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Marcelo da Silva Irmão 18202747

Biogeografia – ERE CNS7108


Prof.° Dr.° Lírio Luiz Dal Vesco

Estudo Dirigido 1 – Análise crítica do texto “Biogeografia: a história da vida


na Terra” de Jéssica Paula Gillung

A autora busca apresentar o desenvolvimento histórico da Biogeografia, com


o intuito de esclarecer o fato de que esta ciência foi surgindo gradativamente, e não
abruptamente, como se poderia pensar. Tal esclarecimento pode ser dividido, sem o
exagero da prolixidade e sem o simplismo de um resumo incompleto, em quatro
partes fundamentais em torno das quais orbita a ideia central do trabalho aqui
analisado. Embora ausente no texto, que é curto e sem subtítulos ou capítulos, essa
quadrúplice divisão poderá, assim o creio, facilitar a sadia compreensão por aqueles
que desejam lançar-se à leitura do texto.
1) Apresentação
No início são explanados os conceitos centrais que norteiam a Biogeografia, a
saber: espaço, tempo e forma; o primeiro é entendido como a área geográfica em
que há ocorrência dos organismos objetos de estudo; o segundo como os processos
históricos que levaram ao estabelecimento dos padrões observados; e o terceiro
como de fato os grupos de organismos tomados em si mesmos. Em outras palavras,
a Biogeografia surge, conforme afirma a autora, partindo-se da necessidade de
explicar os padrões observados na distribuição dos organismos vivos sobre a Terra.
Desde início, portanto, a autora busca emergir a multidisciplinaridade da
Biogeografia, ideia que vai deixando mais clara conforme avança no
desenvolvimento do texto.
2) Evolução histórica
A princípio a Biogeografia sofria forte influência da visão de mundo em que a
Terra e os seres sobre ela eram tomados como objetos fixos, imutáveis, estáveis.
Essa visão perdeu espaço conforme constatou-se que, na verdade, tanto os seres
vivos quanto a própria Terra estão em constante movimento, numa dinâmica de
mútua lapidação. Esses dois momentos históricos foram respectivamente divididos
entre pré-evolutivo e evolutivo. A divisão de águas se deu ao compreender-se que as
diferentes espécies em diferentes territórios podem surgir a partir de uma população
ancestral dividida por um evento natural, como um terremoto ou o derramamento de
lava. Chamada de vicariância, essa visão contrapunha-se à de dispersão, segundo a
qual uma população ancestral supera uma barreira natural preexistente, formando
duas populações. Essa visão, sendo a mais aceita no período pré-evolutivo,
conforme esclarece a autora, tinha influência de textos religiosos que estabeleciam
um local único de origem das espécies a partir do qual elas se dispersavam. Muitos

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foram os cientistas cujos trabalhos reforçaram a assim chamada escola dispersalista,
como Linnaeus, Buffon, Wallace e Darwin.
Essa escola, no entanto, marcada por sua visão estática da Terra, chocou-se
com as evidências apresentadas por Alfred Wegener no século XX de que, na
verdade, as coisas não apenas se movem, como há uma deriva dos continentes pelo
planeta. Chamando-a então de Teoria da Deriva Continental, Wegener abriu espaço
para o paradigma da vicariância, que consolidou-se com os trabalhos de Leon
Croizat. Este último postulou o que, segundo a autora do texto, é “uma das mais
célebres ideias de Biogeografia”: a Terra e a vida evoluem juntas.
3) Multidisciplinaridade
Conforme afirmei no tópico 1, desde o início do texto a autora deu fortes
indicações de que a Biogeografia é uma ciência multidisciplinar, afirmando
categoricamente que ela é “talvez a mais ampla, abrangente e multidisciplinar das
ciências biológicas”. Não obstante seu próprio nome, que inclui biologia e geografia,
a ciência biogeográfica é fortemente marcada por seu caráter histórico, uma vez que
seus avanços ocorreram paralelamente a outros eventos de grande importância na
história humana. De fato, a mudança de paradigma ocorrida no século XX dependeu
de diversos estudos anteriores, feitos até mesmo por cientistas tidos como
dispersalitas, como o grande Charles Darwin, cuja Teoria da Evolução foi um marco
histórico para todas as ciências biológicas. De igual modo os trabalhos do
matemático Comte de Buffon – estabelecendo causas históricas para os padrões de
distribuição – e do botânico Augustin Pyramus de Candolle – que nos deixou os
importantes conceitos de endemismo, espécies disjuntas e um dos primeiros
modelos de classificação do globo em regiões biogeográficas.
Os trabalhos em meteorologia e geologia do alemão Alfred Wegener, que
culminaram na atual Teoria da Tectônica de Placas, foram os primeiros a apresentar
evidências de que os continentes já estiveram unidos no passado, a grande Pangea,
de modo que seus resultados surgiram a partir dos avanços técnicos dos séculos
XIX e XX. Também trabalhos em entomologia, de Willi Henning, influenciaram a
consolidação da Biogeografia como se conhece hoje ao estabelecer a atual
Sistemática Filogenética.
Em suma, diversas áreas do conhecimento humano foram, e continuam
sendo, decisivas para a formação da Biogeografia.
4) Vertentes e importância
Enfim a autora busca, nesta parte final, esclarecer que atualmente há
diversas metologias possíveis para a abordagem biogeográfica, entra elas, a
biogeográfica cladística, que integra a tectônica de placas, a vicariância e
sistemática filogenética. Deixa claro também a importância da biogeografia para o
cenário atual em que se exige cada vez mais dos governos a proteção da
biodiversidade, bem como a conservação de seus habitats.

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