26.56 - “Então, lhes disse
Jesus: Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão
dispersas”. Mc 14.27
5. Acusado por falsas testemunhas
Profecia: “Levantam-se iníquas testemunhas e me argúem de coisas que eu não sei”. Sl 35.11
Cumprimento: “Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho
falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte. E não acharam, apesar de se terem

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apresentado muitas testemunhas falsas. Mas, afinal, compareceram duas, afirmando: Este disse:
Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias”. Mt 26.59-61
6. Bateu-se e cuspiu-se nEle
Profecia: “Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam os cabelos; não
escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam”. Is 50.6
Cumprimento: “Então, uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam,
dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu!” Mt 26.67,68
7. Mudo diante dos Seus acusadores
Profecia: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao
matadouro; como ovelha muda perante os seus tosquiadores, não abriu a boca”. Is 53.7
Cumprimento: “E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
Então, lhe perguntou Pilatos: Não ouves quantas acusações te fazem? Jesus não respondeu nem
uma palavra, vindo com isto a admirar-se grandemente o governador”. Mt 27.12-14
8. Ferido e pisado
Profecia: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. Is 53.5
Cumprimento: “após haver açoitado a Jesus, entregou-o para ser crucificado. Logo a seguir, os
soldados, levando Jesus para o pretório... Despojando-o das vestes, cobriram-no com um manto
escarlate; tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, na mão direita, um caniço;
e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!” Mt 27.26-29
9. Ele sucumbiu sob o peso da cruz
Profecia: “De tanto jejuar, os joelhos me vacilam, e de magreza vai mirrando a minha carne”. Sl
109.24
Cumprimento: “Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o
lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico”. Jo 19.17 “E, como o conduzissem, constrangendo
um cireneu, chamado Simão, que vinha do campo, puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que
a levasse após Jesus”. Lc 23.26
10. Crucificado junto com malfeitores e Ele orou pelos Seus inimigos
Profecia: “porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo,
levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”. Is 53.12
Cumprimento: “Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda. E
cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado”. Mc 15.27-28
Cumprimento: “Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então,
repartindo as vestes dele, lançaram sortes”. Lucas 23.34
11. Eles menearam a cabeça
Profecia: “Tornei-me para eles objeto de opróbrio; quando me veem, meneiam a cabeça”. Sl
109.25
Cumprimento: “Os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ó tu que
destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce
da cruz!” Mt 27.39,40
12. As pessoas zombaram de Jesus

116
Profecia: “Todos os que me veem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça:
Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer”. Sl 22.7,8
Cumprimento: “De igual modo, os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo,
diziam: Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos
nele. Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho
de Deus”. Mt 27.41-43
13. Eles O olhavam
Profecia: “Posso contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim”. Sl 22.17
Cumprimento: “O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e
diziam: Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é, de fato, o Cristo de Deus, o escolhido”. Lc 23.35
14. Suas vestes foram repartidas e sorteadas
Profecia: “Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes”. Sl 22.18
Cumprimento: “Os soldados, pois, quando crucificaram Jesus, tomaram-lhe as vestes e fizeram
quatro partes, para cada soldado uma parte; e pegaram também a túnica. ... lancemos sortes
sobre ela para ver a quem caberá—para se cumprir a Escritura: Repartiram entre si as minhas
vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes.”. Jo 19.23,24
15. Foi abandonado
Profecia: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha
salvação as palavras de meu bramido?” Sl 22.1
Cumprimento: “Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá
sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mt 27.46
16. Foram-lhe dados vinagre e fel
Profecia: “Por alimento me deram fel e na minha sede me deram a beber vinagre”. Sl 69.21
Cumprimento: “Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura,
disse: Tenho sede! Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vinagre uma esponja e,
fixando-a num caniço de hissopo, lha chegaram à boca”. Jo 19.28,29
“Deram-lhe a beber vinho com fel; mas ele, provando-o, não o quis beber”. Mt 27.34
17. Ele entregou Seu Espírito a Deus
Profecia: “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito; tu me remiste, Senhor, Deus da verdade”. Sl 31.5
Cumprimento: “Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E,
dito isto, expirou”. Lc 23.46
18 . Seus amigos ficaram de longe
Profecia: “Os meus amigos e companheiros afastam-se da minha praga, e os meus parentes ficam
de longe”. Sl 38.11
Cumprimento: “Entretanto, todos os conhecidos de Jesus e as mulheres que o tinham seguido
desde a Galileia permaneceram a contemplar de longe estas coisas”. Lucas 23.49
19. Seu coração parou
Profecia: “Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-
se como cera, derreteu-se dentro de mim”. Salmo 22.14
Cumprimento: “Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”.
João 19.34

117
20. Seu lado foi traspassado
Profecia: “olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um
unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito”. Zc 12.10
Cumprimento: “Contudo, um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e
água”. João 19.34
21. Trevas sobre a Terra
Profecia: “Sucederá que, naquele dia, diz o Senhor Deus, farei que o sol se ponha ao meio-dia e
entenebrecerei a terra em dia claro”. Am 8.9
Cumprimento: “Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra”. Mt 27.45
22. Sepultado no túmulo de um rico
Profecia: “Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte,
posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca”. Is 53.9
Cumprimento: “Caindo a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que era também
discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. E José, tomando o corpo,
envolveu-o num pano limpo de linho e o depositou no seu túmulo novo, que fizera abrir na rocha”.
Mt 27. 57-60
Muitos caminhos diferentes oferecem verdades diferentes, mas nenhuma é perfeita, somente
em Jesus encontramos a verdade perfeita, que nos liberta da escuridão do pecado.
Por tudo isso, Jesus diz que é “a verdade” que não é mentira, que é autêntico, comprovado
por várias fatos e profecias cumpridos. Ele é a verdade que liberta: E conhecerão a verdade,
e a verdade os libertará". Jo 8:32

A VIDA
Deus é a fonte de toda a vida. É Ele que dá vida a cada criatura no mundo.
Foi assim desde o Gênesis Ele criando dia a dia. Com o ser humano foi mais especial quando
a Bíblia relata que “Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas
narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente. Gn 2:7”, onde esse “fôlego de
vida” foi o enchimento de vida, alegria, risos, saciedade... enfim, Deus soprou vida abundante,
uma alma de emoções ao corpo antes pó. Dessa forma, o Senhor soprou e é quem sopra o
dom da vida em nossos corpos.
Ao contrário, a morte nunca é algo bacana. Via de regra há sofrimento para quem morre e
dor, saudade, choro e tristeza em quem fica, e essa junção da tristeza em nossa alma veio no
Capítulo 3 de Gênesis, depois da queda do ser humano e, desde lá, há um contraste entre a
vida e a morte.
A morte física e espiritual veio com o pecado, com o desrespeito a Deus, quando Adão e Eva
trocaram conversa com o Diabo e foram na onda dele, mas: O ladrão vem apenas para roubar,
matar e destruir Jo10:10. E assim aconteceu, ele destruiu a maravilhosa convivência entre
nós e Deus.
Ainda no capítulo 3 de Gênesis, Deus planejou para todos os seres humanos vencer a morte,

118
E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu. Então disse o
Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que
não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O
Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora
tomado. Gn 3:20-23
O grande detalhe nessa passagem é que Deus diz: “Eis que o homem é como um de nós” se
referindo às três pessoas, o Pai, Jesus e o ES, e o anúncio é péssimo para nós, seres humanos
que sabemos distinguir entre o bem e o mal. Não somos mais inocentes sobre nada.
Eles estavam com vergonha, então vem a providência divina: Deus cobre Adão e Eva com
peles. Para Deus fazer isso, algum animal morreu para que eles fossem cobertos, mas vem o
pior: O Senhor Deus o lançou fora do jardim do Éden. Nesse ato de lançar fora do Jardim, Deus
disse a todos nós que a vida espiritual ali morreu.
Nossa vida espiritual somente é plena na presença de Deus e estamos Dele separados, já
nascemos nessa condição: Separados Dele. Isaias diz: Vossos pecados fazem separação entre
vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. Is
59:2 e infelizmente já nascemos sabendo a diferença entre o bem e o mal, e muitas e muitas
vezes na vida escolhemos fazer o mal.
O apostolo Paulo disse: Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.
Rm 7:19, mas não precisamos ir muito longe não. Quantas vezes alguém testemunhou uma
criancinha de 2 ou 3 anos dando um beliscão noutra? Nascemos assim.
Esse pecado de Adão e Eva passou para a humanidade, e por isso já nascemos afastados de
Deus: Pois o salário do pecado é a morte. Rm 6:23
Mas Deus que nos deu lá em Gênesis o fôlego da vida que nos sustenta, e Eles (os três juntos)
cobriram Adão e Eva com peles nos mostrou uma amostra, um sinal de novo sopro de vida
nas nossas existências. Era um símbolo de quem pode cobrir nossas vergonhas, nossos
pecados – Jesus morto e ressurreto – Esse era o plano de resgate para nova vida: "Porque
Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna. Jo 3:16”
Então, embora a morte física continue a existir, uma nova vida acontecerá para todos após a
morte nessa terra. Disse Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda
que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?" Jo
11:25-26 – Observe que aqui tem a chave para alcançarmos essa nova vida – Você crê nisso”
Ao crer estamos religando nossos corações ao de Deus, voltando para o Éden espiritual,
numa vida eterna com Deus, a qual João escreveu: Esta é a vida eterna: que te conheçam, o
único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Jo17:3
Jesus cuida de nós desde quando ainda somos fetos:
Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque
me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com
convicção. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e
entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os

119
dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir.
Sl 139:13-16
Quando o cristão entende isso plenamente que a vida é um dom de Deus dado aos homens,
não apoia lei a favor do aborto. Deus cuida da vida desde os primeiros instantes. O argumento
é que o corpo é da mulher e que as políticas públicas são péssimas. De fato, muitas são muito
ruins, então o cristão luta pelo apoio para criação e manutenção de políticas públicas
verdadeiras, que cuidem, e não joguem fora criaturas de Deus, ainda que estejam no começo
da vida, porque Deus nos ama, e seu amor é eterno...
Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a
fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos
entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas
em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque
estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as
potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma
outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.
Rm 8:35-39
Por isso Paulo diz: Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se
entregou por mim. Gl 2:20
A vida é a bênção maior criada por Deus. Deus nos criou para a vida e não para a morte. Ele
é a fonte da vida. Ele mesmo iria mais tarde vencer a morte e ressuscitar cheio de vida. Jesus
é a vida plena, Ele é quem nos deu a vida eterna com Deus, a vida eterna vivendo no caminho
e na verdade. Ele nos une novamente a Deus e recebemos a promessa da ressurreição e da
vida eterna. Jesus provou que ele é a vida ao ressuscitar Lázaro e Ele mesmo. O autor da vida
não podia continuar morto! E, se Jesus ressuscitou, nós também podemos ter a certeza da
ressurreição. Jesus é nossa vida.
Há um salmo escrito por Davi na Bíblia onde ele pede para Deus mostra-lhe quanto tempo
ele ia viver. Na verdade, ele escreve isso, mas o sentido era mostrar como a nossa vida
terrena é passageira:
Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida e o número dos meus dias, para que eu saiba
quão frágil sou. Deste aos meus dias o comprimento de um palmo; a duração da minha
vida é nada diante de ti. De fato, o homem não passa de um sopro. Sim, cada um vai e
volta como a sombra. Em vão se agita, amontoando riqueza sem saber quem ficará com
ela. Sl 39:4-6
E Salomão diz: Ouça, meu filho, e aceite o que digo, e você terá vida longa. Pv 4:10
A vida longa, eterna e boa é junto de Deus e Jesus é o caminho, a verdade e quem traz a vida,
uma vida novamente na casa de Deus, no Éden perdido, na nova Jerusalém:
Jesus é a DIREÇÃO VERDADEIRA PARA VIDA ETERNA.
Uma coisa pedi ao Senhor e a procuro: que eu possa viver na casa do Senhor todos os dias da
minha vida, para contemplar a bondade do Senhor e buscar sua orientação no seu templo. Sl
27:4

120
13
Capítulo

Eu sou a videira verdadeira - (Pertencimento)

Jesus, A Videira Verdadeira: Ele desenvolve o pensamento de que Ele é a videira


verdadeira, os discípulos estando relacionados a Ele como os ramos à videira. É
importante que os ramos permaneçam na videira, se eles desejarem ter a vida. Jesus
continua a falar sobre o Espírito Santo (15:26-16:15).

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda vara em mim que
não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
Vós já estais limpos pela palavra que vos tenha falado. Estai em mim, e eu, em
vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira,
assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós, as varas;
quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada
podereis fazer”. (João 15.1-5)

Talvez essa seja a passagem do NT que gera maior número de discussões e interpretações
diferentes. Tentaremos resumir de maneira mais clara possível, a interpretação mais aceita:
A visão de PERTENCIMENTO – Nós pertencemos (ou não) a Deus e ao Reino Dele, somos (ou
não) salvos em Jesus e as consequências de sermos salvos.
O texto em estudo é uma alegoria, ou seja, o uso de figuras ou objetos em uma narrativa para
dar significado a outras coisas. Nesse tipo de narrativa se deve observar cada detalhe, pois
ela é cheia de significados. Temos três elementos centrais na história: o agricultor, a videira
e os ramos.
Para um judeu religioso, a videira é uma planta familiar que, junto com o trigo e a oliveira,
marca a terra de Israel; é a planta da qual se extrai “o vinho que alegra o coração humano”

121
(Sl 104, 15); é a planta cultivada desde sempre na terra da Palestina, símbolo de uma vida e
de uma cultura atestada, símbolo da vida abundante e alegre.
Deus Pai é apresentado aqui como o agricultor ou viticultor, aquele que é o dono de tudo e
cuida de tudo e Ele tem nas mãos o poder de cuidar, limpar e também de jogar fora os ramos
não ligados à videira, e os ramos são os seres humanos, que podem ou não estar ligados à
videira.
Em qual ocasião Jesus disse o Eu Sou – “a Videira Verdadeira” e falou dos “ramos” e o que ele
queria dizer? Possivelmente Jesus contou essa alegoria na noite da Ceia com seus discípulos
e lembrem-se, nessa ceia havia Judas que traiu Jesus.
Assim, aquela era a última oportunidade de Jesus livremente advertir seus discípulos antes
de ser preso. Jesus lhes falou sobre a diferença entre o ramo que dá fruto e o ramo que não
dá fruto. O GRANDE ensinamento está fundamentado claramente sobre o conceito de
“permanecer nele” ou não. O ramo que dá fruto é aquele que permanece nele, ao contrário
do infrutífero que é cortado, juntado e lançado no fogo.
Cortado, jogado no fogo, como assim? Vamos entender...
(a) Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Jo 15:1
A palavra “videira” poderia significar uma simples videira ou a vinha toda. Seja como
for, a imagem aqui dá uma ideia de total dependência. Israel era a videira plantada por
Deus, mas não conseguiu dar bons frutos (Is 5.1-7; Jr 2.19-21).
Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O
meu amado tem uma vinha num outeiro fértil. E cercou-a, e limpando-a das pedras,
plantou-a de excelentes vides; e ... esperava que dessas uvas boas, porém deu uvas
bravas. Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre
mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha
feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? Agora, pois,
vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva
de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada; E a tornarei em deserto; não
será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei
ordem que não derramem chuva sobre ela. Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a
casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que
exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor. Is 5:1-7
Aqui Isaías inspirado fala de uvas boas e uvas bravas...
A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que
mal e quão amargo é deixares ao SENHOR teu Deus, e não teres em ti o meu temor,
diz o Senhor DEUS dos Exércitos. Quando eu já há muito quebrava o teu jugo, e
rompia as tuas ataduras, dizias tu: Nunca mais transgredirei; contudo em todo o
outeiro alto e debaixo de toda a árvore verde te andas encurvando e prostituindo-te.
Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois,
te tornaste para mim uma planta degenerada como vide estranha? Jr 2:19-21
Aqui Jeremias inspirado fala de alguém que diz o tempo todo que serve a Jesus, mas
não faz isso, pelo contrário, “andas encurvando e prostituindo-te”. Deus tinha plantado

122
algo excelente (Sua Palavra) mas quem recebeu não quis, pois tornou-se para Deus
“uma planta degenerada como vide estranha”.
Isaías e Jeremias, no AT estava falando da nação de Israel, os hebreus, que tinham
entrado na terra de Canaã, e tinham ido adorar deuses estranhos. De fato, por diversas
vezes, a planta da uva, a vinha, representa o povo hebreu. O Salmos 80:8-16 é muito
claro. Até o versículo 11 fala de uma vinha oriunda do Egito que foi plantada (nesse
caso, plantada em Canaã).
Trouxeste uma vinha do Egito; lançaste fora os gentios, e a plantaste. Preparaste-
lhe lugar, e fizeste com que ela deitasse raízes, e encheu a terra. Os montes foram
cobertos da sua sombra, e os seus ramos se fizeram como os formosos cedros. Ela
estendeu a sua ramagem até ao mar, e os seus ramos até ao rio. Sl 80:8-11.
Depois a sequência do Salmo, até o versículo 16, mostra que a nação de Israel estava
muito mal, pois “javalis”, “feras do campo” estavam “devorando-a”.
Por que quebraste então os seus valados, de modo que todos os que passam por ela
a vindimam? O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram. Oh! Deus
dos Exércitos, volta-te, nós te rogamos, atende dos céus, e vê, e visita esta vide; E a
videira que a tua destra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti. Está
queimada pelo fogo, está cortada; pereceu pela repreensão da tua face. Sl 80:12-16.
Precisamos entender que nesse caso, há uma linguagem simbólica, mas a Nação de
Israel é libertada do Egito, entra em Canaã, e depois não fica muito bem com Deus, pois
vai atrás de outros deuses.
Porque a maioria dos discípulos eram judeus, eles poderiam facilmente entender o
ensinamento de Jesus ao dizer: “Eu sou a Videira verdadeira”. Jesus estava explicando
que ele é a videira verdadeira, porque somente Nele temos vida. Ele gera seiva que
alimenta quem Nele está ligado. Não existe outra fonte de vida. A videira sustenta e
alimenta os ramos. Sem Jesus, morremos.
Quando Jesus diz: “e meu Pai é o lavrador” é um detalhe que se a pessoa ler rápido,
passa por cima e não atenta para o fundamento: O pai, nessa passagem específica,
não é o nosso lavrador, mas o é de Jesus. O pai é quem planta a verdadeira videira, que
é Jesus Cristo, isso mostra a ligação Dele com o Pai.
Nós não somos, nem seremos a verdadeira videira, nem Buda é, nem Confúcio é, nem
Gandhi é, ninguém é, nem pode ser a verdadeira videira, somente Jesus Cristo é,
somente Ele é quem dá a seiva da vida.
Esse é o cumprimento do Salmo 80, em que o filho do homem (SI 80.17) é a videira
plantada por Deus. “Seja a tua mão sobre o homem da tua destra, sobre o filho do homem,
que fortificaste para ti. Sl 80:17”
Então, Ele continua o ensinamento...

(b) Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para
que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Jo 15:2,3

123
Nesse versículo é diferente: Quando Jesus fala que toda “vara em mim” (em outras
traduções “ramos em mim”), mostra uma ligação de Jesus conosco. Se existe ligação da
gente com Jesus existe fruto e se não há ligação não há fruto. Essa afirmação é muito
óbvia, mas quais implicações dessa ligação e frutos?
Jesus, com seus “ramos”: nós, todos os que creem nele, somos “enxertados” Nele, que é
a videira verdadeira, e temos vida.
Da mesma forma que todo o povo de Israel descendente dos seus patriarcas Abraão,
Isaque e Jacó estavam ligados à Deus, nós, gentios por natureza, a nova geração do povo
de Deus é apresentada aqui como descendência de Cristo, organicamente ligada a Ele,
como ramos que nascem da videira.
Mas o que quer dizer “que não dá fruto, a tira” e “limpa toda aquela que dá fruto”?
Primeiro vamos entender “fruto”:
Há uma possibilidade de João estar falando nos frutos do Espírito que Paulo escreveu
no livro de gálatas cap5 (amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio) porque, sem o Espírito Santo que recebemos
quando aceitamos Jesus como Salvador, é muito difícil termos esse fruto que Paulo
descreve, entretanto, no contexto do cap15 de João, esse “fruto” a maioria dos teólogos
acredita que esse fruto é a Salvação, é a vida eterna com Deus, é o retorno ao Éden.
O contexto de “fruto” nesse versículo significando salvação é mais apropriado, diz
pastor Daniel, porque por incrível que pareça, é possível que uma pessoa tenha tido
"experiências espirituais" e ainda assim não tenha nascido de novo. Veja o que Jesus
diz sobre o que vai acontecer no Dia do Juízo Final:
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz
a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor,
não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em
teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos
conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. ” Mt 7.21-23
Então não está enxertado, não ser ramo da videira que é Jesus, implica em não ter
salvação.
Vamos imaginar uma situação que acontece nas plantações verdadeiras de uva.
Existe a figura do agricultor que chega num parreiral, e vai examinando as uvas.
Quando chega em determinado galho, não tem uva nenhuma e ele observa que esse
galho não está ligado ao pé de uva. Qual é o lógico fazer? Tirar esse galho que não está
ligado. Quando o agricultor encontra um ramo que não dá fruto, ele o corta, porque na
verdade já está morto.
E de forma contrária, ele encontra um galho que tem uvas, mas está seco.... Ele vai
limpar. Existe uma situação real em plantações de uvas que quando termina o inverno,
o lavrador percorre a vinha levantando os ramos perto do solo, onde eles ficaram no
inverno, e prende-os em estacas, para que eles sejam aquecidos pelo sol. O calor faz
com que os ramos brotem. Os que não recebem sol gerarão nada além de uvas duras e
azedas. Quando o ramo é levantado da terra suja ele produz frutos deliciosos.

124
De forma espiritual, Deus tira do meio de Seu povo aqueles que estão misturados com
os seus, mas não são Dele (joio e trigo em outra passagem). Do seu povo, que continua
pecador, buscando santidade, ele limpa os pecados.
O fruto na videira, ou seja, o salvo por Jesus, o lavrador (Deus) limpa de pragas e
doenças. Deus limpa nossas vidas, retirando o pecado e todas as barreiras que nos
impedem de dar bons frutos. Deus trabalha em nossas vidas e nos ajuda a crescer. A
purificação de toda colheita espiritual é feita pela Palavra. A questão principal aqui nem
é a união (necessária para todos darem testemunho e pregarem a palavra aos que
precisam ser enxertados), mas a comunhão com Jesus, que produz frutos.
(c) Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver
na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Jo 15:4
Aqui fica claro que ninguém consegue alcançar salvação sozinho, pois somos varas, e
como ramos que somos somente produzimos frutos de salvação se recebermos a seiva
da raiz, raiz de Davi, leão de Judá, Jesus.
O fruto “salvação” tanto é para nós mesmos, como para os outros. Somos usados pelo
agricultor, Deus, como ramos que levam a seiva da vida – Jesus - para si e para os outros.
Para que o ramo dê mais frutos Ele tem de estar na videira, ou seja, ficar, fazer parte,
permanecer, criar raízes em Jesus. E a maneira como permanecemos em Cristo é
obedecendo (E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo,
e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento. E aquele que guarda os seus
mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo Espírito
que nos tem dado. 1 Jo 3:23,24). O cristão que obedece à Palavra de Deus com amor dá
muitos frutos.
(d) Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque
sem mim nada podeis fazer. Jo 15:5
Aqui qualquer ideia de auto-gratificação ou auto-salvação por obras cai por terra.
Nesse versículo, Jesus é explícito que Ele é a videira e nós os ramos. Não há dúvidas. O
importante é a ligação que Jesus faz com Suas palavras: Nós estamos ligados a Jesus,
Jesus a Deus, logo nós estamos conectados à Deus por Jesus.
“Estar” sem “Ser” é o mesmo que, em estando, não permitir que todas as implicações
desse “Estar”, produzam em seu ser as transformações ordenadas pelo Caule que é
Cristo. Ramo não tem vontade, está lá por bondade e graça do Viticultor. O ramo não
escolhe qual posição ocupará na Videira. O ramo só tem uma obrigação, produzir fruto,
não importa a quantidade e o tamanho do fruto, a ordem é produzir.
Nos outros “Eu Sou” já estudada antes, “a Porta”, “o Bom Pastor”, etc, Jesus se apresenta
como o cordeiro que morre por nós, mas aqui Jesus se apresenta como a ligação com
Deus. Ele é o nosso elo de ligação com Deus, elo perdido lá em Gênesis cap3. De fato,
Sem Jesus, o cristão não consegue fazer nada que tenha valor espiritual porque não
consegue se ligar a Deus.

125
Mas aqui há algo a mais que deve ser pensado: É impossível um ramo estar na “videira
verdadeira” e ser improdutivo, pois o Pai, como um agricultor, dispensa os cuidados
necessários para que os ramos produzam.
A alegoria da videira e os ramos demonstra tanto a responsabilidade humana quanto a
soberania de Deus. A responsabilidade humana pode ser vista claramente nas palavras:
“Aquele que permanece em mim”, mostrando que nós precisamos buscar Jesus. Por
outro lado, no mesmo versículo, a soberania de Deus também é claramente expressa:
“Porque sem mim nada podem fazer”, Ele é a fonte de tudo.
(e) Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem
e lançam no fogo, e ardem. Jo 15:6
Nesse caso, Jesus já mostrou que era a videira verdadeira e que temos que ser ligados
a Ele, no entanto, os Judeus o rejeitaram. O povo hebreu, que se transforma nos Judeus
posteriormente, negou ser Jesus Deus, portanto negou a divindade de Jesus, por isso,
não pode ser salvo. A lei que os Judeus tentavam cumprir não salva ninguém pois
ninguém consegue cumprir toda a lei (Paulo trabalha esse tema em Gálatas).
Então os judeus foram falhos para com Jesus, Israel representava um tipo de videira
que falhou e, nesse momento, ela e toda pessoa que não crer em Jesus foi julgada, e
faltará o fruto da salvação.
Por isso “se alguém não estiver em mim” [em Cristo], sofrerá diversas consequências:
(i) será lançado fora, o que significa perda de comunhão com o Reino de Deus; (ii)
secará, o que significa perderá aquela alegria interior que os que têm Jesus tem; (iii)
será lançado no fogo, o que infelizmente significará condenação.
Esse “fogo” de condenação virá porque a pessoa que nega Jesus não tem os pecados
justificados e diante do juízo do tribunal de Cristo não tem como se defender.
Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito:
Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua
confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.
Rm 14:10-12.
Não permanecer em Cristo traz consequências espirituais desastrosas.
Muitas pessoas não entendem o contexto de Jesus nessa passagem e dizem que Ele é
duro, que nos ama, mas nos arranca e nos joga no fogo. Ora, pelo contrário, Deus nos
amou de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna. Jo 3:16. Então Ele veio, morreu por cada um de nós, se
apresenta a cada instante, garante que perdoa o pior pecado do mundo, bastando
somente acreditar Nele como Salvador, aí a pessoa não aceita, e diz que Ele é duro?
Esses ramos improdutivos que irão para uma condenação eterna são pessoas que não
querem se sujeitar a Jesus Cristo, inclusive atualmente há muitos crentes nominais,
aqueles que estão nas igrejas e são crentes apenas de boca para fora. Eles seguem a
Jesus de mentirinha e dizem estar nele, mas são incapazes de realmente produzir
frutos.

126
Esses ramos improdutivos representam os impostores, como aqueles Judeus, fariseus
e saduceus que fizeram de tudo para esconder a verdadeira luz. Essas pessoas apenas
professam uma fé histórica. Por isso, estes ramos ruins e improdutivos são cortados de
entre os ramos produtivos, e finalmente são ajuntados e lançados no fogo.
Volta aqui o sentido de pertencer a Ele: Naquela mesma noite, Judas Iscariotes o trai.
Ele havia estado tão perto de Jesus e desfrutado de uma relação tão próxima com Ele.
Ele tinha recebido a Palavra; presenciou e participou de obras incríveis que
comprovavam que Jesus era o Filho de Deus, mas ele não quis aceitar que Jesus era
Deus, pois qualquer pessoa que aceita Jesus como sendo Deus, como pode traí-lo?
Aparentemente não havia diferença alguma entre o traidor Judas Iscariotes e os onze
restantes. Qualquer um visse Judas na noite em que ele saiu para trair o Senhor,
facilmente diria: Eis aí um dos discípulos mais próximos daquele Jesus de Nazaré. Isso
significa que aparentemente tanto Judas quanto os demais discípulos, eram ramos que
estavam na Videira verdadeira.
Mas o Mestre sabia exatamente a diferença que existia entre esses dois tipos de ramos.
Enquanto onze possuíam um relacionamento íntimo e verdadeiro com Ele, o outro
possuía apenas um relacionamento externo e superficial (aparentemente estava na
Videira verdadeira, mas não era frutífero).
Com base nesse contexto, as palavras de Jesus simplesmente se encaixam sobre a
necessidade de permanecer nele. Somente estando na Videira verdadeira é que um
ramo pode produzir os frutos de obediência.
(f) Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que
quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis
meus discípulos. Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu
amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo
modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.
Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.
Jo 15:7-11
Então, uma vez que estamos ligados a videira verdadeira, permanecer em Cristo,
existem algumas consequências:
(i) resposta à oração e produção de frutos (e nesse versículo “frutos” ganham sentido
de galardão);
(ii) cumprimento de propósito porque seremos seus seguidores, então o Pai será
glorificado;
(iii) Jesus nos amará, mas isso já temos, a questão boa é que “permaneceremos em Seu
amor”, isso ganha um significado de felicidade pois, às vezes, alguém nos ama mas, por
diversas circunstancias vive longe da gente, nesse caso, o amor de Jesus será pleno,
vivido e sentido por nós;
(iv) O gozo, o aproveitar desse amor é presente, no aqui e agora, e ainda mais no futuro;
Essas palavras não se resumem apenas ao grupo dos discípulos que cercavam Jesus
naquela noite. Essas palavras se estendem a todos os seus discípulos genuínos ao longo

127
dos tempos. Para glória de Deus Pai, nós somos esses discípulos, ramos frutíferos que
produzem mais e mais frutos por estarem na videira verdadeira.
Permanecer em Cristo significa ter comunhão pessoal com Ele. Permanecer na Sua
Palavra envolve obediência. Conhecer o Salvador gera em nós fé, que nos leva a uma
atitude óbvia: obedecer-lhe por amor. Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer
aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados. 1 Jo 5:3.
(g) O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Jo
15:12
Se não houver amor entre os irmãos na casa, na igreja, como amaremos outras pessoas?
O amor não deve ser considerado apenas um sentimento, mas uma atitude, resultado
de uma decisão, com efeitos práticos. Jesus disse que o maior amor faz com que uma
pessoa dê a vida pelo amado.
Quando Ele falou isso, dentro de algumas horas foi crucificado por nós. Os discípulos
também precisavam ter tal disposição, pois no final quase todos eles dariam suas vidas
pelo evangelho, alguns anos mais tarde. Amar é dar a vida, ainda que não seja preciso
morrer. Esse amor pode ser compreendido como a manifestação do caráter de Cristo
em nós, vivendo como Ele viveu, tanto que Ele disse: “se a mim me perseguiram,
também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a
vossa” (15.20).
(h) Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos,
porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque
tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Jo 15:13-15
O propósito de Jesus é que produzamos algo para o benefício do próximo e não apenas
para nós mesmos. Frutificar é dar, e não receber. O egoísmo não faz parte da natureza
da videira verdadeira. O mais importante na vida de um homem não é o que ele fez por
si mesmo, mas o que realizou pelos outros (é muito difícil, somente sendo
verdadeiramente de Deus para conseguir).
Precipitadamente e confiando apenas no seu eu, Pedro se ofereceu para entregar sua
vida por Jesus. Mas, na verdade naquela hora, ele não estava pronto para morrer por
Cristo; ele não estava pronto nem para viver para Ele. Dar a vida por outros, ainda que
não seja com morte física, é um ato de amor Cristão, porque Jesus fez isso por nós.
Tanto de a vida fisicamente como desde o início de seu ministério, Sua missão era ser
para nós o caminho para Deus. O maior exemplo do amor é a humildade de Jesus ao se
sacrificar por nós.
Então Jesus mostra um link como AT – Ele não nos quer chamar de servos, mas de
amigos como fez com Abraão. “E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus,
e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Tg2:23”. Por isso, se
os cristãos obedecerem ao mandamento de Jesus de amar, eles terão comunhão e
amizade com Ele. Veja que amizade, ao contrário de filiação, não é um dom dado de
uma vez por todas, mas algo que cresce conforme há obediência ao mandamento de
Jesus para amar.

128
Um servo recebe ordens para fazer as coisas e vê o que seu mestre faz, mesmo que não
saiba o sentido ou propósito daquilo. Os amigos sabem o que acontece na vida dos
outros amigos porque cultivam forte comunhão e conhecem uns aos outros.
"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do
Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor" (ICo.15.58).
Finalmente, concluímos mostrando que, em vez de escolher a palmeira ou o cedro, ou
então o vigoroso carvalho, Jesus escolheu a videira. Talvez porque as outras árvores
fossem majestosas por si próprias e conseguiam manter-se em pé sozinhas.
Mas a videira não. Ela precisa de grades para se entrelaçar e assim seus galhos crescem
em direção ao céu. Jesus em Sua humanidade, dependia do poder divino. Ele mesmo
disse: “Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma” (João 5:30). Os judeus
consideravam a videira como a mais nobre das plantas, também a videira representava
tudo quanto é poderoso e frutífero.
Nos Montes da Palestina Deus plantou a Videira que é Jesus. Muitas pessoas foram
atraídas a Jesus e reconheceram nEle a origem divina. Porém, para os guias religiosos
da época, Jesus parecia uma raiz em terra seca. Não deram importância a Jesus.
Humilharam, esmagaram e pisaram a Videira.
Mas, separado da videira o ramo não pode sobreviver. A raiz é Jesus. A raiz por meio
dos galhos, envia a nutrição aos ramos mais afastados. Dessa mesma maneira Jesus
comunica a todas as pessoas que estão ligadas a Ele, a corrente do vigor espiritual.
Como o ramo é nutrido pela seiva da videira, quase que sem cessar, assim deve o cristão
se apegar à Videira verdadeira, e dEla receber força e poder para vencer o mal.
O mais importante de tudo isso é reconhecer Jesus como nosso Salvador pessoal e o
maior propósito da videira, dos ramos e dos frutos é a glória de Deus. O evangelho e a
vida cristã não devem ser usados para a glória humana. “Nisto é glorificado meu Pai,
que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (João 15.8).
Na vida dos Cristãos é necessário que esteja presente a palavra de Deus com todo o seu
poder e seu senhorio: a Palavra que limpa, purifica (verbo kathaíro); a Palavra que,
como espada de dois gumes (cf. Hb 4, 12), corta o ramo estéril, corta o ramo exuberante
e prepara uma colheita abundante e boa; a Palavra que é a seiva da videira.
Essa Videira, seiva verdadeira é o que Jesus representa, é o que faz sermos ou não
ramos Dele, é que nos atribui PERTENCIMENTO, ou seja, Nele pertencemos ao Reino
de Deus. Sem estar Nele, não pertencemos ao Reino.

129
14
Seção

O consolador e a oração de Jesus

Nesses capítulos 16 e 17 Jesus ainda está conversando com os discípulos e fala do Espírito
Santo, consolador.
I. Primeiro Jesus alerta que a vida do discípulo na terra não seria fácil V.1-6 e;
II. Mas Ele diz que dará o consolo e que vai sustenta-los sob as tais dificuldades, as
quais são cinco:
1. Que Ele lhes enviaria o Consolador; v 7-15
2. Que Ele os visitaria novamente, em sua ressureição; v 16-22
3. Que Ele lhes garantiria uma resposta de paz a todas as suas orações; v 23-27
4. Que agora Ele estava apenas retornando a seu Pai; v 28-32
5. Que quaisquer que fossem os problemas que eles encontrassem neste mundo,
por virtude da Sua vitória sobre este mundo, eles poderiam ter a certeza de que
teriam paz Nele; v 33
Os discípulos não entendem por quê Cristo tem de abandoná-los; assim, ele mostra-lhes que
seu retorno para o Pai possibilita grandes bênçãos por causa da vinda do Espirito. Para levar
uma vida que glorifique Cristo, precisamos do Espírito de Deus. Nosso Senhor descreve como
o Espírito opera por intermédio do crente.
1. O Espírito condena o mundo (v.1-11)
“Falo essas coisas para que vocês não se escandalizem. Eles expulsarão vocês das sinagogas, e
até chegará a hora em que todo aquele que os matar pensará que, com isso, está prestando
culto a Deus. Isso farão porque não conhecem o Pai nem a mim. Mas estou falando essas coisas
para que, quando chegar a hora, vocês se lembrem de que eu já tinha dito isto para vocês. Eu
não lhes falei isso desde o princípio, porque eu estava com vocês. Mas, agora, vou para junto
daquele que me enviou, e nenhum de vocês me pergunta: "Para onde o senhor vai?" Pelo
contrário, porque eu lhes disse essas coisas, a tristeza encheu o coração de vocês. Mas eu lhes
digo a verdade: é melhor para vocês que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá

130
para vocês; mas, se eu for, eu o enviarei a vocês. Quando ele vier, convencerá o mundo do
pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque eles não creem em mim; da justiça, porque vou
para o Pai, e vocês não me verão mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
O mundo não é amigo do Cristão. Cristo advertiu os seus que haveria perseguição a fim de
evitar que tropeçassem e caíssem quando ela viesse. O versículo 2 fala de um tipo de pessoa
do qual Paulo era, antes de sua conversão. Cristo não lhes contou isso antes aos seus
discípulos, porque estava com eles para protegê-los. Agora, Ele dá-lhes essa Palavra com a
finalidade de encorajá-los, pois está para deixa-los. Claro que Cristo já conversara com eles
a respeito de perseguição (Mt 5:10-12),
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados são vocês quando, por minha causa, os insultarem e os perseguirem, e,
mentindo, disserem todo mal contra vocês. Alegrem-se e exultem, porque é grande a sua
recompensa nos céus; pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.”
Mas não explicou a origem da perseguição (pessoas religiosas) e a nem razão (a ignorância
e o ódio do mundo) dela.
Agora, Ele explica o trabalho que o Espírito fará no mundo por intermédio da igreja. O
próprio fato de o Espírito estar no mundo representa uma acusação contra o mundo. Na
verdade. Cristo deveria estar no mundo reinando como Rei, mas este O crucificou. Lembre-
se que o Espírito vem para as pessoas de Deus, não para as do mundo perdido ( v. 14-17). Ele
está aqui e lembra a humanidade de seu pecado terrível. O Espírito condena o mundo de três
formas:
A. Pelo Pecado (v 9)
“do pecado, porque eles não creem em mim;” - Esse é o pecado da descrença. O Espírito
não condena o mundo dos pecados individuais, pois a consciência deve fazer isso (At
24:24-25).
“Passados alguns dias, Félix veio com Drusila, sua mulher, que era judia. Mandou chamar
Paulo e passou a ouvi-lo a respeito da fé em Cristo Jesus. Quando Paulo começou a falar
sobre a justiça, o domínio próprio e o Juízo vindouro, Félix ficou amedrontado e disse: Por
agora, você pode retirar-se, e, quando eu tiver oportunidade, mandarei chamá-lo.”
A presença do Espírito no mundo prova que este não crêem Cristo; de outra forma, Cristo
estaria no mundo. O pecado que condena a alma é a descrença, a rejeição de Cristo (Jo
3:18-21).
“Quem nele crê não é condenado; mas o que não crê já está condenado, porque não crê no
nome do unigênito Filho de Deus. ¹⁹ A condenação é esta: a luz veio ao mundo, mas os
homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.²⁰ Pois todo
aquele que pratica o mal detesta a luz e não se aproxima da luz, para que as suas obras
não sejam reprovadas.²¹ Quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que as suas
obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.”

131
B. Pela Justiça (v.10)
“Justiça, porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais;”
Observe que isso não é a mesma coisa que injustiça; isto é, os pecados das almas perdidas.
Cristo fala da condenação do mundo pelo Espírito, não do indivíduo descrente, embora
haja uma aplicação pessoal. A presença do Espírito no mundo comprova a justiça de
Cristo, que retornou para o Pai. Cristo, enquanto esteve na terra, foi acusado de quebrar
a lei, de ser um pecador e um impostor. No entanto a presença do Espírito no mundo
comprova que o Pai ressuscitou o Filho e recebeu-O de volta ao céu.
C. Pelo Julgamento (V.11)
“Do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. “
Não confunda isso com o “juízo vindouro” de At 24:25. Aqui, Cristo fala do julgamento na
cruz, não de um julgamento futuro. Ele já falou de julgar Satanás e o mundo (12:31-32)
(Cl 2:15) “¹⁵ E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando sobre eles na cruz”). A presença do Espírito no mundo comprova que
Satanás foi julgado e derrotado, ou ele estaria controlando o mundo.
Podemos aplicar esses três julgamentos ao descrente individual. O Espírito usa o
testemunho cristão e a Palavra para convencer o cético a respeito de seu pecado de
descrença, de sua necessidade de justiça e de que, já que pertence a Satanás, está do lado
do perdedor (Ef 2:1-3). Não há salvação sem a condenação guiada pelo Espírito, pois Ele
usa a Palavra para condenar as almas perdidas.

2. O Espírito instrui o cristão (16:12-15)


“¹²Tenho ainda muito para lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora. ¹³ Porém,
quando vier o Espírito da verdade, ele os guiará em toda a verdade. Ele não falará por si
mesmo, mas dirá tudo o que ouvir e anunciará a vocês as coisas que estão para acontecer. ¹⁴
Ele me glorificará, porque vai receber do que é meu e anunciará isso a vocês. ¹⁵ Tudo o que
o Pai tem é meu. Por isso eu disse que o Espírito vai receber do que é meu e anunciar isso a
vocês. “
Provavelmente, os discípulos perceberam sua ignorância em relação a Palavra, e Cristo
explicou-lhes o ministério de ensino do Espírito a fim de assegurá-los disso. Em 14:26 e
15:16, Ele fala a respeito disso. A frase “não falará de si mesmo” (v.13, NVI) significa que o
Espírito não ensinará o que lhe aprouver, mas seguirá a orientação do Pai e do Filho. O
Espírito ensina-nos a verdade fundamentada na Palavra e glorifica a Cristo ao fazer isso.
Guy King sugere três formas em que o Espírito Santo glorificou a Cristo:
(1) Ele escreveu a Bíblia sobre Cristo;
(2) Ele torna o crente igual a Cristo, filho de Deus;
(3) Ele encontra uma noiva para Cristo, a Igreja.

132
O Espírito pode ensinar qualquer cristão que se entrega a Cristo. Para saber como Deus pode
ensinar o cristão seja humilde, leia Sl 119:97-104. A disposição para aprender e para viver a
Palavra é mais importante que a idade, a experiência ou a instrução da pessoa.

3. O Espírito encoraja o cristão (16:16-22)


“¹⁶ Um pouco, e vocês não me verão mais; outra vez um pouco, e me verão de novo. ¹⁷ Então
alguns dos seus discípulos disseram uns aos outros: — Que vem a ser isto que ele está nos
dizendo: "Um pouco, e vocês não me verão mais, e outra vez um pouco, e me verão de novo";
e: "Vou para o Pai"? ¹⁸ E diziam: Que vem a ser esse "um pouco"? Não compreendemos o que
ele está dizendo. ¹⁹ Jesus, percebendo que queriam lhe fazer perguntas, disse: Vocês estão
discutindo a respeito disto que eu acabo de falar: "Um pouco, e vocês não me verão mais, e
outra vez um pouco, e me verão de novo"? ²⁰ Em verdade, em verdade lhes digo que vocês
vão chorar e se lamentar, mas o mundo se alegrará. Vocês ficarão tristes, mas a tristeza de
vocês se transformará em alegria. ²¹ A mulher, quando está para dar à luz, fica triste, porque
chegou a sua hora; mas, depois de nascida a criança, já não se lembra da aflição, pela alegria
de ter trazido alguém ao mundo. ²² Assim também agora vocês estão tristes. Mas eu os verei
outra vez, e o coração de vocês ficará cheio de alegria, e ninguém poderá tirar essa alegria de
vocês. “
Os discípulos sentiam-se muito perturbados e desencorajados com o fato de Cristo deixá-los.
O versículo 16 parece paradoxal: “Um pouco e não mais me vereis; outra vez um pouco, e
ver-me-eis” Na verdade, Jesus vai morrer, mas depois aparecerá para eles. Eles mudarão a
visão física pela espiritual. Hoje, os crentes vêem Jesus (Hb 2:9) “⁹ Vemos, porém, aquele que,
por um pouco, foi feito menor do que os anjos, Jesus, que, por causa do sofrimento da morte,
foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos. “
por meio da Palavra de Deus ensinada pelo Espírito.
Cristo compara seu sofrimento com o nascimento de uma criança: dor lancinante seguida de
alegria. Isaías 53:11 afirma: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma”. Os discípulos
chorarão e lamentarão, mas essa tristeza se transformará em alegria. Nosa angústia e nosso
sofrimento hoje se transformarão em alegria quando Cristo retornar. Cristo dá o tipo de
alegria que o mundo não pode tirar.
4. O Espírito ajuda o cristão a orar (16:23-33)
“²³ Naquele dia vocês não me perguntarão nada. Em verdade, em verdade lhes digo: se
pedirem ao Pai alguma coisa em meu nome, ele lhes concederá. ²⁴ Até agora vocês não
pediram nada em meu nome; peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa.
²⁵ Essas coisas eu falei a vocês por meio de figuras. Vem a hora em que não falarei mais por
meio de figuras, mas falarei a vocês claramente a respeito do Pai. ²⁶ Naquele dia vocês
pedirão em meu nome. E não lhes digo que pedirei ao Pai em favor de vocês, ²⁷ porque o
próprio Pai os ama, visto que vocês me amam e creem que eu vim da parte de Deus. ²⁸ Vim
do Pai e entrei no mundo, mas agora deixo o mundo e vou para o Pai. ²⁹ Então os seus
discípulos disseram: Agora o senhor fala claramente e não emprega nenhuma figura. ³⁰
Agora vemos que o senhor sabe todas as coisas e não precisa que alguém lhe pergunte. Por
isso, cremos que o senhor veio de Deus. ³¹ Jesus respondeu: Vocês creem agora? ³² Eis que
vem a hora — e já chegou — em que vocês serão dispersos, cada um para a sua casa, e vocês
133
me deixarão sozinho. Mas não estou sozinho, porque o Pai está comigo. ³³ Falei essas coisas
para que em mim vocês tenham paz. No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham
coragem: eu venci o mundo.”
É provável que “naquele dia” refira-se ao dia em que o Espírito veio e iniciou seu ministério
entre eles. Os discípulos estavam acostumados a levar suas questões e necessidades
pessoalmente a Cristo. Quando Jesus retornou para o céu, ele enviou o Espírito para ajuda-
los a orar (Rm 8:26-27) “²⁶ Da mesma maneira, também o Espírito nos ajuda em nossa
fraqueza. Porque não sabemos orar como convém, mas o próprio Espírito intercede por nós
com gemidos inexprimíveis. ²⁷ E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do
Espírito, porque intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus. “e instruiu-os a
orar ao Pai. A oração da bíblia é ao Pai, por intermédio do Filho, e no Espírito. O Pai quer
responder aos nossos pedidos (v.27), por isso Cristo não precisa rogara ele em nosso favor
(v.26).
A oração é um tremendo privilégio! Examine essas palavras de Cristo a respeito da oração:
Jo 14:13-14 - “E tudo o que vocês pedirem em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai
seja glorificado no Filho. Se me pedirem alguma coisa em meu nome, eu o farei”.
Jo 15:7 - “Se permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês,
pedirão o que quiserem, e lhes será feito.”
Jo 15:16 – “ Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, eu os escolhi e os
designei para que vão e deem fruto, e o fruto de vocês permaneça, a fim de que tudo
o que pedirem ao Pai em meu nome, ele lhes conceda.”
O crente cresce em sua vida de oração à medida que permite que o Espírito lhe ensine a
Palavra, pois a oração e a Palavra andam juntas. Judas 20 ordena que “Oremos no Espírito
Santo”. Hoje, muitas orações são da carne, pois pedem coisas que não estão de acordo com a
vontade de Deus (Tg 4:1-10). É maravilhoso permitir que o Espírito determine os motivos
de nossas orações (Rm 9:1-3). O Espírito conhece a mente do Pai e leva-nos a orar pelas
coisas que Ele quer nos dar. Diz-se com muito acerto que orar não é vencer a relutância de
Deus, mas apegar-se a boa vontade Dele.
Jesus advertiu os discípulos de que eles ficariam sós (v. 32), mas também foi uma bênção
ouvir o Senhor dizer: ”Tende bom ânimo” (v. 33). Ele transmite paz e alegria a seus
seguidores mesmo quando está para ser preso e crucificado! Ele garante-lhes sua vitória: “Eu
venci o mundo” (V. 33).

Capítulo 17
Nesse capítulo, Jesus conversa com o Pai.
1. Cristo ora em favor dele mesmo (17:1-5)
“¹ Depois de dizer essas coisas, Jesus levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora.
Glorifica o teu Filho, para que o Filho glorifique a ti, ² assim como lhe conferiste autoridade
sobre toda a humanidade, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. ³
E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem

134
enviaste. ⁴ Eu te glorifiquei na terra, realizando a obra que me deste para fazer. ⁵ E agora, ó
Pai, glorifica-me contigo mesmo com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse
mundo.”
Desde João 2:4, Jesus menciona várias vezes que “a hora” não tinha chegado, mas nesse
momento, Cristo viu a cruz como uma forma de glorificar a Deus (12:23).
Paulo escreveu:
(Fp 2:1-12 – “¹ Portanto, se existe alguma exortação em Cristo, alguma consolação de
amor, alguma comunhão do Espírito, se há profundo afeto e sentimento de compaixão,
² então completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo
amor e sendo unidos de alma e mente. ³ Não façam nada por interesse pessoal ou
vaidade, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo,
⁴ não tendo em vista somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros.
⁵ Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus, ⁶ que, mesmo existindo
na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que deveria ser retido a
qualquer custo. ⁷ Pelo contrário, ele se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se semelhante aos seres humanos. E, reconhecido em figura humana, ⁸ ele se
humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. ⁹ Por isso também Deus
o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, ¹⁰ para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, ¹¹ e toda
língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. ¹² Assim, meus
amados, como vocês sempre obedeceram, não só na minha presença, porém, muito
mais agora, na minha ausência, desenvolvam a sua salvação com temor e tremor,”.
No versículo Jo17:2, observe o verbo “conferir”:
(1) O Pai confere ao Filho autoridade sobre toda humanidade;
(2) O filho concede a vida eterna para àqueles que o Pai deu ao filho.
Em todo Jo 17, é mostrado que cada crente é uma dádiva de amor do Pai para o Filho, pelo
qual agradecemos a Deus! “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis “ (Rm 11:29). Isso
significa que nossa salvação está garantida, pois o Pai não nos tirará do Filho”

2. Cristo ora por seus discípulos (17:6-19)


“⁶ Manifestei o teu nome àqueles que me deste do mundo. Eram teus, tu os deste a mim, e
eles têm guardado a tua palavra. ⁷ Agora eles reconhecem que todas as coisas que me tens
dado provêm de ti, ⁸ porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as
receberam, verdadeiramente reconheceram que saí de ti e creram que tu me enviaste. ⁹ É
por eles que eu peço; não peço pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.
¹⁰ Todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, eu sou glorificado.
¹¹ Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, enquanto eu vou para junto de ti.
Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós
somos um. ¹² Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste; eu os
protegi e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a
Escritura. ¹³ Mas agora vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham a

135
minha alegria completa em si mesmos. ¹⁴ Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os
odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. ¹⁵ Não peço que os tires do
mundo, mas que os guardes do mal. ¹⁶ Eles não são do mundo, como também eu não sou. ¹⁷
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. ¹⁸ Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo. ¹⁹ E a favor deles eu me santifico, para que eles também
sejam santificados na verdade”.

Aqui, a palavra chave é a santificação, isto é, o relacionamento dos discípulos com o mundo.
Jesus declara: ”Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (v.14) e, no versículo 17, ele afirma que
somos santificados – separados por Deus – pela Palavra. Santificado não significa se tornar
perfeito, sem pecado, caso contrário Cristo nunca diria: “Eu me santifico a mim mesmo”, pois
ele não tem pecado. O cristão santificado é alguém que cresce todos os dias na Palavra, e,
como resultado disso, o Pai o separa mais e mais do mundo.
Cristo pede que o Pai guarde os discípulos (v.11). Esse pedido não sugere a possibilidade de
que os discípulos poderiam perder sua salvação. Veja o pedido integral de Cristo:”[...] guarda-
os em teu nome [...] para que eles sejam um”. No versículo 15, pede que sejam guardados do
mal. Cristo estava fisicamente com os discípulos e podia mantê-los juntos, unidos em coração
e empropósito e separados do mundo. Agora, ele pedia que o Pai os guardasse, pois voltaria
ao céu.
O versículo 12 nos mostra que Judas pertencia a uma categoria distinta em relação aos outros
discípulos. No versículo 11, Jesus deixa claro que guardou todos os que o Pai lhe deu; talvez
Judasnunca tenha sido contado entre os que o Filho ganhou.
Os cristãos não são do mundo, mas estão nele para testemunhar por Cristo, Mantemos nossa
vida pura por meio da Palavra Dele. Na verdade, Cristo nos enviou ao mundo para tomar o
lugar Dele (v.18). Essa é uma tremenda responsabilidade.

3. Ele ora por sua igreja (17:20-26).


“²⁰ Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por
meio da mensagem deles, ²¹ para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti.
Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. ²² Dei-lhes a
glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: ²³ eu neles e tu em
mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e
os amaste como igualmente me amaste. ²⁴ "Pai, quero que os que me deste estejam comigo
onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da
criação do mundo. ²⁵ "Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes
sabem que me enviaste.”

Aqui a palavra chave é “glorificação”: “Dei-lhes a glória que me deste” (V.22). Ele não disse
“Eu lhes darei” (no futuro), porque no plano de Deus já ocorre no presente.
Cristo ora para que possamos estar com Ele e ver a glória Dele. Cl 3:4 afirma que
compartilharemos a glória Dele, e Rm 8:18 promete que revelaremos a glória Dele!

136
Cristo também ora pela unidade da sua igreja (v.21). Há uma grande diferença entre unidade
(união de coração e de espírito) e uniformidade (todos exatamente iguais). Cristo nunca orou
para que todos os cristãos pertencessem a uma única igreja na terra.
Uma única igreja na terra poderia até trazer uniformidade, mas não garantiria unidade,
porque essa unidade vem de uma mudança na vida interior, e nunca da pressão exterior.
Cristãos verdadeiros podem sim pertencer a muitas denominações diferentes, todos fazem
parte da verdadeira Igreja, Corpo de Cristo: Essa é a verdadeira unidade espiritual em amor
que convence o mundo.
Todo cristão que morre vai para o céu, porque Cristo orou para que fosse assim (v.24), e o
Pai sempre responde as orações Dele (11:41-42).
No versículo 26, Cristo promete revelar mais coisas sobre o Pai, por intermédio do Espírito.
Ele pede que possamos desfrutar o amor do Pai em nossa vida diária (Jo 14:21-24).
Então, podemos resumir os aspectos mais importantes dessas orações da seguinte forma:
• Nos versículos 1-5, Jesus enfatiza a salvação e a dádiva da vida eterna;
• No trecho de 6-19, ele discorre sobre a santificação;
• Dos versículos de 20 a 26, Ele foca a glorificação: “Eu lhes tenho transmitido a glória”
(v.22). Essas dádivas cuidam do passado, do presente e do futuro do crente.
Observe também que esses trechos garantem que:
(1) Os crentes são um presente do Pai para o filho (v.2), e Deus não pegará de volta
Seus presentes.
(2) Cristo terminou sua obra. Os crentes não podem perder sua salvação porque
Cristo completou Sua Obra.
(3) Cristo guardou os seus enquanto esteve na terra e guarda-os também hoje,
pois Ele é o mesmo Salvador.
(4) Cristo sabe que, no fim, iremos para o céu porque Ele já nos deu sua glória.
(5) Cristo orou para que possamos ir para o céu, e o Pai sempre responde às
orações do Filho (11:41-42).
Diante de tanta bençãos, devemos assegurar nossa união com Cristo, e então receber o
consolo de Sua intercessão.

137
15
Seção

Jesus é preso, condenado e crucificado


Nesses capítulos 18 e 19 é dito que
Se aproximava a ocasião em que Cristo deveria morrer, então João é muito minucioso,
relatando as circunstâncias dos seus sofrimentos.
O capítulo 18 relata:
1. Como Cristo foi preso no jardim e se entregou como prisioneiro (v. 1- 14)
2. Como Ele foi maltratado pelo sumo sacerdote, e como Pedro o negou (v. 15 – 27)
3. Como Ele foi julgado perante Pilatos, e interrogado por Ele, e teve que disputar com
Barrabás o favor do povo, (v. 28 – 40)

1. Jesus é preso (v.1-9)


¹ Tendo terminado de orar, Jesus saiu com os seus discípulos e atravessou o vale do
Cedrom. Do outro lado havia um olival, onde entrou com eles. ² Ora, Judas, o traidor,
conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se reunira ali com os seus discípulos.
³ Então Judas foi para o olival, levando consigo um destacamento de soldados e alguns
guardas enviados pelos chefes dos sacerdotes e fariseus, levando tochas, lanternas e
armas. ⁴ Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, saiu e lhes perguntou: "A quem
vocês estão procurando? " ⁵ "A Jesus de Nazaré", responderam eles. "Eu Sou", disse
Jesus. (E Judas, o traidor, estava com eles.) ⁶ Quando Jesus disse: "Eu Sou", eles
recuaram e caíram por terra. ⁷ novamente lhes perguntou: "A quem procuram? " E eles
disseram: "A Jesus de Nazaré". ⁸ Respondeu Jesus: "Já lhes disse que Eu Sou. Se vocês
estão me procurando, deixem ir embora estes homens". ⁹ Isso aconteceu para que se
cumprissem as palavras que ele dissera: "Não perdi nenhum dos que me deste". João
18:1-9

138
Jesus sempre soube o que faria, sempre soube Sua missão, pois sempre conheceu o plano do
Pai. Essa passagem ocorre mostrando a prisão de Jesus acontecer em um jardim (assim como
houve o episódio da derrota de Adão).
Cristo, chamado de último Adão (1 Co 15:45 – “⁴⁵ Assim está escrito: "O primeiro homem,
Adão, tornou-se um ser vivente"; o último Adão, espírito vivificante.”), encontra seu inimigo
em um jardim, é preso, mas sabemos que triunfa,
Enquanto o primeiro Adão encontrou um inimigo em um jardim e fracassou (tanto que Adão
escondeu-se), mas Cristo revelou-se publicamente e venceu.
Sabemos que Judas traiu Jesus, e é triste dizer que Pedro, no começo também fez isso.
Quando Jesus diz que é o “Eu Sou” os soldados recuaram e caíram por terra e na sequência,
protege os seus dizendo aos soldados para deixarem ir embora seus discípulos.
Na verdade, podemos até entender que se Jesus diz para os soldados não prenderem seus
discípulos, o normal seria os discípulos se dispensarem, para não terem problemas com
Roma. Naquela ocasião a “poderosa” Roma tinha ido prender Jesus e qualquer um que
estivesse com ele poderia ser alvo também do mesmo destino.

Então, era mesmo para os discípulos irem embora e Pedro desobedeceu


¹⁰ Simão Pedro, que trazia uma espada, tirou-a e feriu o servo do sumo sacerdote,
decepando-lhe a orelha direita. (O nome daquele servo era Malco). ¹¹ Jesus, porém,
ordenou a Pedro: "Guarde a espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me
deu? " ¹² Assim, o destacamento de soldados com o seu comandante e os guardas dos
judeus prenderam Jesus. Amarraram-no ¹³ e o levaram primeiramente a Anás, que era
sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano. ¹⁴ Caifás era quem tinha dito aos
judeus que seria bom que um homem morresse pelo povo. João 18:10-14

Pedro desobedeceu a Cristo de forma clara ao usar a espada. Jesus não precisava da proteção
dos discípulos e por extensão aprendemos que para combater Satanás, devemos usar armas
espirituais (descrita em Efésios 6)
(2 Co 10:4-6 - “⁴ As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo contrário, são
poderosas em Deus para destruir fortalezas. ⁵ Destruímos argumentos e toda pretensão que
se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo
obediente a Cristo. ⁶ E estaremos prontos para punir todo ato de desobediência, uma vez
completa a obediência de vocês.” ).
Pedro usou a arma errada, teve o motivo errado, agiu sob o comando errado e obteve o
resultado errado! Como foi gracioso da parte de Jesus curar Malco (Lc 22:51) e, assim,
proteger Pedro de qualquer dano. Caso contrário poderia haver mais uma cruz no Calvário,
e Pedro seria crucificado antes do tempo designado por Deus (Jo 21:18-19).

139
2. A negação de Pedro (18:15-27)
“¹⁵ Simão Pedro e outro discípulo estavam seguindo Jesus. Por ser conhecido do sumo
sacerdote, este discípulo entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote,¹⁶ mas
Pedro teve que ficar esperando do lado de fora da porta. O outro discípulo, que era
conhecido do sumo sacerdote, voltou, falou com a moça encarregada da porta e fez
Pedro entrar.¹⁷ Ela então perguntou a Pedro: "Você não é um dos discípulos desse
homem? " Ele respondeu: "Não sou".¹⁸ Fazia frio; os servos e os guardas estavam ao
redor de uma fogueira que haviam feito para se aquecerem. Pedro também estava em
pé com eles, aquecendo-se.¹⁹ Enquanto isso, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca
dos seus discípulos e dos seus ensinamentos.²⁰ Respondeu-lhe Jesus: "Eu falei
abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os
judeus se reúnem. Nada disse em segredo.²¹ Por que me interrogas? Pergunta aos que
me ouviram. Certamente eles sabem o que eu disse".²² Quando Jesus disse isso, um
dos guardas que estava perto bateu-lhe no rosto. "Isso é jeito de responder ao sumo
sacerdote? ", perguntou ele.²³ Respondeu Jesus: "Se eu disse algo de mal, denuncie o
mal. Mas se falei a verdade, por que me bateu? "²⁴ Então, Anás enviou Jesus, de mãos
amarradas, a Caifás, o sumo sacerdote.²⁵ Enquanto Simão Pedro estava se aquecendo,
perguntaram-lhe: "Você não é um dos discípulos dele? " Ele negou, dizendo: "Não
sou".²⁶ Um dos servos do sumo sacerdote, parente do homem cuja orelha Pedro
decepara, insistiu: "Eu não o vi com ele no olival? "²⁷ Mais uma vez Pedro negou, e no
mesmo instante um galo cantou.”
Agora, parte da narrativa se foca em Pedro, e vemos seu triste declínio. No cenáculo, Pedro
vangloriara-se três vezes de que permaneceria fiel a Cristo (Mt 26::33,35; Jo 13:37). No
jardim, ele dormiu tranquilo (Mc 14:32-41), quando deveria orar. Depois, ele negou ao
Senhor três vezes e, em no futuro, veremos em Jo 21, que Pedro confessou seu amor por
Cristo três vezes!
No cenáculo, Pedro caiu na armadilha do diabo (Lc 22:31-34 – “³¹Simão, Simão, Satanás
pediu vocês para peneirá-los como trigo. ³² Mas eu orei por você, para que a sua fé não
desfaleça. E quando você se converter, fortaleça os seus irmãos". ³³ Mas ele respondeu:
"Estou pronto para ir contigo para a prisão e para a morte".³⁴ Respondeu Jesus: "Eu lhe digo,
Pedro, que antes que o galo cante hoje, três vezes você negará que me conhece";
No jardim, ele entregou-se a fraqueza da carne; e, agora, no pátio do sacerdote, ele cede à
pressão do mundo. Como é importante vigiar e orar.

No versículo 15, não sabemos quem é o discípulo citado na Bíblia. Talvez fosse Nicodemos,
ou José de Arimatéia. Não é provável fosse João pois nessa hora todos os discípulos de Jesus
não seriam bem vindos.

140
Em At 4:1-3 mostra que: “¹ Enquanto Pedro e João falavam ao povo, chegaram os sacerdotes,
o capitão da guarda do templo e os saduceus. ² Eles estavam muito perturbados porque os
apóstolos estavam ensinando o povo e proclamando em Jesus a ressurreição dos mortos.³
Agarraram Pedro e João e, como já estava anoitecendo, os colocaram na prisão até o dia
seguinte.”
Seja quem for este discípulo, fez o que aparentemente foi legal, pois estava frio, mas levou
Pedro ao pecado quando abriu a porta para ele!
Pedro estava com frio físico e espiritual e aqueceu-se no fogo do inimigo. Ele “andou no
conselho dos ímpios” e agora “se detinha no caminho dos pecadores” (Sl 1:1). Cristo sofria,
enquanto Pedro se aquecia, mas não compartilhava o sofrimento do Senhor de forma alguma.

3. A rejeição (18:28-40)
“28 Em seguida, de Caifás os judeus levaram Jesus para o Pretório. Já estava
amanhecendo e, para evitar contaminação cerimonial, os judeus não entraram no
Pretório; pois queriam participar da Páscoa.29 Então Pilatos saiu para falar com eles e
perguntou: "Que acusação vocês têm contra este homem? "30 Responderam eles: "Se
ele não fosse criminoso, não o teríamos entregado a ti".31 Pilatos disse: "Levem-no e
julguem-no conforme a lei de vocês". "Mas nós não temos o direito de executar
ninguém", protestaram os judeus.32 Isso aconteceu para que se cumprissem as
palavras que Jesus tinha dito, indicando a espécie de morte que ele estava para
sofrer.33 Pilatos então voltou para o Pretório, chamou Jesus e lhe perguntou: "Você é
o rei dos judeus? "34 Perguntou-lhe Jesus: "Essa pergunta é tua, ou outros te falaram a
meu respeito? "35 Respondeu Pilatos: "Acaso sou judeu? Foram o seu povo e os chefes
dos sacerdotes que entregaram você a mim. Que é que você fez? "36 Disse Jesus: "O meu
Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os
judeus me prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui".37 "Então, você é rei! ",
disse Pilatos. Jesus respondeu: "Tu dizes que sou rei. De fato, por esta razão nasci e
para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade. Todos os que são da verdade
me ouvem".38 "Que é a verdade? ", perguntou Pilatos. Ele disse isso e saiu novamente
para onde estavam os judeus e disse: "Não acho nele motivo algum de acusação. 39
Contudo, segundo o costume de vocês, devo libertar um prisioneiro por ocasião da
Páscoa. Querem que eu solte ‘o rei dos judeus’? "40 Eles, em resposta, gritaram: "Não,
ele não! Queremos Barrabás! " Ora, Barrabás era um bandido.”
Vemos como a nação era corrupta naquela época pelo fato de haver dois sumos sacerdotes
(na verdade somente poderia haver um). Mas, Anás e Caifás eram sócios no comércio do
Templo e odiavam Jesus por ter purificado o templo duas vezes.
Tem-se escrito muito a respeito dos aspectos ilegais do julgamento de Cristo no sinédrio.
1) Ele aconteceu à noite;
2) Assumiu-se que o prisioneiro era culpado e o trataram como tal;

141
3) A corte pagou pessoas para dar falso testemunho;
4) O juiz permitiu que maltratassem o prisioneiro antes do julgamento;
5) A corte não deu ao acusado o direito de defender-se;
6) Após o julgamento noturno secreto, os astutos líderes religiosos levaram Jesus até
Pilatos para sentença final de morte.
7) Eles não podiam entrar em uma sala de gentios (pretório) a fim de não se contaminar,
mas não hesitavam em condenar à morte um homem inocente!
A passagem 18:33 a 19:15 apresenta o triste relato do covarde de Pilatos. Este se dirigiu, pelo
menos, sete vezes aos judeus do exterior e aos da sala para tentar um acordo. Pilatos
crucificou Cristo porque era um covarde que queria “contentar a multidão” (Mc 15:15 - ¹⁵
Desejando agradar a multidão, Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o
entregou para ser crucificado”). Quantos pecadores irão para o inferno porque temem as
pessoas e tentam agradá-las!
Cristo explicou a Pilatos a natureza espiritual de Seu reino, mas não sua afirmação:” O meu
reino não é deste mundo”. Ele poderia ter estabelecido Seu reino na terra, se os judeus o
tivessem recebido. Contudo, eles o rejeitaram, pois Seu reino é de natureza espiritual, no
coração das pessoas. Ele estabelecerá seu reino sobre a terra quando retornar.
O mundo faz as escolhas erradas em relação aos assuntos espirituais. A multidão, induzida
pelos corrompidos, preferiu matar o Príncipe da Vida! Ela escolheu o contraventor, não o
Legislador! Os judeus rejeitaram o verdadeiro Messias; no entanto, um dia, aceitarão o falso
Messias de Satanás, o anticristo (5:43 - ⁴³ Eu vim em nome de meu Pai, e vocês não me
aceitaram; mas, se outro vier em seu próprio nome, vocês o aceitarão.”).
Os homens rejeitam Jesus por diversos motivos. Judas rejeitou Cristo, porque ouviu o diabo;
Pilatos ouviu o mundo; Herodes obedeceu a carne.
Pilatos diz: “É o costume entre vós” (18:19). Isso mostra que Pilatos conhecia os costumes
religiosos, mas não conhecia a Cristo! Ainda hoje, existem pessoas que são assim, cuidadosas
em observar costumes e feriados religiosos, mas desconhecem o Salvador do mundo. A
rejeição significa condenação eterna e a fé, vida eterna.

Então começa o Capítulo 19


Na narrativa deste capítulo do evangelho de Cristo segundo João o evangelista, temos:
(1) Julgamento e zombaria de Cristo (19:1-22).
(2) Crucificação de Cristo. (19:23-30)
(3) Sepultamento de Cristo. (19:31-42)
Aprendemos nestas passagens, que Cristo teve um péssimo julgamento e foi condenado sem
nenhuma culpa.

142
1. Zombam de Cristo (19:1-7)
“¹ Então Pilatos mandou açoitar Jesus.² Os soldados teceram uma coroa de espinhos e
a puseram na cabeça dele. Vestiram-no com uma capa de púrpura,³ e, chegando-se a
ele, diziam: "Salve, rei dos judeus! " E batiam-lhe no rosto.⁴ Mais uma vez, Pilatos saiu
e disse aos judeus: "Vejam, eu o estou trazendo a vocês, para que saibam que não acho
nele motivo algum de acusação".⁵ Quando Jesus veio para fora, usando a coroa de
espinhos e a capa de púrpura, disse-lhes Pilatos: "Eis o homem! "⁶ Ao vê-lo, os chefes
dos sacerdotes e os guardas gritaram: "Crucifica-o! Crucifica-o! " Mas Pilatos
respondeu: "Levem-no vocês e crucifiquem-no. Quanto a mim, não encontro base para
acusá-lo".⁷ Os judeus insistiram: "Temos uma lei e, de acordo com essa lei, ele deve
morrer, porque se declarou Filho de Deus".
Talvez Pilatos pensasse que ao açoitar Cristo (o que era ilegal) comovesse o coração das
pessoas e, assim, estas o quisessem libertar por depois disso. Mas não foi o que aconteceu.
Pilatos também errou ao permitir que os soldados ridicularizassem Cristo pondo nele uma
coroa, um manto e “na mão direita, um caniço” (Mt 27:29 - ²⁹ fizeram uma coroa de espinhos
e a colocaram em sua cabeça. Puseram uma vara em sua mão direita e, ajoelhando-se diante
dele, zombavam: "Salve, rei dos judeus! ")
Os judeus o acusaram de quebrar a lei porque afirmou ser Deus (10:33). No entanto, Jesus
provou ser o Senhor em seus milagres e em suas mensagens. Todavia, os pecadores de
coração endurecido estavam determinados a eliminá-lo e negaram-se a examinar as
evidências.

2. Pilatos é pressionado (19:8-12)


⁸ Ao ouvir isso, Pilatos ficou ainda mais amedrontado⁹ e voltou para dentro do palácio.
Então perguntou a Jesus: "De onde você vem? ", mas Jesus não lhe deu resposta. ¹⁰
"Você se nega a falar comigo? ", disse Pilatos. "Não sabe que eu tenho autoridade para
libertá-lo e para crucificá-lo? "¹¹ Jesus respondeu: "Não terias nenhuma autoridade
sobre mim, se esta não te fosse dada de cima. Por isso, aquele que me entregou a ti é
culpado de um pecado maior".¹² Daí em diante Pilatos procurou libertar Jesus, mas os
judeus gritavam: "Se deixares esse homem livre, não és amigo de César. Quem se diz
rei opõe-se a César".
Pilatos, mesmo sendo grande perante Roma e a própria Judeia se amedronta e por que será
que Cristo não responde à pergunta de Pilatos?
• Primeiro para se cumprir a profecia de Isaias: ⁷ Ele foi oprimido e afligido, mas não
abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda
perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Isaías 53:7 e;
• Segundo, porque Deus já tinha colocado no coração de Pilatos, mas esse não obedeceu
à verdade que já recebera, e Deus não revela mais verdades até que obedeçamos ao
que já nos deu.

143
No versículo 10, o orgulho e a ostentação de Pilatos foi, na verdade, sua sentença de
condenação! Ele devia ter libertado Cristo, pois tinha autoridade para isso e sabia que Ele
era inocente (19:4)! Cristo repreende a Pilatos ao lembra-lo de que toda autoridade vem de
Deus. Dessa forma sabemos que Pilatos foi usado e estava nas mãos de Deus para cumprir
um propósito especial, mas ainda assim foi responsável por sua decisão e pecou. (Lc 22:22 –
“²² O Filho do homem vai, como foi determinado; mas ai daquele que o trai! ") . A frase “Quem
me entregou a ti” (v.11) refere-se a Caifás e não a Judas.

3. Então Pilatos assume o posto de Juiz, pois era representante de Roma (19:13-16)
¹³ Ao ouvir isso, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se na cadeira de juiz, num lugar
conhecido como Pavimento de Pedra (que em aramaico é Gábata).¹⁴ Era o Dia da
Preparação da semana da Páscoa, por volta do meio-dia. "Eis o rei de vocês", disse
Pilatos aos judeus.¹⁵ Mas eles gritaram: "Mata! Mata! Crucifica-o! " "Devo crucificar o
rei de vocês? ", perguntou Pilatos. "Não temos rei, senão César", responderam os
chefes dos sacerdotes.¹⁶ Finalmente Pilatos o entregou a eles para ser crucificado.
Então os soldados encarregaram-se de Jesus.
Pilatos é usado por Deus anunciando que Jesus era REI, mas os Judeus clamaram: ”Não temos
rei, senão Cesar!” (v.15). Em 6:15, os judeus queriam fazer de Cristo o rei deles e, em 12:13,
eles o aclamaram como rei, mas agora o rejeitam. Que grande mudança de atitude e uma
sequência de negações e pecados dos Judeus ao longo do livro de João.
1ª Crise – Eles não caminham com Ele (6:66-67)
2ª Crise – Eles não acreditam Nele (12:12-50)
3ª Crise – Eles o crucificam (19;13-22)
Pilatos tinha a força legal de mandar matar, e tanto para agradar os judeus e também para
evitar que os Judeus fizessem tumulto, mandou Jesus para cruz.

4. Começa o caminho da morte física de Jesus (19:17-22)


¹⁷ Levando a sua própria cruz, ele saiu para o lugar chamado Caveira (que em
aramaico é chamado Gólgota). ¹⁸ Ali o crucificaram, e com ele dois outros, um de cada
lado de Jesus.¹⁹ Pilatos mandou preparar uma placa e pregá-la na cruz, com a seguinte
inscrição: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.²⁰ Muitos dos judeus leram a placa,
pois o lugar em que Jesus foi crucificado ficava próximo da cidade, e a placa estava
escrita em aramaico, latim e grego.²¹ Os chefes dos sacerdotes dos judeus protestaram
junto a Pilatos: "Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim que esse homem se dizia rei
dos judeus".²² Pilatos respondeu: "O que escrevi, escrevi".
Jesus carrega sua cruz, carrega fisicamente um peso e espiritualmente nossos pecados.

144
Pilatos tinha “a última palavra”, e escreveu o título para a cruz: “JESUS DE NAZARENO, O REI
DOS JUDEUS”. Os romanos costumavam pendurar uma placa no pescoço do prisioneiro, com
o motivo da acusação, que depois pregavam na cruz, acima da cabeça dele.
O “crime” de Cristo foi declarar-se rei! As três línguas em que foi escrito o título
representavam as três grandes áreas da vida humana:
• Em hebraico (‫( ;)ישו מנצרת מלך היהודים‬Religião)
• Em grego (Ο Ιησούς από τη Ναζαρέτ Ο βασιλιάς των Εβραίων),(Filosofia e Cultura) e;
• Em Latim (Iēsus Nazarēnus, Rēx Iūdaeōrum). (Lei)
O título fala do pecado universal, JESUS O SALVADOR FOI NEGADO PUBLICAMENTE.
A representação das três maiores nações do mundo estavam ali negando, condenando e
matando Jesus: A RELIGIÃO, A FILOSOFIA E A LEI - NENHUMA DELAS SALVAM O PECADOR
Veja o que estava escrito era a verdade, por isso, Deus não deixa Pilatos tirar, mesmo os
judeus pedindo. O ladrão na cruz ao lado de Jesus, leu o título e arrependido, confiou em
Cristo, e foi salvo.

5. Crucificam a Cristo (19:23-24)


“²³ Tendo crucificado Jesus, os soldados tomaram as roupas dele e as dividiram em
quatro partes, uma para cada um deles, restando a túnica. Esta, porém, era sem
costura, tecida numa única peça, de alto a baixo. ²⁴ "Não a rasguemos", disseram uns
aos outros. "Vamos decidir por sorteio quem ficará com ela. " Isso aconteceu para que
se cumprisse a Escritura que diz: "Dividiram as minhas roupas entre si, e tiraram
sortes pelas minhas vestes". Foi o que os soldados fizeram.
João registra apenas três das sete declarações que Cristo fez do alto da Cruz. Ele é cuidadoso
na observação do cumprimento das escrituras: no sorteio da túnica tecida sem costura (Sl
22:18 – “¹⁸ Dividiram as minhas roupas entre si, e tiraram sortes pelas minhas vestes.”), no
vinagre que lhe dão para beber (Sl 69:21 - “²¹ Puseram fel na minha comida e para matar-
me a sede deram-me vinagre.”) e na ferida com lançado lado sem quebrar qualquer osso (Sl
34:20 –“²⁰ protege todos os seus ossos; nenhum deles será quebrado” e Ex 12:46; Zc 12:10).
“Eles verão” em um dia futuro, quando Ele retornar em glória (Ap 1:7). Deus cuidou de cada
detalhe da crucificação.

6. O cuidado de Jesus com sua mãe (19:25-27)


²⁵ Perto da cruz de Jesus estavam sua mãe, a irmã dela, Maria, mulher de Clopas, e
Maria Madalena. ²⁶ Quando Jesus viu sua mãe ali, e, perto dela, o discípulo a quem ele
amava, disse à sua mãe: "Aí está o seu filho",²⁷ e ao discípulo: "Aí está a sua mãe".
Daquela hora em diante, o discípulo a levou para casa.
Cristo, mesmo na cruz, muito próximo de morrer fisicamente, cuida de sua mãe pois naquela
época uma viúva possivelmente passaria fome e assim entregou Maria e João um ao outro.

145
Foi Cristo quem controlou a situação, não Maria. Temos que aprender a colocar nossos
problemas nas mãos Dele. O trabalho de Maria foi ir até a Cruz o resto foi com Ele.

7. Tudo foi consumado (19:28-30)


²⁸ Mais tarde, sabendo então que tudo estava concluído, para que a Escritura se
cumprisse, Jesus disse: "Tenho sede" ²⁹ Estava ali uma vasilha cheia de vinagre. Então
embeberam uma esponja nela, colocaram a esponja na ponta de um caniço de hissopo
e a ergueram até os lábios de Jesus. ³⁰ Tendo-o provado, Jesus disse: "Está consumado!
" Com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito.”
A frase “tenho sede” fala da agonia física e espiritual de Cristo, pois Ele sofreu por nossos
pecados. Ele sentiu a sede da morte por causa de nossas para que nunca a sintamos. No texto
grego, a frase “Está consumado” corresponde a uma palavra tetelestai. Era uma palavra
comum que os comerciantes usavam para dizer: ”O preço está pago”.
Os pastores e os sacerdotes a usavam quando encontravam uma ovelha perfeita, pronta para
o sacrifício, e Cristo morreu como cordeiro perfeito de Deus. Também os servos usavam esta
palavra para dizer aos senhores que haviam terminado o trabalho. Cristo, o Servo perfeito,
terminara a obra que o Pai lhe dera. Cristo abriu mão de sua vida de boa vontade e, de
propósito, entregou-a em favor de seus amigos.

8. Sepultaram a Cristo e profecias são cumpridas (19:31-37)


“³¹ Esse era o Dia da Preparação, e o dia seguinte seria um sábado especialmente
sagrado. Por não quererem que os corpos permanecessem na cruz durante o sábado,
os judeus pediram a Pilatos que ordenasse que lhes quebrassem as pernas e os corpos
fossem retirados.³² Vieram, então, os soldados e quebraram as pernas do primeiro
homem que fora crucificado com Jesus e em seguida as do outro.³³ Mas quando
chegaram a Jesus, percebendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas.³⁴
Em vez disso, um dos soldados perfurou o lado de Jesus com uma lança, e logo saiu
sangue e água.³⁵ Aquele que o viu, disso deu testemunho, e o seu testemunho é
verdadeiro. Ele sabe que está dizendo a verdade, e dela testemunha para que vocês
também creiam.³⁶ Estas coisas aconteceram para que se cumprisse a Escritura:
"Nenhum dos seus ossos será quebrado",³⁷ e, como diz a Escritura noutro lugar:
"Olharão para aquele que traspassaram".
Os judeus não estavam interessados em compaixão ou no horror de seus crimes; queriam
apenas impedir a violação das leis “sabáticas” O fato dos soldados não quebrarem as pernas
de Cristo para apressar sua morte comprova que Ele já estava morto. O sangue e a água
simbolizavam dois aspectos da salvação: o sangue para expiação da culpa do pecado, e a água
para lavar a mancha do pecado. O sangue mostra justificação e a água, santificação. Os dois
devem andar juntos, pois os que creem no sangue de Cristo para salvá-los devem levar uma
vida pura diante do mundo que vigia.

146
Pelo versículo 35, deduzimos que foi o próprio João a testemunha. Ele deve ter deixado Maria
em casa e voltou para a cruz. Nesse momento, cuidar do corpo de Cristo era mais importante
que cuidar de Maria.
Interessante que nesse evangelho de João, a primeira vez que vemos Maria, ela está em uma
alegre festa de casamento (2:1-11); na última, na dolorosa execução de Jesus.

9. José de Arimatéia e Nicodemos, cuidam do corpo de Jesus (19:38-42)


³⁸ Depois disso José de Arimatéia pediu a Pilatos o corpo de Jesus. José era discípulo
de Jesus, mas o era secretamente, porque tinha medo dos judeus. Com a permissão de
Pilatos, veio e levou embora o corpo.³⁹ Ele estava acompanhado de Nicodemos, aquele
que antes tinha visitado Jesus à noite. Nicodemos levou cerca de trinta e quatro quilos
de uma mistura de mirra e aloés.⁴⁰ Tomando o corpo de Jesus, os dois o envolveram
em faixas de linho, juntamente com as especiarias, de acordo com os costumes
judaicos de sepultamento.⁴¹ No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim; e no
jardim, um sepulcro novo, onde ninguém jamais fora colocado.⁴² Por ser o Dia da
Preparação para os judeus e visto que o sepulcro ficava perto, colocaram Jesus ali.”
Deus preparou Nicodemus e José de Arimatéia, dois membros do sinédrio, para sepultar o
corpo de Jesus. Senão provavelmente o corpo de Jesus seria jogado numa vala de lixo do lado
de fora de Jerusalém. Por isso existe a profecia em Is 53:9 –“ ⁹ Foi-lhe dado um túmulo com
os ímpios, e com os ricos em sua morte, embora não tivesse cometido qualquer violência nem
houvesse qualquer mentira em sua boca.“
Essa é a terceira e última menção que João faz a Nicodemos, que finalmente o vemos
confessar Cristo, pública e corajosamente. Pelo estudo das escrituras, Nicodemos e José de
Arimatéia sabiam quando Jesus morreria, como e onde aconteceria. Eles já tinham a
sepultura e os bálsamos, provavelmente escondidos na sepultura enquanto Jesus estava na
cruz, prontos.
José não preparou essa sepultura para si mesmo, pois um homem rico não quereria ser
sepultado perto de onde eram executados criminosos. Ele deve ter adquirido uma sepultura
perto do calvário a fim de poder cuidar com rapidez e com facilidade o corpo de Jesus.
Não devemos criticar José de Arimatéia por ser um “discípulo secreto”, pois vemos como
Deus usou os dois (ele e Nicodemos) para realizar Seus propósitos.
O conselho dos judeus os impediria de cuidar do corpo de Cristo, se a fé deles fosse pública.
José e Nicodemos, mesmo sendo importantes no sinédrio, eles “se contaminaram” para a
Páscoa quando tocaram o corpo morto de Cristo.
Quando a pessoa entrega sua vida para Jesus todas as besteiras e doutrinas de homens das
religiões caem. O Cordeiro de Deus deu a vida pelos pecados do mundo. Sua obra na terra
estava terminada.

147
16
Capítulo

Filho de Deus - (Identidade)

Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus,
e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. João 20:31
Deus amou o mundo de tal maneira, que lhe deu seu Filho único, para que todo
o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16

Capítulos 20 e 21 – JESUS FILHO DEUS, O CRISTO, NÃO PODERIA NUNCA


PERDER PARAMORTE, POR ISSO, RESSUSCITA

RESSUSCITA PORQUE NA SUA IDENTIDADE ESPIRITUAL ELE É O


PRÓPRIO DEUS QUE ENCARNOU E ANDOU CONOSCO, SUAS
CRIATURAS

Existe um campo de estudo nas Ciências extenso sobre o que é IDENTIDADE, pois envolve
diversos campos de estudos como a Antropologia, Filosofia, Sociologia e Psicologia.
A palavra identidade procede do latim IDENTITAS, que significa “a mesma coisa”; de IDEM,
“o mesmo”, numa alteração da expressão IDEM ET IDEM, é criado um intensificativo para
IDEM. É uma tentativa de dizer que Identidade significa aquilo que é a mesma coisa!
(Fontoura, 2017)
JESUS É DEUS

148
¹ No primeiro dia da semana, bem cedo, estando ainda escuro, Maria Madalena chegou
ao sepulcro e viu que a pedra da entrada tinha sido removida. ² Então correu ao
encontro de Simão Pedro e do outro discípulo, aquele a quem Jesus amava, e disse:
"Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o colocaram! " ³ Pedro e o outro
discípulo saíram e foram para o sepulcro. ⁴Os dois corriam, mas o outro discípulo foi
mais rápido que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. ⁵ Ele se curvou e olhou para
dentro, viu as faixas de linho ali, mas não entrou. ⁶ A seguir Simão Pedro, que vinha atrás
dele, chegou, entrou no sepulcro e viu as faixas de linho, ⁷ bem como o lenço que estivera
sobre a cabeça de Jesus. Ele estava dobrado à parte, separado das faixas de linho.
⁸Depois o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, também entrou. Ele viu e
creu. ⁹ (Eles ainda não haviam compreendido que, conforme a Escritura, era necessário
que Jesus ressuscitasse dos mortos.) ¹⁰Os discípulos voltaram para casa. ¹¹ Maria,
porém, ficou à entrada do sepulcro, chorando. Enquanto chorava, curvou-se para olhar
dentro do sepulcro ¹² e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo
de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. ¹³ Eles lhe perguntaram: "Mulher, por que
você está chorando? " "Levaram embora o meu Senhor", respondeu ela, "e não sei onde
o puseram". ¹⁴ Nisso ela se voltou e viu Jesus ali, em pé, mas não o reconheceu. ¹⁵ Disse
ele: "Mulher, por que está chorando? Quem você está procurando? " Pensando que fosse
o jardineiro, ela disse: "Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o
levarei". ¹⁶ Jesus lhe disse: "Maria! " Então, voltando-se para ele, Maria exclamou em
aramaico: "Rabôni! " ( que significa Mestre ). ¹⁷ Jesus disse: "Não me segure, pois ainda
não voltei para o Pai. Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu
Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês". ¹⁸ Maria Madalena foi e anunciou
aos discípulos: "Eu vi o Senhor! " E contou o que ele lhe dissera. João 20:1-18

Os discípulos já tinham sido avisados pelo Senhor que a morte nunca seria uma vitória de
Satanás sobre Jesus Cristo. Essa morte física e temporária que Jesus sofreu foi prevista ainda
em Genesis 3:15, quando Deus disse a serpente que ela morderia o calcanhar do
descendente, mas Jesus esmaga a cabeça da serpente com a ressureição.
Fazia parte do “EU” natural de Jesus morrer, e do “EU” espiritual ele ressuscitar
Habermas refere-se a “identidade do eu“, que se constitui com base na "identidade
natural" e na "identidade de papel" a partir da integração dessas através da igualdade
com os outros e da diferença em relação aos outros. Com base no pressuposto inter-
relacionai entre as instâncias individual e social, a expressão "identidade social" vem
sendo empregada buscando dar conta dessa articulação. Instala-se, então, uma
dicotomia em que “a identidade passa a ser qualificada como identidade pessoal
(atributos específicos do indivíduo) e/ou identidade social (atributos que assinalam a
pertença a grupos ou categorias)” (Jacques,1998, p. 161).
Além da “identidade do eu”, também chamada IDENTIDADE PESSOAL e a identidade que
aparece para o grupo, chamada IDENTIDADE SOCIAL (Fernandes & Zanelli, 2006), há
também a IDENTIDADE ESPIRITUAL (Fontoura, 2017).
Fica claro o que é identidade espiritual quando percebemos o que aconteceu com o Apóstolo
Paulo, quando teve um encontro com Jesus de forma inesperada:

149
Enquanto seguia pelo caminho, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do
céu brilhou ao seu redor. Ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: — Saulo, Saulo,
por que você me persegue? Ele perguntou: — Senhor, quem é você? E a resposta foi: — Eu
sou Jesus, a quem você persegue. Duro é para ti lutar contra os aguilhões (ferro que marca
o gado). Mas levante-se e entre na cidade, onde lhe dirão o que você deve fazer. Os homens
que viajavam com Saulo pararam emudecidos, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém.
Então Saulo se levantou do chão e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela
mão, levaram-no para Damasco. Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu,
nem bebeu. At 9:3-9

Quando isso aconteceu, a identidade espiritual de Paulo passou por uma grande
transformação! Antes Paulo era um perseguidor da igreja, depois virou um colaborador, ou
seja, ele passou por uma redefinição em sua identidade espiritual, pois reconheceu que
estava enganado quanto a quem era Jesus e também com relação a si mesmo (FONTOURA,
2017).
A IDENTIDADE ESPIRITUAL DE JESUS SEMPRE FOI ELE SER DEUS

Quando alguém te pergunta “quem é você? ”, normalmente a pessoas não quer saber apenas
o seu nome, mas como você é para te conhecer melhor. Então:
• A IDENTIDADE PESSOAL tem a ver com coisas ligadas ao biológico e a sua forma de
ser, seu individualismo;
• A IDENTIDADE SOCIAL tem a ver com a maneira que você se comporta, é visto e
percebido pela família íntima, a família ampliada e pelos colegas de trabalho e de
convivência. Essas identidades sociais não são fixas, porque a sociedade muda então,
nesse sentido, todos estão sempre construindo-se e reconstruindo-se no processo
social de construção do significado e;
• A IDENTIDADE ESPIRITUAL tem a ver como você se define espiritualmente e como
você se relaciona com Deus. É importante entre os cristãos. Nós chamamos as pessoas
a viver de acordo com o que Cristo ensinou. Somos ao mesmo tempo: peregrinos e
forasteiros, sal e luz, membros do corpo de Cristo ou da noiva de Cristo, templo do
Espírito, nova criação e assim por diante. Nós encorajamos uns aos outros a nos
revestirmos do novo homem.
Embora muitos defendam que cada um desses tipos de identidade se correlaciona uma com
as outras, podemos afirmar que todos nós temos uma identidade pessoal, uma identidade
social e uma identidade espiritual.
Eu por exemplo, o autor desse livro:
Identidade pessoal - me chamo Ricardo Moreira da Silva, sou filho de José Moreira da
Silva Filho (in memorian) e Dilvani de Lima Moreira. Nasci no dia 2 de março de 1964,
uma segunda feira, no Hospital Alecrim em Natal, no Rio Grande do Norte.
Eu sou uma pessoa única na face da terra porque eu tenho características biológicas
únicas: Eu sou fruto de um relacionamento amoroso e sexual de meus pais, onde meu

150
pai contribuiu com 23 cromossomos e minha mãe com 23 cromossomos na minha
formação. Isso resultou em eu ter aproximadamente 3,2 bilhões de letras de código de
DNA, o que torna cada pessoa diferente da outra.
Por isso, sou um ser humano, atualmente classificado como homo sapiens sapiens
(homem que sabe o que sabe), homem branco, latino, brasileiro, e além disso eu tenho
meus gostos e vontades. Então a identidade pessoal pouco muda.
Identidade social – sou casado com Josilene, pai de três filhos e um neto; sou professor
e trabalho na Universidade Federal da Paraíba; sou pastor evangélico da Primeira
Igreja Batista de João Pessoa. Espero como marido e pai transmitir amor e proteção à
esposa, filhos e agregados; como professor espero transmitir segurança e
conhecimento a meus alunos e como crente espero que as pessoas me vejam como um
seguidor de Cristo.
Ou seja, nessa minha identidade social, existe muita coisa de relacionamento e uma
imagem de como eu quero que as pessoas me vejam. Então a identidade social de cada
um pode mudar ao longo do tempo e das circunstâncias.
Identidade espiritual – sou filho de Deus por adoção, porque houve um dia, em
fevereiro de 1996 que me foi perguntado se eu queria seguir Jesus e tê-lo como Senhor
e Salvador de minha vida, a qual eu disse sim, publicamente atendendo o que Paulo
(inspirado) escreveu: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração
creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Rm10:9.
A partir daquele dia, me tornei filho de Deus por adoção, e recebi de graça a salvação e
o direito a uma vida nova após morte física nessa terra, pois “se nós somos filhos, somos
logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele
padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. Rm 8:17.
Então a identidade espiritual pode mudar. Todos nós nascemos criaturas de Deus e
podemos nos tornar filhos de Deus, através de Jesus Cristo.

Mas, qual é a filiação de Jesus?

Identidade pessoal de Jesus


(I) Jesus era um bebezinho, um ser humano, nasceu possivelmente no ano a 2 a 5 aC, porém
nós temos nosso calendário gregoriano equivocado.
Mas, porque essas datas entre 2 e 5 aC? Por duas razões:
a) Colin Humphreys, físico da Universidade de Cambridge, acredita que a estrela de
Belém que guiou os três magos ao lugar de nascimento de Jesus era um cometa que foi
observado durante 70 dias em 5aC e isso foi publicado em 1991 na revista científica
Quarterly Journal of the Royal Astronomical Society.
b) Herodes O Grande reinou na Judéia do ano 37 ao ano 4 aC. Ele teve três filhos:
Herodes Antipas, Arquelau e Olímpia. Quando morreu, de acordo com o seu
testamento, o marido de Olímpia chamado Filipe recebeu uma região de Traconítida,
151
Herodes Antipas seria tetrarca da Galileia e Arquelau se tornaria rei da Judéia. Veja o
que a Bíblia relata:
E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns
magos vieram do oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos
judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo... E, vendo eles a
estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. E, entrando na casa, acharam o
menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram...
... o anjo do Senhor apareceu a José num sonho, dizendo: Levanta-te, e toma o menino
e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há
de procurar o menino para o matar...
Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu num sonho a José no Egito,
dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel; porque já
estão mortos os que procuravam a morte do menino. Então ele se levantou, e tomou o
menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel. E, ouvindo que Arquelau reinava na
Judéia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas avisado num sonho, por
divina revelação, foi para as partes da Galiléia. Mt 2:1-22

Por causa do Evangelho de Mateus entendemos que quando Jesus nasceu os magos
foram guiados por uma estrela e isso foi na época de Herodes, O grande e ele era vivo,
inclusive foi relatado que ele buscou matar Jesus.
Então José é avisado para ir para o Egito e, depois que Herodes morre, seu filho
Arquelau se torna governador da Judéia e seu outro filho chamado Herodes Antipas se
torna governador da Galiléia, para onde Jesus criança vai morar (por isso Ele é
chamado galileu).
Ou seja, o cometa aparece no ano 5aC e Herodes morre no ano 4aC, logo, Jesus nasceu
por volta desses anos, além disso;
c) Lucas, capítulo 3 diz assim: “E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio
Pilatos presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia Lc3:1” e na continuação do
capítulo diz: “E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos Lc 3:23”, ou seja, ele
tinha 29 anos...
O imperador romano Tiberius Claudius Nero Caesar, governou entre 14 e 37 dC, então
o ano quinze de Tiberius como Cesar foi o ano 14 dC que ele começou a reinar + 14
anos, ou seja, ano 28dC, e Jesus já tinha perto de 30 anos, ou seja, por essa contagem, o
ano de nascimento de Jesus foi o ano 2 ou 3 aC.

Curiosidade: As fotos das moedas a seguir possuem o rosto do Imperador Augustus e


do Imperador Tiberius. Possivelmente foi uma dessas da passagem dita por Jesus:

Perguntaram os fariseus e os herodianos: É-nos lícito dar tributo a César ou não? E,


entendendo ele a sua astúcia, disse-lhes: Por que me tentais? Mostrai-me uma
moeda. De quem tem a imagem e a inscrição? E, respondendo eles, disseram: De
César. Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Lc 20:22-25 e Mt 22:19-21

152
Foto da moeda “Denários” de prata com a face do imperador Tiberius

Essa moeda estava em circulação na época de Jesus e o Imperador Tiberius tinha


orgulho de ter sua estampa na moeda. Um denário de prata, era o salário de um
dia de um trabalhador. A moeda em si não tinha valor, mas sim o peso dela em
prata (mais ou menos 3,5 gramas).
(II) Jesus nasceu possivelmente entre os dias 9 de março e 4 de maio. Em lugar nenhum lugar
da Bíblia é relatado que foi no dia 25 de dezembro, esse é o dia que nós seres humanos
elegemos para comemorar Seu nascimento.
d) O teólogo britânico W. R. F. Browning recorda que no início a Igreja não celebrava o
nascimento de Jesus e desconhecia a data. Mas, no século IV, a Igreja de Roma decidiu
fixar um dia e designou o 25 de dezembro.
e) A publicação de Colin Humphreys, já citado mostra que o período que o cometa foi
avistado durantes os 70 dias foi entre março e maio de 5aC.
f) Quando Jesus nasceu é relatado que Maria “deu à luz a seu filho primogênito, e
envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na
estalagem. Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e
guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho. Lc 2:7,8”. Ora, dezembro na
palestina à noite é um período muito frio e normalmente o rebanho é recolhido em
lugares protegidos.
Outra coisa, como a Bíblia é cheia de detalhes, se tivesse sido o nascimento de Jesus em
dezembro, Maria teria envolvido Jesus em muitos panos. Por isso, Jesus deve ter
nascido entre primavera e verão, que é entre março e maio, como sugere Edwin D.
Freed, professor emérito de estudos bíblicos da Universidade Gettysburg (EUA), no
livro “As Histórias do Nascimento de Jesus”.

(III) Jesus nasceu numa manjedoura, em Belém da Judéia que fica 10 km ao sul de Jerusalém:
“E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram
do oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?” Mt 2:1,2

(IV) Jesus é filho biológico de Maria e de adoção de José. Os evangelhos de Mateus e Lucas
registram a genealogia de Jesus, mostrando que ele era o salvador prometido.

153
O evangelho de Mateus traça a linhagem de Jesus desde Abraão, a quem Deus prometeu
que todos os povos da terra seriam abençoados por meio de sua descendência. Os
descendentes de Abraão, que herdaram a promessa de Deus, se tornaram o povo de
Israel.
Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou a
Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos; E Judá gerou, de
Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão; E Arão gerou
a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom; E
Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a
Jessé; E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de
Urias. E Salomão gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abias; e Abias gerou a Asa; E
Asa gerou a Josafá; e Josafá gerou a Jorão; e Jorão gerou a Uzias; E Uzias gerou a
Jotão; e Jotão gerou a Acaz; e Acaz gerou a Ezequias; E Ezequias gerou a Manassés;
e Manassés gerou a Amom; e Amom gerou a Josias; E Josias gerou a Jeconias e a seus
irmãos na deportação para babilônia. E, depois da deportação para a babilônia,
Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel gerou a Zorobabel; E Zorobabel gerou a Abiúde;
e Abiúde gerou a Eliaquim; e Eliaquim gerou a Azor; E Azor gerou a Sadoque; e
Sadoque gerou a Aquim; e Aquim gerou a Eliúde; E Eliúde gerou a Eleazar; e Eleazar
gerou a Matã; e Matã gerou a Jacó; E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual
nasceu JESUS, que se chama o Cristo. Mt 1:1-16
O evangelho de Lucas traça a linhagem de Jesus mais longe, até Adão, chamado de filho
de Deus (Lucas 3:38). Deus criou Adão, o primeiro homem, e Jesus, como descendente
dele, estava se identificando com toda a humanidade. Ao mesmo tempo, o fim da
genealogia de Lucas ressalta o lado divino de Jesus.
E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de
José, e José de Heli, E Heli de Matã, e Matã de Levi, e Levi de Melqui, e Melqui de Janai,
e Janai de José, E José de Matatias, e Matatias de Amós, e Amós de Naum, e Naum de
Esli, e Esli de Nagaí, E Nagaí de Máate, e Máate de Matatias, e Matatias de Semei, e
Semei de José, e José de Jodá, E Jodá de Joanã, e Joanã de Resá, e Resá de Zorobabel, e
Zorobabel de Salatiel, e Salatiel de Neri, ... , e Naassom de Aminadabe, e Aminadabe
de Arão, e Arão de Esrom, e Esrom Perez, e Perez de Judá, E Judá de Jacó, e Jacó de
Isaque, e Isaque de Abraão, e Abraão de Terá, e Terá de Nacor, E Nacor de Seruque, e
Seruque de Ragaú, e Ragaú de Fáleque, e Fáleque de Eber, e Eber de Salá, E Salá de
Cainã, e Cainã de Arfaxade, e Arfaxade de Sem, e Sem de Noé, e Noé de Lameque, E
Lameque de Matusalém, e Matusalém de Enoque, e Enoque de Jarete, e Jarete de
Maleleel, e Maleleel de Cainã, E Cainã de Enos, e Enos de Sete, e Sete de Adão, e Adão
de Deus. Lc 3:23-38

As genealogias de Mateus e Lucas estão em acordo de Abraão a Davi, mas têm registros
diferentes depois do rei Davi. E qual o porquê disso? A Bíblia se contradiz? De maneira
nenhuma. Na verdade, nesse caso, a Bíblia não explica por que as duas genealogias de
Jesus são diferentes e para entender essas diferenças é necessário entender os costumes
judaicos da época.

154
As duas genealogias mostram que Jesus era descendente do Rei Davi, pois Deus tinha
prometido a Davi que sua descendência iria reinar para sempre. Como descendente de
Davi, ele tinha direito ao trono por herança. Sua genealogia é uma prova que ele é o
salvador prometido por Deus.
Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será
firme para sempre. Conforme a todas estas palavras, e conforme a toda esta visão,
assim falou Natã a Davi. 2 Sm 7:16,17
Alguns séculos depois, quando Israel é invadido primeiro por Sargão II Rei Assírio no
norte e depois por Nabuconodosor no Sul, Israel deixou de ter um rei, mas essa profecia
se cumpriu em Jesus, que é o rei eterno.
Por isso, a genealogia de Mateus traça os antepassados de Jesus através da linhagem real,
dos descendentes de Salomão, herdeiro do trono de Davi. Mas a genealogia de Lucas
traça sua descendência através de Natã, outro filho de Davi.
A melhor explicação para as genealogias se separarem a partir de Davi é que Mateus
conta de Abraão até Jesus pelo lado de José, e Lucas conta de Adão até Jesus pelo lado
de Maria (apesar de não aparecer literalmente o nome Maria).
A genealogia de Jesus em Lucas diz que José era filho de Eli. Talvez aqui o significado
de “filho” seja genro, visto que as mulheres raramente eram contadas em genealogias.
Como marido de Maria, José poderia ser considerado filho do pai dela. Assim, a
genealogia em Lucas seria na verdade a genealogia de Maria.
Talvez alguém possa estar pensando: “que besteira”, e não é. Há uma razão para as duas
genealogias estarem descritas:
Os Judeus estavam certos que o Cristo Salvador nasceria da Tribo de Judá, pois:
Judá, a ti te louvarão os teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos;
os filhos de teu pai a ti se inclinarão. Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu;
encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará? O
cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e
a ele se congregarão os povos. Gn 49:8-10
Mas, nós cristãos sabemos que Jesus não teve pai biológico:
E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus ... a uma virgem desposada com
um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria... e
disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a
sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de
Deus. Lc 1:26-35
Então, um judeu poderia citar Gn49 mostrando que Jesus tinha nascido sem um pai
da tribo de Judá, pois Ele biologicamente era filho apenas de Maria. Na cultura da
época, uma mulher não era digna de ter um filho sozinha, aliás, se isso acontecesse,
os dois, mãe e filho, seriam apedrejados.

155
Por isso, Deus na sua sabedoria faz José adotar Jesus, ainda na barriga de Maria.
José era um judeu da tribo de Judá (relatado em Mateus como vimos); quando um
judeu adotava um filho, o filho ganhava todos os direitos.
Por sua vez, ainda que o judeu não quisesse aceitar que José o havia adotado, Maria
era da tribo de Judá também. José era descendente de Davi na linha do filho
Salomão e Maria igualmente era descendente de Davi, mas na linha do filho Natã.
Curiosidade: Os filhos de Davi registrados na Bíblia - Em 2Sm3:2-5, 2Sm5:13-16 e 1
Cr3:1-9 encontramos registros de alguns dos filhos que Davi teve com cada uma de suas
esposas.
(a) Mical, filha de Saul, casou-se com Davi mas não teve filhos.
(b) Ainoã teve Amnom, primeiro filho de Davi - ele violentou sua meia-irmã Tamar e
depois foi assassinado por seu meio-irmão Absalão
(c) Abigail (viúva de Nabal) teve Quileabe, também conhecido como Daniel (não
confundir com o profeta Daniel, que viveu séculos depois)
(d) Maaca teve Tamar e Absalão - matou Amnom, depois tentou tirar o trono de seu pai;
acabou morrendo em batalha
(e) Hagite teve Adonias - tentou se tornar rei quando Davi era velho, mas não conseguiu;
mais tarde foi morto por ordem de Salomão
(f) Abital teve Sefatias
(g) Eglá teve Itreão
(h) Bate-Seba teve um filho sem nome que morreu bebê, gerado pelo adultério de Davi e
Bate-Seba; Samua (ou Siméia); Sobabe; Natã e Salomão - herdeiro do trono de Davi, com
a aprovação de Deus
(i) Davi teve ainda outros filhos, mas a Bíblia não diz quem eram suas mães: Ibar, Elisua,
Nefegue, Jafia, Elisama, Eliade, Elifelete, Elpalete, Nogá e talvez outros com suas
concubinas não citados

Assim Jesus teve uma identidade pessoal, pai e mãe, local e data de nascimento como
qualquer ser humano, pois Ele era 100% humano.

Identidade social de Jesus


Jesus nasceu na Judéia, numa família de pai e mãe judeus, portanto foi criado dentro dos
costumes e leis judaicos. Ele mesmo disse: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas:
não vim revogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem,
nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido. Mt 5:17,18”
Então entendemos que Ele cresceu sob a lei judaica e a lei não era pequena: “Estes são os
estatutos, e os juízos, e as leis que deu o Senhor entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, pela
mão de Moisés. Lv 26:46”.

156
Estatutos, Juízos e Leis representam todas as normas escrita nos cinco livros de Moisés –
Bereshit (Gênese), Shemot (Êxodo), Vayikra (Levítico), Bamidbar (Números), Devarim
(Deuteronômio) chamada de Torá Escrita, ou Torah she-Bichtav e ainda mais;
O Judeu também considera que Moisés falou muita coisa e não escreveu, por isso há também
a Torá Oral, Torah she-Be’alpeh, que consiste das interpretações e explicações dos
mandamentos da Torá Escrita.
Um judeu afirma que a própria palavra TORÁ está no plural significando a parte escrita e a
parte transmitida oralmente de geração em geração desde Adão. (Wachsmann, 2021)
Então Jesus, na construção de sua identidade social, tentou (e claro que Ele conseguiu)
cumprir toda lei do Judaísmo. Era importante que os seus (os judeus) o reconhecessem como
o Cristo prometido, mesmo antes Dele se mostrar que veio salvar todos os povos do mundo
(infelizmente isso não aconteceu).
Sobre essa identidade social de Jesus precisamos entender ainda mais que desde o princípio,
o padrão estabelecido era que somos “imagem e semelhança” de Deus.
Então, da forma que o pai é, seus filhos serão, mas todo esse planejamento caiu com o
pecado de Adão e Eva. Mesmo assim, a imagem de Deus não foi perdida, mas ela agora vem
com a herança maldita do nosso pai terreno (Adão), uma natureza corrompida e arruinada
pelo pecado. Desse ponto em diante, a inclusão na família de Deus não é mais por
nascimento, mas por adoção.
Jesus cumpre a Lei, mostra que é o Cristo anunciado e adota para quem quiser ver e
acreditar que Ele é o Deus encarnado. Como Deus encarnado Ele não é imagem e
semelhança, Ele é o próprio Deus.
Sua identidade Social, de ser Deus na terra, caminhando lado a lado conosco, na pessoa de
Filho de Deus, faz com que Ele adote muitos princípios, por exemplo:
a) Ele deve ter ido aos 8 anos de idade para aprender na sinagoga a Lei de Moisés;
b) Ele ficou até os trinta anos sem se mostrar como Deus, porque somente nessa idade é
que um Judeu passava a ter voz na sua casa;
c) Ele foi batizado, para mostrar a todos nós o batismo como uma ordenança de
testemunho público de arrependimento de pecado (embora Ele não tivesse nenhum);
d) Ele fez diversos sinais e milagres para mostrar ao Seus quem era.
Ou seja, Jesus tomou para si a responsabilidade de ser identificado como o Judeu, da tribo
de Judá, prometido no AT para todos ao que creem em seu nome, salvar: Mas a todos aqueles
que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus,
João 1:12.

Identidade espiritual de Jesus


Jesus não é apenas o Filho de Deus, segunda pessoa da trindade (que muitas religiões antigas
e atuais rejeitam), mas Ele é Deus, na própria essência de Deus.
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do
seu Pai, cheio de graça e de verdade. João 1:14

157
Incrivelmente a identidade espiritual de Jesus começa em Gênesis, capítulo3
Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda
a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás
todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a
sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gn 3:14,15
Nessa hora, nesse anúncio que Deus fez para a serpente, Jesus, mesmo sem ter ainda esse
nome revelado, já estava presente, era o Cristo, aquele que salvaria o mundo da condenação
eterna de viver longe de Deus.
O Pastor Alexandre Ximenes tem uma alegoria para falar de como é esse estado de viver
longe de Deus eternamente. Ele diz:
“feche os olhos, dentro de uma piscina, e contemple o silêncio, a escuridão, ninguém para
falar... talvez nos primeiros segundos você não sinta agonia, mas depois de um tempo
começa a faltar ar. Imagine que você consiga até respirar, mas continua numa escuridão
e sem falar com ninguém... e passam um dia, dois, três, uma semana, um mês, um ano,
uma centena de anos, um milênio, 100 milênios, e você continua na escuridão. Isso é está
longe de Deus e somente isso já seria um inferno na sua vida, mas é muito pior. Ele não é
geladinho como uma piscina ele é um lugar onde o fogo nunca se apagará (Mt 3:12; 18:8;
Mc 9:43; Lc 3:17; Jd 1:7)., onde há “choro e ranger de dentes” (Mt 24:51), preparado para
o diabo e seus anjos (Mt 25:41), onde o verme que atormenta o ímpio nunca morre (Mc
9:48), lugar de destruição eterna (2Ts 1:9), onde existem as mais densas trevas (Jd 1:13).
Não parece um lugar bacana.

Por isso, essa identidade espiritual de Jesus continua em todo AT mostrando, preparando a
revelação para todos nós.
Em Gênesis 12, Abrão, o filho de um idólatra, mais ou menos 4 mil aC é adotado por Deus a
fim de tornar-se o pai de uma nova nação. Ele recebe um novo nome: Abraão. Ele recebe a
promessa de um filho e, mais do que isso, de uma herança para aquele filho. Quando Deus
chama Abraão a sacrificar o seu filho como oferta queimada numa fogueira (Gênesis 22.2),
parece que a promessa e a história do filho estão acabadas.
Na verdade, nada de acabar a história do filho porque Isaque não era Jesus, era apenas um
retrato do que Jesus seria mais tarde. Por isso Ele resgata Isaque, o filho de Abraão, e depois
em todo AT vem resgatando os filhos de Isaque e Jacó...
Deus levanta um rei chamado Davi mais ou menos em 1050 aC, um homem segundo o Seu
coração, e lhe promete que um filho dele governará sobre um reino que não terá fim. Quem
era? Salomão? Absalão? Não, mas um descendente de Davi que reinará em justiça e fará a
obra que o Pai lhe confiar, resgatando o seu povo das mãos de seus inimigos.
Então veio o verdadeiro Filho de Deus. Jesus Cristo é o Deus encarnado, o verdadeiro Rei, o
Messias que veio para fazer a obra que o Pai lhe confiara (João 4.34, 5.19, 6.38). Ele afirmou
representar Deus: se você o visse, teria visto o Pai (João 1.49). Jesus é a verdadeira imagem
de Deus, o segundo Adão, porque Ele é 100% Deus. Enfim, tal Pai, tal Filho.
• Em seu nascimento houve milagre: Jesus foi concebido sem a união de um óvulo e um
espermatozoide, onde a sombra de Deus sobre Maria manipulou toda genética, DNA e

158
tudo quando desceu “sobre ti (Maria) o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá
com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de
Deus. Lc 1:35”;
• Em seu batismo houve um milagre quando uma voz do alto bradou: “E eis que uma
voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Mt 3:17”;
• Quando estava orando, antes de ser preso, “desceu uma nuvem que os cobriu com a sua
sombra, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi. Mc 9:7”;
• Quando fez diversos milagres, mas sobretudo fazer um cego de nascença ver e um
morto que já cheirava mal ressuscitar provou que era Deus;
• Quando morreu na cruz, Jesus, clamou em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito. E, havendo dito isto, expirou, então o véu do templo se rasgou em dois, de alto a
baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos
de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição
dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos. Lc23:46-47 e Mt 27:50-52;
• Além disso, Jesus morre há escuridão nos céus e terremoto na terra, então o Centurião
e os seus guardas, “vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande
temor, e disseram: Verdadeiramente este era o Filho de Deus. Mt 27:52-54”;
• Quando ressuscitou ao terceiro dia provou sua identidade espiritual Ele não está aqui,
porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. Mt28:6;
• Foi elevado aos céus, quando Ele estava dizendo: Não vos pertence saber os tempos ou
as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis a virtude do Espírito
Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda
a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado
às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos
no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco.
Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que
dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir. At1:7-11

Jesus tem sua identidade Espiritual acoplada, misturada, uma única essência com Deus pai e
o ES, os três são uma única pessoa que se manifestam a nós de formas diferentes. Por isso o
Evangelho de João diz que:
Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou. João
1:18
Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus. Jo1:34
Falou-lhe Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel. João 1:49
E ajuntou: Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo
e descendo sobre o Filho do Homem. João 1:51
Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o Filho do Homem que está no céu.
João 3:13

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Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem,
João 3:14
Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo
por ele. João 3:17
Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no
nome do Filho único de Deus. João 3:18
O Pai ama o Filho e confiou-lhe todas as coisas. João 3:35
Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida, mas sobre
ele pesa a ira de Deus. João 3:36
Jesus tomou a palavra e disse-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: o Filho de si mesmo
não pode fazer coisa alguma; ele só faz o que vê fazer o Pai; e tudo o que o Pai faz, o faz
também semelhantemente o Filho. João 5:19
Pois o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que faz; e maiores obras do que esta lhe mostrará,
para que fiqueis admirados. João 5:20
Com efeito, como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a
quem ele quer. João 5:21
Assim também o Pai não julga ninguém, mas entregou todo o julgamento ao Filho. João 5:22
Desse modo, todos honrarão o Filho, bem como honram o Pai. Aquele que não honra o Filho,
não honra o Pai, que o enviou. João 5:23
Em verdade, em verdade vos digo: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz
do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. João 5:25
Pois como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho o ter a vida em si mesmo
João 5:26
e lhe conferiu o poder de julgar, porque é o Filho do Homem. João 5:27
Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do
Homem vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu sinal. João 6:27
Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna;
e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:40
Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho
do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. João 6:53
Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes? João 6:62
Jesus lhes disse: Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis quem sou
e que nada faço de mim mesmo, mas falo do modo como o Pai me ensinou. João 8:28
Ora, o escravo não fica na casa para sempre, mas o filho sim, fica para sempre. João 8:35
Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. João 8:36

160
Jesus soube que o tinham expulsado e, havendo-o encontrado, perguntou-lhe: Crês no Filho
do Homem? João 9:35
Como acusais de blasfemo aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, porque eu
disse: Sou o Filho de Deus? João 10:36
A estas palavras, disse-lhes Jesus: Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por
finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus. João 11:4
Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo. João
11:27
Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado. João 12:23
A multidão respondeu-lhe: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre.
Como dizes tu: Importa que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do
Homem? João 12:34
Logo que Judas saiu, Jesus disse: Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é
glorificado nele. João 13:31
E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no
Filho. João 14:13
Jesus afirmou essas coisas e depois, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a
hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti; João 17:1
Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque
se declarou Filho de Deus. João 19:7

O Evangelho de João faz 39 citações diretas sobre ser Jesus o próprio Deus, subsistindo em
forma de Filho de Deus, ou Filho do Homem, e mais de 70 citações indiretas para mostrar
que Jesus é o Filho de Deus.
Durante Seu julgamento perante os líderes judeus, o Sumo Sacerdote disse a Jesus:
“E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes
depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-
lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Disse-lhe
Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à
direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. Então o sumo sacerdote rasgou as suas
vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem
ouvistes agora a sua blasfêmia. Mt 26:62-65”. Ou seja, os líderes judeus responderam
acusando Jesus de blasfêmia.
Mais tarde, perante Pôncio Pilatos: “Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei e, segundo
a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus” (João 19:7). Os judeus sabiam que ser
“Filho de Deus” seria ter a mesma natureza de Deus e isso para eles era uma blasfêmia.
Aliás, o Juiz Gaynor, renomado jurista dos tribunais de Nova Iorque, em alocução sobre o
julgamento de Jesus, afirma que a única acusação feita contra Ele perante o Sinédrio foi a de

161
blasfêmia. Ele diz: “Em todos os evangelhos está claro que o suposto crime pelo qual Jesus
foi julgado e condenado foi o de blasfêmia: … Jesus vinha afirmando que tinha poderes
sobrenaturais, que, para o ser humano, seria uma blasfêmia” (citando João 10:33). Mas Ele
tinha provado que tinha tais poderes, mesmo assim, a suposta blasfêmia que perturbava o
sinédrio foi Ele ter falado que era o próprio templo: “Nós ouvimos-lhe dizer: Eu derrubarei
este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos
de homens. Mc 14:58”.
Quando Jesus respondeu ao sumo sacerdote “tu o disseste” ou “vós dizeis que eu sou”, hoje
em dia parece que foi uma resposta evasiva, mas naquela época era a forma de um Judeu
educado dizer: “sim, é isso mesmo, e eu estou preparado para as consequências”.
Está claro que esse era o testemunho que Jesus desejava dar de Si mesmo e claro que os
Judeus entenderam que Ele era Filho de Deus e o próprio Deus ao mesmo tempo. Portanto
para o Sinédrio havia, duas alternativas: ou Suas afirmações eram pura blasfêmia, ou Ele era
Deus. Escolheram ridicularizar Jesus, tanto que os príncipes dos sacerdotes, com os escribas,
e anciãos, e fariseus, escarnecendo Dele na cruz diziam:
Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da
cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho
de Deus. Mt 27:41-43
Naquela época somente Roma poderia sentenciar alguém à morte, e jamais uma pessoa dizer
que era Deus seria motivo de crucificação (mesmo que quem declarasse fosse o próprio Deus,
que era o caso – Por isso Pilatos não queria crucificar Jesus, não que Pilatos fosse bonzinho,
mas porque não havia crime de morte). Vemos assim que Jesus foi crucificado não por
pecado, mas por ser quem Ele realmente era, o Filho de Deus.
Podemos assegurar que Jesus afirmou que Ele próprio era Deus, de maneira que todos
poderiam reconhecer. Essas afirmações foram consideradas blasfêmias pelos líderes
religiosos, que resultou em Sua crucificação “porque a si mesmo se fez Filho de Deus” (Jo 19:7).
Deus tornou-se o Filho do homem, realizando Sua obra redentora entre os homens. Jesus não
apenas abriu a era da Graça, mas iniciou uma obra nova era na qual Deus veio pessoalmente
ao mundo humano para viver entre os homens.
Jesus orava chamando Deus de pai e isso impregna em nossos corações um relacionamento.
Um relacionamento que podemos ter com Ele, o qual, sendo filho e sendo Deus ao mesmo
tempo, abre a religação com Aquele que tudo criou.
Thomas Schultz escreve que, conforme vemos, seguramente Ele não se encaixa dentro do
molde de outros líderes religiosos: “Nenhum dos grandes líderes religiosos, nem Moisés,
nem Paulo, nem Buda, nem Maomé, nem Confúcio, nem qualquer outro, alguma vez afirmou
que era Deus; ou melhor, com a exceção de Jesus Cristo. Cristo é o único líder religioso que
chegou a declarar a sua divindade e fez milagres impossíveis a um ser humano,
testemunhado por muitos.

162
Como um “homem” poderia fazer outros pensarem que era Deus? Primeiramente ouçamos
F. J. Meldau: “Seus ensinamentos foram finais, absolutos — acima dos de Moisés e dos
profetas. Jamais ninguém reconsiderou ou revisou algo que ele disse, palavras de um simples
carpinteiro e que viveu no meio dos cavacos e serragem da oficina de seu pai”. Esse era na
realidade Deus encarnado.

Então, O Evangelho de João termina com o encontro de Jesus ressurreto com Pedro:
¹⁴ Esta foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois que ressuscitou
dos mortos. ¹⁵ Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: "Simão, filho de João,
você me ama realmente mais do que estes? " Disse ele: "Sim, Senhor, tu sabes que te
amo". Disse Jesus: "Cuide dos meus cordeiros". ¹⁶ Novamente Jesus disse: "Simão, filho de
João, você realmente me ama? " Ele respondeu: "Sim, Senhor tu sabes que te amo". Disse
Jesus: "Pastoreie as minhas ovelhas". ¹⁷ Pela terceira vez, ele lhe disse: "Simão, filho de
João, você me ama? " Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado pela terceira
vez "Você me ama? " e lhe disse: "Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo".
Disse-lhe Jesus: "Cuide das minhas ovelhas. João 21:14-17

Jesus pergunta duas vezes se Pedro o amava usando a palavra grega ἀγαπᾷς (agapas), ou
seja, um amor infinito, que Deus tem por nós. Todas as vezes Pedro respondeu com a palavra
grega φιλῶ (philõ) que é um amor fraternal.

Porém na terceira vez Jesus pergunta a Pedro se ele o amava usando a palavra φιλεῖς
(philes), quando então Pedro compreende que Jesus estava demonstrando a ele o amor
diferenciado que ele tem por nós, em que nenhum ser humano é capaz de ter. Ele tendo a
identidade de ser igual a Deus, se entrega por todos nós, mostrando seu infinito amor.

É bem possível que alguém diga: “É claro que a Bíblia apresenta Jesus dessa maneira, porque
seus companheiros a escreveram com o desejo de fazer-lhe uma homenagem duradoura”.
Contudo, erradamente qualquer um pode até querer rejeitar a Bíblia, mas não pode rejeitar
todas as provas e registros históricos que existem sobre Jesus, um carpinteiro que dividiu o
mundo em antes e depois Dele.
Em João 14:8, Felipe perguntou ao Senhor Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”.
Como o Senhor Jesus respondeu a Felipe naquela época? O Senhor Jesus disse:
“Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe?
Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou
no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo,
mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em
mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras. Jo 14:9-11”.
A identidade de Jesus é ser Deus.

163
JESUS CRISTO, leão da tribo de Judá

FILHO DE DEUS, nascido na terra por Maria


e adotado por José, o carpinteiro
Judeu, israelita
Entre 9 de março e 4 de maio de 2 a 5 aC
Masculino

Belém da Judéia, num estábulo

Estado de Israel,
mas para todo o mundo

Assinatura de sangue

164
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