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A

GENUINA
BASE
DA
UNIDADE

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Witness Lee

CONTEÚDO
1. A Unidade nos Quatro Grandes Atos de Deus
2. Vida e Luz — a Essência Unidade
3. Babel, Babilônia, e a Grande Babilônia —
Resultados da Divisão
4. O Único Lugar da Escolha de Deus para Preservar a Unidade
5. Desfrutando Cristo com Deus na Base da Unidade
6. As Bênçãos da Vida sob o Óleo da Unção e o Regar do
Orvalho na Base da Unidade (1)
7. As Bênçãos da Vida sob o Óleo da Unção e o Regar do
Orvalho na Base da Unidade (2)
8. O Prejuízo e a Perda da Base da Unidade
9. A Restauração e o Testemunho da Base da Unidade
10. A Revelação Final e Máxima da Unidade Local e Sua
Restauração

PREFÁCIO

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Este livro é composto de mensagens dadas pelo Irmão Witness Lee in
Agosto de 1979 em Anaheim, Califórnia.

CAPÍTULO UM

A UNIDADE NOS QUATRO GRANDES
ATOS DE DEUS

Leitura Bíblica: Gn 1:26; 2:8­9, 16­17, 22; 12:1­2; Mt 16:16­
19; Ef 1:22­23; 3:9­11, 21; 4:4­6, 11­12; 5:25­27; Cl 3:10­11;
Ap 21:2­3; 22:1­2

Sempre  que falamos  sobre a  base  da  igreja, nós  nos


encontramos   engajados   numa   luta   espiritual.   Satanás,   o
inimigo de Deus, odeia essa questão da base da igreja, a qual
tem sido escondida do povo de Deus por séculos. A base da
igreja   está   diretamente   relacionada   com   a   importância   da
igreja.   Certas   porções   da   Palavra   como   Mateus,   Efésios   e
Apocalipse   revelam   a   importância   da   igreja.   Vamos
primeiramente   considerar   a   importância   da   igreja   como
mostrado nesses livros. E assim prosseguir e considerar os
aspectos interiores e exteriores da igreja. Isso nos preparará

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para   apreciar   a   unidade   manifestada   nos   quatro   grandes
atos de Deus.

PLANEJADA NA ETERNIDADE PASSADA

Em Efésios, um livro sobre a igreja, vemos que a igreja
foi planejada por Deus na eternidade passada. De acordo com
o desejo do Seu coração, Deus planejou ter a igreja antes do
inicio dos tempos. Portanto, a igreja  é segundo o propósito
eterno de Deus, segundo o plano eterno de Deus. Embora a
igreja tenha vindo à existência no tempo, ela foi planejada
por Deus na eternidade.
Hoje,   poucos   Cristãos   têm   consideração   pela   igreja.
Eles  tendem  a tomar a  igreja  em  questões  como receber a
salvação,   santidade,   vitória   e   espiritualidade.   Quando   os
Cristãos   falam   da   igreja,   geralmente   é   de   uma   critica   ou
controversa.   Poucos   crentes   prestam   atenção   a   igreja   de
forma   positiva.   Muitos   buscadores   consideram   perda   de
tempo   dedicar   sua   atenção   a   igreja.   Todavia,   no   livro   de
Efésios vemos que a igreja está relacionada com a vontade e
o   desejo   do   coração   de   Deus.   Uma   vez   que   a   igreja   tem
grande importância aos olhos de Deus, não ousamos tomá­la
negligentemente.

O CORPO, A PLENITUDE DE CRISTO

Efésios   também   revela   que   a   igreja   é   o   Corpo,   “a


plenitude   daquele   que   a   tudo   enche   em   todas   as   coisas”
(1:23). A igreja é o corpo, a plenitude do Cristo todo inclusivo,
infinito e ilimitado. Quão incrível é a igreja! Não é uma mera
associação   ou   organização   religiosa.   A   igreja   é   o   legitimo
Corpo   de   Cristo.   Da   mesma   forma   que   precisamos   de   um
corpo   físico   para   nos   expressar,   assim   também   o   Cristo
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infinito e ilimitado precisa de um Corpo como Sua plenitude
a fim de expressar­Se no universo. Certamente, isso é muito
mais importante do que salvação pessoal ou espiritualidade.
Se virmos que a igreja é o Corpo, a plenitude do Cristo todo
inclusivo,   nunca   mais   consideraremos   a   igreja   como   uma
questão insignificante.

O OBJETIVO DA MORTE DE CRISTO

Em Efésios 5:25 Paulo diz que Cristo “amou a igreja e
a   Si   mesmo   se   entregou   por   ela.”   Isso   indica   que   quando
Cristo   morreu   na   cruz,   Ele   Se   entregou   pela   igreja.   O
objetivo da Sua morte foi produzir a igreja. Quando somos
salvos, percebemos que Cristo nos amou e morreu por nós.
Evidentemente,   isso   é   uma   percepção   correta.   No   entanto,
também precisamos ver que Cristo nos amou e morreu por
nós para que possamos ser parte da igreja. Por fim, Ele amou
a igreja e morreu com o objetivo de produzir a igreja. O amor
de   Cristo   manifestado   em   Sua   morte   na   cruz   tinha   um
objetivo definido. Esse objetivo não é ter milhões de crentes
individuais;   é   ter   a   igreja.   Cristo   nos   amou   por   causa   da
igreja. Ele nos amou e morreu por nós para que possamos ser
membros do Seu Corpo, a igreja.

A FINALIDADE DOS DONS

Efésios 4:11 e 12 diz que Cristo “concedeu uns como
apóstolos, outros como profetas, outros como evangelistas e
outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoa­
mento dos santos, para a obra do ministério, para edificação
do corpo de Cristo.” Cristo não concedeu tais dons   para a
igreja   com   o   propósito   de   completar   uma   obra   de
evangelismo, ensinamento Bíblico ou edificação. Todos esses
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dons foram dados com a finalidade de aperfeiçoar os santos
para a edificação do Corpo. Os apóstolos, profetas, evange­
listas,   pastores   e   mestres   foram   dados   com   vistas   a   um
objetivo: de aperfeiçoar os santos para a edificação da igreja.
No   entanto,   a   igreja   é   negligenciada   em   muitas   obras   e
atividades   no   cristianismo   atual.   Portanto,   precisamos   ser
impressionados com a importância da igreja. De acordo com
Efésios, o propósito de Deus está relacionado com a igreja, e
Ele concedeu todos os dons para a edificação da igreja.

TORNANDO­SE FILHOS PARA O CORPO

Mateus 16 também indica a importância da igreja. Em
16:15 o Senhor diz a Seus discípulos, “mas vós, quem dizeis
que eu sou?” Pedro tomou a liderança e respondeu, “Tu és o
Cristo,   o   Filho   do   Deus   vivo”   (v.   16).   Pedro   recebeu   a
revelação   de   que   Jesus   era   o   Cristo,   Aquele   nomeado   por
Deus para completar a comissão de Deus. Sem duvida, essa
comissão está relacionada com a edificação da igreja. Pedro
viu   que   o   Senhor   Jesus   era   tanto   Cristo   como   o   Filho   de
Deus. Como Filho do Deus vivo, o Senhor produziu os muitos
filhos   de Deus   que são  os   membros   do  Corpo.   O  Corpo  de
Cristo não pode ser constituído com o homem natural. Pelo
contrario,   Seu   Corpo   pode   ser   constituído   somente   com
aqueles que foram regenerados e se tornaram filhos de Deus.
Quando nós cremos no Senhor Jesus, nós O recebemos
como   o   Filho   do   Deus   vivo,   não   somente   como   Salvador   e
Redentor. A maioria dos Cristãos percebe que no momento
em   que   são   salvos   eles   recebem   Cristo   como   Salvador   e
Redentor,   mas   não   muitos   percebem   que   eles   também   O
receberam   como   o   Filho   do   Deus   vivo.   Quando   eu   fui
convertido para Cristo, eu não tinha essa percepção. Nosso
Salvador, Jesus Cristo, é o Filho do Deus vivo. O significado
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deste titulo de Cristo é que Ele é Aquele que nos faz filhos de
Deus. Através de receber Cristo como o Filho de Deus, nós
também nos tornamos filhos de Deus.
De acordo com  o livro de Romanos, todos que foram
justificados   pela   fé   em   Cristo   são   membros   do   Corpo   de
Cristo.   No   entanto,   com   o   objetivo   de   sermos   membros   do
Corpo,   nós   precisamos   primeiramente   nos   tornar   filhos   de
Deus; isso é, nós precisamos ser “filificados.” Por esta razão,
a   filiação   é   mencionada   no   capítulo   oito   de   Romanos,
enquanto   que   o   Corpo   é   mencionado   no   capítulo   doze.
Somente   através   de   nos   tornarmos   filhos   de   Deus   é   que
podemos nos tornar membros do Corpo de Cristo.

PARA A EDIFICAÇÃO DA IGREJA

Pedro foi abençoado para ver a revelação de que Jesus
é O ungido para levar a cabo comissão de Deus e também é o
Filho de Deus para produzir os muitos filhos de Deus para
serem   os   membros   do   Corpo,   a   igreja.   Tão   logo   Pedro
declarou   que   Jesus   era   o   Cristo,   o   Filho   do   Deus   vivo,   o
Senhor   prosseguiu   e  falou  a  respeito  da   edificação  da   Sua
igreja: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja” (v. 18). Isso indica que tudo o
que Cristo é, é para a edificação da igreja. Não somente a
morte de Cristo é para a igreja, mas Ele mesmo, Sua própria
Pessoa com todas as Suas qualificações, títulos, e serviços,
são também para a edificação da igreja.

DOIS REINOS

Além disso, o Senhor Jesus disse a Pedro que as portas
do   Hades   não   prevaleceriam   contra   a   igreja   edificada.   A
igreja  afeta  as   portas  do Hades. No versículo  19  o Senhor
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Jesus falou das chaves do reino dos céus. As portas do Hades
se referem ao reino do poder de Satanás, aqui o reino dos
céus se refere ao reino do governo de Deus. Aqui nós temos
dois reinos: o reino infernal do poder de Satanás e o reino
celestial do reino de Deus. A igreja tem a ver com esses dois
reinos. Satanás, o sutil, é cheio de ódio quando os filhos de
Deus   se   preocupam   com   a   igreja.   Ele   sabe   que   a   igreja   é
capaz   de   lidar   com   as   portas   do   Hades.   Ele   sabe   que   as
portas   do   Hades   não   podem   prevalecer   contra   a   igreja
edificada por Cristo sobre a rocha, o qual se refere tanto a
Cristo quanto a revelação dada a Pedro pelo Pai. O Senhor
Jesus não falou que as portas do Hades não prevaleceriam
contra os milhões de Cristãos salvos por meio Dele. Crentes
individualistas não são ameaça para o inimigo. No entanto,
quando os crentes se unem para ser a igreja, Satanás treme,
e as portas do Hades são ameaçadas.
A palavra do Senhor  aqui  implica  que enquanto Ele
está edificando a igreja, as portas do Hades irão se levantar
contra  ela. Mas  elas  não podem  prevalecer contra  a  igreja
edificada   por   Cristo.   A   palavra   prevalecer   implica   luta.
Enquanto   a   igreja   é   edificada,   uma   batalha   está   sendo
travada. Todavia, nessa luta as portas do Hades não podem
prevalecer contra a igreja. 
Antes   da   restauração   do   Senhor   chegar   a   este   país,
não   havia   nenhuma   espécie   de   luta   espiritual   que   hoje
vemos.   Nós   na   restauração   estamos   em   pequeno   número,
especialmente se comparado com a Igreja Católica Romana e
a maioria das denominações. Embora nós sejamos pequenos
e   aparentemente   insignificantes,   nós   somos   ferozmente
atacados e contrariados. Por detrás desse ataque e oposição
está   o   poder   de   Satanás,   as   portas   do   Hades.   Antes   de   o
Senhor  começar  a  restaurar  a  vida  da  igreja  nesse país,  o
poder   das   trevas   podia   se   dar   ao   luxo   de   descansar.   Mas
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agora que o Senhor está em processo de edificação da vida da
igreja adequada, esse poder se levanta contra a igreja. Mas a
igreja   tem   as   chaves   do   reino   dos   céus,   e   essas   chaves
prevalecerão contra as portas do Hades.
O conflito entre a igreja e as portas do Hades  é uma
grande   indicação   da   importância   da   igreja.   Em   qualquer
lugar que a igreja estiver, ali as portas do Hades não podem
prevalecer,   ali   o   reino   dos   céus   é   forte   e   prevalecente.   Na
igreja as chaves do reino funcionam com poder.

O TESTEMUNHO DE JESUS

Em   Apocalipse,   como   o   ultimo   livro   do   Novo   Testa­


mento, a importância da igreja é ainda mais enfatizada como
o testemunho de Jesus em cada localidade. Cada igreja local
é   um   candelabro   brilhando   Cristo.   Sem   uma   igreja   local
adequada,   o   testemunho   de   Jesus   não   pode   ser   prático   e
prevalecente.

OS ASPECTOS INTERIORES E
EXTERIORES DA IGREJA

Tendo visto a importância da igreja, nós agora chega­
mos aos aspectos interiores e exteriores da igreja. De acordo
com   o   princípio   ordenado   por   Deus,   tudo   no   universo
virtualmente   tem   dois   aspectos,   o   aspecto   interior   relacio­
nado com o conteúdo e o aspecto exterior relacionado com a
aparência. Isso também é verdade para a igreja. O aspecto
interior da igreja é o conteúdo da igreja e está relacionado
com o testemunho da igreja. O aspecto exterior da igreja está
relacionado com a base da igreja, com a aparência da igreja.
O   conteúdo   da   igreja   é   o   testemunho   da   igreja,   mas   a
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aparência   da   igreja   é   a   base   da   igreja.   Muitos   assim
chamados crentes espirituais se preocupam somente com o
conteúdo da igreja, o testemunho, mas não para a base da
igreja.   Contudo,   é   ridículo   preocupar­se   com   um   aspecto   e
negligenciar o outro. Nós devemos ter uma alta consideração
pelos dois: o conteúdo da igreja e a base da igreja.
Nossa existência como seres humanos testifica que nós
devemos nos preocupar com os dois aspectos. Como homens,
nós temos um aspecto interior, nosso espírito e nossa alma, e
um   aspecto   exterior   também,   nosso   corpo.   Embora   nós
apreciemos muito nosso espírito e nossa alma, nós também
devemos devotar uma grande atenção para o cuidado com o
nosso   corpo   físico.   Atualmente,   a   maioria   das   coisas   em
nossa cultura são designadas para cuidar da existência física
do   homem.   Nós   não   ousamos   diminuir   a   importância   do
aspecto externo da vida humana.

A IMPORTANCIA DA BASE DA IGREJA

Embora nós possamos facilmente ver a importância do
aspecto   exterior   da   vida   humana,   nós   podemos   não   ver   a
importância   do   aspecto   exterior   da   igreja.   Muitas   assim
chamadas pessoas espirituais ignoram a base da igreja. Eles
podem   até   declarar   que   esse   aspecto   da   igreja   é
desnecessário   e   não   importante.   Eles   podem   perceber   que
tocar esse aspecto da igreja pode causar problemas. Ao lidar
com   a   espiritualidade   ou   com   o   testemunho   espiritual   da
igreja,   pelo   contrário,   os   problemas   podem   ser   diminuídos.
Mas quando chegamos ao aspecto externo da igreja, a base
da   igreja,   muitos   problemas   se   levantam.   Esse   é   o   motivo
pelo qual aqueles que buscam espiritualidade sempre tentam
evitar a questão da base da igreja. Todavia, assim como nos
preocupamos   com   o   nosso   corpo   físico   com   o   intuito   de
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manter   nossa   existência,   assim   também   nós   devemos   nos
preocupar com a base da igreja para uma prática adequada
da vida da igreja. Fora da base da igreja, não tem caminho
para a igreja existir de uma maneira prática. Pelo fato de a
base da igreja ser negligenciada, não há expressão prática da
igreja   no   Cristianismo   de   hoje.   Por   isso   nós   vemos   que   a
questão da base da igreja é extremamente crucial.
Mais   de   cinqüenta   anos   atrás   na   China,   o   Senhor
levantou um grupo de jovens Cristãos e os trouxe para Sua
restauração. Com o passar do tempo, gradualmente vimos a
base   da   igreja.   De   qualquer   forma,  não   foi   antes   de  1937,
quando   o   Irmão   Nee   entregou   as   mensagens   escritas  The
Normal Christian Church Life, que nós vimos claramente a
importância da base da igreja. Agora, pela misericórdia do
Senhor, essa questão tem se tornado cristalina para nós.
A   questão   da   base   da   igreja   expõe   a   seriedade   da
divisão. Sempre que nos voltamos para a base da igreja, nós
devemos   estar   preparados   para   enfrentar   o   problema   da
divisão.   Como   todos   sabem,   hoje   há   centenas   de   divisões
entre   os   Cristãos.   Essas   divisões   estão   todas   relacionadas
com a negligência da base da igreja, não com o conteúdo ou
testemunho da igreja. 

A  base  da  igreja  é  a unidade da  igreja.  Quando nós


temos   unidade,   nós   temos   a   base.   Mas   se   perdemos   a
unidade   genuína,   nós   também   perdemos   a   base.   Portanto,
para falar da base da igreja é nos necessário ver a unidade
da   igreja.   Essa   unidade   é   uma   grande   verdade   nas
Escrituras.

A UNIDADE DE DEUS NA CRIAÇÃO

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A Bíblia revela quatro grandes ações ou atividades de
Deus: criação, eleição, a nova  criação e a Nova Jerusalém.
Em cada uma dessas quatro ações nós vemos a questão da
unidade. As primeiras três ações – a criação, eleição do povo
de  Israel  e a   formação  da   igreja   como a  nova   criação –  já
aconteceram. A vinda da Nova Jerusalém, a nova cidade de
Deus, ocorrerá no futuro. Após o milênio, essa nova cidade
será manifestada em plenitude.
A criação de Deus   é unicamente uma. Ele não criou
mais   de   um   universo.   Além   disso,   nesse   único   universo,   o
homem   é   o   foco   da   criação   de   Deus.   A   Bíblia   claramente
revela que Deus criou somente um homem. Quando eu era
jovem, eu me perguntava por que Deus não criou bilhões de
pessoas ao mesmo tempo. Parecia para mim que isso seria
mais sábio, da parte de Deus, para o cumprimento da obra
da criação. Certamente Deus era capaz de simultaneamente
criar bilhões de pessoas. No entanto, Ele não fez dessa forma.
Por causa da unidade, Deus criou um homem, Adão.
Gênesis 1:26 diz, “E disse Deus: Façamos o homem à
nossa  imagem,  conforme  a  nossa  semelhança;   tenham   eles
domínio.” De acordo com esse versículo, Deus primeiramente
disse,   “Façamos   o   homem.”   Então   Ele   prosseguiu   e   disse,
“tenham eles domínio.” Ao Se referir ao homem criado a Sua
imagem, Deus usou o pronome no plural. Isso indica que o
homem criado por Deus era um homem corporativo. Isso foi
para manter a unidade.

Esse princípio é aplicado na igreja hoje. Por um lado,
com referência a igreja, nós podemos falar da igreja em uma
localidade   particular,   como   a   igreja   e   Anaheim.   Mas,   por
outro lado, nós também podemos nos referir à igreja usando
pronomes tais como nós ou nos para denotar os membros da
igreja. Porque a igreja é uma entidade corporativa, ela inclui
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todos os crentes em uma localidade. Então, ao se referir à
igreja, nós podemos falar da igreja tanto no singular ou como
nós,   os   crentes   em   Cristo,   no   plural.   Isso   significa   que   a
igreja é uma entidade corporativa e que nós somos a igreja.
Assim   como   a   igreja   é   uma   entidade   corporativa,   assim
também,   em   princípio,   o   homem   criado   por   Deus   é   um
homem corporativo.

A UNIDADE DE DEUS NA ESCOLHA

De   qualquer   forma,   devido   às   repetidas   quedas   do


homem,   o   homem   corporativo   criado   por   Deus   se   tornou
caído.   Pouco   a   pouco   o   homem   criado   para   o   propósito   de
Deus caiu cada vez mais baixo, com o estágio mais baixo em
Babel, ele foi dividido em nações. O homem era de Deus, mas
as muitas nações tiveram sua origem no Maligno. As nações
eram   diabólicas   porque   elas   eram   a   divisão   do   homem
corporativo   criado   por   Deus   para   o   cumprimento   do   Seu
propósito.   Quando   esse   homem   corporativo   se   tornou   as
nações, ele não poderia  mais  realizar o propósito de Deus.
Nesse   ponto,   Deus   foi   forçado   a   desistir   da   humanidade
criada. Então, por causa do Seu propósito eterno, Deus veio
para   chamar   um   homem,   Abraão,   para   ser   o   pai   da   raça
chamada. Ele selecionou uma pessoa de entre a humanidade
caída   para   ser   o   pai   da   raça   chamada.   Assim   como   Deus
tinha   criado   um   homem,   assim   também,   Ele   chamou
somente um homem. Nós podemos pensar que Deus poderia
ter chamado uma multidão. Se nós fossemos Deus no tempo
do   chamamento   de   Abraão,   nós   certamente   teríamos
chamado   muitas   pessoas.   De   qualquer   forma,   isso   seria
contra a natureza de Deus de chamar mais de uma pessoa. A
natureza de Deus é unidade. Portanto, tanto na criação como
na seleção Ele foi fiel a Sua natureza. Quando Paulo fala da
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unidade da igreja em Efésios 4, ele fala de um só Espírito,
um só Senhor, um só Deus. Pelo fato de Deus ser unicamente
um,   Ele   é   obrigado   a   seguir   Sua   natureza   em   criar   um
homem e também chamar um homem. Agir diferentemente
seria contrário a Sua natureza.
Deus não age apressadamente. Ainda que Ele seja o
Deus todo poderoso, Ele nunca faz nada de forma apressada.
Ele   criou   um   homem,   Adão,   e   Ele   selecionou   um   homem,
Abraão. Porque Sua natureza é unidade, Ele criou somente
uma pessoa e chamou somente uma pessoa.
Quando   os   descendentes   de   Abraão   estavam   para
entrar   na   boa   terra,   Deus   ordenou   a   eles   que   não   O
adorassem   em   um   lugar   da   escolha   deles   (Dt   12:8).   Pelo
contrário,   eles   foram   ordenados   a   ir   para   um   lugar   da
escolha de Deus, para o lugar onde Ele tivesse escolhido pôr
o Seu nome e habitação (Dt 12:5). Não importando quantos
israelitas pudesse haver, eles foram ordenados a ir para esse
único   lugar   três   vezes   ao   ano.   De   acordo   com   o   conceito
natural,   tal   ordenança   não   tinha   sentido.   Todavia,   Deus
ordenou   isso   para   o   Seu   povo   com   o   objetivo   de   manter   a
unidade.   Contudo,   a   unidade   do   povo   de   Deus   conseqüen­
temente   foi   perdida.   Primeiramente,   a   unidade   da   huma­
nidade   criada   foi   danificada.   Além   disso,   por   causa   da
degradação da nação de Israel, a unidade do povo escolhido
por   Deus   foi   também   destruída.   Alguns   foram   levados   a
Assíria, outros para o Egito e outros tantos para Babilônia.
Tal   divisão   do   povo   de   Deus   foi   uma   frustração   para   o
cumprimento de Seu propósito.

A UNIDADE DE DEUS NA NOVA CRIAÇÃO

14
Ao   produzir   a   igreja   como   a   nova   criação,   Deus
também   agiu   de   acordo   com   Sua   natureza   de   unidade.
Quantas igrejas foram produzidas no dia de Pentecostes? A
resposta,   como   todos   nós   sabemos,   é   que   em   Pentecostes
somente uma igreja veio a existência. O Senhor Jesus viveu
na terra por trinta e três anos e meio. Ao final desses anos,
Ele   não   tinha,   como   se   poderia   esperar,   milhões   de
seguidores. Ele não estabeleceu escolas para treinamento de
discípulos.   Durante   os   anos   do   Seu   ministério,   o   Senhor
milagrosamente   alimentou   uma   multidão   em   pelo   menos
duas   ocasiões.   Contudo,   Ele   aparentemente   não   fez   nada
para manter um grande número de seguidores. Então, no dia
de Pentecostes somente cento e vinte estavam se reunindo.
Mais   uma   vez   vemos   que   o   caminho   de   Deus   é   a
unidade. Por esta razão, somente uma igreja foi gerada no
dia de Pentecostes, o dia que marcou o começo da vida da
igreja. Isso indica que o começo da igreja foi de uma forma
única de unidade que é de acordo com a natureza de Deus.
As   muitas   igrejas   que   vieram   à   existência   através   da
expansão  da  vida   da   igreja   podem   ser  comparadas   com   os
descendentes   de   Adão   e   Abraão.   Embora   Adão   tivesse
incontáveis descendentes, o fato de na criação de Deus haver
somente   um   homem   permanece.   De   maneira   semelhante,
embora os descendentes de Abraão tivessem que ser como a
areia   do   mar,   Deus   apesar   de   tudo   originalmente   chamou
somente uma pessoa. Agora no Novo Testamento nós vemos
que no dia de Pentecostes somente uma igreja foi produzida
pelo Espírito. Essa igreja é o Corpo e também o novo homem.
Como   o   novo   homem,   a   igreja   é   um   homem   corpo­
rativo, assim como Adão era um homem corporativo. Além
disso, o homem como a criação corporativa de Deus se dividiu
em   nações,   assim   também   o   homem   corporativo   da   nova
criação   de   Deus   foi   dividido   em   denominações.   Isso   é
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trabalho   de   Satanás.   As   nações   danificaram   o   homem   da
criação de Deus e as denominações têm danificado o homem
corporativo da nova criação de Deus. Assim como o homem
corporativo criado por Deus foi dividido e dispersado, como os
filhos   de   Israel   foram   divididos   e   espalhados,   da   mesma
forma   a   igreja   como   o   novo   homem   tem   sido   dividida.
Embora   essa   divisão   seja   uma   frustração   para   o
cumprimento   do   propósito   de   Deus,   Deus   não   pode   ser
derrotado. Seu propósito será cumprido.

A UNIDADE DE DEUS NA NOVA JERUSALÉM

Finalmente,   o   propósito   de   Deus   será   cumprido


através   da   nova   cidade,   a   Nova   Jerusalém.   Aos   olhos   de
Deus, essa nova cidade já veio à existência. O princípio da
nova cidade é a mesma da criação do homem. Depois que o
homem foi criado por Deus, ele foi colocado em frente a uma
única árvore, a árvore da vida. Ele foi também advertido a
não   comer   da   árvore   do   conhecimento   do   bem   e   do   mal.
Comer da árvore da vida é manter a unidade, mas comer da
árvore do conhecimento do bem e do mal é cair na divisão, é
estar envolvido em morte, trevas, e com o Diabo. Então, o
princípio   de   Deus   em   Sua   criação   foi   criar   um   homem   e
colocá­lo   em   frente   de   uma   única   árvore.   Esse   princípio   é
aplicado também à Nova Jerusalém. Nessa cidade única nós
vemos um trono, uma rua, um rio e uma árvore da vida em
ambos os lados do rio.
De acordo com Efésios 1:10, Cristo, que é o centro da
economia de Deus, irá finalmente encabeçar todas as coisas
através da igreja. Efésios 1:10 será cumprido na era da Nova
Jerusalém   no   novo   céu   e   nova   terra.   A   cidade   da   Nova
Jerusalém vai ser usada por Deus para encabeçar todas as

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coisas para a unidade. Isso significa que para a eternidade
não haverá divisão, somente unidade.
NA BASE DA UNIDADE

Do   princípio   em   Gênesis   1   até   a   consumação   em


Apocalipse 22, nós consistentemente vemos a unidade divina.
Deus é um, e o homem criado por Deus também é um. Esse
único homem foi colocado em frente de uma única árvore da
vida.  Depois   que  o  homem   corporativo  criado  por  Deus   foi
dividido   em   nações,   Deus   escolheu   um   homem,   Abraão.
Então, séculos depois, Ele produziu uma igreja. Finalmente,
Deus terá uma cidade eterna com um trono, uma rua, um rio
e   uma   árvore.   Em   cada   uma   das  quatro  grandes   ações   de
Deus, portanto, nós vemos o princípio da unidade. Isso deve
nos fazer perceber que a igreja hoje deve estar em unidade e
deve ser edificada na base da unidade. Unidade é a própria
base da igreja. Que o Senhor nos conceda luz a respeito dessa
unidade preciosa.

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CAPÍTULO DOIS

VIDA E LUZ – A ESSÊNCIA DA
UNIDADE

Leitura Bíblica: Gn 2:8­9; Lv 1:1­2a; Sl 36:8­9a; 133:1­3; Is
2:3, 5; Jo 17:11, 17, 21­23; Ef 4:3­6; Ap 21:22­24; 22:1­2; Ef
1:10

No   capítulo   anterior   nós   salientamos   que   as   quatro


grandes ações de Deus no universo estão relacionadas com a
criação, chamamento, nova  criação e a Nova Jerusalém no
novo céu e nova terra. Em cada uma dessas ações nós vemos
a questão da unidade. Na criação de Deus havia somente um
homem   corporativo,   e   no   chamamento   de   Deus   a   Abraão
havia  também  um só homem. Além  disso, a igreja, o novo
homem   é   unicamente   um   como   a   nova   criação   de   Deus.
Finalmente,   a   nova   cidade   no   novo   universo   será   caracte­
rizada pela unidade. Na verdade, a cidade será um homem
corporativo. Portanto, unidade é o elemento básico das ações
de Deus.

A UNIDADE ABRANGENTE

A razão para essa unidade é que o próprio Deus é um.
Unidade é a Sua natureza. Em todas as ações de Deus nós
vemos uma origem, um elemento e uma essência. Na criação
de Deus nós vemos um Deus e um homem corporativo. Em
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Seu chamamento nós também temos um Deus e um homem.
Além   disso,   na   igreja   nós   temos   um   Espírito   e   um   novo
homem. Finalmente, na Nova Jerusalém nós temos o único
Deus Triúno na única cidade caracterizada pelo único trono,
uma   rua,  um   rio  e  uma   árvore.  Então,  a   unidade da   qual
estamos falando não é uma unidade parcial; é uma unidade
vasta, completa e abrangente, a unidade em plenitude. Que
todos   nós   sejamos   impressionados   com   a   visão   de   tal
unidade. Se virmos a visão da plenitude da unidade, todos os
germes da divisão serão mortos e seremos livrados de todo o
tipo de divisão.
Nesse   capítulo   nós   precisamos   prosseguir   e   ver   a
essência   da   unidade.   O   que   é   a   essência   dessa   grande
unidade, a unidade em plenitude? A essência desta unidade é
vida e luz.

UNIDADE PRESERVADA PELA VIDA

Gênesis   2:8   diz,   “Então   plantou   o   Senhor   Deus   um


jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que
tinha formado.” Um jardim é um lugar de vida. Depois que
Deus criou o homem, Ele o pôs num lugar que era cheio de
vida.   No   meio   desse   lugar,   o   jardim   do   Éden,   havia   uma
árvore chamada a árvore da vida. Não somente o jardim era
um lugar de vida, mas no centro desse lugar havia a árvore
da   vida.   O   fato   de   o   Criador   colocar   o   homem   em   tal
ambiente   indica   que   Deus   estava   Se   apresentando   para   o
homem como a fonte da vida e também como o suprimento de
vida.
O homem, no entanto, não tomou da árvore da vida.
Ao invés disso, ele comeu do fruto do conhecimento e como
resultado   foi   finalmente   dividido   em   nações.   Em   Babel,   o
homem criado por Deus para o Seu propósito foi dividido em
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nações. Esse foi o resultado de ser seduzido por Satanás a
comer da árvore do conhecimento. Babel foi a conseqüência, o
resultado de comer do fruto da árvore do conhecimento. Isso
indica que nós devemos nos precaver de tudo que não é vida,
porque tais coisas resultarão em divisão, Babel.

Como nós veremos, há uma decadência progressiva de
Babel   para   Babilônia   e   de   Babilônia   para   a   grande
Babilônia. Voltando para o inicio do Antigo Testamento, nós
temos   Babel, mas   no final  nós   temos   Babilônia. Então, no
final   do   Novo   Testamento,   nós   temos   a   grande   Babilônia.
Babel, Babilônia e a grande Babilônia são todas da fonte da
árvore   do   conhecimento.   Isso   significa   que   o   resultado   de
tomar da árvore do conhecimento é divisão.
Vida ao contrário, é a essência da unidade. A unidade
na economia de Deus, a grande unidade revelada em toda a
Escritura, pode ser preservada somente pela vida. Sem vida,
não pode haver unidade.
O corpo do homem ilustra isso. Ainda que haja muitos
membros no corpo, todos os membros são um porque todos
eles   compartilham   uma   vida,   a   vida   do   corpo.   Então,   a
unidade do nosso corpo físico é sua vida. Contudo, quando
um corpo é enterrado, ele finalmente se decompõe porque ele
não tem vida. Quando a vida é removida do corpo físico, os
membros do corpo se separam. Isso ilustra o fato de que a
essência   da   unidade   do   corpo   físico   do   homem   é   sua   vida
física. Se não há vida, não há unidade.
Em um sentido muito real, o cristianismo de hoje não é
o corpo; é um cadáver. Os ossos secos em Ezequiel 37 não são
apenas uma ilustração da situação dos filhos de Israel, mas
também podem ser usados como uma ilustração da situação
dos Cristãos hoje. Nessa porção da palavra, o Senhor fez com
que   Ezequiel   tivesse   a   visão   do   vale   cheio   de   ossos   secos,
20
ossos   que   representam   “toda   a   casa   de   Israel”   (v.   11).
Originalmente, os filhos de Israel eram um corpo vivo. Mas
depois que eles foram divididos e dispersos, eles se tornaram
ossos   secos,   a   essência   da   unidade   foi   perdida,   e   os   ossos
foram separados. De uma forma negativa, isso revela que a
vida é a essência da unidade.

O homem corporativo criado por Deus foi destinado a
produzir   um   grande   número   de   descendentes.   Como   esses
descendentes   podem   permanecer   um?   Por   educação?   Por
algum   tipo   de   poder?   Por   organização?   A   única   forma   da
unidade   ser   mantida   é   pela   vida,   em   vida   e   com   vida.   Se
Adão   tivesse   comido   da   árvore   da   vida,   todos   os   seus
descendentes,   apesar   de   serem   milhões,   poderiam   ter
mantido  a   unidade.  Mas   porque   Adão  tomou  da   árvore  do
conhecimento, a essência da divisão foi injetada nele, e seus
descendentes   foram   divididos.   A   essência   de   Babel   que   é
manifestada   em   Gênesis   11   foi   colocada   no   homem   em
Gênesis 3. Isso indica que a divisão e divisões são o resultado
de tomarmos  algo para  dentro do nosso ser, além  de vida.
Esse   elemento   é   o   fator,   fonte   e   essência   da   divisão.   A
essência   da   unidade,   pelo   contrario,   é   vida.   Somente   vida
pode nos manter em unidade.

A PRESENÇA DE DEUS SENDO
VIDA PARA ABRAÃO

Por causa de Babel, Deus foi forçado a desistir da raça
criada e iniciar uma outra ação – Seu chamamento à Abraão.
O   registro   em   Gênesis   a   respeito   de   Abraão   não   usa   as
palavras luz e vida. Todavia, na verdade, as questões de vida
e   luz   têm   muito   a   ver   com   o   chamamento   de   Abraão.   A
presença de Deus era com Abraão e Sua presença era vida
21
para ele. Quando Abraão foi chamado por Deus ele não sabia
para   onde   ir.   Ele   não   tinha   um   mapa   ou   qualquer   outra
direção  detalhada. A  presença   de Deus  era   seu  mapa,  sua
orientação e seu suprimento. A presença de Deus era vida e
tudo   para   Abraão.   Fora   da   presença   de   Deus,   Abraão   não
tinha nada. Ele certamente foi uma pessoa que desfrutou a
presença de Deus.

De   acordo   com   o   registro   no   livro   de   Gênesis,   Deus


apareceu   para   Abraão   algumas   vezes.   Evidentemente,
quando Deus apareceu a ele, Ele falou com ele. Contudo, o
falar de Deus não foi tão importante a Abraão quanto o Seu
aparecimento. Atos 7:2 indica que Abraão foi chamado pela
presença visível do Deus da glória.

O FALAR DE DEUS E A BASE DA UNIDADE

Quando os descendentes de Abraão, os filhos de Israel,
fizeram o seu êxodo do Egito e foram trazidos ao deserto, eles
construíram um tabernáculo. Deus fez morada nesse taber­
náculo, e como resultado, se tornou a tenda da congregação.
Os   livros   de   Levítico   e   Números   estão   cheios   do   falar   de
Deus. Levítico 1:1 indica que o Senhor falou com Moisés da
tenda da congregação. Dessa forma, o tabernáculo, a tenda
da   congregação   se   tornou   o   centro   do   oráculo   de   Deus,   do
falar de Deus. Quase todo o livro de Levítico é um registro do
falar de Deus da tenda da congregação.
Se Moisés e os filhos de Israel tivessem se separado da
tenda da congregação, eles não teriam ouvido a palavra de
Deus. Talvez um filho de Israel dissesse, “Deus está em todo
lugar. Que direito você tem de declarar que Ele fala somente
no tabernáculo? Você é tão restrito e tão exclusivo. Deus é
grande e Ele não está limitado a uma tenda. Você não pode
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falar que Deus fala somente nesse lugar. Você simplesmente
não pode limitar o Deus ilimitado para a sua pequena tenda
da   congregação.”   Sim,   Deus   é   grande   e   Ele   é   onipresente.
Mas de acordo com o Antigo Testamento, Ele está feliz em
residir  no tabernáculo  construído  para  Ele  no  deserto pelo
Seu povo. Embora os céus sejam espaçosos, Deus não está
satisfeito em permanecer lá. Além disso, Ele não fala a Seu
povo dos céus; Ele falou com eles da tenda da congregação.

Talvez você esteja se perguntando o que isso tem a ver
com   a   base   da   igreja.   O   que   o   falar   de   Deus,   você   pode
perguntar, tem a ver com a base da igreja? O falar de Deus
está   intimamente   relacionado   com   a   base   da   unidade.   Se
estivermos nessa base, a qual é a base genuína, nós teremos
o falar de Deus dia após dia. Mas se não temos o falar de
Deus, então provavelmente nós não temos a base da unidade.
De acordo com o livro de Levítico, Deus falou do Santo
dos Santos. O livro de Levítico é o resultado desse tipo de
falar divino. Portanto, o falar de Deus procede da unidade.
Quando essa unidade é perdida, o oráculo de Deus também é
perdido.
O   falar   de   Deus   traz   luz,   e   luz   resulta   em   vida.
Quando nós não temos o falar de Deus, nós temos morte e
trevas. Morte e trevas danificam o Corpo e causam separação
dos membros. O cristianismo de hoje está cheio com morte e
trevas porque falta a unidade genuína em vida.

RECEBENDO LUZ DO DEUS QUE FALA

Muitas vezes Cristãos têm perguntado onde nós conse­
guimos a luz que é transmitida em nossos escritos. A respeito
dessa questão de luz, nós não temos razão de nos vangloriar.
Nós recebemos nossa luz do Deus que fala. Com o objetivo de
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receber   luz,   nós   precisamos   do   falar   de   Deus   na   base
adequada   da   unidade.   Hoje   Deus   ainda   fala   na   tenda   da
congregação,   isso   é,   no   centro   da   unidade   e   na   base   da
unidade.   A   tenda   da   congregação   é   o   lugar,   a   base   da
unidade. É nesse lugar que a palavra de Deus é falada para
nos   iluminar.   Separado   do   falar   de   Deus   nós   estamos   em
trevas. Mas quando Sua palavra vem, nós estamos na luz.
Onde o falar de Deus está, ai há sempre luz.
Muitos de nós podemos testificar que antes de virmos
para   a  Restauração   do  Senhor,   estávamos   em   trevas.  Mas
agora   nós   temos   a   sensação   de   que   tudo   está   claro   e
transparente. Isso é luz. Na medida em que vocês ouvem as
mensagens vocês experiênciam o brilhar de Deus. Em casa
ou   nas   reuniões,   vocês   percebem   que   estão   debaixo   do
iluminar de Deus. Esse iluminar vem do Deus que fala na
base   da   unidade.   Então,   para   aqueles   que   questionam   a
respeito da fonte da luz que temos recebido, nós só podemos
falar que temos luz porque nós estamos na base da unidade.

ABUNDANTEMENTE SATISFEITOS

Os   filhos   de   Israel   não   somente   desfrutavam   do


oráculo   de   Deus;   mas   também   estavam   abundantemente
satisfeitos pela abundância da casa de Deus (Sl 36:8). A casa
de   Deus   se   refere   ao   templo,   que   era   a   continuação   e
alargamento   da   tenda   da   congregação.   Em   Salmos   36:9   o
salmista   prossegue   e  diz,   “pois   em   ti   está   o  manancial   da
vida; na tua luz vemos a luz.” Esse versículo também está
relacionado com o templo. Somente no templo o povo de Deus
pode desfrutar da fonte da vida. Além disso, foi no templo
que eles puderam ver luz na luz de Deus. Isso é uma grande
indicação de que a essência da unidade dos filhos de Deus é
vida e luz.
24
A VIDA MANTENDO A UNIDADE

Isso é confirmado pelo Salmo 133, o qual começa com
as palavras, “Oh! quão bom e quão suave  é que os irmãos
vivam   em   união!”   o   salmo   termina   assim:   “ali   o   Senhor
ordena  a bênção, e a vida  para  sempre.” Como esse salmo
deixa claro, a benção da vida está relacionada com a unidade
do povo de Deus.
O   Salmo   133   também   fala   do   óleo   e   do   orvalho   do
Hermon. O óleo precioso e o orvalho não são onipresentes.
Pelo contrário, eles são para serem desfrutados somente em
um lugar particular. Se os Israelitas quisessem compartilhar
a   benção   ordenada   pelo   Senhor,   eles   tinham   que   estar   no
lugar da unidade. Isso significa que ao menos três vezes ao
ano,   eles   tinham   que   fazer   uma   jornada   ao   Monte   Sião.
Suponha que alguns da tribo de Dã dissessem, “Porque nós
todos temos que ir a um lugar para adorar a Deus? Isso é tão
restrito, tão sectário e exclusivo demais. Deus está em todo
lugar. Nós podemos estar aqui em Dã e desfrutar cantando
louvores   a   Deus.”   Aqueles   de   Dã   poderiam   desfrutar
cantando, mas a menos que eles fossem ao Monte Sião, eles
não poderiam desfrutar a benção ordenada.
O   principio   também   se   aplica   hoje.   Se   nós   estamos
debaixo   das   bênçãos   de   vida   ordenadas   por   Deus,   nós
devemos   estar   na   base   da   unidade.   Os   dissidentes   podem
reivindicar ter a benção ordenada, mas na verdade eles não a
têm. Aqueles que pensam ter, são supersticiosos. Deus não é
nem   exclusivo   nem   restrito,   mas   Ele   é   absoluto.   Ele   é
absoluto a respeito dos Seus princípios e Sua economia. Deus
nunca irá agir contrário a Sua determinação. O versículo 3
do Salmo 133 é muito absoluto. Aqui o salmista diz que é sob
a unidade que o Senhor ordena a sua benção, e vida para
25
sempre. Na unidade dos irmãos vivendo unidos, o óleo flui, o
orvalho   desce   e   o   povo   de   Deus   desfruta   vida.   Se   vamos
permanecer   nessa   unidade,   devemos   permanecer   em   vida,
porque a  vida  mantém  a unidade. Isso foi  verdade com  os
filhos de Israel e isso é verdade conosco hoje.

PRESERVADOS NA VIDA E LUZ

Nós temos visto que vida está relacionada tanto com o
homem   corporativo   da   criação   original   de   Deus   como   com
Abraão   e   seus   descendentes,   os   filhos   de   Israel.   Agora
devemos   considerar   como   vida   e   luz   são   a   essência   da
unidade   da   igreja   como   a   criação   de   Deus.   Em   João   17   o
Senhor trata com a questão da unidade, não ensinando Seus
discípulos a respeito disso, mas orando a respeito disso. Essa
oração revela que a unidade pode ser preservada somente na
vida. No versículo 11 o Senhor orou, “Pai santo, guarda­os no
teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim
como nós.” Ser guardado no nome do Pai é ser guardado pela
Sua vida, porque somente aqueles que são nascidos e têm a
vida do Pai podem participar do nome do Pai. O Filho deu a
vida   para   aqueles   que   o   Pai   O   deu.   (v.   2).   Portanto,   os
crentes   desfrutam   a   vida   divina   como   a   essência   da   sua
unidade.   Se   formos   guardados   na   vida   do   Pai,   seremos
guardados em unidade.
No versículo 17 o Senhor continuou a orar, “Santifica­
os na verdade, a tua palavra é a verdade.” Ser santificado é
ser   separado   do   mundo   para   Deus.   Na   verdade,   ser
santificado é ser preservado. Aqui o Senhor orou ao Pai para
santificar   os   crentes   na   verdade,   que   é   a   palavra   do   Pai.
Assim   como   o   nome   do  Pai   é   uma   questão  de   vida,   assim
também a verdade do Pai é uma questão de luz. Vida e luz
são, então, a própria essência da unidade.
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João 17:22 diz, “E eu lhes dei a glória que a mim me
deste,   para   que   sejam   um,   como   nós   somos   um”   esse
versículo indica que o Deus Triúno com Sua glória mantém a
unidade dos crentes. Não somos guardados em unidade por
ensinamentos   ou   doutrinas.   Somos   guardados   em   unidade
por vida e luz. O próprio Deus Triúno é vida e a Sua palavra
com   o   Seu   falar   é   luz.   Por   meio  dessa   vida   e  luz   é   que   a
unidade é mantida. Essa é a razão de Efésios 4 relacionar a
unidade da igreja, o Corpo de Cristo, com o Deus Triúno, com
o Espírito, com o Senhor e com o Deus Pai.
Nas reuniões da igreja nós desfrutamos a presença do
Deus Triúno. Isso é especialmente verdade no partir do pão e
nas   reuniões   de   oração.   Através   das   orações   apresentadas
pelos santos na reunião de oração, eu desfruto a doçura do
Senhor.   Eu   posso   testificar   que   sempre   que   venho   para   a
reunião de oração, eu desfruto da unção do Senhor. Muitos
de   nós   podemos   testificar   que   não   tínhamos   tal   desfrute
antes de vir para a Restauração do Senhor. Mas à medida
que provamos da doçura do Senhor nas reuniões da igreja,
somos supridos de vida e experienciamos o iluminar de vida.
Oh, como eu sou suprido e iluminado nas reuniões de oração
da igreja! O Deus Triúno com Sua glória certamente estão
presentes   conosco.   No   Deus   Triúno   –   o   Pai,   o   Filho   e   o
Espírito – com Sua glória, somos guardados na unidade. Por
esta razão, após as reuniões de oração freqüentemente senti­
mos um amor cheio de frescor pelos santos. Temos também a
sensação de ter experienciado mais edificar.

O CICLO DE VIDA, LUZ E UNIDADE

É crucial vermos que a unidade entre os filhos de Deus
é   preservada   pela   vida   e   luz.   Não   é   mantida   através   de
doutrina, organização ou esquema. Damos graças ao Senhor
27
que   na   Sua   restauração   nós   temos   a   vida   e   a   luz.
Primeiramente, nós  somos   esclarecidos  pelo falar de Deus.
Então recebemos o suprimento de vida. Por fim, entretanto,
a vida traz mais luz. Realmente, nós desfrutamos o ciclo de
luz e vida, e vida e luz. Quanto mais luz temos, mais vida
desfrutamos;   quanto   mais   vida   desfrutamos,   mais   luz
recebemos.   Luz,   vida   e   unidade   caminham   juntas.   Quanto
mais   luz,   mais   vida;   quanto   mais   vida,   mais   unidade;   e
quanto   mais   unidade,   mais   luz.   Este   ciclo   de   luz,   vida   e
unidade preserva a unidade.
Contudo, nós perdemos a unidade sempre que estamos
em   trevas   e   morte.   Trevas   causam   morte   e   morte   causa
divisão. Porém quando nos arrependemos e confessamos ao
Senhor,   somos   purificados   pelo   precioso   sangue.   A
purificação   do   sangue   está   sempre   relacionada   com   o
resplandecer da  luz (1Jo  1:7).  À medida  que somos  limpos
pelo sangue sob o brilhar da luz, novamente experimentamos
a vida. Segundo nossa experiência, podemos testificar que a
vida,   a   luz   e   o   sangue   em   1   João   capítulo   um   também
funcionam como um ciclo que nos mantém na unidade. Mas
quando   estamos   em   trevas,   perdemos   a   unidade,   já   que
perdemos a base genuína  da igreja. O resultado  é morte e
divisão. Novamente vemos que a essência da unidade é vida
e   luz.   A   unidade   está   na   vida,   com   a   luz   e   sobre   a   base
apropriada.

A UNIDADE DA NOVA CIDADE

Luz e vida são também a essência da unidade na nova
cidade, a Nova Jerusalém. Apocalipse 21 e 22 fala da nova
cidade.   No   capítulo   vinte   e   um   vemos   principalmente   a
questão da luz, enquanto que no capítulo vinte e dois temos
primeiramente a questão da vida. Apocalipse 21:23 diz, “A
28
cidade não necessita nem do sol, nem da lua, para que nela
resplandeçam, porém a glória de Deus a tem alumiado, e o
Cordeiro é a sua lâmpada.” Na Nova Jerusalém não haverá
necessidade de luz natural porque a cidade será iluminada
pela   glória   do   Deus   Triúno.   A   cidade   será   iluminada   pelo
resplandecer do Próprio Deus. Além disso, como o próximo
versículo diz, “As nações andarão à sua luz” (v. 24). Isso nos
lembra de Isaias 2:5: “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na
luz   do   Senhor.”   A   luz   preserva   a   unidade   e   expulsa   a
desordem.   A   luz   na   Nova   Jerusalém   controlará,   regerá,
guiará e manterá tudo em ordem. Portanto, ela preservará a
unidade.
Apocalipse 22:1 e 2 diz, “E mostrou­me o rio da água
da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e
do Cordeiro. No meio da sua praça, e de ambos os lados do
rio, estava a árvore da vida.” O rio da água da vida flui do
trono de Deus e do Cordeiro para suprir a cidade. A água da
vida aqui é um símbolo de Deus em Cristo como o Espírito
fluindo a Si mesmo no Seu povo redimido para ser sua vida e
suprimento de vida. Em Apocalipse 22:1 a água da vida é um
rio procedendo do trono de Deus e do Cordeiro para suprir e
saturar   totalmente   a   Nova   Jerusalém.   Nesse   sentido   a
cidade   será   preenchida   com   a   vida   divina   para   expressar
Deus na Sua vida gloriosa.
Como   o   versículo   2   diz,   a   árvore   da   vida   cresce   “de
ambos os lados do rio.” A única árvore da vida crescendo de
ambos os lados do rio significa que a árvore é uma videira,
espalhando­se e avançando pelo fluir da água da vida para o
povo   de   Deus   receber   e  desfrutar.   Pela   eternidade,   o  povo
redimido de Deus desfrutará Cristo como a árvore da vida
como porção eterna (Ap 22:14, 19). Como a  árvore da vida,
Cristo é o suprimento de vida disponível ao longo do fluir do
Espírito   como   a   água   da   vida.   Onde   o   Espírito   flui,   aí   o
29
suprimento   de   vida   de   Cristo   é   encontrado.   Pela   água   da
vida   e   pela   árvore   da   vida,   a   nova   cidade   será   ricamente
suprida   pela   eternidade.   Através   desse   suprimento
abundante   de   vida,   a   unidade   da   Nova   Jerusalém   será
mantida   para   sempre.   Não   será   possível   haver   nenhuma
divisão.   A   luz   brilhará   por   toda   cidade   e   a   vida   regará   e
suprirá a cidade. Essa vida e luz eliminarão a possibilidade
de   divisão.   Mesmo   as   nações   que   rodeiam   a   nova   cidade
serão  um.   Neste  tempo,   todas   as   coisas   no   céu   e  na   terra
serão encabeçadas em Cristo (Ef 1:10). Essa unidade será a
última,   universal   e   eternal.   Como   salientamos   repetidas
vezes, essa unidade será mantida e preservada na vida e com
a luz.
Todas   as   igrejas   na   restauração   do   Senhor   devem
estar na vida e sob o resplandecer da luz. Pelo brilhar da luz
e   através   do   regar   e   suprir   de   vida,   somos   um.   Não   há
necessidade de fazermos arranjos ou organizarmos qualquer
coisa. A essência da nossa unidade não é uma organização –
é vida e luz. Que todos possamos ser impressionados com o
fato de que a unidade pode ser prevalecente e ser preservada
somente pela vida e pela luz.

CAPÍTULO TRÊS

BABEL, BABILÔNIA E A GRANDE
BABILÔNIA — CONSEQUÊNCIAS
DA DIVISÃO

Leitura Bíblica: Gn 2:9b, 17; 11:4, 9; 1Rs 12:26­30; 15:34; 2
Cr 36:5­20; 1Cr 1:11­13a; Ap 17:3­5
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DUAS LINHAS

Há duas linhas na Bíblia: a linha da vida e a linha da
morte. Essas duas linhas vêm de das duas fontes existentes
no universo. Uma dessas fontes é Deus e a outra é o Diabo,
Satanás.   Além   disso,   cada   linha   terá   um   resultado,   uma
conseqüência particular. A linha da vida começa na árvore
da   vida   e   termina   na   Nova   Jerusalém.   A   linha   da   morte
começa   na   árvore   do   conhecimento   e   passa   pela   grande
Babilônia e termina no lago de fogo. A unidade está na linha
da vida, originada com Deus, e resulta na Nova Jerusalém. A
divisão pelo contrário, está na linha da morte, originada com
Satanás, e resulta na grande Babilônia e finalmente no lago
de   fogo.   Se   formos   ver   a   grande   verdade   da   unidade   na
Bíblia, precisamos estar claros dessas duas linhas e no que
elas   resultam.   Então   saberemos   de   onde   a   unidade   e   a
divisão vem. 
Muitos Cristãos são negligentes a respeito da divisão
porque eles não vêem a seriedade dessas duas linhas. Nunca
tome a divisão como uma questão insignificante. A divisão é
uma questão extremamente séria, é uma questão de vida ou
morte. Estar  e  em  unidade  é  estar na  vida, mas  estar em
divisão é estar na morte. No capítulo anterior ressaltamos
que   a   essência   da   unidade   é   vida   e   luz.   Nesse   capítulo
devemos prosseguir para ver que a conseqüência da divisão é
primeiramente   Babel,   depois   Babilônia   e   finalmente   a
grande Babilônia.

NÃO MAIS DIVISÃO

Os   quatro   grandes   atos   de   Deus   estão   relacionados


com   a   criação,   o   chamamento,   a   nova   criação   e   a   Nova
31
Jerusalém no novo céu e nova terra. Fora Deus, a única fonte
adequada   no   universo,   há   uma   outra   fonte,   Satanás,   com
outro elemento e resultado. Na era da Nova Jerusalém, essa
fonte, elemento  e  resultado  serão todos  jogados  no lago de
fogo. Então, no novo céu e nova terra Deus será a única fonte
e   somente  Seu  elemento  e   Seu   resultado   irão   permanecer.
Por esta razão, no universo não haverá divisão. Não haverá
mais morte, tristeza, choro, dor e trevas. Podemos dizer que
no   novo   céu   e   nova   terra   não   haverá   mais   pecado,
mundanismo,   carne,   ego,   ou   Satanás.   Não   haverá   nada
negativo. Isso significa que não haverá mais divisão.
A   divisão   é   todo­inclusiva.   Isso   inclui   as   coisas
negativas como Satanás, pecados, mundanismo, carne, ego,
velho   homem   e   temperamento   maligno.   Se   formos   ilumi­
nados   a   respeito   da   questão   da   divisão,   veremos   que   isso
inclui todas as coisas negativas. Não pense que a divisão se
auto­sustenta e que ela não está relacionada com coisas como
a carne, o ego e o mundanismo. A divisão não está somente
relacionada com todas as coisas negativas; ela inclui todas as
coisas negativas.
Da mesma forma que a divisão é toda inclusiva, assim
também, no mesmo principio, a unidade é toda inclusiva. Ela
inclui Deus, Cristo e o Espírito. Efésios 4:3­6 indica isso. Na
unidade revelada nesses versículos temos Deus o Pai, Cristo
o   Senhor   e   o   Espírito   como   doador   de   vida.   Essa   unidade
inclui tais coisas positivas como nosso espírito regenerado e
nossa   mente   renovada   e   transformada.   Todas   as   coisas
positivas estão incluídas na unidade adequada.
A Nova Jerusalém será a consumação final da unidade
e de todas as coisas positivas incluídas nela. Mas o lago de
fogo   será   o   reservatório   da   divisão   e   de   todas   as   coisas
negativas incluídas nela. Podemos dizer que o lago de fogo
será o mar de morte contendo todas as coisas negativas do
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universo. O lago de fogo será a lata de lixo final e universal.
A   Nova   Jerusalém,   ao   contrario,   será   a   consumação   e
expressão final da unidade. Essa cidade será caracterizada
por um trono, um rio, uma árvore e uma rua. Na rua irá fluir
o rio de água da vida e em cada lado do rio estará a árvore da
vida. Então, podemos chamar de a rua da vida a única rua da
Nova Jerusalém. Essa única rua fará com que a divisão seja
impossível.   Divisão   e   todas   as   coisas   relacionadas   com   ela
serão encontradas somente no lago de fogo.

A FONTE DE BABEL

A primeira conseqüência da divisão foi Babel. A fonte
de Babel foi a árvore do conhecimento. Se Adão não tivesse
comido da árvore do conhecimento teria sido impossível para
os seus descendentes construir a torre e a cidade de Babel.
De acordo com o relato em Gênesis 3, Adão tomou da árvore
do   conhecimento   do   bem   e   do   mal.   Assim   que   ele   comeu
desse   fruto,   a   árvore   do   conhecimento   entrou   nele   e
subjetivamente se tornou parte dele. O relato em Gênesis 4
indica isso. Nesse capítulo vemos  ódio, assassinato, poliga­
mia   e   invenção   de   armas   usadas   para   guerra.   Gênesis   6
revela   uma   decadência   da   situação.   O   homem   se   tornou
carne (v. 3) e “era grande a maldade do homem na terra” (v.
5). Então, assim como o versículo 11 declara, “A terra, porém,
estava   corrompida   diante   de   Deus,   e   cheia   de   violência.”
Quando   Deus   olhou   para   a   terra   observou   sua   corrupção
“porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a
terra”   (v.12).   Como   todos   sabem,   Deus   julgou   toda   aquela
geração   com   a   inundação.   No   entanto,   nem   sequer   esse
julgamento causou  a  mudança  na   natureza   do homem. De
acordo   com   Gênesis   11,   o   homem   até   mesmo   ousou   lutar
contra   Deus.   Em   Gênesis   11:4   eles   disseram:   “Eia,
33
edifiquemos   para   nós   uma   cidade   e   uma   torre   cujo   cume
toque   no   céu,   e   façamo­nos   um   nome.”   Em   procurar   fazer
para   eles   um   nome   eles   se   rebelaram   contra   Deus.   A
conseqüência dessa rebelião foi divisão e confusão. Essa foi
Babel,  o primeiro resultado da  divisão.  Como  resultado da
rebelião em Babel a humanidade foi dividida.

O SIGNIFICADO DE BABEL

A divisão em Babel envolveu idolatria. Alguns histo­
riadores  acreditam  que  nos  tijolos  usados  para  construir a
torre   e   a   cidade   de   Babel   estavam   inscritos   os   nomes   dos
ídolos. Josué 24:2 diz “Assim diz o Senhor Deus de Israel:
Além do rio habitaram antigamente vossos pais, Terá, pai de
Abraão   e   de   Naor;   e   serviram   a   outros   deuses.”   Esse
versículo indica que antes de Abraão ser chamado por Deus
ele servia a outros deuses na terra da caldeia. Isso significa
que ele adorava a ídolos. Portanto, a divisão da humanidade
em Babel envolveu idolatria.
Nós vemos nesses capítulos em Gênesis que a divisão
inclui   coisas   negativas   como   ódio,   assassinato,   poligamia,
guerra, corrupção, rebelião e idolatria. A conseqüência desse
elemento   todo   inclusivo   primeiramente   foi   Babel   com   sua
divisão e confusão. O significado de Babel, então, é divisão e
confusão.

A UNIDADE DO POVO DE DEUS

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Ainda que fosse necessário para Deus desistir da raça
criada,   Ele   não   desistiu   do   Seu   propósito   eterno   com   o
homem. Ao invés disso, de acordo com sua misericórdia, Ele
apareceu   para   um   membro   da   raça   Adâmica,   Abraão,   e   o
chamou   para   fora   de   seu   ambiente.   Nisso   vemos   o
chamamento   de   Deus.   Como   ressaltamos,   em   Seu
chamamento   de   Abraão,   Deus   agiu   de   acordo   com   Sua
natureza   de   unidade.   Por   esta   razão,   Ele   escolheu   um
homem,   não   uma   multidão   de   homens.   Deus   encarregou
Abraão de sair de seu país e parentela e ir a uma terra que
Ele daria a Abraão e a seus descendentes.
Eventualmente,   debaixo   da   benção   do   Senhor,   os
descendentes   de   Abraão,   os   filhos   de   Israel,   se   multipli­
caram. Depois que os filhos de Israel fizeram o seu êxodo do
Egito,   eles   entraram   na   boa   terra,   a   terra   que   Deus
prometera a Abraão. De acordo com o livro de Deuteronômio,
Deus   ordenou   a   eles   a   não   exercitarem   suas   próprias
vontades com respeito ao lugar da adoração corporativa (Dt
12). Particularmente, eles  deveriam  se humilhar diante de
Deus e aceitar Sua escolha. Por honrar o Senhor na questão
do lugar da adoração corporativa e por aceitar a escolha de
Deus  do único lugar, os filhos de Israel foram preservados
em unidade. De acordo com a escolha de Deus, o templo foi
construído no monte Sião e três vezes por ano o povo de Deus
deveria   fazer   uma   jornada   até   lá.   O   Santo   dos   Santos   no
templo construído no monte Sião era o centro da unidade do
povo de Deus. Esse centro era o lugar do oráculo de Deus e
isso preservou a unidade do povo escolhido por Deus.

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DIVISÃO CAUSADA PELO
EGOÍSMO E AMBIÇÃO

Um   dia,   no   entanto,   a   nação   foi   dividida   em   dois


reinos, ao norte o reino de Israel e ao sul o reino de Judá.
Jeroboão se tornou rei do reino da nação do norte e Roboão se
tornou o rei da nação do sul. Depois de formada essa divisão
a idolatria entrou. Jeroboão não somente causou divisão; ele
também levantou ídolos a Betel e Dã (1Rs 12:29). Tendo feito
dois   bezerros   de   ouro,   Jeroboão   disse   ao   povo   “Basta   de
subires a Jerusalém; eis aqui teus deuses,  ó Israel, que te
fizeram subir da terra do Egito” (v. 28). A fonte desses ídolos
era a ambição egoísta de Jeroboão. Jeroboão levantou outro
centro   de   adoração   porque   temia   a   perda   de   seu   reino.
Primeira Reis 12:26 e 27 diz “Disse Jeroboão no seu coração:
Agora tornará o reino para a casa de Davi. Se este povo subir
para fazer sacrifícios na casa do Senhor, em Jerusalém, o seu
coração se tornará para o seu senhor, Roboão, rei de Judá; e,
matando­me, voltarão para Roboão, rei de Judá.” Para evitar
que   isso   acontecesse   e   preservar   o   seu   reino,   Jeroboão
levantou ídolos em um centro rival de adoração. Isso indica
claramente que a origem dessa idolatria foi sua ambição.
Precisamos aplicar essa situação aos Cristãos hoje. As
divisões no cristianismo são causadas por ambição e egoísmo.
Por   certas   pessoas   serem   ambiciosas   em   ter   seu   próprio
império, elas negligenciam a escolha de Deus. Sua ambição é
ter um reino para satisfazer seu desejo egoísta. No Antigo
Testamento   a   escolha   de   Deus   foi   um   único   lugar:   Monte
Sião em Jerusalém. Nesse lugar o templo com os Santos dos
Santos como o oráculo de Deus foi construído. Apesar disso,
Jeroboão,   um   homem   ambicioso,   egoísta   e   interesseiro,
levantou outro centro de adoração. Alguns  podem defender
os seus atos salientando que ele não estabeleceu um centro
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de entretenimento carnal, mas um lugar de adoração a Deus.
No entanto, esse centro de adoração era uma desculpa para a
ambição de Jeroboão. O mesmo se aplica hoje. Por causa de
sua   ambição   e   egoísmo,   muitos   líderes   Cristãos   têm
levantado centros de adoração. Aparentemente esses centros
de adoração são levantados para adorar a Deus. Na verdade,
esses centros são para preencher a ambição do homem em
ter   um   império.   Então,   num   sentido   muito   real,   os
fundadores   de muitos  grupos  Cristãos  são  os  Jeroboãos  de
hoje.   Esses   centros   de   adoração   levantados   por   esses
Jeroboãos   do presente são  na  verdade  centros  de ambição.
Por essa razão encontramos “ídolos” nesses lugares.
De   acordo   com   o   principio   em   1   Reis   12:26­30,   em
muitos   grupos   Cristãos   são  levantados  “ídolos”   para   atrair
pessoas   e segurá­las.  Esses   “ídolos”   afastam   as   pessoas   de
Deus.   Seguindo   o   exemplo   de   Aarão   no   monte   Sinai,
Jeroboão levantou dois bezerros de ouro dizendo ao povo que
esses eram os deuses que os trouxeram para fora do Egito.
Podemos nos perguntar como os filhos de Israel puderam ser
tão cegos em aceitar esses ídolos como Deus. Por vermos a
situação de fora, podemos vê­la claramente. No entanto, se
estivéssemos lá, provavelmente teríamos seguido Jeroboão e
seriamos um com ele.
Hoje   precisamos   estar   claros   sobre   a   situação   do
Cristianismo. Se estivermos debaixo do brilhar da luz divina,
perceberemos   que   em   muitos   grupos   Cristãos   “ídolos”   têm
sido levantados no lugar de Deus. Esses “ídolos” atraem as
pessoas para esses grupos e mantêm­nas lá.

O DESEJO PELA CASA DE DEUS

Ressaltamos que o falar genuíno de Deus é nos Santos
dos   Santos   no   templo.   Salmos   27:4   expressa   um   profundo
37
desejo do povo de Deus com respeito  à casa de Deus. Esse
versículo diz “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que
possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida,
para contemplar a formosura  do Senhor, e meditar no seu
templo.”   Como   o   salmista   deseja   permanecer   na   casa   do
Senhor para contemplar o Senhor!
Um desejo semelhante é transmitido no Salmos 84. No
versículo   2   o   salmista   diz   “A   minha   alma   suspira!   sim,
desfalece   pelos   átrios   do   Senhor.”   No   versículo   10   ele
prossegue e diz: “Porque vale mais um dia nos teus átrios do
que em outra parte mil. Preferiria estar à porta da casa do
meu   Deus,   a   habitar   nas   tendas   da   perversidade.”   Aqui
vemos   que   o   desejo   pela   casa   de   Deus   é   tão   forte   que   o
salmista deseja até mesmo estar   nos átrios do Senhor. Ele
estaria feliz em simplesmente ser o porteiro na casa de Deus.
Salmos   36   e   23   também   expressam   um   profundo
desejo pela casa do Senhor. Em Salmos 36:8  o escritor diz
que o povo de Deus “se fartarão da gordura da tua casa.” É
na   casa  do  Senhor  que  eles   beberão do  rio das   delicias  de
Deus. Além disso, é na casa que eles desfrutam a fonte da
vida e vêem a luz na luz de Deus (v. 9). Salmos 23 termina
com   as   palavras   “habitarei   na   casa   do   Senhor   por   longos
dias”   (v.   6).   Nos   tempos   do   Antigo   Testamento   os   devotos
desejavam estar no templo onde estava a presença de Deus.
Tal aspiração repele o mal. Simplesmente o desejo de
estar   na   presença   de   Deus   na   casa   do   Senhor   repele   o
divisionismo e todas as coisas negativas que ele inclui. Esse
desejo   torna­nos   devotos,   santos,   e,   eventualmente   ser   um
com os filhos de Deus.
Pelo fato de os filhos de Israel salmodiarem o Salmo
133 no caminho para o Monte Sião, certamente foi impossível
para eles odiar ou desprezar uns aos outros. Salmos 133  é
um Salmo de unidade. Essa unidade inclui todos os atributos
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e   virtudes   positivas.   Por   manter   a   unidade   espontânea­
mente,  desfrutamos   todos   esses   atributos   e  virtudes.  Além
disso, temos a presença de Deus.

A UNIDADE NOS GUARDA DO MALIGNO

Por   estar   na   unidade   temos   a   benção   ordenada   por


Deus, vida para sempre. No entanto, se algum filho de Israel
se tornar divisivo e se recusar a ir ao templo no Monte Sião,
ele perderá automaticamente todas as coisas positivas. Por
separar­se da unidade do povo de Deus, ele espontaneamente
se torna cheio de coisas negativas como orgulho, ódio, crítica,
fofoca   e   mentiras.   Pretendendo   ainda   estar   em   comunhão
com   Deus,   alguns   podem   levantar   outros   centros   de
adoração.   Mas,   como   o   caso   de   Jeroboão   deixa   claro,   tais
atitudes   divisivas   abrem   o   caminho   para   a   idolatria   e
costumes de coisas malignas entrarem.
De   acordo   com   o   relato   no   Antigo   Testamento,   o
pecado   de   Jeroboão,   o   pecado   da   divisão,   abriu   o   caminho
para   todas   as   coisas   malignas   entrarem.   Finalmente,   a
situação do povo de Deus estava tão corrompida que Deus fez
com que Nabucodonosor, rei da Babilônia, queimasse a casa
de Deus, derrubasse os muros de Jerusalém e levasse o povo
para   Babilônia.   Dessa   forma,   o   cativeiro   da   Babilônia   foi
uma conseqüência da divisão. A unidade é representada por
Jerusalém, mas a divisão é representada por Babilônia com
toda a sua maldade.
Antes   de   vir   para   a   vida   da   igreja,   muitos   de   nós
éramos de certa forma livres e fazíamos as coisas de acordo
com   as   nossas   preferências.   Mas   podemos   testificar   que
pouco depois de virmos para a Restauração do Senhor, nossa
consciência começou a funcionar de uma maneira adequada.
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Pouco a pouco tratamos com as coisas e descontinuamos com
certas práticas. No entanto, sei de muitos casos daqueles que
experienciaram o oposto disso como conseqüência de terem
deixado a vida da igreja. Sua consciência começou a perder a
função  e  as  coisas  mundanas  e negativas  que eles  haviam
posto   de   lado   retornaram   gradualmente.   Muitos   voltaram
para   práticas   de   divertimentos   carnais.   Gradualmente,   as
coisas   mundanas,   até   mesmo   coisas   pecaminosas,
retornaram.   Isso   indica   que   a   unidade   nos   guarda   do
maligno, enquanto que a divisão abre a porta para o maligno.
Mais de cinqüenta  e cinco anos atrás  uma  jovem  de
uma próspera família veio para uma das reuniões da igreja
em Chefoo. Ela era a própria expressão do mundanismo, com
seu   cabelo   arranjado   em   forma   de   torre.   Mais   tarde   ela
mesma   disse   que   propositalmente   arrumava   seu   cabelo
daquela   forma   como   um   protesto.   À   medida   que   ela
continuou   vindo   as   reuniões   da   igreja,   sua   aparência
começou   a   mudar.   Não   dissemos   nada   nas   reuniões   a
respeito   do   mundanismo.   Falamos   a   respeito   de   amar   a
Cristo e a igreja. Ninguém tentou controlar o comportamento
da   jovem.   Mas   através   de   ter   contato   com   a   igreja,   sua
consciência   começou   a   funcionar.   Espontaneamente,   sem
nenhuma direção humana, ela mudou seu estilo de cabelo e a
maneira de vestir­se.

CORRETO COM O TEMPLO

Para   os   filhos   de   Israel,   o   templo   era   o   centro   da


unidade.   Portanto,   era   extremamente   sério   para   qualquer
um do povo de Deus estar correto com o templo. Aqueles que
estavam corretos com o templo e através disso mantinham a
unidade, desfrutaram a presença de Deus, a benção de vida e
todas as outras coisas positivas. Mas aqueles que estavam
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incorretos com o templo através do divisionismo abriam uma
porta para todos os costumes malignos. O mesmo é verdade
hoje entre os Cristãos. Muitos falam de santidade, vitória e
espiritualidade. No entanto, se desejamos ter essas virtudes,
precisamos estar na unidade adequada.
Considere   novamente   a   experiência   dos   filhos   de
Israel.   Santidade,   vitória   e   espiritualidade   não   foi   um
resultado   do   seu   esforço.   Eles   tinham   essas   virtudes
simplesmente   porque   eles   estavam   corretos   com   o   templo,
com   o   Santo   dos   Santos   e   com   a   arca.   Quando   eles
permaneceram   na   unidade   por   estarem   corretos   com   o
templo, não havia a necessidade de eles tentarem ser santos,
vitoriosos   ou   espirituais.   Espontaneamente,   como   parte   da
benção   por   estarem   nessa   unidade,   eles   tinham   essas
virtudes.   A   razão   de   muitos   Cristãos   não   terem   vitória,
santidade e espiritualidade é que eles estão incorretos com a
igreja   e   com   a   arca,   Cristo,   no   Santo   dos   Santos.   Se
desejarmos ser santos, espirituais e vitoriosos devemos estar
corretos   com   Cristo   e   a   igreja.   Em   outras   palavras,
precisamos   permanecer   na   unidade   adequada.   Essa   é   a
unidade que nos  dá  acesso a todas as virtudes e atributos
positivos.
Quando eu estava na China continental, o irmão Nee
era   alvo   de   ataques   e   oposições.   Muitos   daqueles   que
atacaram e se opuseram a ele disseram que ele, as igrejas e
os presbíteros estavam errados. A primeira vez que ouvi tais
ataques e oposições, eu temi pela situação. Talvez o irmão
Nee, os presbíteros e as igrejas estivessem errados. Por fim,
entretanto, aprendi que todos os opositores do irmão Nee ou
da   igreja   ou   dos   presbíteros   estavam   mais   errados   ainda.
Percebi que todos os que atacavam a restauração do Senhor
passavam   por   um   declínio   espiritual.   Não   sei   de   nenhum
caso   de   alguém   que   tenha   se   oposto   e   atacado   a   igreja   e
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tenha   crescido   espiritualmente.   Pelo   contrário,   eles   se
prejudicaram e suas condições gradualmente pioraram.
A única coisa que pode nos preservar espiritualmente
é a unidade. Se permanecermos na unidade, todas as coisas
positivas   serão   nossas.   Mas   se   tomarmos   o   caminho   da
divisão,   seremos   visitados   por   todo   tipo   de   costumes
malignos:   ódio,  inveja,  desprezo  e  talvez   até  mesmo  coisas
como idolatria e fornicação. Cedo ou tarde, aqueles que são
divisivos serão levados para a Babilônia como prisioneiros.

A GRANDE BABILÔNIA

Apocalipse   17   também   nos   mostra   que   o   mal   está


relacionado com a divisão. Esse capítulo apresenta a visão da
Grande   Babilônia.   De   acordo   com   o   versículo   5,   a   Grande
Babilônia   é   chamada   de   “a   mãe   das   prostitutas   e   das
abominações   da   terra.”   O   versículo   4   expõe   o   fato   de   que
embora essa mulher tenha uma aparência agradável, o mal
está oculto nela: A mulher estava vestida de púrpura e de
escarlata, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas; e
tinha na mão um cálice de ouro, cheio das abominações, e da
imundícia   da   prostituição.”   Exteriormente,   a   Grande
Babilônia   está   vestida   de   púrpura   e   escarlata   e   estava
adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas. Além disso,
ela tem na mão um cálice de ouro. Mas esse cálice está cheio
de abominações  e da imundícia da sua prostituição. Isso  é
uma figura do mundo Cristão de hoje. O mundo Cristão pode
ter um cálice de ouro, mas o conteúdo do cálice é a idolatria,
fornicação e todas as coisas malignas. Esse é o elemento, e a
composição,   da   divisão.   O   ultimo   resultado   da   divisão   é   a
Grande Babilônia revelada em Apocalipse 17.

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O   cristianismo   de   hoje   está   completamente   em   um
estado   de   divisão.   Essa   divisão   abriu   o   caminho   para   a
idolatria  e  fornicação  espiritual. Em  muitos  casos,  ele tem
aberto   o   caminho   para   idolatria   literal   e   fornicação   física.
Como   nós   temos   enfatizado   repetidas   vezes,   esse   é   o
resultado da divisão.

A SERIEDADE DA DIVISÃO

Quando nos voltamos para o caminho da restauração
do Senhor e viemos para a vida da igreja, as coisas negativas
associadas   com   a   divisão   foram   espontaneamente   jogadas
fora.   No   entanto,   como   enfatizamos   aqueles   que
abandonaram   a   unidade   adequada   automaticamente   se
tornaram   sujeitos   às   coisas   negativas   que   uma   vez   foram
colocadas para fora. Isso deve nos fazer ver que a divisão é
uma questão extremamente séria. Nada é mais mortal que a
divisão.   Satanás   sabe   que   até   mesmo   o   pensamento   de
divisão é suficiente para minar nossa vida Cristã. É como um
cupim que come a estrutura da casa. Portanto, até mesmo o
pensamento de divisão deve ser repudiado.
Quando   estamos   na   unidade,   estamos   na   vida   e
desfrutamos   todas   as   virtudes   e   atributos   positivos.   Além
disso, nossa condição  espiritual gradualmente melhora. No
entanto, simplesmente por aceitar um pensamento que traz
discórdia, o caminho é aberto mais uma vez para o maligno
entrar.
Nunca devemos pensar que a base da igreja não é uma
questão de vida. A base da igreja é a própria base da nossa
experiência  de vida. Permanecer na unidade  é permanecer
em   vida.   Fora   da   base   da   igreja,   é   vão   falar   de
espiritualidade ou santidade. Tais coisas estão diretamente
relacionadas   com   a   unidade.   É   maravilhoso   estar   na
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unidade, mas é terrível estar envolvido em divisão. Muitos
Cristãos   hoje   tem   perdido   a   benção   e   a   graça   do   Senhor
simplesmente por causa da divisão. Isso deve ser um alerta
para   nós   na   restauração   do   Senhor.   Que   não   repitamos   a
historia   do   divisionismo   do   cristianismo.   Que   todos   olhem
para o Senhor para que Ele nos preserve em Sua unidade.
Devemos   repudiar   até   mesmo   os   pensamentos   divisivos.
Louvado   seja   o   Senhor   pela   unidade!   Que   o   Senhor   nos
mantenha em Sua presença mantendo­nos nessa unidade.

CAPÍTULO QUATRO

O ÚNICO LUGAR DA ESCOLHA DE
DEUS PARA MANTER A UNIDADE

Leitura   Bíblica:   Dt   12:1­8,   11,   13­15,   17­18,   26­28;   14:23;


16:16

Nos   três   primeiros   capítulos   consideramos   certos


princípios   relacionados   à   unidade.   Começando   com   este
capitulo, vamos dedicar nossa atenção a alguns detalhes. O
primeiro   detalhe   é   o   único   lugar   da   escolha   de  Deus   para
manter a unidade. Em Deuteronômio 12, 14, 15 e 16 o único
lugar da escolha de Deus é mencionado pelo menos dezesseis
vezes.   Por   exemplo,   em   Deuteronômio   12:5   Moisés   encar­
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regou   o   povo   de   ir   “ao   lugar   que   o   Senhor   vosso   Deus
escolher.”   De   acordo   com   Deuteronômio   14:23,   era   para   o
povo de Deus comer o dízimo perante o Senhor Deus no lugar
que Ele escolhesse. O fato dessa questão do único lugar ser
mencionado repetidas vezes mostra sua importância crucial.
O   livro   de   Deuteronômio   está   relacionado   com   o
desfrute das riquezas da boa terra, uma terra descrita como
que mana leite e mel. As palavras registradas nesse livro, o
último livro de Moisés, foram dadas em um período em que
os   filhos   de   Israel   estavam   nas   fronteiras   da   boa   terra   e
estavam   prestes   a   entrar   e   a   possuir.   Pelo   fato  de   Moisés
estar   preocupado   com   o   desfrute   deles   da   boa   terra,   ele
gastou um bom tempo para instruí­los a respeito da vida na
boa terra. O livro de Deuteronômio, então, é a palavra falada
por   um   velho   e   amoroso   pai   preocupado   com   o   futuro
desfrute dos filhos.

DESTRUINDO OS LUGARES
PAGÃOS DE ADORAÇÃO

Em Deuteronômio 12 o desejo do coração de Deus com
respeito à vida dos filhos de Israel na boa terra é revelado. O
versículo 1 fala dos estatutos e julgamentos que o povo de
Deus deveria guardar na terra. No versículo seguinte Moisés
apresenta o primeiro desses estatutos: “Certamente destru­
ireis   todos   os   lugares   em   que   as   nações   que   haveis   de
subjugar   serviram   aos   seus   deuses”   (Heb.)   No   versículo   3
Moisés prossegue: “E derrubareis os seus altares, quebrareis
as   suas   colunas,   queimareis   a   fogo   os   seus   postes­ídolos,
abatereis as imagens esculpidas dos seus deuses e apagareis

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o   seu   nome   daquele   lugar”   (Heb.).   Antes   que   os   filhos   de
Israel   tivessem   um   completo   desfrute   das   riquezas   da   boa
terra,   eles   tinham   que   destruir   completamente   os   centros
pagãos   de   adoração.   Todos   os   centros   pagãos   de   adoração
deveriam ser completamente destruídos. Todos os lugares em
que os  povos pagãos  tivessem  adorado  ídolos  deveriam  ser
destruídos,   não   importando   que   esses   lugares   estivessem
“sobre as altas montanhas, sobre os outeiros, e debaixo de
toda   árvore   frondosa”   (v.   2).   Era   para   o   povo   de   Deus
derrubar os seus altares, quebrar as suas colunas, queimar a
fogo os seus ídolos de madeira, abater as imagens esculpidas
dos seus deuses. Então, eles deveriam destruir os seus nomes
daquele lugar. Três coisas principais deveriam ser tratadas:
os lugares, as imagens e os nomes. Isso revela que era para a
boa terra ser perfeitamente limpa de todos os centros pagãos
de adoração.
Deuteronômio 12:4 diz “Não fareis assim para com o
Senhor vosso Deus.” Isso indica que não era para os filhos de
Israel   adorar   o   Senhor   da   mesma   maneira   que   os   pagãos
adoravam seus deuses.
O LUGAR PARA O NOME DE DEUS

No versículo 5 Moisés profere palavras muito impor­
tantes: “Mas recorrereis ao lugar que o Senhor vosso Deus
escolher de todas as vossas tribos para ali pôr o seu nome,
para sua habitação, e ali vireis.” Depois que todos os lugares
de adoração pagã tivessem sido destruídos, o povo de Deus
deveria   ir   ao   lugar   escolhido   por   Deus.   Nesse   único   lugar
Deus poria Seu nome. O nome de Deus denota Sua pessoa.
Seu   nome  estar  em  um   lugar   particular   significa   que  Sua
Pessoa residiria naquele lugar. Isso indica que o único lugar
que   Deus   escolhera   seria   o   lugar   onde   Deus   residiria,   a
habitação de Deus.
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UM SIGNIFICADO TIPOLÓGICO

De acordo com o principio básico da revelação divina
nas Escrituras, o relato no Antigo Testamento é constituído
de tipos, figuras e sombras de questões encontradas no Novo
Testamento.   Se   Deuteronômio   12   consistisse   somente   em
estatutos dados para os filhos de Israel, então esse capítulo
não poderia ser aplicado a nossa situação hoje. Entretanto,
os   estatutos   relatados   nesse   capítulo   têm   um   significado
espiritual.   Se   entendermos   o   significado   espiritual   desses
estatutos, veremos que essa porção da palavra foi escrita não
somente para os filhos de Israel, mas também para nós hoje.
O apóstolo Paulo percebeu que a história do povo de Israel
tem um significado tipológico para os crentes na era do Novo
Testamento. Em 1 Coríntios 10:6 ele diz “Ora, estas coisas
nos foram feitas para exemplo” (Gk.). Em 1 Coríntios 10:11
ele prossegue “tudo isto lhes acontecia como exemplo” (Gk.).
Por   esta   razão,   Paulo   pôde   dizer   em   Romanos   15:4
“Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi
escrito.”
Um dos mais importantes tipos no Antigo Testamento
é a boa terra, a qual é um tipo completo e pleno de Cristo.
Portanto, o desfrute dos produtos da boa terra tipifica nosso
desfrute das insondáveis riquezas de Cristo (Ef 3:8). Antes de
você   vir   para   a   vida   da   igreja,   você   provavelmente   nunca
ouviu sobre o desfrute de Cristo. Essa foi a minha situação.
Eu   sabia   que   Cristo   era   o   filho   de   Deus,   o   Salvador   e   o
Redentor, mas eu nunca tinha ouvido que Ele também podia
ser meu desfrute.
De acordo com a tipologia, os filhos de Israel primeiro
desfrutaram   do   cordeiro   Pascal   como   um   tipo   de   Cristo.
Primeira Coríntios 5:7 indica claramente que a Páscoa era
47
um   tipo   de   Cristo:   “Porque   Cristo,   nossa   páscoa,   já   foi
sacrificado.”   Depois   que   os   filhos   de   Israel   fizeram   o   seu
êxodo do Egito, eles desfrutaram o maná enquanto vagavam
pelo   deserto.   De   acordo   com   1   Coríntios   10:3   e   4,   o   maná
também   era   um   tipo   de   Cristo.   Ele   tipificava   Cristo   como
nosso   alimento   espiritual,   nosso   maná   diário.   Ainda   que
alguns Cristãos percebam que o maná é um tipo de Cristo,
não   muitos   vêem   que   a   boa   terra   também   é   um   tipo   de
Cristo. Josué 5:12 diz “E no dia imediato, depois de terem
comido do produto da terra, cessou o maná, e não o tiveram
mais   os   filhos   de   Israel;   porém   nesse   ano   comeram   dos
produtos   da   terra   de   Canaã.”   (Heb.).   Esse   versículo
claramente indica que o maná foi substituído pelos produtos
da boa terra. Se o cordeiro Pascal e o maná tipificam Cristo
como o desfrute do povo de Deus, certamente a boa terra com
os   seus   ricos   produtos   semelhantemente   tipificam   Cristo
para   nosso  desfrute.   Muitos   de   nós   podemos  testificar   que
somente   depois   que   viemos   para   a   vida   da   igreja   na
restauração   do   Senhor   é   que   ouvimos   que   Cristo   é   a   boa
terra para o nosso desfrute.

SOMENTE UM NOME

Antes   de   vir   para   a   vida   da   igreja,   muitos   de   nós


adoramos em lugares tipificados pelas montanhas, outeiros e
árvores frondosas (Dt 12:2). Esses foram os lugares onde os
pagãos   adoravam   a   ídolos.   Os   ídolos   de   hoje   podem   ser
encontrados tanto no Catolicismo quanto nas denominações
protestantes.   Alguns   Cristãos   podem   concordar   que   há
idolatria no Catolicismo, mas podem insistir que não existem
ídolos   nas   denominações.   Lembrem­se   das   palavras   de
Moisés em Deuteronômio 12:3 sobre destruir os nomes. Toda
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denominação   tem   um   nome   além   do   nome   de   Cristo.   Por
exemplo, a denominação Luterana adota o nome de Lutero.
Em   principio,   ter   um   nome   além   do   nome   de   Cristo   é
levantar   ídolos.   Aqueles   nas   denominações   podem
argumentar   que   esses   nomes   não   são   ídolos,   mas
simplesmente são usados para designá­los como certo grupo
de Cristãos. No entanto, usar um nome dessa forma pode ser
comparado   a   uma   mulher   casada   que   toma   um   nome
diferente daquele do marido. Tal prática é deplorável! Ídolos
são encontrados virtualmente em todo lugar no cristianismo
de hoje, por isso em tantos lugares estão outros nomes além
do nome de Cristo. Freqüentemente quando uma capela ou
outro prédio usado para propósitos religiosos é levantado em
nome   de   certa   pessoa.   Em   principio,   isso   é   um   ídolo.
Devemos ter um só nome – o nome de Jesus Cristo.
De acordo com Deuteronômio 12:3, devemos destruir
todos os lugares e todos os nomes. Então, todas as práticas
pagãs   que   têm   sido   adotadas   pelo   cristianismo   devem   ser
eliminadas. Não há espaço para tais coisas na igreja. O livro
“The Two Babylons” prova que o Catolicismo adotou muitos
elementos do paganismo. Por exemplo, Natal e Páscoa ambas
têm   uma   origem   pagã.   Aspectos   do   paganismo   são
encontrados nas somente no Catolicismo, mas até mesmo em
muitas   denominações.   Espiritualmente   falando,   devemos
destruir   todos   esses   lugares,   imagens   e   nomes.   Por   esta
razão,   não   pode   haver   reconciliação   da   restauração   do
Senhor   e   as   denominações   com   suas   altas   montanhas,
outeiros   e   árvores   frondosas   para   adorar   ídolos.   Então,
devemos   ser   cuidadosos   em   não   ter   nenhuma   montanha,
outeiro   ou   árvore.   Devemos   ter   somente   Cristo   e   o   lugar
único da escolha de Deus para manter a unidade.

APRENDENDO A TEMER A DEUS
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Se   virmos   isso   devemos   destruir   todos   os   outros
lugares   e   ir   ao   único   lugar   escolhido   por   Deus,   podemos
prosseguir   e   ver   muitos   outros   pontos   revelados   em
Deuteronômio 12. Primeiramente, podemos aprender a como
temer   a   Deus   por   ir   somente   ao   lugar   que   Ele   escolheu.
Deuteronômio 14:23 diz “E, perante o Senhor teu Deus, no
lugar   que   escolher   para   ali   fazer   habitar   o   seu   nome,
comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite,
e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para
que aprendas a temer ao Senhor teu Deus por todos os dias.”
Ir   ao   lugar   escolhido   por   Deus   é   temer   a   Deus.   Mas   ter
liberdade para tomar a nossa própria decisão sobre o centro
de   adoração   é   não   temer   a   Deus.  Pelo   contrário,   é   para
satisfazer nossa concupiscência. 
Antes de você vir para a vida da igreja, você pode ter
viajado   de   uma   denominação   para   outra.   Você   foi   de   um
lugar para outro para satisfazer seu próprio desejo e gosto.
Fazer isso é não temer a Deus de uma maneira adequada. Se
O   tememos,   viremos   ao   único   lugar   que   Ele   escolheu.  
Deus   não  nos   dá   a   liberdade  de  escolher   o  lugar   de
adoração.   Nessa   questão  devemos   temê­Lo   e  simplesmente
vir   ao   lugar   de   Sua   escolha.   Se   exercitarmos   o   direito   de
fazermos a nossa própria escolha, seguiremos o caminho dos
pagãos, o caminho das nações. De acordo com Deuteronômio
12, era para os filhos de Israel destruir todos os lugares onde
os   pagãos   adoravam   seus   ídolos.   Em   princípio,   temos   que
fazer a mesma coisa quando vimos para a vida da igreja. A
escolha do lugar de adoração é toda do Senhor: não é uma
questão da  nossa preferência.  Se agirmos de acordo com a
nossa   preferência,   nós   cederemos   a   nossa   vontade,   para
satisfazer   nosso   próprio   desejo   a   respeito   do   lugar   de
adoração.   Comportar­se   dessa   maneira   é   ser   como   uma
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mulher que se envolve com um homem que não seja o seu
marido. Isso é fornicação. Assim como a mulher está limitada
a somente um marido, nós estamos limitados ao único lugar
da   escolha   de   Deus   no   que   diz   respeito   a   adoração
corporativa   de   Deus.   Todos   devem   aprender   a   temer   o
Senhor   nosso   Deus.   Com   respeito   às   reuniões   Cristãs,
devemos temer a Deus e fazer somente o que é de acordo com
a vontade Dele. Deus nos ordena a destruir todos os centros
de adoração e ir somente ao lugar escolhido por Ele.

FAZENDO O QUE É CORRETO
AOS OLHOS DE DEUS

Deuteronômio   12:8   diz   “Não   fareis   conforme   tudo   o


que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem lhe parece
aos olhos.” É terrível fazer o que é correto aos nossos olhos. O
Senhor   nos   encarregou   de   não   agirmos   dessa   forma.
Entretanto,   hoje   os   Cristãos   falam   que   certas   coisas   são
certas ou erradas. Viver dessa forma é fazer o que é correto
aos nossos olhos. Mas devemos fazer o que é correto aos olhos
de Deus. De acordo com Deuteronômio 12:13, não era para os
filhos   de   Israel   oferecerem   seus   holocaustos   em   todos   os
lugares que lhes parecesse bom: “Guarda­te de ofereceres os
teus   holocaustos   em   qualquer   lugar   que   vires.”   Eles   eram
proibidos   de   oferecerem   holocaustos   nas   montanhas,   nos
outeiros ou debaixo de árvores frondosas. Eles não tinham o
direito   de   adorar   Deus   no   lugar   de   sua   escolha.   Ao   invés
disso,   eles   deveriam   fazer   o   que   era   correto   aos   olhos   de
Deus. Semelhantemente, se tememos a Deus, não devemos
fazer   o   que   é   correto   aos   nossos   olhos.   Pelo   contrário,
devemos   fazer   o   que   é   correto   e   bom   aos   olhos   de   Deus.
Devemos orar: “Senhor, tenha misericórdia de nós para que

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possamos não fazer o que é correto aos nossos olhos. Senhor
nos ajude a fazer o que é correto aos Seus olhos.” Devemos
aprender a esquecer o que sentimos a respeito das coisas e
nos importar com o desejo e escolha de Deus. Para nós, certa
coisa pode parecer correta, mas como o Senhor  Se sente a
respeito   disso?   De   acordo   com   o   que   achamos,   pode   ser
correto adorarmos em um determinado lugar. Mas o Senhor
pode   considerar   esse   lugar   como   um   centro   de   adoração   a
ídolos.

NÃO ABUSAR DA GRAÇA DE DEUS

Existem vários motivos de o Senhor nos ordenar a não
fazer   o  que  é  correto   aos   nossos   próprios   olhos,   mas   ir   ao
lugar da escolha Dele. O primeiro desses motivos é que não
devemos abusar da graça de Deus. Foi requisitado aos filhos
de Israel que separassem para o Senhor o décimo, o dizimo
da produção da boa terra. Então, era para eles oferecerem a
Ele as primícias do seu rebanho e do gado. Eles não tinham o
direito de guardar o primogênito ou a melhor parte do dizimo
para   eles.   Não   lhes   era   permitido   comê­los   em   casa.
Deuteronômio   12:17   e   18   diz   “Dentro   das   tuas   portas   não
poderás comer o dízimo do teu grão, do teu mosto e do teu
azeite,   nem   os   primogênitos   das   tuas   vacas   e   das   tuas
ovelhas, nem qualquer das tuas ofertas votivas, nem as tuas
ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão; mas os
comerás   perante   o   Senhor   teu   Deus,   no   lugar   que   ele
escolher.” Esses versículos indicam que os israelitas também
tinham que fazer ofertas votivas e voluntárias no lugar da
escolha de Deus. Sem dúvida, o povo de Deus apresentou o
melhor de sua produção e rebanho como ofertas votivas ou
voluntárias. O ponto aqui é que todas as ofertas – o dízimo,
as primícias, os votos e as ofertas voluntárias – poderiam ser
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desfrutadas somente no lugar em que Deus escolhesse por o
Seu nome. Em outras palavras, foi requisitado aos filhos de
Israel ir ao lugar da habitação de Deus com a melhor porção
dos ricos produtos da boa terra. Isso indica que não lhes era
permitido   abusar   da   graça   de   Deus.   Eles   não   tinham   o
direito   de   desfrutar   a   melhor   porção   de   acordo   com   seus
gostos   e   preferências.   Particularmente,   eles   tinham   que
desfrutar­los de acordo com os regulamentos de Deus. Eles
não tinham escolha a não ser trazer essas ofertas ao lugar
que Deus tinha escolhido por o Seu nome e Habitação.
Esse princípio ainda hoje é aplicado à vida da igreja.
Se   não   viermos   às   reuniões   da   igreja,   não   poderemos
desfrutar   da   melhor   porção   de   Cristo.   Quando   deliberada­
mente ficamos em casa ao invés de ir à reunião, percebemos
que   não   somos   capazes   de   desfrutar   a   melhor   porção   de
Cristo. Apesar de podermos ter algum desfrute do Senhor ao
ler e orar ou na comunhão, não podemos desfrutar aquelas
porções de Cristo tipificadas pelas primícias, os dízimos, as
ofertas   votivas   e   as   ofertas   voluntárias.   Existe   um
regulamento   divino   que   nos   proíbe   de   abusar   da   graça   de
Deus. De acordo com esse regulamento, devemos ir à casa de
Deus, a igreja, para desfrutar da melhor porção de Cristo.
Somos convocados a ir ao lugar que Deus escolheu; não nos é
permitido agir de acordo com nossa preferência ou escolha.
Por aceitar a escolha de Deus, somos subjugados e guardados
de abusar da Sua graça.

O MAIS PERFEITO RELACIONAMENTO
COM O SENHOR
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Quando   vamos   ao   lugar   que   Deus   escolheu,   experi­
mentamos o mais perfeito relacionamento de Deus conosco.
Somos forçados a ser um com nossos irmãos em Cristo. De
vez em quando podemos não querer ver certo irmão. Ainda
que   estejamos   presentes   nas   reuniões   da   igreja,   podemos
tentar de todas as formas evitá­lo. Se procuramos evitar a
presença de certo irmão, não seremos capazes de desfrutar a
melhor   porção   de   Cristo.   Precisamos   estar   completamente
subjugados.   Devemos   orar,   “Senhor   tenha   misericórdia   de
mim para que eu possa estar correto diante de meu irmão.
Eu   não   quero   ter   problemas   com   ele   e   estar   na   presença
dele.” Isso ilustra o fato de que quando viermos ao lugar que
Deus escolheu, somos tratados com e por Ele ao máximo.
Suponha que certo israelita tenha um problema com
outro e como resultado tenha feito todo o possível para evitá­
lo.   Três   vezes   ao   ano   todos   os   varões   Israelitas   eram
ordenados a ir para Jerusalém. Aquele que se recusasse seria
excluído   da   comunhão   do   povo   de   Deus.   Eventualmente,
algum problema entre os Israelitas tinha que ser resolvido.
Caso   contrário,   não   haveria   como   eles   virem   juntos   em
unidade ao Monte Sião para adorar a Deus. À medida que os
Israelitas subiam ao Monte Sião, eles deveriam salmodiar as
palavras do Salmo 133: “Oh! quão bom e quão suave é que os
irmãos   vivam   em   união!”   (Heb.).   Então,   o  único   lugar   que
Deus escolheu preservou a unidade do Seu povo. Enquanto
os   filhos   de   Israel   seguissem   a   escolha   de   Deus,   eles   não
tinham alternativa, exceto ser um.
A   situação   é   totalmente   diferente   entre   os   Cristãos
hoje.   Se   um   crente   não   está   feliz   com   o   outro,   ele   pode
simplesmente   ir  a   outro   lugar   de  adoração.  A   maioria   dos
cristãos   consideram­se   livres   para   escolher   o   lugar   para
satisfazer   suas   próprias   paixões.   Por   esta   razão,   entre   a
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maioria   dos   Cristãos   não   existe   a   submissão.   Mas   se   não
abusamos   da   graça   de   Deus,   mas   formos   inteiramente
submissos   por   ir   ao   lugar   da   Sua   escolha,   a   unidade   será
preservada.  Não  importa  que  tipo de  disposição  tenhamos,
precisamos   ser   subjugados   por   vir   ao   lugar   que   Deus
escolheu. Caso contrário, seremos excluídos da comunhão do
povo de Deus.  Se formos subjugados dessa  forma, seremos
preservados na unidade adequada.

O LUGAR ONDE O SENHOR
COLOCOU O SEU NOME

Agora entramos na questão de como discernir o lugar
que Deus escolheu. O primeiro princípio é que no lugar que
Deus escolheu não deve haver nenhum outro nome além do
nome de Cristo. Qualquer lugar que tiver um nome além do
nome   de   Cristo   não   é   o   lugar   escolhido   por   Deus.   Em
Deuteronômio 12 Deus encarregou o povo a destruir todos os
lugares   com   todos   os   nomes.   Nenhum   nome  era   permitido
permanecer. Entretanto, o único lugar que Deus escolheu foi
o   lugar   que   o   Senhor   escolheu   colocar   Seu   próprio   nome.
Portanto, o lugar que vamos é o único lugar onde o Senhor
pôs   o   Seu   nome.   Por   esta   razão,   quando   nos   reunimos   na
igreja,   nos   reunimos   somente   no   nome   do   Senhor   Jesus
Cristo. Em Mateus 18 o Senhor falou de se reunir no nome
Dele. Toda vez que nos reunimos, devemos vir para dentro do
Seu nome. Não devemos adotar tais nomes denominacionais
como   Metodistas,   Episcopal,   Presbiterianos,   Luteranos   ou
Batistas. Todos esses nomes devem ser destruídos.

A HABITAÇÃO DE DEUS

55
O   segundo   princípio   é   que   o   único   lugar   que   Deus
escolheu deve ser a habitação de Deus, o lugar da morada de
Deus. Efésios 2:22 nos ajuda a entender a importância desse
princípio   para   nós   hoje.   Nesse   versículo   nos   é   dito   que   a
habitação   de   Deus   é   nosso   espírito.   Isso   significa   que   o
próprio lugar que Deus escolheu é o nosso espírito. Por esta
razão, discernimos o lugar que Deus escolheu pelo nome e
pelo espírito do homem. Hoje a habitação de Deus está em
nosso espírito.
Suponha que negligenciemos ou ignoremos o espírito, e
em vez disso vivemos na esfera da mente, emoção e vontade.
Isso dificultará que outras pessoas reconheçam que vivemos
no lugar que Deus escolheu. O lugar que Deus escolheu é o
espírito. Na vida da igreja não devemos ser caracterizados ou
conhecidos   por   nossa   expressão   de   opinião,   mas   pelo
exercício do espírito. Ir ao lugar de habitação de Deus é estar
no espírito.

UM LUGAR DE DESFRUTE

Terceiro,   o   lugar   que   Deus   escolheu   é   um   lugar   de


desfrute.   Em   Deuteronômio   12   a   palavra   comer   é   usada
algumas vezes. O versículo 7 indica que é no lugar que Deus
escolheu   que   devemos   “comer   diante   do   Senhor.”   No
versículo 18 vemos que o dízimo da produção da boa terra e
as primícias  do rebanho e do  gado  eram  para  ser comidas
diante do Senhor no lugar de Sua escolha. Essas referências
para comer apontam para o desfrute. Portanto, o lugar que
Deus   escolheu   é   um   lugar   de   desfrute.   Se   em   um   lugar
particular   não   sentimos   o   desfrute   do   Senhor,   devemos
questionar   se   aquele  é  ou   não  o   lugar   que  Deus   escolheu.
Onde   encontramos   as   riquezas   de   Cristo   tipificadas   pelos
produtos   da   boa   terra?   No   tempo   das   festas   anuais,   as
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riquezas da boa terra eram encontradas no Monte Sião em
Jerusalém.   De   acordo   com   o   princípio,   hoje   podemos
discernir   o   lugar   que   Deus   escolheu   pelo   desfrute   das
riquezas   de   Cristo.   O   lugar   que   Deus   escolheu   é
caracterizado por esse desfrute.

UM LUGAR DE REGOZIJO

Finalmente, o lugar que Deus escolheu é um lugar de
regozijo. Deuteronômio 12:12 e 18 falam de regozijar diante
do   Senhor.   Esse   regozijo   está   relacionado   com   comer   dos
primogênitos e das primícias. Regozijar não é somente estar
feliz.  É possível  estar feliz em silêncio, mas para regozijar
devemos expressar alguma coisa e fazer um barulho jubiloso.
A casa de Deus é um lugar de regozijo. O lugar onde o seu
povo se reúne não deve ser somente um lugar de prazer, mas
tem que ser um lugar de regozijo.
Nessa   porção   da   Palavra   temos   quatro   maneiras   de
discernir   uma   igreja   genuína   e   adequada.   Uma   igreja
genuína é onde está um único nome, o nome de Cristo. Além
disso, é um lugar onde o espírito do homem é prevalecente,
onde   as   riquezas   de   Cristo   são   desfrutadas   e   onde   nos
regozijamos diante do Senhor. Quando as riquezas de Cristo
se tornam nosso desfrute, espontaneamente seremos cheios
com prazer e regozijo. Então, na vida da igreja temos o nome
do Senhor e o exercício do espírito. Também desfrutamos as
riquezas de Cristo e regozijamos no Senhor. Esse  é o lugar
que   Deus   escolheu,   o   único   lugar   que   Ele   escolheu   para
preservar a unidade.

57
CAPÍTULO CINCO

DESFRUTANDO CRISTO COM DEUS
NA BASE DA UNIDADE

Leitura Bíblica: Dt 12:5­7, 13­14, 17­18; 1Tm 3:15b­16a; Hb
10:25; Sl 23:6; 27:4; 36:8­9; 42:4; 43:3­4; 66:13, 15; 84:1­8, 10­
12; 92:10, 13­14; 133:1­3

Deuteronômio   12   é   um   capítulo   rico.   Segundo   o


versículo   2   e   3,  era   para   os   filhos   de  Israel   destruírem   os
centros de adoração, os ídolos as imagens e os nomes. Ídolos
não   são   encontrados   somente   nos   centros   pagãos   de
adoração;  eles  também  são encontrados  no  Catolicismo,  no
Protestantismo   e   nos   grupos   Cristãos   independentes.   Se
formos   iluminados   por   essa   porção   da   Palavra,   espiritual­
mente falando devemos destruir todos esses lugares, ídolos e
nomes.
Geralmente,   os   centros   pagãos   estavam   localizados
nas montanhas ou outeiros ou debaixo de árvores frondosas
(Dt 12:2). As montanhas e outeiros significam exaltação de
algo além de Cristo e a árvore frondosa significa coisas que
são   belas   e   atrativas.   Os   vários   centros   de   adoração   no
cristianismo hoje exaltam algo além de Cristo. Em princípio,
esses   centros   de   adoração   estão   nas   montanhas   ou   nos
outeiros,   os   lugares   altos.   No   entanto,   era   para   o   povo   de
Deus ir ao Monte Sião, o único lugar escolhido por Deus para
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uma adoração corporativa. A adoração em lugares altos foi
um fator na dispersão dos filhos de Israel.
Em princípio, devemos destruir todos os lugares, ídolos
e   nomes.   Fazer   isso   é   fazer   o   que   é   correto   aos   olhos   do
Senhor.   Mas   se   insistirmos   na   nossa   própria   escolha,
fazemos o que é correto aos nossos próprios olhos. Devemos
temer o Senhor e ir ao lugar que Ele escolheu.

O CAMINHO DA DIVISÃO

O cristianismo seguiu o mundo por tomar o caminho
da divisão. Desde o tempo de Babel, o povo do mundo tem
sido divisivo. A  razão para  esse  divisionismo  é que o povo
insiste na sua própria escolha ou preferência. Por esta razão,
a sociedade humana hoje é totalmente divisiva. A igreja deve
ser diferente. Como o lugar único escolhido por Deus, a igreja
não   deve   ter   divisão.   Isso   significa   que   a   igreja   não   deve
seguir   os   costumes   das   nações   ou   as   práticas   pagãs   da
sociedade humana. Todavia, desde o século segundo, a igreja
tem sido dividida por tais coisas como opiniões a respeito da
pessoa   de   Cristo.   As   diferentes   escolas   de   Cristologia,   o
estudo   da   pessoa   de   Cristo,   se   tornaram   “montanhas”   e
“outeiros.” Assim, a igreja foi dividida não somente por coisas
malignas,   mas   principalmente   por   coisas   boas,   até   mesmo
por opiniões a respeito de Cristo.
Como   todos   sabem,   nos   séculos   após   a   Reforma,   o
cristianismo   teve   centenas   de   divisões.   Após   a   Segunda
Grande   Guerra,   os   grupos   independentes   começaram   a
surgir   nos   EUA.   Em   1963   me   disseram   que   só   no   Sul   da
Califórnia   havia   milhares   desses   grupos.   A   história   do
cristianismo   prova   que   o   aspecto   mais   marcante,   de   o
cristianismo ter seguido o mundo, é uma questão de divisão.
As práticas pagãs de divisão, de seguir nossa própria escolha,
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gosto   ou   preferência   é   encontrado   por   todo   o   cristianismo.
Até   mesmo   acolher   o   pensamento   de   divisão   é   tomar   o
caminho do sistema pagão, a prática divisiva do costume das
nações.
Quando   os   filhos   de   Israel   entraram   na   boa   terra,
centros pagãos de adoração podiam ser encontrados por toda
parte. Em alguns lugares havia altares, em outros lugares
havia pilares dedicados ou símbolos de madeira e ainda em
outros lugares havia imagens de deuses pagãos gravadas. A
terra   de   Canaã   estava   cheia   de   ídolos.   Entretanto,   Deus
encarregou   os   filhos   de   Israel   de   destruírem   todas   essas
coisas   e   virem   ao   único   lugar   escolhido   por   Deus.   Em
princípio, hoje devemos fazer a mesma coisa.
Hoje muitos Cristãos consideram as assim chamadas
igrejas,   da   mesma   forma   com   que   comparam   um   par   de
sapatos. Eles podem ir de uma loja de sapato para outra até
acharem algo que satisfaça sua preferência. Alguns Cristãos
gastam   anos   indo   de   um   lugar   de   adoração   a   outro,
continuamente procurando por um lugar que satisfaça o seu
paladar ou desejo. Tais cristãos são passageiros. Antes de eu
vir   para   a   vida   da   igreja,   também   fiz   algumas   dessas
jornadas. Mas quando vim para a igreja na restauração do
Senhor, minha jornada terminou. Eu soube que tinha vindo
para o lugar que Deus escolheu.
Deuteronômio 12:5 diz “Mas recorrereis ao lugar que o
Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos para ali
pôr o seu nome, para sua habitação, e ali vireis.” Quando os
filhos   de   Israel   entraram   na   boa   terra,   não   era   para   eles
seguirem   as   práticas   das   nações.   Não   era   para   eles
escolherem   lugares   segundo   suas   próprias   preferências;   ao
invés disso, era para eles irem ao único lugar escolhido por
Deus. Como revelado em outros livros do Antigo Testamento,

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esse   único   lugar   era   o   Monte   Sião   em   Jerusalém   onde   o
templo, a casa de Deus, foi construído.

O CONCEITO DE DEUS SOBRE ADORAÇÃO

No   lugar   que   Deus   escolheu   era   para   os   filhos   de


Israel comerem diante do Senhor e se regozijarem (Dt 12:7).
Em nenhum lugar do livro de Deuteronômio diz que o povo
de Deus deveria ir ao único lugar e simplesmente começar a
adorar. Claro, era esperado que eles adorassem o Senhor no
lugar   que   Ele   tinha   escolhido,   mas   não   adorar   segundo   o
conceito deles do que é adorar. Ao invés disso, era para eles
adorarem   segundo   o   ensinamento,   conceito   de   Deus   de
adorar.   Segundo   o   conceito   humano   natural   adorar   é
ajoelhar,   se   curvar   ou   prostrar­se   diante   de   Deus.   Até   os
Muçulmanos adoram de tal maneira nas mesquitas. Uma vez
visitei uma mesquita Muçulmana na hora da adoração. Eu
percebi   que   entre   os   adoradores   não   havia   desfrute.   Pelo
contrário,   por   causa   da   falta   de   desfrute,   muitos   daqueles
adoradores aparentavam ser mais velhos do que sua idade
real. A adoração indicada em Deuteronômio 12 não é uma
questão   de   ajoelhar­se,   curvar­se   ou   prostrar­se.   Segundo
esse capítulo, adorar é comer diante do Senhor. Quando eles
vieram para o lugar que Deus escolheu, era para o povo de
Deus comer a melhor porção das ofertas e sacrifícios diante
de Deus.
Deuteronômio 12:6 descreve isso: “A esse lugar trareis
os  vossos  holocaustos  e  sacrifícios, e os  vossos  dízimos  e  a
oferta   alçada   da   vossa   mão,   e   os   vossos   votos   e   ofertas
voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e ovelhas.” A
melhor porção dos produtos da boa terra era para ser comida
diante do Senhor no lugar que Ele escolheu. Era ordenado
aos filhos de Israel que separassem o dízimo, a décima parte
61
dos produtos da boa terra e trazer­los para o lugar que Deus
escolheu. Além disso, era para eles separarem as primícias
dos seus rebanhos e gado. Três vezes ao ano – na festa do pão
asmo, na  festa das semanas e na festa dos tabernáculos –
eles traziam o dízimo e os produtos para a casa de Deus em
Jerusalém. Durante essas festas eles podiam desfrutar todas
essas riquezas na presença do Senhor. Eles eram proibidos,
entretanto, de desfrutar essa porção particular em casa. Eles
podiam desfrutar dessa porção somente no tempo das festas
e somente no lugar designado por Deus. Comer das ofertas
era   a   adoração   deles   a   Deus.   Depois   de   trazer   o   dízimo   e
sacrifícios para o lugar adequado, eles os ofereciam em um
altar. Então eles comiam as próprias coisas que eles tinham
oferecido. Tinha  uma porção de Deus, uma  porção para os
sacerdotes   e   uma   porção   para   aquele   que   apresentava   a
oferta. Então, o povo de Deus desfrutava dos ricos produtos
da boa terra diante de Deus e com Deus. Essa era a genuína
adoração a Deus.
Você já pensou que é esse o tipo de adoração que Deus
deseja? Em Deuteronômio 12 não há menção de cantar ou até
mesmo   orar.   Segundo   essa   porção   da   Palavra,   a   adoração
adequada é uma questão de comer diante de Deus os ricos
produtos da boa terra. A boa terra é um tipo de Cristo e os
ricos   produtos   da   terra   é   um   tipo   das   riquezas   de   Cristo.
Portanto, a adoração que Deus deseja de nós é que comamos
e   desfrutamos   das   riquezas   de   Cristo   em   Sua   presença.
Espiritualmente falando, todos nós precisamos ganhar mais
peso por comer mais de Cristo. O foco em  Êxodo, Levítico,
Números   e   Deuteronômio   é   o   comer   de   Cristo.   Se   não
comermos  Cristo,  não podemos   adorar  a  Deus.  A  adoração
que Deus procura está relacionada com o desfrute de Cristo.
Todas as várias ofertas e sacrifícios em Deuteronômio 12:6
tipificam aspectos de Cristo para o nosso desfrute. Que todos
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nós   sejamos   impressionados   com   o  fato  de  que   a   adoração
adequada é uma questão de comer dos produtos da boa terra,
isso é, de desfrutar com Deus e diante de Deus as riquezas de
Cristo no único lugar escolhido por Deus.
Por   toda   a   história   do   cristianismo,   esse   tipo   de
adoração tem sido perdido. Mas tenho plena certeza de que o
Senhor   está   restaurando   isso.   Na   igreja   Ele   está   nos
trazendo de volta para a genuína adoração, de volta para o
desfrute de Cristo no único lugar que Deus escolheu. Diante
de Deus e com Deus, desfrutamos Cristo na base da unidade.
Louvado seja Ele pelo comer, pelo desfrutar das riquezas de
Cristo!

COMENDO E REGOZIJANDO

Deuteronômio 12:7 também diz “E vos alegrareis, vós e
as vossas casas, em tudo em que puserdes a vossa mão, no
que o Senhor vosso  Deus  vos  tiver  abençoado.”  Isso indica
que   os   filhos   de   Israel   não   somente   comeram   diante   do
Senhor:   eles   também   regozijaram   diante   Dele.   Comer   e
regozijar   andam   juntos.   À   medida   que   os   filhos   de   Israel
desfrutavam dos produtos da boa terra na presença de Deus,
eles regozijavam. Fora as riquezas da terra de Canaã, eles
não tinham nada para comer e, portanto não tinham razão
para   regozijar.   Tanto   o   comer   e   regozijar   depende   das
riquezas.   Freqüentemente   quando   somos   convidados   para
um   jantar   ou   uma   festa,   regozijamos   quando   a   comida   é
servida na mesa. No mesmo princípio, as riquezas de Cristo é
o   fator,   a   causa   do   nosso   regozijo   no   lugar   da   escolha   de
Deus.

QUATRO CARACTERISTICAS DA
VIDA DA IGREJA ADEQUADA
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No capítulo anterior nós ressaltamos quatro caracte­
rísticas da vida da igreja adequada: o nome, a habitação, o
desfrute e o regozijo. O fato de a igreja ser a habitação de
Deus, a morada de Deus, indica que Sua presença está na
igreja.   Deus   não   visita   ou   reside   simplesmente   ali   tempo­
rariamente, como se fosse um hotel. Como a casa do Deus
vivo,   a   igreja   é   a   casa   de   Deus,   a   habitação   de   Deus.
Portanto,   a   presença   de   Deus   está   na   igreja.   Na   igreja
desfrutamos   as   riquezas   de   Cristo   e   nos   regozijamos   no
Senhor. Essa é a vida da igreja normal, genuína e adequada.
Aqui temos o nome e a presença do Senhor. Nós vamos às
reuniões da igreja para encontrá­Lo, vê­Lo e para desfrutar
da Sua presença. Aqui nós desfrutamos as riquezas de Cristo
com Deus. À medida que desfrutamos dessas riquezas, nós
nos regozijamos no Senhor.
Muitos   de   nós   podemos   testificar   que   em   outros
lugares não temos a realidade ou a atualidade do nome e da
presença  do Senhor.  Além  disso,  não  temos o desfrute  das
riquezas   de   Cristo   ou   o   regozijo.   Para   a   maioria,   essas
características   não   podem   ser   encontradas   nos   centros   de
adoração Cristãs de hoje. Exteriormente, o nome de Cristo
pode estar lá; mas na realidade o nome do Senhor não pode
ser encontrado lá. Portanto, a presença do Senhor não está
em   tais   lugares.   A.   W.   Tozer   enfatizou   esse   ponto   em   um
artigo   intitulado   “A   Esvaecente   Autoridade   de   Cristo   nas
Igrejas.”   Segundo   nossa   experiência,   podemos   também
testificar que em vários centros de adoração Cristãs não há o
desfrute   de   Cristo   e   não   há   o   regozijo   que   vem   desse
desfrute. No entanto, no lugar escolhido por Deus, a igreja,
temos   o   nome   do   Senhor,   Sua   presença,   o   desfrute   das
riquezas de Cristo e o regozijo no Senhor.

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HABITANDO NA CASA DO SENHOR

Em   Salmos   vemos   como   os   santos   do   Antigo   Testa­


mento   desfrutaram   o   Senhor   no   único   lugar   que   Deus
escolheu. Deixe­nos considerar agora o número de versículos
que testificam esse desfrute. Nesses versículos vemos como o
povo de Deus O adorou através do desfrute das riquezas da
boa terra na presença de Deus. Os santos antigos certamente
desfrutaram Cristo com Deus no lugar  único da escolha de
Deus. Os versículos que consideraremos são excepcionais em
Salmos   relacionados   com   o   desfrute   das   riquezas   da   boa
terra no lugar da escolha de Deus.
Salmos 23:6 conclui com as palavras, “e habitarei na
casa do Senhor por longos dias.” Os Cristãos amam o Salmo
23 principalmente porque ele fala do Senhor como o Pastor.
No entanto, o objetivo final do Senhor nos pastorear é a casa
do Senhor. Segundo esse Salmo, o Senhor nos guia de um
estágio para outro até sermos trazidos a casa do Senhor. Ele
nos faz repousar em pastos verdejantes, Ele nos guia para as
águas de descanso, Ele nos guia pelas veredas de justiça, Ele
nos conduz através do vale da sombra da morte e então nos
traz ao campo de batalha. Finalmente, no entanto, Ele nos
faz   habitar   na   casa   do   Senhor.   É   na   casa   do   Senhor   que
bondade e misericórdia estão conosco todos os dias de nossa
vida. Não devemos simplesmente visitar a casa do Senhor;
devemos habitar lá “para sempre,” isso é, eternamente.
No   versículo   6   há   uma   construção   paralela.   Por   um
lado, bondade e misericórdia nos seguirão todos os dias da
nossa   vida.   Por   outro   lado,   devemos   habitar   na   casa   do
Senhor para sempre. Isso é, então, um paralelo entre “os dias
de nossa vida” e “eternamente.” Isso indica que bondade e
misericórdia   estarão   conosco   à   medida   que   habitarmos   na
casa   do   Senhor.   Se   desejarmos   compartilhar   a   bondade   e
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misericórdia do Senhor, precisamos estar na casa do Senhor.
Hoje a casa do Senhor é a igreja. Fora da igreja não podemos
ter o desfrute pleno da  bondade e misericórdia  do Senhor.
Mas na igreja nós desfrutamos a bondade e misericórdia do
Senhor para sempre.

UM DESEJO

Salmos   27:4   diz,   “Uma   coisa   peço   ao   Senhor,   e   a


buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias
da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e
meditar no seu templo.” Vemos aqui que o  único desejo do
salmista é habitar na casa do Senhor todos os dias da sua
vida. A casa do Senhor para nós hoje é a igreja. Se formos
iguais   ao   salmista,   desejaremos   habitar   na   igreja   todos   os
dias da nossa vida. Aqui na igreja contemplamos a formosura
do   Senhor.   Isso   se   refere   à   presença   do   Senhor.   Além   do
mais,   meditamos   no   Seu   templo.   Não   oramos   segundo   o
nosso   desejo,   mas   meditamos   a   respeito   da   Sua   vontade,
procurando a Sua vontade. Se quisermos contemplar a beleza
do Senhor e meditar no Seu templo, precisaremos habitar na
casa do Senhor, a igreja.

DESFRUTANDO DAS RIQUEZAS DE CRISTO

Salmo 36:8 diz, “Eles se fartarão da abundancia da tua
casa,   e   os   farás   beber   da   corrente   das   tuas   delícias.”   Em
tipologia   a   abundancia   da   casa   do  Senhor   se  refere   à   rica
produção da boa terra. Todas as riquezas que são oferecidas
a Deus na casa se tornam a abundancia da casa do Senhor. O
cumprimento desse tipo está em Cristo; Ele é a realidade da
abundancia   da   casa   do   Senhor.   Na   era   do   Antigo   Testa­
mento, o povo de Deus somente podia desfrutar a abundancia
66
no lugar que Deus escolhera para Seu nome e habitação. Por
esta   razão,   o  salmista   declara   que   o  povo   de  Deus  estaria
satisfeito com a abundância da Sua casa.
Esse versículo também diz, “Tu  os farás beber do rio
duas   tuas   delícias.”   À   medida   que   desfrutamos   da
abundancia da casa de Deus, bebemos do rio das delícias do
Senhor.   Essas   delícias   são   o   rio   de   gozo   para   aqueles   que
vêm   ao   lugar   da   escolha   de   Deus.   Tais   delícias   vêm   do
desfrute da abundancia da casa de Deus. Então, na casa do
Senhor somos cheios de gozo enquanto bebemos do rio das
delícias de Deus. 
O   versículo   9   prossegue   e   diz,   “Pois   em   ti   está   o
manancial da vida; na tua luz vemos a luz.” Nesse versículo
temos   a   abundancia,   as   delícias,   a   vida   e   a   luz.   Nós
desfrutamos não somente o rio, mas também a fonte. Esse
rico   desfrute   é   nosso   na   casa   de   Deus,   a   igreja.   Na   igreja
estamos   satisfeitos   com   as   riquezas   de   Cristo   e   estamos
cheios de prazer e gozo. Há também o rio das delícias da qual
podemos beber. Além disso, temos a fonte da vida. Essa vida
se torna a luz na qual vemos a luz.

Nossas   experiências   de   todos   esses   aspectos   das


riquezas   de   Cristo   se   tornam   a   genuína   adoração   que
rendemos a Deus. Essa adoração é o elemento básico da vida
da igreja. A vida da igreja consiste da adoração que vem do
desfrute   de   Cristo.   Esse   desfrute   nos   enche   com   gozo   e
prazer, prazer que também se torna o rio do qual bebemos.
Finalmente, vamos à fonte da vida, e na luz do Senhor vemos
a   luz.   Aqui   não   há   trevas,   morte,   fraqueza   ou   vazio.   Pelo
contrário,   estamos   satisfeitos   e   gozando   à   medida   que
bebemos das delícias do Senhor e desfrutamos luz e vida. A
adoração produzida por esse desfrute é a adoração que Deus
deseja hoje. Esse desfrute e essa adoração constituem a vida
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da igreja normal e adequada. Embora, a religião Cristã não
saiba   nada   sobre   tal   adoração,   o   Senhor   está   restaurando
isso na vida da igreja hoje.

INDO COM UMA MULTIDÃO
PARA A CASA DE DEUS

No   Salmo   42:4   o   salmista   declara,   “Dentro   de   mim


derramo a minha alma ao lembrar­me de como eu ia com a
multidão,   guiando­a   em   procissão   à   casa   de   Deus,   com
brados de júbilo e louvor, uma multidão que festejava.” Aqui
o salmista recorda o desfrute de ir com uma multidão a casa
Deus. Ele lembrou como eles iam a casa de Deus com uma
voz de gozo e louvor. Com uma multidão, ele guardou os dias
santos, os dias da festa. Quando o salmista proclamou essas
palavras,   ele   estava   no   cativeiro,   tendo   perdido   o   desfrute
relacionado   com   a   casa   do   Senhor.   Mas   à   medida   que   ele
lembrou desse desfrute, ele derramava a sua alma.
Esse versículo é uma janela pela qual podemos ver o
quanto os santos desfrutavam dos produtos da boa terra na
casa de Deus. Eles iam para a casa do Senhor com gozo e
louvor, entrando na presença de Deus cheios de gozo. Lá na
presença   do  Senhor   eles   desfrutavam   a   melhor   porção  dos
produtos   da   boa   terra.   Em   princípio,   essa   é   a   nossa
experiência   na   vida   da   igreja   hoje.   Nós   vamos   juntos   com
uma multidão para desfrutar Cristo por meio de guardar a
festa.   Todas   as   vezes   que   vamos   às   reuniões   da   igreja
guardamos o dia santo por meio de festejar as riquezas de
Cristo.   Aqui   na   casa   do   Senhor   nós   desfrutamos
verdadeiramente Cristo com Deus.

LUZ E VERDADE

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O Salmo 43:3 diz, “Envia a tua luz e a tua verdade,
para que me guiem; levem­me elas ao teu santo monte, e à
tua habitação.” Luz e verdade não são duas coisas separadas;
elas   são   dois   aspectos   de   uma   coisa.   Como   já   citamos,   no
Evangelho de João temos graça e verdade, mas nas Epístolas
de João temos amor e luz. Verdade é o resplandecer da luz.
Quando a luz resplandece sobre nós, recebemos a verdade, a
realidade.   No   entanto,   à   medida   que   vamos   a   Deus   em
comunhão, estamos na luz. Dessa forma, no nosso fim temos
verdade, mas no fim de Deus há a luz. Segundo o Salmo 43:3,
precisamos de ambas a luz e a verdade.
Esse versículo indica que luz e verdade nos guiam e
nos levam ao santo monte e aos Seus tabernáculos, isso é,
para a casa de Deus. Dia após dia, somos guiados pela luz e
pela verdade que vem da casa de Deus. Em 1 Timóteo 3:15 e
16   vemos   que   a   igreja,   a   casa   do   Deus   vivo,   é   a   coluna   e
baluarte da verdade. Isso indica que verdade  é encontrada
na igreja, a casa de Deus. Quando temos verdade, também
temos luz. Então, tanto luz e verdade estão na igreja.
Como   esse   versículo   deixa   claro,   luz   e   verdade   têm
uma função definida e específica: levar­nos ao santo monte e
aos tabernáculos de Deus, isso é, nos guiar ao lugar que Deus
escolheu   e   a   Sua   habitação.   Hoje   muitos   Cristãos   estão
procurando luz e verdade, mas não muitos procuram com o
propósito de serem guiados para o lugar que Deus escolheu.
No   entanto,   se   nosso   propósito   é   sermos   levados   para   o
monte   santo   e   para   a   habitação   de   Deus,   luz   e   vida
certamente virão a nós. Muitos de nós podemos testificar que
antes   de   virmos   para   a   vida   da   igreja,   recebemos   luz   e
verdade   simplesmente   porque   começamos   a   considerar   a
igreja.   Por   pensarmos   em   vir   para   a   igreja,   luz   e  verdade
vieram a nós. Mas quando estamos hesitantes a respeito da
igreja, luz e verdade parecem desaparecer por um período.
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No   entanto,   quando   percebemos   que   devemos   tomar   o
caminho da igreja, a luz resplandece novamente, e a verdade
aparece   de   uma   maneira   mais   completa   que   antes.   Então
quando chegamos à vida da igreja, estamos na luz do dia e
recebemos grande quantidade de verdade. Isso testifica que
luz e verdade têm nos guiado para o monte santo de Deus e
nos levado para a habitação de Deus, a igreja.

APRESENTANDO NOSSAS OFERTAS AO SENHOR

Vamos prosseguir com o Salmo 66. O versículo 13 diz,
“Entrarei   na   tua   casa   com   holocaustos;   pagar­te­ei   com   os
meus   votos.”   No   versículo   15   o   salmista   prossegue   e   diz,
“Oferecer­te­ei holocaustos de animais cevados, com incenso
de carneiros; prepararei novilhos com cabritos.” O salmista
percebeu   que   somente  na   casa   de  Deus,  o   templo,  poderia
oferecer holocaustos e sacrifícios. Ele sabia que Somente indo
ao   lugar   da   escolha   de   Deus   poderia   oferecer   sacrifícios   a
Deus. Segundo esse tipo, nós também devemos ir ao lugar da
escolha de Deus, a igreja, se quisermos apresentar as nossas
ofertas   ao   Senhor.   Era   ordenado   aos   filhos   de   Israel   que
fossem   ao   templo   para   que   apresentassem   suas   ofertas   a
Deus. Deus não aceitou nenhuma oferta em nenhum outro
lugar. Se um Israelita de Dã tivesse expressado o desejo de
oferecer   algo   a   Deus   em   Dã,   o   Senhor   teria   dito,   “Eu  não
aceito   uma   oferta   oferecida   a   Mim   ali.   Eu   somente   aceito
ofertas   no   Monte   Sião.”   Deus   não   era   limitado,   mas   Ele
escolheu fazer do templo o ponto central da Sua atenção. Ele
escolheu   o   Monte   Sião   como   o   único   lugar   de   adoração.
Somente   naquele   lugar   Seu   povo   poderia   oferecer   suas
ofertas a Ele.
Esse   princípio   é   aplicado   na   vida   da   igreja   hoje.
Muitos   de   nós   podemos   testificar   que   quando   tentamos
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oferecer algo a Deus fora da igreja, essa oferta não é muito
prazerosa.   Não   ouso   dizer   que   os   Cristãos   não   podem
oferecem nada a Deus fora da igreja. Mas posso testificar que
fazer isso separado da vida da igreja não é no geral muito
prazeroso.   Segundo   o   tipo,   nossas   ofertas   devem   ser
oferecidas no único lugar que Deus escolheu.

SUBJUGADOS POR VIR AO LUGAR
QUE DEUS ESCOLHEU

Podemos pensar que esse requisito é ridículo. O pensa­
mento de Deus, no entanto, é mais elevado que o nosso. Por
ser limitado ao lugar que Deus escolheu, somos guardados de
abusar da graça de Deus e somos subjugados a respeito de
nossos desejos, temperamentos e disposição. Todos nós temos
nossa   disposição   particular   e   natural,   temperamentos   e
características. Mas não importa como nossas peculiaridades
sejam, todos precisamos ser subjugados. Se permanecermos
em   nossa   vida   natural  e   em   nossa   disposição  natural   com
suas   características   particulares,   será   impossível   termos   o
tipo de adoração que Deus procura. Todos nós precisamos ser
subjugados por vir ao  único lugar, para a  única base. Isso
significa   que   todos   nós   precisamos   ser   subjugados   pela
igreja. Se não desejarmos ser subjugados, lutaremos com os
presbíteros,   com   outros   irmãos   e   irmãs   e   até   mesmo   com
nosso   marido   ou   esposa.   Até   com   respeito   a   coisas
espirituais, as coisas de Deus, teremos divergências com os
outros.   Podemos   preferir   que   as   questões   sejam   de   uma
forma, mas alguém prefere que seja de outra forma. Como
todos   precisam   ser   subjugados   por   tomar   o   caminho   da
igreja!
No Estudo­Vida de Colossenses nós salientamos que a
paz   de   Cristo   deve   ser   o   árbitro   em   nossos   corações.   No
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entanto, fora da vida da igreja, é difícil experienciar a paz de
Cristo servindo como árbitro. Sim, a paz de Cristo arbitra em
nossos   corações,   mas   isso   ocorre   no   contexto   da   vida   da
igreja. Em um sentido muito real, a igreja é que é o árbitro.
O   caminho   da   igreja   é   o   caminho   de   ser   subjugado.   Por
sermos   subjugados   pela   base   da   igreja,   somos   preservados
em unidade. O único lugar que Deus escolheu nos guarda de
abusarmos da graça de Deus e também nos subjuga. Assim,
esse   único   caminho   nos   dá   o   genuíno   desfrute   de   Cristo.
Quando   temos   o   genuíno   desfrute   de   Cristo,   somos   um.
Somos um no desfrute de Cristo, isso é, em comer dos ricos
produtos   da   boa   terra.   Mas   como   salientamos,   podemos
apresentar nossas ofertas dessa produção somente no lugar
que   Deus   escolheu.   Da   mesma   forma   que   o   salmista,
devemos trazer nossas ofertas à casa de Deus.

INCENSO PARA DEUS

O   Salmo   66:15   diz,   “Oferecer­te­ei   holocaustos   de


animais   cevados,   com   incenso   de   carneiros;   prepararei
novilhos com cabritos.” Eu aprecio a frase “com incenso de
carneiros.” A versão chinesa fala de uma agradável oferta de
carneiros. Quando nossas ofertas se tornam um incenso para
Deus,   isso   significa   que   há   uma   fragrância   em   nossas
ofertas. Quando trazemos nossos holocaustos para a igreja e
oferecemos   ao   Senhor   na   igreja,   há   o   incenso   que   é
compatível  com  nossas  ofertas. Esse incenso  é aromático e
prazeroso para o Senhor.

É   impossível   apresentar   ofertas   ao   Senhor   fora   da


igreja, mas com essas ofertas não há fragrância. No entanto,
quando oferecemos algo ao Senhor na igreja, sentimos que
apresentamos nossas ofertas “com incenso de carneiros.” Oh,
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[quão bom] é a fragrância das ofertas apresentadas a Deus
na igreja! Além disso, essa fragrância é especialmente para
Deus, porém podemos senti­la. Não podemos experienciar tal
incenso fora da vida da igreja. Somente na vida da igreja as
ofertas   podem   ser   apresentadas   a   Deus   de   maneira
adequada, de uma maneira que é fragrante e O satisfaça. 

O ENCANTO DA HABITAÇÃO DE DEUS

O Salmo 84 é excessivamente rico. Os versículos 1 e 2
dizem, “Quão amável são os teus tabernáculos, ó Senhor dos
exércitos! A minha alma suspira! Sim, desfalece pelos átrios
do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus
vivo.” (Heb.). O versículo 1 não fala somente de um lugar de
habitação, mas de muitos lugares de habitação. Sem dúvida
esses   lugares   de   habitação   significam   as   igrejas   locais.   As
igrejas locais podem ser tão afetuosas conosco que até mesmo
ficamos saudosos por elas. Segundo o versículo 2, o salmista
anseia até mesmo pelos átrios do Senhor. Nessa apreciação,
não somente a habitação de Deus é amável; os átrios também
são amáveis. A razão de a habitação de Deus ser amável é
que   o   Deus   vivo   está   lá.   A   presença   de   Deus   nas   igrejas
locais tornam as igrejas amáveis e afetuosas.
O   versículo   3   diz,   “O  pardal   encontrou   casa,   e   a
andorinha ninho para si, onde acolhe os seus filhotes, junto
aos   teus   altares,   ó   Senhor   dos   exércitos,   Rei   meu   e   Deus
meu.”   Sem   dúvida,   somos   pardais   e   andorinhas,   pequenas
criaturas   que   são   pequenas   e   frágeis.   Até   os   pardais
encontraram   uma   casa   e   as   andorinhas   encontraram   um
ninho  onde   eles   possam   criar  seus   filhotes.   Quão   doce  é   o
sentimento  do  salmista  a   respeito  da   casa   de  Deus!   É   um
lugar para pequenos pardais permanecerem, um lugar para
as   andorinhas   construírem   um   ninho   para   elas,   onde   elas
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possam   criar   seus   filhotes.   Na   casa   de   Deus,   nós,   as
andorinhas e os pardais, encontramos uma casa no altar do
Senhor. No altar do Senhor encontramos um ninho, um lugar
nutridor, um lugar que amamos, um lugar de descanso.
Em   tempos   antigos,   tanto   no   tabernáculo   quanto  no
templo, haviam dois altares: um no átrio exterior e outro no
santo lugar. O altar no átrio exterior, o altar de bronze, era o
lugar   para   as   ofertas   que   tratavam   das   coisas   negativas,
limpando o povo de Deus e livrando­os de todos os problemas.
O altar no santo lugar, o altar de ouro, era o altar do incenso,
o qual significa o Cristo ressurreto como nossa aceitação a
Deus. Então, esses altares significam Cristo em crucificação
e ressurreição. É aqui que encontramos nossa casa e nosso
descanso na casa de Deus.
Todos   os   pequenos,   os   pardais   e   andorinhas,   nas
igrejas locais devem perceber e compreender o significado da
crucificação de Cristo, com tudo que ele consumou e realizou
por   nós.   Eles   precisam   compreender   como  Cristo  é   Aquele
crucificado no altar de oferta e Aquele ressurreto no altar de
incenso.   Através   de   tal   compreensão,   eles   desfrutarão   a
bondade   do   Cristo   crucificado   e   ressurreto.   Nesses   altares
encontramos o verdadeiro lugar de descanso, um ninho que é
substancial que amamos e onde podemos estar descansados.
Quão maravilhoso é esse desfrute na habitação de Deus, as
igrejas locais!
No   versículo   4   o   salmista   prossegue   e   diz,   “Bem­
aventurados   os   que   habitam   em   tua   casa;   louvar­te­ão
continuamente.” (Heb.). Não devemos simplesmente visitar a
casa de Deus; devemos habitar lá perpetuamente. Segundo
esse versículo, aqueles que habitam na casa do Senhor são
abençoados. Eles até louvam o Senhor perpetuamente. Toda
vez   que   nos   reunimos,   devemos   gastar   muito   tempo   em

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louvores.   Louvar   deve   ocupar   mais   tempo  nas   reuniões   do
que o ensino. Que todos aprendamos a louvar o Senhor.
No versículo 5 o salmista continua, “Bem­aventurado o
homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram
os   caminhos   aplanados.”   Na   igreja   temos   nossa   força   em
Deus e nosso coração é cheio com os caminhos de Deus. Se
quisermos experienciar isso, devemos estar na casa de Deus.
O versículo 6 diz, “Passando pelo vale de Baca, faz dele
um lugar de fontes; e a primeira chuva o cobre de bênçãos.”
Baca significa o que chora. Na vida da igreja devemos passar
através do vale de lágrimas, mas podemos tornar saudável
esse vale, até mesmo em um lugar de fontes naturais. Além
disso, ao invés de lágrimas, a chuva vem para encher o lago.
Tal experiência é encontrada somente na casa de Deus.
Além disso, na vida da igreja vamos de força em força
e   cada   um   deles   aparece   diante   de   Deus   (v.   7).   Na   igreja
percebemos   que  “um   dia   nos   teus  átrios   vale   mais   do  que
mil.” Aqueles que desfrutam a vida da igreja podem dizer,
“Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas
tendas da perversidade” (v. 10).
O versículo 11 indica que a vida da igreja é o lugar da
benção   completa:   “Pois   o   Senhor   Deus   é   sol   e   escudo;   o
Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que
andam retamente.” Aqui na casa de Deus nós desfrutamos
Deus como o sol e um escudo. O sol  é para suprimento e o
escudo é para proteção. Aqui na vida da igreja o Senhor é o
nosso   suprimento   e   segurança.   Além   disso,   aqui   nós
desfrutamos   a  Sua   graça   a   Sua   glória.   Graça   é   o desfrute
interior, enquanto que glória é a expressão exterior. Na vida
da  igreja temos  o desfrute  interior  da  graça  e a  expressão
exterior da glória. Oh quão abençoada é a vida da igreja!
O Salmo 84 conclui  com  as palavras, “Ó Senhor dos
exércitos,   bem­aventurado   o   homem   que   em   ti   põe   a   sua
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confiança” (v. 12). Podemos confiar em Deus fora da igreja
local, mas é particularmente difícil. Nós podemos testificar,
entretanto, que é muito fácil confiar em Deus na igreja. A
casa de Deus é o local apropriado para exercitarmos nossa
confiança em Deus.

EXALTADO, MESCLADO, PLANTADO
E FLORESCENDO

No   Salmo   92   nós   vemos   ainda   mais   aspectos   do


desfrute   na   casa   de   Deus.   O   versículo   10   diz,   “Mas   tens
exaltado o meu  poder,  como  o do boi  selvagem; fui  ungido
com óleo fresco” (Heb.). Na vida da igreja podemos ser tão
fortes   quanto   um   boi   selvagem.   Além   do   mais,   temos   dois
chifres que são exaltados. Isso só é possível na casa de Deus.
Além disso, na casa de Deus somos ungidos, até mesclados
(Heb.),   com   óleo   fresco.   Exteriormente   temos   dois   chifres
exaltados e internamente estamos mesclados com óleo fresco.
Todos   na   vida   da   igreja   podem   ter   chifres   como   um   boi
selvagem e estar mesclados com óleo fresco.
Muitos   que   têm   vindo   para   a   vida   da   igreja   têm
experienciado seus chifres serem exaltados. Antes de virmos
habitar na igreja, éramos baixos e derrotados. Mas quando
viemos para o local de habitação de Deus, sentimos que nosso
chifre foi exaltado sobre nosso inimigo. Além disso, sentimos
que nós fomos mesclados com óleo fresco. Na casa de Deus
temos   a   sensação   de   estarmos   mesclados   com   óleo   fresco
todos os dias. Dia após dia sentimos algo muito fresco – isso é
o óleo que está sendo mesclado conosco. A razão de estarmos
frescos é que estamos mesclados com óleo fresco.
O   versículo   13   diz,   “Plantados   na   casa   do   Senhor,
florescerão   nos   átrios   do   nosso   Deus.”   Nós   não   podemos
simplesmente   habitar   na   casa   do   Senhor;   temos   que  estar
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plantados  lá.  Você tem  estado plantado na  vida  da igreja?
Aqueles que deixam a igreja não foram plantados na igreja.
Uma vez que você foi plantado na casa do Senhor, você não
pode deixá­la.
Se   formos   plantados   na   casa   do   Senhor,   nós
frutificaremos   nos   átrios   de   Deus.   Essa   é   uma   expressão
muito   significativa.   Nós   estamos   em   ambos   na   casa   e   nos
átrios.   Nossa   raiz   é   fixada   na   casa,   mas   nossos   ramos
atingem os átrios. O frutificar não vem principalmente pela
raiz; ele vem pelos ramos.
O   versículo   14   continua,   “Na   velhice   ainda   darão
frutos, serão viçosos e florescentes” (Heb.). Embora seja uma
pessoa  mais  velha, eu sou mais  frutífero hoje do que anos
atrás. Como este versículo diz, ainda dou fruto na velhice e
estou cheio de seiva e verdor. Podemos florescer de tal modo
que,   até   mesmo   quando   somos   velhos   podemos   dar   frutos.
Isso é possível somente na igreja como a casa de Deus. Se
formos   plantados   na   divina   habitação,   floresceremos   nos
átrios   do   nosso   Deus,   dando   frutos   mesmo   em   idade
avançada   e   cheios   de   seiva   e   verdor.   Quanto   mais
habitarmos   aqui,   mais   novos   nos   tornamos.   Esse   é   o
resultado de habitar na casa do Senhor.
Esses   versículos   de   Salmo   92   indicam   que   o   único
lugar   que   Deus   escolheu   não   é   somente   o   lugar   adequado
para oferecer sacrifícios e adorar a Deus. É também o lugar
adequado   para   o   crescimento   em   vida.   A   vida   Cristã
adequada   é   uma   vida   que   está   plantada   na   igreja   e   que
floresce nos átrios da vida da igreja. Aqui na vida da igreja
temos   o   genuíno   crescimento   em   vida.   À   medida   que
crescemos, somos cheios com seiva e verdor. Como resultado,
espontaneamente somos santos, espirituais e vitoriosos.
Quem   é   mais   santo,   espiritual   e   vitorioso   do   que
aquele que está plantado na casa de Deus? Ninguém  pode
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superar eles a esse respeito. Aqueles que habitam na casa do
Senhor   não   têm   a   necessidade   de   procurar   por   santidade,
espiritualidade   ou   a   vitória.   Esses   atributos   espontânea­
mente se tornam deles porque eles estão plantados na vida
da   igreja   e   estão   florescendo.   Porque   eles   estão   cheios   de
seiva e verdor, eles são automaticamente santos, espirituais
e vitoriosos. Isso indica  que o  caminho  adequado para  nós
termos   uma   vida   Cristã   é   estar  na   vida   da   igreja   normal.
Fora da vida da igreja adequada, não podemos ser santos,
espirituais ou vitoriosos. Esses atributos são encontrados na
vida da igreja. Quando somos plantados na vida da igreja,
floresceremos com santidade, espiritualidade e vitória. Como
resultado, adoraremos a Deus não meramente de uma forma
objetiva,   mas   com   uma   adoração   subjetiva,   dispensacional
que vem do desfrute de Cristo na presença de Deus.

HABITANDO JUNTOS EM UNIDADE

O   último   Salmo   que  consideraremos   aqui   é   o   Salmo


133. O versículo 1 diz, “Oh! quão bom e quão suave é que os
irmãos   vivam   em   união!”   (Heb.).   Esse   versículo   fala   da
bondade e prazer de habitarem juntos em unidade. Segundo
o versículo 2, tal habitar juntos em unidade “É como o óleo
precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de
Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes” (Heb.). Note
que   esse   versículo   fala   do   óleo   precioso   e   não   somente   do
óleo. O óleo precioso desce mais devagar do que o  óleo. Na
vida da igreja o óleo não corre; pelo contrário, ele se espalha
lentamente,   gradualmente   e   gentilmente.   O   precioso   óleo
espalha da cabeça de Arão até mesmo para as golas de suas
vestes. Isso indica que ele desce da cabeça para todo o Corpo.
No versículo 3 o habitar em unidade está relacionado
com o orvalho do Hermom e com o orvalho “que desce sobre
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os montes de Sião.” Hermom, uma alta montanha, significa
os céus, da qual o orvalho desce. As montanhas são as igrejas
locais e o orvalho é a graça de Cristo. Esse orvalho que desce
sobre as igrejas locais é muito refrescante. Podemos testificar
que   o   elemento   refrescante   de   Cristo   desce   sobre   nós   nas
igrejas locais. Louvado seja o Senhor pelo orvalho celestial
que desce sobre as igrejas locais para o nosso desfrute!

O   óleo   e   o   orvalho   trazem   vida.   O   versículo   3   diz,


“Porque ali o Senhor ordena a bênção, e a vida para sempre”
(v. 3, Heb.). Note que esse versículo não diz, “O Senhor deu a
benção”; ele diz “O Senhor ordena a sua benção.” Na vida da
igreja   como   a   casa   de   Deus,   nós   desfrutamos   a   benção
ordenada de vida.
Até mesmo no tempo do Antigo Testamento, quando o
povo de Deus ia para um templo material, eles desfrutavam
uma vida maravilhosa na casa de Deus. Eles se reuniam em
volta do templo e ofereciam a melhor porção da rica produção
da   boa   terra.   Então   eles   desfrutavam   dessas   ofertas   com
Deus e na presença de Deus. Essa era a vida deles, o viver
deles e a adoração deles. Eles adoravam o Senhor através de
desfrutar   das   riquezas   da   boa   terra.   Por   esse   ser   o   viver
deles, eles foram plantados e floresceram na casa do Senhor.
Esse é um retrato, uma tipologia, do que pode acontecer na
base da unidade.

OS REQUISITOS DE DEUS

A base da unidade não é simplesmente uma questão
de   uma   cidade,   uma   igreja.   A   base   da   unidade   é   mais
profunda, rica, elevada e mais plena do que isso. Devemos
aprender   que   nesse   universo   Deus   escolheu   somente   um
lugar e esse lugar é a igreja. Deus requer que venhamos a
79
esse   lugar   que   Ele   escolheu.   Espiritualmente   falando,
devemos destruir todos os lugares que não sejam a igreja e
todos os nomes que não sejam o de Cristo. Isso significa que
devemos destruir nossa cultura e nosso background religioso.
Você   nasceu   em   uma   determinada   região   desse   país.   Você
precisa destruir a influência desse lugar. Talvez você tenha
um background religioso em uma determinada denominação.
Agora   você   precisa   destruir   esse   lugar   denominacional
dentro   de   você.   Os   lugares   que   devemos   destruir   incluem
nossa disposição, temperamento e hábitos. Devemos destruir
tudo o que danifica a unidade do novo homem.
Segundo   Colossenses   3:11,   no   novo   homem   “não   há
grego   nem   judeu,   circuncisão   nem   incircuncisão,   bárbaro,
cita, escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos.” A igreja
com Cristo é o único lugar que Deus escolheu. Com o intuito
de cumprir a palavra em Colossenses 3:11, todos os outros
lugares devem ser totalmente destruídos. Devemos destruir
tudo   que   não   seja   a   igreja   com   Cristo.   Então   devemos
simplesmente   estar   na   vida   da   igreja   desfrutando   Cristo
como a riqueza da boa terra. À medida que O desfrutamos
com   Deus,   devemos   ser   plantados   na   casa   do   Senhor,
devemos   crescer   e   devemos   florescer.   Esse   é   o   caminho
adequado para se ter vida Cristã e a vida da igreja. Essa é a
base da unidade.
Nessa base não é possível ter divisão, pois a base da
divisão   foi   destruída.   Nosso   temperamento,   disposição,
características   naturais   e   preferências,   foram   todos
eliminados.   Nossa   religião,   cultura   e   formas   particulares
também foram destruídas. Tendo destruído todos os lugares
pagãos,   nós   simplesmente   vamos   ao   lugar   que   Deus
escolheu.
A   vida   da   igreja   tem   sido   enfraquecida   por   falta   de
concordância  em  destruir os  lugares pagãos. Deuteronômio
80
12 tem um grande significado espiritual para nós hoje. Em
nossa   vida   e   cultura   humana   há   vários   lugares   que
permanecem para serem destruídos. Devemos destruir todos
eles e então ir ao único lugar que Deus escolheu, a igreja. Na
igreja não pode haver nada além de Cristo. Cristo deve ser
tudo em todos. É fácil dizer isso, mas não é fácil praticar isso
de uma maneira definitiva. No entanto, não temos desculpa
de não praticar esse princípio.
Em todo lugar que deve ser destruído há uma coluna
dedicada,   um   símbolo   ou   imagem.   Isso   significa   que   até
mesmo   em   nosso   caráter   e   disposição   pode   haver   tais
colunas, símbolos ou imagens. Então, devemos destruir todos
os   lugares   com   suas   colunas,   símbolos   e   imagens.   Não
preserve nenhum  lugar. Ao invés disso, destrua­os e vá ao
lugar que Deus escolheu. Como salientamos diversas vezes,
esse lugar é a igreja. Tendo vindo para a igreja, devemos ter
somente a Pessoa de Cristo e o caminho único da cruz. Então
desfrutaremos Cristo na igreja como a melhor porção da rica
produção da terra. À medida que O desfrutamos diante de
Deus, esse desfrute se torna a nossa adoração, nossa vida da
igreja   e   até   mesmo   a   nossa   vida   Cristã   diária.   Então
cresceremos e amadureceremos na base da unidade.

81
CAPÍTULO SEIS
A BENÇÃO DE VIDA SOB O ÓLEO DA
UNÇÃO E DO ORVALHO NA
BASE DA UNIDADE (1)
Leitura Bíblica: Sl 133:1­3; Jo 17:21­23; Ef 3:16 – 4:6; 1 Jo
2:27; 1Pe 3:7

A   verdade   sobre   a   unidade  é  extensa   e   profunda.   O


pleno significado da unidade genuína revelada na Bíblia está
muito além da nossa apreensão. Por ser difícil a nós entender
a  unidade  revelada  nas  Escrituras,  o Senhor  Jesus   orou  a
respeito   dela   em   João   17   em   vez   de   falar   sobre   ela   como
continuação de Seu discurso a Seus discípulos. Eu creio que o
Senhor Jesus percebeu que seus discípulos não eram capazes
de   entender   a   questão   da   unidade.   Portanto,   Ele   fez   uma
oração com respeito a ela.
João   17   é   uma   composição   profunda,   inescrutável   e
misteriosa. Esse capítulo é em si mesmo a prova evidente de
que   a   Bíblia   é   inspirada   por   Deus.   Nenhum   ser   humano
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poderia compor tal escrito como o capítulo dezessete de João.
Durante   os   últimos   quinze   anos,   tenho   voltado   a   esse
capítulo   muitas   e   muitas   vezes.   Porém,   devo   admitir   que
tenho tocado apenas uma fração da verdade encontrada ali.

UM COMO O PAI E O FILHO SÃO UM

Os   versículos   21   a   23   são   representantes   das


profundezas desse capítulo. No versículo 21 o Senhor orou:
“A fim de que todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em mim e
eu em Ti, também sejam eles em nós.” O que é a unidade
mencionada nesse versículo? O que significa para nós sermos
um   assim   como   o   Pai   é   no   Filho   e   o   Filho   é   no   Pai?
Realmente essa unidade está além do nosso entendimento.
No versículo 22 o Senhor continua  a falar: “Eu lhes  tenho
transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um,
como nós  o somos.” Que  é a glória que o Pai  tem  dado ao
Filho e que o Filho tem dado a nós? Além disso, que significa
para   nós   sermos   um   assim   como   o   Pai   e   o   Filho   são   um?
Alguns podem pensar que essa unidade é simplesmente uma
questão   das   três   Pessoas   da   Trindade   divina   não   terem
disputa, discussão ou dissensão. De acordo com esse conceito
de unidade, ser um  significa  estar  em  harmonia  e  não  ter
desentendimentos.   Aqueles   que   entendem   o   versículo   22
dessa   maneira   dizem   que   se   um   bom   número   de   Cristãos
podem   se   reunir   sem   discussão   ou   dissensão,   eles   são   um
assim como o Pai e o Filho são um.  
Essa   compreensão   da   unidade   é   muito   superficial.
Certamente   a   unidade   aqui   não   é   meramente   aquela   de
grupos particulares reunidos em harmonia e conformidade.
Aqui o Senhor diz que Ele tem nos dado a própria glória que
o Pai tem dado a Ele para que possamos ser um no Pai e no
Filho. Isso mostra a unidade que existe na natureza divina e

83
no ser divino. Os Três do Deus Triúno são um na natureza e
no ser deles.
A unidade dos Cristãos em Cristo deve ser essencial­
mente a mesma. O uso da palavra glória aqui confirma isso.
Por termos recebido do Filho a própria glória que Ele recebeu
do Pai, podemos ser um assim como o Pai e o Filho são um.
Isso   mostra   que   unidade   não   é   a   mera   soma   de   grupos
individuais,   mas   uma   unidade   que   está   relacionada   com
natureza e essência. Do contrário, a palavra glória não seria
usada  nesse  versículo.  Glória   é  o  próprio  fator  de  unidade
aqui.   A   glória   foi   dada   a   nós   para   que   possamos   ser   um
assim como o Pai e o Filho são um. Por isso, a glória do Ser
divino   é   o   fator   de   unidade   entre   aqueles   que   crêem   em
Cristo. 
O versículo 23 diz: “Eu neles e Tu em mim, a fim de
que sejam aperfeiçoados na unidade.” Mais uma vez vemos
que essa não é uma mera unidade de adição. Os Cristãos não
são simplesmente somados juntos para ser um. O versículo
23   é   ainda   mais   forte   do   que   os   versículos   21   e   22   com
respeito   a   unidade,   pois   fala   do   nosso   ser   aperfeiçoado   na
unidade. Isso indica que podemos ser um, mas nossa unidade
pode   estar   apenas   no   estágio   inicial.   Ela   pode   não   ter
crescido ainda ou ter alcançado a perfeição. 
Embora   possamos   mostrar   certas   coisas   sobre   esses
versículos,   não  podemos   entendê­los   adequadamente.  Além
disso,   é   difícil   para   nós,   mesmo   após   tê­los   lido   muitas   e
muitas vezes, expor o ponto principal em cada versículo. Isso
prova   que   a   unidade   sobre   a   qual   o   Senhor   orou   nesse
capítulo está muito além da nossa compreensão. 

84
O MESCLAR DO DEUS TRIÚNO
COM OS CRISTÃOS

Na   Bíblia   existem   quatro   grandes   capítulos   sobre   a


questão da unidade. Deuteronômio 12, Salmo 133, João 17 e
Efésios 4 com a última parte de Efésios 3. Seria uma grande
perda e falta de entendimento separar Efésios 4:1­6 de 3:16­
21. É muito útil, no entanto, quando todos esses versículos
são lidos  juntos  como um   todo.  A  unidade mencionada   em
4:1­6 está intimamente relacionada com o que é abordado em
3:16­21. Portanto, a palavra em 4:1 indica isso. Ela mostra
que   esses   versículos   no   capítulo   quatro   são   o   resultado
daquilo que imediatamente os precedem no capítulo três. Em
3:16­21 Paulo orou para que o Pai nos fortalecesse mediante
o   seu   Espírito   em   nosso   homem   interior,   para   que   Cristo
fizesse Sua morada em nossos corações, para que fôssemos
arraigados   e   alicerçados   em   amor   e   fôssemos   fortes   para
compreender   com   todos   os   santos   qual   é   a   largura,   e   o
cumprimento,   e   a   altura,   e   a   profundidade,   e   para   que
conhecêssemos   o   amor   de   Cristo   que   excede   todo   enten­
dimento e para que fôssemos tomados de toda plenitude de
Deus. O resultado é que, segundo o poder que opera em nós,
haja glória para Deus na igreja e em Cristo Jesus. Na luz de
tudo isso, Paulo declara: “Rogo­vos, pois, eu, o prisioneiro no
Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes
chamados.”   Como   o   contexto   deixa   claro,   andar   de   modo
digno   do   Senhor   é   principalmente   preservar   a   unidade   do
Espírito. Nos versículos 4 a 6, Paulo continua a mostra que a
unidade do espírito é o próprio Deus Triúno. Paulo fala do
Corpo e do único Espírito, do único Senhor e do único Deus e
Pai. O fato do Corpo e do Deus Triúno serem mencionados
juntos indica que a unidade é na verdade o mesclar do Deus
Triúno com os Cristãos. 
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Em Efésios 3 Paulo se refere aos Três do Deus Triúno.
Ele   ora   ao   Pai   para   fortalecer   os   santos   mediante   Seu
Espírito no homem interior para que Cristo possa fazer Sua
morada   em   seus   corações.   Aqui,   temos   o   Pai,   o   Espírito   e
Cristo   (o   Filho).   Então,   no   capítulo   quatro   Paulo   fala   do
Espírito, do Senhor e do Pai. Ele se refere ao Deus Triúno
com relação à unidade do Espírito e do Corpo. Isso indica que
a unidade não é meramente uma questão de adição, mas do
mesclar   do   Deus   Triúno   com   os   Cristãos.   Unidade   é   o
mesclar do Deus processado com os Cristãos. 
Muitas referências ao Deus Triúno, especialmente nas
Epístolas,   mostram   o   processo   pelo   qual   Deus   passou.   No
Novo Testamento o Deus Triúno – o Pai, o Filho, o Espírito –
é   revelado   claramente   em   relação   à   encarnação,   viver
humano,   crucificação   e   ressurreição   de   Cristo.   Em   Mateus
28:19 o Senhor Jesus incumbiu Seus discípulos a discipular
as   nações   e   batizá­las   “em   nome   do   Pai,   do   Filho   e   do
Espírito.”   Antes   da   ressurreição   de   Cristo,   as   pessoas   não
podiam ser batizadas no nome do Deus Triúno. Somente após
Deus   ter   sido   processado   pela   encarnação   de   Cristo,   viver
humano, crucificação e ressurreição os Cristãos puderam ser
batizados   no   nome   do   Pai,   do   Filho   e   do   Espírito.   Ser
batizado,   imerso,   nesse   nome   do   Deus   processado   é
participar   do   Deus   processado.   Além   disso,   nas   Epístolas
vemos   que   o   Deus   Triúno   processado   é   para   nossa
participação e desfrute. Portanto, consequentemente o Deus
Triúno torna­se mesclado a nós. Essa mescla é a unidade.  
A   mera   unidade   de   adição   é   muito   superficial.   A
unidade   revelada   na   Bíblia   é   a   mescla   do   Deus   Triúno
processado   com   Seu   povo   escolhido.   Se   virmos   isso,   então
poderemos entender mais facilmente a oração do Senhor com
relação à  unidade em  João 17. A unidade em  João 17  é a
mescla   da   divindade   com   a   humanidade.   Porém,   não
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queremos   falar   simplesmente   da   divindade   em   si,   mas   da
divindade   após   ter   sido   processada   pela   encarnação,   viver
humano, crucificação e ressurreição. Tendo passado por tal
processo,   o   Deus   Triúno   torna­se   nossa   porção   e   desfrute.
Como o Espírito que dá vida, Ele Se mescla com aqueles que
Nele crêem.
Com esse conceito de unidade em mente, vamos voltar
a João 17:21. Temos visto que aqui o Senhor orou para que
“todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti,
também sejam eles em Nós.” Aqui o Senhor diz que Ele está
no Pai e que o Pai está Nele. Isso, sem dúvida, indica que o
Pai e o Filho estão mesclados. Essa mescla é a unidade entre
o Pai e o Filho. A unidade entre o Pai e o Filho é que o Pai
está no Filho e que o Filho está no Pai. O Senhor orou para
que   fôssemos   um   da   mesma   maneira,   até   mesmo   que
fôssemos um “em Nós”, isto é, no Deus Triúno.

UNIDADE NA GLÓRIA DIVINA

No versículo 22 o Senhor disse que a glória que o Pai
deu a Ele, Ele tem dado a Seus santos “para que sejam um,
como   Nós   o   somos”.   Glória   é   a   expressão   de   Deus.   Essa
expressão foi dada ao Filho. O Pai deu ao Filho a glória para
expressá­Lo na vida divina. Agora essa glória foi dada a nós
pelo Filho para que possamos ser um assim como o Pai e o
Filho   são   um.   Essa   unidade   é   a   unidade   na   glória   divina
para a expressão corporativa de Deus. 

APERFEIÇOADOS NA UNIDADE

No versículo 23 o Senhor continua: “Eu neles e Tu em
Mim,  a   fim   de  que  sejam   aperfeiçoados   na   unidade”.  Aqui
vemos a mescla do Deus processado com os que creram. As

87
palavras Eu, eles e Tu se referem a Cristo, aos Cristãos e ao
Pai  respectivamente. O  Filho está   nos   que creram   e o Pai
está no Filho. Essa é a mescla do Deus Triúno com os santos.
Como resultado de tal mesclar, podemos ser aperfeiçoados na
unidade.
Talvez você esteja se perguntando o que significa ser
aperfeiçoado na unidade. No dia que cremos em Cristo, nós
entramos nessa unidade. Porém, nós ainda temos problemas
com   nosso   homem   natural,   nossa   constituição   natural   e
nossa disposição natural. Mas, quanto mais experimentamos
Cristo, o Espírito que da  vida, mais  todos esses elementos
naturais são reduzidos. Como eles são reduzidos por meio de
nossa  experiência   do Deus   Triúno,  somos  aperfeiçoados   na
unidade. 
Todos nós precisamos ficar impressionados com o fato
de que a unidade revelada na Bíblia não é uma questão de
ajuntar os Cristãos para formar uma união harmoniosa. Tal
conceito   de   unidade   é   natural   e   superficial.   De   novo
queremos   dizer   que   unidade   é   a   mescla   do   Deus   Triúno
processado com os Cristãos. Tendo visto essa unidade como é
revelada em João 17 e Efésios 4, vamos agora considerar o
Salmo 133. 

DOIS ASPECTOS DA UNIDADE

Esse Salmo é tão profundo que é difícil falar sobre ele.
O   versículo   1   diz:   “Oh!   Quão   bom   e   agradável   é   para   os
irmãos viverem juntos na unidade!” Note que o salmista usa
dois   adjetivos   para   descrever   os   irmãos   vivendo   juntos   na
unidade. Ele diz que isso é bom e agradável. O motivo de dois
adjetivos   serem   usados   é   que   nos   versículos   seguintes,
vivendo juntos na unidade é comparado a duas coisas: ao óleo
precioso sobre a cabeça de Arão e o orvalho de Hermon nos
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montes   de   Sião.   Esses   dois   adjetivos   apontam   para   dois
aspectos da unidade. A unidade é boa e agradável: boa como
o   óleo   precioso   e   agradável   como   o   orvalho   que   desce.
Desses aspectos, o primeiro – Arão – é uma pessoa e o
segundo – Sião – é um lugar. Você já viu que a igreja tem
esses dois aspectos? Por um lado, a igreja é uma pessoa; por
outro lado, a igreja é um lugar. Como uma pessoa, a igreja
inclui a Cabeça com o Corpo. Como um lugar, a igreja  é a
habitação de Deus. Em outros lugares na Bíblia, vemos que a
igreja é a Noiva, o novo homem e a guerreira. Esses, porém,
são aspectos da igreja como uma pessoa. Na verdade, a igreja
tem   somente   dois   aspectos   principais:   o   aspecto   de   uma
pessoa e o aspecto de uma habitação. Relacionado com esses
dois aspectos da igreja estão o óleo e o orvalho.

O ÓLEO QUE SE ESPALHA E O
ORVALHO QUE DESCE

Embora   no   versículo   2   da   Versão   King   James


mencione   ungüento,   a   maioria   das   outras   versões   usa   a
palavra  Hebraica  para  óleo.  Esse  óleo se refere  ao  óleo da
unção   descrito   em   Êxodo   30.   Aquele   óleo   da   unção   é   um
ungüento   composto   formado   pelo   misturar   de   quatro
especiarias   com   azeite   de   oliveira.   Arão,   seus   filhos,   o
tabernáculo e todas as coisas relacionadas com o tabernáculo
eram ungidos com esse ungüento. Segundo o Salmo 133, esse
ungüento,   esse   óleo   da   unção   composto,   estava   sobre   uma
pessoa, Arão. Temos chamado à atenção ao fato de que, em
comparação,   o   orvalho   refrescante,   irrigador   e   saturador
estava sobre um lugar, os montes de Sião. 
Nem   o   óleo   da   unção,   nem   o   orvalho   moviam­se
rapidamente.   O  orvalho  não  caia  como  chuva;  ele  descia   e
vinha   de   uma   maneira   gradual.   Da   mesma   maneira,   o

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ungüento,   na   verdade,   não   escorria   debaixo   da   barba   de
Arão; ele se espalhava sobre sua barba e então descia para a
gola   de   suas   vestes.   A   raiz   Hebraica   quer   dizer   espalhar,
como o espalhar sobre uma superfície. Ela também significa
estender,   como   estender   uma   cobertura,   uma   coberta   de
cama, sobre ela. Por isso, o óleo da unção na cabeça de Arão
se   estendia   sobre   sua   barba;   ele   não   escorria   abaixo
rapidamente sobre sua barba. O ungüento se estendia suave
e lentamente. 
No mesmo princípio, o orvalho descia sobre os montes
de Sião. Em nosso hinário, existe um hino sobre “chuvas de
benção”   (Hymns  260).   Tais   chuvas   espirituais   é   um   tanto
Pentecostal em natureza. Tenho uma maior apreciação pelo
espalhar   do   ungüento   e   o   descer   do   orvalho   do   que   pelas
chuvas   de   bênçãos.   Chuvas   não   estão   relacionadas   com
unidade. A unidade genuína é constituída do ungüento que
se espalha e do orvalho que desce. 

UNGIDO COM O DEUS TRIÚNO PROCESSADO
Temos visto enfaticamente que a verdadeira unidade é
a   mescla   do  Deus   processado  com  os   crentes.  Embora   isso
seja   revelado   no   Novo   Testamento,   não   vemos   no   Novo
Testamento a maneira de praticar essa unidade. A maneira
de   praticar   essa   mescla   está   no   Salmo   133.   O   óleo   no
versículo 2 é um tipo do Deus Triúno processado que hoje é o
Espírito composto todo­inclusivo. Conforme Êxodo 30, o óleo
da   unção   é   um   composto   formado   pela   mistura   de   quatro
especiarias com um him de azeite de oliveira.
Esse composto tipifica o Espírito todo­inclusivo que é o
Deus   processado   para   nosso   desfrute.   Nesse   Espírito
composto   não   temos   apenas   a   divindade,   mas   também   a
humanidade de Cristo, a eficácia de Sua morte e o poder de
Sua ressurreição. Em outras palavras, o Espírito composto é
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o   Deus   processado   com   os   atributos   divinos,   as   virtudes
humanas,   a   eficácia   da   morte   de   Cristo   e   o   poder   da
ressurreição de Cristo.
Na   vida   da   igreja,   esse   Espírito   composto   está
continuamente nos ungindo. O ungüento pode ser comparado
à tinta e o ungir à aplicação dela. Quando pinta uma cadeira,
você   pode   dar   uma   demão   de   tinta   após   outra.   Quando   o
Espírito composto nos unge, Ele nos “pinta” e a “tinta”  é o
próprio Deus Triúno. Nessa “tinta”, temos a humanidade de
Cristo, a eficácia de Sua morte e o poder de Sua ressurreição.
Também   temos   a   divindade   e   o   viver   humano   de
Cristo.   Quando   todos   esses   ingredientes   do   ungüento   são
aplicados   a   nós,   somos   “pintados”   com   o   Deus   Triúno
processado e com todos os elementos do óleo composto. A vida
da igreja adequada é uma vida na unidade que é a mescla do
Deus  Triúno   processado  com   os   crentes.  Quando   permane­
cemos   nessa   unidade,   somos   “pintados”   com   o   ungüento.
Quanto   mais   somos   “pintados”   dessa   maneira,   mais   nossa
constituição  natural,   temperamento  e  disposição  são  elimi­
nados. O que fica é a mescla do Deus Triúno processado com
nossa humanidade elevada. Isso é a unidade.
Em tal unidade não é possível ter divisão, nem mesmo
dissensão.  Nessa   unidade não há  espaço  nem  mesmo para
nossa opinião. Embora precisemos experimentar muito mais
da “pintura” divina que nos introduz na unidade, temos tido
pelo menos alguma experiência disso na vida da igreja. Pelo
menos,   até   certo   ponto,   todos   temos   entrado   na   unidade.
Quando   estávamos   nas   denominações   ou   nos   grupos
independentes,   achávamos   fácil   sermos   críticos   e   dar
opiniões. Mas na igreja, o elemento discordante e os fatores
divisivos são restringidos. Esse é o efeito da unidade. Quanto
mais a “tinta” do Deus Triúno processado é aplicada ao nosso
ser, mais difícil será para nós sermos divididos.
91
Por   meio   da   aplicação   da   “tinta”   celestial,   somos
introduzidos na unidade genuína, não na unidade superficial
que é segundo o conceito natural. Estamos na unidade que é
o Deus Triúno processado “pintado” em nosso próprio ser.
Como temos enfatizado, esse ungüento, essa “pintura”
divina   não   escorre   para   baixo;   ela   se   espalha.   Quero   que
minha   casa   seja   pintada   com   tinta   que  vai  fixar,   não  com
tinta que vai escorrer paredes abaixo como água. Do mesmo
modo, quando o ungüento  é  aplicado a nós, ele se fixa em
nosso ser interior; ele não escorre para baixo.
O   escorrer   do   ungüento   é   como   as   experiências   no
pentecostalismo ou no movimento carismático. Experiências
desse   tipo   passam   rapidamente.   Na   vida   da   igreja,   no
entanto,   a   bênção   espiritual   vem   a   nós   gradualmente,
lentamente   e   suavemente.   Mas,   uma   vez   que   ela   chega,
permanece. Uma vez que a “tinta” é aplicada a nós, ela fica.
Depois   que   somos   cobertos   com   o   óleo   da   unção,   a
cobertura   permanece   para   sempre.   Nada   pode   erradicá­la.
A unção não nos faz ter muito sentimento em nossa
emoção. Aquelas  experiências  que  vêm  e  vão  rapidamente,
pelo contrário, agitam nosso sentimento. Mas essa não é a
experiência   normal   na   vida   da   igreja.   Na   vida   da   igreja
experimentamos   o   espalhar   gradual   do   ungüento   todo­
inclusivo.   Por   exemplo,   na   reunião   de   oração   da   igreja
podemos receber uma ou duas “camadas” de “tinta” sem ter
muito   sentimento   a   respeito   dela.   Como   temos   visto,   esse
ungüento   tem   muitos   ingredientes.   Quão   gratos   somos   ao
Senhor   por   Sua   restauração.   Dia   a   dia   na   vida   da   igreja,
todos os ingredientes do óleo divino estão sendo forjados em
nós. Por meio da aplicação desses ingredientes em nosso ser
interior,   estamos   espontaneamente   na   unidade.   Encontra­
mos   muitíssima   dificuldade   em   ser   divisivos   ou   mesmo
dissidentes. Quão bom, amável e desfrutável é a unidade na
92
igreja! A única maneira de sermos divisivos é tomarmos uma
forte   decisão   contrária   ao   nosso   ser   interior.   Somos   um
espontaneamente   porque   fomos   “pintados”   com   todos   os
elementos da “tinta” celestial.

O DEUS TRIÚNO PROCESSADO
APLICADO A NOSSO SER

A   base   da   unidade   é   simplesmente   o   Deus   Triúno


processado aplicado ao nosso ser. Essa é a unidade na qual
nos   encontramos   hoje.   Nós   não   estamos   numa   unidade
produzida pelo ajuntamento daqueles que crêem em Cristo.
Nesse   tipo   de   unidade   é   muito   fácil   ter   subtração   tanto
quanto adição. Porém, uma vez  que fomos  introduzidos  na
unidade produzida pela aplicação do Deus Triúno processado
ao   nosso   ser,   é   muito   difícil   ter   qualquer   subtração.   Essa
unidade   é   completamente   diferente   da   unidade   no
cristianismo   de   hoje.   A   unidade   no   cristianismo   envolve
adição   e   subtração.   Mas,   a   unidade   nas   igrejas   na
restauração do Senhor envolve a aplicação do Deus Triúno ao
nosso ser interior. 

PARA A CABEÇA COM O CORPO

O óleo não é para indivíduos; ele é para o Corpo. Ele
não pode ser experimentado por aqueles que estão apartados
e separados do Corpo. Segundo a figura no Salmo 133, o óleo
está   sobre   a  cabeça.  Então,   ele  se  espalha   para   a   barba   e
desce   para   a   gola   das   vestes.   Isso   indica   que   se   somos
individualistas,   não   podemos   experimentar   o   óleo.   Alguns
podem   argumentar   que  podem   contatar  o  Senhor   sozinhos
em casa. Não duvido que possam. A questão crucial, porém, é
se somos um com a igreja ou não. Se somos um com a igreja,

93
então   podemos   contatar   o   Senhor   sozinhos   em   casa
adequadamente.   Mas,   se   nos   separarmos   da   igreja,   nosso
contato com o Senhor será completamente diferente. Isso  é
porque o óleo da unção não é para membros individuais; ele é
para a Cabeça e o Corpo, mesmo para a Cabeça com o Corpo.
Por   isso,   para   ser   “pintado”   pelo   óleo,   devemos   estar   na
igreja. Então, desfrutamos espontaneamente a aplicação do
óleo   da   unção   com   todos   os   seus   elementos.   Quão   mara­
vilhosa é a unidade produzida pela aplicação desse óleo!

GRAÇA – O DEUS TRIÚNO COMO
NOSSO SUPRIMENTO DE VIDA
PARA NOSSO DESFRUTE

Segundo o Salmo 133:3, a unidade também é como o
orvalho que desce sobre os montes de Sião. O óleo da unção
está sobre a pessoa, Arão, mas o orvalho está sobre o lugar,
Sião. O orvalho significa a graça de vida (1Pe 3:7). A graça de
vida é o suprimento de vida. Na vida da igreja não estamos
apenas debaixo do óleo; nós também recebemos o suprimento
e   a   graça   de   vida.   Quando   somos   ungidos,   também   somos
agraciados. 
Suponha dois irmãos que vivem juntos numa casa de
irmãos e que estão tendo dificuldades de conviverem juntos.
Porém, através da participação deles na vida da igreja, eles
são agraciados e recebem o suprimento de vida. Espontânea­
mente,   eles   não   vão   apenas   suportar   um   ao   outro,   mas
realmente   amar   um   ao   outro.   Essa   é   a   experiência   do
orvalho, a graça. 
O   apóstolo   Paulo   experimentou   a   graça   do   Senhor
abundantemente. Ele orou três vezes para que o “espinho”
que o estava afligindo fosse removido. O Senhor respondeu
que   Sua   graça   era   suficiente   a   ele.   Por   essa   palavra,   o
94
Senhor indicou que não tiraria o espinho, mas supriria Paulo
com Sua suficiente graça. 
Em 2 Coríntios 13:13, Paulo abençoa a igreja com as
palavras: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus,
e a comunhão do Espírito Santo, sejam com todos vós” (Gk).
Esse versículo indica que graça é o Deus Triúno processado
para ser nosso suprimento de vida. Enquanto o óleo significa
o Deus  Triúno  processado que  é  “pintado”  em  nosso ser, o
orvalho significa o Deus Triúno que é nosso suprimento de
vida   para   nosso   desfrute.   Portanto,   na   vida   da   igreja,
diariamente somos ungidos e agraciados. Somos “pintados”
com   o   Deus   processado   e   somos   agraciados   com   o   mesmo
Deus processado como nosso suprimento de vida. Esse óleo e
esse suprimento tornam possível vivermos em unidade. Nas
palavras do Salmo 133, essa unidade é como o óleo da unção
e   o   orvalho.   Debaixo   do   óleo   da   unção   e   do   orvalho,
experimentamos a benção de vida na base da unidade. 

95
CAPÍTULO SETE
A BENÇÃO DE VIDA SOB O ÓLEO DA
UNÇÃO E DO ORVALHO NA
BASE DA UNIDADE (2)
Leitura   Bíblica:   Sl   133:1­3;   Jo   1:14,   16­17;   At   4:33;   11:23;
13:43; 14:26; Rm 5:2, 17, 20­21; 1Co 15:10; 2Co 1:12; 9:8,
14; 12:9; 13:14; Ef 2:7; 1Tm 1:14; 1Pe 3:7; 4:10; 5:10a; Gl
6:18; Ap 22:21

Segundo o Novo Testamento, a unidade dos Cristãos
ou   da   igreja,   é   misteriosa,   pois   ela   está   intimamente
relacionada   com   o   Deus   Triúno   processado.   João   17:21­23
indica que os Cristãos são um no Deus Triúno, assim como o
Pai está no Filho e o Filho está no Pai. Por estarem no Deus
Triúno, os Cristãos são um. Além disso, João 17:22 diz que a
glória que o Pai deu ao Filho foi dada pelo Filho aos Cristãos,
para que possam ser um assim como o Pai e o Filho são um.
Então, o versículo 23 prossegue ao falar de ser aperfeiçoados
na   unidade.   Quando   cremos,   entramos   nessa   unidade
misteriosa. Agora, devemos prosseguir em ser aperfeiçoados
gradualmente nessa verdadeira unidade. 

A MESCLA DO DEUS TRIÚNO COM
O CORPO DE CRISTO

Em Efésios 4:4­6 Paulo lista sete aspectos da unidade:
um Corpo, um Espírito, uma esperança, um Senhor, uma fé,

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um   batismo   e   um   Deus   e   Pai   de   todos.   Esses   versículos
também mostram a mescla misteriosa do Deus Triúno com o
Corpo de  Cristo. Essa  mescla   é  a  unidade  dos  Cristãos. O
Espírito no versículo 4   é, sem  dúvida,  o Espírito composto
todo­inclusivo que está dentro do Corpo e dá vida ao Corpo.
Segundo 1 Coríntios 13:13, o Corpo veio a existência por meio
do   batismo   desse   Espírito   todo­inclusivo.   Tendo   sido
batizados   em   um   Espírito,   devemos   prosseguir   em   beber
desse Espírito. Isso indica que a existência do Corpo depende
do Espírito que dá vida todo­inclusivo. Além disso, o Corpo
continua a existir por meio de o nosso beber desse Espírito.
Qualquer   coisa   que   bebemos   torna­se   mesclada   com   nosso
ser interior, com nosso sangue e com a própria fibra do nosso
tecido orgânico. Isso é o mesmo com o Espírito que dá vida.
Efésios 4:5  Paulo coloca junto o  único Senhor  com  a
única fé e o único batismo. Nós entramos no Senhor por meio
da fé e do batismo. Ter fé no Senhor significa crer Nele. É
claro, ser batizado Nele é ser colocado Nele. Quando cremos
Nele e fomos batizados Nele, nos tornamos um com Ele; isto
é, fomos mesclados com Ele. 
No versículo 6 Paulo diz: “um só Deus e Pai de todos, o
qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” O
único Deus e Pai está sobre tudo objetivamente, age de um
modo que é parcialmente objetivo e parcialmente subjetivo e
está   em   todos   subjetivamente.   Por   isso,   o   Espírito   está
mesclado com o Corpo, o Corpo está no Senhor e o Pai é sobre
todos, age por meio de todos e está em todos. Essa é uma
figura   do   mesclar   do   Deus   Triúno   com   o   Corpo   de   Cristo.
Nessa   unidade,   temos   a   única   esperança,   a   esperança   da
nossa glorificação vindoura. 
Essa  unidade  é completamente diferente da unidade
no cristianismo de hoje, que é uma mera unidade de adição.
Tal   unidade   de   adição   pode   também   levar   a   subtração.   A
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unidade   revelada   na   Bíblia   é   a   mescla   do   Deus   Triúno
processado com Seu povo escolhido. Por isso, a unidade nas
Escrituras é uma mescla de pessoas, uma mescla da Pessoa
divina, o Deus Triúno, com as pessoas que crêem em Cristo.
O   Deus   Triúno   que   está   mesclado   conosco   passou   pelo
processo   de   encarnação,   viver   humano,   crucificação   e
ressurreição. Essa unidade genuína referindo­se a tal mescla
maravilhosa é a revelação clara em João 17 e Efésios 4. 

UM TIPO DA UNIDADE GENUÍNA

Agradecemos ao Senhor por existirem tipos no Antigo
Testamento   de   quase   todas   as   coisas   espirituais   no   Novo
Testamento. Um dos tipos da unidade genuína é encontrado
em   Deuteronômio  12.  Nesse  capítulo  a   boa   terra   tipifica   o
Cristo   todo­inclusivo,   enquanto   que   as   montanhas,   os
outeiros  e  as   árvores  frondosas   tipificam   vários  centros  de
adoração.   As   ofertas   mencionadas   nesse   capítulo   tipificam
vários  aspectos  das riquezas  de Cristo. Sim, Deuteronômio
12 é o registro de uma exortação dada aos filhos de Israel ao
entrarem   na   boa   terra.     Mas,   os   detalhes   dessa   exortação
também são tipos, não apenas instruções  que foram dadas
literalmente   por   Deus   ao   povo   na   época.   Podemos   usar   o
cordeiro Pascal como ilustração de algo que tinha tanto um
significado literal quanto simbólico. O próprio cordeiro que
era imolado no período da Páscoa, também era um tipo de
Cristo   como   nosso   Redentor.   No   mesmo   princípio,   o   maná
comido pelos filhos de Israel no deserto era um tipo de Cristo
como nossa comida celestial. Esse princípio também se aplica
à   boa   terra   em   Deuteronômio   12.   A   terra   não   era   apenas
uma   região   física   possuída   pelos   filhos   de   Israel;   ela   era
também um tipo do Cristo todo­inclusivo. Nesse capítulo, o
povo escolhido de Deus foi ordenado a ir ao  único lugar da

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escolha   Deus.   Esse   lugar   foi   eleito   por   Deus   a   fim   de
preservar a unidade dos filhos de Israel. Esse lugar não era
apenas   uma   localização   atual   na   terra   de   Canaã,   mas
também um tipo da unidade genuína dos Cristãos em Cristo
hoje. 

O CRISTO CORPORATIVO

No Salmo 133 a unidade do povo de Deus é comparada
ao óleo precioso e ao orvalho. O óleo precioso sobre a cabeça
de Arão se espalha sobre a barba e por fim desce para a gola
de suas vestes. Essa figura da unidade está relacionada com
uma   pessoa,   Arão,   um   tipo   de   Cristo   em   Seu   ministério
sacerdotal.   Como   o  Sumo  Sacerdote,   Cristo  serviu   a   Deus,
realizou o propósito de Deus e cumpriu o desejo do coração de
Deus.   Porém,   no   Salmo   133   Arão   não   tipifica   apenas   o
próprio Cristo, mas Cristo com Seu Corpo. Isso significa que
aqui,   Arão,   tipifica   o   Cristo   corporativo,   a   cabeça   com   o
Corpo.   A   igreja   num   sentido   muito   real   é   o   Cristo
corporativo. A igreja é, dessa maneira, uma grande pessoa
universal   com   diversos   aspectos:   os   aspectos   do   Corpo,   da
Noiva, do novo homem e da guerreira. Todos esses aspectos
da igreja estão relacionados com a pessoa. 

AS MUITAS IGREJAS LOCAIS

No Salmo 133 a unidade do povo de Deus também é
comparada   com   o   orvalho   do   Hermom   que   desce   sobre   os
montes   de   Sião.   Esses   montes   tipificam   as   igrejas   locais.
Cada igreja local é um monte de Sião. Existe uma Sião, mas
os muitos montes significam as muitas igrejas locais. Como
uma pessoa, a igreja é unicamente uma. Como um lugar, a
igreja, por um lado, é a única Sião; mas, por outro lado, ela é

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os muitos montes da única Sião. Embora exista uma igreja
no   universo,   contudo,   existem   muitas   igrejas   locais.   Cada
igreja   local   é   um   pico   dentre   os   muitos   montes   de   Sião.
Portanto,   a   pessoa   é   universal,   mas   os   montes   são   locais.
Nossa unidade é como o óleo precioso sobre Arão e como o
orvalho   sobre   os   montes   de   Sião.   A   habitação   de   Deus,   o
templo, estava localizada em Sião. Por um lado, a igreja  é
uma pessoa; por outro lado, ela é um lugar. Sobre a pessoa
há o óleo e sobre o lugar há o orvalho.

A CONSUMAÇÃO FINAL DO
DEUS TRIÚNO PROCESSADO

O   óleo   precioso   no   Salmo   133   é   o   óleo   descrito   em


Êxodo 30.  Esse  óleo é uma  figura  do  Espírito que dá  vida
todo­inclusivo   e   composto   com   os   elementos   da   divindade,
humanidade, viver humano, a eficácia da morte de Cristo e o
poder da ressurreição de Cristo. Esse Espírito todo­inclusivo
é a expressão do Deus processado. Tenho encargo do Senhor
de   falar   sobre   esse   assunto   repetidamente   até   todos   nós
sermos profundamente impressionados com ele. 
No primeiro capítulo do Evangelho de João, é nos dito
que a Palavra, a qual estava no princípio com Deus e que era
Deus,   tornou­se   carne   e   tabernaculou   entre   nós,   cheio   de
graça   e   verdade   (1:1,   14).   Essa   Palavra,   Cristo,   viveu   na
terra por trinta e três anos e meio. Então, Ele passou pela
crucificação   e   na   ressurreição   tornou­se   o   Espírito   que   dá
vida. O Espírito que dá vida é a consumação final do Deus
processado. Em João 14 a 16 vemos que o Senhor Jesus era
um com o Pai. Vê­Lo era ver o Pai (14:9). Em 14:10 o Senhor
Jesus disse: “Não crês que Eu estou no Pai e que o Pai está
em Mim? As palavras que Eu vos digo não as digo por Mim
mesmo;   mas   o   Pai   que   permanece   em   Mim,   faz   as   Suas

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obras.” Como o Senhor falou, o Pai trabalhou. Nesse capítulo,
o Senhor continuou a dizer aos discípulos que o Espírito da
realidade,   na   verdade,   era   Ele   mesmo   percebido.   Isso
significa   que   quando   o   Espírito   habitou   nos   discípulos,   o
próprio   Senhor   estava   habitando   neles.   Por   isso,   o   Pai,   o
Filho e o Espírito são o Deus Triúno singular.
Passando   pelas   várias   etapas   de   um   processo,   esse
mesmo Deus Triúno tornou­se o Espírito todo­inclusivo. João
7:39 diz: “O Espírito até esse momento não fora dado, porque
Jesus não havia sido ainda glorificado.” O Espírito prometido
nos   capítulos   catorze   a   dezesseis   é   o   Espírito   referido   em
7:39. Por receber o Espírito como a consumação final do Deus
Triúno  processado, nós   somos   um  com  o  Deus  Triúno.   Por
essa   razão,   após   falar   do   Espírito   no   capítulo   catorze,   o
Senhor   continua   a   falar   no   capítulo   quinze   que   se   nós
permanecermos   Nele,   Ele   permanecerá   em   nós.   Segundo
14:23, se amarmos o Senhor, o Pai e o Filho virão a nós e
farão morada conosco. Essa morada é uma mútua habitação
para o Deus Triúno habitar nos Cristãos e para os Cristãos
habitarem   no   Deus   Triúno.   Esse   mútuo   habitar   é   uma
questão de mesclar. 
Após falar as palavras registradas em João 14 a 16, o
Senhor   Jesus   fez   a   oração   ao   Pai   registrada   no   capítulo
dezessete.   A   linguagem   dessa   oração   é   completamente
divina.   Nessa   oração,   o   Senhor   se   refere   à   mescla
maravilhosa e misteriosa do Deus Triúno processado com os
Cristãos.   Mais   uma   vez   mostramos   que   essa   mescla   é   a
unidade. 

O ELEMENTO DA NOSSA UNIDADE

Essa unidade se torna real e prática por meio da unção
que   está   sobre   Cristo   a   Cabeça   e   que   se   espalha   sobre   o

101
Corpo. Desde que permaneçamos no Corpo, compartilhamos
o óleo. Nesse óleo somos um. Por isso, a unção do Espírito
que dá vida todo­inclusivo e composto é o elemento da nossa
unidade.   Isso   significa   que   somos   um   como   membros   da
igreja   e   estamos   debaixo   da   unção   do   Espírito.   Se   não
estamos   debaixo   dessa   unção,   não   podemos   ser   um   com
ninguém, nem mesmo com nós mesmos. 
A  unidade  não depende  da   nossa  habilidade natural
para se dar bem com os outros. Alguns Cristãos podem até
mesmo ser orgulhosos de ter o tipo de disposição que torna
fácil  para  eles  ser um  com  as  outras pessoas. Porém, esse
tipo de unidade não é a unidade preciosa revelada na Bíblia.
Na   verdade,   é   um   tipo   de   unidade   muito   desagradável   e
inadequada.   Uma   pessoa   que   se   vangloria   desse   tipo   de
unidade, na verdade, não é capaz de ser um com os outros
por um longo período de tempo. Pelo contrário, pode por fim
causar um grande número de tumultos. A unidade genuína
consiste na unção do Espírito todo­inclusivo e composto como
a consumação final do Deus Triúno. Somente debaixo de tal
unção   temos   de   fato   uma   unidade   genuína   e   imutável.
Milhares   de   irmãos   podem   testificar   da   unidade   que
desfrutamos debaixo da unção do Espírito composto. Nossa
unidade tem sua fonte na mescla misteriosa do Deus Triúno
processado   com   os   Cristãos.   Como   mostramos   no   capítulo
anterior, quanto mais somos cobertos com o  óleo composto,
mais somos um. Louvado seja o Senhor que o Espírito todo­
inclusivo está continuamente nos “pintando”!

HABITANDO NUM DOS “PICOS”

O aspecto pessoal da igreja é prático, mas o aspecto do
lugar   é   ainda   mais   prático.   Com   respeito   à   igreja   como   a
pessoa   universal,   podemos   não   ter   quaisquer   problemas.

102
Porém, com relação à igreja como os montes locais de Sião,
podemos ter problemas, pois podemos não estar felizes com a
igreja   em   nossa   localidade   e   podemos   desejar   mudar   para
outros   lugares.   Mas,   se   mudarmos   para   outra   cidade,   em
breve encontraremos os mesmos problemas naquele lugar. A
razão   é   que   somos   os   mesmos   e   que   somos   a   causa   do
problema. Alguns têm me afirmado que nunca deixariam a
vida da igreja. Todavia, descontentes onde estão, eles gostam
de fazer suas escolhas de um “monte.” Posso testificar que no
que me diz respeito, cada “monte” é igual. Não importa onde
estou, eu ainda louvo o Senhor e experimento Sua obra de
transformação. 
Aqueles que se mudam de um lugar para outro podem
amar   a   igreja   universal,   mas   eles   tem   problemas   com   a
igreja local. Eles podem declarar que tem visto o Corpo de
Cristo   e   que   amam   a   restauração   do   Senhor.   Porém,   não
importa   em   que   localidade   eles   morem,   eles   sempre   tem
alguma dificuldade com aquele “monte” de Sião. Eles podem
imaginar que uma igreja numa localidade está fora da base.
Mas,   assim   que   se   mudam   dali,   ficam   desapontados,   não
achando esse melhor do que o “monte” do qual acabaram de
se mudar. Não há necessidade de nos mudar de “monte” em
“monte.”  Devemos   simplesmente  habitar  num   dos   picos   de
Sião e desfrutar ali o orvalho que desce de Hermom. 

ORVALHO – A GRAÇA DE VIDA

Em tipologia, Hermom significa os céus, o lugar mais
elevado no universo e o orvalho significa a graça de vida (1Pe
3:7).   Sem   o   Novo   Testamento,   seria   difícil   para   nós
percebermos   que   o   orvalho   significa   graça.   Cada   Epístola
escrita   por   Paulo   começa   com   uma   palavra   sobre   graça   e
termina com alguma menção de graça. Quando eu era um

103
jovem cristão nas denominações, eu dizia que graça denota
favor   imerecido.   Segundo   esse   entendimento   de   graça,
receber graça é receber algo que nós não merecemos. Muitos
Cristãos   consideram   tal   favor   imerecido   como   todas   as
bênçãos materiais que eles recebem do Senhor. Por exemplo,
no final do ano, alguns podem contar todas as bênçãos que
Deus deu a eles esse ano: um bom emprego, uma casa maior,
um automóvel do último modelo. Porém, segundo a palavra
de Paulo em Filipenses 3:8, tudo fora de Cristo  é “esterco.”
Ele considerava tais coisas como emprego, casa e automóvel
como   nada   além   de   “esterco”   em   comparação   a   Cristo.   A
graça   mencionada   nas   Escrituras   não   se   refere   à   mera
bênção   material.   Como   muitos   versículos   no   Novo
Testamento deixam claro, graça  é o Deus  processado como
suprimento de vida para ser nosso desfrute. 

Estritamente   falando,   graça   é   um   termo   do   Novo


Testamento.   Quando   usada   no   Antigo   Testamento,   tem   o
significado   de   favor.   Segundo   João   1:17,   a   graça   veio   por
meio de Jesus Cristo. Quando a Palavra tornou­se carne e
tabernaculou entre nós, a graça também veio. Isso significa
que a graça veio com o Deus encarnado. Antes da encarnação
de Cristo, a graça não tinha vindo. A graça veio por meio da
encarnação. 
Muitos versículos em Atos falam da graça. Atos 4:33
diz: “Com grande poder os apóstolos davam testemunho da
ressurreição   do   Senhor   Jesus,   e   em   todos   eles   havia
abundante graça.” Esse versículo indica que o grande poder
em   ressurreição   era   a   abundante   graça.   Cristo   em
ressurreição   é   graça.   Tal   graça   não   é   uma   boa   casa,   um
trabalho   ou   um   automóvel.   Ela   é   Deus   experienciado,
recebido, desfrutado e obtido pelos Cristãos. Em Atos 11:23 é
nos dito que em Antioquia, Barnabé viu a graça de Deus. Ele,

104
é claro, não viu bênçãos materiais. Ele viu que os Cristãos
em Antioquia estavam experimentando Deus em Cristo como
o suprimento de vida deles para o desfrute deles. 
Em 1 Coríntios 15:10 Paulo disse: “Mas, pela graça de
Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não
se tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles;
todavia   não   eu,   mas   a   graça   de   Deus   comigo.”   Podemos
comparar esse versículo com Gálatas 2:20, onde Paulo diz:
“Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” Não foi
o   próprio   Paulo   que   trabalhou   mais   do   que   os   outros
apóstolos;   foi   a   graça   de   Deus   que   estava   com   ele.   Essa
graça,   por   meio   da   qual   Paulo   trabalhou   mais   do   que   os
outros era sem dúvida o próprio Cristo como poder de vida e
suprimento de vida para ele em sua experiência. 
Em   Romanos   5:2   Paulo   diz   que   por   intermédio   de
Cristo “temos  acesso pela fé a esta  graça  na  qual  estamos
firmes.”   A   firmeza   sobre   a   qual   Paulo   está   falando   aqui
certamente não é algo como uma casa ou um trabalho. Ela é
o Deus Triúno que foi processado para tornar­se o Espírito
todo­inclusivo   como   Sua   consumação   final.   Por   meio   de
Cristo, podemos estar firmes no Espírito todo­inclusivo.
Em Romanos 5:17 Paulo continua ao dizer que “os que
recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão
em   vida   por   meio   de   um   só,   a   saber,   Jesus   Cristo.”   Se
tivermos a graça abundante, seremos capazes de reinar em
vida. Esse versículo implica que graça é vida e que vida  é
graça. Em 1Pe 3:7 Pedro fala da graça  de vida, a herança
tanto do marido e da esposa. Em Romanos 5:21 Paulo fala
sobre   a   graça   reinando   para   a   vida   eterna.   Todos   esses
versículos   indicam   que   graça   é   nada   menos   do   que   Cristo
como nosso poder de vida e suprimento de vida para nossa
experiência e desfrute.
Se estamos claros sobre isso, podemos ter uma grande
105
apreciação do orvalho como um tipo de Cristo no Salmo 133.
Como   o   orvalho,   a   graça,   torna­se   nosso   desfrute,
participaremos na unidade genuína. Porém, se não estamos
debaixo   do   orvalho   que   rega,   refresca   e   nos   satura,   não
podemos ser um com outros Cristãos. É nos montes de Sião
que experimentamos esse orvalho. Se desejamos desfrutar o
orvalho   que   tipifica   a   graça   todo­inclusiva,   devemos   estar
num dos picos, os picos do monte Sião. 

EXPERIENCIANDO GRAÇA

Embora muito de nós tenha experienciado graça, nós
ainda não a conhecemos. Que pena! É possível conhecermos
apenas de um modo doutrinal que Cristo é nosso suprimento
de   vida   para   nosso   desfrute.   Precisamos   conhecer   na
experiência. 
Suponha que um irmão esteja tendo um problema com
sua   esposa.   Se   ele   consultar   um   pastor   no   cristianismo,   o
pastor   pode   exortá­lo   com   as   palavras   de   Paulo   sobre
maridos e esposas em Efésios 5. Ele então, pode prosseguir
em   aconselhar  o  irmão  ou  admoestá­lo  com   respeito  a  sua
esposa. Tal instrução, porém, é completamente desprovida de
graça. O que esse irmão precisa, é de alguém que ministre
vida   a  ele  e ore  com  ele. Dessa  maneira, a  graça  lhe  será
suprida   e   ele   será   capaz   de   enfrentar   a   situação   com   sua
esposa. 
Todos   os   irmãos   casados   devem   aprender   a   ir   ao
Senhor e orar: “Senhor, eu preciso de Ti. Eu não posso mais
agüentar   essa   situação.”   Simplesmente   por   se   abrir   ao
Senhor dessa maneira, a graça é dispensada a nós. Através
de tal suprimento de graça, você será capaz de prosseguir.
Recentemente   um   irmão   testificou   como   a   situação
entre   ele   e   sua   esposa   chegara   a   um   beco­sem­saida.   Ele

106
raramente  falava   com   ela   e  ela   raramente  falava  com   ele.
Um   dia,   ele   pediu   a   sua   esposa   para   orar   com   ele.   Após
aquele   tempo   de   oração,   tudo   estava   mudado.   Esse   é   um
testemunho da graça do Senhor. 
Os irmãos que vivem juntos podem ter atritos e sentir
que viver numa  casa de irmãos  é insuportável. Quando os
irmãos   se   sentem   dessa   maneira,   devem   ir   ao   Senhor,
contatá­Lo   e   dizer­Lhe   que   não   podem   mais   suportar   a
situação   do   viver   deles.   Enquanto   oram   dessa   maneira,   o
suprimento de graça virá a eles. 
Uma   situação   que   aconteceu   na   igreja   em   Chefoo   a
mais   de   quarenta   anos   atrás   ilustra   a   graça   suficiente   do
Senhor. Dois irmãos tinham um sério desentendimento com
respeito a finanças. Um irmão alegava que o outro lhe devia
certa quantia de dinheiro. O outro irmão negava a alegação
desse   primeiro.   Por   fim,   eles   levaram   o   problema   aos
presbíteros   da   igreja   que   se   esforçaram   para   acertar   a
situação. Porém, nenhuma solução surgiu. Pelo contrário, os
irmãos até mesmo discutiram na presença dos presbíteros.
Por fim, disse a esses dois irmãos que aquele que recebeu a
graça   do   Senhor   estaria   disposto   a   esquecer   a   dívida
completamente.   Eu   disse   que   o   “tribunal”   na   igreja   é
completamente   diferente   de   um   tribunal   mundano.   A
diferença   é   que   o   “tribunal”   da   igreja   não   se   importa   por
quem   está   certo   ou   errado;   antes,   ele   supre   graça   ao
encontrar a necessidade. Se você recebe a graça do Senhor,
vai orar a Ele e estará disposto a considerar a questão como
estabelecida.   Os   dois   irmãos   e   os   presbíteros   ficaram
surpresos. Então, sugeri que todos orassem juntos. Após um
tempo   de   oração,   os   dois   irmãos   começaram   a   chorar   e,
então, louvaram ao Senhor. Por fim, eles estavam dispostos a
abandonar tudo e não houve mais problema. Ao invés disso,
todos se regozijaram na graça do Senhor. 
107
DESFRUTANDO A GRAÇA NA
VIDA DA IGREJA

Nas   igrejas   locais,   estamos   diariamente   debaixo   do


orvalho,   debaixo   da   graça.   Se   somos   casados   ou   solteiros,
velhos ou jovens, estamos debaixo do orvalho que desce sobre
os   montes   de   Sião.   Oh,   como   desfrutamos   da   suficiente,
excelente,   multiforme   e   abundante   graça   do   Senhor!   Essa
graça é o próprio Senhor Jesus Cristo como nosso suprimento
de vida. Se  desejarmos  desfrutar essa  graça  em  plenitude,
precisamos estar na vida da igreja. Segundo o Salmo 133, a
graça não desce sobre as casas de Cristãos individuais; ela
desce sobre os montes de Sião, que tipificam as igrejas locais.
Dessa maneira, se desejamos desfrutar o orvalho que desce
do Monte Hermom, precisamos estar num dos picos de Sião.
Se aqueles dois irmãos em Cheffo tivessem se separado da
vida da igreja, eles teriam se separado da graça do Senhor.
Ao invés do problema deles ser resolvido por meio da graça
do Senhor na igreja, provavelmente teriam tentado resolvê­lo
num   tribunal   da   lei   mundana.   Carecendo   da   graça   do
Senhor,   teriam   continuado   a   discutir   um   com   o   outro
segundo   o   certo   e   errado.   Mas,   porque   permaneceram   na
vida   da   igreja,   o   orvalho   celestial   desceu   sobre   eles   e
desfrutaram   uma   maravilhosa   solução   para   o   problema
deles. Na vida da igreja o orvalho desce sobre nós ricamente.
Estamos   felizes   porque   temos   o   suprimento   abundante   da
graça todo­inclusiva. 
O óleo da unção e o orvalho são encontrados na igreja.
Aqui, experimentamos a unção, a “pintura”, do Deus Triúno
processado.   Simultaneamente,   desfrutamos   o   Deus
processado como graça, como suprimento de vida para nosso
desfrute.   Por   essa   graça,   podemos   viver   uma   vida   que   é
impossível   para   as   pessoas   no   mundo   viverem.   Os   irmãos
108
podem   amar   suas   esposas   ao   máximo   e   as   irmãs   podem
submeter­se a seus maridos de uma maneira completa. Tal
viver é possível por meio da graça que recebemos nos montes
de Sião. 
Nunca   devemos   subestimar   a   importância   da   igreja
como   uma   pessoa   corporativa   que   recebe   o   óleo   e   como   o
lugar sob o descer do orvalho. Se nos separamos da igreja
nesses   dois   aspectos,   não   temos   mais   parte   na   unção   e
estamos   terminados   em   relação   ao   desfrute   do   orvalho.
Outros   Cristãos   podem   nos   criticar   por   sustentar   tal
testemunho   com   relação   à   vida   da   igreja.   Eles   podem   nos
acusar   de   restritos   e   sustentar   suas   acusações   com   uma
palavra sobre a onipresença de Deus. Esses Cristãos podem
dizer   que   desde   que   orem   e   lêem   a   Bíblia,   podem
experimentar o Senhor de uma maneira plena fora da vida
da   igreja.   Porém,   muitos   de   nós   podemos   testificar   da
diferença que faz estar da igreja. Sim, podemos orar e ler a
Palavra sozinhos em casa. Quando fazemos isso, recebemos
certa porção de graça. Essa medida de graça, no entanto, não
é tão doce, rica, poderosa, inspiradora ou suficiente como a
graça   que   recebemos   na   igreja.   Posso   testificar   que,   não
importa se as reuniões da igreja são elevadas ou baixas, ricas
ou   pobres,   eu   experimento   o   óleo   e   o   orvalho   sempre   que
venho às reuniões. Quanto mais venho às reuniões, mas sou
preservado na graça do Senhor. Aqueles, pelo contrário, que
se   separam   da   vida   da   igreja,   se   desligam   do   suprimento
pleno da  graça. Separados  da misericórdia  do Senhor,  eles
podem se encontrar de volta no mundo completamente após
certo período de tempo. 
Vamos   às   reuniões   da   igreja,   mesmo   quando   as
reuniões   particularmente   não   pareçam   ser   ricas.
Simplesmente por freqüentar as reuniões somos preservados,
pois   o   orvalho   ainda   desce   nos   montes   de   Sião.   Dessa
109
maneira, simplesmente por estarmos nas reuniões, estamos
debaixo do orvalho. Nossa experiência tem confirmado isso
muitas e muitas vezes. 

EXPERIENCIANDO A VERDADEIRA
UNIDADE E PRESERVANDO­A

A   unidade   sobre   a   qual   temos   falado   é   o   óleo   sobre


Cristo a Cabeça e o orvalho refrescante que desce sobre os
montes de Sião. Faz  uma tremenda  diferença  se permane­
cermos nessa unidade ou a deixarmos. Os Cristãos hoje se
sentem livres  para  ir  e vir  porque  não  vêem  essa unidade
genuína. Eles não têm o elemento de conservação e preser­
vação que a unidade propicia. Em Sua restauração, o Senhor
nos tem mostrado que a verdadeira unidade  é a mescla do
Deus   Triúno   Processado   com   Seu   povo   escolhido.   Por   um
lado,   o   Deus   processado   é   o   Espírito   todo­inclusivo   e
composto que nos ungi e nos “pinta” dia a dia. Por outro lado,
o   Deus   processado   é   o   suprimento   de   vida   para   nosso
desfrute. Debaixo desse óleo da unção e do orvalho, experi­
mentamos a verdadeira unidade. Desde que permaneçamos
na experiência do óleo e do orvalho, não é possível para nós
sermos divididos. Antes, somos preservados na unidade. Esse
é   o   significado   da   palavra   de   Paulo   em   Efésios   4:3   sobre
diligentemente guardar a unidade do Espírito. Na verdade,
essa unidade é simplesmente o próprio Espírito que dá vida
todo­inclusivo. Nós guardamos e preservamos essa unidade
por   meio   de   permanecer   debaixo   do   óleo   da   unção   e   do
orvalho. 

110
CAPÍTULO OITO

111
O DANO E A PERDA DA
BASE DA UNIDADE

Leitura Bíblica: 1Rs 11:6­8; 12:26­32; 13:33­34; 14:22­24; 
15:14, 34; 22:43; 2Rs 12:2­3; 14:3­4; 15:3­4, 34­35; 17:5­12, 
18­23; 23:29­35; 2Cr 36:5­20; Sl 137:1­6; 1Co 1:10­13a; Rm 
16:17­18; Tt 3:10

Em Deuteronômio 12 Moisés encarregou  os filhos de
Israel de “certamente destruireis todos os lugares em que as
nações   que   haveis   de   subjugar   serviram   aos   seus   deuses,
sobre   as   altas   montanhas,   sobre   os   outeiros,   e   debaixo   de
toda árvore frondosa” (v. 2, Heb.). Ele também os encarregou
de derrubar os altares, despedaçar as colunas, queimar com
fogo os ídolos de madeira, despedaçar as imagens esculpidas
dos deuses e apagar os seus nomes daquele lugar (v. 3, Heb.).
Tendo   destruído   todas   essas   coisas,   era   para   eles   irem   ao
único lugar da escolha de Deus. Segundo 1Reis, o templo foi
construído em Jerusalém, o lugar que Deus tinha escolhido.
Foi o desejo do coração de Deus que lá fosse o lugar único
para   a  Sua  presença.   Esse  lugar   único   guardou   o  povo   de
Deus da divisão. Então, foi a sabedoria de Deus requerer que
todos os lugares que as nações serviam os seus deuses fossem
destruídos e que o Seu povo viesse a um único lugar da Sua
escolha.

A RECONSTRUÇÃO DOS LUGARES
ALTOS E O SEU SIGNIFICADO
112
Embora   os   filhos   de   Israel   tivessem   destruído   os
lugares   que   as   nações   serviam   seus   deuses   no   alto   das
montanhas   e   outeiros   e   debaixo   de   árvores   frondosas,   e
embora   o   templo   tivesse   sido   construído   em   Jerusalém,
eventualmente as próprias coisas que tinham sido destruídas
voltavam. Os lugares altos, as árvores frondosas, os pilares,
os   ídolos   de   madeira   e   os   nomes   de   idolatria   foram
restaurados. De fato, Salomão, aquele que construiu o templo
segundo   o   desejo   de   Deus   na   base   da   unidade,   tomou   a
liderança   em   edificar   os   lugares   altos   mais   uma   vez   (1Rs
11:6­8).  Ele construiu  os  mesmos  lugares  altos  que Moisés
encarregou   o   povo   de   destruir.   Esses   lugares   altos   estão
relacionados com a fornicação e idolatria. O restabelecimento
dos   lugares   altos   por   Salomão   estava   especialmente
associado   com   prazer   e   luxúria.   Foi   por   causa   das   “suas
mulheres estrangeiras” que ele edificou os lugares altos.
Estabelecer um lugar alto é ter uma divisão. Portanto,
o significado dos lugares altos é divisão. A intenção de Deus
com os filhos de Israel no Antigo Testamento era que o Seu
povo fosse guardado em unidade com o objetivo de adorá­Lo
de   maneira   adequada.   Para   preservar   a   unidade   do   Seu
povo, Deus exigiu que eles viessem a um único lugar da Sua
escolha. Os lugares altos, no entanto, eram um substituto e
alternativo para esse único lugar. Isso indica que a divisão é
um   substituto   para   a   unidade.   O   único   lugar,   Jerusalém,
significa unidade, enquanto que os lugares altos significam
divisão.   Assim   como   todas   as   formas   de   mal   e   coisas
abomináveis   estão   relacionadas   com   o   estabelecimento   dos
lugares   altos,   assim   também   nos   termos   do   Novo
Testamento,   todas   as   coisas   más   estão   relacionadas   com
divisão.

113
RELACIONADO A COBIÇA,
AMBIÇÃO E IDOLATRIA

Segundo o relato em 1 Reis, dois reis — Salomão, um
bom rei e Jeroboão, um rei perverso — tomaram a liderança
em   levantar   os   lugares   altos.   No   caso   de   Salomão,   a
edificação dos lugares altos está relacionada com o prazer da
luxúria.   Salomão   teve   centenas   de   esposas   e   concubinas.
Para satisfazer o desejo das suas esposas e concubinas ele
edificou   os   lugares   altos.   Suas   esposas   “lhe   perverteram   o
coração   para   seguir   outros   deuses”   (1Rs   11:4).   No   caso   de
Jeroboão, a  edificação dos lugares  altos estava  relacionada
com ambição (1Rs 12:26­32). Jeroboão queria manter o seu
império. Temendo que o reino retornasse para a casa de Davi
se o povo fosse para Jerusalém adorar, Jeroboão “fez casas
nos altos” (v. 31, Heb.). Portanto a ambição de Jeroboão foi a
causa de sua decisão em edificar os lugares altos. Além disso,
Jeroboão fez dois bezerros de ouro e disse ao povo, “Basta de
subires a Jerusalém; eis aqui teus deuses,  ó Israel, que te
fizeram subir da terra do Egito.” (v. 28). Então ele “pôs um
em   Betel,  e  o  outro  em  Dã”   (v.   29).  Além   disso,  “Jeroboão
ordenou uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do
mês, como a festa que se celebrava em Judá” (v. 32). O mês
dessa   festa   “ele   tinha   escolhido   a   seu   bel   prazer”   (v.   33).
Jeroboão até “constituiu sacerdotes dentre o povo, que não
eram dos filhos de Levi” (v. 31, Heb.).  Que malignidade está
associada   com   os   lugares   altos!   Os   lugares   altos   estão
relacionados com luxúria, ambição e idolatria. Visto que os
lugares   altos   significam   divisão,   isso   indica   que   a   divisão
entre   os   Cristãos   hoje   está   relacionada   com   essas   coisas
malignas.
Poucos   Cristãos   percebem   que   a   divisão   está
relacionada com luxúria, ambição e idolatria. A maioria dos
114
Cristãos não vai além de dizer que as divisões estão erradas
e   não   estão   de   acordo   com   as   Escrituras   e   que   eles   não
podem concordar com elas. No entanto, aos olhos do Senhor,
divisão envolve coisas tais como luxúria, ambição e idolatria.
Lembrem­se, os lugares altos são uma elevação, algo elevado
acima   do   nível   comum.   Isso   indica   que   os   lugares   altos
envolvem exaltação de alguma coisa. Em principio, todos os
lugares   altos,   toda   divisão,   no   cristianismo   hoje   envolve   o
levantar, o exaltar de algo além de Cristo. As coisas que são
exaltadas   podem   não   ser   malignas.   Pelo   contrário,   elas
podem ser muito boas e podem até incluir o estudo da Bíblia
ou o ensino da Bíblia. Certamente ensinar a Bíblia é uma
coisa boa. Mas o estudo da Bíblia pode estar relacionado com
a divisão. Em tal caso, até mesmo se reunir para estudar as
Escrituras se torna um lugar alto; isso pode levar a exaltação
de algo no lugar de Cristo.
Hoje é comum os Cristãos elevarem algo no lugar de
Cristo. Por exemplo, alguns elevam a prática do batismo por
imersão. No entanto é correto e bíblico imergir as pessoas,
não é correto exaltar a imersão no lugar de Cristo. Fazer isso
é edificar um lugar alto para a exaltação de uma maneira
particular de batismo. A existência de tal lugar alto sempre
dá   oportunidade   para   o   prazer   da   luxúria   ou   para   o
cumprimento   da   ambição.   No   entanto,   o   único   lugar   da
escolha   de   Deus   mata   nossa   luxúria   e   restringe   nossa
ambição.   Até   mesmo   coisas   muito   boas   como   o   estudo   da
Bíblia   pode   abrir   um   caminho   para   a   luxúria   e   ambição
entrarem, se isso for exaltado em vez de Cristo. Luxúria é
inevitavelmente   seguido   por   idolatria.   Ambição,   de   fato,   é
uma forma de idolatria. 
Quando os filhos de Israel estavam para cruzar o rio
Jordão e entrar na  boa  terra, Moisés, fora a  sua  profunda
preocupação   com   eles,   encarregou­os   a   destruir   os   lugares
115
pagãos de adoração e vir ao único lugar da escolha de Deus.
Ele emitiu essa incumbência por perceber que essa questão
do   único   lugar   da   escolha   de   Deus   e   destruir   os   lugares
pagãos estavam intimamente relacionados com seus destinos
diante de Deus. Se eles tivessem fé para destruir os centros
pagãos   de   adoração   e   viessem   para   o   lugar   que   Deus
escolheu, eles estariam fazendo o que é correto aos olhos do
Senhor. Mas se eles falhassem em cumprir essa exigência,
eles   estariam   fazendo   o   que   é   maligno   aos   Seus   olhos.
Quando eles entraram na boa terra, o povo de Deus destruiu
os   lugares   altos   e   os   nomes   dos   ídolos.   Finalmente,   eles
foram   vitoriosos   em   sua   batalha   em   subjugar   a   terra.
Homens iguais a Samuel e Davi são exemplos daqueles que
seguiram absolutamente a ordem de Deus dada através de
Moisés.
Durante o reinado de Salomão o templo foi construído
em   Jerusalém.   Como   nos   é   dito   em   1   Reis   8,   a   glória   do
Senhor encheu o templo. A era da construção do templo foi
uma   época   dourada   da   história   dos   filhos   de   Israel.   No
entanto,   não   muito   depois   de   o   templo   ser   construído,
Salomão,   debaixo   daquele   o   qual   o   templo   foi   construído,
começou a construir os lugares altos. Como temos salientado,
ele fez isso para satisfazer suas esposas e concubinas. Isso
indica   claramente   que   a   reconstrução   dos   lugares   altos
estava relacionada com a luxúria de Salomão. Então, depois
da   morte   de   Salomão,   Jeroboão,   o   rival   de   Roboão,   rei   de
Judá, edificou lugares altos por causa da sua ambição. Em
ambos os casos a construção dos lugares altos provocaram a
ira de Deus.
A   descrição   da   construção   dos   lugares   altos   por
Salomão e Jeroboão não são somente um relato de um fato
histórico.   Esse   relato   tem   um   significado   espiritual   e   foi
escrito para o nosso treinamento. “Por tudo quanto, outrora
116
foi escrito,” diz Paulo em Romanos 15:4, “foi escrito para o
nosso ensino.” Então, o que foi escrito a respeito de Salomão
e Jeroboão foi escrito para a nossa instrução espiritual hoje.
Um grande número de questões importantes não são
abrangidas no Novo Testamento de uma forma completa. Eu
creio que o Senhor quer que consideremos essas questões na
luz dos tipos e figuras apresentadas no Antigo Testamento.
Por   exemplo,   a   respeito   de   danificar   e   perder   a   base   da
unidade, o Novo Testamento não diz muita coisa. A respeito
disso, não há grande desenvolvimento. Somente três breves
porções da Palavra são voltadas a isso: 1 Coríntios 1:10­13;
Romanos 16:17­18 e Tito 3:10. No entanto, nos tipos e figuras
no Antigo Testamento, a questão da divisão é desenvolvida
de uma maneira completa. Assim como precisamos consultar
o relato da Páscoa em Êxodo para receber um entendimento
completo de Cristo como o Cordeiro de Deus, assim também
precisamos considerar o relato em Deuteronômio, 1 e 2 Reis e
1 e 2 Crônicas para ter um entendimento completo da divisão
e do dano e perda da base da unidade. Segundo o relato no
Antigo   Testamento,   a   divisão   é   causada   pela   luxuria   e
ambição. Salomão foi o exemplo de precedente e Jeroboão um
exemplo de  sucessor.  O  Antigo  Testamento também   revela
que  somente  o  lugar   único  escolhido  por  Deus   pode tratar
com a ambição e luxúria. O motivo de tanta ênfase a respeito
do lugar da escolha de Deus é que somente esse lugar não dá
oportunidade   para   o   prazer   da   luxúria   e   a   realização   da
ambição.

UMA ADVERTÊNCIA

Em   1   Reis   8   Salomão   fez   uma   oração   maravilhosa.


Como aquele que escreveu Cântico dos Cânticos, Salomão era
muito profundo em questões espirituais. Apesar disso, em 1
117
Reis   11   vemos   que   Salomão   “desviara   o   seu   coração   do
Senhor,   Deus   de   Israel,   que   duas   vezes   lhe   aparecera.   E
acerca   disso   lhe   tinha   ordenado   que   não   seguisse   outros
deuses” (vv. 9, 10). No entanto, Salomão “não guardou o que
o Senhor lhe ordenara” (v.10). Quão longe Salomão caiu! Sua
queda deve ser uma advertência para nós. Se não aceitarmos
a   restrição   da   escolha   de   Deus,   nós   também   cairemos   da
mesma   forma   que   Salomão.   De   fato,   isso   tem   sido   a
experiência de muitos santos os quais uma vez tiveram parte
na restauração do Senhor. Eles pareciam ser muito úteis ao
Senhor em edificar a igreja. Em certo estágio, eles foram os
Salomãos de hoje edificando o templo ou escrevendo Cântico
dos   Cânticos.   Mas   devido   a   um   tipo   de   luxúria,   eles
finalmente  se  tornaram  divisivos.  Eles   levantaram   lugares
“altos” para satisfação de sua luxúria. Tenho observado isso
tanto na China quanto nos Estados Unidos.

LUGARES ALTOS E AMBIÇÃO

Em   1963   aqueles   de   certos   grupos   Cristãos   propu­


seram   se   reunir   juntamente   conosco   em   Los   Angeles.   No
inicio   dessa   reunião   conjunta,   dei   uma   mensagem   de
Romanos   14,   prevenindo   os   santos   a   respeito   da   divisão
causada   por   diferentes   opiniões.   Salientei   que   devemos
aprender   a   lição   da   unidade   segundo   Romanos   14.   No
entanto,   após   um   período   curto,   pelo   menos   dois   “lugares
altos” foram levantados: um “lugar alto” que elevava o falar
em línguas e outro “lugar alto” que elevava o ensinamento da
doutrina   bíblica.   Aqueles   envolvidos   com   esses   “lugares
altos,”   essas   divisões,   não   tinha   o   menor   interesse   com   o
único lugar da escolha de Deus. Em outras palavras, eles não
tinham o genuíno interesse pela unidade. Pelo contrário, eles
se preocuparam somente com a satisfação do seu desejo, sua
118
luxúria. Além disso, alguns se tornaram divisivos por causa
da   sua   ambição.   Como   resultado,   ambiciosos   em   serem
lideres, eles deixaram a restauração do Senhor. Por causa da
sua ambição não poder ser cumprida na vida da igreja, eles
voltaram   as   suas   costas   para   a   igreja   e   até   mesmo
começaram   a   se   opor   a   ela.   Primeiro,   eles   respeitaram
grandemente   a   restauração   do   Senhor.   Mas   simplesmente
por   causa   da   sua   ambição   pela   liderança   não   ter   sido
cumprida   na   restauração,   eles   saíram   e   levantaram   um
pequeno “outeiro” para o cumprimento da sua ambição. Esse
“outeiro,” outro “lugar alto,” foi a causa da divisão.
É crucial que prestemos atenção para todos os pontos
em Deuteronômio 12. Devemos aprender a temer o Senhor
nosso Deus e não fazer o que é correto aos nossos olhos. De
preferência, temendo o Senhor, devemos fazer o que é correto
aos Seus olhos. Nada nos requer temer mais a Deus do que
manter a unidade. Se alguns Cristãos estão para estabelecer
um   lugar   de   entretenimento   mundano,   devemos   imediata­
mente   condenar   essa   prática.   No   entanto,   não   muitos
condenarão   energicamente   o   estabelecimento   de   uma
reunião   Cristã   divisiva.   Em   grande   parte,   a   maioria   dos
cristãos   dirá   simplesmente   que   não   concordam   com   essa
reunião. Alguns podem até justificá­la, dizendo que ela ajuda
as   pessoas   a   conhecer   a   Bíblia   e   a   seguir   o   Senhor.
Aparentemente   tal   reunião   é   destinada   a   prestar   ajuda
espiritual. Na realidade isso é uma divisão que tem origem
na luxúria ou ambição de alguém. Em tal “lugar alto” algo
além de Cristo é exaltado.
Quando eu fui pela primeira vez a Xangai em 1933,
encontrei um irmão que particularmente era muito ativo na
vida da igreja. Ele tinha vindo para a vida da igreja em 1927
e era alguém que buscava o Senhor. Um dia o irmão Nee me
mostrou   que   esse   irmão   tinha   a   ambição   de   ser   um
119
presbítero. Finalmente, em 1948, vendo que o seu desejo pelo
presbitério não tinha sido cumprido, ele deixou a igreja. Ele
começou uma reunião em sua casa e contratou um pregador
itinerante para ministrar. Ele voltou suas costas completa­
mente contra a igreja. Além disso, o pregador contratado por
ele escreveu um longo livro criticando e difamando o irmão
Nee e espalhando rumores sobre ele. Após vinte e dois anos
na vida da igreja, esse irmão deixou a igreja para levantar
certo tipo de “lugar alto.”

NÃO ELEVANDO NADA NO 
LUGAR DE CRISTO

Se você investigar a situação do cristianismo hoje, você
aprenderá que toda divisão é a exaltação de alguma coisa. É
bom ensinar a Bíblia. Mas o estudo da Bíblia não deve se
tornar uma elevação que separa o povo de Deus. O mesmo é
verdade a respeito de orar­ler. Você pode descobrir que orar­
ler é muito proveitoso. No entanto, você não deve elevar isso
insistindo que orar­ler seja praticado nas reuniões. Se você
elevar o orar­ler, você fará até mesmo que o orar­ler se torne
uma causa de divisão. Precisamos pedir ao Senhor que nos
conceda misericórdia para que não elevemos nada no lugar
de   Cristo.   Se   mantivermos   uma   atitude   de   elevar   nossa
opinião ou preferência, nós edificaremos um “lugar alto,” um
lugar de divisão. Foi isso o que aconteceu entre aqueles que
desejaram ter aquela reunião conjunta em Los Angeles em
1963. Aqueles que se opuseram ao falar em línguas elevaram
sua   postura   e   preferência,   enquanto   que   aqueles   que
defenderam   isso   elevaram   sua   postura   e   preferência.
Nenhum dos grupos desejavam guardar minha palavra sobre
120
se importar com os sentimentos dos outros. Eles desejaram
ter   seu   próprio   caminho.   Tal   desejo   levou­os   a   edificar
“lugares altos.” 
Todos nós, especialmente os jovens, devem aprender a
não elevar nada além do Senhor Jesus. Somente Ele deve ser
exaltado. Na vida da igreja não devemos ter nenhum “lugar
alto.”  Ao invés  disso,  devemos  todos  estar  no  mesmo nível
para exaltar a Cristo.

UMA QUESTÃO DE GRANDE IMPORTÂNCIA 

Os “lugares altos” construídos por Salomão e Jeroboão
danificaram seriamente a base da unidade. Se essa questão
dos “lugares altos” não fosse de grande importância, o Antigo
Testamento não o mencionaria  repetidas vezes. Em 1 Reis
14:22 e 23 é nos dito que “fez Judá o que era mau perante o
Senhor,”   porque   “também   os   de   Judá   edificaram   os   altos,
estátuas, colunas e postes­ídolos no alto de todos os elevados
outeiros e debaixo de todas as  árvores frondosas” (Heb.). A
palavra   usada   sempre   a   respeito   dos   outeiros   e   árvores
frondosas mostra que essa prática era comum e amplamente
difundida.   Uma   vez   estabelecido,   esses   “lugares   altos”   não
eram facilmente removidos, até mesmo por bons reis como
Asa. Embora Asa tenha feito o que era correto aos olhos do
Senhor   e   tenha   removido   “todos   os   ídolos   que   seus   pais
fizeram,”   os   “altos,   porém,   não   foram   tirados,   todavia   o
coração de Asa foi, todos os seus dias, totalmente do Senhor.”
(1Rs   15:12,   14).   O   povo   poderia   ter   se   desculpado   ou
justificado a existência dos “lugares altos” dizendo que eles
não os usavam para a adoração das colunas ou dos postes­
ídolos, mas para sacrificar a Deus e para oferecer incenso a
Ele.   Com   respeito   à   Josafá,   nos   é   dito   que   “ele   andou   em
todos os caminhos de Asa, seu pai; não se desviou deles e fez
121
o   que   era   reto   perante   o   Senhor.   Todavia   os   altos   não   se
tiraram; neles o povo ainda sacrificava e queimava incenso”
(1Rs 22:42,43). Além disso, embora Joás também tenha feito
o que era correto aos olhos do Senhor, os “lugares altos” não
foram  derrubados durante o seu reinado. Pelo contrário “o
povo   ainda   sacrificava   e   queimava   incenso  nos   altos”   (2Rs
12:3). Por vezes repetidas nos é dito que o povo “sacrificava e
queimava incenso nos altos” (2Rs 14:3­4; 15:3­4, 34­35).

RESTRINGIDOS PELA ESCOLHA DE DEUS

Se  estivéssemos lá  naquele  tempo, talvez  tivéssemos


apoio daqueles que sacrificavam nos “lugares altos.” Aqueles
que foram para os “lugares altos” poderiam ter argumentado
que   era   inconveniente   viajar   uma   longa   distância   até
Jerusalém três vezes ao ano. Os Cristãos ainda usam esse
tipo   de   desculpa   hoje.   Parece   que   para   toda   a   divisão   no
cristianismo uma desculpa  é oferecida para justificá­la. No
entanto,   no   tempo   do   Antigo   Testamento   o   Senhor   não
aceitava   nada   oferecido   a   Ele   nos   “lugares   altos.”   Ele
considerava   todo   sacrifício   oferecido   lá   como   sendo
abominação, por eles terem sido oferecidos em um lugar de
divisão, em um lugar que abriu uma porta para o prazer da
luxúria e deu oportunidade para a perseguição da ambição.
Somente a adoração, as ofertas e o incenso no lugar único da
escolha de Deus eram considerados genuínos. Aquele lugar
matou a luxúria e não deu oportunidade para a ambição. Até
mesmo apresentar uma oferta genuína em outro lugar que
não   fosse   o   único   lugar   da   escolha   de   Deus   criava   uma
oportunidade   para   o   prazer   do   desejo   egoísta.   Qualquer
“lugar   alto,”   até   mesmo   aqueles   que   as   ofertas   genuínas
eram   oferecidas,   causava   danos   à   base   da   unidade.   Esses
“lugares altos” eram usados pelas pessoas em sua luxúria e
122
ambição para o cumprimento do seu propósito egoísta.
Da   minha   experiência   na   restauração   do   Senhor   na
China   continental,   posso   testificar   que   o   único   lugar   da
escolha   de   Deus   não   deixa   oportunidade   para   prazer   da
luxúria ou para o exercício da nossa ambição. Durante todos
os anos na China, eu estive debaixo do ministério do irmão
Nee. Em todas as minhas pregações eu era igual a ele. Todos
os   “lugares   altos”   foram   despedaçados   e   assim   não   havia
espaço   para   o   prazer   da   luxúria   ou   para   a   realização   da
ambição   egoísta.   O   mesmo   é   verdade   entre   nós   hoje.
Importamo­nos somente em exaltar Cristo. Se mantivermos
a base da unidade, a escolha única de Deus, sem elevar nada
além   de   Cristo,   não   será   possível   haver   divisão.   Na
restauração do Senhor elevamos a Cristo e somente Cristo.
Podemos   falar  grandes   coisas   a   respeito   da   vida,   mas   não
elevamos a vida ao ponto de fazê­la um “lugar alto.” Certos
irmãos   entre   nós   são   muito   perspicazes   e   têm   uma   boa
capacidade natural. Mas sua perspicácia e habilidade devem
ser restritas pela base da escolha de Deus. Essa restrição os
irá   guardar   de   elevar   algo   em   lugar   de   Cristo.   Nós   na
restauração do Senhor podemos testificar que, em contraste
com o cristianismo de hoje, não temos nenhum “lugar alto.”
No cristianismo os “lugares altos” são encontrados em toda
parte.   Cada   denominação   e   grupo   independente   é   uma
elevação, um “lugar alto.” Como temos citado repetidamente,
essas   elevações   estão   todas   relacionadas   com   a   luxúria   ou
ambição.

LEVADOS AO CATIVEIRO

Segundo   o   relato   no   Antigo   Testamento,   depois   da


base   da   unidade   ter   sido   danificada,   na   verdade   ela   foi
perdida.   Israel,   o   reino   do   norte,   foi   conquistado   pelos
123
assírios   e   Judá,   o   reino   do   sul,   foi   conquistado   pelos
babilônios.   Por   causa   do   pecado   de   Jeroboão   em   ter
levantado   lugares   altos,   a   nação   de   Israel   foi   levada   ao
cativeiro pelos Assírios. Em Sua ira, Deus escolheu tirá­los
da   terra   sagrada.   Segunda   Reis   17:22   e   23   diz,   “Assim,
andaram   os   filhos   de   Israel   em   todos   os   pecados   que
Jeroboão tinha cometido; nunca se apartaram deles, até que
o   Senhor   afastou   a   Israel   da   sua   presença.”   Quando   os
Israelitas   estavam   na   terra   sagrada,   eles   estavam   na
presença   do   Senhor.   Mas   quando   foram   levados   a   Assíria,
eles foram tirados da presença do Senhor.
O cativeiro de Israel deveria ter sido um alerta para
Judá. O reino  de Judá, no entanto, não atentou para esse
alerta. Como 2 Reis 17:19 diz, “Também Judá não guardou os
mandamentos   do   Senhor,   seu   Deus;   antes,   andaram   nos
costumes   que   Israel   introduziu.”   Aqueles   em   Judá
edificaram   mais   lugares   altos   e   deram   mais   oportunidade
para o maligno entrar. Isso forçou o Senhor a enviar Faraó­
Neco (2Rs 23:29­35). Faraó­Neco removeu Jeoacaz do reinado
e fez Eliaquim rei, mudando o seu nome para Jeoaquim (2Rs
23:34).   Jeoacaz   foi   levado   para   o   Egito,   onde   morreu.   Por
Judá não ter removido os lugares altos, o Senhor finalmente
mandou o exército Babilônico sob o comando de  Nabucodo­
nosor.   Finalmente,   o   templo   foi   destruído   e   um   grande
número de pessoas foi levado ao cativeiro.
Anteriormente,   todos   os   filhos   de   Israel   estavam   na
boa terra. Eles eram um único povo com um único centro de
adoração   em   Jerusalém.   Primeiramente,   eles   danificaram
essa   unidade   edificando   lugares   altos   pela   terra.   Mas
finalmente   eles   perderam   essa   unidade   pela   invasão   dos
Assírios   e   pelos   Babilônicos.   Tendo   sido   expulsos   da   boa
terra,   o   povo   de   Deus   se   tornou   os   Judeus   Egípcios,   os
Judeus Assírios ou os Judeus Babilônicos. A base da unidade
124
foi perdida totalmente.
Salmo 137:1­6  é uma descrição da condição deles na
Babilônia. O povo de Deus estava em uma terra estranha e
eles não podiam cantar a música do Senhor. Ao invés disso,
as   margens   do   rio   da   Babilônia   eles   se   assentavam   e
choravam se lembrando de Sião. Que figura do cristianismo
de   hoje!   A   grande   maioria   dos   Cristãos   foi   levada   para   o
cativeiro. A base da unidade não foi somente danificada —
ela foi completamente perdida. Poucos Cristãos têm alguma
percepção do que a base da unidade é. Como resultado do seu
cativeiro, muitos dos filhos de Israel até mesmo esqueceram­
se   da   sua   língua.   Eles   finalmente   se   tornaram   Egípcios,
Assírios e Babilônicos. Esse é um retrato vivo do cristianismo
de   hoje.   Que   o   Espírito   Santo   nos   fale   mais   a   respeito   do
dano e da perda da base da unidade.

CAPÍTULO NOVE

A RESTAURAÇÃO E O TESTEMUNHO
DA BASE ADEQUADA DA UNIDADE

Leitura Bíblica: Ed 1:1­11; 2:1­2; 3:1­6, 8­13; 6:14­18; 7:6­9;
8:28­30; 9:1­7; 10:1; Sl 126:1­6; Is 35:10; 51:11

125
No   capítulo   anterior   vimos   que   os   lugares   altos
causaram   danos   e   prejuízos   à   base   da   unidade.   Antes   de
Salomão   e   Jeroboão   edificarem   lugares   altos,   os   filhos   de
Israel foram preservados em unidade por meio do templo em
Jerusalém, o único lugar da escolha de Deus. Nessa época de
festas anuais, o povo de Deus se reunia em unidade. Quando
subiam ao Monte Sião entoavam as palavras do Salmo 133:
“Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” Entre­
tanto,   para   satisfazer   sua   cobiça,   Salomão   foi   levado   a
edificar   lugares   altos.   Esses   lugares   altos   danificaram   a
genuína unidade do povo de Deus e atrapalharam muitos de
subirem   a   Jerusalém   para   adorar.   Outros   foram   a   esses
lugares altos com pretensão de adorarem a Deus. Contudo,
nesses lugares altos havia  ídolos. Além disso, para levar a
cabo sua ambição, Jeroboão também construiu lugares altos.
Esses   lugares   altos   foram   construídos   em   morros   altos   e
debaixo   de   árvores   frondosas,   indicando   quão   gerais   e
comuns eram.

UMA FIGURA DA SITUAÇÃO ATUAL

Os lugares altos foram a causa de todas as atitudes
malignas.   Tais   que   os   lugares   altos   significam   divisão,
indicando que divisão é uma fonte maligna. Os lugares altos
surgem por meio da carne e da ambição. Salomão construiu
lugares   altos   por   causa   da   cobiça,   enquanto   Jeroboão   os
construiu por causa da ambição. Portanto, a cobiça e ambição
foram os principais fatores da edificação desses lugares altos.
Nos   termos   de   hoje,   divisão   é   o   resultado   da   carne   e   da
ambição. No cristianismo atual há vários “lugares altos”; em
todos   os   lugares   o   cristianismo   está   repleto   de   divisões.
Todos esses “lugares altos” são elevações onde algo além de
Cristo   é   exaltado.   Por   isso   vemos   que   a   situação   do
cristianismo   hoje   é   cumprimento   do   que   é   tipificado   no
126
Antigo Testamento.
Primeiramente,   a   unidade   do   povo   de   Deus   foi
danificada pelos lugares altos. Esse dano provocou a ira de
Deus. Incapaz de tolerar tal situação, Ele enviou o exército
assírio para invadir o reino do norte de Israel. A experiência
de Israel deveria ter sido um alerta a Judá, o reino do sul. No
entanto,   aqueles   em   Judá   continuaram   a   adorarem   nos
lugares   altos.   Embora   alguns   tenham   sido   levados   cativos
para o Egito, pelo Faraó­Neco, o povo recusou atender a esse
alerta. Por fim, o exército babilônico não somente conquistou
a terra de Judá, como também destruiu o templo e levaram
um grande número de pessoas para o cativeiro na Babilônia.
Além disso, os vasos do templo foram levados para Babilônia
e colocados nas casas dos ídolos. Assim, a base da unidade
não   foi   somente   danificada,   mas   totalmente   perdida.
Essa   é   uma   ilustração   da   situação   dos   Cristãos   de
hoje. As denominações e grupos independentes são “lugares
altos”,   divisões.   Em   cada   um   desses   “lugares   altos”   algo
diferente   de   Cristo   é   exaltado.   Muitas   coisas   boas   e
espirituais são elevadas e utilizadas para causar divisões.

A RAZÃO DAS DIVISÕES

De   acordo   com   Romanos   14   há   uma   razão   para   os


Cristãos   estarem   divididos.   Entretanto,   muitos   Cristãos
estão   acostumados   com   a   existência   de   “lugares   altos.”
Alguns podem até sentir que os “lugares altos” de hoje são
corretos e necessários. Pensam assim porque nasceram em
um ambiente repleto de divisões, com “lugares altos” de toda
variedade.   Pelo   fato   de   estarem   tão   acostumados   com   a
divisão,   podem   ter   pouco   sentimento   a   respeito   dela.   O
sentimento   de   Paulo   em   Romanos   14,   pelo   contrário,   era
totalmente diferente. Aqui ele nos encorajar a não discutir
sobre   tais   coisas,   como   comida   e   observar   os   dias.   Com
127
relação a essas coisas, deveríamos abster de expressar nossa
opinião, preservando assim a unidade dos Cristãos.
No capítulo anterior, fiz referência à reunião conjunta
dos   grupos   Cristãos   que   permaneceram   por   um   tempo   em
Los Angeles, em 1963. Os membros desses grupos estavam
ansiosos   para   virem   para   a   prática   da   vida   da   igreja.
Ouvindo seus interesses e propósitos para ter uma reunião
conjunta, dei a eles uma palavra de Romanos 14. Indiquei
que,   se   pretendemos   praticar   a   vida   da   igreja,   devemos
tomar   o   caminho   estabelecido   por   Paulo   neste   capítulo.
Alguns Cristãos falam sobre a vida do corpo em Romanos 12,
mas   negligenciam   os   princípios   de   Romanos   14.   Sem
Romanos   14   é   impossível   ter   a   vida   do   corpo   descrita   em
Romanos 12. Por séculos, os Cristãos estiveram divididos por
opiniões   sobre   doutrina   e   práticas.   Por   exemplo,   Cristãos
estão   divididos   por   causa   do   batismo.   Há   discussões   não
somente sobre a maneira do batismo, mas também sobre a
água que é usada e o nome no qual os cristãos são batizados.
As   opiniões   relacionadas   ao   batismo   têm   causado   muitas
divisões,   tornando­as   elevações,   pois   exaltam   uma   opinião
particular. Portanto, é de crucial importância que sigamos o
caminho   exemplificado   por   Paulo   em   Romanos   14.   Muitos
destes grupos Cristãos asseguraram­me que tomariam esse
caminho.
Entretanto,   poucas   semanas   depois,   os   problemas
aumentaram. Alguns insistiam em tocar pandeiro e falar em
línguas   nas   reuniões.   Outros   se   opunham   firmemente   a
essas   práticas.   Conseqüentemente,   nenhum   grupo   estava
disposto   a   ceder   e   a   se   importar   com   os   sentimentos   dos
outros   para   manter   a   unidade.   Por   fim,   não   foi   possível
continuar   aquelas   reuniões.   Os   membros   desses   grupos
esperavam   que   todos   fossem   iguais   a   eles.   Entretanto,   se
temos tal expectativa, não será possível ter a vida da igreja.
128
A   vida   da   igreja   deve   ser   todo­inclusiva,   capaz   de   incluir
todos os tipos de Cristãos genuínos.
Em Romanos 14, Paulo não teve a intenção de abordar
as questões de comida e observar os dias. Ao invés disso, ele
disse, “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais
todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua
própria mente” (v. 6). Essa foi a atitude de Paulo e deve ser a
nossa atitude hoje.
Nós   não   devemos   tentar   moldar   os   outros   a   nós
mesmos. Por exemplo, apesar de não falarmos em línguas,
não devemos proibir outros a falarem em línguas. Por outro
lado, aqueles que falam em línguas não devem insistir que
outros   também   façam   o   mesmo.   Se   tivermos   essa   atitude,
não seremos sectários e não haverá “lugares altos” entre nós.
Alguns nos acusam de sermos limitados. Contudo, não
somos limitados, pois recebemos todos os Cristãos genuínos.
Os   que   são   limitados   são   aqueles   que   insistem   em   certa
doutrina   ou   prática.   Sua   insistência   em   questões   particu­
lares   pode   fazer   com   que   elas   sejam   elevadas   e   ocupem   o
lugar de Cristo.

A BASE DA UNIDADE TOTALMENTE PERDIDA

Todas   as   divisões   no   cristianismo   são   elevações   que


envolvem tanto cobiça como ambição. A divisão é a porta de
entrada   para   todo   tipo   de   maldade.   Considere   o   mal   que
Jeroboão fez. Ele fez dois bezerros de ouro e colocou um em
Betel   e   outro   em   Dã.   Ele   também   edificou   uma   casa   nos
lugares   altos   e   estabeleceu   sacerdotes   dentre   todo   tipo   de
pessoas. Ele “ordenou uma festa no oitavo mês, no décimo
quinto   dia   do   mês,   como   a   festa   que   se   fazia   em   Judá   e
ofereceu   sacrifícios   a   tais   bezerros.”   Todos   esses   pontos
podem   ser  aplicados  ao   cristianismo  de   hoje.  Por   exemplo,
somente   Cristãos   genuínos   que   têm   a   vida   de   Cristo,   que
129
amam  ao Senhor  e que conhecem  a  Palavra, deveriam ser
sacerdotes.   Porém,   alguns   dos   ministros   do   cristianismo
atual nem mesmo crêem que Cristo é o Filho de Deus. Além
do   mais,   no   cristianismo   há   muitos   festivais,   tais   como   o
Natal e a Páscoa, os quais foram ordenados e estabelecidos
pelo homem. Assim como os filhos de Israel foram levados
cativos   e   sofreram   a   perda   total   da   base   da   unidade,   os
Cristãos   de   hoje   foram   levados   para   Babilônia.   A   base   da
unidade   não   foi   somente   danificada,   ela   foi   totalmente
perdida. Pouquíssimos Cristãos têm idéia do que é a base da
unidade. Quem hoje, se importa com a genuína unidade? É
raro   encontrar   Cristãos   com   esta   preocupação.   A   unidade
genuína do povo de Deus em Cristo foi perdida há séculos.
Por essa razão, a situação do cristianismo hoje é completa­
mente babilônica. Embora alguns falem sobre unidade, isso
não corresponde à genuína unidade revelada nas Escrituras.
Quando   falamos   da   base   da   unidade,   dificilmente   alguém
pode   entender­nos.   Para   muitos   Cristãos   a   linguagem   da
unidade é uma língua desconhecida.

A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS
COISAS POSITIVAS

O Antigo Testamento revela não apenas a destruição e
perda  da base da  unidade, mas  também,  a restauração  do
testemunho   dessa   base.   Jeremias   profetizou   que  depois   de
setenta   anos   de   cativeiro   em   Babilônia,   o   Senhor   traria   o
povo de volta a boa terra. Jeremias 29:10 diz: “Assim diz o
SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta
anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a
minha boa palavra, tornando a trazer­vos para este lugar.”
Esdras 1:1 refere­se a essa profecia de Jeremias. No primeiro
ano de Ciro, rei da Pérsia, o Senhor despertou o espírito de
Ciro, fazendo­o proclamar por todo o seu reino a necessidade
130
da  edificação da  casa  de Deus   em   Jerusalém.  Isso ocorreu
“para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de
Jeremias”,   indicando   que   o   retorno   à   Jerusalém   não   foi
iniciado   pelo   homem.   De   acordo   com   o   registro   nítido   da
Bíblia, ele foi iniciado pelo próprio Deus.
Quando   o   povo   de   Deus   estava   em   Babilônia,   não
ofereceram ali sacrifício para Ele. Em lugar algum é­nos dito
que em Babilônia eles ofereceram oferta queimada todas as
manhãs e noites. Sem dúvida, homens como Daniel, Esdras e
Neemias   oraram,   porém   eles   não   estavam   na   base   para
oferecerem sacrifícios a Deus. Em Babilônia não havia altar.
Sem um altar era impossível a eles oferecerem algo a Deus.
Além disso, em Babilônia o povo de Deus não poder celebrar
as festas anuais. Que situação lamentável! Babilônia era um
bom   lugar   para   jejuar,   mas   não   para   festejar.   Lá   era
adequado para chorar, mas não para se regozijar. Salmo 137:
diz:   “Às   margens   dos   rios   da   Babilônia,   nós   nos   assenta­
vamos e chorávamos, lembrando­nos de Sião.” Quando a base
da   unidade   foi   perdida,   quase   tudo   se   perdeu.   O   povo   de
Deus  perdeu  as  riquezas  da boa  terra,  o  altar  e  as  festas.
Somente   no   lugar   escolhido,   o   Monte   Sião,   poderiam
desfrutar de todas essas riquezas.

OS VASOS E O ALTAR

Quando   o   Senhor   moveu   o   espírito   do   povo   para


retornar a Jerusalém, não houve somente a restauração da
base da unidade; houve também um restauração espontânea
de   todas   as   coisas   positivas   que   tinham   sido   perdidas.   Os
vasos que Nabucodonosor “tinha trazido de Jerusalém e que
tinha posto na casa de seus deuses” retornaram a Jerusalém
(Ed 1:7­11). Além disso, uma vez que o remanescente do povo
retornou,   “eles   estabeleceram   o   altar   sobre   as   suas   bases”
(Ed 3:3; Hb). O povo de Deus sabia que o lugar do altar não
131
era em Babilônia, mas somente no único lugar da escolha de
Deus, em Jerusalém. O altar não poderia ser edificado em
qualquer lugar na boa terra. Ele teria que ser edificado no
Monte Moriá, o lugar em que Abraão ofereceu Isaque a Deus.
Qualquer um que procurasse apresentar uma oferta a Deus,
tinha que ir ao único, definitivo e específico lugar.
Hoje, o único lugar é a unidade. Todas as vezes que a
unidade foi perdida, automaticamente os Cristãos perderam
o  lugar   para   estabelecer  o  altar.  Como resultado,  eles   não
têm   caminho   para   apresentar   uma   oferta   adequada   ao
Senhor. Antes de virmos para a vida da igreja, muitas vezes
tentamos   nos   oferecer   ao   Senhor.   Eu   posso   testificar   que
várias   vezes   consagrei­me   a   Ele.   Mas,   por   meio   de   nossa
experiência, podemos testificar que tal consagração não foi
genuína.   Sem   retornar   a   única   base   da   unidade   não   há
maneira de fazer qualquer oferta a Deus. Após o retorno do
povo   de   Deus   a   Jerusalém,   eles   estabeleceram   um   altar   e
começaram   a   novamente   oferecer   sacrifícios.   Foi   o   mesmo
com a nossa experiência. Depois de virmos para a vida da
igreja, encontramo­nos capazes de nos consagrar ao Senhor
de maneira adequada e genuína.

A FUNÇÃO ADEQUADA DA CONSCIÊNCIA

Somente após o retorno do cativeiro, o povo de Deus
tratou com seus casamentos mistos com os pagãos (Ed 9:1­7).
Sua consciência não poderia tolerar por muito mais tempo tal
prática  pagã.  Este foi  o  resultado espontâneo do retorno  à
base   da   unidade.   Certamente   houve   muitos   casamentos
mistos em Babilônia. Entretanto, somente após o retorno do
cativeiro, foram tocados na consciência e trataram com esses
casamentos.
O   mesmo   acontece   na   restauração   do   Senhor   hoje.
Somente   após   virmos   para   a   vida   da   igreja   que   nossa
132
consciência   começou   a   funcionar   de   forma   adequada.   Nós
“cingimos o lombo” e nos tornamos cuidadosos em guardar as
questões que anteriormente tinham sido danificadas. Antes
de   virmos   para   a   restauração   do  Senhor,   estávamos   livres
para   nos   envolver   em   certos   entretenimentos   mundanos.
Mas, depois que começamos a viver a vida da igreja, todo o
nosso ser foi cingido. Começamos a buscar um viver piedoso e
um   desejo   ardente   pelo   orar­ler   a   Palavra.   De   forma
espontânea   começamos   a   exercitar   cuidadosamente   nossa
consciência.  Essa  atitude não é resultado de ensinamentos
ou regras. Simplesmente é uma questão de retornar a base
da   unidade.   Ao   virmos   para   a   vida   da   igreja,   tivemos   um
desejo pelo viver piedoso. Muitos comportamentos negativos
começaram   a   ser   abandonados   e   muitas   práticas   positivas
começaram   a   se   tornar   nossa   experiência.   Por   exemplo,
sentíamos   que   não   mais   deveríamos   praticar   o   Natal.
Ninguém   nos   cobrou   para   não   continuar   a   celebração   do
Natal. Espontaneamente começamos a ter o sentimento de
não mais celebrá­lo. Começamos também, a descartar muitas
coisas   negativas   para   desfrutar   das   positivas.   Isso   mostra
que quando a unidade é restaurada, tudo o que é positivo é
restaurado com ela.

ASPIRAÇÕES SANTAS

Nada   é   mais  satisfatório   do  que  a  base   da   unidade.


Para   os   santos   do   Antigo   Testamento   o   pensamento   de
entrar   nos   átrios   da   casa   do   Senhor   estimulava   santas   e
divinas aspirações  interiores. Muitos Salmos  ilustram isso.
Esses   Salmos   estão   repletos   de   aspirações   de   santidade,
divindade,   viver   piedoso   e   da   presença   do   Senhor.   As
aspirações divinas eram despertadas pelo simples fato de se
pensar na casa de Deus.

133
A PRESENÇA DE DEUS

A presença de Deus está essencialmente relacionada à
base   da   unidade.   Antes   de   vir   para   a   vida   da   igreja,   eu
amava   o   Senhor   verdadeiramente.   Entretanto,   não   tinha
muito   desfrute   da   Sua   presença.   Mas,   quando   vim   para   a
vida   da   igreja   comecei,   de   maneira   pratica,   a   desfrutar
diariamente   da   presença   do   Senhor.   Mesmo   durante   um
trabalho   desgastante,   tinha   desfrute   da   Sua   presença.   De
acordo com a minha experiência, testifico que participar da
vida   da   igreja   faz   uma   tremenda   diferença   em   nossa   vida
cristã.
Muitos   entre   nós   podem   dar   o   mesmo   testemunho.
Antes de virmos para a igreja, estávamos em Babilônia. Nós
amávamos e buscamos o Senhor, mas não tínhamos o pleno
desfrute de Sua presença. Entretanto, depois de virmos para
a vida da igreja, muitos desejos e aspirações santas foram
despertadas em nós. Mais do que nunca, aspiramos estar na
presença   do   Senhor.   Isso   é   o   resultado   espontâneo   de
retornar   à   base   da   unidade,   o   único   lugar   da   escolha   de
Deus. Quando o povo de Deus retornou à Jerusalém, todas as
coisas positivas que tinham sido perdidas durante o cativeiro
em Babilônia foram restauradas. Todas as coisas sagradas,
divinas,   celestiais   espontaneamente   voltaram.   Tem   sido   o
mesmo conosco na restauração do Senhor hoje.

ENCHIDOS DE REGOZIJO

O Salmo 126:1­2 diz: “Quando o SENHOR restaurou a
sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca
se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo.” O povo que
voltou a Deus foi enchido de riso e regozijo porque todas as
coisas   positivas   foram   restauradas.   Entretanto,   antes   de
retornarem a Jerusalém, eles não tiveram tal desfrute. Mas,
134
depois que retornaram, desfrutaram tantas coisas excelentes
que pareciam estar sonhando.
Isaias   35:10   e   51:11,   versículos   que   são   muito
semelhantes, também nos fala da alegria da volta do povo a
Deus.   Esses   versículos   declaram   que   “os   resgatados   do
SENHOR   voltarão   e   virão   a   Sião   com   cânticos   de   júbilo;
alegria eterna coroará a sua cabeça.” O fato de essa questão
ser repetida mostra sua importância, pois qualquer coisa que
é   repetida   na   Bíblia   é   de   especial   importância.   Durante   o
tempo   de   Isaias,   o   cativeiro   babilônico   ainda   não   havia
acontecido.   Contudo,   Isaias   falou   acerca   da   alegria,   do
desfrute   da   salvação   de   Deus   ao   Seu   povo   resgatado.   Ele
previu   a   alegria   do   retorno   dos   cativos.   Não   creio   que
Salomão   e   seus   contemporâneos   foram   tão   alegres   quanto
Zorobabel, Josué o sacerdote, Esdras e todos os outros que
voltaram   do   cativeiro   à   Jerusalém.   Eles   experimentaram
muito mais a alegria da salvação de Deus do que Salomão.
Por essa razão, o escritor do Salmo 126 declarou que eram
como quem sonham.

A UNIDADE TODA INCLUSIVA
Como agradecemos ao Senhor por restaurar a genuína
unidade, a unidade que foi perdida pelo cristianismo! Esta
unidade é todo­inclusiva; ela inclui todas as coisas positivas.
As divisões, ao contrário, incluem todas as coisas negativas.
Visto   que,   quando   nos   voltamos   para   a   unidade,   todas   as
coisas   divinas,   celestiais   e   espirituais   retornam.   A   razão
disso é que todas essas coisas existem na unidade. Por um
lado, admitimos que somos tão pequenos e temos um longo
caminho a percorrer. Por outro lado, podemos testificar que
as riquezas do Senhor certamente são encontradas na Sua
restauração. A única base da unidade está aqui e todas as

135
riquezas   espirituais   estão   incluídas   nessa   base.   Todas   as
coisas divinas e espirituais são nossas na base da unidade.

O TESTEMUNHO DO SENHOR
NA BASE DA UNIDADE

O testemunho do Senhor hoje anda junto com a base
da unidade. Este testemunho não depende de nosso empenho
e   esforço   próprio.   Podemos   melhorar   nossas   mentes   a   nós
mesmos;   somente   para   incorrer   mais   uma   vez   ao   erro.   O
testemunho do Senhor não depende de nossos esforços; ele
depende do Seu trabalho em nós na base da unidade. Depois
de virmos para a vida da igreja, a aspiração por divindade,
santidade e espiritualidade foram despertadas dentro de nós
espontaneamente. Isso não foi nossa própria obra; foi total­
mente a obra do Senhor. Por estarmos na base adequada, a
base   da   unidade,   a   palavra   de   Deus   é   transparentemente
aberta a nós. Isso é totalmente devido à benção do Senhor na
base   da   unidade.   Onde   a   restauração   da   base   da   unidade
está, há também o testemunho do Senhor.
Quando   o   povo   de   Deus   no   Antigo   Testamento
retornou a Jerusalém, todas as coisas que pertenciam a Deus
retornaram: o altar, as ofertas, o templo, as festas e o rico
desfrute.   Entretanto,   aqueles   que   permaneceram   em
Babilônia   não   tiveram   participação   no   testemunho   do
Senhor.   As   coisas   divinas   não   eram   encontradas   em
Babilônia;   elas   estavam   em   Jerusalém,   o   único   lugar   da
escolha de Deus. Embora o retorno do povo de Deus tenha
sido fraco ou inadequado em muitos  aspectos, não se pode
negar que o testemunho do Senhor estava com eles, não com
os que estavam na Babilônia.
Além do mais, o retorno do povo de Deus  à base da
unidade   também   foi   usado   por   Deus   para   gerar   a   Cristo.
Maria,   a   mãe   do   Senhor   Jesus,   era   uma   descendente
136
daqueles   que   retornaram   do   cativeiro.   Se   os   cativos   não
retornassem,   não   teria   havido   um   caminho   para   Cristo
nascer em Belém. Não teria havido um canal, um meio, para
Ele vir de acordo com as profecias. Daí, o retorno do cativeiro
em Babilônia foi uma preparação necessária para a vinda de
Cristo.   No   mesmo   princípio,   creio   que   a   restauração   do
Senhor hoje será usada por Deus como uma preparação para
a   volta   do   Senhor.   O   Senhor   pode   usar   totalmente   Sua
restauração por causa da Sua volta!

137
CAPÍTULO DEZ

A REVELAÇÃO FINAL E MÁXIMA
DA UNIDADE LOCAL E A
SUA RESTAURAÇÃO

Leitura Bíblica: Gn 1:1; Ml 1:1­2; Mt 1:1; 16:16­18; 18:17; Jo
1:1, 14; 20:17; At 8:1a; 13:1a; 14:23; 1Co 1:2a; Gl 1:2; Ap 1:4­
5a, 11, 20; 3:22; 22:17a

Nos   capítulos   anteriores   dedicamos   muita   atenção   a


várias   porções   do   Antigo   Testamento.   Nesse   capítulo
precisamos   ter   uma   visão   mais   abrangente   do   Novo
Testamento   com   respeito   à   revelação   final   e   máxima   da
unidade local e a sua restauração.

UMA VISÃO PANORÂMICA DA REVELAÇÃO DE
DEUS DO ANTIGO TESTAMENTO

Se   tivermos   uma   visão   panorâmica   da   Bíblia   e


considerarmos a Bíblia como um todo, veremos que ela revela
quatro   figuras   principais.   Primeiramente,   a   Bíblia   revela
Deus como o Criador. O primeiro versículo da Bíblia, Gênesis
1:1 diz, “No princípio, criou Deus os céus e a terra.” (Heb.).

138
Deus estava no princípio e todas as coisas foram criadas por
Ele.   Malaquias   1:1   e   2   revelam   que   esse   Deus   é   também
Aquele   que   ama   a   Israel.   Portanto,   o   Antigo   Testamento
revela Deus como o Criador de todas as coisas e como Aquele
que ama um povo em especial, Israel. De certo modo, esse é
um   resumo   da   revelação   de   Deus   no   Antigo   Testamento.
Podemos chamar esse Deus de o Deus de Israel. Esse termo
também é usado no Antigo Testamento. Os Judeus, evidente­
mente, amam muito o Antigo Testamento porque ele revela
que o único Deus no universo, Aquele que criou os céus e a
terra, é também o mesmo Deus que ama Israel.

CRISTO E A IGREJA

Como   todos   sabem,   o   Novo   Testamento   continua   a


revelar muito mais a respeito de Deus. Por esta razão, nós
que cremos em Cristo não podemos dizer que a revelação de
Deus no Antigo Testamento é uma revelação plena de nosso
Deus, pois ela trata de uma revelação parcial e incompleta
Dele.
Mateus 1:1 diz, “Livro da genealogia de Jesus Cristo,
filho de Davi, filho de Abraão.” Quão diferente é a abertura
do   Novo   Testamento   em   relação   ao   primeiro   versículo   do
Antigo Testamento! Essa Pessoa que é citada em Mateus 1:1
é revelada adiante em Mateus 16. Nesse capítulo o Senhor
perguntou aos Seus discípulos, “Quem diz o povo ser o Filho
do   homem?”   Depois   de   os   discípulos   terem   dado   algumas
respostas, o Senhor direcionou Sua pergunta especificamente
para eles: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?”
(v.15).   Recebendo   revelação   do   Pai   nos   céus,   Simão   Pedro
respondeu e disse, “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v.
16).   O   Senhor   reconheceu   que   essa   revelação   não   veio   de
carne e sangue, mas do Pai. Então, Ele prosseguiu e disse,
139
“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e
as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (v. 18). O
que temos aqui não é Israel amado por Deus—temos a igreja
edificada por Cristo.
João   1:1   diz,   “No   princípio   era   o   Verbo,   e   o   Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus.” No versículo 14 nos é
dito que “o Verbo se fez carne e tabernaculou entre nós, cheio
de graça e de verdade.” Esse Verbo que estava no princípio
com Deus e que se tornou carne é o próprio Deus que criou
todas as coisas, mas Ele é muito mais. Em nossa pregação do
evangelho precisamos dizer isso aos nossos amigos Judeus.
Precisamos ensinar­lhes a verdade de que o Deus que criou
todas   as  coisas   se tornou   homem  por  meio  da   encarnação.
Também   devemos   dizer­lhes   que   Deus   não   parou   somente
como   Aquele   que   amou   a   Israel.   Segundo   o   Evangelho   de
João,   Ele   se   tornou   um   homem.   Portanto,   conhecer   Deus
apenas como Deus é conhecê­Lo de uma maneira incompleta.
Depois de ter vivido na terra por trinta e três anos e
meio, Cristo foi crucificado e entrou para a ressurreição. No
dia   de   Sua   ressurreição,   Cristo   disse,   “Vai   ter   com   meus
irmãos e dize­lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu
Deus e vosso Deus” (Jo 20:17). Em Mateus temos Cristo e a
igreja. Em João temos o Filho de Deus e Seus muitos irmãos,
os quais são a igreja. Após Sua ressurreição, Cristo começou
a   chamar   os   discípulos   de   irmãos,   pois   por   meio   de   Sua
ressurreição   eles   foram   regenerados   (1Pe   1:3)   com   a   vida
divina   liberada  por  Sua   morte  transmissora  de vida,  como
indicado em João 12:24. Ele era o unigênito do Pai, como a
expressão  individual  do   Pai.   Agora,   por  intermédio  de  sua
morte   e   ressurreição,   o   unigênito   do   Pai   se   tornou   o
“primogênito entre  muitos  irmãos”  (Rm  8:29). Seus  muitos
irmãos são os muitos filhos de Deus e a igreja (Hb 2:10­12),
como a expressão coorporativa de Deus o Pai no Filho.
140
Nesse   ponto   vemos   a   partir   da   revelação   na   Bíblia,
três principais personagens: Deus, Cristo e a igreja. Deus é
corporificado   em   Cristo   e   Cristo   é   expresso   por   meio   da
igreja. Essa é a revelação no final dos Evangelhos.

AS IGREJAS LOCAIS
A partir de agora prosseguiremos do livro de Atos até o
livro de Apocalipse. Aqui não vemos somente Deus, Cristo, e
a igreja; temos também as igrejas. Em Mateus 16 o Senhor
diz,   "Eu   edificarei   a   Minha   igreja."   Esta   igreja   é   única,   a
igreja universal tipificada por Sião. Mas da mesma maneira
que Sião tem muitos picos, também a igreja universal tem
muitas expressões locais. Em Mateus 18, onde o Senhor fala
de   levar   uma   questão   a   igreja,   nós   vemos   uma   destas
expressões   locais.   Podemos   também   comparar   a   igreja
universal   a   uma   árvore   e   as   igrejas   locais   aos   galhos   da
árvore. Em Mateus 18 nós vemos um dos galhos desta árvore
universal. Aqui está uma igreja local para a qual podemos
levar nossos problemas. Além disso, tal igreja também pode
tratar   com   certas   pessoas   e   até   fazer   com   que   elas   sejam
consideradas como gentios ou publicanos.
No   livro   de   Atos   nós   lemos   sobre   a   igreja   em
Jerusalém (8:1) e de uma outra igreja em Antioquia (13:1).
Segundo Atos 14:23, os apóstolos ordenavam presbíteros em
cada   igreja.   As   igrejas   referidas   aqui   são   aquelas
estabelecidas   nas   províncias   da   Ásia   Menor.   Primeira
Coríntios 1:2 fala de "a igreja de Deus que está em Corinto."
Além   disso,   em   Gálatas   1:2   Paulo   se   refere   "as   igrejas   da
Galácia," uma região do Império Romano que incluía muitas
localidades. Da mesma maneira que existem muitas igrejas
locais   no   estado   da   Califórnia   hoje,   também   existia   várias
igrejas na região da Galácia na época de Paulo.

141
No   livro   de   Apocalipse   a   revelação   divina   na   Bíblia
alcança sua consumação. A igreja universal como o Corpo de
Cristo é expresso pelas igrejas locais. As igrejas locais, como
a   expressão   do   um   Corpo   de   Cristo   (Ap   1:12,   20),   são
localmente uma. Apocalipse 1:4 diz, "João, às sete igrejas que
se encontram na Ásia." A Ásia era uma província do Império
Romano antigo em que estava as sete cidades mencionadas
em   1:11.   As   sete   igrejas   estavam   naquelas   sete   cidades
respectivamente, não todas em uma cidade. Apocalipse não
trará com a igreja universal, mas com as igrejas locais em
várias cidades. Vimos que a igreja é primeiramente revelada
como   universal   em   Mateus   16:18   e   então   como   local   em
Mateus   18:17.   Em   Atos   a   vida   da   igreja   era   praticada   de
maneira local, como a igreja em Jerusalém (8:1) e a igreja em
Antioquia (13:1) e as igrejas nas províncias da Síria e Cilícia
(15:41). Sem as igrejas locais, não existe nenhuma pratica­
lidade e realidade da igreja universal. A igreja universal  é
praticável nas igrejas locais. Ao conhecer a igreja universal­
mente,   também   devemos   conhecê­la   localmente.   É   um
grande avanço para nós conhecermos e praticarmos a vida da
igreja.  Com  relação  à  igreja,  o livro  de Apocalipse está   na
fase   avançada,   pois   é   escrito   para   as   igrejas   locais.   Se
quisermos   conhecer   este   livro,   devemos   avançar   da
compreensão da igreja universal para a realidade e prática
das igrejas locais.
UMA CIDADE, UMA IGREJA
Em 1:11 a voz disse para João, "O que vês, escreve em
um   livro   e   manda   às   sete   igrejas:   para   Eféso,   Esmirna,
Pérgamo,   Tiatira,   Sardes,   Filadélfia   e   Laodicéia."   Este
versículo   é   composto   em   uma   maneira   muito   importante.
Aqui vemos que o enviar deste livro "para  as  sete igrejas"
equivale a enviá­lo para as sete cidades. Isto deixa claro que

142
a   prática   da   vida   da   igreja   era   de   uma   igreja   para   uma
cidade,   uma   cidade   com   uma   igreja.   Em   nenhuma   cidade
havia mais de uma igreja. A jurisdição de uma igreja local
deve abranger toda a cidade em que a igreja está; não deve
ser maior ou menor que o limite da cidade. Todos os crentes
dentro daquele limite devem constituir a  única igreja local
dentro   daquela   cidade.   Conseqüentemente,   uma   igreja
equivale a uma cidade, e uma cidade equivale a uma igreja.
Isto é o que nós chamamos as igrejas locais.
GRAÇA E PAZ DA PARTE DO DEUS TRIÚNO
PARA AS SETE IGREJAS
Apocalipse 1:4 e 5 são versículos muito significativos.
"João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: Graça e paz
a   vós   outros,   da   parte   Daquele   Que   é,   Aquele   que   era,   e
Aquele que há de vir, e da parte dos sete Espíritos que se
acham   diante   do   Seu   trono,   e   de   Jesus   Cristo,   a   fiel
Testemunha, o Primogênito dos mortos, e o Soberano dos reis
da   terra."   Segundo   estes   versículos,   graça   e   paz   são
transmitidas para as sete igrejas do Deus Triúno. Note que
nestes versículos existem três "da parte de": Daquele Que é,
e Daquele Que era, e Daquele Que há de vir (o Pai); da parte
dos sete Espíritos (o Espírito); e da parte de Jesus Cristo (o
Filho). Que revelação plena do Deus Triúno! Como Deus, o
Pai eterno, Ele estava no passado, Ele está no presente, e Ele
está vindo no futuro. Como Deus, o Espírito, Ele é o Espírito
sete vezes intensificado para operação de Deus. Como Deus o
Filho,   Ele   é   a   Testemunha,   o   testemunho,   a   expressão   de
Deus, o Primogênito dos mortos para a igreja, a nova criação,
e o Soberano dos reis da terra para o mundo. Desta maneira,
o Deus Triúno concede graça e paz as igrejas.
A   revelação   de   Deus   nestes   versículos   é   muito   mais
completa do que a revelação em Gênesis 1:1. O Deus revelado

143
em Gênesis não podia ser chamado Jesus, pois em Gênesis
ainda   não   temos   a   encarnação.   De   acordo   com   João   1,   o
mesmo Deus que é o Criador em Gênesis 1 é a Palavra que se
tornou carne e tabernaculou entre nós. Quando a Palavra se
tornou carne, Ele recebeu o nome Jesus. Em Apocalipse 1:5,
Jesus é a Fiel Testemunha e o Soberano dos reis da terra.
Apocalipse 1:4 e 5 contém a última revelação na Bíblia. A
revelação nas Escrituras começa com Deus como o Criador e
consuma com o Deus Triúno processada dando graça e paz
para   as   igrejas   locais.   De   acordo   com   a   Revelação   1:4,   o
Espírito se tornou os sete Espíritos, isto é, o Espírito todo­
inclusivo. Além disso, o Filho se tornou a Testemunha fiel, o
Primogênito   dos   mortos,   e   o   Soberano   dos   reis   da   terra.
Tendo   passado   por   meio   da   encarnação,   viver   humano,
crucificação,   ressurreição   e   ascensão,   Ele   foi   entronizado
acima de todos ao reis. Esse Deus Triúno processado não está
diretamente relacionado a indivíduos ou a igreja de um modo
geral, mas as igrejas. Por essa razão, Apocalipse 1:4 e 5 diz
especificamente que a graça e paz procede do Deus Triúno
para as sete igrejas.

O PROGRESSO DA REVELAÇÃO DIVINA
A   revelação   de   Deus   começou   com   Ele   mesmo   e
continuou com Cristo e o Espírito até atingir Sua meta nas
igrejas   locais.   Sem   as   igrejas   locais,  não  temos   a   meta   da
revelação divina. Aqui a deficiência entre os Judeus e muitos
Cristãos,   e   mesmo   muitas   pessoas   assim   chamadas
espirituais fica evidente. Os Judeus têm Deus, a maioria dos
Cristãos   tem   Deus   e   Cristo,   e   os   Cristãos   com   algum
progresso também têm o Espírito, mas muito poucos Cristãos
têm a vida da igreja adequada nas igrejas locais. Hoje, nas
igrejas locais, nós temos Deus, Cristo, o Espírito, e a igreja.
144
O resultado do progresso da manifestação de Deus é a
igreja. Deus foi encarnado em Cristo, Cristo é compreendido
e experimentado como o Espírito que dá vida para nós, e o
Espírito flui nas igrejas. Quando experienciamos e temos a
percepção de Cristo como o Espírito que dá vida, o resultado
é a vida da igreja. A igreja é o Corpo, a plenitude de Cristo. O
progresso dessa revelação é Deus, Cristo, o Espírito, a igreja,
e as igrejas locais. Isso é a revelação de Deus em Sua Palavra
santa.
Em   Apocalipse   22:17   vemos   uma   expressão
maravilhosa: "O Espírito e a Noiva diz..." Aqui nós temos um
sujeito composto—o Espírito e a Noiva. O Espírito é o Deus
Triúno processado, todo­inclusivo que dá vida, e a Noiva é a
igreja composta de todas as igrejas com todos os santos. O
fato de o Espírito e a Noiva falarem a mesma coisa indica
que o Deus Triúno se tornou totalmente um com Seu povo
redimido. Que maravilhoso!
Precisamos ficar profundamente impressionados com o
progresso   da   revelação   divina   na   Bíblia.   Temos   salientado
que   no   Antigo   Testamento   temos   Deus   como   o   Criador   e
como   Aquele   que   ama   Israel.   Em   Mateus   e   João   vemos   a
genealogia de Jesus Cristo e a Palavra que se tornou carne e
tabernaculou entre nós. Além disso, nestes livros lemos sobre
a igreja edificada por Cristo e dos muitos irmãos do Filho de
Deus que são a igreja. Em Atos a igreja foi é estabelecida em
várias   cidades.   A   maior   parte   das   Epístolas   foi   escrita
particularmente para as igrejas locais. Por fim, no livro de
Apocalipse vemos que graça e paz são dadas as igrejas locais
provenientes   do   Deus   Triúno   processado.   Finalmente,   de
acordo   com   Apocalipse   22:17,   o   Espírito   e   a   Noiva   falam
como um, indicando que o Deus Triúno é verdadeiramente
um com Seu povo redimido.
NOSSA IGREJA LOCAL
145
Se   estivermos   claros   quanto   à   revelação   na   Bíblia,
devemos perceber que o lugar adequado para desfrutar Deus
hoje é nas igrejas locais. Em particular, precisamos estar em
uma   igreja   local   definida   para   que   possamos   dizer   que   é
nossa igreja local. Embora eu ame todas as igrejas, eu devo
ser   honrado   e   testemunhar   que   nenhuma   igreja   é   tão
querida   e   amável   para   mim   quanto   a   igreja   em   Anaheim
porque a igreja em Anaheim é minha igreja local. Todos nós
devíamos ter o mesmo sentimento sobre a igreja em nossa
cidade.
Quão lamentável é a situação da maioria dos cristãos
hoje! Por não estarem na vida da igreja, eles são órfãos sem
uma casa. Esta era nossa condição antes de virmos para a
vida da igreja na restauração do Senhor. Não apenas éramos
órfãos—éramos   errante.   Antes   de   virmos   para   as   igrejas
locais, nós nunca tivemos a sensação de que voltamos para
casa ou que alcançamos nosso destino. Mas no dia em que
vimos para a vida da igreja, nós soubemos que voltamos para
casa. Depois de vaguear por anos, nós finalmente alcançamos
nosso destino. Alguma coisa profunda interior disse, "Este é
o   lugar".   Muitos   cristãos   buscadores   hoje,   pelo   contrário,
estão   ainda   excursionando;   eles   estão   viajando   de
denominação em denominação. Mas  no dia em  que  viemos
para   a   vida   da   igreja,   nossa   viagem   errante   cessou.   As
igrejas  locais   são o  que Deus   deseja   hoje.  Esta   é a   ultima
estação da Sua revelação.
Todos   os   cristãos   genuínos   crêem   que   Cristo   é   o
próprio Deus que criou o universo, que se tornou um homem,
que morreu na cruz para nossa redenção, e que ressuscitou
completamente   de   entre   os   mortos.   Todos   os   cristãos
verdadeiros   receberam   este   Cristo   como   seu   Salvador   e
Redentor. Porém, é possível ser tal genuíno Cristão e ainda
estar experiencialmente ou nos Evangelhos ou em Atos. Nós
146
devemos ser cristãos no livro de Apocalipse; isto é, devemos
estar na consumação final e máxima de Deus. Devemos ser
cristãos   que   desfrutam   o   Deus   Triúno   processado,   todo­
inclusivo,   que   dá   vida,   mesclado   com   as   igrejas.   Se
estivermos   nesta   realidade,   então   seremos   cristãos   em
Apocalipse.
É fácil para os crentes verem a igreja universal, mas é
difícil  eles  verem   as  igrejas  locais.  A  revelação das  igrejas
locais é o desvendar final do Senhor com relação à igreja. Ela
foi   dada   aqui   no   ultimo   livro   da   Palavra   divina.   Para
conhecer   plenamente   a   igreja,   os   crentes   devem   seguir   o
Senhor dos Evangelhos, através das Epístolas, para o livro
de Apocalipse até que estejam habilitados para ver as igrejas
locais como desvendadas lá. Em Apocalipse a primeira visão
é   com   respeito   às   igrejas.   As   igrejas   com   Cristo   como   seu
centro é o enfoque na administração divina para o cumpri­
mento do propósito eterno de Deus.
Temos visto as quatro figuras principais reveladas na
Bíblia: Deus, Cristo, a igreja, e as igrejas. Nosso Deus não é
meramente o Criador em Gênesis 1. Ele é o Deus processado
em Apocalipse 1:4 e 5. Ele é Aquele que É, que Era, e que Há
de vir; Ele  é os  sete Espíritos; e Ele  é Jesus  Cristo, a fiel
Testemunha, o Primogênito dos mortos, e o Soberano dos reis
da Terra. Quão abençoados somos por conhecer Deus desta
maneira e ter tal visão panorâmica da Bíblia! Que privilégio
ouvir tal palavra relacionada à revelação final e máxima de
Deus   nas   Escrituras!   Hoje   em   nossa   igreja   local   podemos
apreciar   o   Deus   Triúno   processado,   todo­inclusivo,   que   dá
vida.
O ESPÍRITO FALANDO AS IGREJAS
Em Apocalipse 2 e 3 temos dito repetidamente que o
Espírito fala às igrejas. Isto é muito diferente da expressão

147
do   Antigo   Testamento,   "Assim   diz   o   Senhor".   Visto   que   o
Espírito   hoje   fala   as   igrejas,   devemos   estar   em   uma   das
locais igrejas a fim de ouvir o Seu falar. O Espírito hoje está
falando diretamente para as igrejas. Portanto,  é vital para
nós   estarmos   em   uma   das   igrejas,   em   uma   igreja   que
possamos designá­la como nossa igreja local.

CANDELABROS DOURADOS
Em Apocalipse as igrejas, tipificadas pelos candelabros
de   ouro,   são   o   testemunho   de   Jesus   (1:2,   9)   na   natureza
divina,   brilhando   localmente   na   noite   escura,   contudo
coletivamente.   As   igrejas   devem   ser   da   natureza   divina—
dourada.   Elas   devem   ser   as   hastes,   até   o   candelabro,   que
sustenta as lâmpadas com o óleo (Cristo como o Espírito que
dá   vida),   brilhando   de   fato   na   escuridão   e   coletivamente.
Elas   são   candelabros   individuais   localmente,   contudo   ao
mesmo tempo elas são um grupo, uma coleção de candelabros
universalmente.   Elas   não   estão   brilhando   apenas   local­
mente, mas  também  sustentando universalmente o mesmo
testemunho tanto para as localidades como para o universo.
Elas   são   da   mesma   natureza   e   da   mesma   forma.   Elas
sustentam a mesma lâmpada para o mesmo propósito e são
completamente identificados umas com as outras, não tendo
qualquer   distinção   individual.   As   diferenças   das   igrejas
locais registradas em capítulos dois e três são todas de uma
natureza   negativa,   não   de   uma   natureza   positiva.
Negativamente,   em   seus   fracassos,   eles   são   diferentes   e
separam   umas   das   outras;   mas   positivamente,   em   sua
natureza,   forma   e   propósito,   elas   são   absolutamente
idênticas e conectadas umas as outras.

148
O SIGNIFICADO IMPLÍCITO
DO DEUS TRIÚNO
Ao   longo   dos   séculos,   poucos   cristãos   tocaram   as
profundezas   do   significado   dos   candelabros   como   símbolos
das igrejas locais. De acordo com nosso conceito natural, um
candelabro   é   simplesmente   um   objeto   sustentando   uma
lâmpada que brilha na escuridão. O candelabro em Êxodo 25
é de ouro puro, e o candelabro em Zacarias 4 e Apocalipse
também   são   de   ouro.   Substancialmente,   o   candelabro   é
dourado.   Com   o   candelabro   nós   vemos   três   coisas   impor­
tantes: o ouro, as hastes e as lâmpadas. O candelabro tem
implicação direta com o significado do Deus Triúno. O ouro é
a substância com a qual o candelabro é feito, as hastes são a
corporificação  do  ouro,   e  as   lâmpadas   são  a   expressão  das
hastes.  O   ouro  tipifica   o  Pai   como  a  substância,  as   hastes
tipifica o Filho como a corporificação do Pai, e as lâmpadas
tipificam o Espírito como a expressão do Pai no Filho. Desta
maneira,   o   significado   do   Deus   Triúno   está   diretamente
implicado no candelabro. Substancialmente, o candelabro  é
um,   mas   expressivamente,   é   sete   porque   é   um   candelabro
com sete lâmpadas. Na base o candelabro  é um; no topo, é
sete. Devemos discutir se ele é um ou sete? Em substância, o
candelabro   é   um   pedaço   de   ouro,   mas   ele   sustenta   sete
lâmpadas.   Isto   misteriosamente   indica   que   substancial­
mente o Deus Triúno é um. Em substância, Ele é um, mas
em expressão, Ele é Espírito sete vezes intensificado. O Pai
como a substância é corporificado no Filho como a fôrma, e o
Filho é expresso como o Espírito sete vezes intensificado.
Como   podemos   provar   que   as   sete   lâmpadas   são   o
Espírito expressando Cristo? As sete lâmpadas são primeira­
mente   mencionadas   em   Êxodo.   Se   tivéssemos   apenas   o
registro em Êxodo, entretanto, seria difícil percebermos que
estas sete lâmpadas é o Espírito. Prosseguindo de Êxodo até
149
Zacarias, nós vimos que as sete lâmpadas são os sete olhos
de Cristo e os sete olhos de Deus (Zc 3:9; 4:10). Continuando
para Apocalipse, nós vemos que os sete olhos do Cordeiro são
os   sete   olhos   os   quais   é   o   Espírito   intensificado   de   Deus.
Conseqüentemente, nós temos uma forte base para dizer que
as sete lâmpadas é o Espírito sete vezes intensificado como a
expressão de Cristo.

O DEUS TRIÚNO CORPORIFICADO
E EXPRESSADO
Temos   visto   que   o   candelabro   tem   implicação   direta
com o significado do Deus Triúno; simboliza o Deus Triúno
corporificado e expressado. Deus o Pai como o ouro divino é
corporificado   em   Cristo   o   Filho   e   então   é   completamente
expresso pelo Espírito. A expressão difere da incorporação. A
incorporação   deve   ser   exclusivamente   única   porque   nosso
Deus é exclusivamente um. Deste modo, a incorporação deve
ser   uma   haste.   A   expressão,   porém,   deve   ser   completa,   e
completa no mover de Deus. Lembre­se que sete é o número
para completação no mover de Deus. Ao longo dos séculos,
Deus foi expresso em Seu mover. Esta é a razão que as sete
lâmpadas tipificam o Espírito intensificado como a expressão
de Cristo no mover completo de Deus. Esta é a compreensão
prática da Trindade.
A Trindade é para o dispensar de Deus para dentro da
humanidade.   Deus,   o   Ser   divino,   é   primeiramente   corpori­
ficado em Cristo e então expressado por meio do Espírito sete
vezes intensificado. Agora temos não somente o Deus Triúno;
no   candelabro   temos   o   Deus   Triúno   substancialmente   e
solidamente corporificado e expressado. O ouro foi moldado
em uma base sólida. Outrora, era apenas ouro, mas agora é
uma   haste.   O   ouro   foi   moldado   em   uma   haste   para   o
150
cumprimento   do   propósito   de   Deus.   Sem   a   haste,   não   há
maneira de o propósito de Deus ser cumprido. Como vimos,
esta haste, a qual é um tipo de Cristo, é expresso pelas sete
lâmpadas   significando   os   Espíritos   de   Deus.   Os   sete
Espíritos de Deus não são separados de Deus; eles são os sete
olhos de Deus e do Cordeiro, o Redentor. Eles também são os
sete olhos da pedra da edificação (Zc 3:9). Portanto, eles são
os sete olhos com a redenção de Cristo para a edificação de
Deus. Sempre que estes olhos olham para as pessoas, elas
são redimidas e edificadas na casa do Deus.

A REPRODUÇÃO DE CRISTO
E O ESPÍRITO

Em Êxodo 25 a ênfase está na haste, em Zacarias 4 a
ênfase está nas lâmpadas, e em Apocalipse 1 a ênfase está na
reprodução.   Tanto   em   Êxodo   quanto   em   Zacarias   o
candelabro é um, mas em Apocalipse ele foi reproduzido e se
tornou sete. Primeiramente, em Êxodo a ênfase está na haste
—   em   Cristo.   Segundo,   em   Zacarias   a   ênfase   está   nas
lâmpadas   —   no   Espírito.   Eventualmente,   em   Apocalipse
tanto a haste quanto as lâmpadas, isto é, Cristo e o Espírito,
são   reproduzidos   como   as   igrejas.   Em   Êxodo   e   Zacarias
existem   apenas   sete   lâmpadas,   mas   aqui   em   Apocalipse
existem quarenta e nove lâmpadas, pois cada candelabro tem
sete   lâmpadas.   Conseqüentemente,   o   único   candelabro   se
tornou sete e as sete lâmpadas se tornaram quarenta e nove.
Os   candelabros   com   suas   lâmpadas   em   Apocalipse   são   a
reprodução de Cristo e o Espírito. Quando Cristo é percebido,
Ele é o Espírito, e quando o Espírito é percebido, nós temos
as igrejas como a reprodução.
151
CONTEÚDO, EXISTÊNCIA E EXPRESSÃO

A   igreja   não   é   somente   universalmente   uma,   mas


também expressada localmente nas muitas cidades. Em todo
o universo há somente um Cristo, um Espírito e uma igreja.
Porque   então   existem   as   sete   igrejas?   Por   causa   da
necessidade   de   uma   expressão.   Para   a   existência,   uma   é
suficiente. Mas para a expressão, muitas são necessárias. Se
quisermos   conhecer   a   igreja,   precisamos   conhecer   o   seu
conteúdo, existência e expressão. Substancialmente, a igreja,
e   até   mesmo   todas   as   igrejas,   são   uma.   Em   expressão,   as
muitas igrejas são os muitos candelabros. O que é a igreja? A
igreja é a expressão do Deus Triúno e essa expressão é vista
em   muitas   localidades   na   terra.   A   igreja   não   é   expressa
apenas   por   um   candelabro,   mas   por   sete   candelabros.   Em
Apocalipse 1 existem sete candelabros com quarenta e nove
lâmpadas   brilhando   no   universo.   Este   é   o   testemunho   de
Jesus.
A igreja é o testemunho de Jesus. Isso significa que a
igreja   é   a   expressão   do   Deus   Triúno   substancialmente   e
expressivamente.   Substancialmente,   ela   é  da   mesma   subs­
tância em todo o universo; expressivamente, ela é os muitos
candelabros   com   as   lâmpadas   brilhando   nas   trevas   para
expressar   o   Deus   Triúno.   O   Pai   como   a   substância   é
corporificado   no   Filho,   o   Filho   como   a   corporificação   é
expresso   por   meio   do   Espírito,   o   Espírito   é   plenamente
concretizado e reproduzido como as igrejas e as igrejas são o
testemunho   de   Jesus.   Se   virmos   essa   visão,   ela   nos
governará e nunca seremos divisivos.
Temos visto que os candelabros é o ouro divino corpori­
ficado em uma forma substancial para cumprir o propósito
de   Deus   em   Seu   mover.   A   expressão   da   posição   está   no
152
brilhar da luz.  À medida que a expressão brilha, o brilhar
cumpre   o   propósito   eterno   de   Deus.   Assim,   o   candelabro
significa não somente o Deus Triúno, mas também o mover
do   Deus   Triúno   em   Sua   corporificação   e  expressão.  Temos
visto   também   que   as   igrejas   locais   são   a   reprodução   da
corporificação e da expressão do Deus Triúno. Não devemos
nos satisfazer em dizer que as igrejas locais são o candelabro
brilhando na noite escura. Embora isso esteja correto, é um
pouco superficial. Precisamos ver que as igrejas locais são a
reprodução da corporificação e expressão do Deus Triúno.

NA IGREJA LOCAL SOBRE
A BASE DA UNIDADE

Salientamos   que   quando   o   povo   de   Deus   no   Antigo


Testamento perdeu a base da unidade, eles espontaneamente
perderam   muitas   coisas   espirituais   e   santas.   No   entanto,
quando   eles   retornaram   para   Jerusalém,   para   a   base   da
unidade, todas estas coisas santas e espirituais espontânea­
mente  retornaram.  O  princípio  hoje  é  o mesmo  na   restau­
ração do Senhor. Hoje o nosso Deus, o Deus Triúno, é o Pai
corporificado no Filho e o Filho consumado como o Espírito
todo­inclusivo.   Hoje   este   Espírito   está   falando   as   igrejas.
Portanto,   com   o   intuito   de   ouvir   o   falar   deste   Espírito,
devemos estar em uma dessas igrejas. Finalmente, o Espírito
e   a   Noiva,   constituídos   de   todas   as   igrejas   com   todos   os
santos,  serão  um   e falarão  com  uma   só  voz.   Hoje  estamos
ouvindo o falar do Espírito. Mas o dia está chegando quando
juntos   o   Espírito   e   a   Noiva   dirão   “Vem!”.   Louvado   seja   o
Senhor   por   esta   visão!   Com   tal   visão   clara   diante   de   nós,
sabemos onde devemos estar hoje – na unidade local, isto é,
na igreja local na base da unidade.

153
Se não estivermos na unidade local, não estamos na
igreja de uma maneira genuína  e prática. Além disso, não
podemos ter a plena experiência do Deus Triúno processado,
todo­inclusivo.   A   razão   de   muitos   Cristãos   estarem   em
carência   espiritual   é   que   eles   não   têm   nem   a   unidade
genuína   e   nem   a   plena   experiência   do   Espírito   todo­
inclusivo. Eles têm a Bíblia, mas não tem muita experiência
de Cristo como vida. Eles têm o nome de Cristo, mas não tem
nem  uma  pequena   realidade  da  Sua  pessoa.  Tantas  coisas
espirituais estão faltando porque a base da unidade tem sido
danificada e até mesmo perdida. Somente nesta base é que
podemos ter a plena experiência do Deus Triúno processado.
Lembre­se,  a dispensação do  Deus  Triúno,  segundo  Apoca­
lipse 1:4 e 5 é para as igrejas locais.

A BASE DA LOCALIDADE

A base da unidade da qual estamos falando é a base da
localidade.   Mais   de   vinte   anos   atrás   em   Taipei,   um   certo
cristão proveniente da América, um amigo íntimo nosso, era
o médico da nossa família. Embora ele tenha me ouvido dar
mais de trinta mensagens a respeito da base da igreja, um
dia   ele   me   disse   que   ele   simplesmente   não   era   capaz   de
entender essa questão da base da localidade. Eu expliquei a
ele   muito   cuidadosamente,   mas   ele   ainda   não   a   entendia.
Finalmente, ele admitiu que ele tinha algum entendimento
da base da unidade, mas não da base da localidade.
O irmão T. Austin­Sparks tinha a mesma dificuldade.
Muitos anos atrás ele e eu tivemos por cerca de vinte longas
conversas, cada qual durou por volta de duas a três horas, a
respeito da base da igreja. Num determinado ponto ele me
disse que ele não era capaz de entender aquele termo, a base
da   localidade.   Eu   mostrei   a   ele   que,   como   ele   sem   dúvida

154
havia percebido, foi permitido aos filhos de Israel construí­
rem um templo somente em um lugar particular, no Monte
Moriá,   onde   Abraão   ofereceu   o   seu   filho   Isaque.     Aquele
lugar único era o terreno sobre o qual o templo foi edificado.
Esse   terreno   preservou   a   unidade   do   povo   de   Deus.   Eu
prossigo   e   digo   que   não   era   permitido   ao   povo   de   Deus
edificar   um   templo   em   Babilônia,   mesmo   que   o   templo
tivesse o mesmo tamanho e projeto que o templo original em
Jerusalém. Um templo edificado em Babilônia não poderia
ser o centro da unidade. Pelo contrário. Tal templo teria sido
o   centro   da   divisão.   Foi   requerido   a   todos   aqueles   que
retornaram do cativeiro que retornassem a base da unidade,
ao   Monte   Sião,   onde   o   templo   fora   reedificado.   Então,   o
templo no Monte Sião foi edificado na base da unidade. Isso
ilustra a genuína unidade dos crentes hoje, uma unidade com
a   base   adequada,   na   base   da   localidade.   Creio   que   o   Sr.
Austin­Sparks entendeu isso, mas não desejou admitir. Na
verdade não é difícil entender qual é o significado da base da
localidade. A razão de muitos terem dificuldade com isto  é
que eles não desejam desistir dos seus conceitos.

A NECESSIDADE DE ESTAR
NA UNIDADE LOCAL

Segundo o livro de Apocalipse, a unidade dos crentes
em Cristo é a unidade local. Na verdade, todos os que não
estão  na  unidade local  não  estão na   unidade. Aqueles  que
não estão em uma igreja local não estão verdadeiramente na
igreja. Com o intuito de estar na igreja nós devemos estar na
igreja local. No mesmo princípio, se estivermos na unidade,
devemos estar na unidade local, na unidade prática em nossa
localidade. A unidade local é muito prática e pessoal. Se você
não   está   pessoalmente   nessa   unidade,   você   não   está   na
unidade verdadeiramente e você não está na igreja. Por esta
155
razão, no título deste capítulo falamos da revelação final e
máxima   da   unidade   local.   Como   louvamos   o   Senhor   pela
revelação e restauração dessa unidade!

A RESTAURAÇÃO DA VIDA DA IGREJA

Essa unidade local foi danificada e em sua totalidade
perdida no tempo em que a Igreja Católica foi estabelecida. O
imperador Constantino  o Grande  iniciou  o estabelecimento
da Igreja Católica no começo do século quarto. Em 325 A.D.
ele   convocou   um   conselho   em   Nicéia   para   estabelecer
disputas   teológicas   que   estavam   causando   um   conflito   em
todo o seu império. Ele usou a sua influência política para
produzir   uma   certa   espécie   de   unidade.   No   final   do   sexto
século a Igreja Católica estava completamente formada com
o   estabelecimento   do   sistema   papal.   Naquele   tempo   a
unidade   local   estava   absolutamente   destruída   e   perdida.
Durante   os   séculos   seguintes,   um   período   conhecido
como A Era das Trevas, a Bíblia foi trancada e afastada do
povo e a verdade sobre a salvação obscurecida. Então, com a
Reforma, a Bíblia foi destrancada na linguagem do povo e a
verdade da justificação pela fé foi restaurada. Na questão da
justificação,   Martinho   Lutero   foi   ousado.   No   entanto,   na
questão   da   igreja,   ele   foi   covarde.   Ele   foi   até   mesmo   um
instrumento   no   estabelecimento   da   igreja   estatal   na
Alemanha.   A   primeira   igreja   estatal   foi   estabelecida   na
Alemanha   por   meio   da   assistência   de   Lutero.   Lutero   não
somente cometeu essa terrível tolice, mas também perseguia
os   crentes   que   enfatizavam   a   experiência   de   vida.   Por
exemplo,   Schwenckfeld   foi   chamado   de   demônio.   Nas
décadas que seguiram, muitos que tinham fé, foram perse­
guidos e até martirizados por causa de sua fé, algumas vezes
156
pelas   mãos   da   igreja   estatal   que   foram   estabelecidas   em
muitos países Europeus.

A RESTAURAÇÃO NO SÉCULO DEZOITO

No início do século dezoito, diversos crentes  fugiram
para Bohemia para escapar da perseguição. Zinzendorf tinha
tanto o amor quanto o encargo de cuidar desses refugiados.
No   entanto,   entre   eles   havia   disputas   sobre   doutrina   e
prática.   Quando   estas   disputas   fizeram   com   que   fosse
impossível   para   os   crentes   continuarem   juntos   pacifica­
mente, Zinzendorf fez com que todos os lideres assinassem
um   acordo   em   que   eles   deixariam   de   lado   as   diferenças   e
vivessem   juntos   em   unidade.   Durante   a   próxima   reunião
para   a   mesa   do   Senhor,   eles   experienciaram   o   poderoso
derramar do Espírito. Desta  maneira  a prática  da  vida  da
igreja foi restaurada, ao menos de uma maneira inicial.

A RESTAURAÇÃO COM OS IRMÃOS UNIDOS

Outro   tipo   de   reação   à   formalidade   religiosa   e   o


entorpecimento é a dos místicos tais como Madame Guyon e
Fenelon.   Embora   essa   reação   tenha   ocorrido   no   século
dezessete,   não   houve   restauração   da   vida   da   igreja   até   o
século dezoito. A prática da vida da igreja sob a liderança de
Zinzendorf   foi   muito  boa,   mas  ela   não  foi  adequada.  Além
disso, no inicio do século dezenove o Senhor deu um passo
adiante em direção a restauração da vida da igreja com um
grupo de crentes na Grã­Bretanha, especialmente com John

157
Nelson Darby. Por aproximadamente vinte e cinco anos, os
Irmãos Unidos sob a liderança de Darby experienciaram uma
maravilhosa restauração da vida da igreja, uma restauração
que   foi   mais   completa   e   adequada   do   que   aquela   sob   a
liderança de Zinzendorf um século antes. No entanto, devido
aos   debates   sobre   a   doutrina,   a   unidade   foi   perdida   e   os
Irmãos Unidos foram divididos. À medida que os anos passa­
ram, eles foram divididos em mais de cem divisões. Pelo fato
de a unidade ter sido severamente danificada, a presença do
Senhor com eles diminuiu grandemente.

A RESTAURAÇÃO NA CHINA

Nos anos 20 o Senhor levantou um grupo de jovens na
China sob a liderança de Watchman Nee. O Irmão Nee uma
vez me disse que o Senhor foi forçado a vir à China porque,
no que diz respeito à vida prática da igreja, a China ainda
era   um   solo   virgem,   enquanto   que   os   Estados   Unidos   e   a
Europa  haviam  sido  estragados. Não havia  como o  Senhor
ter   um   inicio   adequado   para   uma   vida   da   igreja   nem   na
Europa   nem   nos   Estados   Unidos.   Então,   Ele   semeou   a
semente da restauração da vida da igreja no solo virgem da
China.
A   primeira   igreja   estabelecida   na   restauração   do
Senhor foi edificada em 1922 em Foochow, a cidade natal do
Irmão   Nee.   Depois   que   fui   salvo   em   1925,   fui   contatar   o
Irmão Nee por meio dos seus escritos. Seus escritos ajuda­
ram muitos de nós a ver os erros das denominações. Viemos
a   perceber   que   embora   tivéssemos   o   nome   do   Senhor,   o
evangelho e a Bíblia, tínhamos que largar muitos aspectos do
cristianismo   organizado.   Sob   a   liderança   do   Irmão   Nee,
estudamos a história da igreja, biografias e todos os impor­
tantes   escritos   espirituais   e   doutrinais.   Por   meio   do   nosso
estudo   ganhamos   um   conhecimento   detalhado   do   cristia­
158
nismo.   Gradualmente   viemos   a   discernir   as   práticas   que
deveríamos adotar: imersão, presbitério, santidade prática, a
espiritualidade pentecostal adequada. Aqueles que visitavam
as nossas reuniões ficavam freqüentemente atribulados pelo
fato de que eles não conseguiam nos categorizar. Para alguns
parecia  que  éramos  Batistas,  mas para  outros  parecia  que
éramos Presbiterianos ou Irmãos de Plymouth.
Em   1932   a   igreja   foi   estabelecida   em   minha   cidade
natal,   Chefoo.   Nós   não   sabíamos   como   praticar   a   vida   da
igreja. Somente sabíamos que amávamos o Senhor Jesus e
que não podíamos concordar com o cristianismo tradicional.
Viemos juntos com um coração pelo Senhor e com a Bíblia.
Não   sabíamos   como   nos   reunir,   em   particular   como   ter   a
mesa do Senhor. Apesar disso, nós desfrutávamos a doçura
da presença do Senhor.

O LIMITE DA LOCALIDADE

Em 1930 o Irmão Nee visitou a Europa, Canadá e os
Estados Unidos. Durante o percurso da sua visita, ele viu a
confusão e a divisão entre as reuniões  dos  Irmãos Unidos.
Preocupado   com   a   situação,   ele   resolveu   reestudar   o   Novo
Testamento   preocupando­se   com   o   limite   da   reunião   local.
Por meio desse estudo ele viu que o limite da reunião devia
ser o limite da localidade a qual a reunião está. Essa verdade
do limite da localidade foi publicada na  The Assembly Life.
Nesse livro o Irmão Nee colocou uma forte ênfase no que ele
chamou de limite local.

A BASE LOCAL

Em 1937 ele viu outra luz a respeito da unidade local
da igreja. Do limite local ele prosseguiu para ver a base local.

159
Convocando uma reunião urgente com os cooperadores, ele
deu   mensagens   publicadas   mais   tarde   em  The   Normal
Christian Church Life. Esse livro enfatiza a base local. Em
1937 a questão da unidade local foi totalmente restaurada
entre   nós.   Ficamos   totalmente   claros   de   que   a   prática   da
vida da igreja requer de nós que estejamos na base local, isso
é, na base da unidade.
Desde   que   essa   questão   da   base   da   localidade   foi
restaurada,   inúmeros   cristãos   têm   argumentado   conosco   a
respeito   dela.   Alguns   disseram,   “Ao   dizer   que   vocês   são   a
igreja  local,  vocês  estão  se  orgulhando.  Como vocês   podem
dizer   que   vocês   são   a   igreja   e   que   nós   não   somos?   Vocês
proclamam   dizendo   que   são   a   igreja   em   Shanghai.   Nós
também   não   somos   a   igreja   em   Shanghai?”   No   inicio
estávamos   preocupados   com   tais   criticas.   Não   tínhamos   a
experiência para tratar com isso. Mais tarde, por sustentar
tal verdade da unidade, aprendemos a como tratar com as
várias criticas, objeções e argumentos.

UMA ILUSTRAÇÃO EFICAZ
DA UNIDADE LOCAL
Se alguém tentar argumentar com você a respeito da
base da unidade, mostra­lhe como ilustração a situação dos
filhos   de  Israel   na  terra   de  Canaã.   Jerusalém  era   o  único
lugar,   o   único   centro,   escolhido   por   Deus   para   manter   a
unidade do Seu povo. Finalmente, o povo de Deus foi levado
cativo,   alguns  para  o   Egito,   outros   para   a   Assíria   e  ainda
outros para Babilônia. Originalmente o povo de Deus era um,
com   um   único   centro   de   adoração   no   monte   Sião   em
Jerusalém.   Mas   eles   foram   divididos   em   pelo   menos   três
grandes   divisões.   Depois   de   passados   os   setenta   anos   de
cativeiro na Babilônia, Deus ordenou ao povo que retornas­
sem   a   Jerusalém.   O   remanescente   do   povo   retornou.   Por
160
retornar   a   Jerusalém,   eles   espontaneamente   formaram
quatro   grupos   entre   o   povo   de   Deus.   Antes   do   retorno   do
cativeiro,   havia   somente   três   grupos   –   aqueles   no   Egito,
Assíria   e   Babilônia.   Embora   esses   três   grupos   fossem
divisões, o quarto grupo, constituído por aqueles que tinham
retornado a Jerusalém, não eram uma divisão. Sim, o quarto
grupo era um grupo distinto, pois ele era uma restauração,
não uma divisão.
Talvez alguns do povo de Deus que escolheram perma­
necer em Babilônia dissessem, “Irmãos, vocês não devem ser
tão   limitados.   Deus   está   em   todo   lugar.   Não   precisamos
voltar   a   Jerusalém   para   adorá­Lo.   Considere   Daniel.   Ele
amou o Senhor e O serviu sem voltar a Jerusalém. Se ele
pôde   permanecer   na   Babilônia,   então   estamos   livres   para
fazer   a   mesma   coisa.”   Sob   a   soberania   do   Senhor,   Daniel
permaneceu na Babilônia até mesmo depois do ano em que
Ciro emitiu o decreto ordenando que os cativos retornassem
a   Jerusalém   (2Cr   36:22;   Dn   1:21;   10:1).   Antes   de   isso
acontecer, ele orava diariamente com suas janelas voltadas
para   Jerusalém.   Isto   indica   que   Daniel   desejava   voltar   à
Jerusalém; no entanto, não lhe foi dado a oportunidade para
fazer   isso.   Portanto,   seu   caso   não   deve   ser   usado   como
desculpa para permanecer na Babilônia, isto é, permanecer
na divisão.
Para o povo de Deus, permanecer no Egito, Assíria ou
Babilônia   era   permanecer   na   divisão.   Aqueles   que   retor­
naram   para   Jerusalém   não   causaram   tal   divisão.   Pelo
contrário,   eles   compartilharam   a   restauração   da   genuína
unidade.  Entre os  quatro grupos,  somente eles  podiam  ser
considerados   como   a   nação   de   Israel.   Embora   aqueles   que
permaneceram   na   Babilônia   pudessem   ser   inumeramente
maior   do   que   os   que   retornaram   para   Jerusalém,   os   que
retornaram podiam ser considerados como a nação de Israel,
161
enquanto que os que ficaram não podiam.
Em princípio, o mesmo é verdade com respeito à
nação de Israel hoje. São aqueles que retornaram a boa terra
que   são   reconhecidos   como   a   nação   de   Israel,   não   os   que
ainda   estão   espalhados   por   toda   a   terra.   Por   exemplo,   o
número de Judeus em Nova Iorque pode exceder o número
dos   que   estão   em   Israel.   No   entanto,   como   até   mesmo   as
Nações Unidas reconhecem, os Judeus em Israel compõe a
nação   de   Israel,   enquanto   que   os   Judeus   em   Nova   Iorque
não.   Os   de   Nova   Iorque   podem   amar   a   nação   de   Israel   e
podem   dar   liberalmente   para   sustentá­la.   No   entanto,
simplesmente porque eles não retornaram para a terra dos
seus pais, eles não podem ser considerados como a nação de
Israel. Para ser parte da nação de Israel, uma pessoa deve
ser não somente um Judeu – ele deve ser um Judeu na base
adequada, isto é, na boa terra.

AQUELES QUE CONSTITUEM A IGREJA

Podemos   aplicar   o   mesmo   princípio   contido   nessa


ilustração   com   respeito   à   situação   da   igreja   hoje.   Quando
tomamos   a   posição   de   que   somos   a   igreja   em   Anaheim,
outros   cristãos   podem   protestar.   Eles   podem   perguntar,
“Como vocês podem dizer que vocês são a igreja em Anaheim
e que nós não?” Se alguém levantar esta questão, descubra
onde ele está. Cheque se ele está em uma denominação ou
em   algum   outro   grupo   Cristão   divisivo.   Se   ele   estiver   em
uma   divisão,   então   no   sentido   prático   ele   não   é   parte   da
igreja   em   sua   localidade.   Muitos   dos   cristãos   de   hoje   são
como   os   Judeus   que   não   retornaram   a   terra   de   Israel.
Somente   os   Judeus   que   retornaram   a   base   original   da
unidade, a terra de seus pais, são parte da nação de Israel.

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No   mesmo   princípio,   para   ser   parte   da   igreja   local,   uma
pessoa não deve ser apenas um cristão, mas também ser um
cristão   na   base   da   unidade.   Somente   aqueles   crentes   que
abandonaram toda base divisiva e voltaram para a base da
unidade   constituem   a   igreja.   Não   importa   quão   poucos
possam ser em número, aqueles que retornaram a base da
unidade são a igreja em sua localidade.
Se nós que reunimos na base da unidade em Anaheim
não somos a igreja em Anaheim, o que nós somos? Eu peço
àqueles   que   se   opõem   ao   nosso   testemunho   a   respeito   da
igreja   que   nos   dê   um   nome.   O   fato   é,   nós   não   temos   um
nome.   Nós   simplesmente   nos   reunimos   como   a   igreja   em
nossa localidade.
Quando falar da base da unidade, aprenda a usar a
ilustração   do   retorno   do   cativeiro   dos   filhos   de   Israel.
Também enfatize a situação da nação de Israel hoje. Muitos
dos Judeus na cidade de Nova Iorque podem ser melhores do
que os da Palestina. No entanto, pelo fato de os da Palestina
estarem em uma base adequada, eles são a nação de Israel.
De modo semelhante, os cristãos que retornaram a base da
unidade são a igreja, não necessariamente por serem mais
espirituais   que   os   outros,   mas   porque   voltaram   à   base
adequada, para a base da unidade.

PAGANDO O PREÇO PARA PERMANECER
NA BASE DA UNIDADE
Você sabe por que muitos do povo de Deus permane­
ceram na Babilônia ao invés de fazer uma longa jornada de
volta a Jerusalém? A razão é que eles estavam estabelecidos
confortavelmente na Babilônia e não queriam pagar o preço
para retornar a boa terra. O mesmo é verdade para muitos
Judeus   nos   Estados   Unidos   hoje.   Eles   podem   ser   muito
devotados   à   nação   de   Israel,   mas   acham   inconveniente
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voltarem para lá para ser parte daquela nação. Tendo uma
posição   estabelecida   na   sociedade   Americana,   eles   podem
preferir   ser   Judeus   Americanos.   Isso   indica   que   eles   não
desejam   pagar   o   preço   para   se   posicionar   na   única   base.
Desculpe   dizer,   o   mesmo   é   verdade   para   muitos   cristãos.
Muitos deles viram alguma verdade sobre a unidade. Mas o
problema é que eles não desejam pagar o preço. Retornar a
base da unidade fará com que muitos percam suas posições,
nomes,   reputação   ou   popularidade.   Pela   misericórdia   do
Senhor,   escolhemos   tomar   o   caminho   estreito   da   cruz   e
permanecer na base da unidade. Não temos escolha exceto
tomar a escolha do Senhor, mesmo que sejamos difamados,
desprezados e criticados. Devemos pagar o preço para perma­
necer na base da unidade local, não importando que coisas
malignas possam dizer sobre nós.
Louvado seja o Senhor por todas as coisas espirituais e
celestiais que tem se tornado a nossa experiência nessa base!
Aqui na unidade local e única temos a presença do Senhor, o
altar e as festas. Nada se compara ao desfrute das riquezas
espirituais na base adequada. Quão feliz estou por estar com
todos vocês na unidade local! A menos que o Senhor nos guie
a   fazer   uma   migração   genuína   para   outra   localidade,
devemos   simplesmente   permanecer   em   nossa   igreja   local,
não mudando para satisfazer a nossa preferência ou gosto.
Simplesmente estejamos na igreja onde o Senhor nos colocou.
Louvamos ao Senhor pela visão a respeito da destruição dos
lugares altos e a restauração da unidade local. Aleluia pela
revelação da unidade local e sua restauração! É nosso privi­
légio ter uma porção nessa restauração hoje.

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