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Título em inglês:

This Is Life
Copyright © 1981 by Regular Baptist Press
Shaumburg, III. 60195

Digitalização e reedição: Semeador Jr.

Primeira edição - 1988


Tradutora: Yolanda M. Krievin
ÍNDICE

Prefácio 5

1 O Alfabeto Divino 7
2 Uma Conversa Muito Pessoal 17
3 Água Não Do Poço 26
4 Um Amigo Para Momentos Difíceis 35
5 Provai E Vede! 43
6 Rios De Água Viva 52
7 O Grande “Eu Sou” 61
8 A Ressurreição E A Vida 71
9 Você Tem Lavado Os Pés Ultimamente? 81
10 Permanecei Em Mim 91
11 Ouvindo A Sua Oração 101
12 As Sete Palavras Da Cruz 110
13 Ele Vive 118
PREFÁCIO

Que versículo viria logo à sua mente se alguém lhe pedisse para citar
uma passagem do Evangelho de João? A maioria de nós provavelmente
pensaria em João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas te-
nha a vida eterna”. Poderíamos dizer que este versículo nos transmite a
mensagem de toda a Bíblia resumida em poucas palavras.

O apóstolo João escreveu esse versículo e todo o Evangelho com um


propósito muito especial: reunir as evidências para provar que Jesus Cristo é
realmente o Filho de Deus e o Salvador do mundo. João não procurou regis-
trar cada evento, cada palavra, cada feito. Não foi necessário; as evidências
que ele compilou são esmagadoras. “Na verdade Jesus fez diante dos discí-
pulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém,
foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo o Filho de Deus, e
para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20.30,31).

A fé conduz à vida - vida abundante, vida eterna. Essa vida se encontra em


Jesus Cristo. Nele há vida (João 1.4).

Que a luz do maravilhoso Filho de Deus brilhe em seu coração enquan-


to você estiver estudando acerca da Pessoa e obras do Senhor Jesus Cristo,
pois Ele é vida!

5
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 1:1-14
Segunda ....................................... Gênesis 1
Terça ....................................... João 1:15-34
Quarta ....................................... João 1:35-51
Quinta ....................................... João 20:19-31
Sexta ....................................... Hebreus 10:1-14
Sábado ....................................... Provérbios 8

6
1

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos
o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos
que creem no seu nome” (João 1.11, 12).

Provavelmente nenhum livro da Bíblia desencadeou tal impacto sobre o


mundo quanto o Evangelho de João. Frequentemente os cristãos buscam
esse livro para aconselhar alguém sobre como aceitar Cristo. E o Evangelho
de João frequentemente é o primeiro livro da Bíblia que os cristãos recém-
convertidos começam a ler.

As boas novas da salvação de Deus foram maravilhosamente esclare-


cidas nesse livro, o que não nos surpreende porque o propósito exato do livro
foi declarado nos seus versículos finais:

Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que
não estão escritos neste livro.

Estes, porém, toram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo o
Filho de Deus, e para que, crendo tenhais vida em seu nome (João 20.30,
31).

7
Um Ateu Salvo

Reid Musgrave, quando jovem, filiou-se a uma igreja, mas acabou a-


bandonando as coisas espirituais, dizendo que não cria em Deus. Em substi-
tuição, ele se tornou discípulo de Charles Bradlaugh, um conferencista ateu.
Mais tarde Musgrave veio a ser secretário da Sociedade Fabiana de sua re-
gião e secretário da primeira associação socialista em Lancashire. Permane-
ceu nessa confusão de incredulidade durante vinte anos.

Então Musgrave foi enviado à América a serviço de sua companhia.


Enquanto viajava começou a observar a natureza. E Deus começou a operar
em seu coração. Ele escreveu: “O primeiro pensamento definido foi: ‘Certa-
mente tudo isto não é o resultado de circunstâncias fortuitas, de um acaso
cego, da matéria e da força...’”.

Convencido, caiu de joelhos, orando: “O Deus, se Tu existes, revela-


te”. Lembrando-se da resposta de Deus à sua oração, ele escreveu: “Eu pedi
luz, e ela veio como uma enchente”.

Mais tarde Musgrave contou a seus amigos que acreditava em Deus.


Comprou uma Bíblia e passou a lê-la noite após noite. Iniciou com o livro de
Gênesis e leu todo o Antigo Testamento. Mas, até aí, não encontrou paz nem
conforto.

Então começou a ler o Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas e fi-


nalmente o Evangelho de João. Quando Musgrave chegou a João 3.16, en-
tendeu que a palavra “todo” se referia a ele também, e aceitou o Senhor Je-
sus Cristo como seu Salvador. O Evangelho de João foi o instrumento espe-
cial que atingiu o coração desse homem.
8
É claro que este Evangelho é um livro muito interessante. Quantos cris-
tãos nasceram de novo com este versículo de João? Quando o lemos repeti-
das vezes tem um efeito profundo sobre as nossas vidas. Fez também uma
profunda diferença na vida de Reid Musgrave, e pode fazê-lo na sua vida,
meu amigo, se você ainda não recebeu a Jesus Cristo como seu Salvador
pessoal.

A Palavra

Um dos muitos nomes que Cristo recebeu é “a Palavra”. Na língua grega es-
sa palavra é logos. Este nome especial para Cristo aparece apenas em João
1 e Apocalipse 19.13. Meditando sobre o que significa chamá-lo de a Pala-
vra, o Logos, temos uma perspectiva totalmente nova da Pessoa e obra do
Senhor Jesus.

Como você transmite a um amigo o que sente a respeito dele (ou de-
la)? Você pode conseguir alguma coisa através de gestos ou expressões do
rosto. Mas olhares podem ser mal interpretados. Se você realmente quiser
revelar seus pensamentos e transmitir a sua mensagem, você tem de usar
palavras. Suas palavras são a manifestação de seus verdadeiros sentimen-
tos e pensamentos.

Observe a palavra “manifestação”; é a chave da ideia de Cristo como


Logos. Quando dizemos que Cristo é a Palavra Viva, queremos dizer que Ele
manifesta Deus ao homem. Jesus Cristo, a Palavra, é a manifestação de
Deus. Sem Cristo seriamos muito mais ignorantes acerca de Deus.

9
Para termos um exemplo pessoal, vamos imaginar que você tem algo a
transmitir a uma outra pessoa. Nesse caso você vai além de dar alguma ma-
nifestação de sua presença e seus sentimentos de um modo geral; você quer
comunicar-se pessoalmente. A manifestação reveste os seus pensamentos,
mas a comunicação é ainda mais pessoal. Cristo, como a Palavra Viva, é o
meio pelo qual a vida divina e o amor divino foram comunicados à humanida-
de. É uma coisa tremenda, não acha?

Podemos avançar ainda mais quando falamos de Cristo como a Pala-


vra. Uma palavra também é um meio ou método de revelação. Temos aqui
um pouco de sobreposição. Como a Palavra, Deus está revelado na Pessoa
de Jesus Cristo. Quando eu vejo Cristo, eu vejo a Deus, porque Cristo é
Deus. Ele é Deus desde a eternidade passada. Como a Palavra feita carne,
Cristo é a completa revelação de Deus (João1.14).

Poderíamos dizer que, de um certo modo, Cristo é o alfabeto de Deus.


Cristo disse: “Eu sou o Alfa e o Omega” (Ap. 1.8). Nestes últimos tempos,
Deus nos falou através do Seu Filho (Hb. 1.2). Que coisa maravilhosa! Deus
quer se manifestar a nós; Ele quer comunicar-se conosco; e Ele quer se re-
velar a nós. Ele o fez enviando o Seu Filho.

Cristo é Deus

O que torna Cristo diferente de todos os outros “líderes religiosos” é


que Ele é mais do que um homem; Ele é Deus feito homem. João 1.1 nos
diz: “... o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.

10
As palavras “com Deus” significam literalmente “face a face com Deus”.
Falam de amizade e intimidade e foram usadas pelo menos seiscentas vezes
na Bíblia com esse significado. Em Sua oração sacerdotal, Jesus pediu ao
Seu Pai Celestial: “E agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo (ou, na tua
presença), com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”
(João 17.5). Se você pensar no fato de Cristo ter partilhado da glória do Pai
no céu, começará a entender algo do que significou para Ele abandonar essa
posição para tornar-se homem e ir à cruz pelos nossos pecados.

A outra verdade maravilhosa que encontramos em João 1.1 é que Cris-


to, o Filho, não estava apenas com o Pai, mas era o próprio Deus. Muitas
coisas na Bíblia estão além de nossa compreensão humana. A fé encontra
esta verdade na Palavra de Deus e crê nela. Mesmo duvidando, Tomé,
quando viu o Senhor ressuscitado dentre os mortos, chamou-o de “Senhor
meu e Deus meu” (João 20.28).

Aqueles que aceitam Cristo como o Filho de Deus que salva estão um
passo à frente de Tomé, recebendo uma bênção especial do Senhor. Cristo
disse a Tomé: “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram,
e creram” (João 20.29).

Pedro também viu Cristo, mas àqueles que não o viram (incluindo eu e
você) ele escreveu: “A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo
agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória” (I Pedro
1.8). Tal como Tomé, podemos exclamar: “Senhor meu e Deus meu”. Tal
confissão é um reconhecimento pescai de quem Cristo é. São palavras para
adorá-Lo como Deus, o Filho.

11
Feito Carne

Quando lemos o primeiro capítulo de João, vamos considerar os versí-


culos de 2 a 13 como um parêntesis, mais ou menos assim: “No princípio era
o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez
carne, e habitou entre nós...” (v. 1,14). Que coisa linda e fácil de entender!
Cristo, a Palavra Viva, tornou-se carne e habitou aqui na terra entre pessoas
iguais a nós. A encarnação de Deus é uma realidade. Cristo nasceu exata-
mente como todos nós.

Será que Ele tinha um corpo igual ao nosso? Bem, isso depende do
que você entende por carne. Se você quer saber se Ele era um ser humano
real, bona fide, físico, a resposta é sim. Ele não revestiu-se simplesmente de
um corpo como se fosse uma roupa; Ele realmente se tornou carne. O Seu
corpo fazia parte dele exatamente como o seu corpo faz parte de você. Em
termos de humanidade de Cristo, temos algumas importantes considerações
a fazer. Primeira, Ele não tinha uma natureza humana pecadora. Embora não
pretendamos examinar esta doutrina detalhadamente, é preciso dizer que
esta é uma importante verdade por trás do Nascimento Virginal. Tendo nas-
cido de uma virgem, Cristo não recebeu a semente do homem através da
qual a natureza pecadora é transmitida. Isso não o torna menos homem; Ele
foi tentado (provado) em tudo como nós, mas não se entregou ao pecado
(Hb. 4.15).

Numa determinada ocasião Jesus foi adolescente. Não vamos imaginá-


lo como um adolescente sobre-humano realizando grandes milagres para o
benefício de todos e para todos olharem. Embora Ele nunca deixasse de ser
12
Deus, continuou morando e trabalhando com José, como o filho de um car-
pinteiro. Isso talvez o surpreenda, mas o Senhor Jesus não realizou nenhum
milagre até começar o Seu ministério público com a idade de trinta anos. Ele
foi um adolescente normal, e Ele conheceu as tentações especiais que são
peculiares nesse período da vida e as provações de não ser compreendido
(Lucas 2.40-50).

Embora Jesus fosse uma pessoa especial mesmo em Sua adolescên-


cia, é muito bom que os jovens entendam que Ele foi um adolescente igual a
todos os outros. A Bíblia torna bem claro que Jesus apenas passou por Sua
juventude à espera da idade adulta para dar início às Suas atividades. Lucas
2.52 diz: “crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e
dos homens”.

Quando orar, agradeça a Jesus Cristo, a Palavra Viva, por ter se torna-
do um ser humano a fim de se comunicar conosco, para nos entender e re-
solver nossas necessidades espirituais.

Uma Conversa Especial

Quando consideramos Cristo, a Palavra, temos de destacar que a vin-


da de Cristo não foi apenas para se relacionar e conversar conosco. Se Ele
não tivesse vindo para nos salvar de nosso pecado e para nos transformar,
não seriamos capazes de entender a mensagem que Ele trouxe.

Qual foi o motivo principal de Cristo ter se tornado carne? Vamos ouvir
uma conversa entre o Filho e o Pai Quando Cristo veio ao mundo e se tornou
carne, conversou com o Pai acerca de Sua missão. Não vamos nos preocu-

13
par sobre quando essa conversa aconteceu, mas focalizar o que Deus Pai e
Deus Filho disseram acerca da encarnação:

Por isso, ao entrar no mundo (a Palavra se tornando car-


ne), diz: Sacrifício e oferta não quiseste, antes corpo me for-
maste; não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo peca-
do.
Então eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escri-
to a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade (Hebreus
10.5-7).

Quais as palavras que o Senhor enunciou quando conversou com o


Pai? Palavras sobre a cruz, sobre o sacrifício, sobre a insatisfação de Deus
com os sacrifícios do Antigo Testamento porque apenas apontavam para a
vinda do Redentor. Lemos ainda: “Porque com uma única oferta aperfeiçoou
para sempre quantos estão sendo santificados” (Hebreus 10.14). No grande
plano de Deus havia um propósito para que a Palavra se tornasse carne. A
única oferta, Jesus Cristo, veio ao mundo para salvar os pecadores (I Timó-
teo 1.15). Você já o aceitou como seu Salvador?

Pense nisto...

1. Como podemos usar o Evangelho de João para defender a doutrina da


divindade de Cristo?

2. Você já pensou em Cristo como adolescente? Será que Ele entende suas
necessidades particulares, suas tentações (provações), exatamente como
elas se apresentam a você?

14
3. Você já agradeceu ao Senhor por ter vindo resolver essas necessidades,
especialmente a sua necessidade de salvação?

15
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 2:1-12
Segunda ....................................... João 2.13-25
Terça ....................................... João 3.1-12
Quarta ....................................... João 3.13-21
Quinta ....................................... João 3.22-36
Sexta ....................................... I Pedro 1.1-12
Sábado ....................................... I Pedro 13-25

16
2

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto
Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas pa-
ra que o mundo fosse salvo por ele” (João 3: 16, 17).

Entre todas as pessoas que deram as suas vidas a Deus, provavel-


mente você nunca ouviu falar de Tom McPheeters. Nem eu, até que li o tes-
temunho do Dr. C. l. Scofield, o homem que editou a Bíblia Scofield com Re-
ferências. As anotações para estudo desta Bíblia têm ajudado muito os cris-
tãos através dos anos.

Como o Dr. Scofield veio a conhecer Cristo como seu Salvador? De um


lado, ele teve pais que se importavam com as suas necessidades espirituais
e que oraram por ele. De outro, Deus introduziu na vida dele um homem que
lhe fez uma pergunta importante.

Quando irrompeu a Guerra Civil, Scofield alistou-se no exército com a


idade de dezessete anos e não quis continuar estudando. No término da
guerra, Scofield foi estudar direito e finalmente foi nomeado Procurador da
Justiça em Kansas. Nos quatorze anos seguintes ele viveu para o prazer,
mergulhando no mundo e experimentando tudo o que este lhe oferecia.
17
Enquanto exercia a advocacia, Scofield conheceu Tom McPheeters,
um jovem que não tinha vergonha de falar de Cristo. Um dia, quando os dois
estavam no escritório, McPheeters disse a Scofield: “Há muito tempo que eu
quero lhe fazer uma pergunta e que até agora tive medo de fazer. Mas vou
fazê-la agora”.

Scofield respondeu: “Nunca imaginei que você pudesse ter medo. Qual
é a pergunta?”

McPheeters disse: “Queria lhe perguntar por que você não é cristão”.

Scofield ficou perplexo com a franqueza da pergunta. Ficou sem saber


como responder. “A Bíblia não diz alguma coisa sobre os beberrões que não
terão um lugar no céu? Eu gosto de beber um bocado, McPheeters”, ele res-
pondeu.

“Você não respondeu à minha pergunta, Scofield”, disse o seu amigo. “Eu
perguntei por que você não é cristão?”

“Eu sempre fui um episcopal nominal, você sabe”, disse Scofield, “mas
não me lembro de alguém ter me explicado como a gente faz para ser cris-
tão. Eu não sei como”.

Anos mais tarde, contando a história de sua conversão, Scofield obser-


vou: “A minha conversão foi através da Bíblia. Em um surrado Novo Testa-
mento, McPheeters leu para mim as grandes passagens da salvação (João
3:16; 6:47; 10:28; Atos 13:38,39), e eu aceitei Jesus Cristo como meu Salva-
dor, e a minha paixão pela bebida acabou”.

João 1 conta-nos como diversos homens foram levados a Jesus. André


levou Pedro (João 1:40-42), e Filipe levou Natanael (1:43-49). Podemos
18
comparar André a Tom McPheeters. Embora ambos fossem homens piedo-
sos, não se tornaram tão conhecidos quanto aqueles que eles levaram a
Cristo. Mas eles fizeram a vontade de Deus e foram o que o Senhor quis que
fossem.

Por trás de D. L. Moody houve um professor de Escola Dominical que


foi à sapataria para levar o seu aluno a Cristo. Por trás de Scofield havia um
amigo que não aceitou uma resposta superficial a uma pergunta séria. Quem
está do outro lado do seu testemunho cristão?

Alguém já disse com muito acerto: “O único Cristo que algumas pesso-
as terão oportunidade de ver é o Cristo que há em você e em mim”. Nossos
amigos jamais ouvirão o evangelho com clareza se nós não lhes falarmos
dele. Talvez Deus não o tenha capacitado para pregar a milhares de pessoas
como Pedro. Talvez você nunca chegue a ser um Scofield. Mas você pode
ser um André, um McPheeters, instrumentos de Deus para alcançar outros
para Cristo. Você não gostaria de ser um ganhador de almas?

Vamos a um Casamento

Há pessoas que não acham graça em casamentos. Para eles, o casa-


mento significa duas escovas de dentes e um tubo de dentifrício. Mais de um
casamento já foi descrito como apenas um oceano de emoções e uma vasti-
dão de despesas. Mas os casamentos deveriam ser momentos de alegria, e
é o que são quando Cristo é convidado para participar do relacionamento.

Que bonito saber que Cristo foi convidado a um casamento em Caná


da Galiléia (João 2:1-11). Sua presença resolveu uma necessidade especial,

19
e Sua maneira de resolver essa necessidade marcou o início de Seu ministé-
rio público.

Durante a festa de casamento a bebida que estava sendo servida aos


convidados acabou. Cristo pegou seis talhas de pedra, mandou que as en-
chessem de água e milagrosamente criou um vinho delicioso, não fermenta-
do, o suco de uva. Foi o Seu primeiro milagre. Ele não o realizou apenas pa-
ra satisfazer os convidados e para livrar os donos da casa da situação emba-
raçosa de não ter mais o que servir.

O que jaz por trás deste milagre? Quando estudamos o Evangelho de


João, devemos ter em mente diversos versículos de João 20:

Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros si-


nais que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é
o Cristo o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais vida em seu
nome (João 20:30, 31).

O milagre que Cristo realizou na festa de casamento foi para demons-


trar o Seu poder como Filho de Deus. A voz que ordenou: “Enchei d'água as
talhas”, foi a mesma voz que declarou: “Haja luz”, em Gênesis 1.

Desde o início, Jesus Cristo tem sido o Criador. Lembre-se que em Jo-
ão lemos: “Todas as cousas foram feitas por intermédio dele ...” (v. 3). O Fi-
lho de Deus demonstrou o Seu poder como Criador no casamento em Caná
para que os homens pudessem crer em Seu nome.

Já vimos o Senhor Jesus sob dois aspectos até este ponto do Evange-
lho de João. Primeiro nós o vimos com diversos homens interessados que
20
Lhe foram apresentados por amigos ou parentes. Agora nós o vemos presen-
te em um acontecimento social muito importante. Nas duas situações algu-
mas pessoas viram e creram nos sinais que Cristo operou e creram que Ele é
o Filho de Deus (João 1:49; 2:11).

Uma Importante Cena Noturna

Muitas coisas registradas na Bíblia aconteceram à noite. Em João 3


vemos Cristo novamente conversando com uma pessoa a sós. Desta vez foi
com um fariseu chamado Nicodemos. Pessoalmente, eu acho que Nicode-
mos tem sofrido uma porção de críticas injustas. Embora seja verdade que
ele foi procurar Jesus de noite, o que poderia indicar que estava com medo
de ser visto com Cristo, o fato é que ele foi a Cristo. Isso é importante; ele foi.

Nicodemos era um homem religioso, um fariseu. Quando pensamos


em um fariseu, geralmente achamos que a palavra é sinônimo de “hipócrita”.
Essa atitude se tornou um problema para muitos fariseus, mas a ideia original
da seita dos fariseus não era ruim. A palavra “fariseu” vem de uma palavra
hebraica que significa “separar”, o que não indica necessariamente um modo
de vida errado (conf. II Coríntios 6:14-17).

Entre os fariseus havia algumas pessoas bastante boas, corretas e de


boas intenções, pessoas educadas, cultas e muito conscientes do que as Es-
crituras diziam sobre a vinda do Messias. Alguns fariseus foram hospitaleiros
com Cristo (Lucas 7:36). Nicodemos foi um deles. Ele era sincero e queria
conhecer a verdade.

21
Mas não vamos imaginar o quadro de um grupo de pessoas a caminho
do céu. Pois, embora os fariseus fossem educados e religiosos, tal como Ni-
codemos, eram pecadores e precisavam de um Salvador.

Nicodemos provavelmente planejou a sua conversa com Cristo de ma-


neira que a sua ignorância espiritual não se tornasse muito óbvia. Ele come-
çou com algumas palavras elogiosas, dizendo a Cristo: “Sabemos que és
mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que
tu fazes, se Deus não estiver com ele” (v. 2). Cristo foi imediatamente ao â-
mago da questão, declarando: “Você precisa nascer de novo”. Nicodemos
ficou perplexo.

Coisa típica dos homens que não entendem as coisas espirituais, ele
confundiu o nascimento espiritual com o primeiro nascimento, que é físico.
Cristo tornou claro que para ter vida espiritual o homem deve nascer da água
e do Espírito (v. 5). (Na Bíblia a água geralmente é usada como símbolo da
Palavra de Deus; veja Efésios 5:25, 26).

Ninguém (nem André, nem Pedro, nem Nicodemos, nem Scofield, nem
Moody) pode ser salvo à parte da operação da Palavra de Deus (a Bíblia) e
do Espírito de Deus. Quando o Espírito de Deus usa a Palavra de Deus e a
implanta no íntimo do coração, acontece o novo nascimento, o nascimento
espiritual.

Talvez você e Nicodemos tenham algo em comum. Possivelmente,


quando você olha para a sua própria vida, chega à conclusão de que real-
mente não é tão mau assim. Isso acontece especialmente se você compara a
sua vida com a de outros adolescentes e com o que eles fazem.

22
Mas a coisa mais importante é se você já nasceu de novo. Talvez, co-
mo Scofield, esteja pronto a admitir que na verdade nem sabe como se tornar
cristão. Pare aqui e leia todo o capítulo três do Evangelho de João. Depois,
leia novamente o versículo 16 com cuidado. João 3:16 diz que Deus ama vo-
cê e que deu o Seu único Filho pelo seu pecado. Se crer n’Ele e confiar n’Ele
como seu Salvador, não vai perecer no julgamento eterno do seu pecado.

Como pecador você ficou separado da glória de Deus e merece a mor-


te (Rm. 3:23; 6:23). Se você crer que Cristo morreu por você, e se o aceitar
(João 1:12), o novo nascimento pode se tornar uma realidade para você.

João 3 é um dos capítulos mais importantes deste Evangelho. Se você


ainda não nasceu de novo, este é o dia da oportunidade. Confie em Cristo
agora. Se você já nasceu de novo, tome a decisão de que vai realizar a sua
própria “Operação André” e que vai apresentar outros a Cristo. Lembre-se, a
salvação é obra de Deus, mas o Senhor quer nos usar neste milagre. Nós
somos seus instrumentos, quando mostramos às pessoas como podem nas-
cer de novo.

Pense nisto...

1. Na semana passada você conversou com alguém sobre o novo nascimen-


to?

2. Você tem o desejo de fazer um casamento cristão algum dia, e essa atitu-
de se reflete em sua vida hoje?

23
3. Você é um cristão cheio de alegria, ou você costuma ser meio pessimista?
O que Cristo pode fazer para ajudar essa sua atitude? Que passos você deve
dar se quiser ter mais alegria como cristão?

24
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 4:1-13
Segunda ....................................... João 4:14-39
Terça ....................................... João 4:40-54
Quarta ....................................... João 7:31-36
Quinta ....................................... João 7:37-53
Sexta ....................................... Isaías 55:1-11
Sábado ....................................... Apocalipse 22:17-21

25
3

“Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e


em verdade” (João 4:24).

Cristo é o Filho de Deus. Essa mensagem ficou claramente apresenta-


da em todo o Evangelho de João. Você se lembra quais os versículos em Jo-
ão 20 que declaram esta mensagem sobre o propósito de todo este Evange-
lho? (Veja João 20:30,31).

Jesus, o Deus-Homem, não se isolou. Ele não se limitou à companhia


das pessoas educadas, importantes e prósperas do Seu tempo. Antes, Ele
fazia questão de conversar com os pecadores, procurando ajudá-los. Seus
doze companheiros, com uma exceção (Judas Iscariotes), foram homens
humildes da despretensiosa província da Galiléia.

João 4 conta-nos a conversa de Jesus com uma mulher que era de


uma classe inferior. Em primeiro lugar, ela era samaritana, uma mestiça, em
parte judia, em parte gentia. Esta linhagem colocava os samaritanos ainda
mais abaixo dos rudes e pouco educados galileus, socialmente falando.

Além de samaritana, esta mulher era uma pecadora, uma adúltera. A-


pesar do seu pecado e, para falar a verdade, por causa dele, o Senhor sen-

26
tiu-se compelido a passar por Samaria (v. 4). Embora estivesse cansado e
tivesse encontrado diversos motivos para esquivar-se a ela, a compaixão e o
amor motivaram o Salvador a alcançá-la com a mensagem do perdão através
da fé em Seu nome.

Preconceito

Nunca nenhuma atitude de preconceito existiu no Senhor. Se quiser-


mos ser semelhantes a Cristo, devemos fazer todo o possível a fim de elimi-
nar qualquer pecado desse tipo em nossas vidas. Sim, o preconceito é peca-
do. E muito provavelmente você tem sido culpado dele em sua vida.

O que você faria se houvesse nascido na Índia? Nesse país quase 100
milhões de pessoas são consideradas “intocáveis”. Esta classificação é a
mais baixa no sistema de castas hindu. Os intocáveis não têm permissão
nem mesmo de usar o poço que as outras pessoas usam porque poderiam
contaminar a água. Os intocáveis só conseguem os empregos mais despre-
zíveis, como recolher o lixo ou fazer as cremações. Mas nós enviamos mis-
sionários à Índia para alcançar essas pessoas pelas quais Cristo morreu.

Você se retrai só de pensar nas dificuldades que essas pessoas têm de


enfrentar? Você sente tristeza pelas necessidades desses 100 milhões de
intocáveis? Pois deveria. Será que existe algum sentimento de preconceito
de sua parte devido a sua própria situação? Será que os jovens, mesmo
sendo cristãos professos, não têm o seu próprio sistema de castas? Que par-
te tem a família, o lugar onde mora, o dinheiro, a elegância, os talentos e ou-
tras coisas na escolha dos seus amigos?

27
Precisamos nos lembrar que o Senhor fez provisão pelo pecado de to-
das as pessoas. Ele morreu por todos. Se existe um pouco que seja de es-
nobismo ou de presunção de nossa parte, ou se alguma pessoa existe que
simplesmente nos desagrada a ponto de acharmos que não podemos dar
testemunho “a esse tipo de gente”, temos de colocar isso diante de Deus.

Leia Romanos 5 e anote o que o Senhor diz acerca de nós antes de


sermos salvos: “Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a
seu tempo pelos ímpios” (v. 6). Não é um quadro muito agradável! Mas fica
ainda pior mais adiante: “Dificilmente alguém morreria por um justo; pois po-
derá ser que pelo bom alguém se anime a morrer” (v. 7). Uma palavra de ex-
plicação vai nos ajudar a perceber a diferença existente entre um homem jus-
to e um homem bom. Paulo diz que alguém poderia morrer por um homem
bom, mas que ninguém morreria por um homem justo.

Imagine que, depois de sair do colégio, você arranje um emprego em


uma outra cidade e alugue um apartamento. Logo depois, as coisas come-
çam a ficar difíceis. Você fica doente; perde o emprego. O proprietário vem
cobrar o aluguel. Você lhe explica que perdeu o emprego, que esteve doente
e que teme ficar alguns dias atrasado com o aluguel.

Ele lhe apresenta o contrato que você assinou e esclarece que dois di-
as são dois dias. Sua doença é problema seu, não dele. Você tem de sair! De
acordo com a lei, ele pode fazer o que está dizendo. Ele está sendo justo,
pois está apenas usando o direito que tem de acordo com a lei de fazê-lo sair
do apartamento se você não pagar o aluguel. Podemos achar que ele não é

28
uma pessoa agradável, mas temos de admitir que diante da lei ele é uma
pessoa justa.

Se um outro proprietário dissesse: “Eu entendo. Eu já passei por uma


situação dessas também. Vou esperar, e eu sei que você vai arranjar o di-
nheiro logo que for possível”, esse homem não é justo; ele é bom.

Paulo disse que ninguém morreria pelo homem que quer todos os pin-
gos nos is quando se trata da defesa dos seus direitos. Há quem possa mor-
rer pelo homem bom que parece ter um coração, “mas Deus prova o seu
próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós
ainda pecadores” (Romanos 5:8). Nós não somos bons nem justos; nós so-
mos pecadores, párias desamparados, intocáveis espirituais diante de Deus.

Deus demonstrou o Seu amor (esse é o significado de “prova”) mor-


rendo por nós enquanto nós ainda éramos pecadores. Nós merecíamos cas-
tigo pelo nosso pecado, mas Deus colocou esse castigo sobre o Seu próprio
Filho. Ele o fez porque nos amou embora não houvesse nada para ser ama-
do em nós.

Vamos ouvir João novamente: “Amados, se Deus de tal maneira nos


amou, devemos nós também amar uns aos outros” (I João 4:11). Obviamen-
te, se não podemos nos amar uns aos outros, não podemos amar os que não
são salvos. Lembre-se, nós éramos intocáveis, mas o Senhor nos amou as-
sim mesmo. Uma grande ilustração disso encontra-se no encontro do Senhor
com esta mulher samaritana desprezada.

29
A Água Que Ele Deu

Cristo conversou com esta mulher samaritana em termos compreensí-


veis para ela. Pediu-lhe um gole de água e imediatamente fez uma aplicação
espiritual para dizer-lhe que tinha Água Viva, a qual, se ela bebesse, teria a
sua sede satisfeita para sempre (João 4:14).

Que água espiritual foi essa que o Senhor lhe ofereceu? Quando uma
pessoa nasce de novo, o Espírito Santo vem habitar nela. Em João 7, o Se-
nhor usa esta linguagem novamente, dizendo: “Quem crer em mim”, como
diz a Escritura, “do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com
respeito ao Espírito...” (João 7:38,39).

Em João 4 a água entra na pessoa que dela bebe. Em João 7 ela flui
da pessoa num serviço prestado aos outros. Obviamente isso deve ser en-
tendido como um resultado da regeneração (salvação) antes de ser uma
bênção para os outros. Ser salvo é beber desta Água Viva e deixar de ter se-
de. E uma satisfação completa que só o Senhor pode dar.

O Que Realmente Satisfaz?

Quando realmente temos sede, o que mais desejamos para matar a


nossa sede? Refrigerante? Coca-Cola? Seven-Up?

O que realmente é o melhor para matar a sede? Pesquisadores já des-


cobriram que a resposta número nove da lista é leite. Por melhor que o leite
seja, não é o primeiro da lista se você realmente estiver com sede. “Ginger
ale” (é uma espécie de suco de gengibre) é o número oito da lista. O número
sete é cerveja e, naturalmente, nenhum cristão deveria usá-la. Kisuco é o
30
número seis; Coca-cola dietética é o número cinco; e café é o número quatro.
O terceiro competidor é o chá; Club Soda é o número dois, e se você ainda
não sabe, a água é o número um. Os pesquisadores descobriram que “o
quociente para saciar a sede” de uma bebida depende da quantidade de á-
gua que contém. Nada satisfaz como a água.

Espiritualmente falando, temos uma grande lição nisso. O mundo apre-


senta muitas vias de satisfação. Já aprendemos que elas apelam à concupis-
cência da carne, à concupiscência dos olhos e à soberba da vida. Mas ne-
nhuma dessas coisas produz satisfação duradoura. Muitas pessoas através
da história já experimentaram o que o mundo tem para oferecer e continuam
ressecadas, sedentas e insatisfeitas.

A verdadeira resposta é o Senhor e a Água Viva que Ele oferece. No


último livro da Bíblia lemos o seguinte: “O Espírito e a noiva dizem: Vem. A-
quele que ouve diga: Vem. Aquele que tem sede, venha, e quem quiser re-
ceba de graça a água dá vida” (Ap. 22:17).

Os jovens querem gozar a vida ao máximo e dizem: “Afinal temos ape-


nas uma vida para viver, e ela vai passando rapidamente”. Mas é preciso
lembrar que existe a sede espiritual e a morte espiritual. Ouça o que diz o
profeta Jeremias: “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixa-
ram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que
não retêm as águas” (Jr. 2:13). Que descrição do mundo: cisternas rotas, va-
zias, prometendo tanta coisa, mas não dando nada!

Se você esteve à procura de cisternas vazias para a satisfação ou se


esteve à procura de outras respostas, você vai continuar insatisfeito, sempre

31
desejando alguma coisa mais. Só a Água Viva de Jesus Cristo pode saciar a
nossa sede espiritual.

A mulher á qual Cristo falou era uma mulher religiosa, mas sua cisterna
estava furada. Depois que o Senhor desmascarou suas justificativas e racio-
nalizações e denunciou o seu pecado, ela confiou n’Ele. Antes de aprender
ela teve de desaprender. As roupagens falsas, os disfarces das palavras tive-
ram de ser despidas. Então ela percebeu a sua necessidade e viu que Cristo
podia realmente satisfazê-la.

Depois de salva, ela demonstrou a sua satisfação e a sua verdadeira


alegria falando de Cristo aos seus amigos. Satisfeita, ela quis que os outros
tivessem a mesma alegria. Vendo que alguma coisa havia acontecido, que
Alguém fizera aquela mulher mudar, eles atenderam ao seu convite. E tam-
bém foram salvos (João 4:39).

A mulher de Samaria descobriu uma coisa muito maior do que uma no-
va religião naquele dia junto ao poço; ela descobriu a satisfação verdadeira e
duradoura da Fonte da vida. Ela reconheceu a diferença existente entre a
realidade espiritual e a vida superficial e vazia que vivera até então, e reco-
mendou essa nova vida aos outros.

Sim, apenas Jesus satisfaz. Sabemos disso e temos de levar essa


mensagem aos outros. Além de nossos preconceitos e nossas “panelinhas”,
além do nosso pequeno círculo de relações, há um mundo cheio de homens
e mulheres, de rapazes e moças que estão sofrendo por causa das cisternas
furadas e que estão procurando alguém que lhes dê respostas duradouras.
Você não gostaria de partilhar com eles a nova vida em Cristo?

32
Pense nisto...

1. Você tem problemas de preconceito? Você tem desejo de dar o seu teste-
munho a todas as pessoas que conhece?

2. Você já encontrou aquela satisfação duradoura que Cristo deseja lhe dar?

3. Você tem disposição para dar testemunho? Você toma a iniciativa?

33
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 5:1-9
Segunda ....................................... João 5:10-27
Terça ....................................... João 5.28-38
Quarta ....................................... João 5.39-47
Quinta ....................................... Atos 17.1-21
Sexta ....................................... Atos 17.22-34
Sábado ....................................... Apocalipse 21.1-8

34
4

“Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê na-
quele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da
morte para a vida” (João 5:24).

O grande evangelista John Wilbur Chapman era um pregador calmo


mas vigoroso. Ele trabalhou junto com muitos homens de Deus, entre eles D.
L. Moody. Como esse homem que passou grande parte de sua vida mos-
trando aos outros como poderiam ser salvos veio a ser um cristão ele mes-
mo?

Vamos ouvir o próprio Chapman dando o seu testemunho:

Quando o grande evangelista D. L. Moody convocou uma reunião para


depois do culto, fui dos primeiros a entrar na sala e, para minha grande ale-
gria, o Sr. Moody veio e sentou-se ao meu lado. Confessei que não tinha
muita certeza de minha salvação. Ele me passou a sua Bíblia aberta e me
pediu que lesse João 5:24.

Tremendo de emoção eu li: “Em verdade, em verdade vos digo: Quem


ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não
entra em juízo, mas passou da morte para a vida”.

35
Ele me perguntou: “Você crê nisto?”

Eu respondi: “Claro”.

Ele perguntou de novo: “Você é cristão?”

Eu respondi: “Às vezes eu penso que sim e, depois, fico com receio”.

“Leia de novo”, ele disse. Então ele repetiu suas duas perguntas e eu
respondi como antes.

Então o Sr. Moody me perguntou: “De quem você está duvidando?” e,


nesse momento, percebi tudo com uma subtaneidade assustadora.

“Leia de novo”, disse Moody. E pela terceira vez ele me perguntou:


“Você crê nisso?”

Eu respondi: “Sim, eu creio”.

“Então, você é cristão?”

Eu respondi: “Sim, Sr. Moody, eu sou”. Desse dia em diante nunca


mais duvidei de minha aceitação junto a Deus.

A Fé e o Seu Objeto

Sabemos que uma pessoa pode dizer “eu creio” e estar simplesmente
dizendo palavras sem significado. Talvez você já tenha feito isso alguma vez.
Consentimento intelectual às vezes se confunde com fé salvadora. Mas a fé
que Wilbur Chapman tinha era uma fé de verdade. O seu problema era que
ele estivera mais envolvido em analisar esse tipo de fé (“às vezes eu penso
que sim”) do que em concentrar-se no Senhor Jesus Cristo, o objeto de sua
fé.
36
Em João 4 temos a história de um nobre mudando a direção da sua fé.
Esse homem estava preocupado com o seu filho que morria. Cristo sabia que
a sua necessidade espiritual era maior do que a necessidade do rapaz, por
isso Ele desafiou a fé superficial do homem: “Se porventura não virdes sinais
e prodígios, de modo nenhum crereis” (4:48). O problema desse homem era
o objeto de sua fé. Ele estava mais interessado no milagre do que na Pesso-
a, o Senhor.

No versículo 49 vemos o nobre, então, confiando na Pessoa do Se-


nhor: “Senhor, desce, antes que meu filho morra”. Então Cristo pôs à prova a
sua fé dando-lhe a Sua palavra de que o rapaz viveria. O nobre aceitou esta
palavra em lugar do sinal que viera buscar. No versículo 53 lemos que o no-
bre creu em Cristo com toda a sua casa. O Senhor permitiu que essa criança
ficasse doente para que Ele pudesse atrair toda uma família.

Esse nobre cometeu três erros. Identifique-os enquanto você lê João 4:


46-54. No começo ele só pensava em milagres. Então pensou que Cristo
precisava estar presente para curar o seu filho. Finalmente, pensou que a
morte impossibilitaria Cristo de agir (v. 49). Ele não sabia que Cristo é a Res-
surreição e a Vida.

Mas, por mais errado que estivesse, fez uma coisa certa! Ele confiou
em Cristo. Ele creu nos milagres (vs. 47, 48); ele creu na palavra de Cristo (v.
50). Mas, o mais importante, ele creu em Cristo!

37
Ninguém Para Me Ajudar

Você conhece alguma pessoa que teve de desistir de qualquer espe-


rança de ver mudada a sua situação? Imagine alguém que estivesse doente
há trinta e oito anos, sofrendo sozinho, sabendo que ninguém se importava
com a sua aflição. Que condição desesperadora! Foi o caso do aleijado des-
crito em João 5. A resposta de Cristo foi: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”
(v. 8).

John Chapman creu em Cristo para a sua salvação, e passou o restan-


te de sua vida levando outros a Cristo. Depois que o filho daquele nobre foi
curado, lemos que “...creu ele e toda a sua casa”, indicando que a palavra
relativamente a Cristo tornou-se conhecida nessa família. O homem aleijado
que Cristo curou junto ao tanque de Betesda falou a outros acerca do maravi-
lhoso Homem que o atendeu em sua necessidade.

Você não gostaria de se juntar a Chapman, ao nobre e ao homem cu-


rado para falar das boas novas de perdão e da salvação aos outros?

Quem é Cristo?

Você já ouviu alguém dizer que o importante é você crer? Há alguns


anos atrás, quando hospedamos Robert Ketcham em nossa casa, eu lhe ofe-
reci uma cadeira. Para desespero meu, quando ele se sentou, a cadeira que-
brou e ele caiu ao chão. Eu fiquei envergonhado. Não tinha a menor ideia de
que a cadeira não merecia confiança. Então lhe ofereci uma outra cadeira e,
acredite se quiser, essa cadeira também quebrou. Incrível!

38
Vamos pensar um pouco nessas cadeiras. Eu confiei nas duas. Eu re-
almente confiei que elas ofereciam segurança. Será que fez alguma diferen-
ça em sua resistência? O grau de minha fé afetou o grau de resistência das
cadeiras? O tipo de fé não é tão importante quanto o objeto da fé. Ter uma fé
forte em um objeto fraco não melhora de maneira nenhuma a qualidade da
fé. A fé vale tanto quanto o seu objeto.

Em cada exemplo de fé que discutimos até agora no Evangelho de Jo-


ão, a fé seguiu-se ao reconhecimento de uma necessidade. Aqueles que es-
tavam cegos à sua própria necessidade foram aqueles que rejeitaram Cristo.
O nobre ficou desesperado e creu; o homem doente sentiu-se desesperado,
mas reagiu à palavra do Senhor. Você tem de aceitar Cristo pela fé.

João 5 revela novamente Cristo como o Filho de Deus (vs. 17-47). Mas
os judeus não o queriam nesses termos. Eles se alarmaram com as Suas
obras e palavras. Além dele curar pessoas no sábado, o que os homens co-
muns não tinham direito de fazer, também não entendiam a Sua mensagem:
“Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não so-
mente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai,
fazendo-se igual a Deus” (v. 18). Eles interpretaram mal o Seu ministério e a
Sua mensagem.

Vamos examinar uma das reivindicações de Cristo feita em João 5: “E


o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento” (v. 22). Com-
pare isto com a narrativa de julgamento de Apocalipse 20: “Vi também os
mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então se
abriram livros. Ainda outro livro, o livro da vida, foi aberto. E os mortos foram

39
julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos li-
vros” (v. 12). Quando o homem é julgado, ele é colocado diante do trono de
Deus. João 5 diz que Cristo estará assentado naquele trono. Cristo é Deus!

Ignorância, ou Incredulidade?

Temos apenas dois motivos para as pessoas não serem salvas. Ou e-


las escolhem não crer em Cristo, como os líderes judeus escolheram em Jo-
ão 5, ou elas não ouviram a mensagem da obra de Deus através do Seu Fi-
lho porque os crentes não lhes levaram essa mensagem. Como aquele ho-
mem desamparado e aleijado junto ao tanque de Betesda, os seus amigos
talvez sejam tão desamparados quanto ele. Cristo já não está mais morando
na terra para ajudar pessoalmente aos necessitados. Mas ele deixou você
aqui para fazer isso. Cristo quer ajudar os outros por intermédio de você.
Tendo salvo você, ele quer operar em sua vida e usar o seu testemunho e a
sua boa vontade para alcançar aqueles que ainda não estão salvos.

Pense nisto...

1. O Senhor Jesus Cristo é o verdadeiro objeto de sua fé? A sua fé é mais do


que uma aceitação intelectual da verdade? A sua fé se fundamenta em um
relacionamento pessoal com Cristo?

2. Você já esteve tão desesperado com algum problema que pensou que
ninguém se importava com você? O que você aprendeu com esse homem
que esperou tantos anos junto ao tanque de Betesda?

3. Você realmente se interessa por sua família e seus amigos quando eles
têm dificuldades?
40
41
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 6:1-14
Segunda ....................................... João 6.15-21
Terça ....................................... João 6.22-35
Quarta ....................................... João 6.36-50
Quinta ....................................... João 6.51-59
Sexta ....................................... João 6.60-71
Sábado ....................................... Salmo 16

42
5

“Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, jamais
terá fome; e o que crê em mim, jamais terá sede” (João 6.35).

“Querido, você poderia amassar o pão?” é um pedido familiar em nossa


casa. A Sra. Wagner assa pão em casa, e uma de minhas responsabilidades
é ajudá-la a amassá-lo. Ela precisa de mim para amassar o pão! Sempre vou
me lembrar do dia em que ela participou de um concurso e ganhou o primeiro
prêmio. Que delícia foi saber que o pão dela recebera a melhor classificação!

Quer assemos o pão ou o comamos apenas, não há quem não saiba o


que é pão. Para a maioria das pessoas, o pão está sempre na mesa e faz
parte importante de cada refeição.

Uma das maravilhas do Evangelho de João é que, embora seja um li-


vro complexo para estudar, com assuntos muito profundos, ele usa as coisas
comuns para ilustrar as verdades difíceis de entender. Nós compreendemos
facilmente as coisas que tocam em nossos sentidos. No livro de João ouvi-
mos a voz do Senhor (10:2-16). Vemo-Lo como a Luz do Mundo (8:12). Ex-
perimentamo-Lo como o Pão da Vida (6: 35), nosso alimento espiritual.

43
Uma das mensagens do Evangelho de João que foi antecipada pelo
salmista encontra-se no convite: “Oh! provai, e vede que o Senhor é bom ...”
(SI. 34:8). Cristo é o Pão da Vida. Para aqueles que têm fome do que é ver-
dadeiro, genuíno e duradouro, Cristo é o Pão que satisfaz.

À beira-mar, Jesus, partiste o pão,


Satisfazendo ali a multidão;
Da vida o pão és Tu, vem pois, assim,
Satisfazer,Senhor, a mim ,a mim!
(Cantor Cristão 137)

A Compaixão de Cristo

Em João 6 vemos Cristo como o Pão da Vida. A cena inicial deste capí-
tulo apresenta a necessidade que o ser humano tem de pão. Cristo olhou pa-
ra a multidão faminta e perguntou a Filipe onde poderiam comprar pão para
todos. “Não lhes bastariam duzentos denários de pão”, respondeu Filipe. Em
nossa linguagem, Filipe estava dizendo: “Nem com Cz$ 1.200,00 poderíamos
alimentá-los”.

Então encontraram um rapaz que tinha cinco pães de cevada e dois


peixinhos. Pedro respondeu pessimista: “Mas isto que é para tanta gente?”
Enquanto os discípulos pensavam assim, o Senhor os observava. Ele estava
para realizar um dos Seus maiores milagres.

Cristo pegou o que era tão pouco e limitado e multiplicou o que estava
à Sua disposição. Calcula-se que o Seu milagre forneceu pão para quinze mil
pessoas contando os homens, as mulheres e as crianças.

44
Que lição para nós! Deus pode pegar o que é insignificante e torná-lo
significativo. Ele pode pegar o que é pequeno e torná-lo grande. Se Ele pode
fazê-lo com o alimento, muito mais maravilhosamente Ele pode nos engran-
decer, demonstrando o Seu poder em nossa fraqueza, se tão somente dei-
xarmos que Ele nos possua.

Deus está à procura de jovens através dos quais Ele possa demonstrar
o Seu poder. A questão não é se você tem um QI elevado, dons especiais,
ou talentos naturais. Antes, a questão é se você está pronto a deixar que Ele
o use como você é, por mais pequeno que pareça, para a Sua glória.

Cristo, o Pão

No dia seguinte, depois de alimentar a multidão, Cristo fez o Seu gran-


de sermão sobre o Pão da Vida (João 6: 30-58). Ele falou como Aquele que
fora dado pelo Pai e que viera do céu, como o maná espiritual que dá vida (v.
33): Ele é a Fonte da vida: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais
terá fome; e o que crê em mim, jamais terá sede” (v. 35).

Em João 6 Cristo comparou o Seu ministério espiritual com a nutrição


física que o pão fornece. Vamos examinar as semelhanças que existem entre
o pão que nós conhecemos e Cristo, o Pão da Vida.

O Pão é Universal

Entre todos os povos e todas as nações encontramos o pão. Na Ale-


manha o pão chama-se brot. Na Itália lhe oferecem uma fatia (ou um pedaço)
de pane. Os suecos comem brod. No Oriente milhares de pessoas comem
pão feito de farinha de arroz. Os centro-americanos gostam de tortillas. Se
45
você for às Antilhas vai experimentar o pão feito da raiz da mandioca. Os in-
gredientes podem variar, mas o alimento básico é universal.

Que símbolo excelente Cristo escolheu para referir-se à necessidade


do homem em Seu sermão. Sem os nutrientes que o pão fornece, as pesso-
as passam fome e morrem. Sem Cristo, o Pão da Vida, nossas almas mor-
rem de fome. A resposta que satisfaz à alma e a fome espiritual do homem é
Cristo. Por isso é que enviamos missionários aos países estrangeiros.

Só o Verdadeiro Pão Alimenta

O pão que é preparado através de processos que protegem os nutrien-


tes da farinha é realmente o sustento da vida. Seus benefícios são de longo
alcance, e as vitaminas E e B que fornece são vitais.

Muito mais no que se refere a Cristo. Só Ele pode prometer: “O que


vem a mim, jamais terá fome”. O Pão espiritual é o sustento da vida eterna.
Que mensagem maravilhosa para partilharmos com outros jovens. Muitos
jovens já experimentaram o que o mundo oferece apenas para descobrir que
continuam vazios e insatisfeitos. Você não conhece alguém que já experi-
mentou desse pão e continuou vazio, precisando do Pão da Vida nutritivo,
que satisfaz e que dá vida?

Durante a grande fome na China, o pão era feito de um tipo de terra


“comestível”. Embora parecesse melhor do que nada, esse pão não passava
de apenas mais um passo na direção da morte, pois o ingrediente não conti-
nha nutrientes. Da mesma forma, na Austrália, a semente de uma certa sa-
mambaia pode ser transformada em pão, mas é um pão sem proteínas, nem

46
carboidratos ou vitaminas – nenhum componente essencial para a manuten-
ção da vida.

Esse pão enche e satisfaz o estômago da pessoa, mas as necessida-


des do seu organismo continuam não resolvidas. Esse pão dá a impressão
de alimentá-lo, mas na realidade o mata, deixando-o ignorante de sua verda-
deira condição e necessidades.

O Pão Precisa Ser Preparado

No período bíblico, o trigo e a cevada eram colhidos manualmente, de-


pois eram esmagados e triturados para fazer farinha. Depois de preparada a
massa, o pão era às vezes assado sobre pedras aquecidas em vez de cha-
pas ou forno. As semelhanças entre as etapas na provisão do pão físico e
Cristo, o Pão da Vida, são notáveis. Exatamente como o grão tem de ser tri-
turado, Cristo teve de morrer por nós. Ele foi moído e sofreu o fogo da ira de
Deus em nosso lugar porque Ele assumiu os nossos pecados (Is. 53:1-5; I
Pe. 2:24). Como devemos louvar o Senhor por uma provisão tão maravilhosa
para as necessidades de nossa alma!

Apropriação

Os judeus que ouviram a mensagem de Cristo sentiram-se ofendidos


(João 6:41, 42, 60-66). Não que o sermão fosse difícil de entender, mas seus
corações estavam endurecidos contra essa denúncia de suas necessidades
espirituais. Hoje em dia também muitas pessoas preferem rejeitar esta men-
sagem.

47
O chefe do Departamento Criminal da Scotland Yard, em Londres, fora
criado em um lar cristão. Mas, não se sabe por que, a simplicidade do evan-
gelho jamais se revelou ao Sir Robert Anderson até que uma de suas irmãs
foi salva. Ela o convidou para assistir a um culto onde ele ouviu o evangelho.
O pregador era John Hall, que “ousadamente proclamava o perdão dos pe-
cados, e a vida eterna como dom gratuito de Deus, franco e incondicional,
para ser recebido por nós ali mesmo sentados nos bancos da igreja”.

Anderson foi falar com o pregador depois do culto. Ele descreveu o en-
contro:

Eu o abordei quando ele saía da sacristia, e a caminho de casa eu o


ataquei por causa de suas heresias... Finalmente ele largou o meu braço e
olhando-me no rosto, enquanto paramos ali sobre a calçada, ele repetiu com
grande solenidade a sua mensagem evangélica e o apelo.

“E lhe digo”, ele disse, “como ministro de Cristo e em Seu Nome, que
há vida para você aqui e agora se você o aceitar!”

Depois de uma pausa... eu exclamei: “Em nome de Deus, eu aceito a


Cristo”.

Robert Anderson, que se tornou um dos mais brilhantes estudantes da


Bíblia de todos os tempos, estava com um pregador numa calçada de Lon-
dres e aceitou ali o Pão da Vida. Sua alma foi salva, e sua fome espiritual foi
satisfeita. Apenas aquele que é o verdadeiro Pão da Vida e a Água Viva pode
prometer: “O que vem a mim, jamais terá fome; e o que crê em mim, jamais
terá sede”.

48
Pense nisto...

1. Até que ponto você está permitindo que Deus use os seus talentos e a sua
personalidade para a glória d’Ele?

2. Quanto interesse você tem demonstrado por sua nutrição espiritual com o
tempo que você dedica ao estudo da Bíblia e à oração?

3. Com que frequência você agradece a Cristo pelo sacrifício d’Ele ter vindo
ao mundo para ser o seu Pão da Vida?

49
50
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 7:1-9
Segunda ....................................... João 7.10-24
Terça ....................................... João 7.25-36
Quarta ....................................... João 7.37-53
Quinta ....................................... João 8.1-30
Sexta ....................................... João 8.31-46
Sábado ....................................... João 8.47-59

51
6

“De novo lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me se-
gue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida” (João 8.12).

Circunstâncias externas, tais como casa, transporte, máquinas e medi-


cina, talvez tenham se alterado notavelmente através dos séculos desde o
período bíblico. Mas duas coisas continuam sendo as mesmas. Deus nunca
muda e nem a natureza humana, exceto pelo poder transformador de Deus.
Os incrédulos de hoje não são diferentes daqueles que recusaram-se a crer
na mensagem de Cristo quando Ele estava aqui na terra pregando entre eles.

De acordo com João 7.1, Jesus restringiu o Seu ministério à Galiléia


porque Ele sabia que os judeus estavam planejando matá-lo. Alguns dos
seus irmãos por parte de mãe (filhos de Maria e José) impacientaram-se com
este Homem que fazia milagres, mas que não queria dizer e fazer coisas que
o tornassem um líder e um porta-voz popular (João 7.3,4).

Ficamos perplexos quando lemos no versículo 5 que estes irmãos de


Jesus não creram em Cristo. Imagine só. Viveram com Ele, trabalharam e
brincaram com Ele, conversaram com Ele e viram a Sua vida perfeita, mas
não creram que Jesus era Deus Filho, que Ele viera para remi-los do pecado.

52
Mais tarde, alguns deles se converteram e o testemunho de suas vidas trans-
formadas se encontra refletido nas epístolas de Tiago e Judas.

Você tem parentes que simplesmente não consegue alcançar com o


evangelho? Aqueles que estão mais perto às vezes são os mais difíceis de
alcançar. Não desista! Se você for uma testemunha consistente sem resulta-
dos aparentes, não desanime. Você está vivendo uma situação parecida com
a de Cristo. Continue vivendo de maneira agradável ao Senhor (I João 2.6) e
ore para que o seu testemunho, no devido tempo, alcance aqueles corações
necessitados. O Senhor prometeu cumprir a Sua Palavra: “Assim será a pa-
lavra que sair da minha boca; não voltara para mim vazia, mas fará o que me
apraz, e prosperará naquilo para que a designei” (Is. 55.11).

O Intelectual

Além dos parentes do Senhor que não creram nEle, também os gran-
des pensadores do Seu tempo tiveram dificuldades. Eles ficaram pasmos
porque Cristo sabia tanta coisa sem ter recebido uma educação formal (João
7:15). Hoje as pessoas continuam pensando assim. Talvez vocês tenham
professores ou colegas que acham que são intelectualmente muito avança-
dos para aceitar a Bíblia pela fé. Eles não consideram a Bíblia nada mais que
uma coleção de histórias folclóricas e meditações filosóficas de um pequeno
povo. Geralmente essa atitude é um grande disfarce para o problema do pe-
cado, que se reveste de uma camada superficial de ceticismo desonesto.

Cristo identificou o problema dos incrédulos do Seu tempo como au-


sência do desejo de conhecer a Sua vontade. Ele declarou: “Se alguém qui-

53
ser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina...” (João 7.17;
conf. Romanos 1.21, 22).

Vamos orar pelos nossos amigos que parecem ser tão “sabidos”, mas
são realmente ignorantes porque estão cegos para o problema do seu peca-
do. Temos de ser gentis com eles, orar por eles e ser consistentes em nosso
testemunho.

Rios de Água

Enquanto os habitantes de Jerusalém se dividiam na incerteza de crer


ou não em Cristo, no Seu ministério e na Sua mensagem, o Senhor declarou
o que acontece quando uma pessoa crê: “Se alguém tem sede, venha a mim
e beba” (João 7.37). Em João 6 ficamos sabendo acerca do significado e da
necessidade da apropriação do Pão da Vida. Depois, Cristo diz à alma se-
denta, àquela que está ansiosa em fazer a Sua vontade: “Beba”. Aquele que
bebe é aquele que crê e aceita a provisão de Deus (v. 38). Quando uma pes-
soa quer crer, “...do seu interior fluirão rios de água viva”, uma descrição do
ministério do Espírito Santo no crente.

Do Seu Interior

Diversas partes do corpo são frequentemente mencionadas como ilus-


trações do ser interior da pessoa. João 7.38 fala desse interior. Os gregos
frequentemente usavam a palavra “entranhas” para representar o interior de
uma pessoa. Outro exemplo encontramos quando Paulo escreve dizendo:
“Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, al-

54
guma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias (Fp.
2.1).

A palavra que nós usamos com mais frequência é “coração”. Você a-


cha que, quando o Senhor disse: “Não se perturbe o vosso coração”, Ele es-
tava falando sobre o órgão de quatro ventrículos que temos na cavidade do
peito e que força o sangue através de nossas artérias e veias? Não, é claro
que não. Ele estava falando acerca de nosso ser interior. Em uma tribo afri-
cana, em vez de entranhas ou coração, eles identificam o interior da pessoa
mais com o fígado. Você pode imaginar a reação de uma moça se o namora-
do lhe dissesse: “Eu te amo do fundo do meu fígado?”

Em João 7.38, Cristo está falando da pessoa que crê nEle, prometendo
que do seu ser interior fluirão rios de água viva. Que coisa agradável! Talvez
você conheça pessoas que têm uma tendência de esgotar e secar todos e
tudo à sua volta. Que coisa bem melhor é ser uma fonte de refrigério para os
outros.

Observe que o Senhor está falando de um transbordamento. Isso me


faz lembrar de um versículo de Isaias 58 que diz: “...serás como um jardim
regado, e como um manancial, cujas águas jamais faltam” (v. 11). Observe
também que Cristo fala desse fluxo indo na direção dos outros. João 7.39
torna claro que Cristo estava se referindo à obra do Espírito Santo. O Espírito
habita em cada crente e é a Fonte da qual o fruto do Espírito Santo flui para o
mundo.

Observe que o fluxo não é um jato, nem um filete, nem um gotejamen-


to, mas o fluxo profundo, rico e poderoso de um rio. Visualize um grande rio

55
com uma forte correnteza. Esse é o quadro que temos aqui. O fluxo é obra
do Espírito em nós e através de nós. Veja a água viva fluindo: amor, alegria,
paz, bondade, temperança (Gálatas 5.22,23). Quer o símbolo seja o fruto da
árvore, ou o fluxo do rio, o Espírito habita e opera na vida de cada pessoa
que aceitou a Cristo como Salvador.

Você consegue visualizar algum bloqueio nesse rio de água viva? Cer-
tamente não deve haver nenhum. Mas, as vezes, nós bloqueamos o fluxo da
água viva. O que forma esse bloqueio? Um rio deixa de fluir quando é blo-
queado em sua fonte ou em seu desembocadouro. Se estivermos entriste-
cendo o Espírito Santo, nossa fonte espiritual estará entupida com sujeira (Ef.
4.30). Nossa vontade egocentralizada bloqueia o Espírito impedindo-o de
trabalhar por nosso intermédio do jeito que Ele deseja.

Se estivermos extinguindo o Espírito resistindo à Sua liderança, o fluxo


é impedido em sua desembocadura (I Ts. 5.19). Que coisa séria é pensar
que a nossa atitude para com a obra de Deus em nossas vidas pode diminuir
o fluxo desta “água” espiritual e pode até mesmo influenciar os outros de ma-
neira negativa. Talvez tenha chegado o momento de você fazer um exame
sério em sua vida. Confissão de pecado faz uma grande diferença.

A Mulher Adúltera

Os padrões da atualidade parecem ser menos exigentes do que anti-


gamente. Por exemplo, aos olhos de um mundo cheio de pecado, a virginda-
de não tem muita importância; se você não pensa assim, você é considerado
esquisito. Mas nós devemos nos lembrar que Deus odeia o adultério (pecado
sexual praticado por pessoas casadas que são infiéis aos seus parceiros) e a
56
fornicação (pecado sexual entre pessoas que não são casadas). Aos olhos
de Deus qualquer tipo de atividade sexual fora do casamento é muito, muito,
muito errado! Deus declara em Sua Palavra: “Digno de honra entre todos se-
ja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impu-
ros e adúlteros” (Hebreus 13.4). Apocalipse 21.8 torna claro que tais pecado-
res não arrependidos serão punidos no Lago de Fogo.

Devemos nos lembrar que, embora esse pecado seja desastroso, Deus
pode perdoar a pessoa que o praticou (I Coríntios 6.9-11). Temos um exem-
plo maravilhoso em João 8. Quando os judeus tentaram apanhar Cristo em
alguma falta, pedindo-lhe que julgasse a mulher apanhada em adultério, Ele
nos deu uma ilustração maravilhosa de perdão. Ele não fechou os olhos à
imoralidade; Ele não procurou ocultá-la; Ele não a ignorou. Ele a perdoou.
Ele a perdoou e ordenou: “Vai, e não peques mais”.

Em João 6.37, Cristo prometeu: “...o que vem a mim, de modo nenhum
o lançarei fora”. Ninguém precisa ficar excluído no que se refere a Cristo. Ele
vai transformar a sua vida e fazer de você uma nova criatura, quando você
abandonar o pecado e receber o Seu perdão e a nova vida.

A Luz do Mundo

A promessa de João 6.37 e o perdão que Cristo deu à mulher adúltera,


é uma tela de fundo para a próxima grande revelação de Cristo sobre a Sua
missão: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andara nas trevas, pe-
lo contrário terá a luz da vida” (João 8.12). Cristo não é uma luz, mas a Luz.
O único caminho para sair das trevas do pecado é através de Sua luz.

57
Os Cristãos Também São Luzes

Os crentes em Cristo também são luzes em um sentido todo especial.


Em Mateus 5.14 Cristo declarou: “Vós sois a luz do mundo...” Se você tem
um conhecimento básico do relacionamento da terra com o sol, você vai en-
tender o que isso significa. A luz não tem luz própria, mas reflete a luz do sol.
Quando olhamos para a luz, não seria correto dizer: “Veja como o sol está
brilhando”. Assim como a lua reflete a luz do sol, nós os crentes refletimos a
luz de Cristo.

Observe, também, que a única ocasião em que a luz pode ser eclipsa-
da ocorre quando o mundo se coloca entre esses dois corpos. Um eclipse
espiritual resulta quando deixamos que o mundo e a sua filosofia se coloque
entre nós e Cristo.

Aos filipenses Paulo escreveu:

Fazei tudo sem murmurações nem contendas; para que vos torneis ir-
repreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração
pervertida (deformada, confusa, atrapalhada) e corrupta, na qual resplande-
ceis como luzeiros no mundo; preservando a palavra da vida... (Filipenses
2.14-16).

Jovem cristão, seja uma luz. Seja um refletor do caráter e da Pessoa


de Cristo no seu viver diário. Que os outros vejam Cristo na sua luz.

Pense nisto...

1. Quais são as evidências de que o Espírito Santo está operando em sua


vida?
58
2. Que coisas em sua vida poderiam estar impedindo o fluxo da operação do
Senhor por seu intermédio?

3. Com que clareza você reflete a Luz do mundo, Jesus Cristo?

59
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 9.1-12
Segunda ....................................... João 9.13-25
Terça ....................................... João 9.26-41
Quarta ....................................... João 10.1-6
Quinta ....................................... João 10.7-21
Sexta ....................................... João 10.22-39
Sábado ....................................... João 10.30-42

60
7

“Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e a-
chará pastagem” (João 10.9).

O pastor judeu conduzia todo o seu rebanho ao aprisco quando caía a


noite. Como ele era gentil e cuidadoso com as suas ovelhas. Um observador,
preocupado com a ausência de uma porta, poderia perguntar ao pastor: “As
feras não podem entrar no aprisco?”

Ao que o pastor responderia: “Não, porque eu sou a porta. Quando as


ovelhas entram para passar a noite no aprisco, eu me deito na entrada. Ne-
nhuma ovelha consegue sair sem passar por mim e nenhum lobo ou ladrão
pode entrar a não ser passando por cima de mim”.

Quando compreendermos a posição do pastor entenderemos melhor a


declaração de Cristo: “Eu sou a porta”. Aqueles que o ouviram expressando
esta verdade tinham consciência do que Ele estava dizendo (João 10.7,9).

O Evangelho de João é o único Evangelho que identifica Cristo com a


grande expressão “Eu sou”. O próprio Senhor usa estas palavras, provando
que é Deus. Em João 9 e 10 temos esta declaração três vezes: “Eu sou a luz
do mundo” (9.5); “Eu sou a porta” (10.9); e “Eu sou o bom pastor” (10.11).

61
Vamos examinar cada uma delas e descobrir o que Deus tem para cada um
de nós pessoalmente.

A Luz

Ocasionalmente os cristãos são marcados como exageradamente ape-


gados às doutrinas e demasiadamente formais na expressão de sua fé mas
pouco práticos quando se trata das necessidades diárias da humanidade. É
possível dar uma ênfase demasiadamente grande à teologia e negligenciar a
vida propriamente dita no que se refere à nossa crença. Mas é impossível
seguir a Cristo, Seus ensinamentos e o Seu exemplo, sem se interessar por
essas necessidades.

João 9 apresenta a ternura com que o Senhor se interessou pelo ho-


mem que nasceu cego. Enquanto os discípulos perguntavam por que ele
nascera daquele jeito (v. 2), Cristo estava pensando em ajudá-lo. Os discípu-
los estavam sendo teológicos: “Quem pecou, este ou seus pais?” Cristo tra-
tou da necessidade daquele homem e estendeu a mão para ajudá-lo.

Não estamos querendo dizer que você deve ignorar a teologia; é im-
portante o que você crê. Mas se as suas especulações e preocupações teo-
lógicas com as coisas que Deus não revelou totalmente levam você a ignorar
os que não são salvos e os cristãos que são necessitados, você certamente
precisa reconsiderar suas prerrogativas. Se você crê de maneira certa (e é
para isso que a teologia serve), você vai agir de maneira certa. Crer de ma-
neira certa resulta em comportamento adequado! As duas coisas não podem
ser separadas.

62
Ver as necessidades físicas e espirituais de um homem que, nasceu
cego, deu a Jesus uma oportunidade para declarar a necessidade do Seu
ministério para com a humanidade que vive cega por causa do pecado: “É
necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a
noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (v. 4). Os fatos estão claros:
Cristo foi enviado; Ele sentia-se constrangido a executar a obra daquele que
o enviara, sabendo que o tempo era pouco.

Mais tarde, quando o Senhor orou a Seu Pai, Ele comparou o Seu rela-
cionamento com Deus Pai ao nosso relacionamento com Deus Filho: “Assim
como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (João
17.18).

Pense nisso! O Senhor comparou a Sua situação com a nossa. Ele mi-
nistrou com urgência, com um senso de responsabilidade e um espírito dis-
posto. Que lição para nós! Nós também somos luzes enviadas a brilhar em
um mundo obscurecido pelo pecado (Mt. 5.14).

A primeira prioridade de Cristo, Seu primeiro “É necessário” foi servir


ao Pai (9.4). O que é “necessário” em nossas vidas quotidianas? O seu “é
necessário” relaciona-se com o materialismo? Você procura gratificar-se pes-
soalmente? Ou as suas prioridades relacionam-se com as coisas espirituais e
o seu relacionamento com o Senhor?

63
O Milagre

Cristo disse ao cego de João 9 que fosse se lavar no tanque de Siloé


(vs. 6, 7). 0 homem obedeceu e foi curado. O que aconteceu a esse homem
fisicamente acontece com todos os cristãos espiritualmente. Ele estava fora
do templo; ele estava fora da família de Deus. Ele era cego desde o nasci-
mento; nós o somos espiritualmente.

Ele não podia fazer nada por si mesmo, e o Senhor tomou a iniciativa e
o ajudou. Aqui novamente, devemos nos lembrar de que não há nada em nós
mesmos (nem vida, nem centelha, nem capacidade) pela qual possamos ser
salvos. Jesus Cristo veio a nós e falou aos nossos corações. Antes de perce-
bermos nossas próprias necessidades, Ele as viu e tomou a iniciativa de a-
tendê-las. Primeiro Ele morreu por nós. Depois enviou o Seu Santo Espírito
para falar a nós e nos convencer de nossa necessidade de um Salvador. En-
tão, Ele nos regenerou quando cremos em Seu nome. Com a vida espiritual
vem à luz.

A Reação

Muitas pessoas viram Jesus realizar o milagre da cura do homem cego.


Eles todos viram o mesmo milagre, mas reagiram de maneiras diferentes. Os
religionistas daquele tempo desaprovaram o que Cristo disse e até se ofen-
deram com as suas palavras e com a cura do cego. Pressionaram o cego e
os seus parentes por que não gostavam e até mesmo odiavam o Senhor. Os
pais daquele homem deviam estar cheios de alegria no começo, mas a sua
alegria acabou sendo prejudicada pelo medo (vs. 22,23).

64
Finalmente, o próprio cego reagiu. Embora soubesse pouco acerca de
Cristo, ele reagiu de maneira maravilhosa, dizendo: “Se é pecador, não sei;
uma cousa sei: Eu era cego, e agora vejo” (v. 25).

Sua crescente percepção espiritual se torna evidente quando ele foi vi-
lipendiado por causa de suas convicções acerca de quem o havia curado. O
cego declarou que Cristo vinha de Deus (vs. 30,31). Depois que ele foi expul-
so do templo, creu e adorou a Cristo (v. 38).

Qual a reação de sua família e amigos quando você aceitou a Cristo?


Quem reagiu de maneira positiva? e de maneira negativa? Alguém o ridicula-
rizou ou interrogou? Lembre-se, exatamente como o Senhor agiu com o cego
curado depois que ele foi expulso e desprezado, Ele agirá com você. Vamos
tomar a decisão de permanecer com Cristo e dar o nosso testemunho fiel.

A Porta

Antes de entender a mensagem da declaração de Cristo, “Eu sou a


porta”, devemos entender algo sobre o aprisco mencionado em João 10. Na
verdade, são dois apriscos diferentes que foram mencionados. Cristo é a
Porta de ambos. O primeiro aprisco é o Judaísmo, o lugar privilegiado dos
judeus (v. 1). Sabemos que Cristo não estava falando acerca da salvação
neste ponto porque Ele fala de pessoas que tentaram entrar no aprisco de
outra maneira, como ladrões e salteadores. Quando consideramos que Cristo
é a Porta do aprisco do Judaísmo e que Ele veio para conduzir aquelas ove-
lhas para fora desse aprisco e para dentro de um novo aprisco, o problema
fica esclarecido imediatamente. “As suas próprias ovelhas” (v. 3) fala da na-
ção israelita eleita, e Aquele que as conduz para fora é o Senhor.
65
O segundo aprisco ao qual Ele se refere inclui toda a verdadeira família
de Deus. Cristo diz: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo;
entrará e sairá e achará pastagem” (v. 9). Diversas verdades foram apresen-
tadas nesta passagem:

– “Eu sou a porta”. Significa que Cristo é o único caminho da salvação.


Ele não é uma porta, mas a única Porta.

– “Se alguém”. Estas palavras nos asseguram que todo aquele que vier
a Cristo, seja qual for a sua raça, credo, cor ou posição, pode ser salvo. O
“alguém” deste versículo oferece esperança a todos os corações. Deus não
estabelece quotas.

– “Entrar”. É necessário que haja um passo de fé. Deus tornou a salva-


ção disponível, mas apenas aqueles que entram pela fé podem receber a se-
gurança do aprisco e do perdão.

– “Será salvo”. -Esta declaração é definida e positiva. A salvação não é


uma possibilidade, mas uma promessa. Não é uma esperança, mas uma
certeza.

– “Entrará e sairá”. 0 crente em Cristo fica livre do pecado (João 8.32,


36), sem laços e restrições de regras e rituais. A liberdade em Cristo é liber-
dade no seu mais alto sentido. Frequentemente ouvimos pessoas que não
são salvas dizendo que “nasceram livres” ou que “são livres para fazer a sua
própria vontade”; o trágico é que elas não são realmente livres. Elas se en-
contram sob o domínio e sob o controle de Satanás (João 8.44). Aquelas que
conhecem o Senhor têm uma liberdade que é especial e preciosa.

66
– “E achará pastagem”. Estas palavras falam da satisfação. Cristo re-
almente satisfaz. Ele atinge todas as nossas necessidades e atende aos de-
sejos de nossos corações.

O Bom Pastor

A Bíblia fala de Cristo como pastor pelo menos de três maneiras. Ele é
o Bom Pastor que morreu por nós (João 10.14-18). Ele é o Grande Pastor
que cuida de nós (Hb. 13.20); e Ele é o Supremo Pastor que um dia virá nos
buscar (I Pedro 5.4). O Salmo 22 apresenta a Cristo como o Bom Pastor; o
Salmo 23, como o Grande Pastor; e o Salmo 24, como o Supremo Pastor.

Como o Bom Pastor Ele deu a Sua vida pelo nosso pecado. Como o
Grande Pastor Ele nos dá liberdade e nutrição, que são provisões abundan-
tes para nós. Talvez você já saiba de cor o Salmo 23, que fala das maneiras
maravilhosas; pelas quais o Grande Pastor supre todas as nossas necessi-
dades. Sobre o Salmo 23 Robert T. Ketcham1 anotou promessas da provisão
do Grande Pastor para as necessidades seguintes:

O Senhor é o meu Pastor; portanto não terei falta de REPOUSO. “Ele


me faz repousar em pastos verdejantes” (v. 2).

O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei mais SEDE. “Leva-me


para junto das águas de descanso” (v. 2).

O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei falta de REFRIGÉRIO.


“Refrigera-me a alma” (v. 3).

1 Robert T. Ketcham, O Salmo 23, Imprensa Batista Regular.


67
O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei falta de ORIENTAÇÃO.
“Guia-me pelas veredas da justiça” (v. 3).

O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei falta de CORAGEM. “Não te-
merei mal nenhum, porque tu estás comigo” (v. 4).

O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei falta de CONSOLO. “A


tua vara e o teu cajado me consolam” (v. 4).

O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei falta de PROVISÕES.


“Preparas-me uma mesa” (v. 5).

O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei falta de PROTEÇÃO...


“...na presença dos meus adversários” (v. 5).

O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei falta de PODER. “Unges-


me a cabeça com óleo” (v. 5).

O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei falta de BONDADE E MI-


SERICÓRDIA. “O meu cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente
me seguirão todos os dias da minha vida” (vs. 5,6).

O Senhor é o meu Pastor; portanto, não terei falta de NADA. “Habitarei


na casa do Senhor para todo o sempre” (v. 6).

Uma vez um pastor telefonou ao jornal local anunciando o tema do seu


sermão. “O Senhor é o meu Pastor”, ele apresentou o título a ser impresso.

“Só isso?” perguntou o funcionário do jornal.

“Isso é o suficiente”, respondeu o pregador.

Quando o título do sermão apareceu no jornal, dizia o seguinte: “O Se-


nhor é o meu Pastor – Isso é o suficiente”. Qualquer cristão em comunhão
68
com o Senhor sabe que esse título é uma realidade. Cristo é o nosso Pastor;
isso é suficiente.

Pense nisto...

1. A sua vida tem refletido a sã doutrina e um interesse genuíno pelas outras


pessoas?

2. De que maneira Jesus Cristo é a Sua Luz, a sua Porta e o Seu Pastor?

69
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 11.1-16
Segunda ....................................... João 11.17-37
Terça ....................................... João 11.38-44
Quarta ....................................... João 11.45-57
Quinta ....................................... João 12.1-11
Sexta ....................................... João 12.12-22
Sábado ....................................... João 12.23-50

70
8

“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda


que morra, viverá” (João 11.25).

A ciência e a tecnologia moderna alcançaram vitórias maravilhosas na


medicina. Mas nenhum médico, ou equipe de médicos, hospital ou qualquer
outra pessoa jamais foi capaz de fazer o que Cristo fez ressuscitando um
homem que morrera e fora sepultado. João 11 registra os acontecimentos
que fizeram parte deste maravilhoso milagre. Este maravilhoso capítulo da
Palavra de Deus trata da vida. Mais do que isso, trata da ressurreição e da
nova vida. Em João 11 Cristo declarou outra vez o seu grande “Eu sou”: “Eu
sou a ressurreição e a vida”. Vamos considerar os antecedentes desta mara-
vilhosa declaração do Senhor Jesus.

Uma Visita a Betânia

Diversos anos atrás quando visitei Betânia, notei a moderna Igreja de


Lázaro construída sobre o local da casa original de sua família. Quando o
Senhor escolheu uma cidade para subir ao céu depois de Sua ressurreição,
escolheu um lugar perto de Betânia (Lucas 24.50, 51).

71
Quando o Espírito Santo levou João a escrever João 11, Ele poderia
ter levado João a dizer qualquer coisa afim de identificar a cidade de Betânia.
Ele poderia ter dito: “A sudeste de Jerusalém, na estrada para Jericó há uma
cidade chamada Betânia”. Ou, então, “Em uma cidade chamada Betânia (que
significa “casa dos figos”), um homem chamado Lázaro estava morrendo”.
Mas o Espírito Santo levou João a escrever: “Betânia, a aldeia de Maria e
Marta, sua irmã”. Observe que o Senhor destaca as cidades e as aldeias pe-
las pessoas que moram nelas.

O que é importante ao Senhor quando Ele considera a sua cidade?


Talvez a sua comunidade seja importante e preciosa para Ele por causa do
seu testemunho. É verdade. Não são as pessoas importantes, ou os lugares
impressionantes, ou as realizações soberbas que Lhe importam mais, mas os
membros de Sua própria família, os crentes com os quais Ele pode ter comu-
nhão. Betânia era o lar de Maria e Marta.

Desespero!

João 11 registra a preocupação de pessoas desesperadas. Maria e


Marta estavam terrivelmente preocupadas com a enfermidade de seu irmão
Lázaro, e por isso mandaram um recado a Cristo. Elas tinham a liberdade de
fazê-lo, porque, segundo lemos, “amava Jesus a Marta, e a sua irmã e a Lá-
zaro” (v. 5).

Embora a mensagem que as irmãs enviaram fosse urgente, Jesus não


as atendeu imediatamente. Na verdade, Jesus permaneceu onde estava por
mais dois dias (v. 6). Sua demora em ir a Betânia não foi por falta de amor,
mas por causa de Sua infinita sabedoria.
72
Você já ficou imaginando por que o Senhor demora tanto tempo às ve-
zes para resolver um problema pelo qual você tem orado tanto? Quando as
orações não são respondidas imediatamente, nossa tendência humana é du-
vidar ou pelo menos questionar o interesse de Deus pelo nosso problema e
nossa necessidade. Você deve lembrar-se que o Senhor nos ama.

Os adiamentos em nossas vidas não se devem à falta de amor da par-


te de Deus. São atos de Sua sabedoria. Exatamente como Cristo chegou a
Betânia no momento certo para atender àquela necessidade, o Senhor tem
um plano para atender a cada uma das necessidades de sua vida no mo-
mento que for melhor para você. Se você confiar a Ele a sua vida, verá que o
jeito d’Ele é o melhor.

Os discípulos de Cristo tiveram de aprender esta lição, como também


Maria e Marta. Em sua sabedoria humana limitada, os discípulos pensaram
que fosse melhor para Jesus ficar afastado de Betânia e de toda a região ao
redor de Jerusalém (vs. 8-16). Eles não entenderam o que o Senhor quis di-
zer quando declarou: “Lázaro morreu; e por vossa causa me alegro de que lá
não estivesse, para que possais crer; mas vamos ter com ele” (vs. 14,15).

Lembre-se de que seja qual for a situação, os acontecimentos nunca


escapam ao controle do Senhor. Ele é soberano, e Ele há de estender a Sua
mão exatamente na hora certa. “Invoca-me, e te responderei: anunciar-te-ei
cousas grandes e ocultas que não sabes” (Jr. 33.3).

73
Maria e Marta

Maria e Marta tiveram a mesma atitude para com a demora do Senhor.


Marta disse: “Senhor, se estiveras aqui não teria morrido meu irmão” (v. 21).
Maria também caiu aos Seus pés e disse exatamente a mesma coisa (v. 32).
Você não se identifica com os sentimentos delas? Você não se sente “preo-
cupado” com o Senhor? Se isso não tivesse acontecido...se eu não tivesse
quebrado o meu braço...se eu não tivesse morado ali...se eu não tivesse re-
cebido aquela resposta dela (ou dele)...se eu tivesse chegado apenas alguns
minutos (ou horas, ou dias) mais cedo...se pelo menos...Nós sempre esta-
mos prontos a especular sobre o que poderia ter acontecido. Mas precisamos
descansar na vontade e sabedoria de Deus, sabendo que Ele faz bem feitas
todas as coisas (SI. 119.65).

Jesus Chorou

Isto nos leva ao versículo mais curto da Bíblia, João 11.35, que sim-
plesmente declara: “Jesus chorou”. Você já imaginou alguma vez por que Ele
chorou? Afinal, Ele não ia ressuscitar a Lázaro? Ou será que Ele ficou triste
porque os outros estavam tristes?

Eu me inclino a crer que Jesus não chorou por causa da morte de Lá-
zaro, mas devido a condição espiritual daqueles que Ele amava. Ele chorou
porque viu a incredulidade deles. Afinal, o próprio Deus estava no meio de-
les. Mas aqueles amigos e discípulos não creram que Ele tivesse poder so-
bre a morte.

74
Alguém já notou que ninguém poderia aprender com o Senhor como
realizar um funeral porque todas as vezes em que Ele entrou em contato com
a morte, demonstrou o Seu poder ressuscitando o morto (Lucas7.11-15; 8.41,
42; 49-55). Cristo é vida! Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vi-
da...” (João 14.6). Ele tem as chaves da morte e do inferno (Ap. 1.18). Ele
veio para que possamos ter vida, e uma vida mais abundante (João 10.10).

No meio do desespero, no meio da morte, lá está o próprio Doador da


Vida, e a única reação das irmãs de Lázaro foi: “Se estiveras aqui... Foi por
isso que Cristo chorou. E assim Ele deve chorar e se entristecer quando nós
duvidamos do Seu poder e sabedoria.

Nossa Experiência Espiritual

Em João 5 Cristo anunciou: “Vem a hora, e já chegou, em que os mor-


tos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão” (João 5.25).
As palavras “e já chegou” nos dizem que Cristo estava falando da experiên-
cia do novo nascimento. Em João 11 Ele fala da ressurreição física. João
5.25 declara que os mortos espiritualmente podem ouvir a Sua voz, e os que
ouvem viverão (receberão a vida eterna).

Toda pessoa nascida de novo já esteve separada de Deus e morta em


pecado (Efésios 2.1). Cristo veio para regenerar todos os que confiam nele
(ressurreição espiritual) e para lhes dar a vida eterna. Quando nascemos de
novo, somos ressuscitados para uma vida espiritual.

Vamos agora para o reino das coisas físicas para ver como lá também
Cristo é a Ressurreição e a vida.

75
Uma Ordem Profética

Quando o Senhor vier nos buscar no Arrebatamento, dois grupos de


crentes vão se encontrar com Ele. Primeiro, haverá a ressurreição daqueles
que morreram: “Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro...” (I Ts. 4.16).
“...depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente
com eles, entre as nuvens, para o encontro do Senhor nos ares...” (I Ts.
4.17). Isto é vida.

O segundo grupo consiste de crentes que não passarão pela morte fí-
sica, mas serão transformados no Arrebatamento. Em outra passagem lemos
o seguinte: “...nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos” (I
Co. 15:51). Coloque este versículo perto de Romanos 8:11 e você terá o
quadro completo: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Je-
sus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os
mortos, vivificará também os vossos corpos mortos, por meio do seu Espírito
que em vós habita”.

Quando Cristo declarou que Ele é a Ressurreição e a Vida, Ele incluiu


cada crente na promessa de que os mortos viverão. No Arrebatamento Ele
dará novos corpos aos mortos ressuscitados em Cristo e aos crentes que a-
inda estiverem vivos naquela ocasião. Por isso é que esse grande aconteci-
mento é chamado de Bendita Esperança do crente. Aqueles que receberam
esta bênção estão claramente identificados em João 11.25: “Quem crê em
mim, ainda que morra, viverá”.

A pergunta, Você já creu? é muito importante. Qual é a sua resposta?

76
Nunca Morrerá

O que as palavras “nunca morrerá” significam? Certamente os crentes


em Cristo morrem. Devemos entender que o Senhor está falando da morte
no seu sentido máximo. Além da morte física há uma segunda morte, que é
uma separação eterna de Deus. “Bem-aventurado e santo é aquele que tem
parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autori-
dade...” (Ap. 20.6).

Em Sua Palavra Deus declara explicitamente que aqueles que se en-


contram fora da família de Deus “a parte que lhes cabe será no lago que arde
com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” (Ap. 21.8). Se você aceitou
Cristo como Salvador, você nunca terá de passar por essa morte ou sofrer
esta separação eterna de Deus. Louve a Deus por Sua provisão misericordi-
osa!

Um Quadro Maravilhoso

João 11 registra o maravilhoso milagre de Jesus ressuscitando Lázaro


e ordenando que ele saísse de sua sepultura. Que alegria deve ter sido para
Maria e Marta ver o seu irmão saindo da sepultura, e que demonstração do
poder de Cristo!

Lázaro ainda se encontrava amarrado pelas mãos e pelos pés com a-


taduras quando saiu da sepultura. Aqueles que viram o milagre evidentemen-
te ficaram demasiadamente atônitos para fazer alguma coisa diante deste
homem que realmente foi ressuscitado. Cristo teve de lhes dizer: “Desatai-o,
e deixai-o ir”. As ataduras faziam parte do funeral, mas eram elementos to-
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talmente fora de lugar em um homem que recebera a nova vida. Quando
Cristo dá vida, Ele também dá liberdade.

Quando somos libertados das garras do pecado, Deus espera que a-


bandonemos as atividades, as atitudes e os valores da antiga vida. As atadu-
ras, isto é, o antigo estilo de vida e o antigo modo de viver, devem ficar para
trás. Que pena que alguns jovens cristãos continuem perguntando: “Por que
eu não posso...?” com a intenção de continuar usando as ataduras da velha
vida.

Deus nos deu nova vida e liberdade. Nós fomos libertados das atadu-
ras do pecado e da morte para viver uma nova vida em Cristo.

Pense nisto...

1. Qual é a sua atitude para com o Senhor quando Ele não age tão rapida-
mente como você gostaria que Ele fizesse em seu benefício?

2. De que maneiras você tem sido culpado de falar a frase “Se pelo me-
nos...”? Até que ponto você está disposto a deixar a sua vida nas mãos do
Senhor sem falar no que aconteceu no passado?

3. Você já aceitou a vida eterna através da fé em Cristo? Você costuma a-


gradecer ao Senhor pela vida que Ele lhe deu?

4. A sua vida é uma atitude indicando que as ataduras do mundo já foram


soltas para que o seu relacionamento com Cristo tenha primazia?

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79
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 13.1-11
Segunda ....................................... João 13.12-20
Terça ....................................... João 13.21-38
Quarta ....................................... João 14.1-6
Quinta ....................................... João 14.7-14
Sexta ....................................... João 14.15-26
Sábado ....................................... João 14.27-31

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9

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na


casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito.
Pois vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e
vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou este/ais vós tam-
bém” (João 14.1-3).

Quantos pares de sapato você tem no armário ou debaixo de sua ca-


ma? Provavelmente você tem diversos tipos de calçados para atender às ne-
cessidades associadas com as suas muitas atividades. Dependendo da parte
do país em que você vive e do que você faz, você pode ter calçados para u-
sar com trajes a rigor, calçados para o trabalho, calçados para fazer ginásti-
ca, calçados para passeio e uma variedade de botas.

No período do Novo Testamento, os calçados consistiam principalmen-


te de sandálias. A primeira coisa que uma pessoa fazia ao entrar em uma
casa era tirar as sandálias. Muitos jovens gostam de andar descalços dentro
de casa, mas eles não seguem o ritual usado no período do Novo Testamen-
to quando uma pessoa tirava o seu calçado.

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Naquele tempo, depois que as pessoas tiravam as sandálias, o costu-
me era lavar os pés. Isto era feito diversas vezes por dia. Tomar banho não
era tão comum, mas lavar os pés era uma coisa necessária.

Na Sua última noite com os discípulos, antes de ser crucificado, o Se-


nhor apresentou uma importante lição objetiva através deste costume.

Cristo Lava os Pés dos Discípulos

Depois do jantar, Jesus levantou-se a fim de lavar os pés dos Seus


discípulos (João 13.4,5). O hóspede de honra ou a pessoa mais importante
entre as demais, jamais realizava uma tarefa tão humilde. Os discípulos de-
viam ter ficado envergonhados quando o Salvador condescendeu em lavar
os pés deles. A primeira lição e a que eles precisavam aprender era a lição
da humildade (conf. Mateus 23.11, 12; Marcos 10.35-40; Lucas 9.46-48). Ca-
da gesto do Senhor foi significativo quando Ele levantou-se da mesa do jan-
tar, despiu-se de Sua capa e amarrou uma toalha na cintura como se fosse
um servo. Ele se ajoelhou diante dos Seus próprios discípulos e lavou os pés
deles.

Que quadro do Filho de Deus que, na eternidade passada, desfrutou


da comunhão com Deus Pai e o Espírito Santo. Deixando de lado a glória de
Sua posição, Ele “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tor-
nando-se em semelhança de homens” (Fp. 2.7). Temos essa bendita verda-
de impressa para nós em João 1: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós...” (João 1.1,14).
Deus Filho tabernaculou entre nós como Servo.

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O Protesto de Pedro

Enquanto Pedro observava o Senhor lavando e enxugando os pés de


cada discípulo, ele ficou perturbado. Finalmente Jesus aproximou-se dele, e
Pedro perguntou incrédulo: “Senhor, tu me lavas os pés a mim?” (João 13.6).

Jesus lhe assegurou que nesse ato havia muito mais do que ele estava
compreendendo. “O que eu faço não o sabes agora, compreendê-lo-ás de-
pois” (v. 7). A atitude de Jesus tinha um significado simbólico como também
de fazer uma obrigação que todos os discípulos haviam ignorado. Mas Pedro
protestou: “Nunca me lavarás os pés” (v. 8). Jesus respondeu a esta recusa
com palavras que nos parecem estranhas a princípio. Ele respondeu: “Se eu
não te lavar, não tens parte comigo”. Por que o Senhor disse palavras tão
fortes? Qual era o seu significado? Por que a relutância de Pedro afetava o
seu relacionamento com Cristo?

Eu creio que o ato de Jesus lavar os pés dos discípulos fala da lava-
gem espiritual diária que faz parte de nossa caminhada cristã.

Uma maneira de expressar a vida cristã é usando o termo “andar”. Nós


andamos pela fé, não pela vista (II Co. 5.7). “Ora, como recebestes a Cristo
Jesus, o Senhor, assim andai nele” (Cl. 2.6). “Rogo-vos, pois, eu, o prisionei-
ro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chama-
dos” (Ef. 4.1).

No sentido literal, Jesus usou água para lavar pés sujos. Mas a ideia da
água purificadora tem um nível de significa do muito mais profundo também.
A Bíblia fala da água da Palavra de Deus. Paulo fala de purificação “por meio
da lavagem de água pela palavra” (Ef. 5.26). O salmista meditou: “De que
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maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? observando-o segun-
do a tua palavra” (SI. 119.9).

Quando o Senhor lavou os pés dos discípulos, Ele os impressionou


com o fato de que cada um deles continuaria precisando de uma purificação
regular e diária na sua vida espiritual. Quando Pedro recusou, o Senhor tor-
nou claro que não permitir essa purificação arriscaria a sua comunhão com
Ele, ou a sua “parte” com o Senhor. Isso não se refere à perda de salvação,
mas, antes, à comunhão do crente com o seu Senhor.

É tão importante que sejamos purificados pela Palavra de Deus diaria-


mente que o Salmo 119.11 deveria ser a nossa motivação: “Guardo no cora-
ção as tuas palavras, para não pecar contra ti”. Talvez você tenha ouvido a
advertência: “Este Livro (a Bíblia) vai mantê-lo afastado do pecado, ou o pe-
cado o manterá afastado deste Livro”.

O nosso mundo é um mundo estragado pelo pecado. Nas rotinas nor-


mais da vida é tão fácil sermos influenciados por aqueles que nos cercam: a
família, os colegas na escola, pessoas com as quais trabalhamos e outros
contatos que fazemos nas muitas atividades que preenchem os nossos dias.
Temos de viver vidas separadas, mas temos também de continuar dentro do
mundo expostos à sua filosofia e ao seu estilo de vida. A linguagem dos que
não são salvos, as prioridades que eles estipulam, sua maneira geral de vi-
ver, tudo isso pode “sujar os nossos pés”. Como é importante que nos purifi-
quemos na Palavra de Deus todos os dias.

Um jovem cristão pode separar-se do mundo de modo que nenhum


pecado grosseiro ou qualquer envolvimento profundamente mau faça parte

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de sua vida, mas ainda assim deixar de dar um testemunho forte e vibrante.
Muitas pessoas acabam escorregando para um mecanismo neutro espiritu-
almente falando. O fio do seu testemunho não é tão afiado quanto deveria
ser. Geralmente o motivo dessa condição é a falta de momentos diários com
a Palavra de Deus. A lavagem diária de nossos pés espirituais é de impor-
tância máxima para o nosso bem-estar espiritual.

Pedro, o Extremista

Depois que o Senhor explicou a Pedro a necessidade de lavar os seus


pés, Pedro, o extremista, respondeu: “Senhor, não somente os meus pés,
mas também as mãos e a cabeça” (v. 9). O Senhor usou esta resposta para
destacar um outro ponto: “Quem já se banhou não necessita de lavar senão
os pés...”(v. 10). Duas palavras diferentes da língua original foram traduzidas
para “banhar-se” e “lavar”. O “banhar-se” do versículo 10 significa realmente
“tomar banho”; “lavar o corpo todo”. O “lavar” desse versículo refere-se a uma
lavagem parcial, como lavar os pés.

O que Cristo estava ensinando a Pedro é que os crentes já foram lava-


dos de uma vez por todas quando nasceram de novo. Depois eles precisam
continuar lavando os seus pés espirituais conforme caminham através deste
mundo. Um banho completo já não é mais necessário. Não precisamos ser
salvos repetidas vezes. Quando somos salvos pela fé em Cristo, somos la-
vados de uma vez por todas no sangue (I Co. 6.11). Depois disso precisare-
mos nos “lavar” diariamente na Palavra de Deus.

85
Três Palavras Notáveis

Três palavras em João 13 são especialmente dignas de serem lembra-


das. A primeira relaciona-se com a Páscoa (v. 1), que fala da obra de Cristo
na cruz. À margem de sua Bíblia você pode escrever a palavra “sangue”. No
versículo 5, temos a palavra “bacia”, que fala do poder purificador da Palavra
de Deus. No versículo 23 lemos que João estava aconchegado ou reclinado
sobre o “peito” de Jesus, que é o lugar dos nossos afetos.

Essas três palavras apresentadas nessa ordem resumem a vida cristã.


Somos salvos pelo sangue de Cristo uma vez por todas. Temos de nos lavar
diariamente na bacia da Palavra de Deus e desfrutar da comunhão com Cris-
to (peito). Não podemos ter comunhão e devoção ao Senhor se nossos pés
estiverem sujos. E certamente não teremos coragem para endireitar nosso
caminho se primeiro não formos salvos.

O sangue, a bacia e o peito, todos falam de nosso relacionamento com


o Senhor. Uma palavra mais, “distintivo”, poderia ser acrescentada para defi-
nir o nosso relacionamento com o mundo que nos cerca. “Novo mandamento
vos dou: que vos ameis uns aos outros... Nisto conhecerão todos que sois
meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (João 13.34, 35). A evi-
dência de nosso relacionamento com Cristo e a veracidade de nossa salva-
ção se evidenciam pela maneira que manifestamos o amor de Cristo diante
do mundo.

86
O Conforto do Céu

Durante a última noite que Cristo passou com os discípulos, Ele lhes
ensinou importantes lições de humildade e a necessidade de uma purificação
espiritual diária. Mas Ele tinha mais uma verdade maravilhosa ainda para
lhes revelar. Em Suas últimas horas antes da cruz, Jesus instruiu os Seus
discípulos escolhidos para que eles fossem capazes de permanecer firmes
em sua fé, levando adiante a mensagem do evangelho quando Ele os dei-
xasse.

Quer você tenha sido salvo há alguns meses ou anos, você sabe o que
é ter um coração perturbado. Todos nós temos momentos em que ficamos
frustrados e não sabemos o que fazer em determinada situação. Podemos
ter certeza de que o Senhor nos entende por causa de Suas palavras: “Não
se turbe o vosso coração...” (João 14.1). A resposta para um coração pertur-
bado é a fé em Jesus Cristo. Quando os nossos corações estão partidos, Ele
está ali para interceder por nós. Cristo disse: “...credes em Deus, crede tam-
bém em mim”. Como já dissemos antes, o que conta é o objetivo da fé.

Durante o Seu ministério com os discípulos, o Senhor os instruiu di-


zendo que um dia teria de deixá-los a fim de completar a obra que viera fazer
(Mt. 16.21; Mc. 8.31; 9.12; Lc. 9.22,44; Jo. 14.1-4). Agora havia chegado es-
se momento. Apesar de Suas instruções, os discípulos tiveram dificuldade
em entender e aceitar o fato de que o Senhor teria de deixá-los. João 14 re-
gistra algumas das verdades mais preciosas da Bíblia, que foram primeira-
mente reveladas a esses perturbados discípulos de Cristo.

87
A primeira dessas verdades é que o céu é um lugar preparado. Consi-
derando que o céu às vezes nos parece tão distante e difícil de imaginar com
as nossas mentes finitas, podemos descrevê-lo como um “país distante” ou
uma “cidade distante” (Hb. 11.10,16,). Mas Jesus falou dele chamando-o de
casa do Seu Pai, usando outros termos semelhantes.

Pense nisso. Jesus Cristo esteve preparando um lugar para aqueles


que têm fé nEle. E nesse lugar existem mansões ou recintos especiais para
cada filho de Deus. Ele levou apenas seis dias para criar todo o universo,
mas Ele está levando quase dois mil anos preparando um lugar para nós mo-
rarmos na casa do Seu Pai.

A promessa de Jesus de nos preparar um lugar também envolve a Sua


promessa de voltar para nos buscar e levar (v. 3). Ele tornou claro que um
dia retornaria e levaria todos os crentes para ficar com Ele. Isso não se refere
à morte. A morte é a nossa partida, mas Cristo falou de Sua vinda, para nos
levar para ficarmos para sempre com Ele.

Não compreendo o significado da promessa de João 14.1-3, Tomé


perguntou: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?”
(v. 5). Muitas pessoas têm feito essa mesma pergunta desde então. Como
podemos conhecer o caminho? Qual é o caminho direito? A resposta de
Cristo é explícita: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao
Pai senão por mim” (v. 6).

Quando Adão pecou no Jardim do Éden, ele perdeu esse caminho. Ele
precisou ser trazido de volta a Deus; ele precisou de reconciliação. Cristo é o
Caminho para Deus.

88
Adão creu em uma mentira. A partir desse momento, ele e todos os
seus descendentes precisaram de iluminação. Cristo é a Verdade.

Deus advertiu Adão que se ele comesse do fruto proibido, morreria.


Mas Adão desobedeceu. Consequentemente, ele morreu espiritualmente e,
mais tarde, fisicamente. Ele precisou de regeneração. Cristo é a Vida.

Cristo é o único caminho para a paz com Deus. Jesus disse enfatica-
mente: “Ninguém vem ao Pai senão por mim”. Este fato é parte essencial do
evangelho. Conhecendo esta verdade, o apóstolo Pedro declarou destemi-
damente: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não
existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que se-
jamos salvos” (Atos 4.12).

O céu é um lugar preparado para gente preparada.

Pense nisto...

1. Quando você aceitou Cristo como Salvador, confiando nEle para lavar o
seu pecado?

2. Qual a purificação que os seus pés espirituais precisam hoje?

3. Qual é a sua atitude para com a promessa de um lar eterno com Cristo no
céu? Você acha que vai gostar mais do céu do que de sua vida na terra? Vo-
cê já agradeceu a Deus pela Sua promessa de um lar eterno com Ele?

89
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 15.1-14
Segunda ....................................... Isaías 5.7-27
Terça ....................................... João 15.15-27
Quarta ....................................... João 16.1-6
Quinta ....................................... João 16.7-15
Sexta ....................................... João 16.16-23
Sábado ....................................... João 16.24-33

90
10

“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a
vós outros, e vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto per-
maneça;a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo
conceda” (João 15:16).

A linguagem é uma coisa estranha. Palavras que significavam uma coi-


sa anos atrás significam uma outra coisa atualmente. Por exemplo, quando
você diz que uma pessoa é “quadrada”, você está dizendo que ela é antiqua-
da. Antigamente “quadrado” era um objeto de quatro lados iguais. “Fossa”
antigamente era uma cavidade subterrânea para recolher detritos. Hoje,
quando você diz que “está na fossa” quer dizer que está deprimido. “Dentro”
antigamente era o lado interno de um objeto, hoje “estar por dentro” é enten-
der de um assunto. E assim por diante.

O Que Significa Permanecer?

João 15 apresenta um problema de linguagem para o leitor superficial.


Quando falamos em permanecer hoje, referimo-nos a “demorar-se algum
tempo em algum lugar”. Mas “permanecer” como foi usado em João vai além
dessa definição básica. Quando Cristo disse: “Permanecei em mim”, Ele quis
91
dizer: “Apeguem-se a mim; agarrem-se a mim”. Quando você se apega a
uma pessoa, você se compromete com ela; você fica ao lado dela aconteça o
que acontecer. Cristo estava falando de uma vida de comunhão íntima, de
uma vida partilhada com Ele. Permanecer é uma palavra que fala de comu-
nhão. A ideia poderia ser expressa assim: “Não me larguem”.

Você captou a ideia? Cristo está pedindo àqueles que creem n’Ele e no
Seu nome que confiem n’Ele e que se agarrem a Ele.

Cristo Permanece em Nós

Temos em João 15:4 duas verdades gêmeas. Oito palavras resumem o


fato: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós”. “Permanecei em
mim” indica a nossa comunhão ou companheirismo com o Senhor. “E eu
permanecerei em vós” fala de nossa união com Cristo. Não confunda as du-
as.

Nossa união é uma coisa que depende do Senhor e da Sua obra por
nós. Envolve a posição que temos porque somos salvos. A comunhão (“per-
manecei em mim”) fala do companheirismo constante que Ele deseja ter co-
nosco depois que somos salvos. Se você já aceitou Cristo como Salvador,
você pode dizer: “Eu sei que Ele permanece em mim”. Se você está vivendo
uma vida cristã de comunhão com Ele, você também pode dizer: “Eu perma-
neço nele”.

92
O Que Acontece Quando Não Permanecemos?

O que acontece quando um jovem que é salvo não permanece em


Cristo? João 15 faz duas referências a esta condição. A primeira está no ver-
sículo 2: “Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta. Lem-
bre-se, Cristo está falando a crentes acerca de frutos. Não se trata de incré-
dulos. “Cortar” significa “fazer uma operação”. Quando o crente não dá fruto
para a glória de Deus, o Senhor tem de tomar uma atitude com essa pessoa.

Algumas vezes o Senhor resolve levar essa pessoa para o céu. Há jo-
vens cristãos que tiveram morte prematura porque se afastaram do Senhor
em vez de permanecer nEle. Em I Coríntios 11 o apóstolo Paulo se refere a
este problema na igreja de Corinto, observando que algumas enfermidades e
mortes naquela igreja foram por causa de crentes desobedientes e infrutífe-
ros.

Mas nem sempre este é o caso naturalmente. Nem todos os que são
desobedientes são chamados por Deus, nem todas as mortes de cristãos jo-
vens são resultado de esfriamento espiritual. O que eu estou querendo dizer
é simplesmente que Deus toma atitudes conosco. O propósito de permane-
cermos aqui depois de salvos é para a produção de frutos para a Sua glória.
Uma vida que não dá frutos é uma vida que o preocupa muito.

Lançar no Fogo

Em João 15:6 lemos que uma pessoa que não permanece em Cristo é
“lançada fora à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo
e o queimam”. Que linguagem estranha! Será que isto significa que podemos
93
perder a nossa salvação? Absolutamente não! A Bíblia é muito clara nesse
ponto. Embora possamos interromper a nossa comunhão com Cristo, nada
jamais poderia quebrar a nossa união com Ele.

Lembre-se que João 15 emprega alguns termos simbólicos. A videira,


os ramos e o fogo são símbolos de Cristo, do crente e de alguns testemu-
nhos imprestáveis. Em outras palavras, Cristo está dizendo que se não der-
mos fruto, somos como uma pessoa que encontra um ramo que não tem uti-
lidade. (Observe que são homens que lançam o ramo no fogo). O valor do
testemunho dessa pessoa é imprestável diante dos homens. E uma lição
muito importante.

Você conhece jovens que aceitaram Cristo, às vezes proclamando-o


em altas vozes, apenas para continuar no mundo com o passar do tempo?
Sua salvação pode ter sido genuína, mas o seu testemunho não tem subs-
tância; pode até ser zombado e ridicularizado pelo mundo. Que perspectiva
horrível pensar que o nosso testemunho pode ser considerado imprestável
pelos nossos companheiros porque veem a inconsistência de nossas pala-
vras e atos. Como é importante permanecer em Cristo.

Limpando os Ramos

Agora que consideramos alguns perigos do não permanecer em Cristo,


vamos destacar o lado positivo considerando o que acontece quando perma-
necemos em Cristo. Primeiro, temos de nos lembrar que o Senhor deseja
que sejamos eficientes e para isso tem de nos purificar. Isto é, Ele tem de
limpar e podar os pontos desagradáveis de nosso caráter e nossa fé. Este
processo talvez seja pouco confortável, doloroso até, às vezes. Se a videira
94
pudesse falar, gritaria em altas vozes. Mas a poda se faz necessária para
que sejamos frutíferos. Vamos ver alguns dos benefícios da permanência em
Cristo.

Oração Respondida

O versículo 7 torna claro que quando estamos em comunhão com Cris-


to e permanecemos nEle, podemos orar e receberemos respostas definidas.
Você tem orado regularmente? Há jovens que deixam de orar quando parece
que nada acontece em resposta às suas orações. A oração lhes parece um
ritual ou uma fórmula de palavras que repetem constantemente.

Contudo, aqueles que permanecem em Cristo conhecem a alegria de


fazer pedidos específicos ao Senhor e receber respostas específicas em res-
posta às suas orações. A oração não é uma varinha mágica que ao ser agi-
tada dá resultados incríveis. Quando nossos corações estão em sintonia com
Cristo, quando pensamos os Seus pensamentos e nos deleitamos na Sua
vontade, pedimos a Ele aquelas coisas que Ele deseja nos dar.

O Antigo Testamento diz o seguinte: “Agrada-te do Senhor, e ele satis-


fará aos desejos do teu coração” (SI. 37:4). Quando nos agradamos das coi-
sas que agradam a Deus, Ele coloca em nossos corações os desejos certos,
e o nosso pedido resulta em recebimento. Isso não diminui a importância da
oração. Antes, faz da oração uma parte muito importante de nosso relacio-
namento com Cristo. Permanecer nEle, falar com Ele e receber dEle são ati-
tudes muito naturais que fornecem ao crente um recurso bendito na sua vida
cristã.

95
Deus é Glorificado

Outra bênção da permanência em Cristo é que damos frutos para a


glória dEle. Gálatas 5.22 e 23 identifica esse fruto, o fruto do Espírito. Quan-
tos deles você consegue lembrar? (Amor, alegria, paz longanimidade, benig-
nidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio). Em resumo é o
caráter de Cristo. Permanecer nEle resulta em receber força para sermos i-
guais a Ele. Exatamente como uma macieira produz maçãs e uma pereira
produz peras, uma videira que permanece em Cristo produz uma semelhan-
ça com Cristo que glorifica o Pai.

Fruto Permanente

E temos alguma coisa mais! Além da permanência em Cristo nos ca-


pacitar a produzir fruto espiritual, nosso fruto também permanece: ele nunca
azeda nem apodrece. Veja João 15.16. Cristo diz que o plano de Deus para
nós é que demos fruto que permanece. Cada crente regenerado deseja viver
uma vida plena e eficiente para o Senhor. Queremos que nossas vidas apre-
sentem as marcas duradouras e permanentes do crente. Isso é exatamente o
que acontece quando o nosso relacionamento com Cristo é o que deveria
ser. A vida plena, eficiente, frutífera é o que o Senhor tem em mente para vo-
cê quando você permanece nEle.

Nosso Relacionamento Com os Outros

João 15.1-11 fala de nosso relacionamento com Cristo. O Senhor tam-


bém fala de nosso relacionamento com os outros neste capítulo. A ordem

96
aqui é muito natural, pois quando estamos bem com Ele, nossa atitude e o
nosso relacionamento com os outros crentes vai refletir a nossa união com
Cristo. Devemos nos amar uns aos outros como Cristo nos amou (v. 12).
Preste atenção neste versículo. O que você acha que o Senhor quer dizer
quando estabelece o padrão “assim como eu vos amei” como o alvo que de-
vemos buscar?

Até os que são incrédulos podem amar os que são gentis com eles ou
aqueles que partilham de seus interesses pessoais. Mas, quando alguém nos
aborrece, ou pelo menos parece ser inferior de alguma forma, é mais fácil
não gostar dessa pessoa do que amá-la. Mas ele nos diz que devemos amar
como Cristo nos amou. Lembre-se, quando não éramos salvos, até mesmo
quando nos opúnhamos a Ele, Deus nos amou.

Quando temos um relacionamento correto com Cristo, Ele produz em


nós um amor divino até mesmo para com aqueles que talvez não estejam na
mesma onda que nós. Que provisão maravilhosa o Senhor fez para nós. Um
relacionamento correto com Ele vai nos levar a um relacionamento correto
com os outros crentes.

Nosso Relacionamento Com o Mundo

Em João 15 e 16 Cristo fala não apenas de nosso relacionamento com


Ele e com os outros crentes, mas também de nosso relacionamento com o
mundo. A sua mensagem é forte e clara. Ele nos diz que devemos nos lem-
brar que o mundo já o odiava antes de nos odiar. Se você é salvo e perma-
nece nEle, deve esperar que o mundo o odeie. Por outro lado, se formos do
mundo, ele nos amará. “Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era
97
seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário dele vos escolhi, por
isso o mundo vos odeia” (João 15.19).

Um recém-convertido perguntou certa vez a D. L. Moody: “Agora que


estou convertido, tenho que desistir do mundo?”

A resposta de Moody foi: “Você não tem de desistir do mundo porque,


se você der um testemunho vibrante sobre o Filho de Deus, o mundo vai de-
sistir de você”. O mundo não nos quer por perto. Faz sentido, não faz? A
questão é: Qual a aprovação que você deseja mais?

Quando você foi salvo, você percebeu a necessidade de romper com o


comportamento e os valores do mundo. A Bíblia diz: “...a amizade do mundo
é inimiga de Deus” (Tiago 4.4). Recebemos ordem de não amá-lo (I João
2.15,16) e de nos lembrar que somos crucificados para o mundo assim como
ele foi crucificado para nós (Gl. 6.14).

Deus nos libertou do velho modo de vida. Embora tenhamos de per-


manecer no mundo, não devemos ser do mundo, não nos apegando às suas
atitudes, seus valores, seus hábitos ou padrões. Permanecer em Cristo é
desfrutar da comunhão com Ele, da amizade do Seu povo e mudar de atitude
para com o mundo.

Pense nisto...

1. O que significa permanecer em Cristo? Você está permanecendo nEle?

2. Que impacto o seu modo de viver exerce sobre as pessoas não salvas que
você conhece?

98
3. Que lugar a oração ocupa em sua vida? Por que você ora? Acerca do que
você ora? Qual é a resposta do Senhor às suas orações?

99
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 17.1-5
Segunda ....................................... João 17.6-15
Terça ....................................... João 17.16-26
Quarta ....................................... João 18.1-11
Quinta ....................................... João 18.12-18
Sexta ....................................... João 18.19-27
Sábado ....................................... João 18.28-40

100
11

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17.17).

Que palavras vêm à sua mente quando se menciona a Oração do Pai-


Nosso? Provavelmente o gravador de sua mente começa logo a tocar aque-
las maravilhosas palavras do começo: “Pai nosso que estás nos céus...”.

Quando nos referimos à Oração do Pai-Nosso, geralmente pensamos


na oração que se encontra em Mateus 6.9-13. Na verdade, essa oração é a
oração dos discípulos. Observe que Cristo disse aos discípulos: “Portanto,
vós orareis assim...” (Mt. 6.9). Podemos dizer que é um padrão de oração a
seguir quando fazemos nossas próprias orações. Essa oração nunca foi feita
pelo próprio Cristo. Se você a ler com cuidado, vai entender por que. Ele
nunca precisou orar pedindo perdão (Mt. 6.12) porque Ele é o Filho de Deus
sem pecado. Por mais bela que esta oração seja (e ela é linda como modelo
para nós sob muitos aspectos atualmente), a sublime oração do Senhor é a
oração que Jesus orou em João 17.

Ao ler esta oração em João 17, talvez você já tenha sentido que está
em solo sagrado. Pense nela. O Senhor permitiu que ouvíssemos quando Ele
orou a Deus Pai. Normalmente as orações de Cristo foram feitas particular-

101
mente, mas em João 17 foi a intenção do Espírito Santo transmitir-nos algu-
mas verdades muito especiais.

Cristo Orou Por Si Mesmo

Sob alguns aspectos a oração de nosso Senhor é um modelo que po-


demos seguir. Primeiro, Cristo falou do relacionamento entre Ele e o Pai (vs.
1-8). Da mesma forma, devemos considerar nosso relacionamento com o
Senhor quando começamos a orar. Nossos corações devem se apresentar
limpos diante do Senhor antes de começarmos a orar. Quando estudamos
João 15, enfatizamos o plano de Deus para que permaneçamos em Cristo
antes de pedirmos alguma coisa em Seu nome (15.7).

Orar a Deus é uma questão de comunhão e comunicação que envolve


mais do que pedidos. Às vezes a oração é aquecer-se na presença do Se-
nhor mais do que pedir alguma coisa. É ficar exposto à atmosfera e ao calor
agradável de Sua presença. É ter prazer de ficar ali. Nossa oração deve ter
essa dimensão também. Devemos nos sentir livres para derramar diante do
Senhor as nossas alegrias e tristezas, nossos sucessos e as incertezas de
nossos corações, encontrando conforto, paz duradoura e satisfação em Sua
presença, quando Ele tem comunhão conosco.

A oração dá alegria ao Senhor como também a nós. Em Apocalipse


lemos o seguinte: “E da mão do anjo subiu à presença de Deus o fumo do
incenso, com as orações dos santos” (Ap. 8.4).

Outra observação que podemos fazer em relação à oração do Senhor


é que devemos ter o desejo de glorificá-Lo (João 17.1). Em Sua oração Je-

102
sus falou do trabalho que tinha para fazer. Naturalmente foi um trabalho úni-
co, o trabalho especial de morrer pelos nossos pecados. Mas, com o Seu e-
xemplo, aprendemos que quando oramos, devemos expressar nossa depen-
dência de Deus para receber poder capacitador e força quando procuramos
realizar a Sua vontade revelada.

Os Pedidos Que Ele Fez

Dois pedidos especiais do Senhor ficaram registrados em João 17.6-


19. Um é que os discípulos tinham de ser guardados (vs. 11-15) e o outro,
que eles fossem santificados (v. 17). Vamos examinar cada um dos pedidos
e verificar como se aplicam às nossas vidas.

Nos versículos 9 e 11 Cristo orou por aqueles que lhe foram dados pelo
Pai. Embora Ele estivesse falando especificamente dos Seus discípulos, nós,
os que aceitamos Cristo como Salvador, também estamos incluídos neste
pedido. Nos dois versículos Cristo falou dos Seus como aqueles que lhe fo-
ram dados por Deus Pai. No versículo 12 esta verdade foi novamente men-
cionada. Cristo não orou para que fossemos retirados do mundo, mas para
que o Pai Celestial nos guardasse do mal (ou do Maligno, v. 15).

Não é a vontade de Deus que sejamos retirados do mundo. Nem de-


vemos fugir ao contato com os que não são salvos. O isolamento total evita-
ria o contato com os perdidos e não poderíamos dar testemunho. O isola-
mento total seria ficarmos escondidos e separados do mundo de modo que
não poderíamos expô-lo à luz do evangelho. (Veja Mateus 5.13-16).

103
Explicitamente, nosso Salvador estava orando para que os Seus discí-
pulos fossem guardados do mal. Isto é, deve mos ficar separados do mundo
e não ausentes dele. Quando isolamos um fio elétrico, nós o envolvemos em
fita isolante de tal maneira que, ao tocar outros fios, a força da corrente do fio
não seja afetada. Qualquer coisa que drena nosso poder, diminui e põe em
perigo o nosso testemunho.

Podemos viver no mundo sem participar de suas atividades e valores.

Embora vivamos neste mundo, o poder de Deus opera em nosso benefício.


As Escrituras falam de nos guardar de tropeços (Judas 24). Deus há de
guardar aquilo que lhe confiamos (II Timóteo 1.12). Em I Pedro lemos que
somos “guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação” (I Pe-
dro 1.5). Fomos regenerados “para uma herança incorruptível, sem mácula,
imarcescível, reservada nos céus para vós outros, que sois guardados
pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação ...” (I Pedro 1.4, 5).

Deus guarda nossa herança para nós, e Ele guarda-nos para nossa he-
rança. O poder operante de Deus nos dá confiança quando enfrentamos pro-
blemas e incertezas em nossa vida na face da terra.

Imagine que você está em um avião no meio de uma terrível tempesta-


de. Se o seu avião está para cair, de nada adiantaria saber que lá no seu
destino você tem uma herança à sua espera. Mas, se você tivesse certeza de
que, mesmo que a tempestade seja terrível, você será guardado e a sua he-
rança também será guardada para você, então você teria motivos para se
alegrar mesmo no meio da ameaçadora tempestade. É o que acontece com
o crente. O poder mantenedor de Deus opera nos dois sentidos. Ele guarda a

104
nossa herança. A oração de Cristo foi atendida, pois Ele nos guarda do mal
para que um dia possamos reivindicar essa herança.

Santificação

Cristo também orou para que pudéssemos ser santificados, separados


do mundanismo para que nos tornássemos cada vez mais semelhantes a
Cristo em nosso modo de viver e pensar (v. 17). A santificação tem dois tem-
pos ou elementos de tempo. Primeiro, aqueles que conhecem Cristo como
Salvador já foram santificados ou separados por Deus: “Mas vós sois dele,
em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça,
e santificação, e redenção'' (I Coríntios 1.30). Este aspecto da santificação
refere-se à nossa posição diante de Deus. Fomos separados, transportados
do reino das trevas espirituais para o reino da luz espiritual; de Adão para
Cristo. Fomos santificados pelo sangue de Cristo. (Veja Hebreus 13.12.) Esta
posição é fixa e final e não há nada que lhe possa ser acrescentado (I Corín-
tios 6.11).

Mas há um sentido no qual nós estamos sendo santificados de ma-


neira prática e experimental. Esta santificação é o objeto da oração de Cristo,
para que possamos ser santificado? Pela Palavra de Deus. Paulo falou desta
santificação em Efésios 5, explicando que Cristo amou a igreja, isto é, os
crentes, “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de
água pela palavra (a Palavra de Deus)” (Efésios 5.26). Quando lemos a Pa-
lavra, investigamos a Palavra e somos sondados por ela, somos santificados.
Como é importante que purifiquemos os nossos pés espirituais na bacia da
Palavra de Deus todos os dias. (Veja João 13.1-10).
105
O Melhor Para Nós

Algumas outras declarações e verdades nesta oração do Senhor rela-


cionam-se com a nossa vida. Por exemplo, no versículo 13, o Senhor orou
para que os crentes pudessem desfrutar da Sua alegria: “...e isto falo no
mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos”. Você
sabe qual é a diferença entre alegria (gozo) e felicidade? Se as coisas que
nos acontecem são boas e agradáveis, temos felicidade. Caso contrário, so-
mos infelizes.

Quando tudo acontece como desejamos, é fácil sentir-se feliz. Mas es-
sa felicidade é de curta duração e transitória; desaparece quando as circuns-
tâncias mudam. Por contraste, a alegria do Senhor é nossa, aconteça o que
acontecer. A sua alegria é completa em nós. A alegria do Senhor não se ba-
seia em circunstâncias externas mas na operação interna do Espírito Santo.
Gálatas 5.22 nos lembra que o fruto do Espírito inclui a alegria. O discípulo
de Cristo conhece a alegria de comportar-se bem.

Um cristão frutífero vive de maneira que a sua vida é uma outra fonte
de alegria. Em João 15 Cristo disse: “Tenho-vos dito esta cousas para que o
meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo... eu vos escolhi a
vós outros, e vos designei para que vades e deis frutos...” (vs. 11,16).

A crença em Cristo certamente é uma fonte de alegria. O apóstolo Pe-


dro escreveu desta alegria em Cristo: “A quem, não havendo visto, amais; no
qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de
glória” (I Pedro 1.8).

106
Finalmente, um cristão conhece a alegria da conversão. No Salmo
16.11 lemos: “...na tua presença há plenitude de alegria; na tua destra delí-
cias perpetuamente”.

A vida cristã que Deus pretende que nós vivamos certamente não é
uma vida melancólica. Temos muitos motivos maravilhosos para uma alegria
duradoura, motivos que não dependem do que nos acontece ou deixa de a-
contecer. Podemos conhecer e experimentar a alegria que Cristo pediu para
nós em João 17.13, a alegria de nos comportarmos adequadamente, a ale-
gria de dar fruto, a alegria de crer e a alegria da conversão.

Uma Oração Pedindo Unidade

Parte da oração do Senhor em João 17 é pedindo unidade (vs. 20-23).


O que exatamente o Senhor tinha em mente? Primeiro, Ele não pensou em
unidade organizacional. Infelizmente, os promotores do movimento ecumêni-
co usam mal estes versículos para argumentar que os crentes na Bíblia de-
vem comprometer doutrinas e convicções por amor à unidade com outros
grupos “religiosos”. A unidade da qual Cristo falou é dentro do Corpo de Cris-
to. Não oramos mais por isto hoje porque a oração do Senhor já foi atendida.
Cada crente é colocado no Corpo de Cristo, e nós já somos um nEle. É uma
unidade orgânica.

Em Efésios 2:14 lemos que Cristo fez que tanto os crentes judeus co-
mo os gentios fossem um em Cristo. Nós somos “a família de Deus” (Efésios
2.19), “habitação de Deus no Espírito” (Efésios 2.22). Como é maravilhoso
fazer parte do corpo do Senhor e achar nossos recursos na Cabeça, o pró-
prio Cristo.
107
Pense nisto...

1. Você confessa os seus pecados quando ora? Você louva ao Senhor? Vo-
cê partilha com o Senhor suas necessidades e preocupações?

2. Qual é o seu relacionamento com o mundo não salvo? Você vive isolado
ou protegido dele?

3. Qual é a fonte de alegria na sua vida? Você se sente feliz apenas quando
as coisas vão bem, ou a sua alegria no Senhor permanece mesmo nas difi-
culdades?

108
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... Mateus 27.26-34
Segunda ....................................... Mateus 27.35-56
Terça ....................................... Marcos 15.16-41
Quarta ....................................... Lucas 23.27-38
Quinta ....................................... Lucas 23.39-49
Sexta ....................................... João 19.1-15
Sábado ....................................... João 19.16-42

109
12

“...e ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário,
Gólgota em hebraico, onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada
lado, e Jesus no meio” (João 19.17,18).

A crucificação e a ressurreição do Senhor Jesus Cristo constituem o


âmago da mensagem do evangelho. Neste capítulo vamos examinar as pala-
vras que Cristo enunciou quando estava morrendo na cruz pelos pecados do
mundo. Nenhum dos Evangelhos registra todas as palavras que Cristo disse,
por isso vamos examinar outros Evangelhos junto com o de João. Ao exami-
nar essas palavras de Cristo, vamos tentar entender o significado de Sua
morte para nós.

O grande mestre da Bíblia Graham Scroggie dividiu as sete declara-


ções de Cristo em três seções, tornando-as mais fáceis de lembrar. As três
primeiras declarações mostram a preocupação do Senhor pelos outros. As
outras duas mostram a angústia mental e física de Cristo enquanto Ele mor-
ria pelos nossos pecados. As últimas duas falam de Seu triunfo e vitória.

110
Considerações Para Com os Outros

A crucificação durou seis horas, das nove da manhã até as trás da tar-
de. As três primeiras horas passaram-se sob a luz do dia normal, mas depois
do meio-dia as trevas caíram sobre o cenário e continuaram até depois que
Cristo morreu (Lucas 23.44). Durante as três primeiras horas na cruz, Cristo
falou três vezes.

1. “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas


23.34). Que coisa significativa que as primeiras palavras do Senhor na cruz
fossem palavras de perdão. Em seu primeiro sermão depois do Pentecostes,
Pedro lembrou os judeus do que eles fizeram quando crucificaram Cristo:
“Vós, porém, negastes o Santo e o Justo, e pedistes que vos concedessem
um homicida. Destarte matastes o Autor da Vida, a quem Deus ressuscitou
dentre os mortos, do que nós somos testemunhas” (Atos 3.14,15). Apesar
dessa perversidade, o Filho de Deus orou pedindo perdão para aqueles que
o negaram e o crucificaram.

2. “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lu-


cas 23.43). Quando Cristo morreu, Ele foi ao Paraíso, que é um outro nome
para o céu (conf. II Coríntios 12.2,4). Dois malfeitores (criminosos) foram cru-
cificados junto com Ele no Gólgota. Um deles rebelou-se e ridicularizou o
Salvador que estava morrendo pelos pecados dele. Mas o outro se confes-
sou pecador e reconheceu Cristo como Senhor (Lucas 23.39-42). Enquanto
um ficou eternamente perdido porque rejeitou Cristo, o outro, tão mau quanto
o primeiro, buscou o Senhor para salvação. Foi o primeiro convertido do Se-
nhor na cruz. Para ele Cristo prometeu um lar no céu.
111
Obviamente esse ladrão não foi ao céu por suas próprias obras, pois
nada fez para merecer essa promessa de Cristo. Se não fosse pela graça de
Deus, não teria sido salvo. E o mesmo acontece com todos nós. Somos sal-
vos pela graça de Deus, mais nada (Efésios 2.8,9). Deus salva pecadores.
Ele salvou o maior dos pecadores e, se você, leitor, confiar em Cristo como
Salvador, Ele também vai salvar você. O perdão do ladrão na cruz nos mos-
tra que ninguém que invoca o nome do Senhor Jesus fica além do alcance do
perdão de Deus (Atos 2.21; Romanos 10.13).

3. “Mulher, eis aí o teu filho” (João 19.26). Com essas palavras Cris-
to providenciou por Sua mãe. Seu discípulo João tomaria conta de Sua mãe,
Maria. O que podemos aprender com o Seu exemplo? Um aspecto muito im-
portante de nosso Cristianismo é dar a nossos pais o respeito e o amor que
eles merecem. Quando Jesus Cristo veio ao mundo como homem, Ele cum-
priu a lei do Antigo Testamento perfeitamente. Entre os mandamentos dessa
lei temos: “Honra o teu pai e a tua mãe”. Desde a sua infância até a Sua mor-
te na cruz, o Senhor Jesus Cristo obedeceu a este mandamento.

A carta do apóstolo Paulo aos efésios, no Novo Testamento, foi escrita


tanto para os jovens como para os adultos. Na carta Paulo lembra os jovens
cristãos acerca de sua responsabilidade:

Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo.

Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com pro-
messa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra (Efésios 6.1-
3).

112
Lembre-se, durante a Sua crucificação, o primeiro pensamento de Cris-
to foi para os outros. Ele orou pelos Seus inimigos. Ele prometeu perdão a
um pecador arrependido.Ele lembrou-se de providenciar pelas necessidades
de Sua mãe. Quantas vezes nós colocamos os outros antes de nós mes-
mos?

Angústia de Corpo e Alma

Depois de passadas três horas, as trevas tomaram conta da cena da


crucificação. Durante essas horas de trevas, Cristo falou duas vezes acerca
de Sua angústia mental e física.

4. “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus


27.46; Marcos 15.34). Porque o Pai abandonou o Seu Filho? Deus aceitou
Cristo como Salvador do mundo quando Ele assumiu os nossos pecados,
mas a ira de Deus também foi derramada sobre Ele nesse momento. No
Salmo 22 podemos ver isto claramente: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? Por que se acham longe de meu salvamento as palavras de
meu bramido?... Contudo tu és santo...” (Salmo 22.1,3a). Essas quatro últi-
mas palavras nos dão a resposta. O Deus santo desamparou o Seu único
Filho por causa dos nossos pecados.

Em Isaias 53 lemos: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgres-


sões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele... Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar...” (Isaí-
as 53.5,10). O Pai magoou e abandonou o Seu próprio Filho na cruz porque
Jesus Cristo foi a nossa oferta pelo pecado.

113
Como devemos nos sentir gratos porque Ele se tornou o nosso Substi-
tuto. Ele, que nunca cometeu um só pecado de pensamento, palavra ou ato,
tornou-se pecado em nosso lugar para que nós pudéssemos ser feitos justos
diante de Deus (II Coríntios 5.21). A angústia que Cristo sentiu ao ser sepa-
rado da comunhão que Ele sempre desfrutou com o Seu Pai Celestial foi mui-
to, muito maior do que a angústia que nós sentimos em momentos de grande
solidão e desespero.

5. “tenho sede!” (João 19.28). A intensidade do sofrimento físico de


Cristo foi expresso apenas uma vez e muito sucintamente. Lembre-se de que
o Filho de Deus não era meio Deus e meio homem. Ele era completamente
Deus em todos os sentidos, mas também completamente homem. Ele não
tinha pecado, mas nem por isso foi menos homem. Ele ficava cansado (João
4.6); Ele sentia fome (Mateus 4.2); Ele precisava dormir (Marcos 4.38); Ele
chorava (João 11.35).

Na cruz Cristo poderia ter falado e Seu sofrimento físico teria sido alivi-
ado, mas Ele submeteu-se completamente ao sofrimento que foi parte ne-
cessária do ato de levar os nossos pecados na cruz. Séculos antes da cruci-
ficação, esta sede que Ele sentiu na cruz foi profetizada no Salmo 69.21:
“...na minha sede me deram a beber vinagre”.

Triunfo e Vitória

6. “Está consumado!” (João 19.30). A palavra grega para “consuma-


do” é teleo. Esta palavra foi usada em outras passagens do Novo Testamen-
to, mas às vezes não foi traduzida por “consumado” como em João 19.30.
Em Mateus 11.1, lemos: “Ora, tendo acabado Jesus de dar estas instru-
114
ções...” Esse é o equivalente de teleo em português. Em Mateus 17.24 teleo
foi traduzido por “pagar”; em Lucas 2.39, por “cumpridas”; em Lucas 18.31, a
mesmo palavra foi também traduzida por “cumprir-se”.

Quando Cristo anunciou, “Está consumado”, um pouco antes de mor-


rer, Ele estava pensando no Seu trabalho acabado em nosso benefício. Ele
estava dizendo: “Eu acabei com o poder do pecado; a dívida foi totalmente
paga; meu trabalho foi cumprido exatamente como havia planejado com o
Pai. O trabalho foi concluído”.

7. “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23.46). Es-
tas palavras tornaram claro que Cristo não era uma vítima dos homens cruéis
ou mesmo de Satanás; na verdade, Ele estava no controle. Ele morreu por-
que quis, voluntariamente.

Devemos ler João 10.17 e 18 à luz destas palavras da cruz:

...eu dou a minha vida para a reassumir.

Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Te-


nho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi
de meu Pai (João 10.17, 18).

Sim, Jesus Cristo deu espontaneamente a Sua vida pelos nossos pe-
cados para que nós pudéssemos ser salvos. Mas a Sua obra naquela ocasi-
ão ainda estava por ser consumada. Pois Ele retomou a Sua vida novamen-
te, conforme veremos no triunfo de Sua ressurreição.

115
Pense nisto...

1. O que você teria pensado e sentido se tivesse testemunhado a crucifica-


ção e se tivesse ouvido cada uma das palavras de Cristo?

2. Você perdoa aqueles que o magoaram como Cristo fez? Três das declara-
ções de Cristo na cruz foram palavras de preocupação com os outros. Você
demonstra o seu interesse pelos outros nas suas palavras? Por quê?

3. Quando você agradeceu pela última vez a Deus por ter enviado o Seu Fi-
lho para assumir o sofrimento por causa de seus horríveis pecados em Seu
próprio corpo para que você pudesse ser salvo?

116
Alimente-se do
Pão da Vida
Domingo ....................................... João 20.1-10
Segunda ....................................... João 20.11-18
Terça ....................................... João 20.19-31
Quarta ....................................... I Coríntios 15.12-34
Quinta ....................................... I Coríntios 15.35-50
Sexta ....................................... I Coríntios 15.51-58
Sábado ....................................... João 21

117
13

“Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não es-
tão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que
Jesus é o Cristo o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais vida em seu
nome” (João 20.30,31).

Estivemos caminhando com o Senhor pelo Evangelho de João. Ao


chegar aos capítulos 20 e 21, temos exatamente mais dois dias para chegar
à conclusão deste registro. Mas a caminhada final é a mais agradável porque
nos leva à ressurreição do Senhor Jesus Cristo.

Domingo de Manha — A Sepultura Vazia

Você já pensou alguma vez por que nós não prestamos culto aos sá-
bados como os judeus? Não, não basta dizer que o nosso domingo equivale
ao sábado dos judeus porque o sábado sempre foi, e continua sendo, o sá-
bado, o sétimo dia da semana. (Compare Gênesis 2.2 e 3 e Êxodo 20.8-11).
Se nós guardássemos o sábado, faríamos nossos cultos no sábado em vez
do domingo. Mas nós não o guardamos. O sábado fazia parte da lei que aca-
bou quando Cristo morreu (Cl. 2.14).

118
Desde a ressurreição de Cristo, a igreja passou a realizar seus cultos
no domingo, o Dia do Senhor. Nós o fazemos para comemorar a ressurreição
de Jesus Cristo. Para o crente, cada domingo é um lembrete do primeiro
Domingo da Ressurreição. Cristo o Senhor ressuscitou!

Os acontecimentos do Domingo da Ressurreição de manhã se encon-


tram registrados em João 20:1-18. Embora Cristo tivesse cuidadosamente
explicado a Seus discípulos que Ele ressuscitaria dos mortos (Mateus 16.21),
eles não entenderam. Para eles, o Domingo da Ressurreição começou com
tristeza e luto.

A primeira pessoa que foi chorar junto à sepultura de Jesus no domin-


go de manhã foi Maria Madalena. Quando ela descobriu que a sepultura es-
tava vazia, pensou que alguém houvesse levado o corpo do Senhor. Ela a-
pressou-se a levar a notícia a Pedro e João.

Pedro e João correram imediatamente à sepultura para averiguar o fato


pessoalmente. João 20.4-8 nos conta que os dois viram a sepultura vazia e
os lençóis nos quais Jesus estivera envolto, mas lemos apenas o testemunho
de um deles. Quando João viu aquelas coisas, creu que Cristo havia ressus-
citado.

Como você deve se lembrar, João 20.31 explica: “Estes (fatos), porém,
foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. Sim, João viu os milagres,
ouviu as mensagens e creu que Cristo, o Filho de Deus, havia ressuscitado
dos mortos.

119
Alguns anos depois o Espírito Santo dirigiu o apóstolo Paulo para es-
crever o livro da Bíblia que discute como Deus salva os pecadores. Em Ro-
manos 1 lemos que Cristo “foi designado Filho de Deus com poder, segun-
do o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos” (Romanos 1.4).

A ressurreição é uma prova da divindade de Cristo. Quando Paulo ex-


plicou o que é ser salvo, ele escreveu: “Se com a tua boca confessares a Je-
sus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou den-
tre os mortos, serás salvo” (Romanos 10.9). Quando ele escreveu à igreja
em Corinto, ele definiu as boas novas da salvação da seguinte maneira:

Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual rece-


bestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes
a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão.

Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressus-
citou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (I Coríntios 15.1-4).

A realidade da morte e da ressurreição de Cristo é o ponto central da


mensagem do evangelho. A convicção sincera e a crença profunda de que
Cristo morreu pelos nossos pecados e que ressuscitou depois, resulta em
salvação. Por isso é que Satanás faz todo o possível para desacreditar a res-
surreição de Cristo. Se ele consegue evitar que uma pessoa creia na ressur-
reição, ele consegue evitar que seja salva.

Há diversos anos atrás eu estive junto à sepultura vazia e vi o lugar


onde Cristo deve ter ressuscitado dos mortos. E desse ponto pude também
ver o Calvário. Se você pudesse ver aquela cena, ou pelo menos imaginar a
120
colina da crucificação e a sepultura vazia, você ficaria profundamente como-
vido. Imagine essa cena ao ler o poema abaixo.

Eis a Colina — Eis a Sepultura

Eis a colina, de formato grotesco:

A caveira, a testa, em alto relevo

Contra o céu, um testemunho

De Sua angústia, agonia e sofrimento.

Agora, como é diferente o céu aberto,

Tão claro e azul, mas tão negro naquele dia

Quando Deus abandonou o Seu precioso Filho

Que assumiu a minha culpa, o meu horrível pecado.

Eis a colina, a colina do Gólgota.

Então, volte os olhos e relembre aquele dia;

Veja-o de braços estendidos, como ponte sobre o abismo,

Fazendo possível o acesso através de Cristo, o Caminho.

Eis a sepultura vazia, veja;

Que vitória nessa lacuna\

Que triunfo nesse vazio

E certamente é o recibo da vitória!

Vazia! Uma só palavra a torna única;


121
Vazia! Uma só palavra explica nossa alegria;

Vazia! Uma só palavra ressoa alto e claro;

Vazia! Uma só palavra, nossas línguas empregam.

Anulados foram todos os poderes satânicos

Pelo Filho de Deus e por Deus, o Filho.

Eis a sepultura! Ouça agora esta palavra:

Vazia! Louvado seja Deus, a vitória foi ganha!

C.U.W.

Cristo e Maria

Embora Maria Madalena não o percebesse, ela não era a única que es-
tava no jardim chorando depois de levar a notícia da sepultura vazia a João e
Pedro (João 20.11-18). Ela estava tão convencida de que o Senhor estava
morto e que o Seu corpo fora roubado, que nem o reconheceu quando Ele
apareceu. Mas, quando Ele falou e simplesmente a chamou pelo nome, re-
conheceu a Sua voz.

Moças, existe uma coisa muito especial para encorajá-las no fato de


que as primeiras pessoas a serem informadas da ressurreição terem sido
mulheres (Mateus 28.1-7; Marcos 16.1-7; Lucas 24.1-10) e que o primeiro
aparecimento de Cristo fosse à Maria. Embora o Novo Testamento deixe cla-
ro que mulheres não devem ser pastores ou diáconos na igreja (Atos 6; I Ti-
móteo 3), isso de maneira nenhuma as diminui. O plano de Deus é que os
líderes nessas posições fossem homens. Isso não significa que mulheres não

122
podem dar o seu testemunho. Maria é uma prova disso. Cristo a instruiu:
“...vai ter com os meus irmãos, e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai,
para meu Deus e vosso Deus” (João 20.17). Maria foi fiel no cumprimento de
sua tarefa, e assim ela se tornou a primeira portadora das boas novas de que
Cristo havia ressuscitado.

Domingo à tarde

No Domingo da Ressurreição o Senhor apareceu novamente, desta


vez aos Seus próprios discípulos (João 20.19-29). Que momento precioso
deve ter sido aquele.

É privilégio seu encontrar-se com o Senhor nos domingos à tarde, co-


mo também nas manhãs de domingo, em sua igreja local. Sua frequência
aos cultos de domingo não é de maneira nenhuma uma questão de obediên-
cia aos Dez Mandamentos, mas é o que os cristãos, inclusive os jovens, de-
veriam ter desejo de fazer.

Às vezes temos a ideia de que o Dia do Senhor vai das 9:45 até às
12h. Como é lindo conhecer jovens que honram o Senhor no Dia do Senhor e
se reúnem para adorá-Lo de manhã e de tarde. Os incrédulos se inclinam a
pensar que os domingos são apenas um outro dia de descanso e recreação,
mas para o verdadeiro cristão, o domingo é um dia especial para devoção e
para pensar no Senhor. Não devemos dedicar o Dia do Senhor ao Senhor?

As primeiras palavras de Cristo aos Seus discípulos naquela tarde de


domingo foram: “Paz seja convosco!” Ele poderia ter escolhido qualquer outra
maneira de cumprimentar, mas Ele reconheceu a necessidade que eles ti-

123
nham de paz. A fonte de paz é o Senhor, e a base dessa paz é a Sua morte
e ressurreição. (Veja Romanos 5.1).

Com a palavra “paz” Cristo acrescentou: “Assim como o Pai me enviou,


eu também vos envio” (João 20.21). Você se lembra dessas palavras quase
exatamente as mesmas na oração de Cristo em João 17.18? Se pudéssemos
entender como o Pai enviou o Filho e o que está envolvido nas palavras as-
sim como de “assim como o Pai me enviou”, entenderíamos melhor o que
está envolvido nas palavras “eu também vos envio”.

Assim como Cristo foi enviado do céu pelo Pai, Sua vontade foi subme-
tida à vontade de Seu Pai. Vamos aplicar isso a nós mesmos. Assim como
Cristo se submeteu, não podemos ser usados pelo Senhor se a nossa vonta-
de não Lhe for submissa, se não Lhe submetermos nossa vontade e nossos
desejos e nossos alvos sem reservas.

Também o Senhor Jesus dependeu do Pai quando veio cumprir a von-


tade do Pai. Ele recebeu poder vindo de cima. Ele não trabalhou independen-
temente do Pai. Como isso deveria também acontecer conosco. Ele disse
aquelas palavras e, então, assoprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito
Santo” (João 20.22; conf. Atos 1.8). Com a ordem e o comissionamento do
Senhor, vem também o Seu poder, a Sua capacitação.

4Quando Cristo veio, Ele foi enviado a um mundo em crise. Sua mis-
são era urgente. O mesmo acontece conosco: “Assim como o Pai me enviou,
eu também os envio”. Que o Senhor use esse versículo para falar ao seu co-
ração hoje.

124
Tomé Duvida

Tomé não estava entre os discípulos quando o Senhor apareceu pela


primeira vez depois da ressurreição. Quando Tomé ouviu dizer que Cristo
estava vivo, ele duvidou (João 20.24,25). Não, senhor! Ele não creria até que
visse nas mãos de Cristo os sinais dos pregos, até que pudesse tocar o Seu
lado! Quando Cristo apareceu a todos os discípulos oito dias depois, Tomé
inclusive, Ele sabia o que Tomé havia dito. Ele convidou o discípulo incrédulo
a examinar os sinais da crucificação, dizendo: “Põe aqui o teu dedo e vê as
minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas
incrédulo, mas crente” (v. 27). O Senhor estava mostrando a Tomé que aque-
le mesmo Seu corpo que havia morrido também havia ressuscitado da morte
para viver novamente.

Acredite se quiser, alguns grupos, inclusive os Testemunhas de Jeová,


não creem que Cristo ressuscitou em Seu corpo literal. Se você conhecer
uma pessoa assim, mostre-Ihe João 20.27, não para argumentar, mas para
apresentar Cristo, o Salvador ressurreto. Lembre-se, é impossível ser salvo
não crendo na ressurreição (Romanos 10.9).

Amas-me?

O último capítulo do Evangelho de João conta o terceiro encontro que o


Senhor ressurreto teve com os Seus discípulos. Pedro, um líder natural entre
os discípulos, anunciou: “Vou pescar” (João 21.3). Muito provavelmente ele
se sentia inquieto e procurava uma válvula de escape na atividade que co-
nhecia tão bem. Mas Pedro não tinha mais nada a ver com a pescaria. O Se-

125
nhor o chamara desse trabalho para se tornar pescador de homens. Ele de-
veria aguardar a vinda do Espírito Santo, que Cristo havia prometido aos
Seus discípulos (João 20.22).

Depois de passar toda uma noite sem sucesso e depois que o Senhor
realizou o milagre da pesca (João 21.3-11), Pedro aprendeu que ele não de-
via fazer nada, nem mesmo o trabalho que lhe era tão familiar, com suas
próprias forças. Depois da refeição, Jesus falou com Pedro.

Jesus fez uma pergunta a Pedro. O Senhor tinha um ministério especi-


al para ele de proclamação do evangelho e de edificação dos crentes. Nesse
ministério Pedro encontraria oposição e dificuldades. Sua motivação faria
uma grande diferença em seu sucesso ou fracasso.

Para ajudar Pedro a se examinar e colocar em ordem as prioridades,


Cristo perguntou-lhe: “Pedro, amas-me mais do que estes outros?” Cristo lhe
perguntou se ele tinha o amor agape, o amor que se sacrifica prontamente
pelo bem dos que ama, se ele tinha mais desse amor a Cristo do que os ou-
tros discípulos.

Numa determinada ocasião Pedro havia se vangloriado de amar a Cris-


to mais que todos (Mateus 26.33-35). Todos os discípulos sabiam que ele
havia falhado miseravelmente quando foi posto à prova. Pedro, aprendera a
não se vangloriar, mas o seu profundo e genuíno afeto por Cristo deu-lhe
confiança para afirmar ao Senhor do seu amor phileo. Ele já não queria mais
se colocar acima dos outros, mas ele tinha certeza que amava o Senhor.

Quando Cristo repetiu a pergunta (v. 16), Ele deixou de lado a compa-
ração com os outros discípulos, para que Pedro examinasse o seu relacio-
126
namento com o Senhor nos seus próprios méritos. Ele podia realmente dizer
que amava o Filho de Deus verdadeiramente? Pedro ainda achou que não
podia chamar o seu amor de agape, o amor mais profundo e maior que exis-
te, mas ele sabia que amava a Cristo com o amor phileo.

Quando Cristo lhe fez a pergunta pela terceira vez (v. 17), Ele usou a
palavra de Pedro em relação ao amor: “Pedro, você tem um afeto profundo e
permanente por mim?” Ele estava pedindo a Pedro que recordasse, que ava-
liasse as profundezas da convicção no amor que podia expressar. Novamen-
te Pedro confirmou o seu afeto pelo Senhor e apelou ao conhecimento que
Cristo tem de todas as coisas para a averiguação do seu amor.

Em cada vez que Pedro expressou o seu amor pelo Senhor, Cristo lhe
deu uma ordem: “Apascenta os meus cordeiros”, “Pastoreia as minhas ove-
lhas” e “Apascenta as minhas ovelhas”. Se Pedro quisesse ser eficiente para
o Senhor, não seria a sua personalidade nem os seus talentos, mas o seu
amor ao Senhor que o levaria a uma vida vitoriosa e frutífera.

Ao concluir este estudo no Evangelho de João, que cada um de nós


pense na sua própria fidelidade. O que é mais importante é que cada um de
nós conheça a vontade de Deus revelada e que sejamos fiéis em nossas vi-
das, em nossos hábitos quotidianos, na nossa maneira de proceder e em
nossos relacionamentos, como também na tomada das grandes decisões, de
acordo com a Sua vontade revelada.

Jesus Cristo vive, e o Seu poder de ressurreição está à sua disposição.


Assim como o Pai enviou o Filho, este também deseja enviá-lo. Que desafio!
Pela graça de Deus aceito esse desafio e sirva-o de todo o seu coração.

127
Pense nisto...

1. O que você faz aos domingos? Você honra o Senhor como deveria, ou vo-
cê considera o domingo como apenas outro dia de descanso?

2. Você é um cristão que anda para frente ou anda para trás? Você age co-
mo Pedro e os outros, às vezes falhando na consistência de sua vida e tes-
temunho cristãos? O que você poderia fazer para ser um cristão melhor?

3. O que o evangelho significa para você pessoalmente? Você o aprecia sufi-


cientemente a fim de partilhá-lo com aqueles que não sabem que Cristo é e o
que Ele fez?

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Que versículo viria logo à sua mente se alguém lhe pedisse
para citar uma passagem do Evangelho de João? A maioria de
nós provavelmente pensaria em João 3.16: “Porque Deus amou
ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Poderí-
amos dizer que este versículo nos transmite a mensagem de toda
a Bíblia resumida em poucas palavras.

O apóstolo João escreveu esse versículo e todo o Evange-


lho com um propósito muito especial: reunir as evidências para
provar que Jesus Cristo é real ente o Filho de Deus e o Salvador
do mundo. João não procurou registrar cada evento, cada palavra,
cada feito. Não foi necessário; as evidências que ele compilou são
esmagadoras. “Na verdade Jesus fez diante dos discípulos muitos
outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, fo-
ram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João
20.30,31).

A fé conduz à vida – vida abundante, vida eterna. Essa vi-


da se encontra em Jesus Cristo. Nele há vida (João 1.4). Que a
luz do maravilhoso Filho de Deus brilhe em seu coração enquanto
você estiver estudando acerca da Pessoa e obras do Senhor Je-
sus Cristo, pois Ele é vida!

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