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Considerações gerais sobre a ética

 Por que devemos nos ocupar com a ética?


 Ética, Filosofia, Sociologia? Qual a relação?
 Na Ética pressupomos uma reflexão sobre valores referentes ao indivíduo e ao inter-
humano.
 A filosofia traz o questionamento como: é correto fazer isso? Por que devo agir dessa
forma?
 A filosofia assume, na história uma função investigativa e questionadora.
 Afinal, O que é ética?

 “Não é possível ser ético se, antes de tudo, não ser reflexivo e crítico”
 A ética pressupõe uma experiência.
 Temos uma experiência ética quando conseguimos perceber o que é, como é e como
deveria ser.
 Heidegger: a angústia
 A ética pressupões valores, princípios que norteiam o comportamento humano.
 A reflexão ética vem acompanhada de dilemas que envolvem nossas escolhas (exercício
constante) e responsabilidades:
 “A ocasião não faz o ladrão, apenas revela a escolha desse diante das circunstâncias, das
possibilitas que o mesmo está envolvido”. (Mario Sergio Cortella).
 Para pensar a ética vamos voltar para o termo Ethos
 Na Grécia antiga o termo para designar ética era éthos. Essa palavra tinha duas
acepções:
 a) Termo éthos (com “e” longo), que significa propriedade do caráter.
 b) Termo éthos (com o “e” curto) que significa costume. É para esse segundo termo que
serve a tradução latina mores, ou seja, moral.

 FELICIDADE- BEM ESTAR – INDIVÍDUO – SOCIEDADADE

 A questão da felicidade ou do bem estar envolve algumas questões para a reflexão:


 A ética envolve um zelo pelo coletivo, porém vem a questão que nós seres humanos
somos movidos por apetites, desejos, sonhos, disposições.
 Nem sempre nossas disposições são condizentes com a coletividade, com a relação do
outro.
 Disso resulta a necessidade de refletir sobre os valores, sobre os princípios que orientam
nossas ações.

 A ética na Grécia Antiga

 Politikós Idiótes
ARISTÓTELES
Virtudes éticas e Dianoéticas

 Dianoético
 Grego= intelectual. A expressão “virtudes dianoéticas” indica as virtudes próprias da
alma: arte, ciência, sabedoria, sapiência, intelecto.

Divisão das ciências em Aristóteles e a virtude

 Ciências técnicas - produção de objetos ou a obtenção de resultados


Ciências teoréticas – geometria, matemática
Ciências práticas – ação tem um fim em si mesma:
 Ética
 Política
Ação e a felicidade

O homem é um ser que age. Na sua ação visa um bem. Existem bens que são meios
para outros (vou trabalhar para ganhar dinheiro).
Há outros bens que, ao contrário, são considerados como fins, que buscamos por si
mesmos. Deve haver, segundo Aristóteles, um bem ou fim supremo que todos os homens
buscam. Esse bem é a felicidade.
Contudo, os homens consideram que a felicidade pode ser promovida por objetos bem
diversos. Existem aqueles que afirmam que ela pode ser encontrada no prazer
(hedonismo) outros nas riquezas.
Segundo Aristóteles, O homem é dotado de três almas (vegetativa, sensitiva e
racional). O prazer é própria da alma sensitiva, própria dos animais.
O homem que vive apenas em busca do prazer não realiza a função própria de sua
alma racional.
A felicidade somente pode ser encontrada na virtude.
areté: excelência.
A felicidade consistirá na excelência ou perfeição própria do homem.
A virtude do homem consistirá na perfeição no uso da razão, no desenvolvimento
completo de sua alma racional.
Ocorre que o homem não é apenas racional.
A Faculdade de desejar às vezes segue os ditames da razão outras vezes não.
Dois tipos de virtude:
Dianoéticas: a razão considerada em si mesma.
Éticas: a razão aplicada a faculdade de desejar.
Para considerar uma ato justo ou não temos os seguintes critérios:
• Deve ser consequente de um ato de liberdade.
• Deve ser consequente do hábito, costume. A virtude é uma questão de prática e
exercício.
• Deve ser o termo médio:
• Temor – excesso = covardia; ausência = imprudência; meio termo = valentia,
coragem.
• Valorizar em excesso os prazeres = inconstância, volúpia; ausência: insensibilidade;
meio termo: temperança.

• A ética Helenista

Epicurismo : a ética deve buscar a finalidade da existência humana, a felicidade, que é


consequente da satisfação do prazer.

Deve-se buscar evitar a dor e perturbações da alma (ataraxia). Razão deve possibilitar a
sabedoria prática para escolher entre os prazeres que não tragam perturbações ou dor

Estoicismo: busca da felicidade

Adequação do homem com a sua capacidade racional

Ética na Modernidade e o Iluminismo

 Centralidade no indivíduo
 O ser humano é percebido como ser capaz de dominar a natureza com o seu
conhecimento
 Valorização do conceito de racionalidade e ciência

Debate sobre o conceito de Razão

• Razão exclusivamente como capacidade de cálculo


• Razão como capacidade que viabiliza o conhecimento
• Razão como capacidade de princípios que ordenam a experiência humana

Immanuel Kant

A filosofia Crítica

Conceito de Razão

Razão: capacidade de princípios para conhecimento e para a determinação moral.


“é percebida como uma capacidade que viabiliza a fundamentação moral, o conhecimento da
natureza, o julgamento estético. Esses conhecimentos são possíveis na medida em que a razão
constitui numa capacidade promotora de princípios a priori, independentes da experiência”.

Crítica da Razão pura e crítica da Razão Prática

• Tribunal da razão: Busca investigar até que ponto a razão humana é capaz de
conhecer, se existe um conhecimento puro, apenas racional.

• Revolução Copernicana

• Fundamentação da moralidade

Fundamentação Moral

Questionamento a fundamentação moral tradicional.

Liberdade – Metafísica – Moralidade

Kant, não podermos afirmar a metafísica tradicional como por exemplo a cristã, mas
podemos pensar em outra forma de metafísica sustentada através do conceito de liberdade.

Como ser racional e, portanto, pertencente ao mundo inteligível, o homem não pode
pensar nunca a causalidade da sua própria vontade senão sob a ideia da liberdade, pois que
independência das causas determinantes do mundo sensível (independência que a razão tem
sempre de atribuir-se) é liberdade. Ora, à ideia da liberdade está inseparavelmente ligado o
conceito de autonomia, e a este o princípio universal da moralidade, o que na ideia está na
base de todas as ações de seres racionais como a lei natural está na base de todos os
fenômenos (KANT, 1980a,p. 154).

A liberdade deve ser pressuposta em toda a natureza racional e não apenas na natureza
humana, uma vez que a moralidade nos é possível como lei na medida em que somos dotados
de razão. Em seres racionais é possível pensar uma razão que é prática, ou seja, “que possui
causalidade em relação aos seus objetos”

O conceito de moralidade em Kant tem uma designação distinta em relação à moral


tradicional, que se encontrava fundamentada “numa fé transcendental e, à base desta fé, numa
subordinação da vontade a uma autoridade”

Agora a problemática está em determinar o que a caracteriza. O que é uma boa vontade? O
que é uma vontade moral?
Nesse conceito está o ponto básico do uso prático de nossa razão, no qual a preocupação não
está na “determinação dos objetos do conhecimento, mas exclusivamente com os princípios
de determinação da vontade.”

Vontade

A vontade é considerada como a capacidade do indivíduo agir segundo a


representação de leis. Pois, a razão enquanto faculdade prática é capaz de determinar a priori
princípios; sendo assim, a “vontade não é outra coisa que razão prática.” (KANT, 1980a, p
123).

Máxima

É o princípio subjetivo da ação”, enquanto que a lei prática, ou regra, “é o princípio


objetivo.” As máximas são consideradas como necessárias para uma determinada condição,
com validade apenas para uma vontade particular e não constitui uma determinação objetiva,
mas sim, uma regra considerada como válida apenas para o indivíduo.

Princípio moral:

Segundo Kant, uma ação para ser moral dever ter como motivação a própria lei moral,
ou seja, devemos agir pelo dever moral, não apenas em conformidade com moral.

Por dever ≠ Conforme o dever moral

Imperativos

Princípio que ordena- Como o ser humano não é apenas racional, mas é também
emocional, os princípios determinados pela razão aparecem na forma de imperativo ou
ordenamento.

Imperativo hipotético – um ordenamento para obter um fim.

Imperativo categórico – um ordenamento que determina para agirmos pelo simples fato de ser
moral.

Princípio formal da moral

“Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua máxima em lei universal da
natureza.”
“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outra sempre e simultaneamente como fim e nunca como meio”

“Reino dos fins – como ser racional”

Legislação moral e Jurídica

A distinção entre moralidade e legislação jurídica é possível na medida em que


considerarmos os elementos básicos de qualquer legislação. Para Kant, toda legislação possui
dois elementos constitutivos: a lei que determina objetivamente como necessária uma certa
ação (fazendo dela uma obrigação), e a motivação que liga uma máxima à representação da
lei, o que torna possível a determinação do arbítrio.

“A distinção entre Moral e Direito não está na diferença entre espécies de deveres distintos, e
sim, na própria legislação, na medida em que liga o móbil à lei” (KANT, 1999, § III, 220, p.
25). Ocorre que a doutrina do direito se ocupa unicamente com a condição formal da
liberdade externa, enquanto que a moralidade leva em conta o fim último da razão pura,
através da qual somos capazes de determinar nossas ações totalmente a priori, independentes
de qualquer motivação exterior

ILUMINISMO: A QUESTÃO POLÍTICA

A política é vista por Kant como uma arte difícil, que muitas vezes abandona os
critérios da moral, tomando para a determinação da ação as artes da prudência. Contudo, a
política deve se subordinar à moral, pois se ela for, para os homens em suas relações externas,
determinada unicamente pelo princípio da prudência, sob a justificativa da incapacidade da
natureza humana de fazer o bem, de agir conforme o direito, haveria discrepância entre
política e moral. No pensamento de Kant (1995e, p. 164): A verdadeira política não pode,
pois, dar um passo sem antes ter rendido preito à moral, e embora a política seja por si mesma
uma arte difícil, não constitui, no entanto arte alguma a união da mesma com a moral.

A distinção entre o político moral e o moralista político

Na busca pela dissolução do conflito entre moral e política, Kant diz que a política deve
ser subordinada à moralidade, e que é preciso distinguir o político moral do moralista político.
O primeiro é aquele que diante de determinadas circunstâncias em que não se pode agir
imediatamente conforme o que determina a moral, assume os princípios da prudência política
de modo que possam coexistir com a moral.
Moralista político

É aquele que forja uma moral segundo o que lhe é conveniente, tem como ponto de
partida um fim material, que se refere ao bem-estar ou à felicidade.

Razão pública e Razão privada

Público: comunicação voltada para uma grande quantidade de pessoas, na qualidade de


especialista.

Clérigo: faz críticas e sugere mudanças a sua instituição

Privado: o uso da comunicação, da razão em função de um determinado trabalho,


empresa.

Clérigo: representa a instituição

Filosofia de Nietzsche

AA filosofia de Nietzsche apresenta uma problematização sobre o modo de perceber a


filosofia e a história do conhecimento. Sua filosofia é marcada pelo aforismo e pelo poema.

O conceito de Verdade

Para Nietzsche não se trata mais de procura o ideal de um conhecimento verdadeiro. Eis,
então, que aparece a questão qual a tarefa da filosofia?

Interpretar e avaliar

A interpretação procuraria fixar o sentido de um fenômeno sempre parcial e fragmentado. Por


sua vez, a avaliação tentaria determinar o valor hierárquico desses sentidos , totalizando os
fragmentos sem suprimir a pluralidade .

Onde está o verdadeiro filósofo

Pode ser encontrado entre os pré-socráticos que apresentavam na sua atividade a


unidade entre pensamento e vida. O desenvolvimento da filosofia teria degenerado essa
característica. Em lugar de um forma de vida e pensamento ativo a filosofia teria se ocupado
com a tarefa de julgar a vida, colocando valores considerados superiores.

A degeneração aparece com Sócrates


Sócrates estabeleceu a distinção entre o essencial e o aparente, o verdadeiro e falso, entre
inteligível e sensível. Sócrates inventou a metafísica.

Com Sócrates apareceu o filósofo voluntário e submisso inaugurando o conceito de razão e


do homem teórico.

Crítica de Nietzschiana á metafísica e ao cristianismo

Cristianismo: Concebe o mundo terrestre e humano como um vale de lágrimas em


oposição ao paraíso e a felicidade eterna. Trata-se de um platonismo para o povo, uma
vulgarização da metafísica. O cristianismo constitui em uma forma de perversão dos instintos
repousada em dogmas e crenças que permitem a consciência escrava escapar à vida, à dor,
impondo para isso a resignação e a renúncia como virtudes.

Os escravos e os vencidos da vida inventaram o além para superar a miséria.

Cristianismo e Sócrates

A partir de Sócrates, Platão e do Cristianismo existe o triunfo da moral dos fracos que negam
a vida e negam a afirmação da vida.

Apolo e Dionísio

Na Grécia Antiga Apolo e Dionísio eram duas figuras mitológicas que são ao ver de
Nietzsche o símbolo das forças da natureza que na tragédia grega estavam equilibradas.

Apolo representa o lado luminoso da existência, o impulso para gerar as formar puras,
a precisão, é o deus do sobriedade, da temperança, da justa medida.

Dionísio e o fundo tenebroso, informe, desmedido, figura que determina a transgressão


de todos os limites, o êxtase da embriaguez.

Niilismo

• Valores ditos como superiores perdem a razão de ser;

• Niilismo do cristianismo e da ideia de futuro.

HEIDEGGER (1889-1976)

• Filosofia Alemã

• Filosofia Contemporânea
A existência inautêntica

* Problema do ser

* “A maneira com o ser se apresenta para nós”

* Como o ser humano percebe (a percepção) a si mesmo, sua existência.

Seid und Zeit (Ser e Tempo).

a) Facticidade – o homem está no mundo , em determinadas circunstâncias – trata-se das


condições sociais, econômicas, geográficas, históricas;

b) Existencialidade – apropriação das coisas do mundo, designa a interioridade e sua


relação com o mundo. O homem pode ser definido como um ser que projeta-se
continuamente . Tal projeção depende das fronteiras, limites do mundo, ou seja,
estamos no mundo, com o mundo e existe uma relação da minha consciência (eu)
com o exterioridade que se traduz na vivência;

c) Ruína – desvio do projeto essencial, somos presos ao cotidiano; “o homem torna-se


um ser preguiçoso cansado de si próprio, que acovardado diante das pressões
sociais, acaba preferindo vegetar na banalidade e no anonimato”(p. IX, material).
Segundo Heidegger , o ser humano passa ter a preocupação com a vida com os outros
e esquece de si mesmo.

Como superar a vida inautêntica?

O filosofo Heidegger afirma que a angústia constitui o sentimento capaz


de reconduzir o homem para a descoberta de si mesmo, do ser. Assim, “a angústia
faria o homem elevar-se da traição cometida contra si mesmo, quando se deixa
dominar pelas mesquinharias do dia-a-dia, até o autoconhecimento” (p. X, material)

O que faz da angústia um sentimento tão especial para a descoberta do ser?

A pessoa angustiada ignora o estado exterior e a própria razão de seu estado. Todas
as coisas do mundo parecem não ter mais importância. A “realidade” que o ser
humano, as coisas particulares, não detém mais importância. O homem volta-se para o
nada. O ser humano sente-se como um ser-para-a morte.

As alternativas do humano diante da angústia:

• Fugir para o esquecimento


• Superar a própria angústia, perpassando por uma dimensão mais profunda, o que
possibilita a transcendência sobre o mundo e a próprio homem.

• Transcender = homem está capacitado par atribuir sentido ao ser.

Questões importantes sobre o projeto humano

• O homem é um se de relações, isto é, é um “ser-com, um ser-em-comum e isso se


manifestas sobretudo no trabalho”(p. X);

• Relação a si mesmo e ao futuro que homem não cessa de transcender, o homem vive
em universo de possibilidades – Tensão entre o que é o homem e o que virá a ser, o
que constitui a inquietação.

• A inquietação estrutura o ser do humano na temporalidade, pois “prendendo ao


passado, mas, ao mesmo tempo, lançando para o futuro”. O homem assume seu
passado e seu projeto de ser e afirma a sua presença no mundo. Temos então a
superação da angústia e o homem toma o seu destino nas suas próprias mãos.

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