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determinada, uma vez que as questões que suscitam remetem, de alguma
maneira, para o problema do sentido do ser, do mundo e da vida (por
exemplo, no âmbito da estética, as perguntas: o que é o belo? Ou, porque é que
um determinado objeto é considerado como obra de arte e outro não?, são questões
que, apesar da sua especificidade, remetem para o problema geral da nossa relação
ao mundo e ao ser);
• Distinguem-se, também, pela radicalidade ou profundidade do seu
questionamento. Enquanto a ciência parte de pressupostos que aceita sem
discutir, por exemplo, a existência do real e a certeza na possibilidade do
conhecimento, a filosofia, partindo da incerteza e da dúvida, indaga sobre os
fundamentos últimos do ser (será que o real existe, ou não passará tudo de uma
ilusão? E o conhecimento, será ele possível?);
• A ciência é um saber objetivo e impessoal; a filosofia é sempre uma pesquisa
e um saber de ordem subjetiva, individual e pessoal;
• As verdades científicas são objetivas, uma vez que podem ser comprovadas
intersubjetivamente ou por processos formais de demonstração, como nas
matemáticas, ou por processos experimentais, como na física ou na biologia.
Por sua vez, as verdades filosóficas, apesar de baseadas em argumentos racionais,
são sempre passíveis de análise, de discussão e de crítica,
• Apesar do carácter teórico de que se reveste, o saber científico liga-se, pela
técnica, ao interesse prático e utilitário; a filosofia, por sua vez, apesar da
utilidade de que se não deixa de revestir, é essencialmente uma especulação
desinteressada e pura. Desde os gregos que o que move a filosofia é o simples
gosto pelo saber.
Fernando Saldanha