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Disciplina: Ética Profissional e Bioética

3ª Aula A construção da Ética na História da Humanidade

"Só sei que nada sei" "Nada em excesso" Sócrates


o homem mais sábio de todos, quando ele próprio reconhecia a sua própria ignorância ? 1 

ÉTICA GREGA ANTIGA (Sócrates; Platão; Aristóteles)23

 Entre os anos 500 e 300 a.C., aproximadamente, nós encontramos o período áureo do
pensamento grego;

 TEORIA ÉTICA DE SÓCRATES


- SÓCRATES Nasceu em Atenas em 470 a.C, era mestre de Platão e avesso a democracia
ateniense;
- Seu pensamento ético tinha como objetivo fundamental, conhecer a respeito do homem.
Daí sua frase: “conhece-te a ti mesmo” (torna-te consciente de tua ignorância; se "enxerga") . Ele
dizia que o homem que se conhece não comete erros.
- Foi Sócrates notável filósofo grego, não tanto pela erudição, mas pelo espírito combativo e
educador, que o caracterizou. Ainda que nada houvesse escrito, influenciou largamente a
filosofia do seu tempo, chamado – como se disse – período socrático, em que se inserem
como seus admiradores as personalidades do período, Platão e Aristóteles, enquanto os
outros períodos fizeram-se conhecidos como pré-socráticos e pós-socráticos.
- A análise das coisas e das operações humanas mostram que nenhum homem pode senão
querer o bem e mesmo quando quer o mal, procura-o na suposição de buscar um bem.
- Foi também o primeiro a ensinar moral e o primeiro a ser condenado pela justiça
- Sócrates é culpável de corromper a juventude, de não crer nos Deuses do Estado, mas em
divindades novas".
- Seu pensamento era racionalista. Ele acreditava que o bem era a felicidade da alma e o
bom era útil para felicidade. O homem que errava, errava por ignorância, por isso precisava
ser ensinado.
- Em resumo quando o homem conhece o bem, não pode ignorá-lo, por outro lado,
praticando o bem, sente-se dono de si e é feliz. Portanto, a finalidade última dos atos
humanos, de acordo com Sócrates, é a felicidade

"Por conseguinte, estes não desejam o mal como tal, pois não o conhecem;
desejam apenas o que lhes parece um bem, bem que neste caso é mal. Donde
podemos concluir, que os que desejam o mal e o consideram como bem, estão
de fato a desejar unicamente o que é bom. Aqueles, pelo contrário, que desejam
as coisas más, sabendo que elas são más e só causam o mal, esses sabem que
serão prejudicados pelo mal?"

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A sabedoria de Sócrates residia na consciência dos limites do seu próprio saber, numa tomada de
consciência do próprio não saber. Só aquele que tem consciência da sua própria ignorância procura o
saber. Aquele que julga que tudo conhece, contenta-se com o saber que possui.  Os sofistas que tudo
afirmam saber, são os mais ignorantes de todos, dado que desconhecem a sua própria ignorância.  
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VALLS, Álvaro, L. M. O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 1994.
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CABRAL João Francisco P. A concepção de felicidade na ética aristotélica. Disponível em: <
http://www.brasilescola.com/filosofia/a-concepcao-felicidade-na-Etica-aristotelica.htm>. Acesso em: 02.03.2014.
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virtuoso é o sábio, malvado, o ignorante

- As coisas são úteis à medida que se prestam para produzir a felicidade. Em outros termos, o
bem é medido pelo útil, e o mau ocorre na ação que prejudica a felicidade.
-É preciso ter consciência do que é preciso fazer, para que o ato se diga ético
- Sócrates admitiu que poderia ter evitado sua condenação a morte, bebendo o veneno chamado
cicuta, se tivesse desistido da vida justa. Mesmo depois de sua condenação, ele poderia ter
evitado sua morte se tivesse escapado com a ajuda de amigos
- O propósito não era a morte de Sócrates mas sim afastá-lo de Atenas e se isso não ocorreu
deveu-se à teimosia de Sócrates. Durante estes 30 dias, ele recebeu os seus amigos e
conversou com eles. Declarando não querer absolutamente desobedecer às leis da pátria,
Sócrates recusava a ajuda dos amigos para fugi.

Como Sócrates é o fundador da ciência em geral, mediante a doutrina do conceito, assim é o fundador,
em particular da ciência moral, mediante a doutrina de que eticidade significa racionalidade, ação racional.
eticidade significa racionalidade, ação racional.

 TEORIA ÉTICA DE PLATÃO


- O grande sistematizador, entre os discípulos de Sócrates, foi Platão(427-347 a.C.). Nos
Diálogos que deixou escritos, ele parte da ideia de que todos os homens buscam a
felicidade.
- O sábio faz penetrar em sua vida e em seu ser a harmonia que vem do hábito de submeter-
se à razão.
- Pelo contrário, ao pesquisar as noções de prazer, sabedoria prática e virtude, colocava-se
sempre a grande questão: onde está o Sumo Bem? SUMO BEM = a prática da virtude
(disposição de um indivíduo de praticar o bem) é por isso a coisa mais preciosa para o
homem.

-Em todo caso, visto que a alma humana racional se acha, de fato, neste mundo, unida ao corpo e aos
sentidos, deve principiar a sua vida moral sujeitando o corpo ao espírito, para impedir que o primeiro
seja obstáculo ao segundo, à espera de que a morte solte definitivamente a alma dos laços corpóreos

- O sábio é aquele que busca assemelhar-se a Deus. Assim ele busca um estado ideal
utópico, uma pessoa que conheça a essência geral do bem sabe que só pode ser feliz se
agir demonstrando a adoção de condutas tidas como adequadas
- O conhecimento do Bem e sua interiorização constituem a resposta platônica à questão
normativa socrática: “Como eu devo viver?” Para Platão, a alma humana (assim como a
cidade) tem três partes: a parte racional (que busca o conhecimento), a parte irascível (na
qual se produzem as emoções e que provocam o desejo de mandar) e a parte apetitiva (que
busca o prazer das sensações).

- Virtudes morais: para que o indivíduo tenha uma vida boa, nomeadamente a sabedoria, a
coragem, a temperança e a justiça
- Platão parece acreditar numa vida depois da morte e por isso prefere o ascetismo
(abstenção dos prazeres materiais, renuncia ao mundo) ao prazer terreno.
- As principais qualidades morais citadas por este filósofo seriam: a sabedoria (discernir em
todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir), a coragem
(que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem) , a temperança
("modera a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o
equilíbrio no uso dos bens criados") e a justiça (firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido)
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que desempenham a sua função no comportamento ético em relação ao bem comum e a


coletividade.
- A moral platônica tem um paralelismo estrito com sua teoria da alma. Há uma
correspondência ética rigorosa entre as partes da psique humana. Cada uma delas tem de
estar regida de um certo modo, tem de possuir uma virtude particular. A alma concupiscível
requer a moderação, o que se chama tradicionalmente de temperança (sophrosýne). À alma
irascível corresponde a coragem ou andría. A alma racional tem de estar dotada de
sabedoria ou prudência, de phrónesis. Mas há ainda uma quarta virtude; as partes da alma
são elementos de uma unidade e estão, portanto, numa relação entre si; essa boa relação
constitui o mais importante da alma e, por conseguinte, a virtude suprema, a justiça ou
dikaiosýne. Estas são as quatro virtudes que passaram como virtudes fundamentais,
inclusive para o cristianismo (prudência, fortaleza, temperança e justiça, as chamadas
virtudes cardeais).
- um homem virtuoso ou que busca a vida virtuosa é aquele que consegue estabelecer, em
sua vida, a ordem, a harmonia e o equilíbrio que todos desejam.

Exercício: Observe a frase abaixo e explique a luz da proposta da Ética de Platão:

O compositor Gonzaguinha, na música "Guerreiro menino" afirma: “o homem se humilha


se castram seu sonho, o sonho é sua vida e a vida é o trabalho. E sem o seu trabalho o homem não
tem honra e sem a sua honra, ele morre, ele mata. Não dá pra ser feliz”.

TEORIA ÉTICA DE ARISTÓTELES


- Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira, cidade macedônica ao norte de Atenas. Saiu de
sua cidade natal e foi para Atenas a fim de tornar-se discípulo de Platão, na Academia. Gastou
muito dinheiro com manuscritos (os livros da época) e foi um dos primeiros a organizar uma
"biblioteca"
- Se devemos a Sócrates o início da filosofia moral, a Aristóteles devemos a distinção entre o
saber teórico e o saber prático.
- É ele, também, quem dirá que a ética é um saber prático, pois refere-se à PRÁXIS. Na práxis, o
agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis. Na práxis ética somos aquilo que
fazemos e esse "fazer" tem em si mesmo uma finalidade boa e virtuosa
- Aristóteles, além de ser um grande pensador especulativo levava muito a sério a observação
empírica. Assim, enquanto Platão desenvolvia sua especulação mais teórica, Aristóteles
colecionava depoimentos sobre a vida das pessoas e das diferentes cidades gregas.
- Os bens (no plural em Aristóteles) também devem necessariamente variar. Pois para cada ser
deve haver um bem, conforme a natureza ou a essência do respectivo ser. De acordo com a
respectiva natureza estará o seu bem, ou o que é bom para ele.

- Assim, a questão platônica do Sumo Bem dá lugar, em Aristóteles, à pesquisa sobre os bens
em concreto para o homem.

- Mas em que consiste o bem ou a felicidade para o homem? Qual o maior dos bens? Ora,
Aristóteles não isola muito um bem supremo, pois ele sabe que o homem, como um ser
complexo, não precisa apenas do melhor dos bens, mas sim de vários bens, de tipos diferentes,
tais como amizade, saúde e até alguma riqueza.
- Para Aristóteles, o pensamento é o elemento divino no homem e o bem mais precioso. Assim, quem é
sábio não carece de muitas outras coisas. A vida humana mais feliz é a contemplativa, porque
imita melhor a atividade divina, mas como este ideal é demasiado elevado para a maioria, é
preciso analisar também as outras coisas de que o homem carece.
- O filósofo ensinava que todo o conhecimento e todo o trabalho visa a algum bem. O bem é a
finalidade de toda a ação. A busca do bem é o que difere a ação humana da de todos os outros
animais.
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- Para Aristóteles, estudamos a ética, a fim de melhorar nossas vida.


- Portanto, a sabedoria prática, como ele a concebe, não pode ser adquirida apenas ao aprender
regras gerais, também deve ser adquirida através da prática.

- O filósofo considera que o homem é um animal capaz de pensar e de fazer política, ou seja, de
exercitar a busca do bem comum por meio da cidadania.

OBS.: Todas as ações humanas visam uma finalidade com o propósito de obter um bem. Aristóteles
considera o bem como uma finalidade própria do homem, que busca alcançar a felicidade O
eudemonismo ou eudaimonismo (do grego eudaimonia, "felicidade") é uma doutrina segundo a
qual a felicidade é o objetivo da vida humana

"O homem feliz vive bem e age bem"

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