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Paulo Lockmann
Revisão: sssuca
ÍNDICE
Contracapa ........................................................................................ 43
O QUE É TESTEMUNHO
— Pastor!
— Sim, Inácio.
— Pastor!
*
O relato é fictício, assim como os nomes. (NR)
Durante todo o Evangelho de João as testemunhas vão se
sucedendo. Surgem pessoas de diferentes grupos sociais de Israel. A
primeira, que se tornou referência para todas as demais, é João Batista.
A introdução do Evangelho já o apresenta, quando registra: Houve um
homem enviado por Deus, cujo nome era João. Este veio como
testemunha para que testificasse a respeito da luz, afim de todos virem a
crer por intermédio dele (João 1.6, 7).
1
MOLLAT, D. O Evangelho de João. Bíblia de Jerusalém, 1975; CULLMANN, O - A formação do Novo
Testamento, São Leopoldo, Sinodal, 1970.
2
BOISMARD, M. E. Le prologue de Saint Jean. Paris, 1953.
3
DODD, C. H. A interpretação do Quarto Evangelho. São Paulo. Paulinas, 1977.
A IMPORTÂNCIA DO TESTEMUNHO
4
GIORDANI, M.C. História de Roma. Petrópolis: Vozes, 1990.
sua piedade comprometida e sofredora o perfil de muitos irmãos e irmãs
da comunidade de João e de nossos dias também.
JOÃO BATISTA, PROFETA E
TESTEMUNHA
Isto deve ter soado entre os judeus simples como verdadeira "boa
nova", e para os religiosos da sinagoga e do templo, como uma grande
heresia. Foi isso que os levou até João incumbidas de confrontá-lo (João
1.1-19).
Paulo chega a dizer que, segundo a mente, ele era escravo da lei
(Romanos 7.24). A seguir, anuncia a graça do Espírito e da vida em
Cristo Jesus: Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão
em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te
livrou da lei do pecado e da morte (Romanos 8.1-2).
ENFRENTANDO A OPOSIÇÃO
5
WILKES, C. Gene. O último degrau da liderança, S. Paulo, Mundo Cristão, 1999, p. 46.
profetas. No entanto, não eram capazes de reconhecer um homem de
Deus como João Batista, e muito menos de identificar o filho de Deus, o
messias Jesus. Ao contrário, hostilizaram e mataram o próprio Jesus
Cristo.
O CORDEIRO DE DEUS
Uma outra percepção que este texto nos fornece é que houve um
antecedente à chamada que Jesus fez a Pedro, André e aos demais
discípulos junto ao mar da Galiléia (Marcos 1.16-20). Sempre pensei
como explicar a imediata adesão de André, Pedro, João e Tiago, ao
convite de: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens
(Marcos 1.17). A resposta é dada no Evangelho de João. Eles já haviam
tido contato prévio com o mestre Jesus.
O CONTEXTO DO PESCADOR
SEGUINDO A JESUS
Dando ouvidos ao testemunho de João Batista, André, e João,
seguiram a Jesus (João 1.3-38).
Isto é tão sério que até no mundo evangélico isto também ocorre.
Líderes são elevados a uma condição de super-homens de Deus. Alguns
se agradam disto, por causa dos benefícios pessoais, e chegam a ponto
de se convencerem que isto é verdade, apesar da Bíblia nos ensinar que
depois de fazermos tudo devemos simplesmente bater no peito e dizer
que somos apenas servos inúteis (Lucas 17.10).
Mas uma pergunta precisa ser respondida: por que foi importante
para João e sua comunidade resgatar o testemunho da mulher
samaritana?
Essa mulher sabia o que dizia. Com isso, ela demonstrava ter
dignidade, pois conhecia a história, a tradição e a teologia do seu povo.
Qualquer discriminação era uma injustiça, era reproduzir o preconceito
que Jesus rejeitou.
Mas este momento decisivo não pode ser apenas um paliativo. Ela
teve sede e Jesus a saciou. Ela estava enferma e foi curada pela graça
de Deus.
Senhor, vejo que és profeta (João 4.19). Foi essa a expressão dita
pela mulher a Jesus diante de sua palavra sobre seu marido. Ela disse:
Não tenho marido (João 4.17), e com isso abriu sua vida íntima,
requisito para Jesus ministrar. Suas palavras eram praticamente uma
confissão. Isso não significa que Jesus não soubesse qual era a real
condição da mulher (João 4.18).6
Onde e como adorar a Deus? Aquela mulher e seu povo criam que
se devia adorar a Deus num monte da região chamado Gerizim
(Deuteronômio 11.29; Josué 8.33). Os judeus, entretanto, criam que a
adoração a Deus devia ser no monte Sião, em Jerusalém.
6
STRACK und BILLERBECK. Kommentar zum Neuen Testament aus Talmud und Midrash. Berlim, 1922.
coração, no espírito, não a literal, que ocorre na carne. A circuncisão
espiritual não tem o reconhecimento dos homens, mas de Deus (Rm
2.29).
Como ela, nós precisamos nos deixar impactar por Jesus. Muitos
cristãos perderam seu entusiasmo por Jesus. Que tragédia! Estão na
condição da igreja em Éfeso, que foi advertida pelo Senhor que havia
abandonado o primeiro amor (Apocalipse 2.4).
AS ATITUDES DE JESUS
Que testemunho Jesus passa a nós, com sua posição ante os
discípulos, ante o cego e ante os fariseus!
Frente aos discípulos, Jesus retira a situação do cego do nível
meramente doutrinário. Aqui se estabelece a diferença entre a Antiga e
a Nova Aliança. A lei judaica criava um determinismo absoluto, onde o
destino deste homem era visto como selado. Não há na pergunta dos
discípulos uma consideração sobre um possível livramento e salvação
para o cego. Eles querem saber apenas a origem da sua desgraça. Foi
ele ou seus pais que pecaram?
Jesus rejeitou tal doutrina, acima de tudo pela forma como eles a
usavam, para discriminar e oprimir o povo, especialmente as mulheres
e os enfermos. Jesus apresenta ao cego, aos discípulos, e a nós hoje, a
novidade: a porta está sempre aberta para Deus atuar. Suas obras
manifestam sua glória.
Deste modo, Jesus acolhe o cego, e o toca. Aqui está o grande ato
de Jesus. Todos sabemos que Jesus tinha poder para curar o cego com
uma palavra de ordem, já fizera isto com o paralítico em Cafarnaum
(Marcos 2.1-11) e tantos outros. Desta vez ele precisava restaurar a
dignidade do cego, e por isso o tocou. Por ser considerado maldito e
impuro, ninguém o tocava, nem mesmo seus familiares, já que
imaginavam que se tornariam impuros também ao fazê-lo, tendo que
cumprir um complicado ritual para voltar à pureza.
Eram tão zelosos que quando viam uma mulher, olhavam para o
chão para não alimentar pensamentos impuros. É claro que com isso
freqüentemente davam com a cabeça em obstáculos. Por causa disso
chegaram a ser chamados de fariseus sangrentos.
A ATITUDE DO PÚBLICO
A ATITUDE DO CEGO
Muito poderíamos dizer sobre o cego, mas a verdade é que ele nos
deu uma lição de fé e coragem. Ele pregou até para os inimigos de
Jesus (João 9.25).
Jesus usa a expressão "eu sou" por sete vezes. Tal expressão é
uma fórmula introdutória para Jesus apresentar-se a si mesmo.
Quando Jesus usa estas palavras, fica muito claro que ele falava
com os fariseus, pois foram estes que fecharam seus corações e mentes
para o seu ensino. Estavam em trevas, careciam da luz de Deus, a
verdadeira luz que vinda ao mundo ilumina a todo o homem (João 1.9).
É justamente por isso que o relato que vem após este ensino é a
cura do cego, onde o que estava em trevas vê, e os que vêem, mas não
crêem, permanecem em trevas, que são os fariseus.
Neste caso Jesus fez uma distinção, já que o bom pastor vem para
cuidar das ovelhas, inclusive dar sua vida por elas. Mas há outros
interessados nas ovelhas. São os ladrões e salteadores, que não
conhecem as ovelhas, nem estão interessados nas suas necessidades,
mas querem apenas a lã e a carne delas. Aqui está fundamentalmente a
diferença. Vida abundante junto a Jesus o bom pastor, ou morte ao ser
arrebatado pelos ladrões e salteadores, que no caso do texto de João
eram os religiosos judeus. E hoje, onde estão estes ladrões?
Jesus é a vida, porque fora dele não há vida. Neste caso, é vida no
presente, com qualidade, com alegria no coração, algo que nenhuma
outra pessoa pode dar, e dinheiro nenhum do mundo pode comprar. Os
jornais e revistas falam esporadicamente de pessoas famosas, ricas e
importantes que já tentaram suicídio várias vezes. Elas vivem, mas não
têm vida. É uma contradição visível.
O próprio Jesus diz: Sem mim nada podeis fazer (João 15.5). Isto
significa que se quisermos ser cristãos e fazer diferença neste mundo,
precisamos permanecer em Cristo, manhã, tarde e noite, de segunda a
domingo. Devemos depender somente D'Ele, o Senhor Jesus.
fim
CONTRACAPA