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Elias Antônio dos Santos – Curso de Administração Pública – Polo Bom Jesus de Itabapoana

Universidade Federal Fluminense (UFF) Curso de Administração Pública


Disciplina: Filosofia e ética
Nome do Aluno: Elias Antônio dos Santos
Polo: Bom Jesus de Itabapoana
Matricula: 23113110031

Estude os textos indicados e responda:


Comparando as éticas platônica e aristotélica, percebem-se diferenças quanto à
noção de virtude, ao modo como ela é adquirida, bem como à noção de felicidade e o
caminho para alcançá-la em ambos os filósofos. Diferencie nos dois filósofos os
seguintes conceitos:
1. Virtude e o modo de adquiri-la.
2. Felicidade e como alcançá-la.
3. Noção de erro moral e sua razão de ser em ambos, usando os conceitos de páthos
e akrasía

R: Os pensamentos de Platão e Aristóteles são parecidos no que diz respeito à


existência do ser humano contemplando o mundo e ao significado de sua existência.
Ambos se dedicaram a refletir e tentar compreender o que é ter consciência de uma
existência e como ela se relacionaria com a consciência dos outros.
Todavia, mesmo que Aristóteles discordasse das ideias de Platão em vários pontos
centrais, é inegável que boa parte de sua obra apresenta uma evolução dos
pensamentos formulados por seu mestre.
Ainda assim, é interessante observar que Platão voltava seu raciocínio mais para
preocupações com a "alma". Já Aristóteles se concentrou na linha política, tentando
inserir suas ideias em um contexto social. Em termos filosóficos, para Platão, ser era
ser. Para seu aluno, observar era ser.
E acerca da Ética de Platão e Aristóteles, existem diferenças e semelhanças,
podemos perceber visíveis convergências e divergências.
Platão propõe uma ética transcendente, dado que o fundamento de sua proposta ética
não é a realidade empírica do mundo, nem mesmo as condutas humanas ou as

2023
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relações humanas, mas sim o mundo inteligível, centradas na Ideia perfeita, boa e
justa que organiza a sociedade e dirige a conduta humana. As Ideias formam a
realidade platônica e são os modelos segundo os quais os homens tem seus valores,
leis, moral. Para o filósofo, conforme o conhecimento das ideias, das essências, o
homem obtém os princípios éticos que governam o mundo social.
A ética aristotélica, em oposição à ética de seu mestre, tem suas bases na realidade
empírica do mundo, no questionamento acerca das condutas humanas e na
organização social. As exigências com relação à vida na polis e a realidade do homem
formam o conteúdo das ideias, e são ambas as responsáveis pela escolha dos
valores, pela moralidade e pelas leis, pela definição das condutas dos homens. Sua
teoria ética era realista, empirista em contrapartida à visão idealista e racionalista de
Platão.
A ética aristotélica inicia-se com o estabelecimento da noção de felicidade. Neste
sentido, pode ser considerada eudemonista, doutrina que considera a busca de uma
vida feliz, seja em âmbito individual seja coletivo, o princípio e fundamento dos valores
morais, julgando eticamente positivas todas as ações que conduzam o homem à
felicidade. Oposta à de Platão, que buscava a essência das ideias de felicidade e da
ideia do Bem sem relacioná-las diretamente à prática. A felicidade é definida como
uma certa atividade da alma que vai de acordo com uma perfeita virtude. Partindo
dessa definição, faz-se necessário um estudo sobre o que é uma virtude perfeita e,
assim, faz-se necessário, também, o estudo da natureza da virtude moral.
A virtude é definida por Aristóteles como hábito ou disposição racional constante,
sendo a virtude o hábito torna o homem bom e o capacita na boa execução de sua
função. Esta definição se mostra oposta à de Platão, que prega a virtude como
capacidade de realizar uma função determinada, inerente a alguma parte da alma
humana ou da cidade ideal.
A virtude moral é consistida por uma mediedade relativa a nós e o filósofo define- a
como disposição – já que não podem ser nem faculdades nem paixões – para agir de
forma deliberada, sendo que a disposição está de acordo com a reta razão. Após
estabelecer a virtude moral como uma disposição – héxis – ou seja, como se dá o
comportamento do homem com relação às emoções, há ainda a necessidade de que
a diferença específica entre virtude moral e virtude intelectual seja explicitada.

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O que distingue as duas espécies de virtude é a mediania. A virtude intelectual é


adquirida através do ensino, e assim, necessita de experiência e tempo. A virtude
moral é adquirida, por sua vez, como resultado do hábito. O hábito determina nosso
comportamento como bom ou ruim. É devido ao hábito que tomamos a justa-medida
com relação à nós. Logo, a mediania é imposta pela razão com relação às emoções
e é relativa às circunstâncias nas quais a ação se produz.
Ao considerar as virtudes morais como adquiridas, há uma implicação de que o
homem é causa de suas próprias ações, responsável por seu caráter – por esse
motivo a ação precede e prevalece sobre a disposição – o que refuta a ideia platônica
de que o homem que age mal, o faz por ignorância, pois o mal é a ausência do bem.
Está na natureza das virtudes a possibilidade de serem destruídas pela carência ou
pelo excesso e cabe à mediania preservar as virtudes morais e também diferenciá-las
das virtudes naturais. Pode-se notar, pois, que a ideia de justa-medida preconiza que
qualquer virtude é destruída pelos extremos: a virtude é o equilíbrio entre o sentir em
excesso e a apatia. Portanto, fica evidente que a virtude busca pela harmonia – e esta
é dada pela razão entre as emoções extremas. O meio-termo é experimentar as
emoções certas no momento certo e em relação às pessoas certas e objetos certos,
de maneira certa. Isso é a mediania, é a excelência moral, a qual diverge da noção
platônica de excelência moral, que seria cada parte da alma exercer sua tarefa própria
da melhor maneira possível, com excelência para exercer sua respectiva virtude.

Referências:
Ética de Platão e Aristóteles: diferenças e semelhanças.
https://www.psicologiamsn.com/2014/10/etica-de-platao-e-de-aristoteles-diferencas-
e-semelhancas.html. Acesso em 04/03/23.

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