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Ética Deontológica Ética consequencialista

(Immanuel Kant) (Stuart Mill)


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A moralidade das nossas ações A moralidade das nossas ações
depende do dever (universal) depende das suas consequências

Ética Deontológica
Boa vontade - bem último, do qual todos os demais dependem. Bem
incondicional e intrínseco. O mais elevado bem, pois só ela é absolutamente
boa, sem reservas. Determinação de agir por dever, isto é, de acordo com a
lei moral.

Boa vontade
Ação em conformidade com o dever (legalidade) - meio para atingir um fim
● Ajo em conformidade com o dever quando a minha ação cumpre a lei,
mas, simultaneamente, persegue um interesse particular ou é resultado
de uma inclinação ou desejo.
➔ A ação está de acordo com a lei moral, mas tem como motivo
inclinações. Portanto, não tem qualquer valor moral.

Ação por dever (moralidade) - fim em si mesma


● Ajo por dever quando a minha ação não persegue nenhum interesse
particular nem é o resultado de uma inclinação ou desejo.
● Ajo por dever quando a minha ação é única e exclusivamente motivada
pelo respeito à lei, independentemente das consequências ou dos
resultados da ação, mesmo que o prejuízo de todas as minhas
inclinações ou desejos.
➔ A ação está de acordo com a lei moral e tem como único motivo
o respeito pelo dever. Por isso, tem valor moral.

Nota:
● O que determina a moralidade da ação é a intenção que a origina.
● O único motivo moralmente admissível é o respeito pela lei em si
mesma.
Imperativo hipotético - afirmação normativa ou princípio prático que
estabelece que uma ação é boa porque é um meio para conseguir algum
propósito. Este usa a razão instrumental e tem a forma: Se queres X, então
deves fazer Y.

Imperativo categórico - obrigação ou princípio prático que prescreve que uma


ação é boa se, e somente se, for realizada por puro respeito ao dever, à lei
em si mesma. Tem a forma: Deves fazer Y, sem mais.

Imperativo hipotético
● Uma ação é boa porque é um meio para conseguir algum fim ou
propósito.
● Ordena condicionalmente, dependendo da existência de determinadas
circunstâncias.
● É uma lei particular (vale apenas em determinadas condições e para
alguns indivíduos) e contingente (é verdadeira, mas podia ser falsa
noutro mundo possível).
➔ Surgem as ações em conformidade com o dever.

Imperativo categórico
● Uma ação é boa se, e apenas se, for realizada por respeito à lei em si
mesma.
● Ordena incondicionalmente, valendo independentemente das
circunstâncias.
● É uma lei universal (válida para todos os seres racionais, quaisquer que
sejam as circunstâncias) e necessária (tem de ser verdadeira em todos
os mundos possíveis).
➔ Surgem as ações por dever.

Formulações possíveis para o imperativo categórico


● 1ª - Fórmula da lei universal
➔ “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo
tempo querer que ela se torne lei universal.”

● 3º - Fórmula do fim em si
➔ Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa
como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente
como fim e nunca simplesmente como meio.
Ações incorretas para Kant: matar, mentir e roubar

Autonomia - conceito central da ética kantiana. Revela-se quando uma


pessoa decide, racional e livremente, por respeito ao imperativo categórico,
agir moralmente. Consiste em não se deixar determinar por algo exterior a si,
autodeterminação.

Heteronomia - quando a vontade se deixa determinar por algo exterior a si e


se deixa escravizar por apetites ou aspirações.

Críticas ao pensamento kantiano


● Ignora o comportamento natural do ser humano, como as emoções e
os sentimentos, que fazem, naturalmente, parte das nossas ações.
● Cumprir cegamente uma obrigação moral pode conduzir a
consequências desastrosas.

Ética utilitarista
Princípio da utilidade ou da maior felicidade - fundamento ou critério de
moralidade do utilitarismo, permitindo ajuizar sobre o valor moral das ações:
● uma ação será correta se, e só se, promover imparcialmente a maior
felicidade agregada (prazer e ausência de dor).

Nota:
Por utilidade, Stuart Mill entende o bem-estar ou a felicidade. Por felicidade,
entende o prazer e a ausência de dor.
Quase se afirma que o utilitarismo é uma ética consequencialista, o que se
pretende destacar é que este sistema filosófico avalia a correção ou
incorreção das ações apenas a partir dos seus resultados ou consequências
previsíveis.

Para o utilitarismo não existem deveres absolutos, incondicionais. Todos os


deveres são relativos. Assim, as intenções do agente são irrelevantes para
determinar o valor moral das ações

O utilitarismo é uma teoria hedonista


● As ações moralmente corretas maximizam o bem e, para Stuart Mill, o
bem é a utilidade, bem-estar, felicidade ou prazer. Às teorias que
defendem que o prazer é o maior bem (bem último) chamamos
hedonistas.
● O utilitarismo é então uma ética hedonista, porque identifica o bem com
o prazer e a ausência de dor e o mal com a dor e a privação do prazer.
● Encarar o prazer e a ausência de dor como bem último significa
defender que a felicidade é a única coisa desejável como fim. Todos os
demais bens são apenas bons e desejáveis enquanto meios para o
prazer e ausência de dor.
● A moralidade reside então no esforço para maximizar a felicidade ou o
prazer e para procurar alcançar tanta felicidade quanta nos for possível.

Prazeres superiores e inferiores


● Para Bentham - estes dependem da intensidade e da duração
● Para Mill - estes dependem da quantidade e da qualidade

Prazeres superiores - prazeres do intelecto, da imaginação, das emoções e


dos sentimentos morais. Permitem a realização plena do ser humano.

Prazeres inferiores - prazeres do corpo ou físicos, comuns a humanos e a


animais não humanos.

Critério da imparcialidade
● A felicidade de cada uma das pessoas envolvidas, incluindo a
felicidade do próprio agente, conta exatamente o mesmo.
● Ser moral, agir moralmente, implica decidir cada ato de um ponto de
vista neutro e considerar os interesses e desejos de todos os que são
afetados por ele.
● Nem a etnia, nem o género ou a classe social afetam o estatuto moral
do indivíduo.

Nota:
Para o utilitarismo, não é apenas a seres humanos que nos referimos, mas a
todos os seres capazes de sentir prazer e dor: a felicidade de cada ser
senciente deve ser contabilizada como sendo igualmente importante.

Críticas ao utilitarismo de Stuart Mill


● O utilitarismo pode conduzir-nos a consequências moralmente
inaceitáveis
● Quem é que me garante que a felicidade da maioria é aquela que
desejo para mim?

Para Kant, os deveres morais assumem a forma do imperativo categórico.


São princípios absolutos, aplicam-se incondicionalmente. Já para Mill, os
deveres morais orientam-se pelo critério da utilidade. São relativos às
condições existentes e aos resultados previsíveis face a elas.

A boa vontade é o mais elevado bem. Só ela, diz Kant, age por dever, de
acordo com a lei da autonomia ou liberdade, independentemente de qualquer
impulso ou interesse. A boa vontade é, pois, a vontade que age impondo-se a
si mesma a lei moral, absoluta, universal e racional, ou seja, o imperativo
categórico.

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