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A MORAL E AS EMOÇÕES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA

A ÉTICA KANTIANA
(Fundamentação da metafísica dos costumes – parte I)

Prof. Marconi Pequeno

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(Immanuel Kant – 1724-1804)

Na Fundamentação da metafísica dos costumes


(1785), Kant pretende determinar os princípios
supremos da moralidade

O objetivo da Fundamentação da Metafísica dos


Costumes consiste em estabelecer as leis da razão
capazes de fundar os costumes e o agir moral

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Metafísica dos costumes  trata dos
princípios a priori do agir moral

A Metafísica dos Costumes refere-se também


ao estudo das leis e princípios que regulam a
conduta humana sob um ponto de vista
essencialmente racional

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Em Kant, o termo “Metafísica”
significa um conhecimento racional
(não empírico)

A metafísica dos costumes 


filosofia moral ou teoria dos
costumes

A Metafísica dos Costumes deve


investigar as ideias e os princípios
que regem as ações e condições do
puro querer humano

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O homem entre a natureza e a razão
(liberdade)

Natureza = reino da necessidade


Razão/liberdade = reino da finalidade (reino dos fins)

Filosofia da natureza: trata do mundo como ele é

Metafísica dos costumes: trata daquilo que deve ser

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BOA VONTADE

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BOA VONTADE  vontade de agir por dever

A boa vontade reconhece no dever a única


origem possível da ação moral

A boa vontade é a disposição de utilizar nossas


faculdades e disposições para fins morais

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A vontade é considerada boa quando reconhece no
dever a única origem possível da toda ação moral

Não adianta possuir qualidades ou dons se a pessoa


não se orienta pela boa vontade, pois todas as suas
qualidades podem ser desvirtuadas se forem
regidas por uma má vontade

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Talento, temperamento, fortuna, honra,
discernimento, argúcia intelectual, tudo isso
pode ser ruim se a vontade não é boa

Da mesma forma, moderação nas emoções e


paixões,autodomínio, calma e capacidade de
reflexão podem ser necessários, mas não
suficientes para orientar uma vontade boa

A boa vontade corrige as distorções e impede


os vícios e a desmesura nas ações

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A boa vontade é boa em si e não pelos fins
que almeja alcançar (ela tem um valor em si
mesma)

A boa vontade é produto da intenção ou


convicção do sujeito

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Boa vontade e felicidade

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A boa vontade constitui a condição indispensável
para que o homem seja digno de felicidade

A felicidade não se confunde com o que é útil ou


prazeroso

Em um ser dotado de razão e vontade, a finalidade


da natureza não é a conservação e o bem-estar
(felicidade), mas a emancipação (maioridade)

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Quanto mais o homem busca o prazer a e felicidade,
mais ele se afasta do contentamento

Há uma inclinação natural do homem para a


felicidade (vida prazerosa), mas está é vivida sob
compulsão, sendo fonte de vícios e negações

A boa vontade contrapõe-se à força dos instintos e


às necessidades do mundo sensível

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O verdadeiro contentamento é dado pela
razão, não pelos prazeres

O amor, enquanto inclinação para fazer o


bem, não pode ser louvado como princípio
moral
Ex: caridade

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O DEVER ENQUANTO OBRIGAÇÃO MORAL

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DEVER  FONTE DA OBRIGAÇÃO MORAL

O dever baseia-se em princípios a priori


(independe da experiência – a posteriori)

O dever é a necessidade prática incondicional da


ação

DEVER = OBRIGAÇÃO (respeito à lei moral)

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Dever  necessidade de uma ação por respeito à lei

O dever tem caráter incondicional e funda a


objetividade da lei moral

O dever é uma exigência da razão, não da


experiência

A ação moral é determinada pela vontade guiada


pela razão

SUBJETIVIDADE = VONTADE BOA


OBJETIVIDADE = LEI MORAL
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A razão deverá produzir uma vontade boa em si
mesma

Não o efeito ou a consequência que determina o


valor moral de um ato, mas o princípio que o rege

A ação moral deve ser incondicional e


desinteressada

Uma ação tem valor moral a partir da máxima que a


determina, não do propósito ou interesse que a
rege

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O único interesse válido é aquele que repousa na
obrigação de seguir a lei da razão

A razão é um antídoto contra as forças das


inclinações

Razão = atributo e faculdade do sujeito moral

A moral não deriva de exemplos ou da experiência


e sim da lei a priori da razão

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A moral não deve ser extraída da
experiência, pois o seu objeto é o ideal e não
o real, isto é, o que deve ser e não o que é

A moral também não pode derivar de


exemplos, pois quem segue o bom exemplo
pode também seguir o mau

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A moral deve se basear na representação da lei
seguida pelo sujeito racional

A lei é o único princípio da (boa) vontade

Respeito à lei  condição de uma vontade boa


em si

Não é preciso ciência nem filosofia para o


homem saber o que é bom e correto

O dever nasce da vontade legisladora do sujeito


(razão prática)

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TRÊS TIPOS DE AÇÃO

AÇÃO POR INCLINAÇÃO

AÇÃO CONFORME O DEVER

AÇÃO POR DEVER

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AÇÃO POR INCLINAÇÃO: baseada em apetites,
paixões, instintos, desejos egoistas

AÇÃO CONFORME O DEVER: o indivíduo segue a


lei moral apenas por interesse particular; esta
possui apenas uma aparência de ação moral

AÇÃO POR DEVER: a única que pode ser


autenticamente definida como moral (ação
desinteressada baseada na lei da razão)

É o interesse que determina se uma ação foi


conforme o dever ou POR DEVER
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Agir por dever significa se insurgir contra
inclinações, apetites e paixões

O dever fundado na lei livra o sujeito do


determinismo do mundo natural

O homem, ao agir por meio da obrigação fundada


na lei, se revela como um sujeito livre e autônomo

Uma ação praticada por dever tem o seu valor


moral não no propósito que com ela se quer
atingir, mas no princípio que a determina

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Formalismo kantiano: a obediência à lei não
depende do seu conteúdo circunstancial

O formalismo manifesta a existência de leis


objetivas da liberdade

A razão oferece a forma da lei na qual devemos


inserir os conteúdos (princípios) que orientam a
ação

O VALOR DA AÇÃO RESIDE NO PRINCÍPIO A


PRIORI E NA FORMA QUE DETERMINA A
VONTADE A AGIR

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Máximas  princípios subjetivos (particulares)

Leis  princípios objetivos (universais)

O homem é um sujeito legislador (criador de


leis que fundam a moral)

A razão prática tem por finalidade nos tornar


livres (emancipados)

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Ser livre é fazer o que se deve, não o que se
quer

Realizar a liberdade significa satisfazer a razão

O sujeito é livre quando segue as leis prescritas


pela razão

Ação livre = ação desinteressada

Liberdade  independência da vontade em


relação aos impulsos e inclinações

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A liberdade é a linguagem da razão (faculdade
essencial de todo ser humano)

Não há liberdade sem respeito às leis da


razão

Lei moral  todo princípio normativo válido


universalmente para todos os homens

A conformidade da vontade com o princípio/lei


moral determina a nossa razão de agir

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A lei moral rege a vontade e determina a ação livre
do sujeito

A lei moral resgata o homem do determinismo da


natureza

A liberdade deve ser identificada com a autonomia


do sujeito e não com as suas necessidades
naturais

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A lei moral é baseada no fato da razão (Factum der
Vernunft)

A razão é uma faculdade inerente ao sujeito

A conquista da liberdade e da maioridade do


sujeito decorre do respeito à lei moral

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A lei da razão determina que devo
proceder sempre de maneira que eu
possa querer também que a minha
máxima se torne uma lei universal

Eis em que consiste o imperativo


categórico 33

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