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Da Deriva dos Continentes a Teoria da Tectônica de Placas: uma abordagem


epistemológica da construção do conhecimento geológico, suas contribuições
e importância didática

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Joil Celino
Instituto de Geociencias, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brazil
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Geo.br 1 (2003) 1-23 ISSN1519-5708
J. J. Celino, E. C. de Lucena Marques, O. R. Leite http//:www.degeo.ufop.br/geobr

Da Deriva dos Continentes a Teoria da Tectônica de Placas: uma abordagem


epistemológica da construção do conhecimento geológico, suas contribuições e importância
didática.

Joil José Celino 1, Edna Cristina de Lucena Marques1, Osmário Rezende Leite1
1
Universidade Federal da Bahia Instituto de Geociências - DGGA Rua Barão de Geremoabo,
s/no., SALA 308-C, Ondina Salvador - BAHIA - BRASIL CEP 40170-290

RESUMO

A compreensão da evolução do conhecimento científico em Geociências pode ser enquadrada na


epistemologia racionalista. Este trabalho é uma contribuição a estratégia para o trabalho didático
da controvérsia entre a Deriva Continental versus a Tectônica de Placas, define as finalidades das
controvérsias geológicas e incorpora os componentes da epistemologia e história da geologia no
início do século vinte. Algumas implicações na relação ensino-aprendizagem das geociências são
também abordadas.

Palavras-chave: Deriva continental, Tectônica de placas, Conhecimento científico, Epistemologia, História da


ciência.

ABSTRACT

Evolution of scientific knowledge in the Geoscience can best be understood taking the rationalist
epistemologies as a frame reference. We present here a contribution to the strategy for the
didactic work concerning the controversy between “Continental Drift” versus “Plate Tectonics”.
The theme offers the oportunity for the re-creation of so important controversy in the history of
Geology in the beginning of the twenty century. Educational implications namely those
concerned with in service training are stressed.

Keywords: continental drift, plate tectonics, scientific knowledge, epistemology, history of science

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INTRODUÇÃO acontecerá no futuro.


A Teoria da Tectônica de Placas, Cerca de 40 anos antes da Tectônica
desenvolvida nos anos 60, sustenta que as de Placas, uma teoria semelhante foi
maiores feições da superfície da Terra são rejeitada pela comunidade geológica. Em
criadas pôr movimentos horizontais da 1912, o meteorologista e geofísico alemão
litosfera. Tal teoria se destaca pela sua Alfred Wegener, propôs que os continentes
simplicidade, elegância e habilidade para eram móveis, desenvolvendo suas idéias na
explicar uma enorme gama de observações, "Teoria da Deriva Continental". Para um
sendo rapidamente aceita (SENGÖR, 1990). geólogo moderno, o livro de Wegener, "The
Em 1971, um autor de um livro de Geologia origin of continents and oceans", é um
Introdutória afirmava: documento impressionante e presciente,
Durante a ultima década, houve uma contendo muitos dos pontos essenciais da
revolução nas Ciências da Terra, que Tectônica de Placas. Na Inglaterra esta
resultou na aceitação de que os continentes teoria teve alguns adeptos, mas nos Estados
se movimentam sobre a superfície da Terra Unidos ela foi inteiramente rejeitada e
e que o assoalho oceânico se "espalha", ridicularizada. Havendo tantas
sendo continuamente criado e destruído. concordâncias entre as idéias de Wegener e
Finalmente, nos últimos, dois ou três anos, as da Tectônica de Placas, por que a
culminou com o aparecimento de uma teoria rejeição?
global, conhecida como "Tectônica de
Placas". O sucesso da teoria das placas O DESENVOLVIMENTO DO
tectônicas não se deu apenas porque ela PENSAMENTO CIENTÍFICO:

explica as evidências geofísicas, mas


também porque apresenta um modelo no Objetivos
qual dados geológicos, acumulados durante Geólogos e historiadores, atribuem

os últimos 200 anos se encaixam. Além essa rejeição à falta de um mecanismo

disso conduziu as ciências da Terra causal adequado na teoria de Wegener

até um estágio onde ela não apenas explica (HELLMAN, 1999). Porém, evidências

o que aconteceu no passado, o que está históricas demonstram que a deriva

acontecendo no presente, mas também o que continental foi rejeitada apesar da existência

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de explicações plausíveis para os REFERENCIAL TEÓRICO DA

movimentos dos continentes, e que a CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

tectônica de placas foi aceita sem estas


Um conhecimento de raiz empirista
explicações. O objetivo deste texto é
O conhecimento era passado por
demonstrar que a principal diferença entre a
rupturas com o conhecimento de senso
deriva continental e a tectônica de placas
comum. Na perspectiva Empirista
não está nas teorias, mas na natureza das
Baconiana: a experiência e a técnica
evidências usadas para demonstrá-las.
constituem a base e o objetivo do
A compreensão da evolução do
conhecimento. Sendo assim a ciência é
conhecimento científico nas Geociências
conceituada como uma sucessão de
pode ser enquadrada na epistemologia
observações à partir das quais se alcançam
racionalista (MARQUES, 1996). Desta
os princípios gerais através do pensamento
forma, os pontos de vista de Kuhn, Popper e
indutivo, que conduz a conhecimentos
Lakatos podem ajudar a compreender a
seguros (PRAIA, 1995).
substituição que ocorreu na comunidade
Com o desenvolvimento das ciências
científica das perspectivas fixistas pelas
experimentais desembocou-se no
mobilistas, hoje bem expressas na Teoria da
positivismo lógico onde: a realidade surge
Tectônica de Placas.
dotada de exterioridade; o conhecimento
Um outro ponto a ser debatido se
científico é uma representação do real;
refere ao enquadramento teórico para a
existe a dualidade entre fatos e valores;
interpretação de situações concretas
existe um rechaço evidente da metafísica; e
relativas ao desenvolvimento do
há uma preocupação real pela unificação da
conhecimento em Geociências com
ciência (MARQUES,1996).
implicações consideradas relevantes para o
Segundo SOUSA SANTOS (1989)
ensino.
este positivismo lógico materializa a
Desta maneira, a dimensão
dogmatização da ciência: um aparato
epistemológica é útil aos professores, na
privilegiado da representação do mundo,
medida em que permite estabelecer mais
sem outros fundamentos das proposições
facilmente a ponte para a problematização
básicas sobre a coincidência entre a
do ensino e a aprendizagem das ciências.

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linguagem unívoca da ciência e a perspectiva intermediária. Sendo assim, ao


experiência e observação imediata, sem longo do texto será feita uma abordagem
outros limites que não seja o resultado de central do pensamento de cada um deles.
um estudo do desenvolvimento dos
instrumentos experimentais ou lógico- A TEORIA DE WEGENER
dedutivo.
Wegener apresentou sua teoria do
A perspectiva de natureza racionalista deslocamento continental em 1912, no
encontro da Sociedade Geológica de
Uma via pós-moderna de Frankfurt. Ele propôs que os continentes
entendimento da construção do "derivam" lentamente sobre as bacias
conhecimento pretende: valorizar o oceânicas, de vez em quando colidindo um
referencial teórico prévio à observação; com outro e mais uma vez se separando. Em
defender o pluralismo metodológico; 1915, Wegener apresentou estas idéias em
mostrar que o avanço do conhecimento um livro, e em 1926, teve um resumo lido
ocorre por rupturas e discontinuidades mais nos Estados Unidos, numa conferência
do que vias lineares e acumulativas; patrocinada pela American Association of
redimensionar o papel desempenhado pelas Petroleum Geologists (A.A.P.G.). Apesar de
situações de erro; e destacar a importância vários outros geólogos terem proposto a
que tem o consenso da comunidade mobilidade continental (até um americano:
científica para a validade do conhecimento. Frank Taylor), o tratamento dado por
Os críticos ao empirismo apresentam Wegener foi o mais desenvolvido. A teoria
também diferenças sensíveis quanto à de deslocamento de Wegener é facilmente
evolução do conhecimento científico. Para sumariada (HELLMAN, 1999):
Popper, os critérios definidores da evolução
são exclusivamente internalistas (por 1) Os continentes são constituídos de
exemplo, lógico-racionais ou empíricos), material menos denso que o das bacias
para outros como Kuhn, são eminentemente oceânicas.
externalistas (por exemplo, sociológicos). 2) O material que compõe o assoalho
Finalmente, Lakatos manifesta uma oceânico também existe sob os continentes,

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e a diferença de densidade entre eles permite dois últimos pontos continham realmente
que os continentes "flutuem" em equilíbrio algo novo, apesar de Wegener ter
isostático sobre o substrato oceânico mais emprestado o termo Gondwanaland de
denso. Suess; mas enquanto Suess dizia que parte
3) Os continentes são capazes de se deste supercontinente já tinha "afundado",
deslocar sobre o substrato porque este se Wegener argumentava que ele ainda estava
comporta, no tempo geológico, como um entre nós, em pedaços.
líquido altamente viscoso. À luz de como se desenvolveria o
4) As maiores feições geológicas da terra conhecimento científico, POPPER (1963)
(cadeias de montanhas, rifts, arcos de ilhas supõe que os fundamentos teóricos das
oceânicas) e fenômenos geológicos maiores Ciências da Terra estão baseados em
(terremotos, vulcões) são causados pelo especulações sensatas avançadas com muita
movimento horizontal e interação entre os criatividade e na qual o próprio
continentes. Montanhas são formadas pôr conhecimento científico é sempre
compressão nos bordos de continentes em susceptível de refutação do que confirmação
movimento. e prova.
5) Originalmente, toda a Terra era coberta Assim como na ciência moderna, a
pôr uma camada fina, contínua de material atividade de investigação se apresenta como
continental, a qual gradualmente se quebrou um processo contínuo de aproximação
em pedaços que foram se espessando por gradual a seus grandes objetivos,
"amontoamento". Durante o Mesozóico, independente do que podem ou não alcançar
alguns dos maiores continentes estavam plenamente (LAKATOS, 1993).
reunidos num grande supercontinente O ponto-chave é que está em questão
chamado Gondwanaland. processos dinâmicos complexos e não uma
Os dois primeiros pontos são simples adição de conhecimentos que supõe
reafirmações da Teoria da Isostasia. O sua ordenação, preservação e difusão por
terceiro ponto, o conceito de substrato repetição.
móvel, era um conceito geológico já
estabelecido, mas não aplicado para explicar
grandes movimentos horizontais. Apenas os

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AS EVIDÊNCIAS DA DERIVA do Norte à Europa, e a África com a Índia.


Estes fatos podiam ser usados para
Wegener construiu sua teoria para determinar a cronologia dos episódios de
explicar porque alguns continentes se "junção" e "quebra" continentais, permitindo
encaixavam. Os contornos da América do reconstruir a história da Terra.
Sul e África, e da Europa e América do A idéia de Wegener explicava
Norte eram muito semelhantes para ser também os dados paleontológicos. Em 1850,
apenas uma coincidência. Wegener afirmava o zoólogo britânico Sclater, notou que a ilha
que os continentes tinham estado unidos e se de Madagascar não possuía os animais mais
separaram, resultando em formas que se comuns da África (macacos, leões,
encaixam, em tempos geológicos girafas...), mas sim numerosas espécies de
relativamente recentes. Discrepâncias lêmures, um animal comum também na
menores resultariam de deformações durante Índia. Além disso, alguns lêmures de
a ruptura e incertezas sobre os contornos das Madagascar eram quase idênticos a alguns
plataformas continentais. (Wegener baseou dos tipos encontrados na Índia. Para explicar
sua reconstrução nas bordas das plataformas este fato, Sclater postulou a existência de
continentais, vez que é sabido que as linhas um continente afundado: a Lemúria. O
de costa mudam devido a flutuações do advento da teoria da evolução de Darwin
nível do mar e/ou erosão) (1860) alimentou esta idéia. Os lêmures
O encaixe dos continentes foi notado eram muito similares para terem evoluído
antes, mas Wegener encontrou argumentos independentemente. Paleontólogos
abundantes para sua idéia através de uma estabeleceram similaridades faunais em
vasta pesquisa na literatura geológica. As continentes atualmente separados por
seqüências estratigráficas da América do Sul oceanos: Austrália e Índia, África e Brasil.
e Africa eram muito similares durante o Estas similaridades foram usadas por Suess
Mesozóico. Do mesmo modo, complexos como argumento para a idéia dos
ígneos e estruturas apresentavam continentes afundados, e o levaram a
continuidade quando os continentes se postular a existência de um supercontinente
encaixavam. Continuidades comparáveis anterior: o Gondwanaland.
eram observadas quando se unia a América

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Wegener apontou também outras entre os continentes. Os geofísicos, por seu


evidências que indicavam que alguns turno, não concordavam com o
continentes estavam juntos: a flora "afundamento" de continentes. Aí se
Glossopteris, répteis Mesosaurideos, a configurava um dilema:
distribuição dos marsupiais, etc. A A teoria da isostasia prova a
distribuição certas espécies de minhocas impossibilidade de considerar o soalho
parece ser bastante significante, vez que elas oceanico atual como continentes
não nadam, nem voam, nem têm ovos afundados...(e) "a "teoria da Permanência"
resistentes, mas são encontradas apenas nas nos parece a conclusão lógica, a partir do
zonas costeiras de cada lado do Atlântico. nosso conhecimento geofísico, sem
As associações fossilíferas sugerem considerar, é claro ... a distribuição dos
que o clima da Europa era mais quente no organismos. Então temos o estranho
início do Terciário que atualmente. Por espetáculo de duas teorias contraditórias
outro lado, no Permiano, temos depósitos sobre a configuração pré-histórica da Terra
glaciais na Africa do Sul, enquanto que na sendo sustentada simultaneamente - na
Europa desenvolvia-se uma luxuriante Europa, uma adesão quase universal à idéia
vegetação, indicando mudanças climáticas de Pontes Continentais; enquanto que na
não explicadas pelas Teorias Fixistas. O América, todos aderiram à teoria da
meteorologista Wegener sabia que existem permanência de bacias oceânicas e blocos
várias causas possíveis para mudança de continentais.
clima, mas argumenta que, sendo a latitude Respondendo, Wegener afirmava
o controlador predominante do clima que os continentes atuais são os únicos que
moderno, a deriva latitudinal seria a melhor sempre existiram, mas eles se
explicação para estas mudanças. movimentaram horizontalmente. Com suas
palavras (WEGENER, 1966):
DERIVA versus PERMANÊNCIA "Este é o ponto de partida da Teoria
da Deriva ou Movimento. A suposição
Wegener ficou impressionado pela "básica óbvia" comum às teorias das pontes
aparente unaminidade dos paleontólogos a continetais e da permanência - que a
respeito das "antigas conexões" (pontes) posição relativa dos continentes, sem

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considerar suas coberturas variáveis e grandes cadeias de montanhas dobradas.


águas rasas, nunca se alterou - deve estar Deriva continental, falhas e
errada. Os continentes devem ter se compressões, terremotos, vulcanismo, ciclos
deslocado... Houveram "conexões de terra", transgressivos, deslocamento dos polos,
mas formadas pelo contato entre blocos estão, sem dúvida, relacionados às mesmas
atualmente separados, mas não por meio de causas. A intensificação destes fenômenos
continentes que posteriormente afundaram; em certos períodos da história da Terra,
há permanência, mas na área do oceano e mostra que isto é verdade. Mas, o que é a
na área do continente como um todo, mas causa e o que é efeito, apenas o futuro irá
não para oceanos ou continentes revelar (WEGENER, 1966)."
individuais" Diferentemente dos modelos de
Wegener entendeu que ele estava Suess e de Dana, a teoria de Wegener podia
propondo uma teoria de Tectônica, isto é, de explicar montanhas nas bordas de um
movimentos da crosta terrestre, incluindo continente ou mesmo no interior dele. A
de formação de montanhas. O livro de teoria da deriva previa que montanhas
Wegener começa com um ataque à Teoria podiam se formar nas bordas de blocos
de Contração da Terra. A descoberta do continentais, mas podiam ser encontradas
calor radiogênico fê-lo assumir como falsa, dentro dele, onde resultavam do
a antiga premissa de que a Terra estava amalgamento de dois blocos que colidiram.
esfriando. Com uma fonte interna perpétua Conseqüentemente, as montanhas no interior
de calor, a Terra estaria em equilíbrio dos continentes deviam ser mais antigas que
térmico, ou talvez até se aquecendo. Assim, as das suas margens. A teoria também
a contração termal não podia mais ser previa que as similaridades estratigráficas e
considerada como "motor" da tectônica. fossilíferas estariam restritas às épocas
Movimentos horizontais teriam que ocupar geológicas nas quais os continentes estavam
este lugar. O que fosse que causava o reunidos, e finalizariam, de modo
movimento dos continentes, formaria relativamente brusco, quando eles se
também as montanhas: separassem.
"As forças que deslocam os Uma conseqüência imediata da teoria
continentes são as mesmas que produzem as da deriva era que se os continentes se

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movimentaram no passado, eles devem estar formação de cadeias de montanhas. Mas


se movimentando hoje. Wegener acreditava existem também diferenças: os continentes
que teria evidências destes movimentos a se movimentavam independentemente da
partir de medidas feitas por diferentes crosta oceânica; e a teoria da Deriva não
observadores em expedições na Groenlândia explicava como era formada a crosta
(1823, 1879 e 1907), que teriam revelado oceânica.
um deslocamento ativo da ilha para oeste. O
próprio Wegener calculou os seguintes A REJEIÇÃO DA DERIVA
deslocamentos (WEGENER, 1966): de 1823 CONTINENTAL
a 1870 - 420m (9m/ano); de 1870 a 1907 -
1190m (32m/ano) A teoria da deriva continental
Ele utilizou o tempo de transmissão apresentou uma possível solução para um
de ondas de rádio para medir os antigo problema geológico, a formação das
deslocamentos, mas não discutiu as grandes cadeias de montanhas. Ao contrário da
diferenças encontradas, nem a relativa teoria da contração, a Deriva Continental
precisão dos dois métodos utilizados (a poderia conciliar as visões conflitantes dos
velocidade das ondas de rádio dependem das geofísicos e paleontólogos, e unificar uma
condições meteorológicas). Em 1930 ele vasta gama de observações estratigráficas e
retornou para a Groenlândia para tentar paleoclimáticas. Além disso, a deriva não
esclarecer estas ambigüidades e confirmar o estava relacionada a qualquer teoria de
deslocamento horizontal, mas morreu origem da terra. Apesar disso, ela foi
durante esta expedição. rejeitada pela comunidade geológica nos
A teoria da Deriva Continental tem 3 anos 20 e 30.
pontos em comum com a moderna tectônica A explicação usual para a rejeição
de placas: 1) a premissa fundamental da foi resumida por Press & Siever (1974 apud
mobilidade horizontal dos fragmentos da HALLAM, 1985):
crosta terrestre; 2) reconhecimento das "O problema com a deriva foi que
diferenças entre crosta continental e seus proponentes não apresentaram nenhum
oceânica; 3) suposição de uma relação de "motor" (ou mecanismo) plausivel para
causa entre os movimentos horizontais e a explicar o movimento dos continentes".

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Mas esta argumentação não resiste a uma suficiente. Este conceito era inerente à
análise mais profunda, pois muitos teoria da isostasia, desde que continentes só
fenômenos científicos empíricos foram poderiam flutuar se o substrato no qual
aceitos antes que suas causas fossem estavam apoiados se comportasse como um
conhecidas. As glaciações, cavalgamentos fluido. No final do século 19, a isostasia foi
alpinos e inversões do campo magnético, usada para explicar o levantamento da
são exemplos disso. peninsula escandinava. Diante disso
Longwell (1920 apud HALLAM, Wegener argumentou que se os continentes
1985) argumentou que as evidências eram podem se movimentar verticalmente, eles
convicentes, então "os geólogos deviam se também poderiam se movimentar
contentar em aceitar o fato do deslocamento, horizontalmente. Assim, o problema de
e deixar a explicação para o futuro". Wegener não era se o substrato poderia se
Exatamente o que aconteceu durante os anos comportar da maneira requerida, mas se as
60: "A aceitação popular da Tectônica de forças disponíveis eram suficientes para
Placas não é baseada no conhecimento do impulsionar os continentes através dele.
mecanismo que movimenta as placas". Em seu livro, Wegener propôs que a
Outros, acham que a falha estava na fricção tidal e efeitos de gravidade
ausência de uma adequada base mecanica: diferencial resultantes de pequenos
"a deriva foi rejeitada porque ninguém anomalias da forma da Terra, poderiam
visualizava um mecanismo físico que causar os movimentos dos continentes. A
permitisse aos continentes "deslizar" sobre a maioria dos geólogos consideravam estas
crosta oceanica aparentemente sólida". forças muito fracas. Holmes (1929 apud
A teoria de Wegener supôs um HALLAM, 1985), lança mão das idéias de
mecanismo concebível, que já tinha sido Joly (1925 apud HALLAM, 1985) sobre
invocado em outras circunstâncias. Ele fusões periódicas, e propõe um interessante
argumentou que o substrato basáltico sobre modelo:
o qual estão os continentes, poderia se "Por razões físicas (isostasia) é
comportar como um líquido viscoso no impossível se afundar um continente, pelas
tempo geológico, como o vidro pode fluir se mesmas razões que não se consegue afundar
sujeito a pequenas tensões durante tempo um iceberg no oceano. Sabemos que locais

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de áreas consideráveis no Atlântico e Indico Entre 1925 e 1933, Holmes publicou


estavam antes ocupadas por massas uma série de artigos, desenvolvendo seus
continentais, e desde que estas massas conceitos e integrando-os a uma teoria de
continentais não estão mais lá, somos tectônica e petrogenética (HELLMAN,
conduzidos a pensar que este material se 1999). Nesta teoria ele explicava diversos
movimentou para o lado. Estruturas de fenômenos tais como a origem das bacias
cavalgamento alpino também são evidências oceanicas e a formação de rochas de alta
de movimentos laterais. ... Movendo-se de pressão, como os eclogitos. Ele escreveu:
volta os continentes nas direções indicadas Os locais onde correntes ascendentes
pelas evidências, teremos a reconstrução de existem, se formariam bacias disruptivas
um super-continente semelhante ao (resultantes de esforços distensivos). Nestes
proposto por Wegener. Disto se conclui que locais a concentração de calor resultante do
existem agora evidências convincentes de processo (de convecção) seria
uma antiga deriva continental, numa escala "descarregada" através do desenvolvimento
prevista por Wegener". de um novo soalho oceânico... Enquanto
Muitos geólogos hesitam em aceitar isso, a formação de montanhas estaria
esta inquestionável e consistente ocorrendo nas margens continentais ou em
interpretação das rochas, porque não se locais onde antigos geossinclinais se
acredita ser possível se descobrir qualquer desenvolveram... A compressão das partes
força gravitacional adequada para mover mais móveis do substrato para formar
fragmentos continentais... Admitindo que os magmas crustais é uma saída atraente que
continentes se movimentaram, parece não abre novas perspectivas em petrogênese, e
haver outra alternativa senão deduzir que para explicar a origem dos basaltos.
correntes lentas mas poderosas devem ser Por volta de 1929, 3 poderosas
originadas em subsuperficie, várias vezes teorias, a do "deslizamento gravitacional" de
durante a história da Terra... estas correntes Daly, a da "Fusão subcrustal" de Joly, e a
de convecção podem ser geradas nas "convecção sub-crustal" de Holmes foram
camadas inferiores, como resultado de desenvolvidas para explicar a cinemática da
aquecimento diferencial provocado por Deriva. Todas eram consistentes com as
radioatividade. propriedades físicas conhecidas da Terra.

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Mas nenhuma destas teorias foi concebida modo despreocupado e sem as devidas
como um ajuste/explicação para a teoria de precauções. Mas uma linguagem enfática
Wegener. Os trabalhos de Joly não tinham caraterizou os dois lados das discussões,
relação com a Deriva. O modelo de Daly como também iriam caracterizar as
visava os Apalaches, enquanto que a teoria discussões sobre Tectônica de Placas, anos
de Holmes derivou de estudos sobre a mais tarde. As contribuições de Wegener na
radioatividade. A Teoria da Deriva Meteorologia e Geofísica eram largamente
Continental não caiu por falta de um reconhecidas; sua morte foi registrada na
mecanismo! revista Nature como uma "grande perda pra
a ciência".
RAZÕES ALTERNATIVAS PARA A A causa mais provável para a
REJEIÇÃO DA DERIVA rejeição da deriva continental parece estar
nas evidências colocadas para sustentá-la.
Alguns dizem que a comunidade Esta possibilidade tem sido ignorada, pois
geológica não estava preparada para aceitar consideramos as evidências levantadas por
este tipo de modelo. A evidência histórica Wegener e sua interpretação como
sugere o inverso. A queda da teoria da "corretas", porque elas foram validadas pela
contração face à geração de calor pela teoria das Placas Tectônicas. Uma
radioatividade, o conflito entre isostasia e as comparação dos anos 20 e os anos 60 revela
"pontes continentais", e a controvérsia que a um fato importante: a Tectônica de Placas
teoria de Wegener causou, mostram que já foi fundamentada a partir de evidências
haviam condições para a aceitação de uma completamente diferentes daqueles
nova teoria. utilizados para a Deriva. Isto sugere que a
Outra possibilidade: a falha estaria diferença essencial entre Deriva e a
no próprio Wegener, ou seja, que suas Tectônica de Placas não está nas teorias em
deficiências como cientista resultaram no si, mas nas evidências usadas para sustentá-
descrédito de sua teoria. Ele era las.
constantemente criticado por sua falta de Muitas discussões foram centradas
objetividade. Não há dúvidas de que na validade de homologias geológicas
Wegener muitas vezes se expressava de (HALLAM, 1985). Evans, do Imperial

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College, confirmou a existência de evidências: os continentes não se encaixam


"similaridades bem conhecidas de exatamente como peças de um quebra-
formações geológicas em lados opostos dos cabeças, as reconstruções de Wegener
oceanos". Wright colocou que a Deriva explicam os depósitos glaciais do hemisfério
poderia explicar porque "uma comparação sul mas não alguns depósitos de tilito; a
crítica das formações dos dois lados do flora Glossopteris não estava totalmente
Atlântico Norte mostra uma notável reunida... Alguns ponderaram que "se os
correspondência, tanto estratigráfica como continentes se moveram, muitas dificuldades
paleontológica, desde o Arqueano até o desapareceriam". Um deles afirmou, com
Cretáceo (HALLAM, 1985). A teoria evidente ambigüidade (HALLAM, 1985):
fornece ainda "uma explicação simples para "Wegener prestou um valioso
problemas não resolvidos sobre a glaciação serviço, chamando a atenção ao fato de que
permo-carbonífera". Apesar destes e de massas continentais podem ter se movido
muitos outros depoimentos, ninguém em relação umas às outras. Ele não provou
sugeriu ou afirmou que a teoria tinha sido que elas se moveram, e muito menos
provada. As homologias eram descritas mostrou que elas se moveram do modo que
como "evidências melhores que as ele imagina. Ele sugeriu muito mas não
esperadas.... provou nada".
Na reunião da AAPG, o problema Anos depois, em 1930, Joly e
sobre o mecanismo da Deriva foi levantado Holmes responderam às objeções de Jeffreys
por um participante, o geofísico Harold num simpósio da Royal Society sobre
Jeffreys, que comentou que "a força paleoclimas. Eles concluíram que "grandes
rotacional considerada para explicar os mudanças de temperatura média anual só
movimentos dos continentes, era muito podem ser causadas por movimentos da
pequena e insuficiente para produzir a crosta em relação aos pólos, do modo
deformação das cadeias de montanhas do descrito por Wegener". Depois disso, a
Pacifico". Mas sua argumentação foi teoria da Deriva parece ter sido
insuficiente para demover os geólogos. progressivamente abandonada na Inglaterra.
Alguns outros céticos levantaram Holmes continuou advogando a Deriva
ambiguidades e contradições em relação às como uma hipótese altamente provável, mas

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não provada. Muito pouco foi acrescentado preconizadas por Wegener, argumentando
até o súbito desenvolvimento da ciência do que o encaixe dos continentes não era tão
paleomagnetismo nos anos 50. bom quanto Wegener pretendia; outros, ao
contrário, levantaram que falhamentos
A RESPOSTA AMERICANA PARA AS durante a quebra/separação dos continentes
EVIDÊNCIAS e erosão das costas teriam modificado
consideravelmente os seus contornos (de
Nos Estados Unidos a reação à teoria modo que o encaixe estaria bom demais).
de Wegener foi quase totalmente negativa. Uma declaração de Schuchert é bem
Durante um Simpósio promovido pela representativa desta corrente:
A.A.P.G., ele foi criticado por motivos Wegener...nos quer fazer acreditar
geológicos e metodológicos. Apenas alguns que as linhas de fratura originais
poucos cientistas de origem européia, praticamente teriam conservado sua forma
demonstraram simpatia pela teoria. A geográfica original durante 120 milhões de
objeção mais comum levantada pelos anos. Existe algum geólogo que
americanos foi a ausência de um mecanismo subscreveria esta surpreendente afirmação?
adequado para explicar o movimento dos Enquanto os britânicos debatiam se
continentes (daí se entende porque, tanto os os dados se encaixavam na teoria (e em
geólogos como os historiadores deram tanta muitos casos isto aconteceu), os americanos
enfase a esta objeção!). questionavam sobre qual o tipo de dados
Foi argumentado que "continentes eram necessários. Uns procuravam
rígidos se deslocando sobre um substrato similaridades dos contornos dos continentes,
fluido deveriam deformar o substrato, e não outros procuravam diferenças. Enquanto os
os continentes; então, não poderia ser este o britânicos discutiam se a teoria preenchia
mecanismo de formação de cadeias de sua previsões, os americanos discutiam
montanhas continentais". Daly respondeu a quais eram estas previsões. Para os
esta objeção lembrando que eram os americanos, as consequências da Deriva e as
sedimentos adjacentes aos continentes que homologias geológicas (similaridades de
eram deformados para formar as montanhas. padrões e formas baseados na observação
Outros criticaram as reconstruções direta das rochas no campo) eram temas de

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controvérsia. Os britanicos consideravam a a ser considerado um fato objetivo. Se


correspondência dos fósseis "tão boa quanto tivermos que acreditar na hipótese de
podia se esperar", mas o quanto era este "tão Wegener, teremos de esquecer tudo o que
boa"? Segundo Schuchert as similaridades tem sido aprendido nos ultimos 70 anos e
faunais eram muito poucas para que se começar tudo de novo".
afirmasse que os continentes estiveram Nos anos que se seguiram, as teorias
unidos algum dia. Wegener responde que fixistas continuaram em voga. Outros
isto era consequência da preservação insistiam nas "pontes continentais". Em
incompleta do registro fossilífero. Este era muitas Universidades americanas a Deriva
um argumento familiar na comunidade se tornou alvo de piadas de salas de aula, ou
geológica, ao qual os britanicos aderiram considerada um "conto de fadas". Talvez
baseados em sua experiência, mas os traduzindo um sentimento anti-germânico,
americanos continuavam a debater. As existente entre as duas guerras.
evidências homológicas, que os britanicos Porque os americanos eram mais
achavam "praticamente requerer" a deriva, céticos que os ingleses em relação às
não eram convincentes para os americanos, homologias, e muito mais preocupados com
que as descartavam como "circunstanciais", argumentos geofísicos sobre a dinâmica e
não constituindo uma "prova direta". cinemática da deriva? Quatro possibilidades
Entre os freqüentes e emocionados se apresentam:
ataques à metodologia e objetivo de 1) No início do século 20, os americanos
Wegener, temos: estavam profundamente envolvidos numa
"Minha principal objeção à hipotese rápida expansão da geofísica e na aplicação
de Wegener está baseada no método do de técnicas instrumentais às geociências. A
autor. Em minha opinião este método não é instrumentação tomou uma significante
científico, mas toma o familiar caminho de porção das geociências americanas.
uma idéia inicial, busca seletiva de 2) Os geólogos americanos tinham menos
evidências concordantes na literatura, experiência em raciocínio envolvendo
ignorando a maioria dos fatos que se opõem evidências geológicas tradicionais, que os
à idéia, e terminando num estado de auto- ingleses. Nas universidades e entre os
intoxicação, no qual a i$éia subjetiva passa "patrões" da ciência americanos, a História

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Natural era considerada inferior às ciências DA DERIVA DOS CONTINENTES A


práticas. TEORIA DA TECTÔNICA DE
3) A maior parte das evidências PLACAS
estratigráficas e paleontológicas resultaram
de estudos de campo realizados na África, As primeiras idéias relacionadas com
América do Sul e Índia. Por interesses da a Teoria da Tectônica de Placas remontam
Coroa Britânica, os geólogos ingleses séculos antes de sua consolidação e
conheciam estes lugares bem melhor que os aceitação na comunidade científica, onde
americanos. A deriva foi quase que várias controvérsias surgiram e persistiram
imediatamente aceita pelos ingleses até o séc. XX, mesmo após tantas
4) O principal problema para os americanos descobertas científicas e avanços
eram os dados paleontológicos e outras tecnológicos terem servido de apoio para a
homologias geológicas. Mas a paleontologia TTP. Nas tabelas e nos textos a seguir,
nunca foi valorizada nos Estados Unidos, baseada em HALLAM (1985), WYLLIE
pelo contrário era sempre alvo de (1995), SALGADO-LABORIAU (1996) e
controvérsia. Hellman (1999), tem-se uma breve história
de como esta teoria evoluiu até o momento
atual.

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Tabela 1 – História das teorias e fatos científicos afins com a TTP; dados baseados em
HALLAM (1989) e SALGADO-LABORIAU (1996).
Autor Descobertas
Francis Em sua obra, Novum Organum, sugere um ajustamento da costa oriental da América
Bacon (1620) do Sul com a costa ocidental da África.
Em sua obra, La Corruption du gran et petit Monde, defendeu que, antes do Dilúvio
François bíblico, as terras deveriam estar unidas, separando-se a partir do momento em que
Placet (1666) houve o afundamento da Atlântida e um continente ocidental ergueu-se ou formou-se
pela aglomeração de ilhas.
Alexander de Observou o mesmo ajuste dos continentes Africano e Sul-americano que Bacon já
Humboldt observara; concluiu que o oceano Atlântico correspondia a um extenso vale através
(1801) do qual as águas oceânicas invadiram, sugerindo a separação dos continentes.
Em suas observações sobre a ocorrência de sedimentos marinhos nos continentes,
geralmente em suas bordas, Dana concluiu que estes seriam depositados durante
Dana (1846) inundações temporárias do mar sobre a terra, descartando a possibilidade de haver
movimentos verticais dos continentes, cujo afundamento explicaria a ocorrência de
tais sedimentos.
Em sua obra, La création et sés mystères dévoilés, descreve que, quando a massa em
fusão da Terra se esfriou e cristalizou, os continentes se concentraram em um só
Antonio lado, criando uma instabilidade que só se equilibrou após o Dilúvio Bíblico,
Snider- provocando extensas fraturas e separação das Américas em relação ao Velho Mundo.
Pellegrini Nesta obra, ele acrescenta o ajustamento dos continentes Africano e Sul-americano.
(1858)

Em sua obra geofísica, Physics of the Earth’s crust, subsidiada pela idéia de Sir
George H. Darwin afirma sobre a origem da lua a partir da Terra no início da sua
história, resultando nesta uma gigantesca cicatriz no Pacífico; como conseqüência, a
Osmond crosta continental resfriada, se fragmentaria e deslocaria lateralmente. O mecanismo
Fisher (1879) de deslocamento seria um interior da Terra fluido cujas correntes de convecção
ascendiam debaixo dos oceanos e desciam sobre os continentes.
Em sua monografia, Taylor relatou diversas correlações de feições geológicas e
geomorfológicas entre os continentes, descrevendo os possíveis movimentos que
Taylor (1910) justificassem tais feições. O seu ponto de partida foi o trabalho de Suess sobre as
cadeias de montanhas terciárias da Eurásia cuja origem estaria associada a
compressões continentais e afundamentos oceânicos.

Os principais fatos científicos que Teoria da Tectônica de Placas, são


levaram a formulação e consolidação da relacionados na tabela a seguir:

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Tabela 2 – Fatos científicos que fundamentaram a Teoria da Tectônica de Placas; dados de


HALLAM (1985), WYLLIE (1995), SALGADO-LABORIAU (1996) e HELLMAN (1999).
Período Evento
Arthur Holmes propõe um modelo de estrutura interna da Terra mais condizente com as
descobertas científicas da época, com auxílio do método radiométrico para datação de
rochas que ele desenvolvera em 1911. O empenho de Holmes também se deu na
investigação do mecanismo de movimentação dos continentes, retomando as correntes
de convecção do manto, já propostas anteriormente por Fisher. O coroamento de todo
1930 trabalho de Holmes se deu com a sua publicação Principles of physical geology , em
a
1950
1965.
O geólogo sul-africano, Alexander Du Toit, ficou conhecido principalmente pela sua
obra Our wandering continents, em 1937, tendo anteriormente, em 1927, sido fonte de
dados para Wegener sobre as correlações entre a geologia Paleozóica e Mesozóica da
África do Sul e do leste da América do Sul.
Bullard e Elsaser elaboram teoria do campo geomagnético da Terra a qual funciona
como um dínamo auto-induzido cuja fonte se deve ao conteúdo em ferro do seu núcleo.
Cox, Tarling e McDougall contribuíram com a interpretação das inversões das
polaridades geomagnéticas, descobertas por Vine e Matthews, em 1963.
Heezen, Swallos e Ewing, entre outros, mapearam através de métodos sísmicos e
1950 gravimétricos, a topografia e a geologia do assoalho oceânico, descobrindo feições
e
1960
importantes que registravam a movimentação dos continentes.
Mohorovicic e Gutenberg identificaram descontinuidades entre as camadas internas da
Terra (crosta, manto e núcleo) através de métodos sísmicos, delimitando-as com maior
precisão.
Uma hipótese sobre a Expansão do Assoalho Oceânico é proposta por Dietz, publicada
em 1961, na Nature, onde a idéia de uma crosta oceânica se reciclando justificaria os
dados geológicos e geofísicos encontrados até o momento. Mas coube a Hess cujo
trabalho se mostrou mais amplo e melhor articulado, a fama pela hipótese. As anomalias
Década de gravimétricas negativas encontradas nas fossas oceânicas por Meinesz, despertaram a
1960 curiosidade de Hess, levando-o a propor tal hipótese. Com a contribuição de Vine,
Matthews, Cox e outros, sobre a inversão de polaridade das anomalias magnéticas
associadas às cadeias mesoceânicas e com dados geocronológicos, Hess conseguiu
resolver alguns problemas pendentes do trabalho que realizou.
J. Tuzo Wilson publicou um artigo na Nature, no qual estabeleceu que os movimentos
dos continentes se orientavam de acordo com grandes estruturas da crosta, tais como
cadeias de montanhas, as cordilheiras mesoceânicas e falhas. Estas últimas foram alvo
1965 especial de estudo, onde Wilson conceituou as chamadas falhas transformantes que
cortam transversalmente as cordilheiras mesoceânicas. Wilson define o termo placas
relativo ao movimento dos continentes.
Com o financiamento da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos,
cumprindo um programa denominado Joint Oceanographic Institutes Deep Earth
1968 Sampling Programme (J.O.I.D.E.S.), um navio contendo equipamento de perfuração, o
a Glomar Challenger, iniciou uma série de expedições multinacionais. Cada um dos
1970 vários dados obtido, veio a corroborar com a hipótese de Hess, sobre a Expansão do
Assoalho Oceânico, passando a ser considerada como teoria.
1967 A Teoria da Tectônica de Placas é apresentada num encontro da American Geophysical
e Union por Jason Morgan com auxílio de Vine e é aceita na comunidade científica.
1970

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De acordo com ANGUITA (1996), a isostáticos e da tectônica das placas existe


Tectônica de Placas auxiliou de forma mas não como uma camada contínua e
recíproca, na melhor definição da estrutura uniforme como era descrita a astenosfera e
interna da Terra, onde os dados geofísicos sim, como diferenciadas áreas mantélicas
estabeleceram que a movimentação se dava com profundidades diferentes e podendo ter
entre uma camada externa denominada influência do calor gerado pelo núcleo.
litosfera, constituída de crosta mais a porção Assim, definiu-se mais tarde, as chamadas
superior do manto e a astenosfera, camada plumas térmicas que não mostram relação
imediatamente inferior e localizada no com as correntes de convecção mas com
manto. A litosfera é composta por placas calor do núcleo e material ejetado da base
como num mosaico que se articulam de do manto, gerando os pontos quentes (hot
acordo com os tipos de interação: spots).
construtivas, onde crosta oceânica se forma Estes questionamentos se estenderam
nas dorsais; destrutivas, nas zonas de também para as zonas das dorsais
convergência das placas, havendo choque de mesoceânicas onde por uma questão
placas, com subducção de uma destas, isto é, geométrica e geofísica, observou-se que as
afundamento de uma placa sob outra; correntes de convecção também não
conservadora, que é o tipo de interação onde sustentariam os movimentos de expansão
as placas deslizam uma em relação à outra associados às falhas transformantes. Este
através de falhas transformantes. seria o caso das placas Sul-americana e
Não existe dúvida para os geofísicos, Africana onde as porções litosféricas de
de que o manto possui algum tipo de natureza oceânica não são subducionadas
circulação térmica do tipo convectiva. sob as porções de natureza continental,
Através de um grande projeto da geofísica categorizando tais limites continentais como
européia recente, o Geotransversal Europeu, margem continental passiva; alega-se então
que consistiu num perfil tomográfico desde que os movimentos são gerados pelo
o Cabo Norte até o Mediterrâneo, tendo a processo de advecção, isto é, por geração de
região da Escandinávia como exemplo, calor adiabático quando a crosta se fratura,
concluiu-se que a tal zona plástica rebaixando a pressão e causando a fusão
necessária para sustentar os movimentos parcial a uns 60 a 80 km de profundidade.

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Uma outra visão ortodoxa na Teoria da resultados obtidos pela investigação


Tectônica de Placas estava na questão de científica em diversas áreas.
que a porção continental da placa litosférica A Teoria da Deriva dos Continentes
não se subducionava por constituir de congrega grande número de conhecimentos
material menos denso do que o seu substrato relativos a isostasia e a radioatividade, indo
mantélico. Observando a mineralogia de ao encontro de soluções para diversos
algumas rochas localizadas em orógenos problemas ainda não resolvidos e
(por exemplo, nos Alpes), encontrou-se apresentando a possibilidade de poderiam se
minerais que para se formarem, confirmar no futuro (POPPER, 1992).
necessitariam de altíssimas pressões só Uma "nova era" da geologia se
disponíveis em profundidades da ordem dos anunciava, não pela elucidação da causa do
100 km. Assim, o único mecanismo para a movimento dos continentes, nem pelo
formação destes minerais nos orógenos mecanismo pelo qual ele ocorre, mas pela
seria, anteriormente, haver subducção de disponibilidade de um novo tipo de
parte da crosta continental, tendo sido evidência. "Um passo básico em todo
soerguido mais tarde pelo efeito do próprio trabalho científico, mas raramente discutido,
choque no processo de convergência. é o processo de remover o discurso do nível
pessoal para chegar a conclusões que não
CONSIDERAÇÕES FINAIS variem em função do indivíduo que
observa". Qualquer um que tenha feito
Do fixismo a Teoria da Deriva dos trabalhos de campo em Geologia ou tentou
Continentes descrever um fóssil, sabe como é difícil
chegar a uma descrição que não "dependa do
A falta de uma perspectiva integrada observador". Apelar para instrumentos é
(visão holística da natureza) e o predomínio uma tentativa de se remover as opiniões
de uma visão setorial limitada à certas áreas pessoais. Assim, a rejeição da Deriva
particulares das Ciências da Terra Continental foi uma rejeição de evidências
alimentaram esta discussão. A Teoria da dependentes-do-observador, apesar da força
Deriva dos Continentes não tinha dessas evidências. A rápida aceitação da
antecedentes e estava de acordo com os Tectônica de Placas foi uma afirmação de

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um tipo de dado despersonalizado, o qual, continentes (THOMPSON, 1991).


porém, conduziu ao mesmo resultado que as
evidências rejeitadas. (b) Relevância das Relações Pessoais
Se é verdade que as teorias se
Contribuições das controvérsias desenvolvem segundo "programas de
investigação", também vale a pena ressaltar
À luz de uma epistemologia o importante papel desempenhado pela
racionalista, contribuem para a construção cooperação entre grupos de pesquisadores.
do conhecimento um conjunto diversificado Isto mostra a forte conotação social para a
de aspectos internalistas e externalistas, os construção do conhecimento científico
quais poderiam ser citados (MARQUES, KUHN (1970).
1996):
(a) Discussão Interdisciplinar: (c) Papel Relevante do Desenvolvimento
Durante este amplo período da Tecnológico
controvérsia sobre a Deriva, dois pontos O aparecimento "tardio" da Teoria da
foram importantes no que diz respeito às Tectônica de Placas está diretamente
diferentes áreas de conhecimento relacionado ao desenvolvimento tecnológico
envolvidas: de: metodologias de trabalho de campo para
(1) os geólogos estavam preocupados com o estudo dos fundos oceânicos; da melhoria da
conhecimento local (interpretados à luz do sensibilidade dos gravímetros,
Uniformitarismo) e menos interessados em magnetômetros, sismógrafos com
explicações globais (WINDLEY, 1993) o aperfeiçoamento do registro das ondas
que criava conflito com especialistas de sísmicas; das novas técnicas radiométricas
outros domínios e entre eles próprios; e (K-Ar); de espectrômetros de massa
(2) os geólogos estavam "competindo" com (isótopos) mais precisos e da construção de
geofísicos e paleontólogos argumentando uma escala de tempo magnética.
com especialistas de geologia estrutural. Por
exemplo, no começo do século, os (d) Importância da Linguagem e
geofísicos apesar de apoiar a isostasia, não Significado da Comunicação
concordavam com o deslocamento dos Desenvolver hábitos de comunicação

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é importante para qualquer cientista. lugar onde se aprende ciência", mas sim "o
Wegener escreveu em alemão, o que lugar onde se transforma o sistema cognitivo
constituiu um obstáculo a difusão e para poder aprender ciência". Superar esse
interpretação dos seus pontos de vista. obstáculo requer conhecer bem a ciência que
Quando se recorda da visão Kuhniana de se ensina e, também, conhecer sua história.
"revolução científica", aceita-se que novas e Para definir os conteúdos dos cursos:
velhas teorias exigem uma “tradução” das um ensino fundamentado nos conceitos
suas “linguagens” usadas para serem estruturais reduz os temas a ensinar e
comparadas (KUHN, 1970). permite dedicar mais tempo ao
desenvolvimento da capacidade dos alunos.
A Importância Didática Os conceitos estruturais devem ser
determinados a partir da análise das teorias
Como ferramenta para determinação científicas atuais e de sua história, que
de obstáculos epistemológicos : significa permite visualizar sua transformação, a
terminar com a repetição de informações elaboração de novas teorias, a utilização de
que não podem ser compreendidas pelo novos métodos e novos instrumentos
aluno, permitindo a realização de um conceituais. Desta forma, os alunos
trabalho cognitivo para superar os "descobrem novos problemas a resolver"
obstáculos da aprendizagem (CELINO, quando constroem certos conceitos e esses
1994). Quais? Os obstáculos lógicos problemas os motivam a seguir aprendendo
(psicologia genética), obstáculos derivados (CELINO, 1997).
de problemas afetivos ou psicológicos, Utilizando a história da (Geo)Ciência
desvalorização do aluno (psicanálise) e os e a ciência da Epistemologia: isso permite
obstáculos derivados da estrutura do sistema introduzir na classe a discussão sobre a
cognitivo ou obstáculo epistemológico, ou produção, a apropriação e o controle dos
seja, a incapacidade de construir um novo conhecimentos (CELINO, 2000). Então, não
conhecimento e necessariamente lógica, será mais um conteúdo e sim um
afetiva e epistemológica, pois não se pode instrumento para compreender a sociedade
separar esses tres níveis. humana, os mecanismos de produção e de
A escola/universidade já não é "o reprodução social e individual de

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