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IMERSÃO

“Os segredos das respostas certas”

Ficha de Trabalho n.º 3. Atividades Experimentais

EXERCÍCIO 1 (retirado de Exame 2011, 2ª Fase)


Guppies do Rio Aripo
Durante muitos anos, David Reznick e John Endler, cientistas da Universidade da Califórnia,
estudaram as diferenças entre duas populações de peixes guppies, Poecilia reticulata, que vivem no
rio Aripo, em Trindade e Tobago, em dois pequenos lagos separados um do outro por uma cascata
que impede a migração dos peixes.
As diferenças encontradas entre as duas populações são essencialmente a idade média e o
tamanho com que os peixes atingem a maturidade sexual e iniciam a reprodução.
Os principais predadores destes peixes são o killifish (predador K), que consome
predominantemente guppies de tamanho pequeno e juvenis, e o pike-cichlid (predador P), que
consome principalmente guppies de tamanho grande e adultos.
Os guppies que vivem em lagos onde existem predadores P tendem a ser mais pequenos, a atingir
o estado adulto mais cedo e a produzir mais ovos de cada vez, ou seja, a reproduzirem-se de modo
a que não atinjam o tamanho com que são preferencialmente consumidos, uma vez que os machos
param de crescer quando atingem a maturidade sexual. Contrariamente, os guppies que vivem em
lagos onde existem predadores K têm tendência para atingir rapidamente um tamanho que
ultrapasse o que é preferido pelos predadores.
Os cientistas colocaram duas hipóteses para explicar as diferenças entre as duas populações de
guppies:

Hipótese 1: As variações existentes entre as duas populações são devidas a diferenças no


ambiente físico.

Hipótese 2: As variações existentes entre as duas populações são devidas à existência de


predadores com preferências alimentares diferentes.

Para testarem as suas hipóteses, os cientistas efetuaram duas experiências, que se encontram
registadas nos quadros seguintes:

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EXPERIÊNCIA 1
Método:
1- Foram colocadas amostras de duas populações selvagens de guppies em ambientes
físicos idênticos e livres de predadores.
2- Foram efetuadas observações sistemáticas das populações, durante várias gerações.
Resultados: As diferenças entre as duas populações de guppies persistiram por muitas gerações.

EXPERIÊNCIA 2
Método:
1- Recolheram-se guppies de locais com predadores P e colocaram-se em locais livres de
outros guppies, exclusivamente com predadores K.
2- Durante 11 anos foram feitas observações e comparações entre as populações sujeitas
aos predadores K e as populações de guppies que ficaram nos locais de origem com os
seus predadores habituais P. As características observadas foram a idade e o peso com
que os peixes atingem a maturidade sexual.
3- Para validar os resultados, foram feitas observações em amostras destes dois grupos de
populações, mantidos em aquário com condições ambientais idênticas durante duas
gerações.
Resultados: Os resultados das observações efetuadas durante 11 anos no ambiente natural
encontram-se registados nos gráficos seguintes.

1. Na experiência 2, o grupo de controlo é constituído por:


(A) predadores K que se encontram em contacto com guppies de tamanho menor.
(B) predadores P que se encontram em contacto com guppies de tamanho menor.
(C) guppies de tamanho mais pequeno, em contacto com predadores K.
(D) guppies de tamanho mais pequeno, em contacto com predadores P.

2. Explique de que modo os resultados obtidos na experiência 1 rejeitam ou apoiam a hipótese 1.


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EXERCÍCIO 2 (retirado de Exame 2022, 2ªfase)
Um grupo de alunos pretende investigar qual o fator que mais contribui para o declínio das
populações de amieiros: a infeção por Phytophthora sp. ou a falta de água.
Com esse objetivo, irão ser usadas plantas de Alnus glutinosa em boas condições fisiológicas e duas
espécies patogénicas, Phytophthora alni e Phytophthora crassamura, para verificar se os sintomas
observados também variam com o organismo causador da doença.
Para a concretização desta investigação, os alunos propuseram os quatro procedimentos que se
apresentam em seguida.

Considerando o objetivo da investigação, os procedimentos apresentados foram discutidos, tendo


sido selecionado o procedimento C como o adequado.
Apresente, fundamentando, para cada um dos procedimentos, A, B e D, um motivo que justifique
a sua rejeição.

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EXERCÍCIO 3 (retirado de Preparar os Testes Intermédios, BG11, 2013, Areal Editores)
Alga marinha mais comum consegue adaptar-se à acidificação dos oceanos
A diminuição do pH das águas está associada ao enriquecimento das mesmas em dióxido de
carbono, proveniente maioritariamente da combustão do petróleo e do carvão. A acidificação pode
ser um grave problema para as espécies marinhas que constroem as carapaças, conchas e
esqueletos de carbonato de cálcio, diminuindo o seu crescimento e a sua taxa de calcificação, além
de levar ao aparecimento de malformações. É o que acontece em Emiliania huxleyi. A carapaça
desta alga unicelular é formada por várias placas de carbonato de cálcio, os cocólitos. Quando
morre e se deposita no fundo do mar, a Emiliania huxleyi acelera a remoção de carbono das águas
superficiais, pois as suas placas ficam depositadas no leito marinho.
A maior parte dos estudos sobre os efeitos da acidificação do oceano nos organismos marinhos,
incluindo os cocolitóforos (grupo de algas marinhas unicelulares a que pertence Emiliania huxleyi),
tem sido de curto prazo e nenhum testou a adaptação evolutiva.
Neste estudo foi avaliada a resposta de dois grupos de algas da espécie Emiliania huxleyi,
recolhidos nas águas da costa da Noruega, a condições crescentes de CO2: um grupo adaptado a
um ambiente com concentrações superiores de CO2 e outro não adaptado a estes ambientes
(controlo). Estas algas foram mantidas em laboratório sob a influência de concentrações crescentes
de CO2 que correspondem às previsões deste gás para os oceanos. Um ano depois, após 500
gerações, verificou-se que as populações inicialmente adaptadas a concentrações superiores de
CO2 cresceram mais e apresentaram níveis de calcificação superiores aos evidenciados pela
população de algas não adaptadas. Do ponto de vista biogeoquímico a descoberta mais importante
foi a de que existe o restabelecimento parcial das taxas de calcificação em ambos os grupos.
Baseado em Lohbeck et al., «Adaptive evolution of a key phytoplankton species to ocean acidification», Nature Geoscience, 2012

1. O objetivo da pesquisa descrita no documento foi estudar


(A) a influência do dióxido de carbono no aquecimento global.
(B) o papel das algas no equilíbrio dos gases com efeito de estufa.
(C) a interferência da concentração de dióxido de carbono no crescimento da carapaça das
algas.
(D) o papel das algas no ciclo do carbono.

2. A variável independente do trabalho de investigação descrito é


(A) o crescimento da carapaça em algas.
(B) o crescimento da população de algas.
(C) a concentração de dióxido de carbono na água.
(D) o aumento dos gases com efeito estufa na atmosfera.

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3. Os efeitos da concentração de CO2 na água do mar, neste estudo, foram avaliados
(A) pela monitorização dos níveis de CO2 libertados.
(B) pelos níveis de calcificação da carapaça das algas.
(C) pela monitorização dos níveis de O2 consumidos.
(D) pela quantificação dos compostos orgânicos sintetizados.

4. Explique de que modo a alteração do ph do habitat de Emiliania huxleyi poderá conduzir, a


curto prazo, ao desequilíbrio das cadeias alimentares, tendo em conta que ocupam a base
destas.

EXERCÍCIO 4 (retirado de Porto Editora, Testes BG10, 2017-2018)


As interações bióticas são essenciais no equilíbrio dos ecossistemas. Algumas espécies venenosas
possuem cores vivas que fazem com que se destaquem e que avisam os potenciais predadores da
sua perigosidade, evitando ser predadas. Contudo, algumas espécies não venenosas mimetizam as
cores das espécies venenosas, isto é, apresentam cores vivas muito semelhantes.
Foi levantada a hipótese de a mimetização ser uma adaptação evolutiva que reduz a probabilidade
de uma espécie não venenosa ser predada. Em 2001, os investigadores David e Karin Pfennig
testaram esta hipótese recorrendo à cobra-coral (venenosa) e à cobra-rei (não venenosa). Ambas
as espécies possuem um padrão semelhante de cores vivas.
As duas espécies de cobra partilham o mesmo habitat numa dada região dos EUA, mas a cobra-rei
habita outras regiões em que a cobra-coral está ausente. A cobra-coral raramente é atacada pelos
predadores, como, por exemplo, os ursos-pardos, os coiotes e as raposas, uma vez que a
mordedura desta cobra pode ser letal. Era esperado que só nas regiões em que existiam as cobras
venenosas os predadores evitassem atacar as cobras com cores vivas.
Metodologia
1. A experiência foi realizada em condições de campo, usando centenas de cobras artificiais,
feitas com fios e plasticina.
2. Parte das cobras artificiais foi pintada com cores vivas (grupo experimental) e outra parte foi
pintada com cores castanhas (grupo de controlo).
3. Os investigadores colocaram o mesmo número de cobras artificiais em dois habitats naturais,
um com cobras-coral presentes e outro em que as cobras-coral estavam ausentes.
4. Após quatro semanas, os investigadores recolheram as cobras artificiais.

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Resultados
Foi determinado no laboratório o número de ataques que as
cobras artificiais sofreram, contando as mordeduras e as
marcas de garras deixadas pelos predadores naturais. Os
resultados encontram-se expressos no gráfico seguinte.
Baseado em Campbell, N.A. & Reece, J. B. Biology, 8a ed.

1. De acordo com a hipótese, era esperado que


(A) as cobras-coral não fossem atacadas.
(B) o mimetismo protegesse as cobras-rei dos predadores apenas nas regiões com
cobra-coral ausente.
(C) o mimetismo protegesse as cobras-rei dos predadores apenas nas regiões com
cobra-coral presente.
(D) se os predadores evitassem as cobras venenosas, então a predação das cobras-rei seria
maior nos habitats em que estariam presentes as duas espécies.

2. Na experiência analisada, a variável dependente corresponde ____ e a variável independente


corresponderá ____.
(A) às cores da cobra-rei […] ao número de ataques de predadores
(B) às cores da cobra-coral […] à presença ou ausência de cobras-coral
(C) à presença ou ausência de cobras-coral […] às cores da cobra-coral
(D) ao número de ataques de predadores […] às cores da cobra-rei

3. Considere as seguintes afirmações referentes aos resultados.


I. Os resultados indicam que, nas regiões em que estão presentes as duas cobras,
os predadores evitam atacar as cobras não venenosas com mimetismo.
II. Os resultados não permitiram validar a hipótese inicial.
III. No grupo de controlo, a predação foi mais intensa na ausência de cobras-coral.

(A) I é verdadeira; II e III são falsas.


(B) III é verdadeira; I e II são falsas.
(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.
(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.

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4. Os investigadores David e Karin Pfennig repetiram a experiência numa outra região dos EUA,
com outras espécies de cobra-coral e cobra-rei com cores vivas e mimetismo, tendo verificado
o mesmo comportamento dos predadores. Este facto é importante pois
(A) permite concluir que o mimetismo é uma estratégia com vantagens em diversos habitats.
(B) a repetição de uma dada experiência deverá resultar em conclusões semelhantes.
(C) permite verificar que os predadores possuem um comportamento igual nos diferentes
habitats.
(D) permite verificar que os fatores bióticos são constantes entre diferentes habitats.

5. Mencione a importância de colocar o mesmo número de cobras artificiais nos dois habitats
naturais selecionados.

6. Explique em que medida os resultados contrariam a hipótese alternativa de que todos os


predadores evitam as presas com cores vivas.

EXERCÍCIO 5 (retirado de Porto Editora, Testes BG10, 2018-2019)


Existem diversas infeções graves que resultam de vírus que são transmitidos a partir de picadas de
mosquito, tais como o dengue e o vírus Zika. Na ausência de vacinas eficazes contra os vírus, uma
das formas de controlar a propagação das infeções é através da redução da população de
mosquitos. Algumas estratégias passam pela libertação para o meio ambiente de mosquitos
geneticamente modificados e estéreis. Contudo, o sucesso desta estratégia tem sido limitado e
tem causado receios em algumas populações.
O investigador Mains e a sua equipa infetaram mosquitos machos da espécie Aedes albopictus com
a bactéria Wolbachia, que é capaz de afetar a reprodução dos mosquitos. Os cientistas pretendiam
libertar os mosquitos contaminados com as bactérias e verificar se eram capazes de se cruzar com
as fêmeas não contaminadas. Neste caso, a fêmea põe ovos, mas estes não eclodem, uma vez que
o desenvolvimento do embrião é interrompido, devido a incompatibilidade entre os citoplasmas.
A incompatibilidade é causada pela presença da Wolbachia no citoplasma dos espermatozoides. A
bactéria Wolbachia é considerada um dos parasitas mais abundantes da biosfera.
Em 2014, após selecionarem uma pequena área para estudo, os investigadores infetaram machos,
no laboratório, com a bactéria Wolbachia. Ao longo de 17 semanas, libertaram 10 000 machos
infetados (uma vez por semana), para que o seu número fosse muito superior aos mosquitos
selvagens. De seguida, recolheram ovos em 15 locais diferentes e nas proximidades do local de
libertação dos mosquitos. Para além destes locais, selecionarem outros 11 mais afastados e que
não tinham mosquitos infetados com Wolbachia.

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O número de fêmeas foi determinado ao longo da experiência (figura A) e a taxa de eclosão de
ovos também foi calculada e encontra-se representada na figura B.

Baseado em Mains, J. et al. (2016). Female Adult Aedes albopictus Suppression by Wolbachia-Infected Male Mosquitoes. Scientific
Reports, vol. 6, Article number: 33846.

1. Mencione o objetivo do procedimento implementado.

2. Relativamente à experiência apresentada, é possível afirmar que


(A) não permite obter conclusões fiáveis.
(B) possui apenas uma variável dependente.
(C) não permite conclusões válidas, pois o procedimento não é adequado.
(D) a variável independente é a presença/ausência de machos com Wolbachia no ambiente.

3. As seguintes afirmações são relativas aos dados.


I. O controlo corresponde às amostras e aos locais em que não foram libertados machos
contaminados com bactérias.
II. A recolha de um elevado número de ovos aumenta a fiabilidade dos resultados.
III. Entre as bactérias e os insetos estabelece-se uma relação abiótica.

(A) I e II são verdadeiras; III é falsa.


(B) I é verdadeira; II e III são falsas.
(C) II é verdadeira; I e III são falsas.
(D) II e III são verdadeiras; I é falsa.

4. Os dados da experiência revelam que


(A) o número de fêmeas é sempre menor nos locais contendo machos com Wolbachia.
(B) não existem variações nos resultados ao longo do tempo.
(C) em julho de 2014 se verificou o maior efeito na redução da eclosão de ovos.
(D) o número de fêmeas em agosto de 2014 foi o mais baixo.

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