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A necessidade da fundamentação moral

Questão central da ética é saber se uma “ação é moralmente correta ou errada?” e


“como devemos agir?”. Esta tarefa de questionamento e fundamentação moral vai
caber a ética e reflexão filosófica.

A este problema procuram responder a diversas teorias filosóficas:

Éticas deontológicas Éticas consequêncialistas ou teológicas


 Própria ação e intenção do  Centram-se nas consequências da
agente; ação;
 Representada pelo Immanuel  Representada por Stuart Mill;
Kant;  Deriva de telos (fim) e por logos
 A ação moral é correta tendo em (estudo/ciência) – fins avisados
conta, o cumprimento dos pela ação ou sejas as
deveres – a ação é má ou boa consequências da ação;
independentemente das
consequências;
 Ou seja, devemos cumprir o
nosso dever apesar das
consequências que puderam
surgir;

A ética deontológica de Kant

A única coisa boa em si mesma é, segundo Kant, a boa vontade – a única coisa que tem
valor intrínseco, incondicional e absoluto – a vontade que se deixa guiar única e
exclusivamente pela razão.

Ou seja, o valor moral da ação não depende das consequências, mas sim, do respeito
pelo dever.

Para Kant, devemos recorrer a dois requisitos para discutir a acerca da moralidade:
querer a coisa certa e de facto querer cumprir o dever por si mesmo e não como forma
de alcançar para satisfazer qualquer de interesse ou inclinação pessoal.

Logo, a boa-vontade faz a coisa certa por reconhecer que é a coisa certa e não obter
qualquer benefício em troca. A vontade é guiada apenas pela intenção em querer
cumprir o dever por dever, ou seja, guiada exclusivamente pela razão.

Kant distingue três tipos de ações:

 Ações contrárias ao dever: ações que violam o dever, ou seja, são consideradas
impermissíveis e proibidas, coisas que nunca podemos intencionalmente fazê-
las como, mentir, matar, roubar e maltratar;
 Ações conforme o dever: mesmo que cumpre o dever não é o porque o sujeito
tem intenção de cumprir, mas, por alguma inclinação pessoal como, não mentir
por receio de ser castigado;
 Ações por dever: aquelas que cumprem o dever por dever como, não mentir
com a intenção de cumprir o dever;

Imperativo hipotético Imperativo categórico


 Ordena que se cumpra  a lei moral fundamental, não
determinada ação em concreto nos diz p que fazer em
para atingir determinado fim situações concretas, indica-nos
desejado como, se queres ser a forma a que devem obedecer
conhecido, trabalha mais; a todas as nossas ações;
 “se queres x, deves fazer y”  “dever fazer isto porque é o teu
dever fazer isto”;
 “ação absoluta e incondicional”

1. Formula da lei universal (age sempre segundo uma máxima);


2. Formulo do fim em si (vê a pessoa como um fim sem si mesmo e nunca um
simples meio);

Heteronomia da vontade Autonomia da vontade


 A vontade do sujeito não é  É o próprio sujeito que a si
livre, está condicionada pelos mesmo dá a lei;
sentimentos e interesses de  É a vontade autónoma, livre de
quem age, e não pela razão; qualquer condicionamento;

 Problema de indeterminação (mesma ação poder estar associada a várias


máximas como, um pai que num domingo decide ir passear com o seu filho ao
parque, a ação foi motivada pelo cumprimento do dever e pelo prazer);
 Conflitos irresolúveis entre deveres absolutos (o individuo esta perante uma
escolha entre duas atuações A e B, contundo, ambas são imorais);
 O lugar das emoções (a ética parece inegável aos nossos sentimentos e
emoções);
 A consideração moral além das pessoas (recém nascidos, deficientes e animais
 O paradoxo de deontologia

A ética utilitarista de Stuart Mill

 O utilitarismo é a corrente filosófica que avalia a moralidade das ações pela


autoridade que elas revelam. Deve entender-se a utilidade enquanto a
possibilidade de o indivíduo alcançar o seu bem-estar ou felicidade;
 Defende o máximo bem a promover numa sociedade deverá ser a felicidade de
todos e de cada um. As ações são boas se contribuírem para esta felicidade;

Conceito de felicidade: estado de prazer e de ausência de dor ou sofrimento.


Hedonismo: doutrina moral segundo o qual o prazer é a essência da felicidade,
constituindo, por isso, o supremo bem do ser humano.

Hedonismo quantitativo de Bentham: para calcular a felicidade, causada por uma


dada ação, temos de ver como ela afeta cada um dos indivíduos envolvidos, subtraindo
a quantidade de dor á de prazer (calculadas por base de intensidade e duração);

Hedonismo quantitativo de Mill: além da quantidade de prazeres era fundamental


saber a sua qualidade. Ou seja, há prazeres superiores a outros, logo á prazeres
melhores do que outros;

Prazeres superiores: prazeres intelectuais e emocionais (conhecimento, amizade,


moralidade...);

Prazeres inferiores: prazeres sensitivos ou corpóreo (alimentação, descanso,


sexualidade);

 Princípio de utilidade indica: age de maneira a proporcionar a máxima


felicidade geral;

 “máquina de experiências”: conclui que a nossa felicidade não depende apenas


da quantidade de prazeres e de dor pois, queremos concretizar objetivos,
segundo as nossas preferências e não apenas da sensação subjetiva de o fazer,
demonstrando que o hedonismo é falso;
 conclusão repugnante: Mill dizia que era preferível criar a população B, pois é
aquela que tem maior total de bem estar porém, a população B vive pior do
que um individuo da A implicando, que podemos melhorar um estados das
coisas apenas aumentando nº de indivíduos;

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