Você está na página 1de 11

CURSO CURES

ALUNA: Lilian da Silva Fernandes.

PROFESSORA: Dinorah.

TURMA: Podologia 04.

ÉTICA KANTIANA E ÉTICA ARISTÓTICA.

NOVA IGUAÇU

2023
Ética aristotélica
Conceito: Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) foi o primeiro filósofo a tratar da
ética como uma área própria do conhecimento, sendo considerado o
fundador da ética como uma disciplina da filosofia.

A ética (do grego ethos, "costume", "hábito" ou "caráter") para Aristóteles está
diretamente relacionada com a ideia de virtude (areté) e da felicidade
(eudaimonia).

Para o filósofo, tudo tende para o bem e a felicidade é a finalidade da vida


humana. Entretanto, a felicidade não deve ser compreendida como prazer,
posse de bens ou reconhecimento. A felicidade é a prática de uma vida
virtuosa.

O ser humano, dotado de razão e capacidade de realizar escolhas, é capaz de


perceber a relação de causa e efeito de suas ações e orientá-las para o bem.

A virtude na ética de Aristóteles


Aristóteles faz uma distinção importante entre as determinações da natureza,
sobre as quais os seres humanos não podem deliberar e as ações frutos da
vontade e de suas escolhas.

Para ele, os seres humanos não podem deliberar sobre as leis da natureza,
sobre as estações do ano, sobre a duração do dia e da noite. Tudo isso são
condições necessárias (não há possibilidade de escolha).

Já a ética opera no campo do possível, tudo aquilo que não é uma


determinação da natureza, mas depende das deliberações, escolhas e da
ação humana.

Ele propõe a ideia da ação guiada pela razão como um princípio fundamental
da existência ética. Desse modo, a virtude é o "bem agir" baseado na
capacidade humana de deliberar, escolher e agir.

A prudência como condição de todas as virtudes


Aristóteles afirma que entre todas as virtudes, a prudência é uma delas e a
base de todas as outras. A prudência encontra-se na capacidade humana de
deliberar sobre as ações e escolher, baseado na razão, a prática mais
adequada à finalidade ética, ao que é bom para si e para os outros.

Só a ação prudente está de acordo com bem comum e pode conduzir o ser
humano a seu objetivo final e essência, a felicidade.

A prudência como o justo meio


A sabedoria prática baseada na razão é o que torna possível o controle dos
impulsos pelos seres humanos.

No livro Ética a Nicômaco, Aristóteles mostra que a virtude está relacionada


com o "justo meio", a mediana entre os vícios por falta e por excesso.

Por exemplo, a virtude da coragem é a mediana entre a covardia, vício pela


falta e a temeridade, vício por excesso. Assim como o orgulho (relativo à
honra) é o junto meio entre a humildade (falta) e a vaidade (excesso).

Desse modo, o filósofo compreende que a virtude pode ser treinada e


exercitada, conduzindo o indivíduo mais efetivamente para o bem comum e a
felicidade.

A Ética de Kant e o Imperativo


Categórico
Conceito: Immanuel Kant (1724-1804) buscou criar um modelo ético que
fosse independente de qualquer tipo de justificação moral religiosa e se
baseasse apenas na capacidade de julgar inerente ao ser humano.

Para isso, Kant elaborou um imperativo, uma ordem, de forma que o indivíduo
pudesse utilizar como uma bússola moral: o Imperativo Categórico.

Esse imperativo é uma lei moral interior ao indivíduo, baseada apenas na


razão humana e não possui nenhuma ligação com causas sobrenaturais,
supersticiosas ou relacionadas a uma autoridade do Estado ou religiosa.
O filósofo buscou fazer com a filosofia o que Nicolau Copérnico fez com as
ciências. A revolução copernicana transformou toda a forma de compreensão
do mundo.

A ética kantiana está desenvolvida, sobretudo, no livro Fundamentação da


Metafísica dos Costumes (1785). Nele, o autor busca estabelecer um
embasamento racional para o dever.

Capa original de Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785) e o filósofo Immanuel Kant

Moral Cristã e a Moral Kantiana


Kant foi largamente influenciado pelos ideais do Iluminismo,
fundamentalmente laico. O Iluminismo rompeu com toda o conhecimento
baseado na autoridade. O pensamento deveria ser uma faculdade autônoma
e livre das amarras impostas pela religião, sobretudo, pelo pensamento da
Igreja Medieval.

Kant reforça essa ideia ao afirmar que somente o pensamento autônomo


poderia conduzir os indivíduos ao esclarecimento e a maioridade. A
maioridade em Kant não está relacionada com a idade, ou maioridade civil,
ela é a independência dos indivíduos fundamentada na sua capacidade
racional de decidir por si mesmo o que é o dever.
A moral kantiana se opõe à moral cristã, na qual o dever é entendido como
uma heteronomia, uma norma vinda de fora para dentro, a partir das
Escrituras ou dos ensinamentos religiosos.

Duas coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito:


o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim.

A ética de Kant fundamenta-se única e exclusivamente na Razão, as regras


são estabelecidas de dentro para fora a partir da razão humana e sua
capacidade de criar regras para sua própria conduta.

Isso garante a laicidade, independência da religião, e a autonomia,


independência de normas e leis, da moral kantiana. Kant buscou substituir a
autoridade imposta pela Igreja pela autoridade da Razão

O Imperativo Categórico de Kant


O filósofo buscou estabelecer uma fórmula moral para a resolução das
questões relativas à ação. O Imperativo Categórico, ao longo das obras de
Kant, aparece formulado de três maneiras diferentes.

Cada uma das três formulações se complementam e formam o eixo central


da moral kantiana. Nela, as ações devem ser orientadas pela razão, sempre
saindo do particular, da ação individual, para o universal, da lei moral:

1. Age como se a máxima de tua ação devesse ser erigida por tua
vontade em lei universal da Natureza.
Na primeira formulação, a ação individual deve ter como princípio a ideia de
poder se tornar uma lei da Natureza

As leis da Natureza são universais e necessárias, todos os seres a cumprem,


não há alternativa. Como a lei da gravidade, os ciclos de vida e outras leis que
submetem todos os seres e é inquestionável.

A razão humana é capaz de julgar, independentemente de determinações


externas (religião ou leis civis), se uma ação é correta para todos.
2. Age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua
pessoa como na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca
como um meio.
Nessa segunda formulação, Kant reforça a ideia de que a humanidade deve
ser sempre o objetivo da ética. Todas as ações devem estar subordinadas ao
respeito à humanidade.

Essa humanidade é representada tanto na pessoa do agente, aquele que


pratica a ação, como nas pessoas que sofrem a ação direta ou indiretamente.
Respeitar a si e respeitar o outro é uma forma de respeito à humanidade.

Deste modo, um ser humano jamais pode ser entendido como um


instrumento para se alcançar qualquer tipo de objetivos. A humanidade é o
fim das ações e nunca um meio.

Kant, nesse momento contraria, por exemplo, a ideia de que "os fins justificam
os meios" ou qualquer visão utilitária da ética.

3. Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei


universal para todos os seres racionais.
A terceira e última formulação dá conta da racionalidade humana, da
capacidade de julgar e de agir determinado por um fim.

Nela, Kant separa os seres humanos dos outros seres da Natureza. A


Natureza age determinada pelas causas, isso causa aquilo. Enquanto os
seres racionais determinam sua vontade de acordo com os fins

O agente deve tomar como princípio a ideia de que sua ação possa servir
como lei para todas as pessoas. Ou seja, com base na razão, a boa ação é a
que está em conformidade com o dever.

A Ação por Dever


Para Kant, a vontade boa é aquela que quer aquilo que deve. Ou seja, a boa
vontade orientada pela razão está de acordo com o dever e quer o bem.

A Razão compreende o que é o dever e o ser humano pode escolher agir em


de acordo com esse dever ou não. Entretanto, a ação moral será sempre a
ação por dever.
Sendo assim, a ação deve ser compreendida como um fim em si mesma, e
nunca com base em suas consequências. É a ação pela ação e o dever pelo
dever, nunca em vista de outro fim.

Ele acreditava que somente dessa forma os seres humanos poderiam ser
livres plenamente e afirmou:

Vontade livre e vontade submetida a leis morais são uma e a mesma


coisa.

Deste modo, a ética de Kant apresenta-se fundamentada na ideia do dever. A


ética que se baseia no dever é chamada de ética deontológica. Deontologia
deriva do grego deon, que significa "dever". Deontologia seria a "ciência do
dever".

Ética de Kant e a Deontologia


A deontologia kantiana se opõe à tradição ética, teleológica. Nela,
racionalmente chega-se a conclusão de que o dever é entendido como a
finalidade da própria ação, rompendo com a tradição teleológica da ética, que
julga as ações de acordo com sua finalidade (em grego, telos).

A ética teleológica tradicional tem como fundamentação a ideia da finalidade


da ação. Para a tradição, as ações são morais quando relacionadas com seu
fim que se determina como o objetivo das ações humanas.

Para os filósofos gregos, a eudaimonia era o telos, ou o objetivo das ações


humanas. Isto é, as ações são boas quando conduzem para o fim maior que é
a felicidade.

Na filosofia cristã o telos é a salvação, as boas ações são aquelas que não
são consideradas pecado e não se imporiam como obstáculo para uma boa
vida após a morte, não conduziriam para uma eternidade de sofrimentos.

Já para o utilitarismo, a finalidade das ações humanas é o prazer. Uma vida


prazerosa e sem sofrimentos seria uma vida moral.
Deontologia Teleologia

Fundamentação deon, "dever" telos, "finalidade"

• Gregos -
felicidade/eudaimoni
a
• Medievais -
Corrente de Pensamento • Kantiana - dever
Deus/salvação
• Utilitarista -
prazer/ausência de
sofrimento

A Mentira como Problema Ético


Segundo a ética kantiana, a Razão mostra, por exemplo, que mentir não é
justo. A mentira não pode ser tomada como uma lei. Em um mundo onde
todos mentissem tenderia ao caos e não seria possível determinar a verdade.

E, também, quando se conta uma mentira, o agente não respeita a


humanidade em si mesmo, usando um meio injusto para ter algum tipo de
benefício. Por outro lado, não respeita a humanidade no outro, negando-lhe o
direito à verdade e utilizando-o como um instrumento, que por sua boa-fé,
acredita em algo falso e será conduzido a agir de determinada maneira.

A mentira, qualquer que seja sua motivação, jamais passaria pelo crivo do
Imperativo Categórico. Essa ideia suscita inúmeras. Dentre elas, a mais
conhecida foi proposta por Benjamin Constant (1767-1830), político francês.

Constant utiliza o exemplo do assassino que bate à porta da casa onde sua
vítima se esconde e pergunta a quem o atende se a vítima está dentro da
casa.

A pessoa que atende a porta deve mentir, privando o assassino do direito à


verdade para salvar uma vida? Ou deveria, baseado no Imperativo Categórico,
dizer a verdade por ser ela um dever?

Kant afirma que o Imperativo Categórico não impede ninguém de mentir e a


pessoa que atendeu a porta poderia mentir ao assassino, mas deveria estar
claro que essa não foi uma ação moral, podendo ser passível de algum tipo
de punição.

Índice da pesquisa:

1 - Introdução: Ética aristotélica e ética kantiana.

2 - Desenvolvimento: Ética aristotélica


Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) foi o primeiro filósofo a tratar da ética como uma área
própria do conhecimento, sendo considerado o fundador da ética como uma disciplina da
filosofia.

A ética (do grego ethos, "costume", "hábito" ou "caráter") para Aristóteles está
diretamente relacionada com a ideia de virtude (areté) e da felicidade (eudaimonia).

Para o filósofo, tudo tende para o bem e a felicidade é a finalidade da vida humana.
Entretanto, a felicidade não deve ser compreendida como prazer, posse de bens ou
reconhecimento. A felicidade é a prática de uma vida virtuosa.

O ser humano, dotado de razão e capacidade de realizar escolhas, é capaz de


perceber a relação de causa e efeito de suas ações e orientá-las para o bem.

A Ética de Kant e o Imperativo Categórico

Immanuel Kant (1724-1804) buscou criar um modelo ético que fosse


independente de qualquer tipo de justificação moral religiosa e se baseasse
apenas na capacidade de julgar inerente ao ser humano.

Para isso, Kant elaborou um imperativo, uma ordem, de forma que o indivíduo
pudesse utilizar como uma bússola moral: o Imperativo Categórico.

Esse imperativo é uma lei moral interior ao indivíduo, baseada apenas na razão
humana e não possui nenhuma ligação com causas sobrenaturais,
supersticiosas ou relacionadas a uma autoridade do Estado ou religiosa.

3 - Conclusão: Aristóteles propõe usar a mente de acordo com a virtude para


viver uma vida feliz. Kant propõe razão prática, negar impulsos e desejos, para
alcançar o bom estado da existência humana.
Fontes da pesquisa: https://www.todamateria.com.br/etica-aristotelica/
https://www.todamateria.com.br/etica-kant-imperativo-
categorico/
Página 1

Você também pode gostar