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As personagens
No Ato III, constata-se que todas as personagens estão marcadas
pelo destino, sendo conduzidas até à catástrofe final, a morte:
Madalena e Manuel ingressam na vida conventual (morrem para o
mundo, renascem para Deus, adquirem outra identidade); Maria
morre vítima da doença e de vergonha; Telmo perde a família que
ama; e D. João, mais uma vez sem família, é «ninguém».
- D. Madalena de Vilhena encontra-se desesperada, quer por
constatar que as suas dúvidas relativamente à mensagem do
Romeiro não têm qualquer fundamento, quer por não conseguir falar
com o seu marido.
- Maria é uma personagem marcada pelo destino, quer pela saúde
débil, quer pela ilegitimidade do seu nascimento. De facto, à
tuberculose, doença incurável, explorada pela estética «romântica»,
juntou-se a tragicidade inerente ao seu «novo» estado social
(incompatibilidade do mesmo com os valores predominantes na
sociedade a que pertence).
- Manuel de Sousa Coutinho, personagem que se pauta pela
nobreza de caráter, pela dignidade e coerência, resigna-se na hora
da separação, sendo inflexível perante as súplicas da esposa. O seu
percurso penoso fá-lo sentir autocomiseração, porém, a sua
preocupação é Maria, para quem pede «vida». Consumada a
catástrofe, aceita a vontade Divina, vendo em Maria um anjo
celestial a quem encomenda a sua alma e a de D. Madalena.
- Telmo Pais, o aio, o amigo e confidente vê-se entre dois amores
inconciliáveis, entre a afeição que sente pelos seus dois «filhos»,
Maria e D. João. O amor pela jovem acaba por ser superior, o que
provoca nele um conflito interior, ao ponto de oferecer a sua própria
vida, como sacrifício, em troca da vida de Maria, que recuperaria,
assim, a sua honra.
- Frei Jorge, o irmão de Manuel de Sousa Coutinho parece atuar
como a voz do bom senso, da razão e defensora dos valores
cristãos, procurando manter a harmonia no seio da família.
- A figura de D. João de Portugal foi, progressivamente, ganhando
forma. De entidade abstrata, apenas nomeada no ato I, passou a
personagem real no Ato III. Num primeiro momento, parece querer
justiça e que a ordem seja restabelecida, no entanto, após obter a
confirmação de que D. Madalena o procurara durante sete anos
antes de voltar a casar e sabendo da existência de uma inocente
que é vítima da sua chegada, tenta remediar a situação causada.
Trata-se, na verdade, de uma personagem marcada pela perda e
pela solidão irreparáveis.
Linguagem e estilo
À semelhança do que acontecia nos atos anteriores, também aqui
encontramos recursos expressivos e linguísticos que dão conta do
estado emocional das personagens, nomeadamente do seu medo,
terror, angústia e desespero.