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11º Ano

2.º Semestre Professora: Mariluz Gomes Barata

Data: 23.05.2022
A dimensão estética — análise e compreensão da experiência estética.
Filosofia da Arte. A criação artística e a obra de arte.
O problema da definição de arte.
Teoria da indefinição da arte.
Teorias essencialistas:
a arte como representação,
a arte como expressão,
a arte como forma.
Teorias não essencialistas:
a teoria institucional,
a teoria histórica.
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CAPÍTULO 8 – Lições nº 30 - 33

A dimensão estética – Filosofia da Arte


Páginas 138 - 162.
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A dimensão estética – análise e compreensão da
experiência estética

-Etimologia: grego aisthesis - sensação e sensibilidade.

-É uma disciplina filosófica criada por Baumgarten (1714 -1762) em


1750, que reflete sobre a arte, a beleza e os seus fundamentos.

Alguns problemas estéticos:


- O que é o belo?
- O que é uma experiência estética?
- O que é um juízo estético?
-O que é a arte? …
A dimensão estética – análise e compreensão da experiência
estética
Elementos da Experiência Estética

Alguém que experiencia Significações

Algo experienciado Contexto ambiental,


social e cultural
Contacto entre ambos
Imaginação
Artista Natureza Sentimento estético Época
Agrado / Desagrado Criação
Obra de Arte Prazer estético… Tempo
Espectador Espaço Recriação

Caráter
Polissémico
A dimensão estética – análise e compreensão da
experiência estética

Representa-
SUJEITO: ção do OBJETO ESTÉTICO:
– Artista
objeto – Natural
– Artístico: criações
– Espectador humanas.

Características da Experiência Estética:


-É uma experiência valorativa: rompe com a indiferença face ao objeto.
-Implica sensibilidade estética.
-Envolve o sentimento de prazer estético: desinteressado e contemplativo.
-Tem um caráter transfigurativo (reflexão, imaginação, criatividade,
originalidade…)
-Implica uma atitude estética.
CATEGORIAS / PROPRIEDADES ESTÉTICAS

Belo Dramático Cómico Ridículo Delicadeza Magnífico

Sublime Fantástico Harmonioso Feio Elegância Encantador

Poético Trágico Deprimente Horrível Admirável Majestoso

Grandioso Gracioso Grotesco Agradável Soberbo Lindo

Imponente Bonito Irónico Equilíbrio Assombroso …


O que é arte?

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Guillaume Apollinaire, poeta francês, poemas escritos durante a Primeira


Guerra Mundial (1914-1918) e publicados em 1918.
O caligrama - escrita-imagem (uma mistura de caligrafia e ideograma)

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Problema da definição da arte.
Mas, isto é arte? O que é a arte?
Porquê? O que faz uma foto não ser arte e a outra ser? Qual é a diferença
que faz a diferença?

Fonte, Patti Smith,


de Marcel Duchamp de Robert Mapplethorpe

Há alguma(s) caraterística(s) que todas as obras de arte, e só elas, tenham em


comum?
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O que é a arte?

Será possível definir a


arte?
O que têm em comum
todas as obras de arte?

Identificar condições necessárias para algo ser arte.


Identificar condições suficientes para algo ser arte.
Há comtraexemplos?
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Mapa conceptual.

Teorias
Essencialistas

Sim
Teorias Não
Essencialistas
O que é a arte?
Será possível definir arte?

Subjetivismo
Não Posição Cética
e relativismo

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Teorias da Indefinibilidade da Arte
O conceito está sempre sujeito a
reajustes, de modo a aplicar-se a
novos casos.

Definir arte é impossível, pois é


tentar fechar um conceito por natureza
aberto.

Podemos, contudo, identificar as


obras de arte pela observação de
certas semelhanças de família com Morris Weitz (1916-1981)
Filósofo - EUA
casos paradigmáticos disponíveis.

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Teorias da Indefinibilidade da Arte

Teoria da Indefinibilidade da Arte


Tem em conta a enorme diversidade de obras e formas
de arte.

Explica por que razão, ao observarmos a enorme


variedade de obras de arte, não conseguimos
encontrar um conjunto fixo de características que
todas elas, e só elas, tenham (ceticismo).

Visa explicar por que razão todas as definições


falharam e também por que razão não precisamos
delas.

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Objeções à teorias da Indefinibilidade da Arte

A justificação para a ideia de que a arte é um conceito


aberto baseia-se ela própria numa dada conceção
da natureza da arte (ser criativa, inovadora, etc.), que
é precisamente o que o cético diz não existir.

O facto de as características comuns a todas as obras


de arte não serem percetualmente / percetivamente
detetáveis não mostra que não existam.

O critério das semelhanças de família não permite


distinguir objetos que não são arte.
As primeiras obras de arte não se assemelham a outras
obras de arte já existentes, precisamente por serem as
primeiras.

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O que é a arte?

Teorias essencialistas.
Teorias não essencialistas.
As condições necessárias e suficientes
da arte dependem das características As condições necessárias e suficientes
internas dos objetos.
da arte não dependem das
Quais são as características de um dado características internas dos objetos.
objeto que fazem esse objeto ser uma
obra de arte? Como é que um qualquer objeto
adquire o estatuto de obra de arte?

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O que é a arte?

Teorias essencialistas: Teorias não essencialistas:


Arte como representação Teoria institucional da arte
Arte como expressão Teoria histórica da arte
Arte como forma

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Teorias Essencialistas: Teoria da imitação
Dá-se o nome de teoria da arte como imitação à perspetiva
mais antiga sobre a natureza da arte, que data da Antiguidade.

Há alguma caraterística comum a todas as obras de arte?

A tese central da teoria da arte como imitação, ou teoria mimética, é a


seguinte:
 A arte é imitação da realidade. A teoria da imitação apenas indica
condições necessárias, mas não suficientes.

 O valor estético da obra de arte é conferido pelo grau de fidelidade com


que o artista retrata a realidade.
Teorias Essencialistas: Teoria da imitação

PLATÃO:
Precisamente por ser imitação, a arte tem pouco valor. Platão parte da tese de
que a arte é imitação para concluir que ela deve ser repudiada

A arte é como um espelho que se coloca diante das coisas.

As obras de arte são cópias das realidades que estão ao alcance dos nossos
sentidos e destinam-se a iludir-nos.

ARISTÓTELES:
Cada arte imita coisas diferentes (ações humanas ou estados de coisas) ou de
maneiras diferentes (a dança imita ações por meio do gesto, a música por meio
do som, o teatro por meio de atores, a poesia por meio da descrição, etc.).

Aristóteles atribui a arte um papel social e pedagógico importante.


Teorias Essencialistas: Teoria da imitação
Objeções à teoria da arte como imitação:
Mas será que todas as obras de arte imitam mesmo?
Quer dizer, será que a imitação é condição necessária para algo ser arte?

- Muitas obras que reconhecidamente são arte não imitam nada.

- Existem muitos exemplos de objetos geralmente classificados como arte e


que não imitam seja o que for: música puramente instrumental, pinturas
abstratas, etc.

Este quadro do pintor russo


Kandinsky não parece imitar
seja o que for.
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Teorias Essencialistas: Teoria da representação
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Melhorar a teoria:
representação em vez de imitação
A noção de representação inclui a de imitação: tudo o que imita representa, mas nem
tudo o que representa imita algo.
Imagens que representam algo que não está a ser imitado: a paz (pomba), a santidade
(círculo dourado à volta da cabeça), marca de automóveis (estrela de três pontas), …

clube desportivo
paz santidade automóveis Mercedes-Benz sentido proibido

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Teorias Essencialistas: Teoria Expressivista

A tese da teoria da arte como expressão é que a arte está


ligada à expressão de emoções: a criação obra de arte traduz o
sentimento do artista, a contemplação da obra desencadeia a
emoção no espectador.
(Autopsicografia - Pág.161)

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Teorias Essencialistas: Teoria Expressivista

Tolstoi (1828-1910) Collingwood (1889-1943)


Escritor russo Filósofo inglês

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Teorias Essencialistas: Teoria Expressivista
Segundo Tolstoi, a verdadeira arte: Collingwood também considera
que a arte é expressão de
-É uma forma de comunicação que une o
sentimentos.
artista e o espectador com quem partilha os
seus sentimentos (contagiando o recetor). A função da arte é clarificar,
através da sua expressão, os
sentimentos indefinidos do artista,
- Exige clareza de expressão na transmissão que ele começa por nem saber
dos sentimentos e emoções, autenticidade, identificar.
intencionalidade e sinceridade por parte do
artista.
- leva o espectador a experimentar A clarificação de sentimentos é
algo que se encontra apenas na
sentimentos e emoções idênticos àqueles
verdadeira arte. A falsa arte
que o artista experimentou (singularidade (entretenimento, artesanato) não
do sentimento do artista). visa a clarificação de estados 50
emocionais individuais do artista.
Objeções à Teoria Expressivista

- Existem muitas obras de arte que não expressam as emoções do artista.

- Não nos fornece um critério seguro para identificar a verdadeira arte,


distinguindo-a da falsa arte.

- Não poderemos apenas recorrer às reações do público porque poderão surgir


respostas muito distintas e até contrárias. E como saberemos se a obra
corresponde a uma emoção que o artista terá sentido ao criá-la?

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Teorias Essencialistas: Teoria Formalista

Clive Bell (1881-1964)


Crítico de arte inglês
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Teorias Essencialistas: Teoria Formalista

Para o crítico de arte Clive Bell, a emoção estética


desencadeada no espectador pelas verdadeiras obras de arte
decorre de uma qualidade que tais obras possuem: a forma
significante.

A forma significante é aquilo que faz um dado objeto


destacar-se pela sua própria aparência ou por si mesmo (uma
certa combinação de linhas, cores e volumes, por exemplo).
(Pág. 150)

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Teorias Essencialistas: Teoria Formalista

Van Gogh, Par de Botas, 1887


A combinação de cores e texturas possui forma significante e, como tal,
produz a emoção estética.
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Objeções à Teoria Formalista

Qualquer destas obras de arte tem exatamente a mesma forma que outros objetos que não
são arte:
a) Fonte, de Marcel Duchamp, é visualmente indistinguível de outros urinóis iguais que
ficaram na fábrica.
b) Brillo Box, de Andy Warhol, é visualmente indistinguível das banais caixas de
detergente Brillo.
Como poderiam, de acordo com a teoria formalista, umas ser
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arte e outras não?
Objeções à Teoria Formalista
-A definição de arte é circular:
as obras de arte reconhecem-se porque produzem uma
emoção estética, mas a emoção estética define-se como o tipo
de emoção provocada especificamente por obras de arte.

-Esta circularidade estende-se à relação entre os conceitos de


forma significante e emoção estética:
a emoção estética é aquela que é provocada por objetos que
possuem forma significante, e a forma significante é a
propriedade dos objetos capazes de produzir emoção estética.

-O conceito de forma significante é um dos aspetos mais


controversos da teoria formalista. O que faz com que uma forma
seja significante?
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O que é a arte?

Teorias essencialistas: Teorias não essencialistas:


Arte como representação Teoria institucional da arte
Arte como expressão Teoria histórica da arte
Arte como forma

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Teorias Não Essencialistas: Teoria Institucional

Teoria Institucional
Uma obra de arte é «um artefacto ao qual uma ou
várias pessoas, agindo em nome de uma certa
instituição social (o mundo da arte), conferem o
estatuto de candidato à apreciação» (George Dickie). George Dickie
(1926 )Flórida
A arte relaciona-se com a prática social. Filósofo
O contexto cultural em que uma obra é criada e
apresentada é o que faz com que ela seja reconhecida
como arte.

O estatuto de obra de arte é conferido por pessoas


que, estando ligadas à esfera artística, detêm
autoridade suficiente para o fazer, através de
processos como a exibição, a representação, a
publicação…

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Teorias Não Essencialistas: Teoria Institucional

Teoria Institucional
O conceito de arte não tem sentido valorativo, mas de
classificação.

O sentido de classificação fornece um critério para


separar o que é arte daquilo que não o é, não
importando o valor estético do objeto.

O que permite que uma obra seja considerada arte é a


presença de determinadas condições: ser um
artefacto e ser candidato à apreciação (estatuto).

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O que é a arte?
Mas, isto é arte?
Porquê? O que faz uma foto não ser arte e a outra ser? Qual é a diferença
que faz a diferença?

Fonte, Patti Smith,


de Marcel Duchamp de Robert Mapplethorpe
Teoria Institucional:
Para ter o estatuto de arte, é necessário que o artefacto seja tratado como tal e
disponibilizado para apreciação do público.
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Objeções à Teoria Institucional

-De acordo com esta teoria quase tudo se pode transformar numa obra de arte,
bastando para tal o parecer de pessoas avalizadas nessa matéria.

- É considerada uma teoria pobre, por ser incapaz de distinguir a boa da má


arte, servindo apenas para classificar artefactos como artísticos ou não artísticos.

-Redunda num círculo vicioso: um objeto de arte é um objeto que é inserido no


mundo da arte para ser apreciado como arte.

-Não reconhece como artistas aqueles que criam as suas obras à margem dos
circuitos institucionais.
Teorias Não Essencialistas: Teoria Histórica

Teoria histórica da arte:

- A natureza da arte reside em propriedades não


manifestas associadas ao modo como se processa
a sua criação.

«X é uma obra de arte se, e só se, X for um


objeto acerca do qual uma pessoa (ou pessoas),
possuindo a propriedade apropriada sobre X,
tiver a intenção não passageira de que este seja
Jerrold Levinson (1948) perspetivado como uma obra de arte como o
Filósofo - EUA
foram as obras de arte anteriores.»

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Teorias Não Essencialistas: Teoria Histórica

Teoria Histórica
Retrospetiva - estabelece uma relação com a
atividade e o pensamento humanos presentes ao
longo da história da arte.

Direito de propriedade - o artista não pode


transformar em arte, objetos que não lhe
pertençam ou em relação aos quais não esteja
devidamente autorizado pelos seus proprietários.

Intenção não passageira - ter uma finalidade em


mente e desenvolver ações para a atingir.

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Objeções à Teoria Histórica
Críticas à teoria histórica da arte

→ O direito de propriedade não pode servir como condição necessária para haver
arte. Podemos imaginar contraexemplos que mostram o contrário do que a teoria
propõe.
Objeções à Teoria Histórica

O Nascimento de Vénus (fig. 1) A Virgem e o Menino com Santa Ana (fig. 2)

Se soubéssemos hoje que Botticelli ou Da Vinci tinham roubado os


materiais com que criaram as suas obras, estaríamos dispostos a rever o
estatuto de obras de arte atribuído a obras como O Nascimento de Vénus
ou A Virgem e o Menino com Santa Ana?
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Objeções à Teoria Histórica
Críticas à teoria histórica da arte

→ A condição da intencionalidade não passageira não é necessária para obter o


estatuto de arte.
O melhor contraexemplo é fornecido por Kafka. Os manuscritos de O Processo e O
Castelo deveriam ter sido destruídos a pedido do autor aquando da sua morte.
Contudo, as obras foram publicadas e ninguém questiona a sua artisticidade
enquanto obras literárias.
Objeções à Teoria Histórica
Críticas à teoria histórica da arte

→ Se toda a arte, para o ser, tem de relacionar-se com a sua história, as obras primordiais
não podem ser arte, porque antes delas não há arte. Mas se não o são, como podem as obras
seguintes ser arte?

→ Levinson afirma que passa a existir uma relação entre o objeto e a história da arte, mas
deixa por explicar o que é em si mesma uma obra de arte.
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