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Ética ou filosofia moral-

a fundamentação da moral:

Análise comparativa de duas perspetivas filosóficas.


- Os seres humanos são agentes morais: temos noção do
bem e do mal, do correto e do incorreto.

- As nossas ações têm consequências que afetam as


outras pessoas, os animais não humanos e natureza
em geral.
Disciplina filosófica:

Ética ou filosofia moral.

(conceitos fundamentais: bem, mal, justiça, igualdade,


dever, responsabilidade, consciência, liberdade).
Formulação do problema filosófico:

Como devemos agir?

O que é o bem último?

Qual é o critério da ação correta?

Como se justificam, adequadamente, ideias e convicções


morais?
O que é o bem último?
Qual é o bem em função do qual valorizamos todas as
outras coisas como meios?

Ex. valorizamos as vacinas apenas porque valorizamos


a saúde. Mas valorizamos a saúde porquê? A saúde é
importante para nos sentirmos felizes. Nesse caso, a
felicidade é importante porquê?...
O que é uma ação correta?
- O que distingue uma ação correta de uma incorreta?

(Trata-se de saber que caraterísticas fazem uma ação ser


correta e outra incorreta).
A ética deontológica de Kant/A ética
consequencialista de Stuart Mill:

A - As teorias éticas deontológicas (dever) classificam o


valor moral de uma ação em função da intenção /
Motivo com que foi realizada.

B - As teorias éticas consequêncialistas classificam o


valor moral de uma ação em função das suas
Consequências.
Ética utilitarista de Mill Ética deontológica de Kant

Qual é o bem A felicidade A boa vontade pág. 212,13


último? pág. 222

Critério/ O principio da utilidade/ Cumprir o imperativo


Cumprir Ou da maior felicidade
categórico
Princípio pág. 196 pág. 220
Fundamental
da moralidade
A teoria ética de Kant: a importância
dos motivos / intenções.
- Só é correto atribuir um valor ético às ações em função
do motivo / intenção do agente.

- Só a intenção, e não as consequências, pode ser


controlada pela nossa vontade.

- Uma vontade boa é aquela que cumpre o dever ou


respeita a lei da razão (imperativo categórico).
Agir por dever ou de acordo/conforme
o dever pág. 215

Agir moralmente é agir por dever (cumprir o imperativo


categórico/lei da razão).

Kant distingue ações por dever (motivadas pelo


cumprimento do dever) de ações conforme o dever
(coincidem com o que o dever ordena, mas motivado
por interesses).
O imperativo categórico
- Os nossos atos são moralmente corretos quando cumprem a
lei da razão, que tem o nome de imperativo categórico
(imperativo moral).

- O imperativo categórico é um mandamento , ou ordem a


que devemos obedecer incondicionalmente (obrigação
Incondicional/absoluta): Faz x! Pág. 218

- Os imperativos hipotéticos não são morais porque impõem


condições (obrigação condicional): Faz x, se queres y!
Formulações do imperativo categórico ou
lei da razão
A- Fórmula da universalidade: pág. 222
Age apenas segundo uma máxima (principio subjetivo
de ação) que possas ao mesmo tempo querer que ela se
torne lei universal (principio objetivo de ação).
B- Fórmula da humanidade: pág. 228

Age de tal maneira que uses a tua humanidade, tanto na


tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre
e simultaneamente como fim e nunca como meio.
Autonomia /Heteronomia da vontade

Uma vontade autónoma (livre) é a que age por dever


(cumpre a lei da razão), não se deixa guiar por
interesses.

Uma vontade heterónoma é uma vontade escravizada


por interesses / inclinações.

Só um sujeito com uma vontade autónoma, pura, age


moralmente.
relação entre autonomia e boa vontade
pág.228
- a vontade é autónoma quando se autodetermina
(racionalmente).

- a vontade é autodeterminada quando não depende de


qualquer princípio que lhe seja exterior / de
inclinações, mas apenas (do uso incondicionado) da
razão.

- só uma vontade autónoma pode ser boa.


Distinção, entre agir por dever
e agir em conformidade com o dever:
- a ação em conformidade com o dever é motivada por
inclinações, como o interesse próprio e por isso não
tem valor moral.

Ex. O comerciante agiria em conformidade com o dever


se, ao fixar um preço igual para todos, fosse
motivado pelo seu interesse em manter a clientela.
Pág. 216
- a ação realizada por dever é exclusivamente motivada pelo
pelo cumprimento da lei moral.

Ex. O comerciante agiria por dever se fosse motivado a fixar


um preço igual para todos apenas pelo dever de ser
honesto- assim a sua ação tem valor moral.

- a ação em conformidade com o dever, apesar de não ser


contrária ao dever, não tem valor moral;

- a ação realizada por dever é a única moralmente boa.


Os deveres absolutos
A moral kantiana é uma moral de deveres absolutos
(obrigação incondicional).

(máximas universalizáveis/respeitar a humanidade)

exs. Não roubar, não mentir, não matar, não fazer falsas
promessas, etc.
Objeções: pág. 229, 230
Os deveres absolutos podem conduzir a conflitos de
deveres .
A moral Kantiana não resolve o problema dos dilemas
morais (há sempre um dever que é infringido).
Exs. Roubar ou não roubar o medicamento.
Salvar a vida da mulher/ Roubar
Roubar /Não salvar a vida
Exs. O caso dos Judeus na Holanda.
Mentir/Salvar a vida das pessoas
Dizer a verdade/Não salvar a vida das pessoas.
- Não reconhece o papel da emoções: compaixão,
simpatia, felicidade.
- Não atribui valor moral às consequências das ações,
mas apenas aos motivos/intenções.
Exemplos: Justificação da imoralidade das falsas promessas:

- fazer uma promessa com a intenção de não a cumprir é


servir-se do outro simplesmente como um meio / tendo
em vista apenas a satisfação dos interesses ou das
inclinações do agente. (viola a regra da Humanidade)

– tratar os outros apenas como meios, não respeitando a


sua qualidade de seres racionais, é desrespeitar a sua
dignidade como pessoas. (viola a regra da Humanidade)
– quem faz uma falsa promessa viola o dever absoluto de
respeitar a humanidade, tanto na sua pessoa como na
dos outros; (viola a regra da humanidade)

– quem faz uma falsa promessa segue uma máxima que


não é universalizável. (viola a regra da universalidade)
A teoria ética De Stuart Mill: o
utilitarismo/consequencialismo.
- O utilitarismo considera que são as consequências da
ação que determinam se esta é moralmente correta ou
não.
- O utilitarismo parte de uma ideia central – só a
felicidade tem valor em si mesmo (teoria do valor).
pág. 194
Consequencialismo e maximização-o
maior bem para o maior número de
pessoas:
- As ações são boas na medida em que contribuem para
promover ou maximizar a felicidade e más na medida
em que tendem a gerar sofrimento.

- Uma ação é moralmente correta se, e só se, sendo


imparcial e tendo em conta as alternativas, for aquela
que mais felicidade trouxer a um maior número de
agentes morais (Teoria da obrigação). Caso contrário, a
ação é moralmente incorreta. Pág. 194, 201
Exemplos de aplicação da teoria:
A. Construir um cinema ou um novo hospital em Rio
Maior.

B. Ajudar um amigo com os seus trabalhos de casa, ou,


um grupo de estudantes de outra turma com os seus
trabalhos de casa.
Avaliação moral das ações: A felicidade.
- só as consequências contam. As intenções com que
agimos são irrelevantes.

- Uma ação que tenha más consequências, ainda que seja


executada com a melhor das intenções, é incorreta.
O fundamento da moralidade é o Princípio da utilidade
ou Princípio da maior felicidade:
As ações são corretas na medida em que tendem a
promover a felicidade e incorretas na medida em que
tendem a produzir o reverso da felicidade.
Pág. 194
A teoria de Mill é agregacionista, já que considera que
um determinado estado de coisas é melhor do que outro,
no caso de ter um mair total de bem ,
independentemente da forma como este se encontra
distribuído.
Ver os quadros das págs. 202, 203
Caracterização da perspetiva de Mill sobre a felicidade: pág.198

– a perspetiva de Mill é hedonista (prazer): a felicidade


consiste no prazer e na ausência de dor.

- a obrigação moral básica é que a nossa ação, nas


circunstâncias em que ocorre, maximize a felicidade
para o maior número possível de pessoas por ela
afetadas.

- os interesses de todos os afetados por uma ação devem


ser tidos em conta de forma imparcial.
– no hedonismo de Mill, distinguem-se dois tipos de
prazer: prazeres inferiores e prazeres superiores.

– os prazeres inferiores são os prazeres dos sentidos, e os


prazeres superiores são os prazeres que envolvem as
nossas capacidades intelectuais.

– para o cálculo da felicidade contam a quantidade e a


qualidade dos prazeres.
Mill, defendeu-se de algumas críticas, afirmando que há
prazeres superiores (intelectuais) e inferiores e que nos
devemos guiar pelos prazeres superiores.

O ser humano não deve ser como um porco satisfeito.


Caráter relativo dos deveres morais:
Em Mill não há deveres morais absolutos -

admite situações em que violar uma regra é aceitável,


pelo que não há deveres morais absolutos, exceto a
própria procura da felicidade.
Conflitos de obrigações:
Mill propõe a utilidade como critério de decisão moral -
segundo Stuart Mill, devemos escolher a ação que
maximize a felicidade da maioria das pessoas
envolvidas (ou que minimize a sua infelicidade).
Objeções
- Não dá importância aos motivos/intenções para avaliar
a moralidade das ações.
- Carácter agregacionista da teoria: o importante é
produzir o maior bem-estar agregado,
independentemente da forma como este se encontra
distribuído pelos indivíduos. Pág. 207
- Ver o argumento da conclusão repugnante pág. 208,
209
- Dificuldades de cálculo: muitas vezes é difícil calcular
as consequências das ações.
- Excesso de exigência, já que impõe ao agente que seja
imparcial na consideração da sua felicidade e da
felicidade de outras pessoas (seguindo as ideias
utilitaristas, se tivéssemos de escolher entre salvar o
nosso pai e um médico que estivesse prestes a
descobrir a cura para uma doença grave, deveríamos
salvar o médico.
Comparação Kant/Mill
- na perspetiva de Kant, as consequências são
irrelevantes para determinar o valor moral da ação; na
perspetiva de Mill, as consequências determinam o
valor moral da ação.

- na perspetiva de Kant, uma ação é boa dependendo da


intenção do agente; na perspetiva de Mill, uma ação é
boa se é útil.
- na perspetiva de Kant, uma ação é boa quando é feita
por respeito à lei moral; na perspetiva de Mill, uma
ação é boa se produz a maior felicidade para o maior
número de pessoas.

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