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O problema da DEFINIÇÃO DE ARTE

Tipo de definição Definição A favor Objeções


É essencialmente Algo é arte só se - As obras de arte interessam-nos na - Parece haver contraexemplos: alguma pintura abstrata geométrica
representação de representa alguma medida em que significam algo. Para (criação de meros padrões e formas sem significado especial); alguma
algo. coisa. que tenham significado, têm de música puramente instrumental; algumas obras de arquitetura. A
representar (ou referir) alguma coisa, representação parece, pois, não ser uma condição necessária.
Teoria da arte ideia ou ação.
como - Podem evitar-se tais contraexemplos, defendendo uma noção de
representação - Sendo a representação uma representação suficientemente abrangente (algo representa na medida em
Aristóteles condição necessária da arte, e tendo que pode ser interpretado). Porém, isso torna vazia a noção de
em conta que há diferentes formas representação, pois nesse sentido tudo acabaria por ser representação de
de representaçãoo, tal condição alguma coisa.
proporciona um criério para avaliar
obras de arte particulares.
É essencialmente Algo é arte se e só se - A arte tem uma capacidade inegável - Parece haver contraexemplos de coisas que são arte e que alegadamente
Definições expressão de é a expressão de nos emocionar, e o que explica não visam exprimir emoções - como alguma pintura abstrata geométrica,
emoções. contagiante de essa capacidade é as obras de arte alguma pintura descritiva e paisagística; alguma arquitetura - o que torna a
essencialistas emoções pessoais. serem a expressão dos sentimentos definição demasiado exclusiva.
Teoria da arte (Tolstói) do seu criador.
como - É improvável que os criadores de obras complexas e extensas
expressão Algo é arte se e só se - Explica também por que razão se experimentem a variedade de emoções que é suposto estarem a transmitir.
Tolstói e é a expressão costuma valorizar a autenticidade na
clarificadora de arte (o artista ter sentido realmente - Os atores de teatro e de cinema são artistas e não precisam de sentir
Collingwood
emoções pessoais. algo em vez de imitar sentimentos realmente o que é suposto exprimirem.
(Collingwood) que não teve).
- Não poderíamos saber se muitas obras são arte uma vez que não temos
- Também proporciona um critério acesso à mente de quem as criou para decidir se houve ou não emoção e
para avaliar obras de arte qual.
particulares.

É essencialmente Algo é arte se e só se - A arte atrai-nos por si mesma, sem - Parece haver contraexemplos que indicam que a definição é demasiado
forma significante. tem forma precisarmos de encontrar razões fora inclusiva: há objetos que não são arte e cuja forma é visualmente
significante. dela para isso, o que significa que indistinguível de outras que o são (Fonte de Duchamp).
consiste essencialmente na exibição
Teoria de padrões interessantes em si - A explicitação das condições necessárias e suficientes redunda em
formalista mesmos (forma significante). circularidade, pois esclarece-se a noção de forma significante à custa da
da arte noção de emoção estética; e esta, por sua vez, à custa daquela.
Clive Bell - Explica por que razão a arte é
normalmente objeto de pura - Aponta para uma conceção elitista da arte, como algo só ao alcance de
contemplação (ou apreciação alguns.
desinteressada).

- A crítica de arte recorre


normalmente a termos que
descrevem as características formais
de obras de arte particulares para
justificar a sua avaliação.
É um conceito O conceito está - Tem em conta a enormediversidade - A justificação para a ideia de que a arte é um conceito aberto baseia-se
aberto. sempre sujeito a de obras e formas de arte. ela própria numa dada conceção da natureza da arte (ser criativa,
reajustes, de modo a inovadora, etc.), que é precisamente o que o cético diz não existir.
Teoria da aplicar-se a novos - Explica por que razão, ao
indefinibilidade casos. Definir arte é observarmos a enorme variedade de - O facto de as características comuns a todas as obras de arte não serem
da arte impossível, pois é obras de arte, não conseguimos percetualmente detetáveis não mostra que não existam, pois podem ser
Morris Weitz tentar fechar um encontrar um conjunto fixo de perpetuamente indetetáveis.
conceito por natureza características que todas elas, e só
O conceito é
aberto. elas, tenham (ceticismo). - O critério das semelhanças de família não permite distinguir objetos que
indefinível não são arte e que são percetualmente indistinguíveis de outros que o são
Podemos, contudo, - Visa explicar por que razão todas as (os ready-made de Duchamp, por exemplo).
identificar as obras definições falharam e também por
de arte pela que razão não precisamos delas. - As primeiras obras de arte não se assemelham a outras obras de arte já
observação de certas existentes, precisamente por serem as primeiras.
semelhanças de
família com casos
paradigmáticos
disponíveis.
É o que circula Algo é arte se e só se - Apresenta condições necessárias e - A definição inclui termos pouco claros e demasiado vagos, como as
como candidato a é um artefacto ao suficientes para classificar algo como noções de «mundo da arte», de «ser candidato a apreciação» e de «alguém
apreciação no qual alguém, em arte sem precisar de indicar agir em nome de uma dada instituição».
mundo da arte. nome de uma certa características observáveis comuns a
instituição (o mundo todas as obras de arte. - A definição é circular, pois o próprio termo «arte» é usado para definir o
Teoria da arte) conferiu o conceito de arte.
institucional estatuto de - Explica por que razão há obras de
da arte candidato a arte que são percetualmente - Torna impossível a existência do artista isolado, que cria fora de qualquer
George Dickie apreciação. indistinguíveis de objetos que não contexto institucional, o que parece inaceitável.
Definições são arte (o contexto faz a diferença).
- Quem propõe um dado objeto como candidato a apreciação ou tem
não - Considera a existência tanto da boa razões para isso, caso em que são essas razões que contam e não o
essencialistas arte como da má arte. contexto, ou não tem razões e, nesse caso, torna-se arbitrário classificar
algo como arte. Seja qual for o caso, tal torna a definição institucional vazia.
É o que foi Algo é uma obra de - Permite explicar todos os aspetos - As falsificações de obras de arte (a arte forjada) reúnem as condições
intencionalmente arte se e só se há ou que a teoria institucional também indicadas pela definição histórica, pelo que deveriam ser classificadas como
concebido para houve, da parte do consegue explicar. arte. Mas muitos consideram que não são arte.
dar continuidade a seu titular, a
uma certa intenção séria de que - Não enfrenta algumas das - Não consegue explicar a existência das primeiras obras de arte.
tradição histórica. isso seja encarado dificuldades da teoria institucional,
como as obras de relacionadas com as noções - Há obras de arte importantes e cujos autores nunca tiveram a intenção de
Teoria arte preexistentes alegadamente misteriosas de que viessem a ser encaradas como arte, pelo que não são abrangidas pela
histórica são ou foram «mundo da arte» e de «alguém definição. Isso torna a definição demasiado restritiva.
da arte corretamente conferir estatuto».
Jerrold Levinson encaradas.

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