Você está na página 1de 7

Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo alemão amplamente

considerado um dos pensadores mais influentes da filosofia ocidental. Ele é


conhecido por suas contribuições em diversas áreas da filosofia, incluindo
ética, epistemologia, metafísica, filosofia política e estética. Kant é
frequentemente associado ao Iluminismo alemão e é considerado o
principal expoente do pensamento crítico e da filosofia da Razão.

A FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES

Existem Leis que ordenam o mundo físico, Lei da Gravidade por exemplo,
princípios superiores que regulamentam o mundo físico, lei transcendente.
Assim como existem leis que fundamentam o mundo físico, o que
regulamenta os costumes (a moralidade e a ética)? O que fundamenta os
costumes? Qual a lei natural, qual a metafísica que fundamenta os
costumes?
"A Fundamentação da Metafísica dos Costumes" (em alemão,
"Grundlegung zur Metaphysik der Sitten") é uma obra fundamental de
Immanuel Kant, um dos filósofos mais influentes da filosofia moral e ética.
Neste livro, Kant explora e defende sua ética deontológica, que se baseia na
noção de dever e na racionalidade moral.
A ética deontológica, muitas vezes chamada de deontologia, é uma
abordagem na filosofia moral que se concentra na moralidade das ações em
si mesmas, em oposição às consequências dessas ações. Ela é chamada de
"deontológica" porque se baseia em deveres (do grego "deon" significa
"dever") e regras morais que determinam o que é moralmente correto,
independentemente das consequências que possam resultar dessas ações.
A ética deontológica é frequentemente contrastada com a ética
consequencialista, que avalia a moralidade de uma ação com base em suas
consequências. Enquanto a ética deontológica se concentra na natureza
intrínseca da ação, a ética consequencialista considera se as consequências
são boas ou más como critério para avaliar a ação. Ambas as abordagens
têm sido influentes na filosofia moral e continuam a ser discutidas em uma
variedade de contextos éticos e profissionais.
No mundo grego (filosofia clássica) a ideia era aristocrática, ou seja, havia
hierarquia natural entre os seres.
Uns mais inteligentes que outros, outros mais bonitos, enfim, alguns
possuíam virtudes naturais e outros não, sendo que a bondade era ditada
pela finalidade.
O mundo moderno rompe com o mundo grego através de Kant.
Kant diz que não importam seus atributos naturais e sim o que você faz
com eles.
Introduz o conceito da boa vontade.
Objetos ou até mesmo a inteligência não são bons, o que é realmente bom é
a boa vontade, ou seja, o que a pessoa vai fazer com as ferramentas que ela
possui.
Para Kant, por exemplo, é melhor um esforçado e burro do que um
inteligente e preguiçoso.
Segundo ele, o atributo natural só é bom se for usado com boa intenção.
Preparação, dedicação, isso que tem valor para Kant.
Ex: Messi e Cristiano Ronaldo.

 Maquiavel - Pragmatismo: Age bem quem aumenta a própria


potência, você se dá bem;

 Utilitarismo, ética teleológica/consequencialista: Age bem quem


alegra o maior número, quando a maioria se dá bem, o valor moral
das ações depende das suas CONSEQUENCIAS, A POSTERIORI
(depende da experiência);

 Kant - Intencionalismo, ética deontológica: Age bem quando o que


você faz é algo que todo mundo pode fazer, o valor moral das ações
depende da INTENSÃO do agente, A PRIORI (independe da
experiência).

LEI MORAL X LEI EMPÍRICA


Lei Moral é uma lei a priori da razão pura e prática e não da experiência
como na Lei Empírica.
DESEJO X VONTADE
Desejo (inclinação): Constatação do corpo em relação a uma carência
pessoal.
Vontade: Resultado do uso da inteligência prática, uma reflexão sobre o que
deve ou não deve ser feito.
A importância da RAZÃO
Se a finalidade da existência humana fosse meramente a satisfação própria,
prazeres, felicidade, não faria sentido a razão, porque para isso bastariam
os instintos, as inclinações, ou seja, tem que haver outro motivo, tem que
haver uma razão que vai além da satisfação pessoal.

Kant aborda o “Princípio Supremo da Moralidade” extraindo o fundamento


racional da moralidade.
A Metafísica dos Costumes serve pra investigar a origem dos princípios
práticos que existem a priori da razão.

Vou analisar alguns dos principais pontos filosóficos desta obra:

 IMPERATIVO CATEGÓRICO:
Kant introduz o conceito de imperativo categórico como a pedra angular de
sua ética. Ele argumenta que a moralidade deve ser baseada em princípios
universais e racionais, que são aplicáveis a todos os seres racionais. O
imperativo categórico é a ideia de que devemos agir de acordo com
máximas (princípios pessoais) que possam ser universalizadas sem
contradição. Em outras palavras, devemos agir de maneira que a máxima
de nossa ação possa ser concebida como uma lei universal.
Imperativos para Kant:
 Imperativos Hipotéticos: Subjetivos, ambições individuais. Ex: quer
ser mais magro, coma menos.

 Imperativos de Prudência: Decorrem de ambições comuns entre a


maioria; Ex: quer continuar vivendo então coma.
 Imperativo Categórico: Agir de tal maneira em que a conduta vire
uma lei universal. É categórico, não tem exceções, não muda e não
importa o resultado.

 A UNIVERSALIZAÇÃO DA MÁXIMA:
Kant oferece o princípio da universalização como um teste para determinar
a moralidade de uma ação. Ele sugere que uma máxima só é moralmente
aceitável se pudermos conceber sua universalização sem contradição. Se a
ação não pode ser generalizada sem gerar uma contradição lógica, ela é
considerada imoral.
Praticar a ação não por proibição ou medo e sim por identificar a
universalização após exercer a racionalidade moral.

 DIGNIDADE E VALOR INERENTE:


Kant argumenta que os seres humanos têm dignidade e valor intrínsecos
devido à sua capacidade de agir de acordo com a razão. Isso significa que
as pessoas não podem ser tratadas como meros meios para um fim, mas
devem ser respeitadas como fins em si mesmas. Portanto, a ética kantiana
se opõe à instrumentalização e exploração de seres humanos.

 AUTONOMIA DA VONTADE:
Kant destaca a importância da autonomia da vontade como a base da
moralidade. A autonomia implica que os indivíduos agem de acordo com a
razão e a lei moral que eles mesmos escolheram, em vez de serem
determinados por impulsos ou desejos. A moralidade reside na capacidade
de um agente de autodeterminação de acordo com princípios racionais.

 O REINO DOS FINS:


Kant propõe a ideia do "reino dos fins", onde todos os seres racionais são
legisladores morais e, ao mesmo tempo, sujeitos à lei moral. Nesse reino,
as pessoas reconhecem e respeitam a autonomia umas das outras, agindo de
acordo com princípios morais compartilhados. Isso cria uma comunidade
de seres racionais que interagem com respeito mútuo.
 CRÍTICAS E DESAFIOS:
Embora a ética kantiana seja altamente respeitada, ela não está isenta de
críticas. Alguns argumentam que o imperativo categórico pode ser difícil de
aplicar em situações reais, e que a ênfase na intenção moral pode ser
excessiva. Além disso, as críticas têm sido feitas em relação à capacidade
da ética kantiana de lidar com dilemas éticos complexos.
Kant estava errado.
Sobre não mentir ser um imperativo categórico.
A mentira não pode ser uma lei universal para Kant.
Ex: Dinheiro emprestado com a afirmação que o valor será devolvido,
presume-se que o valor será devolvido pois a verdade é uma lei universal.
Ex: Pai Judeu escondendo seu filho no porão, nazistas chegam e perguntam
pelo seu filho, segundo o pensamento de Kant, o que se espera é o pai levar
os nazistas até o porão.

Em resumo, "A Fundamentação da Metafísica dos Costumes" de Immanuel


Kant oferece uma visão profunda e influente da ética deontológica. Seus
conceitos de imperativo categórico, autonomia da vontade e a ideia do
reino dos fins continuam a ser discutidos e estudados na filosofia moral
contemporânea, tornando esta obra uma referência essencial para quem se
interessa pelo campo da ética e da filosofia moral.

LIBERDADE
A razão deve prevalecer sobre os instintos.
A moralidade de uma ação se mede pela submissão da vontade à forma
universal de uma lei a priori da razão.
Distinguir conduta moral da busca pela felicidade.
Moralidade se funda na liberdade
Ser livre é ser autônomo

RAZÃO
KANT ILUMINISTA

FÁBULA:
"O SÁBIO NA FLORESTA"

Era uma vez uma densa floresta habitada por diversas criaturas, cada uma
seguindo suas próprias regras e princípios. No coração da floresta, vivia
uma sábia coruja chamada Olívia, conhecida por sua profunda
compreensão da ética e da moral.
Um dia, uma situação de conflito surgiu na floresta. Os animais estavam
disputando um oásis, onde havia água abundante em tempos de seca. A
disputa tornou-se tão acalorada que ameaçava a harmonia da floresta. Os
animais estavam dispostos a fazer qualquer coisa para garantir sua própria
sobrevivência.
Olívia, a coruja sábia, decidiu intervir. Ela convocou todos os animais para
uma reunião sob a luz da lua, onde propôs uma solução baseada no
Imperativo Categórico de Kant.
Ela começou: "Meus amigos, a ética deontológica nos ensina que devemos
agir com base em princípios morais universais. Precisamos encontrar uma
solução que seja justa e que possa ser aplicada a todos, sem contradições."
Os animais ouviram atentamente enquanto Olívia continuava: "Aqui está a
proposta: em vez de lutar uns contra os outros, devemos estabelecer um
acordo. Cada animal terá acesso ao oásis, mas com uma condição: eles só
poderão beber o suficiente para matar sua sede imediata, deixando água
para os outros. Ninguém pode monopolizar o oásis."
Alguns animais ficaram insatisfeitos com a ideia, pois queriam garantir que
teriam água suficiente no futuro. Outros estavam preocupados com a
possibilidade de outros quebrarem o acordo. No entanto, Olívia persistiu,
lembrando-os de que essa era a única maneira de garantir a justiça e o
respeito pelos direitos de todos.
Finalmente, os animais concordaram em seguir o princípio universal do
compartilhamento responsável. Todos aceitaram o acordo proposto por
Olívia.
Com o tempo, a floresta encontrou paz e harmonia, e o oásis permaneceu
um símbolo do respeito mútuo e da aplicação do Imperativo Categórico de
Kant. Graças à sabedoria de Olívia, os animais aprenderam que a ética
deontológica e o respeito pelos princípios morais universais podem levar a
soluções justas e duradouras, mesmo nas situações mais desafiadoras.
E assim, a floresta floresceu, lembrando a todos que a ética, a moral e o
respeito mútuo são fundamentais para uma comunidade harmoniosa.

Você também pode gostar