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FILOSOFIA
10º Ano
“A boa vontade não é boa por aquilo que promove ou realiza, pela aptidão para
alcançar qualquer finalidade proposta, mas tão somente pelo querer” 1. A Boa
Vontade surge como o bem supremo do qual todos os outros bens dependem, ela
representa a intenção moral, a intenção de cumprir o dever por puro e
desinteressado respeito pelo dever, independentemente de qualquer outro
motivo e de qualquer consideração sobre a matéria da ação e das suas
consequências (ações por dever). A ação moral constitui um fim em si mesma e
exclui qualquer interesse ou inclinação. Para além das ações por dever, podem ainda
distinguir-se: ações contrárias ao dever (que são contra a lei moral); e ações em
conformidade com o dever: ações motivadas por interesses ou inclinações, mesmo
que estejam de acordo com a matéria do dever – a lei moral. A estes dois tipos de
ações, Kant não lhes confere valor moral.
O dever impõe-se a qualquer ser racional como uma lei moral, um princípio objetivo
de ação com uma origem puramente racional, cujo valor é absoluto e que se exprime
sob a forma de um imperativo categórico ou incondicional. O imperativo moral
kantiano é formal, diz-nos como devemos agir, não o que devemos fazer em cada
circunstância particular. O imperativo categórico é a lei moral que se apresenta ao
nosso espírito sob a forma de uma obrigação que nos impomos a nós próprios e a que
1
KANT, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, São Paulo, Abril Cultural, 1980, p 110
se deve obedecer incondicionalmente, sem quaisquer outras considerações que não
sejam o seu cumprimento determinado pelo seu próprio valor.
O critério que permite distinguir uma ação moral implica conhecer a intenção que
levou o agente a praticá-la. Se não envolve qualquer interesse ou inclinação, se é
desinteressada, então a ação é moral. A intenção moral exprime a subordinação da
vontade humana a uma lei racional, estabelecida a priori (independentemente das
circunstâncias empíricas que envolvem a ação) e que se impõe como uma obrigação.
Esta lei exprime-se num imperativo categórico, cujas máximas são formuladas da
seguinte forma:
Princípio da Humanidade – Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua
pessoa, como na de qualquer outro, sempre simultaneamente como um fim, e nunca
simplesmente como um meio.
Enquanto para Kant o critério da moralidade reside no princípio que norteia a ação e
na intenção com que esta é praticada, para Stuart Mill o que conta são os resultados
da ação medidos pela sua maior ou menor utilidade. Num caso, o que determina
aquilo que é ou não moral são as consequências ou finalidade; no outro, é a natureza
dos princípios e o modo de os pôr em prática.
Para Kant, o bem último a ser prosseguido consiste no império daquilo que designa
por boa vontade; para Stuart Mill é a felicidade. Para Kant, o critério de moralidade
de uma ação consiste no facto de ela ser praticada com a intenção de cumprir o
dever pelo dever, por ser determinada por um imperativo categórico; para Stuart
Mill, nas suas consequências, na sua utilidade para o bem comum.
Ética formal (diz como fazer) Ética material (diz o que fazer)