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Frei Luís de Sousa

Contextualização Histórico-Literária
Escrita na primeira metade do séc. XIX, em 1843 - época do romantismo

Caracteriza-se pelo egocentrismo, sentimentalismo nacionalismo, idealização do amor e da


mulher e pelo seu tom depressivo que exalta a fuga da realidade através da morte, do sonho ou
pela própria arte. É um movimento artístico que valoriza a liberdade criadora que exprime as
tensões ideológicas e sociais do artista no seio da sociedade burguesa e que advoga o regresso às
tradições medievais.

Romantismo na literatura:
O herói romântico é desiquilibrado, impetuoso, insatisfeito, melancólico, revoltado, procura
invadir-se no sonho, é um herói fatal que traz a perdição a quem o ama e por vezes é suicida;
Apresenta uma visão da mulher como um anjo redentor ou um demónio que leva à perdição,
quase sempre é vitima do herói fatal;
Permite a liberdade de criação já que recusa regras e cria géneros mistos (romance, drama,
libertação da linguagem, pontuação expressiva, etc...);

Estrutura da obra
Texto dramático;
Texto principal: Falas - diálogos e monólogos;
Texto secundário: Didascálias / indicações cénicas;
Estrutura externa: 3 atos subdivididos em 12 cenas:
1. Exposição - Ato I , Cenas I a IV: Antecedentes da ação
D. Madalena casa com D. João de Portugal
D. João desaparece na Batalha de Alcácer Quibir
D. Madalena procura D. João de Portugal durante 7 anos que não apareceu
Madalena casa com Manuel de Sousa Coutinho, amor este já antigo que causa a D. Madalena um
sentimento de culpa pois apaixonou-se por este, ainda D. João era vivo
Nasce Maria
Telmo serve a família de D. Madalena acabando por criar um amor profundo por Maria
2. Conflito - Ato I Cena V a Ato III Cena VIII: Desenvolvimento da ação
Os governadores decidem ir para o palácio de D. Manuel para se afastarem da peste que há em
Lisboa
D. Manuel num ato patriota incendeia o próprio palácio ( o incêndio simboliza o desmoronamento
da família ) e muda-se com a família para o palácio de D. João mesmo não sendo do agrado de D.
Madalena
D. Manuel e Maria vão a Lisboa, deixando D. Madalena sozinha com Frei Jorge na fatídica sexta-feira
que Madalena temia já que era o aniversário do desaparecimento de D. João e do seu casamento
com D. Manuel
Chega o romeiro que transmite a D. Madalena o recado de que D. João de Portugal está vivo
Conhecendo a verdade D. Manuel e D. Madalena ( Madalena é a unica personagem que não sabe da
verdadeira identidade do Romeiro, ou seja esta sabe que D. João está vivo mas não sabe que este é o
Romeiro) decidem professar votos religiosos
Dilacerado por um conflito interior Telmo conversa com o Romeiro e recolhece a sua verdadeira
identidade
3. Desenlace - Ato III Cenas IX a XII: Desfecho da ação
Dá-se início à cerimónia da tomada do hábito por D. Manuel e D. Madalena ( morte social)
Maria diz morrer de vergonha, no entanto esta acabou por sucumbir à doença ( morte física )

Dimensão patriótica e a sua expressão simbólica


Mito do sebastianismo cujos porta-vozes são Maria e Telmo
O incêndio do palácio por D. Manuel é um ato patriótico e nacionalista de alguém que resiste
àquilo que não concorda
D. João de Portugal é o símbolo da pátria humilhada e cativa
Maria juntamente com Telmo com as duas ideologias politicas e nacionalistas como o combate ao
governadores e a crença de que D. Sebastião irá regressar também remete ao patriotismo
O valor simbólico dos retratos de D. Sebastião, Camões e D. João de Portugal

Sebastianismo
Dados históricos
Morte de D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir
Perda de independência de Portugal para Espanha em 1580

Sebastianismo
Dimensão
Tema decorrente na históricapatriótica e a sua expressão simbólica
Tem complicações já que o regresso de D. Sebastião implica o regresso de D. João
Personagens principais
D. Madalena de Vilhena
Pertence à nobreza
1º casamento com D. João de Portugal
2º casamento com D. Manuel
Sentimental, pecadora, atormentada pelo passado, supersticiosa
Ligada à lenda dos amores infelizes de Inês de Castro

D. Manuel de Sousa Coutinho


Pertence à nobreza
Casado com D. Madalena
Racional, sensível, corajoso, decidido, patriota, honrado, desapegado de bens materiais e da
própria vida
Encara o amor à pátria e à liberdade
Representa o herói romântico porque embora seja maioritariamente dominado pela
racionalidade, no momento em que se apercebe a desgraça que caiu sobre a sua família deixa-se
dominar mais pelo sentimento do que pela razão

Maria
Origem nobre
Filha de D. Manuel e D. Madalena, 13 anos
Bela, frágil devido à doença da tuberculose, perspicaz, inteligente, meiga, bondosa, tem vontade
própria
Propensa ao sonho
Dom da intuição e da profecia ( ela própria profetisa a desgraça que se vai instaurar sobre a sua
família - um anjo em uma espada em chamas que separa a mãe e o pai )
Ativa e com desejo de agir (combater, ter um irmão, ir visitar a tia Joana)
Ligada ao sebastianismo

Telmo
Escudeiro, servidor das famílias de D. João no passado e de D. Manuel no presente
Confidente de D. Madalena mas critico do seu comportamento ( nunca apoiou o novo casamento)
e protetor de Maria
Conflito interior entre o seu amor a Maria e a D. João
Ligado ao sebastianismo
D. João de Portugal
Pertence à nobreza
1º casamento de D. Madalena
Patriota, austero mas cavalheiresco, integro
Ligado à lenda de D. Sebastião
Símbolo da pátria humilhada e cativa
Permanentemente em cena através das evocações de D. Madalena e do sebastianismo de Telmo
Reduzido ao anonimato

Dimensão Trágica
Subordinação ao destino fatal
O protagonista é uma pessoa justa, sem culpa e que cai num estado de infelicidade
O desenvolvimento da ação com base num crescimento de intensidade, que culmina na catástrofe
final ( morte física de Maria e morte social de D. Manuel e D. Madalena )
Encarnação do coro na personagem Telmo, que comenta ou anuncia o desenrolar dos
acontecimentos e que prevê sistematicamente a desgraça que se aproxima
Concentração no espaço e no tempo
D. Madalena apaixona-se por D. Manuel ainda era casado com D. João ( desafio )
Incêndio do palácio por D. Manuel ( desafio 9
Conflito interior de D. Madalena que se intensifica ao longo da ação
Chegada do Romeiro ( peripécia ) e reconhecimento da sua identidade ( anagnórise )
Coincidências temporais ( referências à sexta-feira )
Simbologia dos números 3 e 7 ( mistério e fatalidade )
Presságios e pressentimentos
Sebastianismo de Telmo e Maria
Doença de Maria
Perda do retrato de D. Manuel vs prevalência do retrato de D. João
Referências à vida no convento e à morte

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