Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As éticas deontológicas defendem que a intensão do agente deve ser valorizada e pressupõe o carácter objetivo e
absoluto das obrigações morais.
As éticas consequencialistas avaliam as ações em função dos seus resultados, sendo a intenção irrelevante para o valor
moral da ação
Os imperativos são princípios, fórmulas ou leis que expressam a noção de dever, exercendo pressão sobre a razão prática.
Estes podem ser de 2 tipos:
o Hipotético
Afirmação normativa que estabelece que uma ação é boa porque é um meio para conseguir algum
propósito
Lei particular e contingente
Se queres X, então deves fazer Y
o Categórico
É uma obrigação ou princípio prático que prescreve que uma ação é boa, se for realizada com respeito
pelo dever
Lei universal e necessária
Deves fazer X, sem mais. – Lei da moralidade
Autonomia vs heteronomia
Autonomia: conceito central da ética kantiana, que se revela quando uma pessoa decide racionalmente e livremente, por
respeito à lei moral. Consiste em não se deixar determinar por algo exterior a si.
Heteronomia: conceito que se opõe à autonomia, e que se revela quando a vontade se deixa influenciar por algo exterior
a si.
Segundo Mill, uma ação é correta quando tende a promover a felicidade para um maior nº de indivíduos, isto é, devemos
agir consoante o princípio da utilidade/maior felicidade – fundamento do utilitarismo que permite ajuizar sobre o valor
moral das ações: uma ação será correta se promover imparcialmente a maior felicidade
O utilitarismo define um objetivo: a utilidade, que compreende a felicidade e o bem-estar que se caracterizam pelo prazer
e ausência de dor.
Assim o utilitarismo é uma:
o Teoria consequencialista
Avalia a correção/incorreção das ações em virtude dos seus resultados ou consequências, agir
corretamente é seguir o curso da ação que se apresenta mais promissor em termos de consequências
o Teoria hedonista
Identifica o bem com o prazer e o mal com a dor, ou seja, o valor/desvalor das consequências das ações
depende apenas do prazer ou dor gerados
Hedonismo quantitativo/qualitativo
Hedonismo quantitativo: é defendido por Bentham e diz que os prazeres apenas diferem em grau, isto é, em aspetos
como a sua duração/intensidade
Hedonismo qualitativo: é defendido por Mill e diz que os prazeres diferem em grau e classe, existindo prazeres superiores
– prazeres do intelecto/imaginação/emoções/sentimentos – e prazeres inferiores – prazeres do corpo ou físicos
O utilitarismo afirma que o cálculo das consequências dos nossos atos deve ser imparcial, ou seja, a felicidade do agente
tem exatamente o mesmo valor do que a felicidade dos restantes envolvidos
Rawls desenvolveu uma teoria sistemática e global de justiça, com o objetivo de responder ao problema da organização
de uma sociedade justa – teoria contratualista.
Contratualismo: abordagem dos problemas éticos que considera que os direitos e deveres que regem as instituições têm
de derivar a sua legitimidade de acordos, sob certas condições.
Existem 3 elementos em todas as teorias contratualistas
o A situação inicial/pré-contratual
o Contrato/acordo hipotético entre as partes
o Os resultados do contrato/acordo hipotético
Posição original: situação imaginária em que, sob um véu de ignorância, se estabelece o acordo hipotético e se definem os
princípios da justiça, sendo a imparcialidade uma característica fundamental
Véu da ignorância: situação imaginária que pressupõe a exclusão de todas as informações sobre as nossas características
naturais e sociais, assegurando a imparcialidade e equidade na escolha dos princípios de justiça
A rejeição do utilitarismo
Rawls não defende o utilitarismo, uma vez que este princípio pode exigir de algumas pessoas expectativas de vida mais
limitadas apenas para que outras possam gozar de benefícios maiores, assim numa situação de equidade esta
possibilidade é rejeitada.
A regra maximin
Segundo Rawls, é o princípio de decisão que nos recomenda que consideremos os piores resultados possíveis e optemos
pelo menos mau, maximizando o ganho mínimo e minimizando a perda.
Princípios da justiça
Nozick e Rawls são autores liberais, concordando que a boa sociedade prioriza o indivíduo, os seus direitos e liberdades,
bem como o facto dos princípios da justiça emergem de um acordo, sendo estes neutros e universais
Por outro lado, estes divergem sobre o papel do Estado e os princípios da justiça que devem governar as relações entre
indivíduos, assim Nozick proclama uma forma radical de liberalismo – libertarismo
O libertarismo é uma perspetiva liberal radical que impõe limites muito estreitos para a intervenção do Estado
Os direitos individuais são encarados como reservas básicas, não podendo ser limitados em nome da maximização de
qualquer benefício social
Assim, o libertarismo propõe que o Estado deve ser reduzido ao Estado mínimo – Estado cujas funções se limitam a
garantir a segurança e impedir o uso indeterminado de força sobre pessoas e suas propriedades
Defensores do Estado mínimo posicionam-se contra leis que se destinam a proteger as pessoas de si mesmas, como por
exemplo a obrigatoriedade do uso de capacete no trabalho
Teorias padronizadas: afirmam que a distribuição da riqueza deve ser feita de acordo com um padrão –
rendimento/utilidade iguais, por exemplo, a teoria de justiça de Rawls
Teorias não padronizadas: a justiça de distribuição prende-se essencialmente com aspetos processuais, isto é, com modos
ou processos legítimos/ilegítimos, pelos quais as pessoas adquirem os bens que possuem, por exemplo, a teoria
libertarista de Nozick
Segundo Nozick as desigualdades não são um mal, sendo o que importa o processo através dos quais essas desigualdades
surgiram
Assim estre argumento divide-se em 3 princípios:
o Princípio da aquisição
Se as desigualdades se deram através da aquisição de bens por meios legítimos – trabalho
o Princípio da transferência
Se a desigualdade resulta de uma transferência legítima – doação ou vendas voluntárias
o Princípio da retificação
Se as desigualdades resultarem de apropriações ilegítimas – roubo ou fraude – então a injustiça deve ser
retificada através de tributações, compensações ou devoluções
Sandel opõe-se ao libertarismo, defendendo uma perspetiva conhecida como comunitarismo, que realça a importância de
pertença a uma dada comunidade e tradição moral e concebe a sociedade justa como um empreendimento governado
pela preocupação com o bem comum e com a vida boa
Sandel, politicamente mais próximo de Rawls do que de Nozick, crítica o método rawlsiano – posição original e véu da
ignorância – designa-o por individualismo metodológico, considerando-o errado
Duas teses orientam a crítica de Sandel ao projeto rawlsiano:
o A noção de bom é anterior à de justo
o A comunidade precede o indivíduo
Segundo Rawls, os princípios da justiça devem ser imparciais, sendo assim independente de qualquer conceção de vida
boa
Segundo Sandel, as nossas conceções de justiça são relativas às ideias mais ou menos partilhadas de bem comum e de
vida boa.
Um acordo é justo quando vai ao encontro do que definimos como bom, por isso para definirmos o que é justo
necessitamos antes de saber o que é bom.
Ao contrário do que defende Rawls, a comunidade não é resultado de um acordo. Ela preexiste aos indivíduos e ao
contrato social, sendo a existência desta que torna necessário a existência de um acordo sobre princípios de justiça.
Onde os liberais veem os indivíduos como entidades independentes e abstratas, os comunitaristas veem sujeitos
integrados em contextos particulares, em comunidades e unidos por valores e ideias de vida boa
Por outro lado, os liberais veem princípios de justiça neutros e universais, já os comunitaristas sugerem princíp’io0s de
justiça que devem emanar na vida em comunidades concretas
Assim, para Sandel a questão principal passa por saber quem somos, isto é, conhecer a comunidade à qual pertencemos e
com a qual partilhamos valores e práticas que nos definem enquanto pessoas