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Resumo 🪷

A ética normativa é o ramo da ética que lida diretamente com o


problema do critério ético da moralidade da ação: “O que é que
torna uma ação moralmente correta ou errada?”

Esta ética procura determinar:


O que tem intrinsecamente valor (ou desvalor) - ou seja, procura
desenvolver, comparar e avaliar diferentes teorias do valor;
O que é certo ou errado fazer - ou seja, procura desenvolver,
comparar e avaliar diferentes teorias da obrigação;

Algo tem valor intrínseco se, e só se, tem valor em si mesmo e por si
mesmo, isto é, independentemente daquilo que possa por seu
intermédio ser alcançado.
Algo tem valor instrumental se, e só se, tem valor apenas como meio
para alcançar certos fins.

O Utilitarismo de John Stuart Mill defende:


- a única coisa que tem valor intrínseco é a felicidade;
- a ação correta é aquela que, entre as alternativas disponíveis,
promove mais felicidade.

O princípio da utilidade não se refere apenas à maior felicidade do


próprio agente, mas sim à maior felicidade geral.
O Utilitarismo é uma teoria hedonista, o que significa que a
felicidade consiste apenas no prazer e na ausência de dor.

Segundo Mill, existem prazeres qualitativamente superiores


(prazeres intelectuais - como a amizade, o amor,…) e prazeres
qualitativamente inferiores (prazeres corporais - como necessidades
primárias, comida, água, sexo,…).

O Utilitarismo de Mill é também uma teoria consequencialista pois


sustenta que o estatuto moral dos atos depende exclusivamente das
suas consequências.
Esta é também uma teoria agregacionista pois defende que a ação
correta é aquela que produz maior bem-estar geral agregado,
independentemente, da forma como este se encontra distribuído pelos
diferentes indivíduos.

Mill não defende que devemos recorrer ao princípio da utilidade para


tomarmos decisões, devemos adotar certos princípios secundários,
que a experiência já demonstrou serem tendencionalmente
conducentes à maior felicidade, e utilizá-los como guias
relativamente seguros para a nossa conduta.

Estes princípios secundários não devem ser encarados como regras


morais absolutas.

As principais críticas à ética de Mill podem ser:


- existe uma falsa analogia, existem diferenças relevantes entre as
propriedades “visível” e ”audível” e a propriedade “desejável”.
- existem contraexemplos à tese enunciada na premissa 4 do
argumento a favor do princípio da utilidade.
- a premissa 7 do argumento a favor do princípio da utilidade é uma
falácia da composição.
- o hedonismo é falso pois não estamos interessados apenas em obter
o maior saldo possível de experiências aprazíveis. (demonstrado por
Nozick)
- não tem conta a separação entre indivíduos.
- implicar estar sempre a melhorar o estado de coisas apenas
aumentando o número de indivíduos com um nível minimamente
positivo de bem-estar.
- considera que é permissível cometer injustiças em nome da
promoção da maior felicidade.
- é demasiado exigente, pois, por maiores que sejam os sacrifícios
pessoais que isso implique, nunca podemos fazer menos do que
maximizar a felicidade geral.

A ética deontológica de Immanuel Kant defende:


- a única coisa que tem valor intrínseco é a boa vontade;
- a ação correta é aquela que é executada por uma boa vontade, isto
é, que é motivada pelo puro cumprimento do dever.

A boa vontade é aquela que age motivada pelo puro cumprimento do


dever e NÃO por qualquer interesse ou inclinação pessoal.
Para Kant, uma ação é correta se, e só se, é executada por uma boa
vontade.

Kant distingue três tipos de ações:


- ações contrárias ao dever
- ações conforme o dever
- ações por dever

As ações contrárias ao dever são proibidas, coisas que nunca


podemos intencionalmente fazer, pois implicam violar os direitos
fundamentais das pessoas.
As ações conforme o dever são ações que se encontram de acordo
com o dever, porém não são realizadas por dever, mas sim por
interesse ou por inclinações pessoais.
As ações por dever são as únicas que têm valor moral intrínseco, uma
vez que são realizadas por si mesmas, e não por aquilo que por seu
intermédio possa vir a ser alcançado.

Kant considera que quando agimos é como se estivéssemos a seguir


uma máxima, isto é, uma regra ou um princípio que nos manda agir
de uma determinada maneira.
As máximas traduzem-se em imperativos que seguimos quando
agimos.

Os imperativos que seguimos quando agimos podem ser de dois tipo:


- imperativos categóricos
- imperativos hipotéticos

Os imperativos hipotéticos têm subjacente a forma “faz x, se queres


y!” portanto, a ação que recomendam não é realizada por si mesma,
mas sim tendo em vista um determinado fim.
Os imperativos categóricos têm subjacente a forma “faz x!” portanto,
são absolutamente incondicionais, isto é, representam a ação como
objetivamente necessária.

Apenas os imperativos categóricos podem levar a ações por dever,


isto é, ações realizadas por se reconhecer que é aquilo que
objetivamente deve ser feito; portanto apenas ações guiadas por este
tipo de imperativos podem ter valor moral.

A ética de Kant é uma ética deontológica, pois sustenta que as


consequências não são o único fator relevante para determinar o
estatuto moral das nossas ações.

De acordo com Kant, o princípio fundamental de toda a moralidade é


o imperativo categórico, que recomenda o seguinte: age sempre
segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela
se torne lei universal.

Para Kant, uma ação é correta se, e só se, podemos


consistentemente querer que a máxima subjacente à mesma se
converta numa lei universal.
O teste da universalização tem duas componentes:
- o teste da consistência da máxima
- o teste da consistência da vontade.

Kant sustenta que existem dois tipos de deveres:


- deveres perfeitos
- deveres imperfeitos

A máxima de uma ação que viola um dever perfeito não passa no


teste da consistência da máxima.
A máxima de uma ação que viola um dever imperfeito não passa no
teste da consistência da vontade.

Os deveres perfeitos têm sempre prioridade sobre os deveres


imperfeitos.

Uma vontade é autónoma se, e só se, age segundo as leis que formula
para si mesma.
Uma vontade é heterónoma quando, em vez de fornecer a si mesma a
sua própria lei, esta é-lhe imposta a partir de fora, em vez de se
autodeterminar por um imperativo moral da natureza racional.

Ao contrário de tudo o resto que exista na natureza, as pessoas têm


valor intrínseco incondicional: dignidade humana.

Kant sugere outra formulação do imperativo categórico, que


recomendam o segundo:
Age de tal de maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa
como na pessoa de qualquer outra, sempre e simultaneamente como
fim em si e nunca simplesmente como meio.

A ética kantiana enfrenta as seguintes críticas:


- não permite fazer uma avaliação conclusiva de uma ação quando
não somos capazes de determinar com exatidão qual é a máxima
subjacente à mesma - problema de indeterminação.
- não permite resolver conflitos entre deveres absolutos.
- não é consistente com o facto de haver máximas imorais
universalizáveis.
- implica, erradamente, que só temos obrigações morais para com
seres racionais, morais e autónomos.
- implica, erradamente, que os nossos desejos e emoções não têm um
papel a desempenhar no domínio na moralidade das nossas ações.

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