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Filosofia Ética

Ética
O termo “ética” deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um
conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética
serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia
prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está
relacionada com o sentimento de justiça social.
A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto
de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma
sociedade e seus grupos. 
Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por
exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude
pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área
de pesquisas biológicas é denominada bioética.
Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de
determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética
de trabalho, ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na
política, etc.
Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético,
assim como o ato praticado.
Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus,
costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário,
busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.

Ética Aristotélica
Aristóteles é o criador da filosofia prática, a ética. A ética é uma ciência da prática (práxis)
humana, um saber que tem por objeto a ação. O fundamento da ética aristotélica é o mesmo
de sua metafísica: todo ser tende necessariamente à realização da sua natureza, à atualização
plena da sua potência: e nisto está o seu fim, o seu bem, a sua felicidade, e, por conseqüência
sua lei.
A felicidade é alcançada mediante a virtude. A virtude é uma atividade conforme a razão. A
virtude é ação consciente segundo a razão. O fim do homem é a felicidade, a que é necessária
à virtude, e a esta é necessária a razão.
Como o homem deve viver, do que precisa para uma boa vida? Qual é o seu bem supremo? A
resposta é: a felicidade (eudaimonia).
Tudo aquilo que se busca, se busca por um fim, para se conseguir algo. A felicidade, no
entanto, é um fim em si mesma.
Aristóteles concebe o homem como um “animal político” e a Política é a ciência que tem como
objeto de estudo o Sumo Bem. E a política tem como objetivo buscar o bem comum.
“Mesmo que haja identidade entre o bem do indivíduo e o da cidade, é manifestamente uma
tarefa importante e perfeita apreender e preservar o bem da Cidade, pois o bem é, certamente,
amável mesmo para o indivíduo isolado, mas é mais belo e divino aplicado a uma estirpe e a
uma cidade”.
A virtude é o agir por justa medida, esta é a virtude ética. O homem ideal é aquele que age
moderadamente, sempre no meio termo. A virtude ética é a justa medida que a razão impõe a
sentimentos, ações ou atitudes. A virtude não é uma inclinação, mas uma disposição. É um
hábito adquirido ou uma disposição constante e permanente para agir racionalmente em
conformidade com uma medida humana, determinada pelo homem prudente.
A prudência orienta a escolha, isto é, a deliberação racional porque é capaz de discernir o bom
e o mau nas coisas e as relações convenientes entre meios e fins.
Caráter ou índole, em grego, se diz éthos e por isso a ética se refere ao estudo do caráter para
determinar como pode tornar-se virtuoso. A educação ética está destinada a nos fazer adquirir
o hábito da virtude. Não nascemos bons, mas nos tornamos bons quando nos submetemos à
medida racional.

Helenismo
Após o esplendor de Atenas no século 5 a.C., as cidades-estados gregas foram perdendo seu
poder e acabaram conquistadas e unificadas pelos macedônios, no século 4 a. C. Sob o
domínio de Alexandre, o Grande, a cultura grega se expandiu territorialmente, indo do Egito à
Índia, num processo em que simultaneamente influenciava e sofria influências. Essa cultura
que correu mundo, tendo como raiz a tradição grega, foi chamada de cultura helenística.
Cinismo: Diógenes defendia a autossuficiência (autarquia) e negava a necessidade de valores
como a família, a cultura e o estado. Dizia que a felicidade se obtém pela satisfação das
necessidades da maneira mais econômica e simples. Afirmava que tudo que é natural não é
desonroso, nem indecente, e, portanto, pode e deve ser feito em público. A vida de Diógenes,
segundo a tradição, de extrema pobreza, era, na verdade, a aplicação prática de suas ideias e
uma forma de demonstrar a possibilidade de acabar com as convenções sociais, e alcançar
assim a autarquia.
Hedonismo ou epicurismo: suas concepções vieram ao encontro das necessidades espirituais
de seus contemporâneos, preocupados com a desintegração da polis (cidade) grega. O prazer
sensorial converteu-se na única via de acesso à ataraxia, estado que consiste em conservar o
espírito imperturbável diante das vicissitudes da vida. Esse prazer, porém, não consiste numa
busca ativa da sensualidade e do gozo corporal desenfreado, como interpretaram
erroneamente outras escolas filosóficas e também o cristianismo, mas baseia-se no
afastamento das dores físicas e das perturbações da alma.
Estoicismo: doutrina filosófica de Zenão de Cicio, segundo a qual o ideal do sábio consiste em
viver em perfeito acordo e em total harmonia com a natureza, dominando suas paixões e
suportando os sofrimentos da vida cotidiana, até alcançar a mais completa indiferença e
impassibilidade diante dos acontecimentos.
Ceticismo: Pirro de Élida, no século III a.C., aceitando a distinção entre o que é verdadeiro por
natureza e o que é verdadeiro por convenção, admite que as coisas existam por si mesmas e
que tenham uma natureza, mas não que elas sejam acessíveis ao conhecimento. Não existem,
portanto, coisas belas ou feias, boas ou más, verdadeiras ou falsas por natureza, mas somente
por convenção ou costume. Nossos juízos sobre a realidade dependem de sensações, que são
instáveis e ilusórias. O autêntico sábio, portanto, deve praticar a suspensão do juízo, estado de
repouso mental em que predomina a insensibilidade (apathia), em que nada se afirma e nada
se nega, de modo a atingir a felicidade pelo equilíbrio e pela tranquilidade.

Exercícios

1. "A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consistente numa
mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional
próprio do homem dotado de sabedoria prática. E é um meio-termo entre dois vícios, um por
excesso e outro por falta; pois que, enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do
que é conveniente no tocante às ações e paixões, a virtude encontra e escolhe o meio-termo”.
ARISTÓTELES. ÉTICA A NICÔMACO, II,6. SÃO PAULO: NOVA CULTURAL, 1987. COL. OS PENSADORES, P. 33.
Considerando o trecho acima, para Aristóteles
A) a virtude consiste na rejeição de todo prazer, resultado do uso da razão do homem sábio e
corajoso que, contendo suas paixões, escolhe viver de modo ascético e agir sempre com
piedade e compaixão, dispondo-se a sacrificar a qualquer momento a própria vida pelo
próximo, pois, pleno de audácia e entusiasmo, não teme de forma alguma a morte.
B) a virtude é a firme e refletida determinação para superar uma condição viciosa, como a
coragem que, por se opor totalmente à covardia, define-se como temeridade ou audácia.
C) a virtude consiste numa capacidade equilibrada e racional de agir, como, por exemplo, a
verificada na coragem, medianeira entre o excesso de audácia que caracteriza a temeridade e
a falta de audácia ou excesso de medo do covarde.
D) A virtude é a capacidade ou força do político corajoso que usa racionalmente os seus
recursos para conservar o seu poder.
E) a virtude provém da disposição de nossa vontade atuar, na medida em que esta concorda
com a vontade divina.

2. Leia o texto abaixo:


"Ora, esse é o conceito que preeminentemente fazemos da felicidade. É ela procurada sempre
por si mesma e nunca com vistas em outra coisa, ao passo que à honra, ao prazer, à razão e a
todas as virtudes nós de fato escolhemos por si mesmos (pois, ainda que nada resultasse daí,
continuaríamos a escolher cada um deles); mas também os escolhemos no interesse da
felicidade, pensando que a posse deles nos tornará felizes. A felicidade, todavia, ninguém a
escolhe tendo em vista algum destes, nem, em geral, qualquer coisa que não seja ela própria."
Aristóteles, Ética a Nicômano - I, 7 1097B, (0-5).
Com base no texto e na ética de Aristóteles
A) a felicidade é sempre um meio e deve ser alcançada mediante a virtude, que é uma
atividade que pressupõe o conhecimento racional.
B) o que difere a felicidade dos demais bens e virtudes é o fato de que ela é um bem em si
mesma, enquanto os outros podem também ser escolhidos visando um interesse que não eles
próprios.
C) a felicidade não se relaciona com a razão, uma vez que, para ele, o que proporciona a
felicidade é a plena satisfação dos desejos.
D) o elemento sentimental deve ser descartado, pois a razão deve governar as paixões e
destruí-las, como queria o ascetismo platônico.
E) a virtude e o prazer são antagônicos, pois o homem racional deve eliminar os desejos se
quiser ser feliz.

3. Leia o texto abaixo:


"Mesmo que haja identidade entre o bem do indivíduo e o da cidade, é manifestamente uma
tarefa importante e perfeita apreender e preservar o bem da cidade, pois o bem é, certamente,
amável mesmo para o indivíduo isolado, mas é mais belo e divino aplicado a uma estirpe e a
uma cidade”.
(Aristóteles - Ética à Nicomaco.)
Segundo Aristóteles
A) o homem é um "animal político" e a política é a ciência cujo objetivo é buscar o bem
individual.
B) embora a felicidade do indivíduo seja importante, o melhor é preservar o bem da cidade.
C) ética e política se distintas e separadas, pois a ética se ocupa do individuo e a política só se
interessa pela coletividade.
D) o bem (felicidade) na pólis (cidade) é diferente e independente da felicidade do indivíduo.
E) o cidade e o individuo sempre buscam uma só coisa, a virtude ou excelência moral.

4. Tendemos a concordar que a distribuição isonômica do que cabe a cada um no estado de


direito é o que permite, do ponto de vista formal e legal, dar estabilidade às várias modalidades
de organizações instituídas no interior de uma sociedade. Isso leva Aristóteles a afirmar que a
justiça é “uma virtude completa, porém não em absoluto e sim em relação ao nosso próximo”
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 332.
De acordo com essa caracterização, é correto dizer que a função própria e universal atribuída à
justiça, no estado de direito, é
a) conceber e aplicar, de forma incondicional, ideias racionais com poder normativo positivo e
irrestrito.   
b) instituir um ideal de liberdade moral que não existiria se não fossem os mecanismos contidos
nos sistemas jurídicos.   
c) determinar, para as relações sociais, critérios legais tão universais e independentes que
possam valer por si mesmos.   
d) promover, por meio de leis gerais, a reciprocidade entre as necessidades do Estado e as de
cada cidadão individualmente.   
e) estabelecer a regência na relação mútua entre os homens, na medida em que isso seja
possível por meio de leis.   

5. Os homens, diz antigo ditado grego, atormentam-se com a ideia que têm das coisas e não
com as coisas em si. Seria grande passo, em alívio da nossa miserável condição, se se
provasse que isso é uma verdade absoluta. Pois se o mal só tem acesso em nós porque
julgamos que o seja, parece que estaria em nosso poder não o levarmos a sério ou o
colocarmos a nosso serviço. Por que atribuir à doença, à indigência, ao desprezo um gosto
ácido e mau se o podemos modificar? Pois o destino apenas suscita o incidente; a nós é que
cabe determinar a qualidade de seus efeitos.
(Michel de Montaigne. Ensaios, 2000. Adaptado.)
De acordo com o filósofo, a diferença entre o bem e o mal
a) representa uma oposição de natureza metafísica, que não está sujeita a relativismos
existenciais.
b) relaciona-se com uma esfera sagrada cujo conhecimento é autorizado somente a sacerdotes
religiosos.
c) resulta da queda humana de um estado original de bem-aventurança e harmonia geral do
Universo.
d) depende do conhecimento do mundo como realidade em si mesma, independente dos
julgamentos humanos.
e) depende sobretudo da qualidade valorativa estabelecida por cada indivíduo diante de sua
vida.

6. Considere as informações a seguir.


Ao abordar o problema da técnica moderna no livro Técnica, Medicina e Ética, o filósofo Hans
Jonas afirma que o progresso deve ser analisado criticamente, pois: “Os meios com os quais
promete eliminar a miséria do Terceiro Mundo e acrescentar o bem-estar material a toda a
humanidade, em crescimento graças a ele – os meios da técnica agressiva –, ameaçam,
precisamente com os seus êxitos a curto prazo, a conduzir uma devastação ambiental talvez
irremediável a longo prazo.
É mais a eficácia demasiado grande do que a demasiado pequena dos recursos aquilo a que
temos de temer; nosso poder mais que nossa impotência”.
Hans Jonas demonstra ser necessária a proposição de uma nova ética para o futuro, sendo
que essa ética tem de considerar a evolução da técnica e a noção de progresso sugerida pela
ciência.

Com base no texto apontado e de acordo com os seus conhecimentos sobre o tema, assinale a
alternativa que melhor expressa a visão ética proposta por Hans Jonas.
a) Para Hans Jonas, a ética não deve ter nenhuma relação com a técnica e a ciência moderna,
devendo ser voltada unicamente para as ações humanas no campo político e social.
b) O desenvolvimento da técnica e da ciência moderna produziu um progresso que deve
alcançar todos os seres humanos, sendo que a ética não deve servir para frear ou diminuir os
avanços das descobertas científicas, permitindo, dessa forma, que a própria ciência apresente
os limites de sua ação.
c) A ética deve posicionar-se criticamente frente à técnica moderna, considerando os limites de
destruição que a ciência pode produzir em escala global e fornecendo, com isso, os parâmetros
de ação da própria técnica, buscando, assim, frear os avanços e progressos da ciência quando
esta apresentar perigos para a continuidade da vida.
d) A concepção de Hans Jonas afirma que a ética deve impedir o avanço completo da técnica e
da ciência moderna, pois o único interesse da ética é a preservação do meio ambiente, não
havendo possibilidade de se realizar um diálogo entre a dimensão ética e a dimensão da
técnica.
e) A ética da responsabilidade de Hans Jonas propõe que a técnica moderna não é capaz de
conhecer, por si mesma, nenhum limite e por essa razão deve ser freada em sua realização
para não prejudicar a continuidade da vida, não podendo haver nenhuma forma de relação
entre a ética e a ciência moderna.

7. A neuroética é uma área de pesquisa interdisciplinar que se concentra nas questões éticas
levantadas pelo entendimento cada vez maior acerca do cérebro e de nossa capacidade de
monitorá-lo e influenciá-lo bem como examina as questões éticas que emergem do
entendimento cada vez mais aprofundado das bases biológicas das ações e das escolhas
éticas
(ROSKIES, ADINA, 2016).
Diante dessa definição do campo da neuroética, marque a alternativa que NÃO apresenta um
problema especificamente neuroético.
a) Questões referentes à privacidade, decorrentes de tecnologias capazes de decodificar o
conteúdo mental.
b) A manipulação de consumidores mediante técnicas de neuromarketing que influenciam suas
tomadas de decisão.
c) Questões referentes à utilização de seres humanos como cobaias no teste de tecnologias da
indústria cosmética.
d) A preservação de identidades pessoais diante de procedimentos de alteração neurológica de
memória, humor, desejos ou impulsividade.
e) Questões referentes à autonomia, decorrentes do desenvolvimento de drogas capazes de
levar a comportamentos estereotipados.

8. Leia o texto a seguir sobre a Moral e a Ética:

A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é


ciência de uma forma específica de comportamento humano.
(VAZQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997, p. 12.)
O autor acima enfatiza a singularidade da definição sobre ética. No que se refere à temática,
assinale a alternativa CORRETA.
a) A ética é uma reflexão sobre o comportamento moral dos homens em sociedade.
b) A ética é a moral e diz respeito à singularidade das normas e valores.
c) O comportamento moral supõe a reflexão e declina dos princípios e das normas que regem
esse comportamento.
d) A ciência do comportamento moral enfatiza os aspectos psicológicos, deixando à margem
um conjunto de normas e prescrições.
e) A ética é a teoria e não parte do fato da existência no âmbito da história da moral.

9. Hans Jonas, na obra O Princípio Responsabilidade, afirma que “sob o signo da tecnologia, a
ética tem a ver com ações de um alcance causal que carece de precedentes (...); tudo isso
coloca a responsabilidade no centro da ética” (JONAS, 1995, p.16-17).
A esse respeito, podemos considerar que Jonas compreende o “princípio responsabilidade”
como um princípio
a) hipotético, que é válido exclusivamente para pensarmos as ações humanas.
b) relativista, porque considera cada indivíduo responsável apenas pela sua própria conduta.
c) que não é voltado exclusivamente para a ética humana, mas que baliza a conduta humana
sobre a natureza em geral.
d) ético, voltado exclusivamente para a conduta humana presente.
e) responsável apenas pelas gerações atuais, desinteressado pela vida futura da humanidade
e da natureza.

10. O plano da Mattel de lançar uma boneca Hello Barbie conectada por Wi-Fi é uma grave
violação da privacidade de crianças e famílias. A boneca usa um microfone embutido para
captar tudo o que a criança diz a ela e tudo o que é dito por qualquer um ao alcance do
microfone. Essas conversas serão transmitidas para servidores em nuvem para
armazenamento e análise pela empresa. A Mattel diz que “aprenderá tudo o que as crianças
gostam e não gostam” e “enviará dados” de volta às crianças, transmitidos via alto-falante
embutido na boneca.
(Susan Linn. “Agente Barbie”. O Estado de S.Paulo, 22.03.2015. Adaptado.)
Sob aspectos filosóficos e éticos, o produto descrito apresenta como implicação
a) questionar estereótipos hegemônicos no campo da estética e do gênero.
b) valorizar aspectos positivos da inteligência artificial.
c) garantir a separação entre esfera pública e esfera privada na infância.
d) prejudicar o desenvolvimento cognitivo e intelectual da criança.
e) introduzir ferramentas de marketing no universo infantil.

11. Por que a ética voltou a ser um dos temas mais trabalhados do pensamento filosófico
contemporâneo? Nos anos 1960 a política ocupava esse lugar e muitos cometeram o exagero
de afirmar que tudo era político.
(José Arthur Gianotti, “Moralidade Pública e Moralidade Privada”, em Adauto Novaes, Ética. São Paulo: Companhia
das Letras, 1992, p. 239.)
A partir desse fragmento sobre a ética e o pensamento filosófico, é correto afirmar que:
a) O tema foi relevante na obra de Aristóteles e apenas recentemente voltou a ocupar um
espaço central na produção filosófica.
b) Os impasses morais e éticos das sociedades contemporâneas reposicionaram o tema da
ética como um dos campos mais relevantes para a Filosofia.
c) O pensamento filosófico abandonou sua postura política após o desencanto com os sistemas
ideológicos que eram vigentes nos anos 1960.
d) Na atualidade, a ética é uma pauta conservadora, pois nas sociedades atuais, não há
demandas éticas rígidas.

12. A condenação à violência pode ser estendida à ação dos militantes em prol dos direitos
animais que depredaram os laboratórios do Instituto Royal, em São Roque. A nota emocional é
difícil de contornar: 178 cães da raça beagle, usados em testes de medicamentos, foram
retirados do local. De um lado, por mais que seja minimizado e controlado, há o sofrimento dos
bichos. Do outro lado, está nosso bem maior: nas atuais condições, não há como dispensar
testes com animais para o desenvolvimento de drogas e medicamentos que salvarão vidas
humanas.
(Direitos animais. Veja, 25.10.2013.)
Sob o ponto de vista filosófico, os valores éticos envolvidos no fato relatado envolvem
problemas essencialmente relacionados
a) à legitimidade do domínio da natureza pelo homem.
b) a diferentes concepções de natureza religiosa.
c) a disputas políticas de natureza partidária.
d) à instituição liberal da propriedade privada.
e) aos interesses econômicos da indústria farmacêutica.

13. “Quando dizemos então, que o prazer é a finalidade da nossa vida, não queremos referir-
nos aos prazeres dos gozadores dissolutos, para os quais o alvo é o gozo em si. É isso que
creem os ignorantes ou aqueles que não compreendem a nossa doutrina ou querem,
maldosamente, não entender a sua verdade. Para nós, prazer significa: não ter dores no
âmbito físico e não sentir falta de serenidade no âmbito da alma”. Em outras palavras, a
ataraxia, a quietude, a ausência de dor, a serenidade e a imperturbabilidade da alma.
O texto acima é atribuído a
a) Zenão, o cínico.
b) Sêneca, o estoico.
c) Diógenes, o cético.
d) Epicuro, o hedonista.
e) Sócrates, o eclético.

14. Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros,
nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem
dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito,
quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia.
Rio de Janeiro: Eduff, 1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim
a) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
b) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.
e) alcançar o prazer moderado e a felicidade.

15. Os deuses, de fato, existem, e é evidente o conhecimento que temos deles; já a imagem
que deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as pessoas não costumam preservar a
noção que têm dos deuses. Ímpio não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas sim
quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos do povo a
respeito dos deuses não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença
de que eles causam os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons.
Irmanados pelas suas próprias virtudes, eles só aceitam a convivência com os seus
semelhantes e consideram estranho tudo que seja diferente deles.
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Tradução de A. Lorencini e E. del Carratore. São Paulo: Editora da
UNESP, 2002. p. 25-27.
A filosofia epicurista está relacionada a
a) formular questões filosóficas a respeito do Princípio do Universo.
b) negar o medo da morte buscando a tranquilidade da alma.
c) pregar o ateísmo como forma de libertação para os prazeres carnais.
d) defender a rígida separação entre o mundo ideal e o mundo material.
e) aceitar a devoção religiosa moderada como indispensável à felicidade.

16. Os filósofos estoicos enfatizaram que todos os processos naturais – como a doença e a
morte – seguem regras naturais inquebrantáveis. Os homens devem, portanto, aprender a
conviver com seu destino. Nada ocorre por acaso, diziam eles. Tudo acontece porque é
necessário, e, portanto, é inútil lamentar quando o destino bate à porta. Pelo mesmo raciocínio,
as grandes alegrias da vida devem ser aceitas com serenidade.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. São Paulo: Cia. das Letras, 2012.
A filosofia helenística dos estoicos defendia um princípio de vida, expresso no texto,
caracterizado pelo(a)
a) reflexão mitológica.
b) resignação reflexiva.
c) predestinação absoluta.
d) conformismo pessimista.
e) inquietação existencialista.

17. Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma
maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas segundo a lei
e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta
doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo,
carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.
LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB, 1988.
O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por:
a) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade.
b) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz.
c) Defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza.
d) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente.
e) Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o homem bom e belo.

18. Sobre a ética na Antiguidade, é CORRETO afirmar que


a) o ideal ético perseguido pelo estoicismo era um estado de plena serenidade para lidar com
os sobressaltos da existência.
b) os sofistas afirmavam a normatização e verdades universalmente válidas.
c) Platão, na direção socrática, defendeu a necessidade de purificação da alma para se
alcançar a ideal democrático, ou seja, do bem comum ou coletividade.
d) Sócrates repercutiu a ideia de uma ética intimista voltada para o bem individual, que, ao ser
exercida, se espargiria por todos os homens.

19. Nas suas Meditações, o filósofo estoico Marco Aurélio escreveu:


“Na vida de um homem, sua duração é um ponto, sua essência, um fluxo, seus sentidos, um
turbilhão, todo o seu corpo, algo pronto a apodrecer, sua alma, inquietude, seu destino,
obscuro, e sua fama, duvidosa. Em resumo, tudo o que é relativo ao corpo é como o fluxo de
um rio, e, quanto á alma, sonhos e fluidos, a vida é uma luta, uma breve estadia numa terra
estranha, e a reputação, esquecimento. O que pode, portanto, ter o poder de guiar nossos
passos? Somente uma única coisa: a Filosofia. Ela consiste em abster-nos de contrariar e
ofender o espírito divino que habita em nós, em transcender o prazer e a dor, não fazer nada
sem propósito, evitar a falsidade e a dissimulação, não depender das ações dos outros, aceitar
o que acontece, pois tudo provém de uma mesma fonte e, sobretudo, aguardar a morte com
calma e resignação, pois ela nada mais é que a dissolução dos elementos pelos quais são
formados todos os seres vivos. Se não há nada de terrível para esses elementos em sua
contínua transformação, por que, então, temer as mudanças e a dissolução do todo?”

De acordo com o texto é correto afirmar que


a) Marco Aurélio nos diz que a morte é um grande mal.
b) segundo Marco Aurélio, devemos buscar a fama, a riqueza e o prazer.
c) para Marco Aurélio, a filosofia é valiosa porque nos permite compreender que a morte é
parte de um processo da natureza e assim evita que nos angustiemos por ela.
d) para Marco Aurélio, só a fé em Deus e em Cristo pode libertar o homem do temor da morte.
e) para Marco Aurélio, o homem não participa de uma realidade divina.

20. Em meados do século IV a.C., Alexandre Magno assumiu o trono da Macedônia e iniciou
uma série de conquistas e, a partir daí, construiu um vasto império que incluía, entre outros
territórios, a Grécia. Essa dominação só teve fim com o desenvolvimento de outro império, o
romano. Esse período ficou conhecido como helenístico e representou uma transformação
radical na cultura grega. Nessa época, um pensador nascido em Élis, chamado Pirro, defendia
os fundamentos do ceticismo. Ele fundou uma escola filosófica que pregava a ideia de que:
a) seria impossível conhecer a verdade.
b) seria inadmissível permanecer na mera opinião.
c) os princípios morais devem ser inferidos da natureza.
d) os princípios morais devem basear-se na busca pelo prazer.

21. No que diz respeito às escolas éticas do período helenístico


a) o estoicismo é uma moral hedonista e o fim supremo da vida é o prazer sensível; o critério
único de moralidade é o sentimento. Os prazeres estéticos e intelectuais são como os mais
altos prazeres.
b) o cinismo busca uma realização ética, sem qualquer interesse no indivíduo isolado, mas
focado na valorização da amizade e do compromisso com a coletividade.
c) o ceticismo de Pirro visa sempre um fim último ético-ascético e um estado de abstinência
intelectual.
d) no epicurismo de Zenão a paixão é sempre substancialmente má, pois é movimento
irracional, morbo e vício da alma.

22.
Filosofia
O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia.

Assinale a sentença do filósofo grego Epicuro cujo significado é o mais próximo da letra da
canção “Filosofia”, composta em 1933 por Noel Rosa, em parceria com André Filho.
a) É verdadeiro tanto o que vemos com os olhos como aquilo que apreendemos pela intuição
mental.
b) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em nosso interior, pois é deste que nós
somos donos.
c) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve recorrer nunca à divindade, mas se
deve deixá-la livre de todo encargo, em sua completa felicidade.
d) As leis existem para os sábios, não para impedir que cometam injustiças, mas para impedir
que as sofram.
e) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso ela não fez os seres humanos nobres
ou ignóbeis, e, sim suas ações e intenções.

Gabarito

1. c
2. b
3. b
4. e
5. e
6. c
7. c
8. a
9. c
10. e
11. b
12. a
13. d
14. e
15. b
16. b
17. c
18. a
19. c
20. a
21. c
22. b

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