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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – UFT

CÂMPUS PALMAS
ENGENHARIA CIVIL
Disciplina: Legislação e Ética na Engenharia
Professora: Gisele Souza Parmezzani Marinho

A ÉTICA E A MORAL DE ACORDO COM OS FILÓSOFOS

Junior Sousa Carvalho

Ética e Moral: conceito e diferença

Apesar de terem significados semelhantes, a ética e moral têm significados diferentes


diante do ponto de vista filosófico.
Moral pode ser definida como um conjunto de princípios e costumes que usam os
próprios valores como base para guiar o comportamento humano diante a uma comunidade ou
sociedade. Ou seja, um conjunto de regras impostas por agentes externos ao ser humano como
política, cultura, religiões ou ideologias.
A ética é considerada como um estudo sobre a moral de forma filosófica, das regras e
costumes adotados em uma sociedade, a fim de explicitar as concepções e a existência da
humanidade que sustentam uma determinada moral, ou seja, a ética reflete sobre a moral.

A ética e a moral por:


Platão

Em resumo, a ética de Platão consiste com o modo correto de agir e sua relação com o
alcance da felicidade. O filósofo foca suas indagações na ideia perfeita, boa e justa que
organiza a sociedade e guia o comportamento humano. Suas ideias formam uma realidade a
qual os homens têm seus valores, leis e moral. Este método tem como objetivo levar o
conhecimento de sua ideia à sociedade, sendo assim libertando o homem da ignorância até
alcançar o saber da ideia suprema o bem.
A moral enfim, é entendida como a capacidade de realizar a tarefa que lhe cabe. Dada
a posição de cada ser, pode-se definir por justiça como cada um faz a sua parte que lhe é
inerente. Para que esta virtude seja alcançada, o homem deve buscar o bem em si mesmo, pois
assim ele realiza a justiça, tanto com relação ao individual como social.
Fica evidente que as ideias de Platão se liga as ideias de justiça e do bem. Um
equilíbrio entre as partes que geram harmonia e levam à felicidade.
Aristóteles

A ética de Aristóteles entra em oposição à de seu mentor, Platão. Tendo suas bases na
realidade empírica do mundo sobre o comportamento da humanidade no âmbito social. Sua
teoria ética era realista, empirista em contrapartida à visão idealista e racionalista de Platão.
A ética aristotélica inicia-se com o estabelecimento da noção de felicidade. Neste caso,
pode considerar que sua ideia propõe que buscar o que é o bem agir em escala humana
alcança a felicidade, o agir segundo a virtude moral. A felicidade é definida como uma certa
atividade da alma que vai de acordo com uma perfeita virtude.
Nenhuma das virtudes morais surge nos homens por natureza – ao contrário da visão
inatista platônica – porque o que é por natureza não pode ser alterado pelo hábito, a natureza
nos capacita em receber tais virtudes e esta capacidade em recebê-las é aperfeiçoada pelo
hábito.

São Tomás de Aquino

Aquino, assim como Aristóteles, enfatiza a ética com o papel da razão agindo sobre as
normas de conduta humanas. Ele descreve a sua ética baseada na razão proveniente de Deus.
O santo afirma que o Homem tem uma finalidade e consciência de seu fim. Isso mostra que é
dotado do dom da razão e que unida à espiritualidade inata, o coloca no âmbito moral.
Ele diz que, existe no Ser Humano uma tendência racional, elevando-o e que a
vontade Humana tende ao bem Universal, ou seja, a Deus. Ao afirmar a sua ética, Santo
Tomás diz que a vontade Humana é livre e, que pode escolher conforme afirmara o Santo
Bispo Agostinho. Porém, bom para Santo Tomás, é aquilo que não contaria a razão, sendo
esta por sua vez, proveniente e Dom de Deus. Também é dito por Santo Tomás que a virtude,
ou seja, aquilo que é de acordo com a lei, é a inclinação para o bem.
Sendo assim, Santo Tomás de Aquino diz que a razão é orientadora da lei, desde que
seja proveniente de Deus. Estas leis são divididas em três:
– A Lei Eterna: Feita por Deus;
– A Lei Natural: Feita por Deus e imutável, subordinada a lei eterna e em função do
Homem e;
– A Lei Temporal: que é mortal, mutável e contingente.
Spinoza

A visão panteísta de Espinosa leva-o afirmar que a vontade de Deus é a soma de todas
as causas e leis e que o intelecto de Deus é a soma de todos os pensamentos. É por isso que
afirma que o espírito de Deus é a mentalidade difusa no espaço e no tempo, a consciência
difusa que anima do Mundo.
Para Espinosa, a felicidade é o objetivo do comportamento humano. O que é a
felicidade? É simplesmente a presença do prazer e a ausência da dor. Contudo, prazer e dor
são categorias relativas e subjetivas. O prazer é a transição de um estado inferior de perfeição
para um estado superior. A dor é a transição de um estado superior de perfeição para um
estado inferior. A emoção é a modificação do corpo, por meio da qual o poder de ação do
corpo é aumentado ou diminuído. Uma emoção é boa quando aumenta o poder de ação do
corpo e é má quando diminui esse poder. Uma virtude é um poder de agir, uma forma de
capacidade. O carácter transitório, passageiro e relativo das paixões e das emoções é um dado
adquirido na ética de Spinoza.
Embora Espinosa insista na ideia de que ninguém é verdadeiramente livre, embora
todos tenham a ilusão da liberdade, acrescenta que a ação da razão é libertadora e a
passividade às paixões é escravizante. Só somos livres quando sabemos.

David Hume

David Hume sustenta que as distinções morais são derivadas de sentimentos de prazer
e dor de um tipo especial, e não, como defendida por muitos filósofos ocidentais desde
Sócrates, pela razão. Trabalhando a partir do princípio empirista de que a mente é
essencialmente passiva, Hume argumenta que a razão por si só nunca pode impedir ou
produzir qualquer ação ou afeto. Mas uma vez que a moral se refere a ações e afeições, ela
não pode ser baseada na razão.
De acordo com Hume, não se pode inferir conclusões sobre o que deveria ou não
deveria ser o caso com base nas premissas de que é ou não é. Uma vez que as distinções
morais não se baseiam na razão, Hume infere que elas se baseiam em sentimentos que são
sentidos pelo que ele chama de “senso moral”.
Finalmente, Hume argumenta que, embora as distinções morais sejam baseadas em
sentimentos, isso não leva ao relativismo moral. Os princípios morais gerais e a faculdade de
sentido moral que lhes reconhece são comuns a todos os seres humanos.
Kant

Segundo Kant, a capacidade que o homem tem de diferenciar o certo do errado é inata,
ou seja, já nasce com ele. Sendo assim, a moral humana independe da experiência, pois já
nascemos com ela. Sendo anterior à experiência, ela é “formal”, ou seja, vale para todas as
pessoas, onde quer que elas estejam e em qualquer tempo.
Quando faço uma escolha e ajo de determinada maneira, preciso estar convicto de que
posso desejar que todas as outras pessoas façam a mesma coisa na mesma situação. Afinal,
não posso desejar aos outros aquilo que não quero para mim!
Quando tento ser justo com os outros a fim de que eles me reconheçam como uma
pessoa “legal”, então não estou agindo de acordo com a lei moral. Uma ação só pode ser
considerada moral quando seu resultado vier do esforço em superar-se a si mesmo. Trata-se
de uma questão de dever, ou seja, é dever do ser humano agir moralmente, faz parte de sua
natureza.
Tal procedimento visa a estabelecer uma ética de responsabilidade, da qual o homem
até consegue escapar, já que possui o livre-arbítrio, mas aos homens conscientes isso não é
possível.

John Stuart Mill

As ideias de Stuart têm base a Utilitarismo, uma filosofia ética proposta primeiramente
por Jeremy Bentham, tal filosofia fundamenta-se no princípio de utilidade, que determina que
a ética deve basear-se sempre em contextos práticos, pois o agente moral deve analisar a
situação antes de agir, e sua ação deve ter por finalidade proporcionar a maior quantidade de
prazer (bem-estar) ao maior número de pessoas possível para que seja moralmente correta.
Dessa maneira, o utilitarismo descarta por completo a teoria de Kant.
A descrição mais comum do utilitarismo diz respeito ao bem estar dos seres
sencientes, aqueles que são capazes de sentir dor e prazer, em alguns casos mesmo os não
humanos. Esta descrição é o motivo pelo qual, modernamente, o utilitarismo tem sido usado
em discussões acerca do sofrimento de animais não humanos e aspectos éticos envolvidos
com a produção de animais com finalidade alimentar.
Mill tem uma perspectiva hedonista de felicidade. Segundo esta perspectiva, a
felicidade consiste no prazer e na ausência de dor. O prazer pode ser mais ou menos intenso e
mais ou menos duradouro. Mas a novidade de Mill está em dizer que há prazeres superiores e
inferiores, o que significa que há prazeres intrinsecamente melhores do que outros. Mas o que
quer isto dizer? Simplesmente que há prazeres que têm mais valor do que outros devido à sua
natureza. Nesta conceituação Mill incluía não apenas a quantidade, mas a qualidade do prazer.
Friedrich Nietzsche

Nietzsche propôs uma nova abordagem sobre a genealogia moral, a formação histórica
dos valores morais. As concepções morais são elaboradas pelos homens, a partir de interesses
humanos. E as religiões têm papel fundamental nisso, pois impõem valores humanos como
sendo produtos da “vontade de Deus”. Ele chegou à conclusão de que não existem noções
absolutas de bem e mal. Afinal, se os valores morais são produto histórico-cultural, logo,
também são mutáveis.
A grande crítica de Nietzsche às éticas socrática, kantiana e cristã, é a de que estas são
“morais de rebanho”. O conceito de ética universal coincide com os preceitos de uma religião
que tenta controlar as paixões e assim, homogeneizar os homens. A individualidade, tão
valorizada por Nietzsche, acaba sendo diluída no meio do rebanho.
Nietzsche busca a “transmutação de todos os valores”, questionando o conceito de
bem e mal em busca de novos valores “afirmativos da vida”, como a vontade, a criatividade e
o sentimento estético.

Karl Marx

Marx foi influenciado pelas consequências sociais da Revolução Industrial e o


exemplo das lutas operárias a favor da redução do horário de trabalho e de melhores
condições de vida. O pensamento de Karl Marx se baseia em uma total submissão da ética à
política e à economia. Sendo possível identificar sua ideia de ética através de suas obras
econômicas e políticas. Indo contra a ideia de uma ética cristã, que é possível observar em
suas ideias iniciais.
Karl Marx considera que "as ideias dominantes em certa época ou em certo país não
são ideias puras, não descendem de Deus ou da Razão, nem são elas que comandam a vida e
encaminham a história: tais ideias não são mais do que o reflexo das relações materiais
(econômicas e sociais) entre fortes e fracos, entre ricos e pobres, entre dominadores e
dominados. Quem conduz a evolução da história, portanto, não é Deus, nem as ideias, nem os
homens, ou sequer os grandes homens: são as forças materiais, as forças económicas, as
forças produtivas".
O materialismo histórico pressupõe a defesa da tese de que os fatores materiais são as
condições determinantes da história. A subordinação das ideias, da cultura, da religião, da arte
e da política às forças produtivas constitui a tese central do pensamento marxiano.
Segundo Marx, a moral não existe fora da sociedade, não há leis morais eternas nem
leis naturais. A moral depende das condições econômicas e está ao serviço da classe
dominante. Numa sociedade esmagada pela ditadura do proletariado, a moral está ao serviço
da luta de classes e do partido dirigente.

Palmas, 03 de setembro de 2019.

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