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GENUINA
BASE
DA
UNIDADE
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Witness Lee
CONTEÚDO
1. A Unidade nos Quatro Grandes Atos de Deus
2. Vida e Luz — a Essência Unidade
3. Babel, Babilônia, e a Grande Babilônia —
Resultados da Divisão
4. O Único Lugar da Escolha de Deus para Preservar a Unidade
5. Desfrutando Cristo com Deus na Base da Unidade
6. As Bênçãos da Vida sob o Óleo da Unção e o Regar do
Orvalho na Base da Unidade (1)
7. As Bênçãos da Vida sob o Óleo da Unção e o Regar do
Orvalho na Base da Unidade (2)
8. O Prejuízo e a Perda da Base da Unidade
9. A Restauração e o Testemunho da Base da Unidade
10. A Revelação Final e Máxima da Unidade Local e Sua
Restauração
PREFÁCIO
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Este livro é composto de mensagens dadas pelo Irmão Witness Lee in
Agosto de 1979 em Anaheim, Califórnia.
CAPÍTULO UM
A UNIDADE NOS QUATRO GRANDES
ATOS DE DEUS
Leitura Bíblica: Gn 1:26; 2:89, 1617, 22; 12:12; Mt 16:16
19; Ef 1:2223; 3:911, 21; 4:46, 1112; 5:2527; Cl 3:1011;
Ap 21:23; 22:12
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para apreciar a unidade manifestada nos quatro grandes
atos de Deus.
PLANEJADA NA ETERNIDADE PASSADA
Em Efésios, um livro sobre a igreja, vemos que a igreja
foi planejada por Deus na eternidade passada. De acordo com
o desejo do Seu coração, Deus planejou ter a igreja antes do
inicio dos tempos. Portanto, a igreja é segundo o propósito
eterno de Deus, segundo o plano eterno de Deus. Embora a
igreja tenha vindo à existência no tempo, ela foi planejada
por Deus na eternidade.
Hoje, poucos Cristãos têm consideração pela igreja.
Eles tendem a tomar a igreja em questões como receber a
salvação, santidade, vitória e espiritualidade. Quando os
Cristãos falam da igreja, geralmente é de uma critica ou
controversa. Poucos crentes prestam atenção a igreja de
forma positiva. Muitos buscadores consideram perda de
tempo dedicar sua atenção a igreja. Todavia, no livro de
Efésios vemos que a igreja está relacionada com a vontade e
o desejo do coração de Deus. Uma vez que a igreja tem
grande importância aos olhos de Deus, não ousamos tomála
negligentemente.
O CORPO, A PLENITUDE DE CRISTO
O OBJETIVO DA MORTE DE CRISTO
Em Efésios 5:25 Paulo diz que Cristo “amou a igreja e
a Si mesmo se entregou por ela.” Isso indica que quando
Cristo morreu na cruz, Ele Se entregou pela igreja. O
objetivo da Sua morte foi produzir a igreja. Quando somos
salvos, percebemos que Cristo nos amou e morreu por nós.
Evidentemente, isso é uma percepção correta. No entanto,
também precisamos ver que Cristo nos amou e morreu por
nós para que possamos ser parte da igreja. Por fim, Ele amou
a igreja e morreu com o objetivo de produzir a igreja. O amor
de Cristo manifestado em Sua morte na cruz tinha um
objetivo definido. Esse objetivo não é ter milhões de crentes
individuais; é ter a igreja. Cristo nos amou por causa da
igreja. Ele nos amou e morreu por nós para que possamos ser
membros do Seu Corpo, a igreja.
A FINALIDADE DOS DONS
Efésios 4:11 e 12 diz que Cristo “concedeu uns como
apóstolos, outros como profetas, outros como evangelistas e
outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoa
mento dos santos, para a obra do ministério, para edificação
do corpo de Cristo.” Cristo não concedeu tais dons para a
igreja com o propósito de completar uma obra de
evangelismo, ensinamento Bíblico ou edificação. Todos esses
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dons foram dados com a finalidade de aperfeiçoar os santos
para a edificação do Corpo. Os apóstolos, profetas, evange
listas, pastores e mestres foram dados com vistas a um
objetivo: de aperfeiçoar os santos para a edificação da igreja.
No entanto, a igreja é negligenciada em muitas obras e
atividades no cristianismo atual. Portanto, precisamos ser
impressionados com a importância da igreja. De acordo com
Efésios, o propósito de Deus está relacionado com a igreja, e
Ele concedeu todos os dons para a edificação da igreja.
TORNANDOSE FILHOS PARA O CORPO
Mateus 16 também indica a importância da igreja. Em
16:15 o Senhor diz a Seus discípulos, “mas vós, quem dizeis
que eu sou?” Pedro tomou a liderança e respondeu, “Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo” (v. 16). Pedro recebeu a
revelação de que Jesus era o Cristo, Aquele nomeado por
Deus para completar a comissão de Deus. Sem duvida, essa
comissão está relacionada com a edificação da igreja. Pedro
viu que o Senhor Jesus era tanto Cristo como o Filho de
Deus. Como Filho do Deus vivo, o Senhor produziu os muitos
filhos de Deus que são os membros do Corpo. O Corpo de
Cristo não pode ser constituído com o homem natural. Pelo
contrario, Seu Corpo pode ser constituído somente com
aqueles que foram regenerados e se tornaram filhos de Deus.
Quando nós cremos no Senhor Jesus, nós O recebemos
como o Filho do Deus vivo, não somente como Salvador e
Redentor. A maioria dos Cristãos percebe que no momento
em que são salvos eles recebem Cristo como Salvador e
Redentor, mas não muitos percebem que eles também O
receberam como o Filho do Deus vivo. Quando eu fui
convertido para Cristo, eu não tinha essa percepção. Nosso
Salvador, Jesus Cristo, é o Filho do Deus vivo. O significado
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deste titulo de Cristo é que Ele é Aquele que nos faz filhos de
Deus. Através de receber Cristo como o Filho de Deus, nós
também nos tornamos filhos de Deus.
De acordo com o livro de Romanos, todos que foram
justificados pela fé em Cristo são membros do Corpo de
Cristo. No entanto, com o objetivo de sermos membros do
Corpo, nós precisamos primeiramente nos tornar filhos de
Deus; isso é, nós precisamos ser “filificados.” Por esta razão,
a filiação é mencionada no capítulo oito de Romanos,
enquanto que o Corpo é mencionado no capítulo doze.
Somente através de nos tornarmos filhos de Deus é que
podemos nos tornar membros do Corpo de Cristo.
PARA A EDIFICAÇÃO DA IGREJA
Pedro foi abençoado para ver a revelação de que Jesus
é O ungido para levar a cabo comissão de Deus e também é o
Filho de Deus para produzir os muitos filhos de Deus para
serem os membros do Corpo, a igreja. Tão logo Pedro
declarou que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, o
Senhor prosseguiu e falou a respeito da edificação da Sua
igreja: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja” (v. 18). Isso indica que tudo o
que Cristo é, é para a edificação da igreja. Não somente a
morte de Cristo é para a igreja, mas Ele mesmo, Sua própria
Pessoa com todas as Suas qualificações, títulos, e serviços,
são também para a edificação da igreja.
DOIS REINOS
Além disso, o Senhor Jesus disse a Pedro que as portas
do Hades não prevaleceriam contra a igreja edificada. A
igreja afeta as portas do Hades. No versículo 19 o Senhor
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Jesus falou das chaves do reino dos céus. As portas do Hades
se referem ao reino do poder de Satanás, aqui o reino dos
céus se refere ao reino do governo de Deus. Aqui nós temos
dois reinos: o reino infernal do poder de Satanás e o reino
celestial do reino de Deus. A igreja tem a ver com esses dois
reinos. Satanás, o sutil, é cheio de ódio quando os filhos de
Deus se preocupam com a igreja. Ele sabe que a igreja é
capaz de lidar com as portas do Hades. Ele sabe que as
portas do Hades não podem prevalecer contra a igreja
edificada por Cristo sobre a rocha, o qual se refere tanto a
Cristo quanto a revelação dada a Pedro pelo Pai. O Senhor
Jesus não falou que as portas do Hades não prevaleceriam
contra os milhões de Cristãos salvos por meio Dele. Crentes
individualistas não são ameaça para o inimigo. No entanto,
quando os crentes se unem para ser a igreja, Satanás treme,
e as portas do Hades são ameaçadas.
A palavra do Senhor aqui implica que enquanto Ele
está edificando a igreja, as portas do Hades irão se levantar
contra ela. Mas elas não podem prevalecer contra a igreja
edificada por Cristo. A palavra prevalecer implica luta.
Enquanto a igreja é edificada, uma batalha está sendo
travada. Todavia, nessa luta as portas do Hades não podem
prevalecer contra a igreja.
Antes da restauração do Senhor chegar a este país,
não havia nenhuma espécie de luta espiritual que hoje
vemos. Nós na restauração estamos em pequeno número,
especialmente se comparado com a Igreja Católica Romana e
a maioria das denominações. Embora nós sejamos pequenos
e aparentemente insignificantes, nós somos ferozmente
atacados e contrariados. Por detrás desse ataque e oposição
está o poder de Satanás, as portas do Hades. Antes de o
Senhor começar a restaurar a vida da igreja nesse país, o
poder das trevas podia se dar ao luxo de descansar. Mas
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agora que o Senhor está em processo de edificação da vida da
igreja adequada, esse poder se levanta contra a igreja. Mas a
igreja tem as chaves do reino dos céus, e essas chaves
prevalecerão contra as portas do Hades.
O conflito entre a igreja e as portas do Hades é uma
grande indicação da importância da igreja. Em qualquer
lugar que a igreja estiver, ali as portas do Hades não podem
prevalecer, ali o reino dos céus é forte e prevalecente. Na
igreja as chaves do reino funcionam com poder.
O TESTEMUNHO DE JESUS
OS ASPECTOS INTERIORES E
EXTERIORES DA IGREJA
Tendo visto a importância da igreja, nós agora chega
mos aos aspectos interiores e exteriores da igreja. De acordo
com o princípio ordenado por Deus, tudo no universo
virtualmente tem dois aspectos, o aspecto interior relacio
nado com o conteúdo e o aspecto exterior relacionado com a
aparência. Isso também é verdade para a igreja. O aspecto
interior da igreja é o conteúdo da igreja e está relacionado
com o testemunho da igreja. O aspecto exterior da igreja está
relacionado com a base da igreja, com a aparência da igreja.
O conteúdo da igreja é o testemunho da igreja, mas a
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aparência da igreja é a base da igreja. Muitos assim
chamados crentes espirituais se preocupam somente com o
conteúdo da igreja, o testemunho, mas não para a base da
igreja. Contudo, é ridículo preocuparse com um aspecto e
negligenciar o outro. Nós devemos ter uma alta consideração
pelos dois: o conteúdo da igreja e a base da igreja.
Nossa existência como seres humanos testifica que nós
devemos nos preocupar com os dois aspectos. Como homens,
nós temos um aspecto interior, nosso espírito e nossa alma, e
um aspecto exterior também, nosso corpo. Embora nós
apreciemos muito nosso espírito e nossa alma, nós também
devemos devotar uma grande atenção para o cuidado com o
nosso corpo físico. Atualmente, a maioria das coisas em
nossa cultura são designadas para cuidar da existência física
do homem. Nós não ousamos diminuir a importância do
aspecto externo da vida humana.
A IMPORTANCIA DA BASE DA IGREJA
Embora nós possamos facilmente ver a importância do
aspecto exterior da vida humana, nós podemos não ver a
importância do aspecto exterior da igreja. Muitas assim
chamadas pessoas espirituais ignoram a base da igreja. Eles
podem até declarar que esse aspecto da igreja é
desnecessário e não importante. Eles podem perceber que
tocar esse aspecto da igreja pode causar problemas. Ao lidar
com a espiritualidade ou com o testemunho espiritual da
igreja, pelo contrário, os problemas podem ser diminuídos.
Mas quando chegamos ao aspecto externo da igreja, a base
da igreja, muitos problemas se levantam. Esse é o motivo
pelo qual aqueles que buscam espiritualidade sempre tentam
evitar a questão da base da igreja. Todavia, assim como nos
preocupamos com o nosso corpo físico com o intuito de
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manter nossa existência, assim também nós devemos nos
preocupar com a base da igreja para uma prática adequada
da vida da igreja. Fora da base da igreja, não tem caminho
para a igreja existir de uma maneira prática. Pelo fato de a
base da igreja ser negligenciada, não há expressão prática da
igreja no Cristianismo de hoje. Por isso nós vemos que a
questão da base da igreja é extremamente crucial.
Mais de cinqüenta anos atrás na China, o Senhor
levantou um grupo de jovens Cristãos e os trouxe para Sua
restauração. Com o passar do tempo, gradualmente vimos a
base da igreja. De qualquer forma, não foi antes de 1937,
quando o Irmão Nee entregou as mensagens escritas The
Normal Christian Church Life, que nós vimos claramente a
importância da base da igreja. Agora, pela misericórdia do
Senhor, essa questão tem se tornado cristalina para nós.
A questão da base da igreja expõe a seriedade da
divisão. Sempre que nos voltamos para a base da igreja, nós
devemos estar preparados para enfrentar o problema da
divisão. Como todos sabem, hoje há centenas de divisões
entre os Cristãos. Essas divisões estão todas relacionadas
com a negligência da base da igreja, não com o conteúdo ou
testemunho da igreja.
A UNIDADE DE DEUS NA CRIAÇÃO
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A Bíblia revela quatro grandes ações ou atividades de
Deus: criação, eleição, a nova criação e a Nova Jerusalém.
Em cada uma dessas quatro ações nós vemos a questão da
unidade. As primeiras três ações – a criação, eleição do povo
de Israel e a formação da igreja como a nova criação – já
aconteceram. A vinda da Nova Jerusalém, a nova cidade de
Deus, ocorrerá no futuro. Após o milênio, essa nova cidade
será manifestada em plenitude.
A criação de Deus é unicamente uma. Ele não criou
mais de um universo. Além disso, nesse único universo, o
homem é o foco da criação de Deus. A Bíblia claramente
revela que Deus criou somente um homem. Quando eu era
jovem, eu me perguntava por que Deus não criou bilhões de
pessoas ao mesmo tempo. Parecia para mim que isso seria
mais sábio, da parte de Deus, para o cumprimento da obra
da criação. Certamente Deus era capaz de simultaneamente
criar bilhões de pessoas. No entanto, Ele não fez dessa forma.
Por causa da unidade, Deus criou um homem, Adão.
Gênesis 1:26 diz, “E disse Deus: Façamos o homem à
nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenham eles
domínio.” De acordo com esse versículo, Deus primeiramente
disse, “Façamos o homem.” Então Ele prosseguiu e disse,
“tenham eles domínio.” Ao Se referir ao homem criado a Sua
imagem, Deus usou o pronome no plural. Isso indica que o
homem criado por Deus era um homem corporativo. Isso foi
para manter a unidade.
Esse princípio é aplicado na igreja hoje. Por um lado,
com referência a igreja, nós podemos falar da igreja em uma
localidade particular, como a igreja e Anaheim. Mas, por
outro lado, nós também podemos nos referir à igreja usando
pronomes tais como nós ou nos para denotar os membros da
igreja. Porque a igreja é uma entidade corporativa, ela inclui
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todos os crentes em uma localidade. Então, ao se referir à
igreja, nós podemos falar da igreja tanto no singular ou como
nós, os crentes em Cristo, no plural. Isso significa que a
igreja é uma entidade corporativa e que nós somos a igreja.
Assim como a igreja é uma entidade corporativa, assim
também, em princípio, o homem criado por Deus é um
homem corporativo.
A UNIDADE DE DEUS NA ESCOLHA
A UNIDADE DE DEUS NA NOVA CRIAÇÃO
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Ao produzir a igreja como a nova criação, Deus
também agiu de acordo com Sua natureza de unidade.
Quantas igrejas foram produzidas no dia de Pentecostes? A
resposta, como todos nós sabemos, é que em Pentecostes
somente uma igreja veio a existência. O Senhor Jesus viveu
na terra por trinta e três anos e meio. Ao final desses anos,
Ele não tinha, como se poderia esperar, milhões de
seguidores. Ele não estabeleceu escolas para treinamento de
discípulos. Durante os anos do Seu ministério, o Senhor
milagrosamente alimentou uma multidão em pelo menos
duas ocasiões. Contudo, Ele aparentemente não fez nada
para manter um grande número de seguidores. Então, no dia
de Pentecostes somente cento e vinte estavam se reunindo.
Mais uma vez vemos que o caminho de Deus é a
unidade. Por esta razão, somente uma igreja foi gerada no
dia de Pentecostes, o dia que marcou o começo da vida da
igreja. Isso indica que o começo da igreja foi de uma forma
única de unidade que é de acordo com a natureza de Deus.
As muitas igrejas que vieram à existência através da
expansão da vida da igreja podem ser comparadas com os
descendentes de Adão e Abraão. Embora Adão tivesse
incontáveis descendentes, o fato de na criação de Deus haver
somente um homem permanece. De maneira semelhante,
embora os descendentes de Abraão tivessem que ser como a
areia do mar, Deus apesar de tudo originalmente chamou
somente uma pessoa. Agora no Novo Testamento nós vemos
que no dia de Pentecostes somente uma igreja foi produzida
pelo Espírito. Essa igreja é o Corpo e também o novo homem.
Como o novo homem, a igreja é um homem corpo
rativo, assim como Adão era um homem corporativo. Além
disso, o homem como a criação corporativa de Deus se dividiu
em nações, assim também o homem corporativo da nova
criação de Deus foi dividido em denominações. Isso é
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trabalho de Satanás. As nações danificaram o homem da
criação de Deus e as denominações têm danificado o homem
corporativo da nova criação de Deus. Assim como o homem
corporativo criado por Deus foi dividido e dispersado, como os
filhos de Israel foram divididos e espalhados, da mesma
forma a igreja como o novo homem tem sido dividida.
Embora essa divisão seja uma frustração para o
cumprimento do propósito de Deus, Deus não pode ser
derrotado. Seu propósito será cumprido.
A UNIDADE DE DEUS NA NOVA JERUSALÉM
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coisas para a unidade. Isso significa que para a eternidade
não haverá divisão, somente unidade.
NA BASE DA UNIDADE
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CAPÍTULO DOIS
VIDA E LUZ – A ESSÊNCIA DA
UNIDADE
Leitura Bíblica: Gn 2:89; Lv 1:12a; Sl 36:89a; 133:13; Is
2:3, 5; Jo 17:11, 17, 2123; Ef 4:36; Ap 21:2224; 22:12; Ef
1:10
A UNIDADE ABRANGENTE
A razão para essa unidade é que o próprio Deus é um.
Unidade é a Sua natureza. Em todas as ações de Deus nós
vemos uma origem, um elemento e uma essência. Na criação
de Deus nós vemos um Deus e um homem corporativo. Em
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Seu chamamento nós também temos um Deus e um homem.
Além disso, na igreja nós temos um Espírito e um novo
homem. Finalmente, na Nova Jerusalém nós temos o único
Deus Triúno na única cidade caracterizada pelo único trono,
uma rua, um rio e uma árvore. Então, a unidade da qual
estamos falando não é uma unidade parcial; é uma unidade
vasta, completa e abrangente, a unidade em plenitude. Que
todos nós sejamos impressionados com a visão de tal
unidade. Se virmos a visão da plenitude da unidade, todos os
germes da divisão serão mortos e seremos livrados de todo o
tipo de divisão.
Nesse capítulo nós precisamos prosseguir e ver a
essência da unidade. O que é a essência dessa grande
unidade, a unidade em plenitude? A essência desta unidade é
vida e luz.
UNIDADE PRESERVADA PELA VIDA
Como nós veremos, há uma decadência progressiva de
Babel para Babilônia e de Babilônia para a grande
Babilônia. Voltando para o inicio do Antigo Testamento, nós
temos Babel, mas no final nós temos Babilônia. Então, no
final do Novo Testamento, nós temos a grande Babilônia.
Babel, Babilônia e a grande Babilônia são todas da fonte da
árvore do conhecimento. Isso significa que o resultado de
tomar da árvore do conhecimento é divisão.
Vida ao contrário, é a essência da unidade. A unidade
na economia de Deus, a grande unidade revelada em toda a
Escritura, pode ser preservada somente pela vida. Sem vida,
não pode haver unidade.
O corpo do homem ilustra isso. Ainda que haja muitos
membros no corpo, todos os membros são um porque todos
eles compartilham uma vida, a vida do corpo. Então, a
unidade do nosso corpo físico é sua vida. Contudo, quando
um corpo é enterrado, ele finalmente se decompõe porque ele
não tem vida. Quando a vida é removida do corpo físico, os
membros do corpo se separam. Isso ilustra o fato de que a
essência da unidade do corpo físico do homem é sua vida
física. Se não há vida, não há unidade.
Em um sentido muito real, o cristianismo de hoje não é
o corpo; é um cadáver. Os ossos secos em Ezequiel 37 não são
apenas uma ilustração da situação dos filhos de Israel, mas
também podem ser usados como uma ilustração da situação
dos Cristãos hoje. Nessa porção da palavra, o Senhor fez com
que Ezequiel tivesse a visão do vale cheio de ossos secos,
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ossos que representam “toda a casa de Israel” (v. 11).
Originalmente, os filhos de Israel eram um corpo vivo. Mas
depois que eles foram divididos e dispersos, eles se tornaram
ossos secos, a essência da unidade foi perdida, e os ossos
foram separados. De uma forma negativa, isso revela que a
vida é a essência da unidade.
O homem corporativo criado por Deus foi destinado a
produzir um grande número de descendentes. Como esses
descendentes podem permanecer um? Por educação? Por
algum tipo de poder? Por organização? A única forma da
unidade ser mantida é pela vida, em vida e com vida. Se
Adão tivesse comido da árvore da vida, todos os seus
descendentes, apesar de serem milhões, poderiam ter
mantido a unidade. Mas porque Adão tomou da árvore do
conhecimento, a essência da divisão foi injetada nele, e seus
descendentes foram divididos. A essência de Babel que é
manifestada em Gênesis 11 foi colocada no homem em
Gênesis 3. Isso indica que a divisão e divisões são o resultado
de tomarmos algo para dentro do nosso ser, além de vida.
Esse elemento é o fator, fonte e essência da divisão. A
essência da unidade, pelo contrario, é vida. Somente vida
pode nos manter em unidade.
A PRESENÇA DE DEUS SENDO
VIDA PARA ABRAÃO
Por causa de Babel, Deus foi forçado a desistir da raça
criada e iniciar uma outra ação – Seu chamamento à Abraão.
O registro em Gênesis a respeito de Abraão não usa as
palavras luz e vida. Todavia, na verdade, as questões de vida
e luz têm muito a ver com o chamamento de Abraão. A
presença de Deus era com Abraão e Sua presença era vida
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para ele. Quando Abraão foi chamado por Deus ele não sabia
para onde ir. Ele não tinha um mapa ou qualquer outra
direção detalhada. A presença de Deus era seu mapa, sua
orientação e seu suprimento. A presença de Deus era vida e
tudo para Abraão. Fora da presença de Deus, Abraão não
tinha nada. Ele certamente foi uma pessoa que desfrutou a
presença de Deus.
O FALAR DE DEUS E A BASE DA UNIDADE
Quando os descendentes de Abraão, os filhos de Israel,
fizeram o seu êxodo do Egito e foram trazidos ao deserto, eles
construíram um tabernáculo. Deus fez morada nesse taber
náculo, e como resultado, se tornou a tenda da congregação.
Os livros de Levítico e Números estão cheios do falar de
Deus. Levítico 1:1 indica que o Senhor falou com Moisés da
tenda da congregação. Dessa forma, o tabernáculo, a tenda
da congregação se tornou o centro do oráculo de Deus, do
falar de Deus. Quase todo o livro de Levítico é um registro do
falar de Deus da tenda da congregação.
Se Moisés e os filhos de Israel tivessem se separado da
tenda da congregação, eles não teriam ouvido a palavra de
Deus. Talvez um filho de Israel dissesse, “Deus está em todo
lugar. Que direito você tem de declarar que Ele fala somente
no tabernáculo? Você é tão restrito e tão exclusivo. Deus é
grande e Ele não está limitado a uma tenda. Você não pode
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falar que Deus fala somente nesse lugar. Você simplesmente
não pode limitar o Deus ilimitado para a sua pequena tenda
da congregação.” Sim, Deus é grande e Ele é onipresente.
Mas de acordo com o Antigo Testamento, Ele está feliz em
residir no tabernáculo construído para Ele no deserto pelo
Seu povo. Embora os céus sejam espaçosos, Deus não está
satisfeito em permanecer lá. Além disso, Ele não fala a Seu
povo dos céus; Ele falou com eles da tenda da congregação.
Talvez você esteja se perguntando o que isso tem a ver
com a base da igreja. O que o falar de Deus, você pode
perguntar, tem a ver com a base da igreja? O falar de Deus
está intimamente relacionado com a base da unidade. Se
estivermos nessa base, a qual é a base genuína, nós teremos
o falar de Deus dia após dia. Mas se não temos o falar de
Deus, então provavelmente nós não temos a base da unidade.
De acordo com o livro de Levítico, Deus falou do Santo
dos Santos. O livro de Levítico é o resultado desse tipo de
falar divino. Portanto, o falar de Deus procede da unidade.
Quando essa unidade é perdida, o oráculo de Deus também é
perdido.
O falar de Deus traz luz, e luz resulta em vida.
Quando nós não temos o falar de Deus, nós temos morte e
trevas. Morte e trevas danificam o Corpo e causam separação
dos membros. O cristianismo de hoje está cheio com morte e
trevas porque falta a unidade genuína em vida.
RECEBENDO LUZ DO DEUS QUE FALA
Muitas vezes Cristãos têm perguntado onde nós conse
guimos a luz que é transmitida em nossos escritos. A respeito
dessa questão de luz, nós não temos razão de nos vangloriar.
Nós recebemos nossa luz do Deus que fala. Com o objetivo de
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receber luz, nós precisamos do falar de Deus na base
adequada da unidade. Hoje Deus ainda fala na tenda da
congregação, isso é, no centro da unidade e na base da
unidade. A tenda da congregação é o lugar, a base da
unidade. É nesse lugar que a palavra de Deus é falada para
nos iluminar. Separado do falar de Deus nós estamos em
trevas. Mas quando Sua palavra vem, nós estamos na luz.
Onde o falar de Deus está, ai há sempre luz.
Muitos de nós podemos testificar que antes de virmos
para a Restauração do Senhor, estávamos em trevas. Mas
agora nós temos a sensação de que tudo está claro e
transparente. Isso é luz. Na medida em que vocês ouvem as
mensagens vocês experiênciam o brilhar de Deus. Em casa
ou nas reuniões, vocês percebem que estão debaixo do
iluminar de Deus. Esse iluminar vem do Deus que fala na
base da unidade. Então, para aqueles que questionam a
respeito da fonte da luz que temos recebido, nós só podemos
falar que temos luz porque nós estamos na base da unidade.
ABUNDANTEMENTE SATISFEITOS
Isso é confirmado pelo Salmo 133, o qual começa com
as palavras, “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos
vivam em união!” o salmo termina assim: “ali o Senhor
ordena a bênção, e a vida para sempre.” Como esse salmo
deixa claro, a benção da vida está relacionada com a unidade
do povo de Deus.
O Salmo 133 também fala do óleo e do orvalho do
Hermon. O óleo precioso e o orvalho não são onipresentes.
Pelo contrário, eles são para serem desfrutados somente em
um lugar particular. Se os Israelitas quisessem compartilhar
a benção ordenada pelo Senhor, eles tinham que estar no
lugar da unidade. Isso significa que ao menos três vezes ao
ano, eles tinham que fazer uma jornada ao Monte Sião.
Suponha que alguns da tribo de Dã dissessem, “Porque nós
todos temos que ir a um lugar para adorar a Deus? Isso é tão
restrito, tão sectário e exclusivo demais. Deus está em todo
lugar. Nós podemos estar aqui em Dã e desfrutar cantando
louvores a Deus.” Aqueles de Dã poderiam desfrutar
cantando, mas a menos que eles fossem ao Monte Sião, eles
não poderiam desfrutar a benção ordenada.
O principio também se aplica hoje. Se nós estamos
debaixo das bênçãos de vida ordenadas por Deus, nós
devemos estar na base da unidade. Os dissidentes podem
reivindicar ter a benção ordenada, mas na verdade eles não a
têm. Aqueles que pensam ter, são supersticiosos. Deus não é
nem exclusivo nem restrito, mas Ele é absoluto. Ele é
absoluto a respeito dos Seus princípios e Sua economia. Deus
nunca irá agir contrário a Sua determinação. O versículo 3
do Salmo 133 é muito absoluto. Aqui o salmista diz que é sob
a unidade que o Senhor ordena a sua benção, e vida para
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sempre. Na unidade dos irmãos vivendo unidos, o óleo flui, o
orvalho desce e o povo de Deus desfruta vida. Se vamos
permanecer nessa unidade, devemos permanecer em vida,
porque a vida mantém a unidade. Isso foi verdade com os
filhos de Israel e isso é verdade conosco hoje.
PRESERVADOS NA VIDA E LUZ
Nós temos visto que vida está relacionada tanto com o
homem corporativo da criação original de Deus como com
Abraão e seus descendentes, os filhos de Israel. Agora
devemos considerar como vida e luz são a essência da
unidade da igreja como a criação de Deus. Em João 17 o
Senhor trata com a questão da unidade, não ensinando Seus
discípulos a respeito disso, mas orando a respeito disso. Essa
oração revela que a unidade pode ser preservada somente na
vida. No versículo 11 o Senhor orou, “Pai santo, guardaos no
teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim
como nós.” Ser guardado no nome do Pai é ser guardado pela
Sua vida, porque somente aqueles que são nascidos e têm a
vida do Pai podem participar do nome do Pai. O Filho deu a
vida para aqueles que o Pai O deu. (v. 2). Portanto, os
crentes desfrutam a vida divina como a essência da sua
unidade. Se formos guardados na vida do Pai, seremos
guardados em unidade.
No versículo 17 o Senhor continuou a orar, “Santifica
os na verdade, a tua palavra é a verdade.” Ser santificado é
ser separado do mundo para Deus. Na verdade, ser
santificado é ser preservado. Aqui o Senhor orou ao Pai para
santificar os crentes na verdade, que é a palavra do Pai.
Assim como o nome do Pai é uma questão de vida, assim
também a verdade do Pai é uma questão de luz. Vida e luz
são, então, a própria essência da unidade.
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João 17:22 diz, “E eu lhes dei a glória que a mim me
deste, para que sejam um, como nós somos um” esse
versículo indica que o Deus Triúno com Sua glória mantém a
unidade dos crentes. Não somos guardados em unidade por
ensinamentos ou doutrinas. Somos guardados em unidade
por vida e luz. O próprio Deus Triúno é vida e a Sua palavra
com o Seu falar é luz. Por meio dessa vida e luz é que a
unidade é mantida. Essa é a razão de Efésios 4 relacionar a
unidade da igreja, o Corpo de Cristo, com o Deus Triúno, com
o Espírito, com o Senhor e com o Deus Pai.
Nas reuniões da igreja nós desfrutamos a presença do
Deus Triúno. Isso é especialmente verdade no partir do pão e
nas reuniões de oração. Através das orações apresentadas
pelos santos na reunião de oração, eu desfruto a doçura do
Senhor. Eu posso testificar que sempre que venho para a
reunião de oração, eu desfruto da unção do Senhor. Muitos
de nós podemos testificar que não tínhamos tal desfrute
antes de vir para a Restauração do Senhor. Mas à medida
que provamos da doçura do Senhor nas reuniões da igreja,
somos supridos de vida e experienciamos o iluminar de vida.
Oh, como eu sou suprido e iluminado nas reuniões de oração
da igreja! O Deus Triúno com Sua glória certamente estão
presentes conosco. No Deus Triúno – o Pai, o Filho e o
Espírito – com Sua glória, somos guardados na unidade. Por
esta razão, após as reuniões de oração freqüentemente senti
mos um amor cheio de frescor pelos santos. Temos também a
sensação de ter experienciado mais edificar.
O CICLO DE VIDA, LUZ E UNIDADE
É crucial vermos que a unidade entre os filhos de Deus
é preservada pela vida e luz. Não é mantida através de
doutrina, organização ou esquema. Damos graças ao Senhor
27
que na Sua restauração nós temos a vida e a luz.
Primeiramente, nós somos esclarecidos pelo falar de Deus.
Então recebemos o suprimento de vida. Por fim, entretanto,
a vida traz mais luz. Realmente, nós desfrutamos o ciclo de
luz e vida, e vida e luz. Quanto mais luz temos, mais vida
desfrutamos; quanto mais vida desfrutamos, mais luz
recebemos. Luz, vida e unidade caminham juntas. Quanto
mais luz, mais vida; quanto mais vida, mais unidade; e
quanto mais unidade, mais luz. Este ciclo de luz, vida e
unidade preserva a unidade.
Contudo, nós perdemos a unidade sempre que estamos
em trevas e morte. Trevas causam morte e morte causa
divisão. Porém quando nos arrependemos e confessamos ao
Senhor, somos purificados pelo precioso sangue. A
purificação do sangue está sempre relacionada com o
resplandecer da luz (1Jo 1:7). À medida que somos limpos
pelo sangue sob o brilhar da luz, novamente experimentamos
a vida. Segundo nossa experiência, podemos testificar que a
vida, a luz e o sangue em 1 João capítulo um também
funcionam como um ciclo que nos mantém na unidade. Mas
quando estamos em trevas, perdemos a unidade, já que
perdemos a base genuína da igreja. O resultado é morte e
divisão. Novamente vemos que a essência da unidade é vida
e luz. A unidade está na vida, com a luz e sobre a base
apropriada.
A UNIDADE DA NOVA CIDADE
Luz e vida são também a essência da unidade na nova
cidade, a Nova Jerusalém. Apocalipse 21 e 22 fala da nova
cidade. No capítulo vinte e um vemos principalmente a
questão da luz, enquanto que no capítulo vinte e dois temos
primeiramente a questão da vida. Apocalipse 21:23 diz, “A
28
cidade não necessita nem do sol, nem da lua, para que nela
resplandeçam, porém a glória de Deus a tem alumiado, e o
Cordeiro é a sua lâmpada.” Na Nova Jerusalém não haverá
necessidade de luz natural porque a cidade será iluminada
pela glória do Deus Triúno. A cidade será iluminada pelo
resplandecer do Próprio Deus. Além disso, como o próximo
versículo diz, “As nações andarão à sua luz” (v. 24). Isso nos
lembra de Isaias 2:5: “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na
luz do Senhor.” A luz preserva a unidade e expulsa a
desordem. A luz na Nova Jerusalém controlará, regerá,
guiará e manterá tudo em ordem. Portanto, ela preservará a
unidade.
Apocalipse 22:1 e 2 diz, “E mostroume o rio da água
da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e
do Cordeiro. No meio da sua praça, e de ambos os lados do
rio, estava a árvore da vida.” O rio da água da vida flui do
trono de Deus e do Cordeiro para suprir a cidade. A água da
vida aqui é um símbolo de Deus em Cristo como o Espírito
fluindo a Si mesmo no Seu povo redimido para ser sua vida e
suprimento de vida. Em Apocalipse 22:1 a água da vida é um
rio procedendo do trono de Deus e do Cordeiro para suprir e
saturar totalmente a Nova Jerusalém. Nesse sentido a
cidade será preenchida com a vida divina para expressar
Deus na Sua vida gloriosa.
Como o versículo 2 diz, a árvore da vida cresce “de
ambos os lados do rio.” A única árvore da vida crescendo de
ambos os lados do rio significa que a árvore é uma videira,
espalhandose e avançando pelo fluir da água da vida para o
povo de Deus receber e desfrutar. Pela eternidade, o povo
redimido de Deus desfrutará Cristo como a árvore da vida
como porção eterna (Ap 22:14, 19). Como a árvore da vida,
Cristo é o suprimento de vida disponível ao longo do fluir do
Espírito como a água da vida. Onde o Espírito flui, aí o
29
suprimento de vida de Cristo é encontrado. Pela água da
vida e pela árvore da vida, a nova cidade será ricamente
suprida pela eternidade. Através desse suprimento
abundante de vida, a unidade da Nova Jerusalém será
mantida para sempre. Não será possível haver nenhuma
divisão. A luz brilhará por toda cidade e a vida regará e
suprirá a cidade. Essa vida e luz eliminarão a possibilidade
de divisão. Mesmo as nações que rodeiam a nova cidade
serão um. Neste tempo, todas as coisas no céu e na terra
serão encabeçadas em Cristo (Ef 1:10). Essa unidade será a
última, universal e eternal. Como salientamos repetidas
vezes, essa unidade será mantida e preservada na vida e com
a luz.
Todas as igrejas na restauração do Senhor devem
estar na vida e sob o resplandecer da luz. Pelo brilhar da luz
e através do regar e suprir de vida, somos um. Não há
necessidade de fazermos arranjos ou organizarmos qualquer
coisa. A essência da nossa unidade não é uma organização –
é vida e luz. Que todos possamos ser impressionados com o
fato de que a unidade pode ser prevalecente e ser preservada
somente pela vida e pela luz.
CAPÍTULO TRÊS
BABEL, BABILÔNIA E A GRANDE
BABILÔNIA — CONSEQUÊNCIAS
DA DIVISÃO
Leitura Bíblica: Gn 2:9b, 17; 11:4, 9; 1Rs 12:2630; 15:34; 2
Cr 36:520; 1Cr 1:1113a; Ap 17:35
30
DUAS LINHAS
Há duas linhas na Bíblia: a linha da vida e a linha da
morte. Essas duas linhas vêm de das duas fontes existentes
no universo. Uma dessas fontes é Deus e a outra é o Diabo,
Satanás. Além disso, cada linha terá um resultado, uma
conseqüência particular. A linha da vida começa na árvore
da vida e termina na Nova Jerusalém. A linha da morte
começa na árvore do conhecimento e passa pela grande
Babilônia e termina no lago de fogo. A unidade está na linha
da vida, originada com Deus, e resulta na Nova Jerusalém. A
divisão pelo contrário, está na linha da morte, originada com
Satanás, e resulta na grande Babilônia e finalmente no lago
de fogo. Se formos ver a grande verdade da unidade na
Bíblia, precisamos estar claros dessas duas linhas e no que
elas resultam. Então saberemos de onde a unidade e a
divisão vem.
Muitos Cristãos são negligentes a respeito da divisão
porque eles não vêem a seriedade dessas duas linhas. Nunca
tome a divisão como uma questão insignificante. A divisão é
uma questão extremamente séria, é uma questão de vida ou
morte. Estar e em unidade é estar na vida, mas estar em
divisão é estar na morte. No capítulo anterior ressaltamos
que a essência da unidade é vida e luz. Nesse capítulo
devemos prosseguir para ver que a conseqüência da divisão é
primeiramente Babel, depois Babilônia e finalmente a
grande Babilônia.
NÃO MAIS DIVISÃO
A FONTE DE BABEL
A primeira conseqüência da divisão foi Babel. A fonte
de Babel foi a árvore do conhecimento. Se Adão não tivesse
comido da árvore do conhecimento teria sido impossível para
os seus descendentes construir a torre e a cidade de Babel.
De acordo com o relato em Gênesis 3, Adão tomou da árvore
do conhecimento do bem e do mal. Assim que ele comeu
desse fruto, a árvore do conhecimento entrou nele e
subjetivamente se tornou parte dele. O relato em Gênesis 4
indica isso. Nesse capítulo vemos ódio, assassinato, poliga
mia e invenção de armas usadas para guerra. Gênesis 6
revela uma decadência da situação. O homem se tornou
carne (v. 3) e “era grande a maldade do homem na terra” (v.
5). Então, assim como o versículo 11 declara, “A terra, porém,
estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência.”
Quando Deus olhou para a terra observou sua corrupção
“porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a
terra” (v.12). Como todos sabem, Deus julgou toda aquela
geração com a inundação. No entanto, nem sequer esse
julgamento causou a mudança na natureza do homem. De
acordo com Gênesis 11, o homem até mesmo ousou lutar
contra Deus. Em Gênesis 11:4 eles disseram: “Eia,
33
edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume
toque no céu, e façamonos um nome.” Em procurar fazer
para eles um nome eles se rebelaram contra Deus. A
conseqüência dessa rebelião foi divisão e confusão. Essa foi
Babel, o primeiro resultado da divisão. Como resultado da
rebelião em Babel a humanidade foi dividida.
O SIGNIFICADO DE BABEL
A divisão em Babel envolveu idolatria. Alguns histo
riadores acreditam que nos tijolos usados para construir a
torre e a cidade de Babel estavam inscritos os nomes dos
ídolos. Josué 24:2 diz “Assim diz o Senhor Deus de Israel:
Além do rio habitaram antigamente vossos pais, Terá, pai de
Abraão e de Naor; e serviram a outros deuses.” Esse
versículo indica que antes de Abraão ser chamado por Deus
ele servia a outros deuses na terra da caldeia. Isso significa
que ele adorava a ídolos. Portanto, a divisão da humanidade
em Babel envolveu idolatria.
Nós vemos nesses capítulos em Gênesis que a divisão
inclui coisas negativas como ódio, assassinato, poligamia,
guerra, corrupção, rebelião e idolatria. A conseqüência desse
elemento todo inclusivo primeiramente foi Babel com sua
divisão e confusão. O significado de Babel, então, é divisão e
confusão.
A UNIDADE DO POVO DE DEUS
34
Ainda que fosse necessário para Deus desistir da raça
criada, Ele não desistiu do Seu propósito eterno com o
homem. Ao invés disso, de acordo com sua misericórdia, Ele
apareceu para um membro da raça Adâmica, Abraão, e o
chamou para fora de seu ambiente. Nisso vemos o
chamamento de Deus. Como ressaltamos, em Seu
chamamento de Abraão, Deus agiu de acordo com Sua
natureza de unidade. Por esta razão, Ele escolheu um
homem, não uma multidão de homens. Deus encarregou
Abraão de sair de seu país e parentela e ir a uma terra que
Ele daria a Abraão e a seus descendentes.
Eventualmente, debaixo da benção do Senhor, os
descendentes de Abraão, os filhos de Israel, se multipli
caram. Depois que os filhos de Israel fizeram o seu êxodo do
Egito, eles entraram na boa terra, a terra que Deus
prometera a Abraão. De acordo com o livro de Deuteronômio,
Deus ordenou a eles a não exercitarem suas próprias
vontades com respeito ao lugar da adoração corporativa (Dt
12). Particularmente, eles deveriam se humilhar diante de
Deus e aceitar Sua escolha. Por honrar o Senhor na questão
do lugar da adoração corporativa e por aceitar a escolha de
Deus do único lugar, os filhos de Israel foram preservados
em unidade. De acordo com a escolha de Deus, o templo foi
construído no monte Sião e três vezes por ano o povo de Deus
deveria fazer uma jornada até lá. O Santo dos Santos no
templo construído no monte Sião era o centro da unidade do
povo de Deus. Esse centro era o lugar do oráculo de Deus e
isso preservou a unidade do povo escolhido por Deus.
35
DIVISÃO CAUSADA PELO
EGOÍSMO E AMBIÇÃO
O DESEJO PELA CASA DE DEUS
Ressaltamos que o falar genuíno de Deus é nos Santos
dos Santos no templo. Salmos 27:4 expressa um profundo
37
desejo do povo de Deus com respeito à casa de Deus. Esse
versículo diz “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que
possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida,
para contemplar a formosura do Senhor, e meditar no seu
templo.” Como o salmista deseja permanecer na casa do
Senhor para contemplar o Senhor!
Um desejo semelhante é transmitido no Salmos 84. No
versículo 2 o salmista diz “A minha alma suspira! sim,
desfalece pelos átrios do Senhor.” No versículo 10 ele
prossegue e diz: “Porque vale mais um dia nos teus átrios do
que em outra parte mil. Preferiria estar à porta da casa do
meu Deus, a habitar nas tendas da perversidade.” Aqui
vemos que o desejo pela casa de Deus é tão forte que o
salmista deseja até mesmo estar nos átrios do Senhor. Ele
estaria feliz em simplesmente ser o porteiro na casa de Deus.
Salmos 36 e 23 também expressam um profundo
desejo pela casa do Senhor. Em Salmos 36:8 o escritor diz
que o povo de Deus “se fartarão da gordura da tua casa.” É
na casa do Senhor que eles beberão do rio das delicias de
Deus. Além disso, é na casa que eles desfrutam a fonte da
vida e vêem a luz na luz de Deus (v. 9). Salmos 23 termina
com as palavras “habitarei na casa do Senhor por longos
dias” (v. 6). Nos tempos do Antigo Testamento os devotos
desejavam estar no templo onde estava a presença de Deus.
Tal aspiração repele o mal. Simplesmente o desejo de
estar na presença de Deus na casa do Senhor repele o
divisionismo e todas as coisas negativas que ele inclui. Esse
desejo tornanos devotos, santos, e, eventualmente ser um
com os filhos de Deus.
Pelo fato de os filhos de Israel salmodiarem o Salmo
133 no caminho para o Monte Sião, certamente foi impossível
para eles odiar ou desprezar uns aos outros. Salmos 133 é
um Salmo de unidade. Essa unidade inclui todos os atributos
38
e virtudes positivas. Por manter a unidade espontânea
mente, desfrutamos todos esses atributos e virtudes. Além
disso, temos a presença de Deus.
A UNIDADE NOS GUARDA DO MALIGNO
CORRETO COM O TEMPLO
A GRANDE BABILÔNIA
42
O cristianismo de hoje está completamente em um
estado de divisão. Essa divisão abriu o caminho para a
idolatria e fornicação espiritual. Em muitos casos, ele tem
aberto o caminho para idolatria literal e fornicação física.
Como nós temos enfatizado repetidas vezes, esse é o
resultado da divisão.
A SERIEDADE DA DIVISÃO
Quando nos voltamos para o caminho da restauração
do Senhor e viemos para a vida da igreja, as coisas negativas
associadas com a divisão foram espontaneamente jogadas
fora. No entanto, como enfatizamos aqueles que
abandonaram a unidade adequada automaticamente se
tornaram sujeitos às coisas negativas que uma vez foram
colocadas para fora. Isso deve nos fazer ver que a divisão é
uma questão extremamente séria. Nada é mais mortal que a
divisão. Satanás sabe que até mesmo o pensamento de
divisão é suficiente para minar nossa vida Cristã. É como um
cupim que come a estrutura da casa. Portanto, até mesmo o
pensamento de divisão deve ser repudiado.
Quando estamos na unidade, estamos na vida e
desfrutamos todas as virtudes e atributos positivos. Além
disso, nossa condição espiritual gradualmente melhora. No
entanto, simplesmente por aceitar um pensamento que traz
discórdia, o caminho é aberto mais uma vez para o maligno
entrar.
Nunca devemos pensar que a base da igreja não é uma
questão de vida. A base da igreja é a própria base da nossa
experiência de vida. Permanecer na unidade é permanecer
em vida. Fora da base da igreja, é vão falar de
espiritualidade ou santidade. Tais coisas estão diretamente
relacionadas com a unidade. É maravilhoso estar na
43
unidade, mas é terrível estar envolvido em divisão. Muitos
Cristãos hoje tem perdido a benção e a graça do Senhor
simplesmente por causa da divisão. Isso deve ser um alerta
para nós na restauração do Senhor. Que não repitamos a
historia do divisionismo do cristianismo. Que todos olhem
para o Senhor para que Ele nos preserve em Sua unidade.
Devemos repudiar até mesmo os pensamentos divisivos.
Louvado seja o Senhor pela unidade! Que o Senhor nos
mantenha em Sua presença mantendonos nessa unidade.
CAPÍTULO QUATRO
O ÚNICO LUGAR DA ESCOLHA DE
DEUS PARA MANTER A UNIDADE
DESTRUINDO OS LUGARES
PAGÃOS DE ADORAÇÃO
Em Deuteronômio 12 o desejo do coração de Deus com
respeito à vida dos filhos de Israel na boa terra é revelado. O
versículo 1 fala dos estatutos e julgamentos que o povo de
Deus deveria guardar na terra. No versículo seguinte Moisés
apresenta o primeiro desses estatutos: “Certamente destru
ireis todos os lugares em que as nações que haveis de
subjugar serviram aos seus deuses” (Heb.) No versículo 3
Moisés prossegue: “E derrubareis os seus altares, quebrareis
as suas colunas, queimareis a fogo os seus postesídolos,
abatereis as imagens esculpidas dos seus deuses e apagareis
45
o seu nome daquele lugar” (Heb.). Antes que os filhos de
Israel tivessem um completo desfrute das riquezas da boa
terra, eles tinham que destruir completamente os centros
pagãos de adoração. Todos os centros pagãos de adoração
deveriam ser completamente destruídos. Todos os lugares em
que os povos pagãos tivessem adorado ídolos deveriam ser
destruídos, não importando que esses lugares estivessem
“sobre as altas montanhas, sobre os outeiros, e debaixo de
toda árvore frondosa” (v. 2). Era para o povo de Deus
derrubar os seus altares, quebrar as suas colunas, queimar a
fogo os seus ídolos de madeira, abater as imagens esculpidas
dos seus deuses. Então, eles deveriam destruir os seus nomes
daquele lugar. Três coisas principais deveriam ser tratadas:
os lugares, as imagens e os nomes. Isso revela que era para a
boa terra ser perfeitamente limpa de todos os centros pagãos
de adoração.
Deuteronômio 12:4 diz “Não fareis assim para com o
Senhor vosso Deus.” Isso indica que não era para os filhos de
Israel adorar o Senhor da mesma maneira que os pagãos
adoravam seus deuses.
O LUGAR PARA O NOME DE DEUS
No versículo 5 Moisés profere palavras muito impor
tantes: “Mas recorrereis ao lugar que o Senhor vosso Deus
escolher de todas as vossas tribos para ali pôr o seu nome,
para sua habitação, e ali vireis.” Depois que todos os lugares
de adoração pagã tivessem sido destruídos, o povo de Deus
deveria ir ao lugar escolhido por Deus. Nesse único lugar
Deus poria Seu nome. O nome de Deus denota Sua pessoa.
Seu nome estar em um lugar particular significa que Sua
Pessoa residiria naquele lugar. Isso indica que o único lugar
que Deus escolhera seria o lugar onde Deus residiria, a
habitação de Deus.
46
UM SIGNIFICADO TIPOLÓGICO
De acordo com o principio básico da revelação divina
nas Escrituras, o relato no Antigo Testamento é constituído
de tipos, figuras e sombras de questões encontradas no Novo
Testamento. Se Deuteronômio 12 consistisse somente em
estatutos dados para os filhos de Israel, então esse capítulo
não poderia ser aplicado a nossa situação hoje. Entretanto,
os estatutos relatados nesse capítulo têm um significado
espiritual. Se entendermos o significado espiritual desses
estatutos, veremos que essa porção da palavra foi escrita não
somente para os filhos de Israel, mas também para nós hoje.
O apóstolo Paulo percebeu que a história do povo de Israel
tem um significado tipológico para os crentes na era do Novo
Testamento. Em 1 Coríntios 10:6 ele diz “Ora, estas coisas
nos foram feitas para exemplo” (Gk.). Em 1 Coríntios 10:11
ele prossegue “tudo isto lhes acontecia como exemplo” (Gk.).
Por esta razão, Paulo pôde dizer em Romanos 15:4
“Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi
escrito.”
Um dos mais importantes tipos no Antigo Testamento
é a boa terra, a qual é um tipo completo e pleno de Cristo.
Portanto, o desfrute dos produtos da boa terra tipifica nosso
desfrute das insondáveis riquezas de Cristo (Ef 3:8). Antes de
você vir para a vida da igreja, você provavelmente nunca
ouviu sobre o desfrute de Cristo. Essa foi a minha situação.
Eu sabia que Cristo era o filho de Deus, o Salvador e o
Redentor, mas eu nunca tinha ouvido que Ele também podia
ser meu desfrute.
De acordo com a tipologia, os filhos de Israel primeiro
desfrutaram do cordeiro Pascal como um tipo de Cristo.
Primeira Coríntios 5:7 indica claramente que a Páscoa era
47
um tipo de Cristo: “Porque Cristo, nossa páscoa, já foi
sacrificado.” Depois que os filhos de Israel fizeram o seu
êxodo do Egito, eles desfrutaram o maná enquanto vagavam
pelo deserto. De acordo com 1 Coríntios 10:3 e 4, o maná
também era um tipo de Cristo. Ele tipificava Cristo como
nosso alimento espiritual, nosso maná diário. Ainda que
alguns Cristãos percebam que o maná é um tipo de Cristo,
não muitos vêem que a boa terra também é um tipo de
Cristo. Josué 5:12 diz “E no dia imediato, depois de terem
comido do produto da terra, cessou o maná, e não o tiveram
mais os filhos de Israel; porém nesse ano comeram dos
produtos da terra de Canaã.” (Heb.). Esse versículo
claramente indica que o maná foi substituído pelos produtos
da boa terra. Se o cordeiro Pascal e o maná tipificam Cristo
como o desfrute do povo de Deus, certamente a boa terra com
os seus ricos produtos semelhantemente tipificam Cristo
para nosso desfrute. Muitos de nós podemos testificar que
somente depois que viemos para a vida da igreja na
restauração do Senhor é que ouvimos que Cristo é a boa
terra para o nosso desfrute.
SOMENTE UM NOME
APRENDENDO A TEMER A DEUS
49
Se virmos isso devemos destruir todos os outros
lugares e ir ao único lugar escolhido por Deus, podemos
prosseguir e ver muitos outros pontos revelados em
Deuteronômio 12. Primeiramente, podemos aprender a como
temer a Deus por ir somente ao lugar que Ele escolheu.
Deuteronômio 14:23 diz “E, perante o Senhor teu Deus, no
lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome,
comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite,
e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para
que aprendas a temer ao Senhor teu Deus por todos os dias.”
Ir ao lugar escolhido por Deus é temer a Deus. Mas ter
liberdade para tomar a nossa própria decisão sobre o centro
de adoração é não temer a Deus. Pelo contrário, é para
satisfazer nossa concupiscência.
Antes de você vir para a vida da igreja, você pode ter
viajado de uma denominação para outra. Você foi de um
lugar para outro para satisfazer seu próprio desejo e gosto.
Fazer isso é não temer a Deus de uma maneira adequada. Se
O tememos, viremos ao único lugar que Ele escolheu.
Deus não nos dá a liberdade de escolher o lugar de
adoração. Nessa questão devemos temêLo e simplesmente
vir ao lugar de Sua escolha. Se exercitarmos o direito de
fazermos a nossa própria escolha, seguiremos o caminho dos
pagãos, o caminho das nações. De acordo com Deuteronômio
12, era para os filhos de Israel destruir todos os lugares onde
os pagãos adoravam seus ídolos. Em princípio, temos que
fazer a mesma coisa quando vimos para a vida da igreja. A
escolha do lugar de adoração é toda do Senhor: não é uma
questão da nossa preferência. Se agirmos de acordo com a
nossa preferência, nós cederemos a nossa vontade, para
satisfazer nosso próprio desejo a respeito do lugar de
adoração. Comportarse dessa maneira é ser como uma
50
mulher que se envolve com um homem que não seja o seu
marido. Isso é fornicação. Assim como a mulher está limitada
a somente um marido, nós estamos limitados ao único lugar
da escolha de Deus no que diz respeito a adoração
corporativa de Deus. Todos devem aprender a temer o
Senhor nosso Deus. Com respeito às reuniões Cristãs,
devemos temer a Deus e fazer somente o que é de acordo com
a vontade Dele. Deus nos ordena a destruir todos os centros
de adoração e ir somente ao lugar escolhido por Ele.
FAZENDO O QUE É CORRETO
AOS OLHOS DE DEUS
51
possamos não fazer o que é correto aos nossos olhos. Senhor
nos ajude a fazer o que é correto aos Seus olhos.” Devemos
aprender a esquecer o que sentimos a respeito das coisas e
nos importar com o desejo e escolha de Deus. Para nós, certa
coisa pode parecer correta, mas como o Senhor Se sente a
respeito disso? De acordo com o que achamos, pode ser
correto adorarmos em um determinado lugar. Mas o Senhor
pode considerar esse lugar como um centro de adoração a
ídolos.
NÃO ABUSAR DA GRAÇA DE DEUS
Existem vários motivos de o Senhor nos ordenar a não
fazer o que é correto aos nossos próprios olhos, mas ir ao
lugar da escolha Dele. O primeiro desses motivos é que não
devemos abusar da graça de Deus. Foi requisitado aos filhos
de Israel que separassem para o Senhor o décimo, o dizimo
da produção da boa terra. Então, era para eles oferecerem a
Ele as primícias do seu rebanho e do gado. Eles não tinham o
direito de guardar o primogênito ou a melhor parte do dizimo
para eles. Não lhes era permitido comêlos em casa.
Deuteronômio 12:17 e 18 diz “Dentro das tuas portas não
poderás comer o dízimo do teu grão, do teu mosto e do teu
azeite, nem os primogênitos das tuas vacas e das tuas
ovelhas, nem qualquer das tuas ofertas votivas, nem as tuas
ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão; mas os
comerás perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele
escolher.” Esses versículos indicam que os israelitas também
tinham que fazer ofertas votivas e voluntárias no lugar da
escolha de Deus. Sem dúvida, o povo de Deus apresentou o
melhor de sua produção e rebanho como ofertas votivas ou
voluntárias. O ponto aqui é que todas as ofertas – o dízimo,
as primícias, os votos e as ofertas voluntárias – poderiam ser
52
desfrutadas somente no lugar em que Deus escolhesse por o
Seu nome. Em outras palavras, foi requisitado aos filhos de
Israel ir ao lugar da habitação de Deus com a melhor porção
dos ricos produtos da boa terra. Isso indica que não lhes era
permitido abusar da graça de Deus. Eles não tinham o
direito de desfrutar a melhor porção de acordo com seus
gostos e preferências. Particularmente, eles tinham que
desfrutarlos de acordo com os regulamentos de Deus. Eles
não tinham escolha a não ser trazer essas ofertas ao lugar
que Deus tinha escolhido por o Seu nome e Habitação.
Esse princípio ainda hoje é aplicado à vida da igreja.
Se não viermos às reuniões da igreja, não poderemos
desfrutar da melhor porção de Cristo. Quando deliberada
mente ficamos em casa ao invés de ir à reunião, percebemos
que não somos capazes de desfrutar a melhor porção de
Cristo. Apesar de podermos ter algum desfrute do Senhor ao
ler e orar ou na comunhão, não podemos desfrutar aquelas
porções de Cristo tipificadas pelas primícias, os dízimos, as
ofertas votivas e as ofertas voluntárias. Existe um
regulamento divino que nos proíbe de abusar da graça de
Deus. De acordo com esse regulamento, devemos ir à casa de
Deus, a igreja, para desfrutar da melhor porção de Cristo.
Somos convocados a ir ao lugar que Deus escolheu; não nos é
permitido agir de acordo com nossa preferência ou escolha.
Por aceitar a escolha de Deus, somos subjugados e guardados
de abusar da Sua graça.
O MAIS PERFEITO RELACIONAMENTO
COM O SENHOR
53
Quando vamos ao lugar que Deus escolheu, experi
mentamos o mais perfeito relacionamento de Deus conosco.
Somos forçados a ser um com nossos irmãos em Cristo. De
vez em quando podemos não querer ver certo irmão. Ainda
que estejamos presentes nas reuniões da igreja, podemos
tentar de todas as formas evitálo. Se procuramos evitar a
presença de certo irmão, não seremos capazes de desfrutar a
melhor porção de Cristo. Precisamos estar completamente
subjugados. Devemos orar, “Senhor tenha misericórdia de
mim para que eu possa estar correto diante de meu irmão.
Eu não quero ter problemas com ele e estar na presença
dele.” Isso ilustra o fato de que quando viermos ao lugar que
Deus escolheu, somos tratados com e por Ele ao máximo.
Suponha que certo israelita tenha um problema com
outro e como resultado tenha feito todo o possível para evitá
lo. Três vezes ao ano todos os varões Israelitas eram
ordenados a ir para Jerusalém. Aquele que se recusasse seria
excluído da comunhão do povo de Deus. Eventualmente,
algum problema entre os Israelitas tinha que ser resolvido.
Caso contrário, não haveria como eles virem juntos em
unidade ao Monte Sião para adorar a Deus. À medida que os
Israelitas subiam ao Monte Sião, eles deveriam salmodiar as
palavras do Salmo 133: “Oh! quão bom e quão suave é que os
irmãos vivam em união!” (Heb.). Então, o único lugar que
Deus escolheu preservou a unidade do Seu povo. Enquanto
os filhos de Israel seguissem a escolha de Deus, eles não
tinham alternativa, exceto ser um.
A situação é totalmente diferente entre os Cristãos
hoje. Se um crente não está feliz com o outro, ele pode
simplesmente ir a outro lugar de adoração. A maioria dos
cristãos consideramse livres para escolher o lugar para
satisfazer suas próprias paixões. Por esta razão, entre a
54
maioria dos Cristãos não existe a submissão. Mas se não
abusamos da graça de Deus, mas formos inteiramente
submissos por ir ao lugar da Sua escolha, a unidade será
preservada. Não importa que tipo de disposição tenhamos,
precisamos ser subjugados por vir ao lugar que Deus
escolheu. Caso contrário, seremos excluídos da comunhão do
povo de Deus. Se formos subjugados dessa forma, seremos
preservados na unidade adequada.
O LUGAR ONDE O SENHOR
COLOCOU O SEU NOME
Agora entramos na questão de como discernir o lugar
que Deus escolheu. O primeiro princípio é que no lugar que
Deus escolheu não deve haver nenhum outro nome além do
nome de Cristo. Qualquer lugar que tiver um nome além do
nome de Cristo não é o lugar escolhido por Deus. Em
Deuteronômio 12 Deus encarregou o povo a destruir todos os
lugares com todos os nomes. Nenhum nome era permitido
permanecer. Entretanto, o único lugar que Deus escolheu foi
o lugar que o Senhor escolheu colocar Seu próprio nome.
Portanto, o lugar que vamos é o único lugar onde o Senhor
pôs o Seu nome. Por esta razão, quando nos reunimos na
igreja, nos reunimos somente no nome do Senhor Jesus
Cristo. Em Mateus 18 o Senhor falou de se reunir no nome
Dele. Toda vez que nos reunimos, devemos vir para dentro do
Seu nome. Não devemos adotar tais nomes denominacionais
como Metodistas, Episcopal, Presbiterianos, Luteranos ou
Batistas. Todos esses nomes devem ser destruídos.
A HABITAÇÃO DE DEUS
55
O segundo princípio é que o único lugar que Deus
escolheu deve ser a habitação de Deus, o lugar da morada de
Deus. Efésios 2:22 nos ajuda a entender a importância desse
princípio para nós hoje. Nesse versículo nos é dito que a
habitação de Deus é nosso espírito. Isso significa que o
próprio lugar que Deus escolheu é o nosso espírito. Por esta
razão, discernimos o lugar que Deus escolheu pelo nome e
pelo espírito do homem. Hoje a habitação de Deus está em
nosso espírito.
Suponha que negligenciemos ou ignoremos o espírito, e
em vez disso vivemos na esfera da mente, emoção e vontade.
Isso dificultará que outras pessoas reconheçam que vivemos
no lugar que Deus escolheu. O lugar que Deus escolheu é o
espírito. Na vida da igreja não devemos ser caracterizados ou
conhecidos por nossa expressão de opinião, mas pelo
exercício do espírito. Ir ao lugar de habitação de Deus é estar
no espírito.
UM LUGAR DE DESFRUTE
UM LUGAR DE REGOZIJO
Finalmente, o lugar que Deus escolheu é um lugar de
regozijo. Deuteronômio 12:12 e 18 falam de regozijar diante
do Senhor. Esse regozijo está relacionado com comer dos
primogênitos e das primícias. Regozijar não é somente estar
feliz. É possível estar feliz em silêncio, mas para regozijar
devemos expressar alguma coisa e fazer um barulho jubiloso.
A casa de Deus é um lugar de regozijo. O lugar onde o seu
povo se reúne não deve ser somente um lugar de prazer, mas
tem que ser um lugar de regozijo.
Nessa porção da Palavra temos quatro maneiras de
discernir uma igreja genuína e adequada. Uma igreja
genuína é onde está um único nome, o nome de Cristo. Além
disso, é um lugar onde o espírito do homem é prevalecente,
onde as riquezas de Cristo são desfrutadas e onde nos
regozijamos diante do Senhor. Quando as riquezas de Cristo
se tornam nosso desfrute, espontaneamente seremos cheios
com prazer e regozijo. Então, na vida da igreja temos o nome
do Senhor e o exercício do espírito. Também desfrutamos as
riquezas de Cristo e regozijamos no Senhor. Esse é o lugar
que Deus escolheu, o único lugar que Ele escolheu para
preservar a unidade.
57
CAPÍTULO CINCO
DESFRUTANDO CRISTO COM DEUS
NA BASE DA UNIDADE
Leitura Bíblica: Dt 12:57, 1314, 1718; 1Tm 3:15b16a; Hb
10:25; Sl 23:6; 27:4; 36:89; 42:4; 43:34; 66:13, 15; 84:18, 10
12; 92:10, 1314; 133:13
O CAMINHO DA DIVISÃO
O cristianismo seguiu o mundo por tomar o caminho
da divisão. Desde o tempo de Babel, o povo do mundo tem
sido divisivo. A razão para esse divisionismo é que o povo
insiste na sua própria escolha ou preferência. Por esta razão,
a sociedade humana hoje é totalmente divisiva. A igreja deve
ser diferente. Como o lugar único escolhido por Deus, a igreja
não deve ter divisão. Isso significa que a igreja não deve
seguir os costumes das nações ou as práticas pagãs da
sociedade humana. Todavia, desde o século segundo, a igreja
tem sido dividida por tais coisas como opiniões a respeito da
pessoa de Cristo. As diferentes escolas de Cristologia, o
estudo da pessoa de Cristo, se tornaram “montanhas” e
“outeiros.” Assim, a igreja foi dividida não somente por coisas
malignas, mas principalmente por coisas boas, até mesmo
por opiniões a respeito de Cristo.
Como todos sabem, nos séculos após a Reforma, o
cristianismo teve centenas de divisões. Após a Segunda
Grande Guerra, os grupos independentes começaram a
surgir nos EUA. Em 1963 me disseram que só no Sul da
Califórnia havia milhares desses grupos. A história do
cristianismo prova que o aspecto mais marcante, de o
cristianismo ter seguido o mundo, é uma questão de divisão.
As práticas pagãs de divisão, de seguir nossa própria escolha,
59
gosto ou preferência é encontrado por todo o cristianismo.
Até mesmo acolher o pensamento de divisão é tomar o
caminho do sistema pagão, a prática divisiva do costume das
nações.
Quando os filhos de Israel entraram na boa terra,
centros pagãos de adoração podiam ser encontrados por toda
parte. Em alguns lugares havia altares, em outros lugares
havia pilares dedicados ou símbolos de madeira e ainda em
outros lugares havia imagens de deuses pagãos gravadas. A
terra de Canaã estava cheia de ídolos. Entretanto, Deus
encarregou os filhos de Israel de destruírem todas essas
coisas e virem ao único lugar escolhido por Deus. Em
princípio, hoje devemos fazer a mesma coisa.
Hoje muitos Cristãos consideram as assim chamadas
igrejas, da mesma forma com que comparam um par de
sapatos. Eles podem ir de uma loja de sapato para outra até
acharem algo que satisfaça sua preferência. Alguns Cristãos
gastam anos indo de um lugar de adoração a outro,
continuamente procurando por um lugar que satisfaça o seu
paladar ou desejo. Tais cristãos são passageiros. Antes de eu
vir para a vida da igreja, também fiz algumas dessas
jornadas. Mas quando vim para a igreja na restauração do
Senhor, minha jornada terminou. Eu soube que tinha vindo
para o lugar que Deus escolheu.
Deuteronômio 12:5 diz “Mas recorrereis ao lugar que o
Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos para ali
pôr o seu nome, para sua habitação, e ali vireis.” Quando os
filhos de Israel entraram na boa terra, não era para eles
seguirem as práticas das nações. Não era para eles
escolherem lugares segundo suas próprias preferências; ao
invés disso, era para eles irem ao único lugar escolhido por
Deus. Como revelado em outros livros do Antigo Testamento,
60
esse único lugar era o Monte Sião em Jerusalém onde o
templo, a casa de Deus, foi construído.
O CONCEITO DE DEUS SOBRE ADORAÇÃO
COMENDO E REGOZIJANDO
Deuteronômio 12:7 também diz “E vos alegrareis, vós e
as vossas casas, em tudo em que puserdes a vossa mão, no
que o Senhor vosso Deus vos tiver abençoado.” Isso indica
que os filhos de Israel não somente comeram diante do
Senhor: eles também regozijaram diante Dele. Comer e
regozijar andam juntos. À medida que os filhos de Israel
desfrutavam dos produtos da boa terra na presença de Deus,
eles regozijavam. Fora as riquezas da terra de Canaã, eles
não tinham nada para comer e, portanto não tinham razão
para regozijar. Tanto o comer e regozijar depende das
riquezas. Freqüentemente quando somos convidados para
um jantar ou uma festa, regozijamos quando a comida é
servida na mesa. No mesmo princípio, as riquezas de Cristo é
o fator, a causa do nosso regozijo no lugar da escolha de
Deus.
QUATRO CARACTERISTICAS DA
VIDA DA IGREJA ADEQUADA
63
No capítulo anterior nós ressaltamos quatro caracte
rísticas da vida da igreja adequada: o nome, a habitação, o
desfrute e o regozijo. O fato de a igreja ser a habitação de
Deus, a morada de Deus, indica que Sua presença está na
igreja. Deus não visita ou reside simplesmente ali tempo
rariamente, como se fosse um hotel. Como a casa do Deus
vivo, a igreja é a casa de Deus, a habitação de Deus.
Portanto, a presença de Deus está na igreja. Na igreja
desfrutamos as riquezas de Cristo e nos regozijamos no
Senhor. Essa é a vida da igreja normal, genuína e adequada.
Aqui temos o nome e a presença do Senhor. Nós vamos às
reuniões da igreja para encontráLo, vêLo e para desfrutar
da Sua presença. Aqui nós desfrutamos as riquezas de Cristo
com Deus. À medida que desfrutamos dessas riquezas, nós
nos regozijamos no Senhor.
Muitos de nós podemos testificar que em outros
lugares não temos a realidade ou a atualidade do nome e da
presença do Senhor. Além disso, não temos o desfrute das
riquezas de Cristo ou o regozijo. Para a maioria, essas
características não podem ser encontradas nos centros de
adoração Cristãs de hoje. Exteriormente, o nome de Cristo
pode estar lá; mas na realidade o nome do Senhor não pode
ser encontrado lá. Portanto, a presença do Senhor não está
em tais lugares. A. W. Tozer enfatizou esse ponto em um
artigo intitulado “A Esvaecente Autoridade de Cristo nas
Igrejas.” Segundo nossa experiência, podemos também
testificar que em vários centros de adoração Cristãs não há o
desfrute de Cristo e não há o regozijo que vem desse
desfrute. No entanto, no lugar escolhido por Deus, a igreja,
temos o nome do Senhor, Sua presença, o desfrute das
riquezas de Cristo e o regozijo no Senhor.
64
HABITANDO NA CASA DO SENHOR
UM DESEJO
DESFRUTANDO DAS RIQUEZAS DE CRISTO
Salmo 36:8 diz, “Eles se fartarão da abundancia da tua
casa, e os farás beber da corrente das tuas delícias.” Em
tipologia a abundancia da casa do Senhor se refere à rica
produção da boa terra. Todas as riquezas que são oferecidas
a Deus na casa se tornam a abundancia da casa do Senhor. O
cumprimento desse tipo está em Cristo; Ele é a realidade da
abundancia da casa do Senhor. Na era do Antigo Testa
mento, o povo de Deus somente podia desfrutar a abundancia
66
no lugar que Deus escolhera para Seu nome e habitação. Por
esta razão, o salmista declara que o povo de Deus estaria
satisfeito com a abundância da Sua casa.
Esse versículo também diz, “Tu os farás beber do rio
duas tuas delícias.” À medida que desfrutamos da
abundancia da casa de Deus, bebemos do rio das delícias do
Senhor. Essas delícias são o rio de gozo para aqueles que
vêm ao lugar da escolha de Deus. Tais delícias vêm do
desfrute da abundancia da casa de Deus. Então, na casa do
Senhor somos cheios de gozo enquanto bebemos do rio das
delícias de Deus.
O versículo 9 prossegue e diz, “Pois em ti está o
manancial da vida; na tua luz vemos a luz.” Nesse versículo
temos a abundancia, as delícias, a vida e a luz. Nós
desfrutamos não somente o rio, mas também a fonte. Esse
rico desfrute é nosso na casa de Deus, a igreja. Na igreja
estamos satisfeitos com as riquezas de Cristo e estamos
cheios de prazer e gozo. Há também o rio das delícias da qual
podemos beber. Além disso, temos a fonte da vida. Essa vida
se torna a luz na qual vemos a luz.
INDO COM UMA MULTIDÃO
PARA A CASA DE DEUS
LUZ E VERDADE
68
O Salmo 43:3 diz, “Envia a tua luz e a tua verdade,
para que me guiem; levemme elas ao teu santo monte, e à
tua habitação.” Luz e verdade não são duas coisas separadas;
elas são dois aspectos de uma coisa. Como já citamos, no
Evangelho de João temos graça e verdade, mas nas Epístolas
de João temos amor e luz. Verdade é o resplandecer da luz.
Quando a luz resplandece sobre nós, recebemos a verdade, a
realidade. No entanto, à medida que vamos a Deus em
comunhão, estamos na luz. Dessa forma, no nosso fim temos
verdade, mas no fim de Deus há a luz. Segundo o Salmo 43:3,
precisamos de ambas a luz e a verdade.
Esse versículo indica que luz e verdade nos guiam e
nos levam ao santo monte e aos Seus tabernáculos, isso é,
para a casa de Deus. Dia após dia, somos guiados pela luz e
pela verdade que vem da casa de Deus. Em 1 Timóteo 3:15 e
16 vemos que a igreja, a casa do Deus vivo, é a coluna e
baluarte da verdade. Isso indica que verdade é encontrada
na igreja, a casa de Deus. Quando temos verdade, também
temos luz. Então, tanto luz e verdade estão na igreja.
Como esse versículo deixa claro, luz e verdade têm
uma função definida e específica: levarnos ao santo monte e
aos tabernáculos de Deus, isso é, nos guiar ao lugar que Deus
escolheu e a Sua habitação. Hoje muitos Cristãos estão
procurando luz e verdade, mas não muitos procuram com o
propósito de serem guiados para o lugar que Deus escolheu.
No entanto, se nosso propósito é sermos levados para o
monte santo e para a habitação de Deus, luz e vida
certamente virão a nós. Muitos de nós podemos testificar que
antes de virmos para a vida da igreja, recebemos luz e
verdade simplesmente porque começamos a considerar a
igreja. Por pensarmos em vir para a igreja, luz e verdade
vieram a nós. Mas quando estamos hesitantes a respeito da
igreja, luz e verdade parecem desaparecer por um período.
69
No entanto, quando percebemos que devemos tomar o
caminho da igreja, a luz resplandece novamente, e a verdade
aparece de uma maneira mais completa que antes. Então
quando chegamos à vida da igreja, estamos na luz do dia e
recebemos grande quantidade de verdade. Isso testifica que
luz e verdade têm nos guiado para o monte santo de Deus e
nos levado para a habitação de Deus, a igreja.
APRESENTANDO NOSSAS OFERTAS AO SENHOR
Vamos prosseguir com o Salmo 66. O versículo 13 diz,
“Entrarei na tua casa com holocaustos; pagarteei com os
meus votos.” No versículo 15 o salmista prossegue e diz,
“Oferecerteei holocaustos de animais cevados, com incenso
de carneiros; prepararei novilhos com cabritos.” O salmista
percebeu que somente na casa de Deus, o templo, poderia
oferecer holocaustos e sacrifícios. Ele sabia que Somente indo
ao lugar da escolha de Deus poderia oferecer sacrifícios a
Deus. Segundo esse tipo, nós também devemos ir ao lugar da
escolha de Deus, a igreja, se quisermos apresentar as nossas
ofertas ao Senhor. Era ordenado aos filhos de Israel que
fossem ao templo para que apresentassem suas ofertas a
Deus. Deus não aceitou nenhuma oferta em nenhum outro
lugar. Se um Israelita de Dã tivesse expressado o desejo de
oferecer algo a Deus em Dã, o Senhor teria dito, “Eu não
aceito uma oferta oferecida a Mim ali. Eu somente aceito
ofertas no Monte Sião.” Deus não era limitado, mas Ele
escolheu fazer do templo o ponto central da Sua atenção. Ele
escolheu o Monte Sião como o único lugar de adoração.
Somente naquele lugar Seu povo poderia oferecer suas
ofertas a Ele.
Esse princípio é aplicado na vida da igreja hoje.
Muitos de nós podemos testificar que quando tentamos
70
oferecer algo a Deus fora da igreja, essa oferta não é muito
prazerosa. Não ouso dizer que os Cristãos não podem
oferecem nada a Deus fora da igreja. Mas posso testificar que
fazer isso separado da vida da igreja não é no geral muito
prazeroso. Segundo o tipo, nossas ofertas devem ser
oferecidas no único lugar que Deus escolheu.
SUBJUGADOS POR VIR AO LUGAR
QUE DEUS ESCOLHEU
Podemos pensar que esse requisito é ridículo. O pensa
mento de Deus, no entanto, é mais elevado que o nosso. Por
ser limitado ao lugar que Deus escolheu, somos guardados de
abusar da graça de Deus e somos subjugados a respeito de
nossos desejos, temperamentos e disposição. Todos nós temos
nossa disposição particular e natural, temperamentos e
características. Mas não importa como nossas peculiaridades
sejam, todos precisamos ser subjugados. Se permanecermos
em nossa vida natural e em nossa disposição natural com
suas características particulares, será impossível termos o
tipo de adoração que Deus procura. Todos nós precisamos ser
subjugados por vir ao único lugar, para a única base. Isso
significa que todos nós precisamos ser subjugados pela
igreja. Se não desejarmos ser subjugados, lutaremos com os
presbíteros, com outros irmãos e irmãs e até mesmo com
nosso marido ou esposa. Até com respeito a coisas
espirituais, as coisas de Deus, teremos divergências com os
outros. Podemos preferir que as questões sejam de uma
forma, mas alguém prefere que seja de outra forma. Como
todos precisam ser subjugados por tomar o caminho da
igreja!
No EstudoVida de Colossenses nós salientamos que a
paz de Cristo deve ser o árbitro em nossos corações. No
71
entanto, fora da vida da igreja, é difícil experienciar a paz de
Cristo servindo como árbitro. Sim, a paz de Cristo arbitra em
nossos corações, mas isso ocorre no contexto da vida da
igreja. Em um sentido muito real, a igreja é que é o árbitro.
O caminho da igreja é o caminho de ser subjugado. Por
sermos subjugados pela base da igreja, somos preservados
em unidade. O único lugar que Deus escolheu nos guarda de
abusarmos da graça de Deus e também nos subjuga. Assim,
esse único caminho nos dá o genuíno desfrute de Cristo.
Quando temos o genuíno desfrute de Cristo, somos um.
Somos um no desfrute de Cristo, isso é, em comer dos ricos
produtos da boa terra. Mas como salientamos, podemos
apresentar nossas ofertas dessa produção somente no lugar
que Deus escolheu. Da mesma forma que o salmista,
devemos trazer nossas ofertas à casa de Deus.
INCENSO PARA DEUS
O ENCANTO DA HABITAÇÃO DE DEUS
O Salmo 84 é excessivamente rico. Os versículos 1 e 2
dizem, “Quão amável são os teus tabernáculos, ó Senhor dos
exércitos! A minha alma suspira! Sim, desfalece pelos átrios
do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus
vivo.” (Heb.). O versículo 1 não fala somente de um lugar de
habitação, mas de muitos lugares de habitação. Sem dúvida
esses lugares de habitação significam as igrejas locais. As
igrejas locais podem ser tão afetuosas conosco que até mesmo
ficamos saudosos por elas. Segundo o versículo 2, o salmista
anseia até mesmo pelos átrios do Senhor. Nessa apreciação,
não somente a habitação de Deus é amável; os átrios também
são amáveis. A razão de a habitação de Deus ser amável é
que o Deus vivo está lá. A presença de Deus nas igrejas
locais tornam as igrejas amáveis e afetuosas.
O versículo 3 diz, “O pardal encontrou casa, e a
andorinha ninho para si, onde acolhe os seus filhotes, junto
aos teus altares, ó Senhor dos exércitos, Rei meu e Deus
meu.” Sem dúvida, somos pardais e andorinhas, pequenas
criaturas que são pequenas e frágeis. Até os pardais
encontraram uma casa e as andorinhas encontraram um
ninho onde eles possam criar seus filhotes. Quão doce é o
sentimento do salmista a respeito da casa de Deus! É um
lugar para pequenos pardais permanecerem, um lugar para
as andorinhas construírem um ninho para elas, onde elas
73
possam criar seus filhotes. Na casa de Deus, nós, as
andorinhas e os pardais, encontramos uma casa no altar do
Senhor. No altar do Senhor encontramos um ninho, um lugar
nutridor, um lugar que amamos, um lugar de descanso.
Em tempos antigos, tanto no tabernáculo quanto no
templo, haviam dois altares: um no átrio exterior e outro no
santo lugar. O altar no átrio exterior, o altar de bronze, era o
lugar para as ofertas que tratavam das coisas negativas,
limpando o povo de Deus e livrandoos de todos os problemas.
O altar no santo lugar, o altar de ouro, era o altar do incenso,
o qual significa o Cristo ressurreto como nossa aceitação a
Deus. Então, esses altares significam Cristo em crucificação
e ressurreição. É aqui que encontramos nossa casa e nosso
descanso na casa de Deus.
Todos os pequenos, os pardais e andorinhas, nas
igrejas locais devem perceber e compreender o significado da
crucificação de Cristo, com tudo que ele consumou e realizou
por nós. Eles precisam compreender como Cristo é Aquele
crucificado no altar de oferta e Aquele ressurreto no altar de
incenso. Através de tal compreensão, eles desfrutarão a
bondade do Cristo crucificado e ressurreto. Nesses altares
encontramos o verdadeiro lugar de descanso, um ninho que é
substancial que amamos e onde podemos estar descansados.
Quão maravilhoso é esse desfrute na habitação de Deus, as
igrejas locais!
No versículo 4 o salmista prossegue e diz, “Bem
aventurados os que habitam em tua casa; louvarteão
continuamente.” (Heb.). Não devemos simplesmente visitar a
casa de Deus; devemos habitar lá perpetuamente. Segundo
esse versículo, aqueles que habitam na casa do Senhor são
abençoados. Eles até louvam o Senhor perpetuamente. Toda
vez que nos reunimos, devemos gastar muito tempo em
74
louvores. Louvar deve ocupar mais tempo nas reuniões do
que o ensino. Que todos aprendamos a louvar o Senhor.
No versículo 5 o salmista continua, “Bemaventurado o
homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram
os caminhos aplanados.” Na igreja temos nossa força em
Deus e nosso coração é cheio com os caminhos de Deus. Se
quisermos experienciar isso, devemos estar na casa de Deus.
O versículo 6 diz, “Passando pelo vale de Baca, faz dele
um lugar de fontes; e a primeira chuva o cobre de bênçãos.”
Baca significa o que chora. Na vida da igreja devemos passar
através do vale de lágrimas, mas podemos tornar saudável
esse vale, até mesmo em um lugar de fontes naturais. Além
disso, ao invés de lágrimas, a chuva vem para encher o lago.
Tal experiência é encontrada somente na casa de Deus.
Além disso, na vida da igreja vamos de força em força
e cada um deles aparece diante de Deus (v. 7). Na igreja
percebemos que “um dia nos teus átrios vale mais do que
mil.” Aqueles que desfrutam a vida da igreja podem dizer,
“Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas
tendas da perversidade” (v. 10).
O versículo 11 indica que a vida da igreja é o lugar da
benção completa: “Pois o Senhor Deus é sol e escudo; o
Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que
andam retamente.” Aqui na casa de Deus nós desfrutamos
Deus como o sol e um escudo. O sol é para suprimento e o
escudo é para proteção. Aqui na vida da igreja o Senhor é o
nosso suprimento e segurança. Além disso, aqui nós
desfrutamos a Sua graça a Sua glória. Graça é o desfrute
interior, enquanto que glória é a expressão exterior. Na vida
da igreja temos o desfrute interior da graça e a expressão
exterior da glória. Oh quão abençoada é a vida da igreja!
O Salmo 84 conclui com as palavras, “Ó Senhor dos
exércitos, bemaventurado o homem que em ti põe a sua
75
confiança” (v. 12). Podemos confiar em Deus fora da igreja
local, mas é particularmente difícil. Nós podemos testificar,
entretanto, que é muito fácil confiar em Deus na igreja. A
casa de Deus é o local apropriado para exercitarmos nossa
confiança em Deus.
EXALTADO, MESCLADO, PLANTADO
E FLORESCENDO
HABITANDO JUNTOS EM UNIDADE
OS REQUISITOS DE DEUS
A base da unidade não é simplesmente uma questão
de uma cidade, uma igreja. A base da unidade é mais
profunda, rica, elevada e mais plena do que isso. Devemos
aprender que nesse universo Deus escolheu somente um
lugar e esse lugar é a igreja. Deus requer que venhamos a
79
esse lugar que Ele escolheu. Espiritualmente falando,
devemos destruir todos os lugares que não sejam a igreja e
todos os nomes que não sejam o de Cristo. Isso significa que
devemos destruir nossa cultura e nosso background religioso.
Você nasceu em uma determinada região desse país. Você
precisa destruir a influência desse lugar. Talvez você tenha
um background religioso em uma determinada denominação.
Agora você precisa destruir esse lugar denominacional
dentro de você. Os lugares que devemos destruir incluem
nossa disposição, temperamento e hábitos. Devemos destruir
tudo o que danifica a unidade do novo homem.
Segundo Colossenses 3:11, no novo homem “não há
grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro,
cita, escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos.” A igreja
com Cristo é o único lugar que Deus escolheu. Com o intuito
de cumprir a palavra em Colossenses 3:11, todos os outros
lugares devem ser totalmente destruídos. Devemos destruir
tudo que não seja a igreja com Cristo. Então devemos
simplesmente estar na vida da igreja desfrutando Cristo
como a riqueza da boa terra. À medida que O desfrutamos
com Deus, devemos ser plantados na casa do Senhor,
devemos crescer e devemos florescer. Esse é o caminho
adequado para se ter vida Cristã e a vida da igreja. Essa é a
base da unidade.
Nessa base não é possível ter divisão, pois a base da
divisão foi destruída. Nosso temperamento, disposição,
características naturais e preferências, foram todos
eliminados. Nossa religião, cultura e formas particulares
também foram destruídas. Tendo destruído todos os lugares
pagãos, nós simplesmente vamos ao lugar que Deus
escolheu.
A vida da igreja tem sido enfraquecida por falta de
concordância em destruir os lugares pagãos. Deuteronômio
80
12 tem um grande significado espiritual para nós hoje. Em
nossa vida e cultura humana há vários lugares que
permanecem para serem destruídos. Devemos destruir todos
eles e então ir ao único lugar que Deus escolheu, a igreja. Na
igreja não pode haver nada além de Cristo. Cristo deve ser
tudo em todos. É fácil dizer isso, mas não é fácil praticar isso
de uma maneira definitiva. No entanto, não temos desculpa
de não praticar esse princípio.
Em todo lugar que deve ser destruído há uma coluna
dedicada, um símbolo ou imagem. Isso significa que até
mesmo em nosso caráter e disposição pode haver tais
colunas, símbolos ou imagens. Então, devemos destruir todos
os lugares com suas colunas, símbolos e imagens. Não
preserve nenhum lugar. Ao invés disso, destruaos e vá ao
lugar que Deus escolheu. Como salientamos diversas vezes,
esse lugar é a igreja. Tendo vindo para a igreja, devemos ter
somente a Pessoa de Cristo e o caminho único da cruz. Então
desfrutaremos Cristo na igreja como a melhor porção da rica
produção da terra. À medida que O desfrutamos diante de
Deus, esse desfrute se torna a nossa adoração, nossa vida da
igreja e até mesmo a nossa vida Cristã diária. Então
cresceremos e amadureceremos na base da unidade.
81
CAPÍTULO SEIS
A BENÇÃO DE VIDA SOB O ÓLEO DA
UNÇÃO E DO ORVALHO NA
BASE DA UNIDADE (1)
Leitura Bíblica: Sl 133:13; Jo 17:2123; Ef 3:16 – 4:6; 1 Jo
2:27; 1Pe 3:7
UM COMO O PAI E O FILHO SÃO UM
83
no ser divino. Os Três do Deus Triúno são um na natureza e
no ser deles.
A unidade dos Cristãos em Cristo deve ser essencial
mente a mesma. O uso da palavra glória aqui confirma isso.
Por termos recebido do Filho a própria glória que Ele recebeu
do Pai, podemos ser um assim como o Pai e o Filho são um.
Isso mostra que unidade não é a mera soma de grupos
individuais, mas uma unidade que está relacionada com
natureza e essência. Do contrário, a palavra glória não seria
usada nesse versículo. Glória é o próprio fator de unidade
aqui. A glória foi dada a nós para que possamos ser um
assim como o Pai e o Filho são um. Por isso, a glória do Ser
divino é o fator de unidade entre aqueles que crêem em
Cristo.
O versículo 23 diz: “Eu neles e Tu em mim, a fim de
que sejam aperfeiçoados na unidade.” Mais uma vez vemos
que essa não é uma mera unidade de adição. Os Cristãos não
são simplesmente somados juntos para ser um. O versículo
23 é ainda mais forte do que os versículos 21 e 22 com
respeito a unidade, pois fala do nosso ser aperfeiçoado na
unidade. Isso indica que podemos ser um, mas nossa unidade
pode estar apenas no estágio inicial. Ela pode não ter
crescido ainda ou ter alcançado a perfeição.
Embora possamos mostrar certas coisas sobre esses
versículos, não podemos entendêlos adequadamente. Além
disso, é difícil para nós, mesmo após têlos lido muitas e
muitas vezes, expor o ponto principal em cada versículo. Isso
prova que a unidade sobre a qual o Senhor orou nesse
capítulo está muito além da nossa compreensão.
84
O MESCLAR DO DEUS TRIÚNO
COM OS CRISTÃOS
UNIDADE NA GLÓRIA DIVINA
No versículo 22 o Senhor disse que a glória que o Pai
deu a Ele, Ele tem dado a Seus santos “para que sejam um,
como Nós o somos”. Glória é a expressão de Deus. Essa
expressão foi dada ao Filho. O Pai deu ao Filho a glória para
expressáLo na vida divina. Agora essa glória foi dada a nós
pelo Filho para que possamos ser um assim como o Pai e o
Filho são um. Essa unidade é a unidade na glória divina
para a expressão corporativa de Deus.
APERFEIÇOADOS NA UNIDADE
No versículo 23 o Senhor continua: “Eu neles e Tu em
Mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade”. Aqui
vemos a mescla do Deus processado com os que creram. As
87
palavras Eu, eles e Tu se referem a Cristo, aos Cristãos e ao
Pai respectivamente. O Filho está nos que creram e o Pai
está no Filho. Essa é a mescla do Deus Triúno com os santos.
Como resultado de tal mesclar, podemos ser aperfeiçoados na
unidade.
Talvez você esteja se perguntando o que significa ser
aperfeiçoado na unidade. No dia que cremos em Cristo, nós
entramos nessa unidade. Porém, nós ainda temos problemas
com nosso homem natural, nossa constituição natural e
nossa disposição natural. Mas, quanto mais experimentamos
Cristo, o Espírito que da vida, mais todos esses elementos
naturais são reduzidos. Como eles são reduzidos por meio de
nossa experiência do Deus Triúno, somos aperfeiçoados na
unidade.
Todos nós precisamos ficar impressionados com o fato
de que a unidade revelada na Bíblia não é uma questão de
ajuntar os Cristãos para formar uma união harmoniosa. Tal
conceito de unidade é natural e superficial. De novo
queremos dizer que unidade é a mescla do Deus Triúno
processado com os Cristãos. Tendo visto essa unidade como é
revelada em João 17 e Efésios 4, vamos agora considerar o
Salmo 133.
DOIS ASPECTOS DA UNIDADE
Esse Salmo é tão profundo que é difícil falar sobre ele.
O versículo 1 diz: “Oh! Quão bom e agradável é para os
irmãos viverem juntos na unidade!” Note que o salmista usa
dois adjetivos para descrever os irmãos vivendo juntos na
unidade. Ele diz que isso é bom e agradável. O motivo de dois
adjetivos serem usados é que nos versículos seguintes,
vivendo juntos na unidade é comparado a duas coisas: ao óleo
precioso sobre a cabeça de Arão e o orvalho de Hermon nos
88
montes de Sião. Esses dois adjetivos apontam para dois
aspectos da unidade. A unidade é boa e agradável: boa como
o óleo precioso e agradável como o orvalho que desce.
Desses aspectos, o primeiro – Arão – é uma pessoa e o
segundo – Sião – é um lugar. Você já viu que a igreja tem
esses dois aspectos? Por um lado, a igreja é uma pessoa; por
outro lado, a igreja é um lugar. Como uma pessoa, a igreja
inclui a Cabeça com o Corpo. Como um lugar, a igreja é a
habitação de Deus. Em outros lugares na Bíblia, vemos que a
igreja é a Noiva, o novo homem e a guerreira. Esses, porém,
são aspectos da igreja como uma pessoa. Na verdade, a igreja
tem somente dois aspectos principais: o aspecto de uma
pessoa e o aspecto de uma habitação. Relacionado com esses
dois aspectos da igreja estão o óleo e o orvalho.
O ÓLEO QUE SE ESPALHA E O
ORVALHO QUE DESCE
89
ungüento, na verdade, não escorria debaixo da barba de
Arão; ele se espalhava sobre sua barba e então descia para a
gola de suas vestes. A raiz Hebraica quer dizer espalhar,
como o espalhar sobre uma superfície. Ela também significa
estender, como estender uma cobertura, uma coberta de
cama, sobre ela. Por isso, o óleo da unção na cabeça de Arão
se estendia sobre sua barba; ele não escorria abaixo
rapidamente sobre sua barba. O ungüento se estendia suave
e lentamente.
No mesmo princípio, o orvalho descia sobre os montes
de Sião. Em nosso hinário, existe um hino sobre “chuvas de
benção” (Hymns 260). Tais chuvas espirituais é um tanto
Pentecostal em natureza. Tenho uma maior apreciação pelo
espalhar do ungüento e o descer do orvalho do que pelas
chuvas de bênçãos. Chuvas não estão relacionadas com
unidade. A unidade genuína é constituída do ungüento que
se espalha e do orvalho que desce.
UNGIDO COM O DEUS TRIÚNO PROCESSADO
Temos visto enfaticamente que a verdadeira unidade é
a mescla do Deus processado com os crentes. Embora isso
seja revelado no Novo Testamento, não vemos no Novo
Testamento a maneira de praticar essa unidade. A maneira
de praticar essa mescla está no Salmo 133. O óleo no
versículo 2 é um tipo do Deus Triúno processado que hoje é o
Espírito composto todoinclusivo. Conforme Êxodo 30, o óleo
da unção é um composto formado pela mistura de quatro
especiarias com um him de azeite de oliveira.
Esse composto tipifica o Espírito todoinclusivo que é o
Deus processado para nosso desfrute. Nesse Espírito
composto não temos apenas a divindade, mas também a
humanidade de Cristo, a eficácia de Sua morte e o poder de
Sua ressurreição. Em outras palavras, o Espírito composto é
90
o Deus processado com os atributos divinos, as virtudes
humanas, a eficácia da morte de Cristo e o poder da
ressurreição de Cristo.
Na vida da igreja, esse Espírito composto está
continuamente nos ungindo. O ungüento pode ser comparado
à tinta e o ungir à aplicação dela. Quando pinta uma cadeira,
você pode dar uma demão de tinta após outra. Quando o
Espírito composto nos unge, Ele nos “pinta” e a “tinta” é o
próprio Deus Triúno. Nessa “tinta”, temos a humanidade de
Cristo, a eficácia de Sua morte e o poder de Sua ressurreição.
Também temos a divindade e o viver humano de
Cristo. Quando todos esses ingredientes do ungüento são
aplicados a nós, somos “pintados” com o Deus Triúno
processado e com todos os elementos do óleo composto. A vida
da igreja adequada é uma vida na unidade que é a mescla do
Deus Triúno processado com os crentes. Quando permane
cemos nessa unidade, somos “pintados” com o ungüento.
Quanto mais somos “pintados” dessa maneira, mais nossa
constituição natural, temperamento e disposição são elimi
nados. O que fica é a mescla do Deus Triúno processado com
nossa humanidade elevada. Isso é a unidade.
Em tal unidade não é possível ter divisão, nem mesmo
dissensão. Nessa unidade não há espaço nem mesmo para
nossa opinião. Embora precisemos experimentar muito mais
da “pintura” divina que nos introduz na unidade, temos tido
pelo menos alguma experiência disso na vida da igreja. Pelo
menos, até certo ponto, todos temos entrado na unidade.
Quando estávamos nas denominações ou nos grupos
independentes, achávamos fácil sermos críticos e dar
opiniões. Mas na igreja, o elemento discordante e os fatores
divisivos são restringidos. Esse é o efeito da unidade. Quanto
mais a “tinta” do Deus Triúno processado é aplicada ao nosso
ser, mais difícil será para nós sermos divididos.
91
Por meio da aplicação da “tinta” celestial, somos
introduzidos na unidade genuína, não na unidade superficial
que é segundo o conceito natural. Estamos na unidade que é
o Deus Triúno processado “pintado” em nosso próprio ser.
Como temos enfatizado, esse ungüento, essa “pintura”
divina não escorre para baixo; ela se espalha. Quero que
minha casa seja pintada com tinta que vai fixar, não com
tinta que vai escorrer paredes abaixo como água. Do mesmo
modo, quando o ungüento é aplicado a nós, ele se fixa em
nosso ser interior; ele não escorre para baixo.
O escorrer do ungüento é como as experiências no
pentecostalismo ou no movimento carismático. Experiências
desse tipo passam rapidamente. Na vida da igreja, no
entanto, a bênção espiritual vem a nós gradualmente,
lentamente e suavemente. Mas, uma vez que ela chega,
permanece. Uma vez que a “tinta” é aplicada a nós, ela fica.
Depois que somos cobertos com o óleo da unção, a
cobertura permanece para sempre. Nada pode erradicála.
A unção não nos faz ter muito sentimento em nossa
emoção. Aquelas experiências que vêm e vão rapidamente,
pelo contrário, agitam nosso sentimento. Mas essa não é a
experiência normal na vida da igreja. Na vida da igreja
experimentamos o espalhar gradual do ungüento todo
inclusivo. Por exemplo, na reunião de oração da igreja
podemos receber uma ou duas “camadas” de “tinta” sem ter
muito sentimento a respeito dela. Como temos visto, esse
ungüento tem muitos ingredientes. Quão gratos somos ao
Senhor por Sua restauração. Dia a dia na vida da igreja,
todos os ingredientes do óleo divino estão sendo forjados em
nós. Por meio da aplicação desses ingredientes em nosso ser
interior, estamos espontaneamente na unidade. Encontra
mos muitíssima dificuldade em ser divisivos ou mesmo
dissidentes. Quão bom, amável e desfrutável é a unidade na
92
igreja! A única maneira de sermos divisivos é tomarmos uma
forte decisão contrária ao nosso ser interior. Somos um
espontaneamente porque fomos “pintados” com todos os
elementos da “tinta” celestial.
O DEUS TRIÚNO PROCESSADO
APLICADO A NOSSO SER
PARA A CABEÇA COM O CORPO
O óleo não é para indivíduos; ele é para o Corpo. Ele
não pode ser experimentado por aqueles que estão apartados
e separados do Corpo. Segundo a figura no Salmo 133, o óleo
está sobre a cabeça. Então, ele se espalha para a barba e
desce para a gola das vestes. Isso indica que se somos
individualistas, não podemos experimentar o óleo. Alguns
podem argumentar que podem contatar o Senhor sozinhos
em casa. Não duvido que possam. A questão crucial, porém, é
se somos um com a igreja ou não. Se somos um com a igreja,
93
então podemos contatar o Senhor sozinhos em casa
adequadamente. Mas, se nos separarmos da igreja, nosso
contato com o Senhor será completamente diferente. Isso é
porque o óleo da unção não é para membros individuais; ele é
para a Cabeça e o Corpo, mesmo para a Cabeça com o Corpo.
Por isso, para ser “pintado” pelo óleo, devemos estar na
igreja. Então, desfrutamos espontaneamente a aplicação do
óleo da unção com todos os seus elementos. Quão mara
vilhosa é a unidade produzida pela aplicação desse óleo!
GRAÇA – O DEUS TRIÚNO COMO
NOSSO SUPRIMENTO DE VIDA
PARA NOSSO DESFRUTE
Segundo o Salmo 133:3, a unidade também é como o
orvalho que desce sobre os montes de Sião. O óleo da unção
está sobre a pessoa, Arão, mas o orvalho está sobre o lugar,
Sião. O orvalho significa a graça de vida (1Pe 3:7). A graça de
vida é o suprimento de vida. Na vida da igreja não estamos
apenas debaixo do óleo; nós também recebemos o suprimento
e a graça de vida. Quando somos ungidos, também somos
agraciados.
Suponha dois irmãos que vivem juntos numa casa de
irmãos e que estão tendo dificuldades de conviverem juntos.
Porém, através da participação deles na vida da igreja, eles
são agraciados e recebem o suprimento de vida. Espontânea
mente, eles não vão apenas suportar um ao outro, mas
realmente amar um ao outro. Essa é a experiência do
orvalho, a graça.
O apóstolo Paulo experimentou a graça do Senhor
abundantemente. Ele orou três vezes para que o “espinho”
que o estava afligindo fosse removido. O Senhor respondeu
que Sua graça era suficiente a ele. Por essa palavra, o
94
Senhor indicou que não tiraria o espinho, mas supriria Paulo
com Sua suficiente graça.
Em 2 Coríntios 13:13, Paulo abençoa a igreja com as
palavras: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus,
e a comunhão do Espírito Santo, sejam com todos vós” (Gk).
Esse versículo indica que graça é o Deus Triúno processado
para ser nosso suprimento de vida. Enquanto o óleo significa
o Deus Triúno processado que é “pintado” em nosso ser, o
orvalho significa o Deus Triúno que é nosso suprimento de
vida para nosso desfrute. Portanto, na vida da igreja,
diariamente somos ungidos e agraciados. Somos “pintados”
com o Deus processado e somos agraciados com o mesmo
Deus processado como nosso suprimento de vida. Esse óleo e
esse suprimento tornam possível vivermos em unidade. Nas
palavras do Salmo 133, essa unidade é como o óleo da unção
e o orvalho. Debaixo do óleo da unção e do orvalho,
experimentamos a benção de vida na base da unidade.
95
CAPÍTULO SETE
A BENÇÃO DE VIDA SOB O ÓLEO DA
UNÇÃO E DO ORVALHO NA
BASE DA UNIDADE (2)
Leitura Bíblica: Sl 133:13; Jo 1:14, 1617; At 4:33; 11:23;
13:43; 14:26; Rm 5:2, 17, 2021; 1Co 15:10; 2Co 1:12; 9:8,
14; 12:9; 13:14; Ef 2:7; 1Tm 1:14; 1Pe 3:7; 4:10; 5:10a; Gl
6:18; Ap 22:21
Segundo o Novo Testamento, a unidade dos Cristãos
ou da igreja, é misteriosa, pois ela está intimamente
relacionada com o Deus Triúno processado. João 17:2123
indica que os Cristãos são um no Deus Triúno, assim como o
Pai está no Filho e o Filho está no Pai. Por estarem no Deus
Triúno, os Cristãos são um. Além disso, João 17:22 diz que a
glória que o Pai deu ao Filho foi dada pelo Filho aos Cristãos,
para que possam ser um assim como o Pai e o Filho são um.
Então, o versículo 23 prossegue ao falar de ser aperfeiçoados
na unidade. Quando cremos, entramos nessa unidade
misteriosa. Agora, devemos prosseguir em ser aperfeiçoados
gradualmente nessa verdadeira unidade.
A MESCLA DO DEUS TRIÚNO COM
O CORPO DE CRISTO
Em Efésios 4:46 Paulo lista sete aspectos da unidade:
um Corpo, um Espírito, uma esperança, um Senhor, uma fé,
96
um batismo e um Deus e Pai de todos. Esses versículos
também mostram a mescla misteriosa do Deus Triúno com o
Corpo de Cristo. Essa mescla é a unidade dos Cristãos. O
Espírito no versículo 4 é, sem dúvida, o Espírito composto
todoinclusivo que está dentro do Corpo e dá vida ao Corpo.
Segundo 1 Coríntios 13:13, o Corpo veio a existência por meio
do batismo desse Espírito todoinclusivo. Tendo sido
batizados em um Espírito, devemos prosseguir em beber
desse Espírito. Isso indica que a existência do Corpo depende
do Espírito que dá vida todoinclusivo. Além disso, o Corpo
continua a existir por meio de o nosso beber desse Espírito.
Qualquer coisa que bebemos tornase mesclada com nosso
ser interior, com nosso sangue e com a própria fibra do nosso
tecido orgânico. Isso é o mesmo com o Espírito que dá vida.
Efésios 4:5 Paulo coloca junto o único Senhor com a
única fé e o único batismo. Nós entramos no Senhor por meio
da fé e do batismo. Ter fé no Senhor significa crer Nele. É
claro, ser batizado Nele é ser colocado Nele. Quando cremos
Nele e fomos batizados Nele, nos tornamos um com Ele; isto
é, fomos mesclados com Ele.
No versículo 6 Paulo diz: “um só Deus e Pai de todos, o
qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” O
único Deus e Pai está sobre tudo objetivamente, age de um
modo que é parcialmente objetivo e parcialmente subjetivo e
está em todos subjetivamente. Por isso, o Espírito está
mesclado com o Corpo, o Corpo está no Senhor e o Pai é sobre
todos, age por meio de todos e está em todos. Essa é uma
figura do mesclar do Deus Triúno com o Corpo de Cristo.
Nessa unidade, temos a única esperança, a esperança da
nossa glorificação vindoura.
Essa unidade é completamente diferente da unidade
no cristianismo de hoje, que é uma mera unidade de adição.
Tal unidade de adição pode também levar a subtração. A
97
unidade revelada na Bíblia é a mescla do Deus Triúno
processado com Seu povo escolhido. Por isso, a unidade nas
Escrituras é uma mescla de pessoas, uma mescla da Pessoa
divina, o Deus Triúno, com as pessoas que crêem em Cristo.
O Deus Triúno que está mesclado conosco passou pelo
processo de encarnação, viver humano, crucificação e
ressurreição. Essa unidade genuína referindose a tal mescla
maravilhosa é a revelação clara em João 17 e Efésios 4.
UM TIPO DA UNIDADE GENUÍNA
Agradecemos ao Senhor por existirem tipos no Antigo
Testamento de quase todas as coisas espirituais no Novo
Testamento. Um dos tipos da unidade genuína é encontrado
em Deuteronômio 12. Nesse capítulo a boa terra tipifica o
Cristo todoinclusivo, enquanto que as montanhas, os
outeiros e as árvores frondosas tipificam vários centros de
adoração. As ofertas mencionadas nesse capítulo tipificam
vários aspectos das riquezas de Cristo. Sim, Deuteronômio
12 é o registro de uma exortação dada aos filhos de Israel ao
entrarem na boa terra. Mas, os detalhes dessa exortação
também são tipos, não apenas instruções que foram dadas
literalmente por Deus ao povo na época. Podemos usar o
cordeiro Pascal como ilustração de algo que tinha tanto um
significado literal quanto simbólico. O próprio cordeiro que
era imolado no período da Páscoa, também era um tipo de
Cristo como nosso Redentor. No mesmo princípio, o maná
comido pelos filhos de Israel no deserto era um tipo de Cristo
como nossa comida celestial. Esse princípio também se aplica
à boa terra em Deuteronômio 12. A terra não era apenas
uma região física possuída pelos filhos de Israel; ela era
também um tipo do Cristo todoinclusivo. Nesse capítulo, o
povo escolhido de Deus foi ordenado a ir ao único lugar da
98
escolha Deus. Esse lugar foi eleito por Deus a fim de
preservar a unidade dos filhos de Israel. Esse lugar não era
apenas uma localização atual na terra de Canaã, mas
também um tipo da unidade genuína dos Cristãos em Cristo
hoje.
O CRISTO CORPORATIVO
No Salmo 133 a unidade do povo de Deus é comparada
ao óleo precioso e ao orvalho. O óleo precioso sobre a cabeça
de Arão se espalha sobre a barba e por fim desce para a gola
de suas vestes. Essa figura da unidade está relacionada com
uma pessoa, Arão, um tipo de Cristo em Seu ministério
sacerdotal. Como o Sumo Sacerdote, Cristo serviu a Deus,
realizou o propósito de Deus e cumpriu o desejo do coração de
Deus. Porém, no Salmo 133 Arão não tipifica apenas o
próprio Cristo, mas Cristo com Seu Corpo. Isso significa que
aqui, Arão, tipifica o Cristo corporativo, a cabeça com o
Corpo. A igreja num sentido muito real é o Cristo
corporativo. A igreja é, dessa maneira, uma grande pessoa
universal com diversos aspectos: os aspectos do Corpo, da
Noiva, do novo homem e da guerreira. Todos esses aspectos
da igreja estão relacionados com a pessoa.
AS MUITAS IGREJAS LOCAIS
No Salmo 133 a unidade do povo de Deus também é
comparada com o orvalho do Hermom que desce sobre os
montes de Sião. Esses montes tipificam as igrejas locais.
Cada igreja local é um monte de Sião. Existe uma Sião, mas
os muitos montes significam as muitas igrejas locais. Como
uma pessoa, a igreja é unicamente uma. Como um lugar, a
igreja, por um lado, é a única Sião; mas, por outro lado, ela é
99
os muitos montes da única Sião. Embora exista uma igreja
no universo, contudo, existem muitas igrejas locais. Cada
igreja local é um pico dentre os muitos montes de Sião.
Portanto, a pessoa é universal, mas os montes são locais.
Nossa unidade é como o óleo precioso sobre Arão e como o
orvalho sobre os montes de Sião. A habitação de Deus, o
templo, estava localizada em Sião. Por um lado, a igreja é
uma pessoa; por outro lado, ela é um lugar. Sobre a pessoa
há o óleo e sobre o lugar há o orvalho.
A CONSUMAÇÃO FINAL DO
DEUS TRIÚNO PROCESSADO
100
obras.” Como o Senhor falou, o Pai trabalhou. Nesse capítulo,
o Senhor continuou a dizer aos discípulos que o Espírito da
realidade, na verdade, era Ele mesmo percebido. Isso
significa que quando o Espírito habitou nos discípulos, o
próprio Senhor estava habitando neles. Por isso, o Pai, o
Filho e o Espírito são o Deus Triúno singular.
Passando pelas várias etapas de um processo, esse
mesmo Deus Triúno tornouse o Espírito todoinclusivo. João
7:39 diz: “O Espírito até esse momento não fora dado, porque
Jesus não havia sido ainda glorificado.” O Espírito prometido
nos capítulos catorze a dezesseis é o Espírito referido em
7:39. Por receber o Espírito como a consumação final do Deus
Triúno processado, nós somos um com o Deus Triúno. Por
essa razão, após falar do Espírito no capítulo catorze, o
Senhor continua a falar no capítulo quinze que se nós
permanecermos Nele, Ele permanecerá em nós. Segundo
14:23, se amarmos o Senhor, o Pai e o Filho virão a nós e
farão morada conosco. Essa morada é uma mútua habitação
para o Deus Triúno habitar nos Cristãos e para os Cristãos
habitarem no Deus Triúno. Esse mútuo habitar é uma
questão de mesclar.
Após falar as palavras registradas em João 14 a 16, o
Senhor Jesus fez a oração ao Pai registrada no capítulo
dezessete. A linguagem dessa oração é completamente
divina. Nessa oração, o Senhor se refere à mescla
maravilhosa e misteriosa do Deus Triúno processado com os
Cristãos. Mais uma vez mostramos que essa mescla é a
unidade.
O ELEMENTO DA NOSSA UNIDADE
Essa unidade se torna real e prática por meio da unção
que está sobre Cristo a Cabeça e que se espalha sobre o
101
Corpo. Desde que permaneçamos no Corpo, compartilhamos
o óleo. Nesse óleo somos um. Por isso, a unção do Espírito
que dá vida todoinclusivo e composto é o elemento da nossa
unidade. Isso significa que somos um como membros da
igreja e estamos debaixo da unção do Espírito. Se não
estamos debaixo dessa unção, não podemos ser um com
ninguém, nem mesmo com nós mesmos.
A unidade não depende da nossa habilidade natural
para se dar bem com os outros. Alguns Cristãos podem até
mesmo ser orgulhosos de ter o tipo de disposição que torna
fácil para eles ser um com as outras pessoas. Porém, esse
tipo de unidade não é a unidade preciosa revelada na Bíblia.
Na verdade, é um tipo de unidade muito desagradável e
inadequada. Uma pessoa que se vangloria desse tipo de
unidade, na verdade, não é capaz de ser um com os outros
por um longo período de tempo. Pelo contrário, pode por fim
causar um grande número de tumultos. A unidade genuína
consiste na unção do Espírito todoinclusivo e composto como
a consumação final do Deus Triúno. Somente debaixo de tal
unção temos de fato uma unidade genuína e imutável.
Milhares de irmãos podem testificar da unidade que
desfrutamos debaixo da unção do Espírito composto. Nossa
unidade tem sua fonte na mescla misteriosa do Deus Triúno
processado com os Cristãos. Como mostramos no capítulo
anterior, quanto mais somos cobertos com o óleo composto,
mais somos um. Louvado seja o Senhor que o Espírito todo
inclusivo está continuamente nos “pintando”!
HABITANDO NUM DOS “PICOS”
O aspecto pessoal da igreja é prático, mas o aspecto do
lugar é ainda mais prático. Com respeito à igreja como a
pessoa universal, podemos não ter quaisquer problemas.
102
Porém, com relação à igreja como os montes locais de Sião,
podemos ter problemas, pois podemos não estar felizes com a
igreja em nossa localidade e podemos desejar mudar para
outros lugares. Mas, se mudarmos para outra cidade, em
breve encontraremos os mesmos problemas naquele lugar. A
razão é que somos os mesmos e que somos a causa do
problema. Alguns têm me afirmado que nunca deixariam a
vida da igreja. Todavia, descontentes onde estão, eles gostam
de fazer suas escolhas de um “monte.” Posso testificar que no
que me diz respeito, cada “monte” é igual. Não importa onde
estou, eu ainda louvo o Senhor e experimento Sua obra de
transformação.
Aqueles que se mudam de um lugar para outro podem
amar a igreja universal, mas eles tem problemas com a
igreja local. Eles podem declarar que tem visto o Corpo de
Cristo e que amam a restauração do Senhor. Porém, não
importa em que localidade eles morem, eles sempre tem
alguma dificuldade com aquele “monte” de Sião. Eles podem
imaginar que uma igreja numa localidade está fora da base.
Mas, assim que se mudam dali, ficam desapontados, não
achando esse melhor do que o “monte” do qual acabaram de
se mudar. Não há necessidade de nos mudar de “monte” em
“monte.” Devemos simplesmente habitar num dos picos de
Sião e desfrutar ali o orvalho que desce de Hermom.
ORVALHO – A GRAÇA DE VIDA
Em tipologia, Hermom significa os céus, o lugar mais
elevado no universo e o orvalho significa a graça de vida (1Pe
3:7). Sem o Novo Testamento, seria difícil para nós
percebermos que o orvalho significa graça. Cada Epístola
escrita por Paulo começa com uma palavra sobre graça e
termina com alguma menção de graça. Quando eu era um
103
jovem cristão nas denominações, eu dizia que graça denota
favor imerecido. Segundo esse entendimento de graça,
receber graça é receber algo que nós não merecemos. Muitos
Cristãos consideram tal favor imerecido como todas as
bênçãos materiais que eles recebem do Senhor. Por exemplo,
no final do ano, alguns podem contar todas as bênçãos que
Deus deu a eles esse ano: um bom emprego, uma casa maior,
um automóvel do último modelo. Porém, segundo a palavra
de Paulo em Filipenses 3:8, tudo fora de Cristo é “esterco.”
Ele considerava tais coisas como emprego, casa e automóvel
como nada além de “esterco” em comparação a Cristo. A
graça mencionada nas Escrituras não se refere à mera
bênção material. Como muitos versículos no Novo
Testamento deixam claro, graça é o Deus processado como
suprimento de vida para ser nosso desfrute.
104
é claro, não viu bênçãos materiais. Ele viu que os Cristãos
em Antioquia estavam experimentando Deus em Cristo como
o suprimento de vida deles para o desfrute deles.
Em 1 Coríntios 15:10 Paulo disse: “Mas, pela graça de
Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não
se tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles;
todavia não eu, mas a graça de Deus comigo.” Podemos
comparar esse versículo com Gálatas 2:20, onde Paulo diz:
“Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” Não foi
o próprio Paulo que trabalhou mais do que os outros
apóstolos; foi a graça de Deus que estava com ele. Essa
graça, por meio da qual Paulo trabalhou mais do que os
outros era sem dúvida o próprio Cristo como poder de vida e
suprimento de vida para ele em sua experiência.
Em Romanos 5:2 Paulo diz que por intermédio de
Cristo “temos acesso pela fé a esta graça na qual estamos
firmes.” A firmeza sobre a qual Paulo está falando aqui
certamente não é algo como uma casa ou um trabalho. Ela é
o Deus Triúno que foi processado para tornarse o Espírito
todoinclusivo como Sua consumação final. Por meio de
Cristo, podemos estar firmes no Espírito todoinclusivo.
Em Romanos 5:17 Paulo continua ao dizer que “os que
recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão
em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.” Se
tivermos a graça abundante, seremos capazes de reinar em
vida. Esse versículo implica que graça é vida e que vida é
graça. Em 1Pe 3:7 Pedro fala da graça de vida, a herança
tanto do marido e da esposa. Em Romanos 5:21 Paulo fala
sobre a graça reinando para a vida eterna. Todos esses
versículos indicam que graça é nada menos do que Cristo
como nosso poder de vida e suprimento de vida para nossa
experiência e desfrute.
Se estamos claros sobre isso, podemos ter uma grande
105
apreciação do orvalho como um tipo de Cristo no Salmo 133.
Como o orvalho, a graça, tornase nosso desfrute,
participaremos na unidade genuína. Porém, se não estamos
debaixo do orvalho que rega, refresca e nos satura, não
podemos ser um com outros Cristãos. É nos montes de Sião
que experimentamos esse orvalho. Se desejamos desfrutar o
orvalho que tipifica a graça todoinclusiva, devemos estar
num dos picos, os picos do monte Sião.
EXPERIENCIANDO GRAÇA
Embora muito de nós tenha experienciado graça, nós
ainda não a conhecemos. Que pena! É possível conhecermos
apenas de um modo doutrinal que Cristo é nosso suprimento
de vida para nosso desfrute. Precisamos conhecer na
experiência.
Suponha que um irmão esteja tendo um problema com
sua esposa. Se ele consultar um pastor no cristianismo, o
pastor pode exortálo com as palavras de Paulo sobre
maridos e esposas em Efésios 5. Ele então, pode prosseguir
em aconselhar o irmão ou admoestálo com respeito a sua
esposa. Tal instrução, porém, é completamente desprovida de
graça. O que esse irmão precisa, é de alguém que ministre
vida a ele e ore com ele. Dessa maneira, a graça lhe será
suprida e ele será capaz de enfrentar a situação com sua
esposa.
Todos os irmãos casados devem aprender a ir ao
Senhor e orar: “Senhor, eu preciso de Ti. Eu não posso mais
agüentar essa situação.” Simplesmente por se abrir ao
Senhor dessa maneira, a graça é dispensada a nós. Através
de tal suprimento de graça, você será capaz de prosseguir.
Recentemente um irmão testificou como a situação
entre ele e sua esposa chegara a um becosemsaida. Ele
106
raramente falava com ela e ela raramente falava com ele.
Um dia, ele pediu a sua esposa para orar com ele. Após
aquele tempo de oração, tudo estava mudado. Esse é um
testemunho da graça do Senhor.
Os irmãos que vivem juntos podem ter atritos e sentir
que viver numa casa de irmãos é insuportável. Quando os
irmãos se sentem dessa maneira, devem ir ao Senhor,
contatáLo e dizerLhe que não podem mais suportar a
situação do viver deles. Enquanto oram dessa maneira, o
suprimento de graça virá a eles.
Uma situação que aconteceu na igreja em Chefoo a
mais de quarenta anos atrás ilustra a graça suficiente do
Senhor. Dois irmãos tinham um sério desentendimento com
respeito a finanças. Um irmão alegava que o outro lhe devia
certa quantia de dinheiro. O outro irmão negava a alegação
desse primeiro. Por fim, eles levaram o problema aos
presbíteros da igreja que se esforçaram para acertar a
situação. Porém, nenhuma solução surgiu. Pelo contrário, os
irmãos até mesmo discutiram na presença dos presbíteros.
Por fim, disse a esses dois irmãos que aquele que recebeu a
graça do Senhor estaria disposto a esquecer a dívida
completamente. Eu disse que o “tribunal” na igreja é
completamente diferente de um tribunal mundano. A
diferença é que o “tribunal” da igreja não se importa por
quem está certo ou errado; antes, ele supre graça ao
encontrar a necessidade. Se você recebe a graça do Senhor,
vai orar a Ele e estará disposto a considerar a questão como
estabelecida. Os dois irmãos e os presbíteros ficaram
surpresos. Então, sugeri que todos orassem juntos. Após um
tempo de oração, os dois irmãos começaram a chorar e,
então, louvaram ao Senhor. Por fim, eles estavam dispostos a
abandonar tudo e não houve mais problema. Ao invés disso,
todos se regozijaram na graça do Senhor.
107
DESFRUTANDO A GRAÇA NA
VIDA DA IGREJA
EXPERIENCIANDO A VERDADEIRA
UNIDADE E PRESERVANDOA
110
CAPÍTULO OITO
111
O DANO E A PERDA DA
BASE DA UNIDADE
Leitura Bíblica: 1Rs 11:68; 12:2632; 13:3334; 14:2224;
15:14, 34; 22:43; 2Rs 12:23; 14:34; 15:34, 3435; 17:512,
1823; 23:2935; 2Cr 36:520; Sl 137:16; 1Co 1:1013a; Rm
16:1718; Tt 3:10
Em Deuteronômio 12 Moisés encarregou os filhos de
Israel de “certamente destruireis todos os lugares em que as
nações que haveis de subjugar serviram aos seus deuses,
sobre as altas montanhas, sobre os outeiros, e debaixo de
toda árvore frondosa” (v. 2, Heb.). Ele também os encarregou
de derrubar os altares, despedaçar as colunas, queimar com
fogo os ídolos de madeira, despedaçar as imagens esculpidas
dos deuses e apagar os seus nomes daquele lugar (v. 3, Heb.).
Tendo destruído todas essas coisas, era para eles irem ao
único lugar da escolha de Deus. Segundo 1Reis, o templo foi
construído em Jerusalém, o lugar que Deus tinha escolhido.
Foi o desejo do coração de Deus que lá fosse o lugar único
para a Sua presença. Esse lugar único guardou o povo de
Deus da divisão. Então, foi a sabedoria de Deus requerer que
todos os lugares que as nações serviam os seus deuses fossem
destruídos e que o Seu povo viesse a um único lugar da Sua
escolha.
A RECONSTRUÇÃO DOS LUGARES
ALTOS E O SEU SIGNIFICADO
112
Embora os filhos de Israel tivessem destruído os
lugares que as nações serviam seus deuses no alto das
montanhas e outeiros e debaixo de árvores frondosas, e
embora o templo tivesse sido construído em Jerusalém,
eventualmente as próprias coisas que tinham sido destruídas
voltavam. Os lugares altos, as árvores frondosas, os pilares,
os ídolos de madeira e os nomes de idolatria foram
restaurados. De fato, Salomão, aquele que construiu o templo
segundo o desejo de Deus na base da unidade, tomou a
liderança em edificar os lugares altos mais uma vez (1Rs
11:68). Ele construiu os mesmos lugares altos que Moisés
encarregou o povo de destruir. Esses lugares altos estão
relacionados com a fornicação e idolatria. O restabelecimento
dos lugares altos por Salomão estava especialmente
associado com prazer e luxúria. Foi por causa das “suas
mulheres estrangeiras” que ele edificou os lugares altos.
Estabelecer um lugar alto é ter uma divisão. Portanto,
o significado dos lugares altos é divisão. A intenção de Deus
com os filhos de Israel no Antigo Testamento era que o Seu
povo fosse guardado em unidade com o objetivo de adoráLo
de maneira adequada. Para preservar a unidade do Seu
povo, Deus exigiu que eles viessem a um único lugar da Sua
escolha. Os lugares altos, no entanto, eram um substituto e
alternativo para esse único lugar. Isso indica que a divisão é
um substituto para a unidade. O único lugar, Jerusalém,
significa unidade, enquanto que os lugares altos significam
divisão. Assim como todas as formas de mal e coisas
abomináveis estão relacionadas com o estabelecimento dos
lugares altos, assim também nos termos do Novo
Testamento, todas as coisas más estão relacionadas com
divisão.
113
RELACIONADO A COBIÇA,
AMBIÇÃO E IDOLATRIA
Segundo o relato em 1 Reis, dois reis — Salomão, um
bom rei e Jeroboão, um rei perverso — tomaram a liderança
em levantar os lugares altos. No caso de Salomão, a
edificação dos lugares altos está relacionada com o prazer da
luxúria. Salomão teve centenas de esposas e concubinas.
Para satisfazer o desejo das suas esposas e concubinas ele
edificou os lugares altos. Suas esposas “lhe perverteram o
coração para seguir outros deuses” (1Rs 11:4). No caso de
Jeroboão, a edificação dos lugares altos estava relacionada
com ambição (1Rs 12:2632). Jeroboão queria manter o seu
império. Temendo que o reino retornasse para a casa de Davi
se o povo fosse para Jerusalém adorar, Jeroboão “fez casas
nos altos” (v. 31, Heb.). Portanto a ambição de Jeroboão foi a
causa de sua decisão em edificar os lugares altos. Além disso,
Jeroboão fez dois bezerros de ouro e disse ao povo, “Basta de
subires a Jerusalém; eis aqui teus deuses, ó Israel, que te
fizeram subir da terra do Egito.” (v. 28). Então ele “pôs um
em Betel, e o outro em Dã” (v. 29). Além disso, “Jeroboão
ordenou uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do
mês, como a festa que se celebrava em Judá” (v. 32). O mês
dessa festa “ele tinha escolhido a seu bel prazer” (v. 33).
Jeroboão até “constituiu sacerdotes dentre o povo, que não
eram dos filhos de Levi” (v. 31, Heb.). Que malignidade está
associada com os lugares altos! Os lugares altos estão
relacionados com luxúria, ambição e idolatria. Visto que os
lugares altos significam divisão, isso indica que a divisão
entre os Cristãos hoje está relacionada com essas coisas
malignas.
Poucos Cristãos percebem que a divisão está
relacionada com luxúria, ambição e idolatria. A maioria dos
114
Cristãos não vai além de dizer que as divisões estão erradas
e não estão de acordo com as Escrituras e que eles não
podem concordar com elas. No entanto, aos olhos do Senhor,
divisão envolve coisas tais como luxúria, ambição e idolatria.
Lembremse, os lugares altos são uma elevação, algo elevado
acima do nível comum. Isso indica que os lugares altos
envolvem exaltação de alguma coisa. Em principio, todos os
lugares altos, toda divisão, no cristianismo hoje envolve o
levantar, o exaltar de algo além de Cristo. As coisas que são
exaltadas podem não ser malignas. Pelo contrário, elas
podem ser muito boas e podem até incluir o estudo da Bíblia
ou o ensino da Bíblia. Certamente ensinar a Bíblia é uma
coisa boa. Mas o estudo da Bíblia pode estar relacionado com
a divisão. Em tal caso, até mesmo se reunir para estudar as
Escrituras se torna um lugar alto; isso pode levar a exaltação
de algo no lugar de Cristo.
Hoje é comum os Cristãos elevarem algo no lugar de
Cristo. Por exemplo, alguns elevam a prática do batismo por
imersão. No entanto é correto e bíblico imergir as pessoas,
não é correto exaltar a imersão no lugar de Cristo. Fazer isso
é edificar um lugar alto para a exaltação de uma maneira
particular de batismo. A existência de tal lugar alto sempre
dá oportunidade para o prazer da luxúria ou para o
cumprimento da ambição. No entanto, o único lugar da
escolha de Deus mata nossa luxúria e restringe nossa
ambição. Até mesmo coisas muito boas como o estudo da
Bíblia pode abrir um caminho para a luxúria e ambição
entrarem, se isso for exaltado em vez de Cristo. Luxúria é
inevitavelmente seguido por idolatria. Ambição, de fato, é
uma forma de idolatria.
Quando os filhos de Israel estavam para cruzar o rio
Jordão e entrar na boa terra, Moisés, fora a sua profunda
preocupação com eles, encarregouos a destruir os lugares
115
pagãos de adoração e vir ao único lugar da escolha de Deus.
Ele emitiu essa incumbência por perceber que essa questão
do único lugar da escolha de Deus e destruir os lugares
pagãos estavam intimamente relacionados com seus destinos
diante de Deus. Se eles tivessem fé para destruir os centros
pagãos de adoração e viessem para o lugar que Deus
escolheu, eles estariam fazendo o que é correto aos olhos do
Senhor. Mas se eles falhassem em cumprir essa exigência,
eles estariam fazendo o que é maligno aos Seus olhos.
Quando eles entraram na boa terra, o povo de Deus destruiu
os lugares altos e os nomes dos ídolos. Finalmente, eles
foram vitoriosos em sua batalha em subjugar a terra.
Homens iguais a Samuel e Davi são exemplos daqueles que
seguiram absolutamente a ordem de Deus dada através de
Moisés.
Durante o reinado de Salomão o templo foi construído
em Jerusalém. Como nos é dito em 1 Reis 8, a glória do
Senhor encheu o templo. A era da construção do templo foi
uma época dourada da história dos filhos de Israel. No
entanto, não muito depois de o templo ser construído,
Salomão, debaixo daquele o qual o templo foi construído,
começou a construir os lugares altos. Como temos salientado,
ele fez isso para satisfazer suas esposas e concubinas. Isso
indica claramente que a reconstrução dos lugares altos
estava relacionada com a luxúria de Salomão. Então, depois
da morte de Salomão, Jeroboão, o rival de Roboão, rei de
Judá, edificou lugares altos por causa da sua ambição. Em
ambos os casos a construção dos lugares altos provocaram a
ira de Deus.
A descrição da construção dos lugares altos por
Salomão e Jeroboão não são somente um relato de um fato
histórico. Esse relato tem um significado espiritual e foi
escrito para o nosso treinamento. “Por tudo quanto, outrora
116
foi escrito,” diz Paulo em Romanos 15:4, “foi escrito para o
nosso ensino.” Então, o que foi escrito a respeito de Salomão
e Jeroboão foi escrito para a nossa instrução espiritual hoje.
Um grande número de questões importantes não são
abrangidas no Novo Testamento de uma forma completa. Eu
creio que o Senhor quer que consideremos essas questões na
luz dos tipos e figuras apresentadas no Antigo Testamento.
Por exemplo, a respeito de danificar e perder a base da
unidade, o Novo Testamento não diz muita coisa. A respeito
disso, não há grande desenvolvimento. Somente três breves
porções da Palavra são voltadas a isso: 1 Coríntios 1:1013;
Romanos 16:1718 e Tito 3:10. No entanto, nos tipos e figuras
no Antigo Testamento, a questão da divisão é desenvolvida
de uma maneira completa. Assim como precisamos consultar
o relato da Páscoa em Êxodo para receber um entendimento
completo de Cristo como o Cordeiro de Deus, assim também
precisamos considerar o relato em Deuteronômio, 1 e 2 Reis e
1 e 2 Crônicas para ter um entendimento completo da divisão
e do dano e perda da base da unidade. Segundo o relato no
Antigo Testamento, a divisão é causada pela luxuria e
ambição. Salomão foi o exemplo de precedente e Jeroboão um
exemplo de sucessor. O Antigo Testamento também revela
que somente o lugar único escolhido por Deus pode tratar
com a ambição e luxúria. O motivo de tanta ênfase a respeito
do lugar da escolha de Deus é que somente esse lugar não dá
oportunidade para o prazer da luxúria e a realização da
ambição.
UMA ADVERTÊNCIA
LUGARES ALTOS E AMBIÇÃO
NÃO ELEVANDO NADA NO
LUGAR DE CRISTO
Se você investigar a situação do cristianismo hoje, você
aprenderá que toda divisão é a exaltação de alguma coisa. É
bom ensinar a Bíblia. Mas o estudo da Bíblia não deve se
tornar uma elevação que separa o povo de Deus. O mesmo é
verdade a respeito de orarler. Você pode descobrir que orar
ler é muito proveitoso. No entanto, você não deve elevar isso
insistindo que orarler seja praticado nas reuniões. Se você
elevar o orarler, você fará até mesmo que o orarler se torne
uma causa de divisão. Precisamos pedir ao Senhor que nos
conceda misericórdia para que não elevemos nada no lugar
de Cristo. Se mantivermos uma atitude de elevar nossa
opinião ou preferência, nós edificaremos um “lugar alto,” um
lugar de divisão. Foi isso o que aconteceu entre aqueles que
desejaram ter aquela reunião conjunta em Los Angeles em
1963. Aqueles que se opuseram ao falar em línguas elevaram
sua postura e preferência, enquanto que aqueles que
defenderam isso elevaram sua postura e preferência.
Nenhum dos grupos desejavam guardar minha palavra sobre
120
se importar com os sentimentos dos outros. Eles desejaram
ter seu próprio caminho. Tal desejo levouos a edificar
“lugares altos.”
Todos nós, especialmente os jovens, devem aprender a
não elevar nada além do Senhor Jesus. Somente Ele deve ser
exaltado. Na vida da igreja não devemos ter nenhum “lugar
alto.” Ao invés disso, devemos todos estar no mesmo nível
para exaltar a Cristo.
UMA QUESTÃO DE GRANDE IMPORTÂNCIA
Os “lugares altos” construídos por Salomão e Jeroboão
danificaram seriamente a base da unidade. Se essa questão
dos “lugares altos” não fosse de grande importância, o Antigo
Testamento não o mencionaria repetidas vezes. Em 1 Reis
14:22 e 23 é nos dito que “fez Judá o que era mau perante o
Senhor,” porque “também os de Judá edificaram os altos,
estátuas, colunas e postesídolos no alto de todos os elevados
outeiros e debaixo de todas as árvores frondosas” (Heb.). A
palavra usada sempre a respeito dos outeiros e árvores
frondosas mostra que essa prática era comum e amplamente
difundida. Uma vez estabelecido, esses “lugares altos” não
eram facilmente removidos, até mesmo por bons reis como
Asa. Embora Asa tenha feito o que era correto aos olhos do
Senhor e tenha removido “todos os ídolos que seus pais
fizeram,” os “altos, porém, não foram tirados, todavia o
coração de Asa foi, todos os seus dias, totalmente do Senhor.”
(1Rs 15:12, 14). O povo poderia ter se desculpado ou
justificado a existência dos “lugares altos” dizendo que eles
não os usavam para a adoração das colunas ou dos postes
ídolos, mas para sacrificar a Deus e para oferecer incenso a
Ele. Com respeito à Josafá, nos é dito que “ele andou em
todos os caminhos de Asa, seu pai; não se desviou deles e fez
121
o que era reto perante o Senhor. Todavia os altos não se
tiraram; neles o povo ainda sacrificava e queimava incenso”
(1Rs 22:42,43). Além disso, embora Joás também tenha feito
o que era correto aos olhos do Senhor, os “lugares altos” não
foram derrubados durante o seu reinado. Pelo contrário “o
povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos” (2Rs
12:3). Por vezes repetidas nos é dito que o povo “sacrificava e
queimava incenso nos altos” (2Rs 14:34; 15:34, 3435).
RESTRINGIDOS PELA ESCOLHA DE DEUS
LEVADOS AO CATIVEIRO
CAPÍTULO NOVE
A RESTAURAÇÃO E O TESTEMUNHO
DA BASE ADEQUADA DA UNIDADE
Leitura Bíblica: Ed 1:111; 2:12; 3:16, 813; 6:1418; 7:69;
8:2830; 9:17; 10:1; Sl 126:16; Is 35:10; 51:11
125
No capítulo anterior vimos que os lugares altos
causaram danos e prejuízos à base da unidade. Antes de
Salomão e Jeroboão edificarem lugares altos, os filhos de
Israel foram preservados em unidade por meio do templo em
Jerusalém, o único lugar da escolha de Deus. Nessa época de
festas anuais, o povo de Deus se reunia em unidade. Quando
subiam ao Monte Sião entoavam as palavras do Salmo 133:
“Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” Entre
tanto, para satisfazer sua cobiça, Salomão foi levado a
edificar lugares altos. Esses lugares altos danificaram a
genuína unidade do povo de Deus e atrapalharam muitos de
subirem a Jerusalém para adorar. Outros foram a esses
lugares altos com pretensão de adorarem a Deus. Contudo,
nesses lugares altos havia ídolos. Além disso, para levar a
cabo sua ambição, Jeroboão também construiu lugares altos.
Esses lugares altos foram construídos em morros altos e
debaixo de árvores frondosas, indicando quão gerais e
comuns eram.
UMA FIGURA DA SITUAÇÃO ATUAL
Os lugares altos foram a causa de todas as atitudes
malignas. Tais que os lugares altos significam divisão,
indicando que divisão é uma fonte maligna. Os lugares altos
surgem por meio da carne e da ambição. Salomão construiu
lugares altos por causa da cobiça, enquanto Jeroboão os
construiu por causa da ambição. Portanto, a cobiça e ambição
foram os principais fatores da edificação desses lugares altos.
Nos termos de hoje, divisão é o resultado da carne e da
ambição. No cristianismo atual há vários “lugares altos”; em
todos os lugares o cristianismo está repleto de divisões.
Todos esses “lugares altos” são elevações onde algo além de
Cristo é exaltado. Por isso vemos que a situação do
cristianismo hoje é cumprimento do que é tipificado no
126
Antigo Testamento.
Primeiramente, a unidade do povo de Deus foi
danificada pelos lugares altos. Esse dano provocou a ira de
Deus. Incapaz de tolerar tal situação, Ele enviou o exército
assírio para invadir o reino do norte de Israel. A experiência
de Israel deveria ter sido um alerta a Judá, o reino do sul. No
entanto, aqueles em Judá continuaram a adorarem nos
lugares altos. Embora alguns tenham sido levados cativos
para o Egito, pelo FaraóNeco, o povo recusou atender a esse
alerta. Por fim, o exército babilônico não somente conquistou
a terra de Judá, como também destruiu o templo e levaram
um grande número de pessoas para o cativeiro na Babilônia.
Além disso, os vasos do templo foram levados para Babilônia
e colocados nas casas dos ídolos. Assim, a base da unidade
não foi somente danificada, mas totalmente perdida.
Essa é uma ilustração da situação dos Cristãos de
hoje. As denominações e grupos independentes são “lugares
altos”, divisões. Em cada um desses “lugares altos” algo
diferente de Cristo é exaltado. Muitas coisas boas e
espirituais são elevadas e utilizadas para causar divisões.
A RAZÃO DAS DIVISÕES
A BASE DA UNIDADE TOTALMENTE PERDIDA
A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS
COISAS POSITIVAS
O Antigo Testamento revela não apenas a destruição e
perda da base da unidade, mas também, a restauração do
testemunho dessa base. Jeremias profetizou que depois de
setenta anos de cativeiro em Babilônia, o Senhor traria o
povo de volta a boa terra. Jeremias 29:10 diz: “Assim diz o
SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta
anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a
minha boa palavra, tornando a trazervos para este lugar.”
Esdras 1:1 referese a essa profecia de Jeremias. No primeiro
ano de Ciro, rei da Pérsia, o Senhor despertou o espírito de
Ciro, fazendoo proclamar por todo o seu reino a necessidade
130
da edificação da casa de Deus em Jerusalém. Isso ocorreu
“para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de
Jeremias”, indicando que o retorno à Jerusalém não foi
iniciado pelo homem. De acordo com o registro nítido da
Bíblia, ele foi iniciado pelo próprio Deus.
Quando o povo de Deus estava em Babilônia, não
ofereceram ali sacrifício para Ele. Em lugar algum énos dito
que em Babilônia eles ofereceram oferta queimada todas as
manhãs e noites. Sem dúvida, homens como Daniel, Esdras e
Neemias oraram, porém eles não estavam na base para
oferecerem sacrifícios a Deus. Em Babilônia não havia altar.
Sem um altar era impossível a eles oferecerem algo a Deus.
Além disso, em Babilônia o povo de Deus não poder celebrar
as festas anuais. Que situação lamentável! Babilônia era um
bom lugar para jejuar, mas não para festejar. Lá era
adequado para chorar, mas não para se regozijar. Salmo 137:
diz: “Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assenta
vamos e chorávamos, lembrandonos de Sião.” Quando a base
da unidade foi perdida, quase tudo se perdeu. O povo de
Deus perdeu as riquezas da boa terra, o altar e as festas.
Somente no lugar escolhido, o Monte Sião, poderiam
desfrutar de todas essas riquezas.
OS VASOS E O ALTAR
A FUNÇÃO ADEQUADA DA CONSCIÊNCIA
Somente após o retorno do cativeiro, o povo de Deus
tratou com seus casamentos mistos com os pagãos (Ed 9:17).
Sua consciência não poderia tolerar por muito mais tempo tal
prática pagã. Este foi o resultado espontâneo do retorno à
base da unidade. Certamente houve muitos casamentos
mistos em Babilônia. Entretanto, somente após o retorno do
cativeiro, foram tocados na consciência e trataram com esses
casamentos.
O mesmo acontece na restauração do Senhor hoje.
Somente após virmos para a vida da igreja que nossa
132
consciência começou a funcionar de forma adequada. Nós
“cingimos o lombo” e nos tornamos cuidadosos em guardar as
questões que anteriormente tinham sido danificadas. Antes
de virmos para a restauração do Senhor, estávamos livres
para nos envolver em certos entretenimentos mundanos.
Mas, depois que começamos a viver a vida da igreja, todo o
nosso ser foi cingido. Começamos a buscar um viver piedoso e
um desejo ardente pelo orarler a Palavra. De forma
espontânea começamos a exercitar cuidadosamente nossa
consciência. Essa atitude não é resultado de ensinamentos
ou regras. Simplesmente é uma questão de retornar a base
da unidade. Ao virmos para a vida da igreja, tivemos um
desejo pelo viver piedoso. Muitos comportamentos negativos
começaram a ser abandonados e muitas práticas positivas
começaram a se tornar nossa experiência. Por exemplo,
sentíamos que não mais deveríamos praticar o Natal.
Ninguém nos cobrou para não continuar a celebração do
Natal. Espontaneamente começamos a ter o sentimento de
não mais celebrálo. Começamos também, a descartar muitas
coisas negativas para desfrutar das positivas. Isso mostra
que quando a unidade é restaurada, tudo o que é positivo é
restaurado com ela.
ASPIRAÇÕES SANTAS
133
A PRESENÇA DE DEUS
A presença de Deus está essencialmente relacionada à
base da unidade. Antes de vir para a vida da igreja, eu
amava o Senhor verdadeiramente. Entretanto, não tinha
muito desfrute da Sua presença. Mas, quando vim para a
vida da igreja comecei, de maneira pratica, a desfrutar
diariamente da presença do Senhor. Mesmo durante um
trabalho desgastante, tinha desfrute da Sua presença. De
acordo com a minha experiência, testifico que participar da
vida da igreja faz uma tremenda diferença em nossa vida
cristã.
Muitos entre nós podem dar o mesmo testemunho.
Antes de virmos para a igreja, estávamos em Babilônia. Nós
amávamos e buscamos o Senhor, mas não tínhamos o pleno
desfrute de Sua presença. Entretanto, depois de virmos para
a vida da igreja, muitos desejos e aspirações santas foram
despertadas em nós. Mais do que nunca, aspiramos estar na
presença do Senhor. Isso é o resultado espontâneo de
retornar à base da unidade, o único lugar da escolha de
Deus. Quando o povo de Deus retornou à Jerusalém, todas as
coisas positivas que tinham sido perdidas durante o cativeiro
em Babilônia foram restauradas. Todas as coisas sagradas,
divinas, celestiais espontaneamente voltaram. Tem sido o
mesmo conosco na restauração do Senhor hoje.
ENCHIDOS DE REGOZIJO
O Salmo 126:12 diz: “Quando o SENHOR restaurou a
sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca
se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo.” O povo que
voltou a Deus foi enchido de riso e regozijo porque todas as
coisas positivas foram restauradas. Entretanto, antes de
retornarem a Jerusalém, eles não tiveram tal desfrute. Mas,
134
depois que retornaram, desfrutaram tantas coisas excelentes
que pareciam estar sonhando.
Isaias 35:10 e 51:11, versículos que são muito
semelhantes, também nos fala da alegria da volta do povo a
Deus. Esses versículos declaram que “os resgatados do
SENHOR voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo;
alegria eterna coroará a sua cabeça.” O fato de essa questão
ser repetida mostra sua importância, pois qualquer coisa que
é repetida na Bíblia é de especial importância. Durante o
tempo de Isaias, o cativeiro babilônico ainda não havia
acontecido. Contudo, Isaias falou acerca da alegria, do
desfrute da salvação de Deus ao Seu povo resgatado. Ele
previu a alegria do retorno dos cativos. Não creio que
Salomão e seus contemporâneos foram tão alegres quanto
Zorobabel, Josué o sacerdote, Esdras e todos os outros que
voltaram do cativeiro à Jerusalém. Eles experimentaram
muito mais a alegria da salvação de Deus do que Salomão.
Por essa razão, o escritor do Salmo 126 declarou que eram
como quem sonham.
A UNIDADE TODA INCLUSIVA
Como agradecemos ao Senhor por restaurar a genuína
unidade, a unidade que foi perdida pelo cristianismo! Esta
unidade é todoinclusiva; ela inclui todas as coisas positivas.
As divisões, ao contrário, incluem todas as coisas negativas.
Visto que, quando nos voltamos para a unidade, todas as
coisas divinas, celestiais e espirituais retornam. A razão
disso é que todas essas coisas existem na unidade. Por um
lado, admitimos que somos tão pequenos e temos um longo
caminho a percorrer. Por outro lado, podemos testificar que
as riquezas do Senhor certamente são encontradas na Sua
restauração. A única base da unidade está aqui e todas as
135
riquezas espirituais estão incluídas nessa base. Todas as
coisas divinas e espirituais são nossas na base da unidade.
O TESTEMUNHO DO SENHOR
NA BASE DA UNIDADE
O testemunho do Senhor hoje anda junto com a base
da unidade. Este testemunho não depende de nosso empenho
e esforço próprio. Podemos melhorar nossas mentes a nós
mesmos; somente para incorrer mais uma vez ao erro. O
testemunho do Senhor não depende de nossos esforços; ele
depende do Seu trabalho em nós na base da unidade. Depois
de virmos para a vida da igreja, a aspiração por divindade,
santidade e espiritualidade foram despertadas dentro de nós
espontaneamente. Isso não foi nossa própria obra; foi total
mente a obra do Senhor. Por estarmos na base adequada, a
base da unidade, a palavra de Deus é transparentemente
aberta a nós. Isso é totalmente devido à benção do Senhor na
base da unidade. Onde a restauração da base da unidade
está, há também o testemunho do Senhor.
Quando o povo de Deus no Antigo Testamento
retornou a Jerusalém, todas as coisas que pertenciam a Deus
retornaram: o altar, as ofertas, o templo, as festas e o rico
desfrute. Entretanto, aqueles que permaneceram em
Babilônia não tiveram participação no testemunho do
Senhor. As coisas divinas não eram encontradas em
Babilônia; elas estavam em Jerusalém, o único lugar da
escolha de Deus. Embora o retorno do povo de Deus tenha
sido fraco ou inadequado em muitos aspectos, não se pode
negar que o testemunho do Senhor estava com eles, não com
os que estavam na Babilônia.
Além do mais, o retorno do povo de Deus à base da
unidade também foi usado por Deus para gerar a Cristo.
Maria, a mãe do Senhor Jesus, era uma descendente
136
daqueles que retornaram do cativeiro. Se os cativos não
retornassem, não teria havido um caminho para Cristo
nascer em Belém. Não teria havido um canal, um meio, para
Ele vir de acordo com as profecias. Daí, o retorno do cativeiro
em Babilônia foi uma preparação necessária para a vinda de
Cristo. No mesmo princípio, creio que a restauração do
Senhor hoje será usada por Deus como uma preparação para
a volta do Senhor. O Senhor pode usar totalmente Sua
restauração por causa da Sua volta!
137
CAPÍTULO DEZ
A REVELAÇÃO FINAL E MÁXIMA
DA UNIDADE LOCAL E A
SUA RESTAURAÇÃO
Leitura Bíblica: Gn 1:1; Ml 1:12; Mt 1:1; 16:1618; 18:17; Jo
1:1, 14; 20:17; At 8:1a; 13:1a; 14:23; 1Co 1:2a; Gl 1:2; Ap 1:4
5a, 11, 20; 3:22; 22:17a
UMA VISÃO PANORÂMICA DA REVELAÇÃO DE
DEUS DO ANTIGO TESTAMENTO
138
Deus estava no princípio e todas as coisas foram criadas por
Ele. Malaquias 1:1 e 2 revelam que esse Deus é também
Aquele que ama a Israel. Portanto, o Antigo Testamento
revela Deus como o Criador de todas as coisas e como Aquele
que ama um povo em especial, Israel. De certo modo, esse é
um resumo da revelação de Deus no Antigo Testamento.
Podemos chamar esse Deus de o Deus de Israel. Esse termo
também é usado no Antigo Testamento. Os Judeus, evidente
mente, amam muito o Antigo Testamento porque ele revela
que o único Deus no universo, Aquele que criou os céus e a
terra, é também o mesmo Deus que ama Israel.
CRISTO E A IGREJA
AS IGREJAS LOCAIS
A partir de agora prosseguiremos do livro de Atos até o
livro de Apocalipse. Aqui não vemos somente Deus, Cristo, e
a igreja; temos também as igrejas. Em Mateus 16 o Senhor
diz, "Eu edificarei a Minha igreja." Esta igreja é única, a
igreja universal tipificada por Sião. Mas da mesma maneira
que Sião tem muitos picos, também a igreja universal tem
muitas expressões locais. Em Mateus 18, onde o Senhor fala
de levar uma questão a igreja, nós vemos uma destas
expressões locais. Podemos também comparar a igreja
universal a uma árvore e as igrejas locais aos galhos da
árvore. Em Mateus 18 nós vemos um dos galhos desta árvore
universal. Aqui está uma igreja local para a qual podemos
levar nossos problemas. Além disso, tal igreja também pode
tratar com certas pessoas e até fazer com que elas sejam
consideradas como gentios ou publicanos.
No livro de Atos nós lemos sobre a igreja em
Jerusalém (8:1) e de uma outra igreja em Antioquia (13:1).
Segundo Atos 14:23, os apóstolos ordenavam presbíteros em
cada igreja. As igrejas referidas aqui são aquelas
estabelecidas nas províncias da Ásia Menor. Primeira
Coríntios 1:2 fala de "a igreja de Deus que está em Corinto."
Além disso, em Gálatas 1:2 Paulo se refere "as igrejas da
Galácia," uma região do Império Romano que incluía muitas
localidades. Da mesma maneira que existem muitas igrejas
locais no estado da Califórnia hoje, também existia várias
igrejas na região da Galácia na época de Paulo.
141
No livro de Apocalipse a revelação divina na Bíblia
alcança sua consumação. A igreja universal como o Corpo de
Cristo é expresso pelas igrejas locais. As igrejas locais, como
a expressão do um Corpo de Cristo (Ap 1:12, 20), são
localmente uma. Apocalipse 1:4 diz, "João, às sete igrejas que
se encontram na Ásia." A Ásia era uma província do Império
Romano antigo em que estava as sete cidades mencionadas
em 1:11. As sete igrejas estavam naquelas sete cidades
respectivamente, não todas em uma cidade. Apocalipse não
trará com a igreja universal, mas com as igrejas locais em
várias cidades. Vimos que a igreja é primeiramente revelada
como universal em Mateus 16:18 e então como local em
Mateus 18:17. Em Atos a vida da igreja era praticada de
maneira local, como a igreja em Jerusalém (8:1) e a igreja em
Antioquia (13:1) e as igrejas nas províncias da Síria e Cilícia
(15:41). Sem as igrejas locais, não existe nenhuma pratica
lidade e realidade da igreja universal. A igreja universal é
praticável nas igrejas locais. Ao conhecer a igreja universal
mente, também devemos conhecêla localmente. É um
grande avanço para nós conhecermos e praticarmos a vida da
igreja. Com relação à igreja, o livro de Apocalipse está na
fase avançada, pois é escrito para as igrejas locais. Se
quisermos conhecer este livro, devemos avançar da
compreensão da igreja universal para a realidade e prática
das igrejas locais.
UMA CIDADE, UMA IGREJA
Em 1:11 a voz disse para João, "O que vês, escreve em
um livro e manda às sete igrejas: para Eféso, Esmirna,
Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia." Este
versículo é composto em uma maneira muito importante.
Aqui vemos que o enviar deste livro "para as sete igrejas"
equivale a enviálo para as sete cidades. Isto deixa claro que
142
a prática da vida da igreja era de uma igreja para uma
cidade, uma cidade com uma igreja. Em nenhuma cidade
havia mais de uma igreja. A jurisdição de uma igreja local
deve abranger toda a cidade em que a igreja está; não deve
ser maior ou menor que o limite da cidade. Todos os crentes
dentro daquele limite devem constituir a única igreja local
dentro daquela cidade. Conseqüentemente, uma igreja
equivale a uma cidade, e uma cidade equivale a uma igreja.
Isto é o que nós chamamos as igrejas locais.
GRAÇA E PAZ DA PARTE DO DEUS TRIÚNO
PARA AS SETE IGREJAS
Apocalipse 1:4 e 5 são versículos muito significativos.
"João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: Graça e paz
a vós outros, da parte Daquele Que é, Aquele que era, e
Aquele que há de vir, e da parte dos sete Espíritos que se
acham diante do Seu trono, e de Jesus Cristo, a fiel
Testemunha, o Primogênito dos mortos, e o Soberano dos reis
da terra." Segundo estes versículos, graça e paz são
transmitidas para as sete igrejas do Deus Triúno. Note que
nestes versículos existem três "da parte de": Daquele Que é,
e Daquele Que era, e Daquele Que há de vir (o Pai); da parte
dos sete Espíritos (o Espírito); e da parte de Jesus Cristo (o
Filho). Que revelação plena do Deus Triúno! Como Deus, o
Pai eterno, Ele estava no passado, Ele está no presente, e Ele
está vindo no futuro. Como Deus, o Espírito, Ele é o Espírito
sete vezes intensificado para operação de Deus. Como Deus o
Filho, Ele é a Testemunha, o testemunho, a expressão de
Deus, o Primogênito dos mortos para a igreja, a nova criação,
e o Soberano dos reis da terra para o mundo. Desta maneira,
o Deus Triúno concede graça e paz as igrejas.
A revelação de Deus nestes versículos é muito mais
completa do que a revelação em Gênesis 1:1. O Deus revelado
143
em Gênesis não podia ser chamado Jesus, pois em Gênesis
ainda não temos a encarnação. De acordo com João 1, o
mesmo Deus que é o Criador em Gênesis 1 é a Palavra que se
tornou carne e tabernaculou entre nós. Quando a Palavra se
tornou carne, Ele recebeu o nome Jesus. Em Apocalipse 1:5,
Jesus é a Fiel Testemunha e o Soberano dos reis da terra.
Apocalipse 1:4 e 5 contém a última revelação na Bíblia. A
revelação nas Escrituras começa com Deus como o Criador e
consuma com o Deus Triúno processada dando graça e paz
para as igrejas locais. De acordo com a Revelação 1:4, o
Espírito se tornou os sete Espíritos, isto é, o Espírito todo
inclusivo. Além disso, o Filho se tornou a Testemunha fiel, o
Primogênito dos mortos, e o Soberano dos reis da terra.
Tendo passado por meio da encarnação, viver humano,
crucificação, ressurreição e ascensão, Ele foi entronizado
acima de todos ao reis. Esse Deus Triúno processado não está
diretamente relacionado a indivíduos ou a igreja de um modo
geral, mas as igrejas. Por essa razão, Apocalipse 1:4 e 5 diz
especificamente que a graça e paz procede do Deus Triúno
para as sete igrejas.
O PROGRESSO DA REVELAÇÃO DIVINA
A revelação de Deus começou com Ele mesmo e
continuou com Cristo e o Espírito até atingir Sua meta nas
igrejas locais. Sem as igrejas locais, não temos a meta da
revelação divina. Aqui a deficiência entre os Judeus e muitos
Cristãos, e mesmo muitas pessoas assim chamadas
espirituais fica evidente. Os Judeus têm Deus, a maioria dos
Cristãos tem Deus e Cristo, e os Cristãos com algum
progresso também têm o Espírito, mas muito poucos Cristãos
têm a vida da igreja adequada nas igrejas locais. Hoje, nas
igrejas locais, nós temos Deus, Cristo, o Espírito, e a igreja.
144
O resultado do progresso da manifestação de Deus é a
igreja. Deus foi encarnado em Cristo, Cristo é compreendido
e experimentado como o Espírito que dá vida para nós, e o
Espírito flui nas igrejas. Quando experienciamos e temos a
percepção de Cristo como o Espírito que dá vida, o resultado
é a vida da igreja. A igreja é o Corpo, a plenitude de Cristo. O
progresso dessa revelação é Deus, Cristo, o Espírito, a igreja,
e as igrejas locais. Isso é a revelação de Deus em Sua Palavra
santa.
Em Apocalipse 22:17 vemos uma expressão
maravilhosa: "O Espírito e a Noiva diz..." Aqui nós temos um
sujeito composto—o Espírito e a Noiva. O Espírito é o Deus
Triúno processado, todoinclusivo que dá vida, e a Noiva é a
igreja composta de todas as igrejas com todos os santos. O
fato de o Espírito e a Noiva falarem a mesma coisa indica
que o Deus Triúno se tornou totalmente um com Seu povo
redimido. Que maravilhoso!
Precisamos ficar profundamente impressionados com o
progresso da revelação divina na Bíblia. Temos salientado
que no Antigo Testamento temos Deus como o Criador e
como Aquele que ama Israel. Em Mateus e João vemos a
genealogia de Jesus Cristo e a Palavra que se tornou carne e
tabernaculou entre nós. Além disso, nestes livros lemos sobre
a igreja edificada por Cristo e dos muitos irmãos do Filho de
Deus que são a igreja. Em Atos a igreja foi é estabelecida em
várias cidades. A maior parte das Epístolas foi escrita
particularmente para as igrejas locais. Por fim, no livro de
Apocalipse vemos que graça e paz são dadas as igrejas locais
provenientes do Deus Triúno processado. Finalmente, de
acordo com Apocalipse 22:17, o Espírito e a Noiva falam
como um, indicando que o Deus Triúno é verdadeiramente
um com Seu povo redimido.
NOSSA IGREJA LOCAL
145
Se estivermos claros quanto à revelação na Bíblia,
devemos perceber que o lugar adequado para desfrutar Deus
hoje é nas igrejas locais. Em particular, precisamos estar em
uma igreja local definida para que possamos dizer que é
nossa igreja local. Embora eu ame todas as igrejas, eu devo
ser honrado e testemunhar que nenhuma igreja é tão
querida e amável para mim quanto a igreja em Anaheim
porque a igreja em Anaheim é minha igreja local. Todos nós
devíamos ter o mesmo sentimento sobre a igreja em nossa
cidade.
Quão lamentável é a situação da maioria dos cristãos
hoje! Por não estarem na vida da igreja, eles são órfãos sem
uma casa. Esta era nossa condição antes de virmos para a
vida da igreja na restauração do Senhor. Não apenas éramos
órfãos—éramos errante. Antes de virmos para as igrejas
locais, nós nunca tivemos a sensação de que voltamos para
casa ou que alcançamos nosso destino. Mas no dia em que
vimos para a vida da igreja, nós soubemos que voltamos para
casa. Depois de vaguear por anos, nós finalmente alcançamos
nosso destino. Alguma coisa profunda interior disse, "Este é
o lugar". Muitos cristãos buscadores hoje, pelo contrário,
estão ainda excursionando; eles estão viajando de
denominação em denominação. Mas no dia em que viemos
para a vida da igreja, nossa viagem errante cessou. As
igrejas locais são o que Deus deseja hoje. Esta é a ultima
estação da Sua revelação.
Todos os cristãos genuínos crêem que Cristo é o
próprio Deus que criou o universo, que se tornou um homem,
que morreu na cruz para nossa redenção, e que ressuscitou
completamente de entre os mortos. Todos os cristãos
verdadeiros receberam este Cristo como seu Salvador e
Redentor. Porém, é possível ser tal genuíno Cristão e ainda
estar experiencialmente ou nos Evangelhos ou em Atos. Nós
146
devemos ser cristãos no livro de Apocalipse; isto é, devemos
estar na consumação final e máxima de Deus. Devemos ser
cristãos que desfrutam o Deus Triúno processado, todo
inclusivo, que dá vida, mesclado com as igrejas. Se
estivermos nesta realidade, então seremos cristãos em
Apocalipse.
É fácil para os crentes verem a igreja universal, mas é
difícil eles verem as igrejas locais. A revelação das igrejas
locais é o desvendar final do Senhor com relação à igreja. Ela
foi dada aqui no ultimo livro da Palavra divina. Para
conhecer plenamente a igreja, os crentes devem seguir o
Senhor dos Evangelhos, através das Epístolas, para o livro
de Apocalipse até que estejam habilitados para ver as igrejas
locais como desvendadas lá. Em Apocalipse a primeira visão
é com respeito às igrejas. As igrejas com Cristo como seu
centro é o enfoque na administração divina para o cumpri
mento do propósito eterno de Deus.
Temos visto as quatro figuras principais reveladas na
Bíblia: Deus, Cristo, a igreja, e as igrejas. Nosso Deus não é
meramente o Criador em Gênesis 1. Ele é o Deus processado
em Apocalipse 1:4 e 5. Ele é Aquele que É, que Era, e que Há
de vir; Ele é os sete Espíritos; e Ele é Jesus Cristo, a fiel
Testemunha, o Primogênito dos mortos, e o Soberano dos reis
da Terra. Quão abençoados somos por conhecer Deus desta
maneira e ter tal visão panorâmica da Bíblia! Que privilégio
ouvir tal palavra relacionada à revelação final e máxima de
Deus nas Escrituras! Hoje em nossa igreja local podemos
apreciar o Deus Triúno processado, todoinclusivo, que dá
vida.
O ESPÍRITO FALANDO AS IGREJAS
Em Apocalipse 2 e 3 temos dito repetidamente que o
Espírito fala às igrejas. Isto é muito diferente da expressão
147
do Antigo Testamento, "Assim diz o Senhor". Visto que o
Espírito hoje fala as igrejas, devemos estar em uma das
locais igrejas a fim de ouvir o Seu falar. O Espírito hoje está
falando diretamente para as igrejas. Portanto, é vital para
nós estarmos em uma das igrejas, em uma igreja que
possamos designála como nossa igreja local.
CANDELABROS DOURADOS
Em Apocalipse as igrejas, tipificadas pelos candelabros
de ouro, são o testemunho de Jesus (1:2, 9) na natureza
divina, brilhando localmente na noite escura, contudo
coletivamente. As igrejas devem ser da natureza divina—
dourada. Elas devem ser as hastes, até o candelabro, que
sustenta as lâmpadas com o óleo (Cristo como o Espírito que
dá vida), brilhando de fato na escuridão e coletivamente.
Elas são candelabros individuais localmente, contudo ao
mesmo tempo elas são um grupo, uma coleção de candelabros
universalmente. Elas não estão brilhando apenas local
mente, mas também sustentando universalmente o mesmo
testemunho tanto para as localidades como para o universo.
Elas são da mesma natureza e da mesma forma. Elas
sustentam a mesma lâmpada para o mesmo propósito e são
completamente identificados umas com as outras, não tendo
qualquer distinção individual. As diferenças das igrejas
locais registradas em capítulos dois e três são todas de uma
natureza negativa, não de uma natureza positiva.
Negativamente, em seus fracassos, eles são diferentes e
separam umas das outras; mas positivamente, em sua
natureza, forma e propósito, elas são absolutamente
idênticas e conectadas umas as outras.
148
O SIGNIFICADO IMPLÍCITO
DO DEUS TRIÚNO
Ao longo dos séculos, poucos cristãos tocaram as
profundezas do significado dos candelabros como símbolos
das igrejas locais. De acordo com nosso conceito natural, um
candelabro é simplesmente um objeto sustentando uma
lâmpada que brilha na escuridão. O candelabro em Êxodo 25
é de ouro puro, e o candelabro em Zacarias 4 e Apocalipse
também são de ouro. Substancialmente, o candelabro é
dourado. Com o candelabro nós vemos três coisas impor
tantes: o ouro, as hastes e as lâmpadas. O candelabro tem
implicação direta com o significado do Deus Triúno. O ouro é
a substância com a qual o candelabro é feito, as hastes são a
corporificação do ouro, e as lâmpadas são a expressão das
hastes. O ouro tipifica o Pai como a substância, as hastes
tipifica o Filho como a corporificação do Pai, e as lâmpadas
tipificam o Espírito como a expressão do Pai no Filho. Desta
maneira, o significado do Deus Triúno está diretamente
implicado no candelabro. Substancialmente, o candelabro é
um, mas expressivamente, é sete porque é um candelabro
com sete lâmpadas. Na base o candelabro é um; no topo, é
sete. Devemos discutir se ele é um ou sete? Em substância, o
candelabro é um pedaço de ouro, mas ele sustenta sete
lâmpadas. Isto misteriosamente indica que substancial
mente o Deus Triúno é um. Em substância, Ele é um, mas
em expressão, Ele é Espírito sete vezes intensificado. O Pai
como a substância é corporificado no Filho como a fôrma, e o
Filho é expresso como o Espírito sete vezes intensificado.
Como podemos provar que as sete lâmpadas são o
Espírito expressando Cristo? As sete lâmpadas são primeira
mente mencionadas em Êxodo. Se tivéssemos apenas o
registro em Êxodo, entretanto, seria difícil percebermos que
estas sete lâmpadas é o Espírito. Prosseguindo de Êxodo até
149
Zacarias, nós vimos que as sete lâmpadas são os sete olhos
de Cristo e os sete olhos de Deus (Zc 3:9; 4:10). Continuando
para Apocalipse, nós vemos que os sete olhos do Cordeiro são
os sete olhos os quais é o Espírito intensificado de Deus.
Conseqüentemente, nós temos uma forte base para dizer que
as sete lâmpadas é o Espírito sete vezes intensificado como a
expressão de Cristo.
O DEUS TRIÚNO CORPORIFICADO
E EXPRESSADO
Temos visto que o candelabro tem implicação direta
com o significado do Deus Triúno; simboliza o Deus Triúno
corporificado e expressado. Deus o Pai como o ouro divino é
corporificado em Cristo o Filho e então é completamente
expresso pelo Espírito. A expressão difere da incorporação. A
incorporação deve ser exclusivamente única porque nosso
Deus é exclusivamente um. Deste modo, a incorporação deve
ser uma haste. A expressão, porém, deve ser completa, e
completa no mover de Deus. Lembrese que sete é o número
para completação no mover de Deus. Ao longo dos séculos,
Deus foi expresso em Seu mover. Esta é a razão que as sete
lâmpadas tipificam o Espírito intensificado como a expressão
de Cristo no mover completo de Deus. Esta é a compreensão
prática da Trindade.
A Trindade é para o dispensar de Deus para dentro da
humanidade. Deus, o Ser divino, é primeiramente corpori
ficado em Cristo e então expressado por meio do Espírito sete
vezes intensificado. Agora temos não somente o Deus Triúno;
no candelabro temos o Deus Triúno substancialmente e
solidamente corporificado e expressado. O ouro foi moldado
em uma base sólida. Outrora, era apenas ouro, mas agora é
uma haste. O ouro foi moldado em uma haste para o
150
cumprimento do propósito de Deus. Sem a haste, não há
maneira de o propósito de Deus ser cumprido. Como vimos,
esta haste, a qual é um tipo de Cristo, é expresso pelas sete
lâmpadas significando os Espíritos de Deus. Os sete
Espíritos de Deus não são separados de Deus; eles são os sete
olhos de Deus e do Cordeiro, o Redentor. Eles também são os
sete olhos da pedra da edificação (Zc 3:9). Portanto, eles são
os sete olhos com a redenção de Cristo para a edificação de
Deus. Sempre que estes olhos olham para as pessoas, elas
são redimidas e edificadas na casa do Deus.
A REPRODUÇÃO DE CRISTO
E O ESPÍRITO
Em Êxodo 25 a ênfase está na haste, em Zacarias 4 a
ênfase está nas lâmpadas, e em Apocalipse 1 a ênfase está na
reprodução. Tanto em Êxodo quanto em Zacarias o
candelabro é um, mas em Apocalipse ele foi reproduzido e se
tornou sete. Primeiramente, em Êxodo a ênfase está na haste
— em Cristo. Segundo, em Zacarias a ênfase está nas
lâmpadas — no Espírito. Eventualmente, em Apocalipse
tanto a haste quanto as lâmpadas, isto é, Cristo e o Espírito,
são reproduzidos como as igrejas. Em Êxodo e Zacarias
existem apenas sete lâmpadas, mas aqui em Apocalipse
existem quarenta e nove lâmpadas, pois cada candelabro tem
sete lâmpadas. Conseqüentemente, o único candelabro se
tornou sete e as sete lâmpadas se tornaram quarenta e nove.
Os candelabros com suas lâmpadas em Apocalipse são a
reprodução de Cristo e o Espírito. Quando Cristo é percebido,
Ele é o Espírito, e quando o Espírito é percebido, nós temos
as igrejas como a reprodução.
151
CONTEÚDO, EXISTÊNCIA E EXPRESSÃO
NA IGREJA LOCAL SOBRE
A BASE DA UNIDADE
153
Se não estivermos na unidade local, não estamos na
igreja de uma maneira genuína e prática. Além disso, não
podemos ter a plena experiência do Deus Triúno processado,
todoinclusivo. A razão de muitos Cristãos estarem em
carência espiritual é que eles não têm nem a unidade
genuína e nem a plena experiência do Espírito todo
inclusivo. Eles têm a Bíblia, mas não tem muita experiência
de Cristo como vida. Eles têm o nome de Cristo, mas não tem
nem uma pequena realidade da Sua pessoa. Tantas coisas
espirituais estão faltando porque a base da unidade tem sido
danificada e até mesmo perdida. Somente nesta base é que
podemos ter a plena experiência do Deus Triúno processado.
Lembrese, a dispensação do Deus Triúno, segundo Apoca
lipse 1:4 e 5 é para as igrejas locais.
A BASE DA LOCALIDADE
A base da unidade da qual estamos falando é a base da
localidade. Mais de vinte anos atrás em Taipei, um certo
cristão proveniente da América, um amigo íntimo nosso, era
o médico da nossa família. Embora ele tenha me ouvido dar
mais de trinta mensagens a respeito da base da igreja, um
dia ele me disse que ele simplesmente não era capaz de
entender essa questão da base da localidade. Eu expliquei a
ele muito cuidadosamente, mas ele ainda não a entendia.
Finalmente, ele admitiu que ele tinha algum entendimento
da base da unidade, mas não da base da localidade.
O irmão T. AustinSparks tinha a mesma dificuldade.
Muitos anos atrás ele e eu tivemos por cerca de vinte longas
conversas, cada qual durou por volta de duas a três horas, a
respeito da base da igreja. Num determinado ponto ele me
disse que ele não era capaz de entender aquele termo, a base
da localidade. Eu mostrei a ele que, como ele sem dúvida
154
havia percebido, foi permitido aos filhos de Israel construí
rem um templo somente em um lugar particular, no Monte
Moriá, onde Abraão ofereceu o seu filho Isaque. Aquele
lugar único era o terreno sobre o qual o templo foi edificado.
Esse terreno preservou a unidade do povo de Deus. Eu
prossigo e digo que não era permitido ao povo de Deus
edificar um templo em Babilônia, mesmo que o templo
tivesse o mesmo tamanho e projeto que o templo original em
Jerusalém. Um templo edificado em Babilônia não poderia
ser o centro da unidade. Pelo contrário. Tal templo teria sido
o centro da divisão. Foi requerido a todos aqueles que
retornaram do cativeiro que retornassem a base da unidade,
ao Monte Sião, onde o templo fora reedificado. Então, o
templo no Monte Sião foi edificado na base da unidade. Isso
ilustra a genuína unidade dos crentes hoje, uma unidade com
a base adequada, na base da localidade. Creio que o Sr.
AustinSparks entendeu isso, mas não desejou admitir. Na
verdade não é difícil entender qual é o significado da base da
localidade. A razão de muitos terem dificuldade com isto é
que eles não desejam desistir dos seus conceitos.
A NECESSIDADE DE ESTAR
NA UNIDADE LOCAL
Segundo o livro de Apocalipse, a unidade dos crentes
em Cristo é a unidade local. Na verdade, todos os que não
estão na unidade local não estão na unidade. Aqueles que
não estão em uma igreja local não estão verdadeiramente na
igreja. Com o intuito de estar na igreja nós devemos estar na
igreja local. No mesmo princípio, se estivermos na unidade,
devemos estar na unidade local, na unidade prática em nossa
localidade. A unidade local é muito prática e pessoal. Se você
não está pessoalmente nessa unidade, você não está na
unidade verdadeiramente e você não está na igreja. Por esta
155
razão, no título deste capítulo falamos da revelação final e
máxima da unidade local. Como louvamos o Senhor pela
revelação e restauração dessa unidade!
A RESTAURAÇÃO DA VIDA DA IGREJA
Essa unidade local foi danificada e em sua totalidade
perdida no tempo em que a Igreja Católica foi estabelecida. O
imperador Constantino o Grande iniciou o estabelecimento
da Igreja Católica no começo do século quarto. Em 325 A.D.
ele convocou um conselho em Nicéia para estabelecer
disputas teológicas que estavam causando um conflito em
todo o seu império. Ele usou a sua influência política para
produzir uma certa espécie de unidade. No final do sexto
século a Igreja Católica estava completamente formada com
o estabelecimento do sistema papal. Naquele tempo a
unidade local estava absolutamente destruída e perdida.
Durante os séculos seguintes, um período conhecido
como A Era das Trevas, a Bíblia foi trancada e afastada do
povo e a verdade sobre a salvação obscurecida. Então, com a
Reforma, a Bíblia foi destrancada na linguagem do povo e a
verdade da justificação pela fé foi restaurada. Na questão da
justificação, Martinho Lutero foi ousado. No entanto, na
questão da igreja, ele foi covarde. Ele foi até mesmo um
instrumento no estabelecimento da igreja estatal na
Alemanha. A primeira igreja estatal foi estabelecida na
Alemanha por meio da assistência de Lutero. Lutero não
somente cometeu essa terrível tolice, mas também perseguia
os crentes que enfatizavam a experiência de vida. Por
exemplo, Schwenckfeld foi chamado de demônio. Nas
décadas que seguiram, muitos que tinham fé, foram perse
guidos e até martirizados por causa de sua fé, algumas vezes
156
pelas mãos da igreja estatal que foram estabelecidas em
muitos países Europeus.
A RESTAURAÇÃO NO SÉCULO DEZOITO
No início do século dezoito, diversos crentes fugiram
para Bohemia para escapar da perseguição. Zinzendorf tinha
tanto o amor quanto o encargo de cuidar desses refugiados.
No entanto, entre eles havia disputas sobre doutrina e
prática. Quando estas disputas fizeram com que fosse
impossível para os crentes continuarem juntos pacifica
mente, Zinzendorf fez com que todos os lideres assinassem
um acordo em que eles deixariam de lado as diferenças e
vivessem juntos em unidade. Durante a próxima reunião
para a mesa do Senhor, eles experienciaram o poderoso
derramar do Espírito. Desta maneira a prática da vida da
igreja foi restaurada, ao menos de uma maneira inicial.
A RESTAURAÇÃO COM OS IRMÃOS UNIDOS
157
Nelson Darby. Por aproximadamente vinte e cinco anos, os
Irmãos Unidos sob a liderança de Darby experienciaram uma
maravilhosa restauração da vida da igreja, uma restauração
que foi mais completa e adequada do que aquela sob a
liderança de Zinzendorf um século antes. No entanto, devido
aos debates sobre a doutrina, a unidade foi perdida e os
Irmãos Unidos foram divididos. À medida que os anos passa
ram, eles foram divididos em mais de cem divisões. Pelo fato
de a unidade ter sido severamente danificada, a presença do
Senhor com eles diminuiu grandemente.
A RESTAURAÇÃO NA CHINA
Nos anos 20 o Senhor levantou um grupo de jovens na
China sob a liderança de Watchman Nee. O Irmão Nee uma
vez me disse que o Senhor foi forçado a vir à China porque,
no que diz respeito à vida prática da igreja, a China ainda
era um solo virgem, enquanto que os Estados Unidos e a
Europa haviam sido estragados. Não havia como o Senhor
ter um inicio adequado para uma vida da igreja nem na
Europa nem nos Estados Unidos. Então, Ele semeou a
semente da restauração da vida da igreja no solo virgem da
China.
A primeira igreja estabelecida na restauração do
Senhor foi edificada em 1922 em Foochow, a cidade natal do
Irmão Nee. Depois que fui salvo em 1925, fui contatar o
Irmão Nee por meio dos seus escritos. Seus escritos ajuda
ram muitos de nós a ver os erros das denominações. Viemos
a perceber que embora tivéssemos o nome do Senhor, o
evangelho e a Bíblia, tínhamos que largar muitos aspectos do
cristianismo organizado. Sob a liderança do Irmão Nee,
estudamos a história da igreja, biografias e todos os impor
tantes escritos espirituais e doutrinais. Por meio do nosso
estudo ganhamos um conhecimento detalhado do cristia
158
nismo. Gradualmente viemos a discernir as práticas que
deveríamos adotar: imersão, presbitério, santidade prática, a
espiritualidade pentecostal adequada. Aqueles que visitavam
as nossas reuniões ficavam freqüentemente atribulados pelo
fato de que eles não conseguiam nos categorizar. Para alguns
parecia que éramos Batistas, mas para outros parecia que
éramos Presbiterianos ou Irmãos de Plymouth.
Em 1932 a igreja foi estabelecida em minha cidade
natal, Chefoo. Nós não sabíamos como praticar a vida da
igreja. Somente sabíamos que amávamos o Senhor Jesus e
que não podíamos concordar com o cristianismo tradicional.
Viemos juntos com um coração pelo Senhor e com a Bíblia.
Não sabíamos como nos reunir, em particular como ter a
mesa do Senhor. Apesar disso, nós desfrutávamos a doçura
da presença do Senhor.
O LIMITE DA LOCALIDADE
Em 1930 o Irmão Nee visitou a Europa, Canadá e os
Estados Unidos. Durante o percurso da sua visita, ele viu a
confusão e a divisão entre as reuniões dos Irmãos Unidos.
Preocupado com a situação, ele resolveu reestudar o Novo
Testamento preocupandose com o limite da reunião local.
Por meio desse estudo ele viu que o limite da reunião devia
ser o limite da localidade a qual a reunião está. Essa verdade
do limite da localidade foi publicada na The Assembly Life.
Nesse livro o Irmão Nee colocou uma forte ênfase no que ele
chamou de limite local.
A BASE LOCAL
Em 1937 ele viu outra luz a respeito da unidade local
da igreja. Do limite local ele prosseguiu para ver a base local.
159
Convocando uma reunião urgente com os cooperadores, ele
deu mensagens publicadas mais tarde em The Normal
Christian Church Life. Esse livro enfatiza a base local. Em
1937 a questão da unidade local foi totalmente restaurada
entre nós. Ficamos totalmente claros de que a prática da
vida da igreja requer de nós que estejamos na base local, isso
é, na base da unidade.
Desde que essa questão da base da localidade foi
restaurada, inúmeros cristãos têm argumentado conosco a
respeito dela. Alguns disseram, “Ao dizer que vocês são a
igreja local, vocês estão se orgulhando. Como vocês podem
dizer que vocês são a igreja e que nós não somos? Vocês
proclamam dizendo que são a igreja em Shanghai. Nós
também não somos a igreja em Shanghai?” No inicio
estávamos preocupados com tais criticas. Não tínhamos a
experiência para tratar com isso. Mais tarde, por sustentar
tal verdade da unidade, aprendemos a como tratar com as
várias criticas, objeções e argumentos.
UMA ILUSTRAÇÃO EFICAZ
DA UNIDADE LOCAL
Se alguém tentar argumentar com você a respeito da
base da unidade, mostralhe como ilustração a situação dos
filhos de Israel na terra de Canaã. Jerusalém era o único
lugar, o único centro, escolhido por Deus para manter a
unidade do Seu povo. Finalmente, o povo de Deus foi levado
cativo, alguns para o Egito, outros para a Assíria e ainda
outros para Babilônia. Originalmente o povo de Deus era um,
com um único centro de adoração no monte Sião em
Jerusalém. Mas eles foram divididos em pelo menos três
grandes divisões. Depois de passados os setenta anos de
cativeiro na Babilônia, Deus ordenou ao povo que retornas
sem a Jerusalém. O remanescente do povo retornou. Por
160
retornar a Jerusalém, eles espontaneamente formaram
quatro grupos entre o povo de Deus. Antes do retorno do
cativeiro, havia somente três grupos – aqueles no Egito,
Assíria e Babilônia. Embora esses três grupos fossem
divisões, o quarto grupo, constituído por aqueles que tinham
retornado a Jerusalém, não eram uma divisão. Sim, o quarto
grupo era um grupo distinto, pois ele era uma restauração,
não uma divisão.
Talvez alguns do povo de Deus que escolheram perma
necer em Babilônia dissessem, “Irmãos, vocês não devem ser
tão limitados. Deus está em todo lugar. Não precisamos
voltar a Jerusalém para adoráLo. Considere Daniel. Ele
amou o Senhor e O serviu sem voltar a Jerusalém. Se ele
pôde permanecer na Babilônia, então estamos livres para
fazer a mesma coisa.” Sob a soberania do Senhor, Daniel
permaneceu na Babilônia até mesmo depois do ano em que
Ciro emitiu o decreto ordenando que os cativos retornassem
a Jerusalém (2Cr 36:22; Dn 1:21; 10:1). Antes de isso
acontecer, ele orava diariamente com suas janelas voltadas
para Jerusalém. Isto indica que Daniel desejava voltar à
Jerusalém; no entanto, não lhe foi dado a oportunidade para
fazer isso. Portanto, seu caso não deve ser usado como
desculpa para permanecer na Babilônia, isto é, permanecer
na divisão.
Para o povo de Deus, permanecer no Egito, Assíria ou
Babilônia era permanecer na divisão. Aqueles que retor
naram para Jerusalém não causaram tal divisão. Pelo
contrário, eles compartilharam a restauração da genuína
unidade. Entre os quatro grupos, somente eles podiam ser
considerados como a nação de Israel. Embora aqueles que
permaneceram na Babilônia pudessem ser inumeramente
maior do que os que retornaram para Jerusalém, os que
retornaram podiam ser considerados como a nação de Israel,
161
enquanto que os que ficaram não podiam.
Em princípio, o mesmo é verdade com respeito à
nação de Israel hoje. São aqueles que retornaram a boa terra
que são reconhecidos como a nação de Israel, não os que
ainda estão espalhados por toda a terra. Por exemplo, o
número de Judeus em Nova Iorque pode exceder o número
dos que estão em Israel. No entanto, como até mesmo as
Nações Unidas reconhecem, os Judeus em Israel compõe a
nação de Israel, enquanto que os Judeus em Nova Iorque
não. Os de Nova Iorque podem amar a nação de Israel e
podem dar liberalmente para sustentála. No entanto,
simplesmente porque eles não retornaram para a terra dos
seus pais, eles não podem ser considerados como a nação de
Israel. Para ser parte da nação de Israel, uma pessoa deve
ser não somente um Judeu – ele deve ser um Judeu na base
adequada, isto é, na boa terra.
AQUELES QUE CONSTITUEM A IGREJA
162
No mesmo princípio, para ser parte da igreja local, uma
pessoa não deve ser apenas um cristão, mas também ser um
cristão na base da unidade. Somente aqueles crentes que
abandonaram toda base divisiva e voltaram para a base da
unidade constituem a igreja. Não importa quão poucos
possam ser em número, aqueles que retornaram a base da
unidade são a igreja em sua localidade.
Se nós que reunimos na base da unidade em Anaheim
não somos a igreja em Anaheim, o que nós somos? Eu peço
àqueles que se opõem ao nosso testemunho a respeito da
igreja que nos dê um nome. O fato é, nós não temos um
nome. Nós simplesmente nos reunimos como a igreja em
nossa localidade.
Quando falar da base da unidade, aprenda a usar a
ilustração do retorno do cativeiro dos filhos de Israel.
Também enfatize a situação da nação de Israel hoje. Muitos
dos Judeus na cidade de Nova Iorque podem ser melhores do
que os da Palestina. No entanto, pelo fato de os da Palestina
estarem em uma base adequada, eles são a nação de Israel.
De modo semelhante, os cristãos que retornaram a base da
unidade são a igreja, não necessariamente por serem mais
espirituais que os outros, mas porque voltaram à base
adequada, para a base da unidade.
PAGANDO O PREÇO PARA PERMANECER
NA BASE DA UNIDADE
Você sabe por que muitos do povo de Deus permane
ceram na Babilônia ao invés de fazer uma longa jornada de
volta a Jerusalém? A razão é que eles estavam estabelecidos
confortavelmente na Babilônia e não queriam pagar o preço
para retornar a boa terra. O mesmo é verdade para muitos
Judeus nos Estados Unidos hoje. Eles podem ser muito
devotados à nação de Israel, mas acham inconveniente
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voltarem para lá para ser parte daquela nação. Tendo uma
posição estabelecida na sociedade Americana, eles podem
preferir ser Judeus Americanos. Isso indica que eles não
desejam pagar o preço para se posicionar na única base.
Desculpe dizer, o mesmo é verdade para muitos cristãos.
Muitos deles viram alguma verdade sobre a unidade. Mas o
problema é que eles não desejam pagar o preço. Retornar a
base da unidade fará com que muitos percam suas posições,
nomes, reputação ou popularidade. Pela misericórdia do
Senhor, escolhemos tomar o caminho estreito da cruz e
permanecer na base da unidade. Não temos escolha exceto
tomar a escolha do Senhor, mesmo que sejamos difamados,
desprezados e criticados. Devemos pagar o preço para perma
necer na base da unidade local, não importando que coisas
malignas possam dizer sobre nós.
Louvado seja o Senhor por todas as coisas espirituais e
celestiais que tem se tornado a nossa experiência nessa base!
Aqui na unidade local e única temos a presença do Senhor, o
altar e as festas. Nada se compara ao desfrute das riquezas
espirituais na base adequada. Quão feliz estou por estar com
todos vocês na unidade local! A menos que o Senhor nos guie
a fazer uma migração genuína para outra localidade,
devemos simplesmente permanecer em nossa igreja local,
não mudando para satisfazer a nossa preferência ou gosto.
Simplesmente estejamos na igreja onde o Senhor nos colocou.
Louvamos ao Senhor pela visão a respeito da destruição dos
lugares altos e a restauração da unidade local. Aleluia pela
revelação da unidade local e sua restauração! É nosso privi
légio ter uma porção nessa restauração hoje.
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