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A ética de Kant é uma ética deontológica, isto é, uma ética centrada no dever e
que na avaliação moral das ações valoriza a intenção ou a vontade do agente. Para o
autor, uma ação é eticamente correta se for praticada com uma boa intenção ou,
como Kant prefere, com boa vontade.
Boa Vontade/Dever
Boa vontade é aquela que age sempre por respeito ao dever, sendo que agir
por dever é agir por respeito à lei moral.
Kant distingue três tipos de ações:
Ações contrárias ao dever, que são as que contrariam a lei moral: Ex., Numa
loja de produtos eletrónicos, sem que ninguém esteja à vista, sinto que posso roubar um
telemóvel e, apesar de saber que o não devo fazer, contrariando o que o dever manda
roubo mesmo o telemóvel;
Ações conformes ao dever que são as que estão de acordo com a lei moral
mas não são praticadas por respeito a ela, mas por outro qualquer motivo, como
medo das consequências ou desejo de uma recompensa. Ex., na situação anterior, sinto
que posso roubar o telemóvel, mas não faço, não porque respeite a lei, mas porque tenho
medo de vir a ser descoberto;
Ações por dever, são aquelas que, para além de estarem de acordo com a lei
moral, são praticadas por respeito a ela. Ex., ainda na mesma situação anterior, apesar
de sentir que posso roubar o telemóvel, não o faço porque sei que o não devo fazer.
Neste caso o que me leva a agir é o respeito pelo dever que a lei moral impõe. Cumprir
o dever pelo dever é, pois, o lema do agir moral, segundo Kant.
Lei Moral
A lei moral é uma lei que o sujeito, enquanto ser racional, livremente se dá a
si mesmo. Apresenta-se sob a forma de uma ordem, de um mandamento ou de um
imperativo.
Mas os imperativos podem ser de dois tipos: hipotéticos ou categóricos. Os
imperativos hipotéticos não têm valor absoluto, são condicionais, apresentam a ação
como um meio para atingir um fim diferente dela própria. Ex.: “estuda se queres
passar no exame”; “toma o medicamento se queres ter saúde”. Aqui as ações ordenadas,
“estudar” e “tomar o medicamento” têm apenas um valor instrumental.
Os imperativos categóricos têm valor absoluto e incondicional. A ação
ordenada é apresentada como um fim em si mesma, possui valor intrínseco e não
apenas instrumental. Ex.: “estuda!”; “toma o medicamento!”.
A lei moral apresenta-se sob a forma de um imperativo categórico.
Mas, o que diz a lei moral?
Em duas das quatro formulações que dela Kant apresenta, a lei moral diz:
a) “Age apenas segundo uma máxima que possas querer ao mesmo tempo que
se torne lei universal”;
b) “Age de tal maneira que uses a humanidade tanto na tua pessoa como na de
qualquer outro sempre e simultaneamente como um fim e nunca como um
meio”.
A lei moral não é uma lei que seja imposta ao sujeito do exterior. Se fosse
obrigada do exterior, a vontade seria heterónoma. Mas para Kant a vontade humana é
autónoma, é livre, na medida em que tem o poder de se dar a si mesma a lei moral à
qual obedece. Ao obedecer à lei moral a vontade é livre, porque não está a obedecer a
nenhuma autoridade exterior, mas a obedecer a si mesma, enquanto legisladora
universal.
Vantagens:
• É uma moral racional, que valoriza a universalidade e imparcialidade dos
princípios morais, bem como a intenção do agente da ação;
• Valoriza o agir desinteressado, condenando o agir egoísta (agir por respeito à
lei e não por benefício próprio);
• Promove a dignidade do homem (o homem deve sempre ser respeitado como
fim e nunca utilizado como meio);
Limitações:
• É uma ética excessivamente racional e, por isso, “fria”, uma vez que
desvaloriza a parte sensível do humano, as emoções, os sentimentos e os
prazeres, que são importantes no mundo no mundo das relações humanas;
• Não nos ajuda a resolver situações de conflito moral, isto é, de conflito entre
deveres (p. ex. entre o dever de não mentir e o de não revelar a um assassino
o lugar onde se encontra a pessoa inocente que ele quer matar);
• Pode conduzir à universalização de máximas desumanas e imorais (p. ex. um
masoquista poderia desejar que a dor e o sofrimento fossem instituídos em
princípios morais universais);
• Não tem em consideração as consequências nem os contextos particulares da
ação (há situações em que o cumprimento estrito da lei moral provoca mais
sofrimento do que o seu não cumprimento. P. ex. para cumprir o princípio de
não mentir, deveríamos revelar ao assassino que no-lo pergunta, o lugar onde se
encontra a pessoa inocente que ele quer matar.
Kant: Esquema Síntese
Ética deontológica:
• Só a intenção/vontade conta na avaliação moral das ações;
A lei moral
• A lei moral como lei da razão;
Apreciação crítica:
Vantagens
• Valoriza a intenção do agente;
• Promove a dignidade do ser humano (deve ser sempre respeitado como fim em
si mesmo).
Limitações
• Ética excessivamente racional. Desvaloriza a dimensão sensível do humano; •
Não ajuda a resolver situações de conflito moral;
• Pode levar à universalização de máximas desumanas;
Ética Consequencialista
É uma ética consequencialista, porque considera que o valor moral das ações
depende das suas consequências. Uma ação será boa se dela resultarem boas
consequências ou melhores consequências do que das ações alternativas possíveis.
Fatores como a intenção ou os motivos são irrelevantes para a avaliação moral das
ações, dado que se referem ao caráter do agente e não à ação em si mesma.
Para Stuart Mill não há ações intrinsecamente boas, uma vez que a bondade
ou maldade das ações depende das consequências que delas derivam. São boas as
ações das quais resulte a maior felicidade ou, caso tal não seja possível, a menor
infelicidade para o maior número; são más aquelas em que tal não se verifique.
Para Stuart Mill não só não há ações intrinsecamente boas, como não há
deveres morais absolutos, isto é, deveres que, à maneira de imperativos categóricos,
devam ser respeitados por todos os indivíduos em todas as circunstâncias.
Assim sendo, que valor têm para o utilitarismo normas morais como as que
proíbem a mentira, o roubo ou o assassínio? – Essas normas secundárias, cujo valor
é comprovado pela sua antiguidade, são indispensáveis à vida social organizada, pelo
que é importante que sejam obedecidas. Mas se são importantes, não têm valor
absoluto, não devem ser seguidas de forma cega, uma vez que há situações em que,
se pode justificar a sua desobediência e isso verifica-se sempre que, de acordo com o
princípio da utilidade, do seu cumprimento resultar menos bem ou menos
felicidade para o maior número do que do seu incumprimento. Assim, por exemplo,
justifica se mentir, roubar ou matar, se desse ato resultar a salvação da vida de
pessoas inocentes, por exemplo, impedir um atentado terrorista que iria matar muitas
pessoas inocentes,
Para Stuart Mill, o único princípio objetivo e universal que deve guiar todas
as nossas ações, é o princípio de utilidade. A maior felicidade para o maior número é
então o critério absoluto da moralidade da ação. Assim, as normas morais comuns
devem sempre ser seguidas, exceto nas situações em que a sua obediência implique
o desrespeito pelo princípio da utilidade.
Apreciação Crítica da Ética de Stuart Mill
Vantagens:
Limitações.:
Ética consequencialista:
• Só as consequências contam na avaliação moral das ações;
Limitações
• Sobrevaloriza o papel das consequências e não atribui qualquer valor à intenção
moral do agente;
• É excessivamente hedonista. Muitas ações são feitas por dever e não por prazer; •
Desvaloriza o indivíduo face ao grupo;
• Pode levar à justificação de ações comumente consideradas imorais.