O problema da definição da obra de arte

Indefinibilidade da obra de arte? Ambiguidade da definição de obra de arte?

Teoria Teses Objeções

A capacidade para reproduzir a realidade é o
que dá valor artístico a uma obra.
Imitação
Será artística a obra que «copiar» a realidade e
(representação)
nos iludir ao ponto de pensarmos que estamos a
olhar para a realidade natural e não para um
quadro ou escultura.
«Não se pode imitar aquilo que se quer criar.»
(Georges Braque) ​
«A arte não reproduz o visível: torna visível.»
(Paul Klee). ​
«Nem servidor submisso, nem mestre absoluto, o
artista é o intermediário.»
(Paul Klee)

«A natureza não tem imaginação.» (Baudelaire)​

A arte é o veículo privilegiado para a

comunicação de sentimentos e emoções do
artista. ​
É muito difícil compreender que sentimentos
Expressão Este não se limita a descrever o seu sentimento
seriam expressos por certos quadros e
(emoção) de alegria ou de dor; não se limita a revelar ou a
composições musicais.
mostrar o seu sentimento de raiva ou de medo; o
artista partilha os seus sentimentos com os seus
semelhantes (os outros homens).

A teoria de Bell pode ser resumida na expressão

«A arte é forma significante». Esta é a principal
- Há pessoas que não sentem emoção estética
mensagem: a teoria é essencialmente a
perante determinados aspetos formais da obra
seguinte: alguns objetos, criados por mãos
artística.
humanas, foram, por algum motivo, dotados com
Forma significante o poder de produzir uma emoção estética nos
- Esta teoria não estabelece uma relação clara
espetadores sensíveis. Estes objetos estão por
entre a forma significante e a emoção estética.
todo o lado; e quando estamos interessados
neles enquanto obras de arte é irrelevante
quando foram feitos, quem os fez ou porquê. O
poder para produzir uma emoção estética é

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 inerente à forma significante. A forma
significante é uma combinação de linhas, formas
e cores em certas relações. Nem toda a forma é
significante; mas se um objecto tem uma forma
significante, tem-na por causa das relações
entre essas linhas, formas e cores. A forma
significante, defendeu Bell, é «a única qualidade
comum a todas as obras de arte visual»
A obra de arte não é definida por critérios
intrínsecos e essencialistas; o que é arte fica ao
critério do mundo da arte, i.e. a comunidade de
artistas, críticos de arte, colecionadores,
diretores de museu, galeristas que lhe conferem
Institucional
o estatuto de candidato à apreciação.
• A natureza da arte reside em propriedades não
manifestas associadas ao modo como se processa
a sua criação. A arte é necessariamente
retrospetiva, uma vez que a criação artística
estabelece uma relação apropriada com a
atividade e o pensamento humanos que se
traduziram na história efetiva da arte. É essa
Histórica relação que determina aquilo que a arte é, o seu
carácter ontológico, e explica a unidade da arte
através do tempo.
• Condições necessárias e suficientes para haver
arte:
- direito de propriedade:
- intenção (que relaciona a arte do
presente com a arte do passado).
Embora inclusiva, já que permite incluir obras
que teriam sido excluídas pelas anteriores
perspetivas, apoia-se numa definição de arte
tautológica: arte é o que o mundo da arte aceita
como tal, o que equivale a dizer arte é arte.
• Se soubéssemos hoje que Miguel Ângelo tinha
roubado a mármore com que esculpiu a Pietà
estaríamos dispostos a rever o estatuto de obra
de arte que lhe foi atribuído?
• O manuscrito de O Processo deveria ter sido
destruído a pedido de Kafka aquando da sua
morte. Contudo, as obras foram publicadas e
ninguém questiona a sua artisticidade enquanto
obras literárias, apesar do autor ter formulado
exatamente a intenção contrária.
• E o que dizer das obras primordiais como as da
arte primitiva?
•Por fim, ao centrar-se no processo deixa de
fora a questão ontológica: o que é, em si mesma
a obra de arte.
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- A arte é definível, não é definível?
- Será possível ultrapassar a ambiguidade com que nos confrontamos, ao avaliar uma obra de arte segundo os critérios anteriormente referidos?
- Não estará nessa mesma ambiguidade a essência da obra de arte?
- Finalmente, o que têm as teorias consideradas em comum?

● a obra de arte é percebida sensorialmente;

● a obra de arte afeta-nos, surpreende, provoca espanto, admiração, modificando o nosso modo de sentir e perceber a realidade;
● a obra de arte é um meio específico de comunicação;
● os aspetos anteriormente referidos dependem de qualidades estéticas inerente à obra (por exemplo as cores, a textura dos materiais, os sons);
contextuais (próprias de um determinado contexto histórico, social, político) e relacionais ( dependentes da relação com o sujeito da
apreciação/fruição estética).

Referências:
Rodrigues, Luís, Filosofia 10, Lisboa, Plátano Editora, 2013
Gaspar, Adília, Filosofia 10, Lisboa, Raiz Editora, 2013
Mateus, Paula “A Questão da Natureza da Arte: as teorias históricas de Levinson e Carroll”,
in Repositório da Universidade de Lisboa, disponível em https://repositorio.ul.pt/. Acesso em 27 de abril de 2020