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Simulado 5 - UFU - Filosofia

1. A partir do século XIII, a Europa empreendeu um processo intenso de


centralização política, que logo permitiu que alguns países se unificassem e
criassem uma mentalidade política nova. Suíça, Portugal e Inglaterra foram os
primeiros, mas logo a França e a Espanha também conseguiram formar entidades
políticas unificadas, conhecidas como Estado Nacional. A Itália, no século XIV,
começou ter vários problemas, comprometendo a independência dos Estados
italianos, em razão da força dos seus vizinhos. Apesar de ser a região mais rica da
Idade Média, com suas cidades comerciantes, como Veneza e Gênova, não
conseguiu seguir um processo de unificação nacional. Existia uma grande
frustração, no século XVI, por conta da ausência de uma Itália unificada.
A Itália estava desunida, e em decadência social, apenas meios políticos poderiam
salvá-la. A quem caberia esta missão? Ao Principado ou à República? É esse
cenário que Maquiavel irá problematizar em sua teoria política, especialmente no
obra "O príncipe". A teoria política de Maquiavel constitui um marco inestimável na
trajetória da ciência política universal. Entre as máximas que compõem a base de
seu pensamento está:
a) homo homini lúpus.
b) o homem nasce livre e por toda parte encontra ferros que o aprisionam.
c) os homens hesitam menos em ofender quem se faz amar do que em ofender
quem se faz temer.
d) em sociedade, age de uma maneira tal, racional, que teu agir se torne lei
universal.

Gabarito: c - Somente essa alternativa faz alusão a chamada virtu política


preconizada por Maquiavel. Virtu quem não exclui o recurso a força ou da violência
para a manutenção do Estado.

2. Leia o texto a seguir.


Por que só o homem é suscetível de tornar-se imbecil? [...] O verdadeiro fundador
da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de
dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens. Trad. Lourdes Santos Machado, 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. pp. 243; 259.
Com base nos conhecimentos sobre sociedade civil, propriedade e natureza
humana no pensamento de Rousseau, assinale a alternativa correta.
a) A instauração da propriedade decorre de um ato legítimo da sociedade civil, na
medida em que busca atender às necessidades do homem em estado de natureza.
b) A instauração da propriedade e da sociedade civil cria uma ruptura radical do
homem consigo mesmo e de distanciamento da natureza.
c) O sentimento mais primitivo do homem, que o leva a instituir a propriedade, é o
reconhecimento da necessidade da propriedade para garantir a subsistência.
d) A sociedade civil e a propriedade são expressões da perfectibilidade humana, ou
seja, da sua capacidade de aperfeiçoamento.

Gabarito: b - Como o surgimento da propriedade privada, como divisão arbitrária,


surgem as misérias, violência e corrupção que eliminam o 'bom selvagem".

3. A concepção kantiana de conhecimento sustenta:


a) A tese que propõe a superação da dicotomia entre idealismo e empirismo.
b) A tese de que não existem ideias e princípios inatos.
c) A tese segundo a qual as ideias e os princípios do entendimento derivam da
experiência sensível.
d) A tese segundo a qual as ideias são verdades eternas e imutáveis.

Gabarito: A. Segundo Kant existem princípios inatos, as categorias a priori da


sensibilidade e do entendimento. Na "Revolução copernicana" Kant buscou superar
tanto racionalismo quanto empirismo, justamente por mostrar que o conhecimento
necessita da experiência, mas ele só é possível a partir daquelas categorias a
priori.

4. Na Apologia de Sócrates, a acusação contra o filósofo é assim enunciada:


Sócrates [...] é culpado de corromper os moços e não acreditar nos deuses que a
cidade admite, além de aceitar divindades novas (24b-c). Ao final do escrito de
Platão, Sócrates diz aos juízes: Mas, está na hora de nos irmos: eu, para morrer;
vós, para viver. A quem tocou a melhor parte, é o que nenhum de nós pode saber,
exceto a divindade. (42a).
(PLATÃO. Apologia de Sócrates. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2001. p. 122-23; 147.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a disputa entre filosofia e tradição
presente na condenação de Sócrates, assinale a alternativa correta.
a) O desprezo socrático pela vida, implícito na resignação à sua pena, é reforçado
pelo reconhecimento da soberania do poder dos juízes.
b) A aceitação do veredito dos juízes que o condenaram à morte evidencia que
Sócrates consentiu com os argumentos dos acusadores.
c) A acusação a Sócrates pauta-se na identificação da insuficiência dos seus
argumentos, e a corrupção que provoca resulta das contradições do seu
pensamento.
d) A sentença de morte foi aceita por Sócrates porque morrer não é um mal em si e
o livre pensar permite apreender essa verdade.

Gabarito: d - Sócrates morreu porque defendia que uma vida não examinada não
mereceria ser vivida. Foi fiel à sua missão e não aceitou as acusações feitas por
seus adversários.

5. Para Nietzsche, o conceito de vontade de poder ou vontade de potência


corrobora a necessidade 
a) de aceitação da tradição filosófica como guia moral. 
b) do surgimento do super-homem. 
c) da permanência da ética de rebanho. 
d) do desprezo pela fruição dos instintos. 

Gabarito: b - "Onde encontrei um ser vivente, encontrei aí uma vontade de


potência", dizia Nietzsche. Significa um homem atrevido, ambicioso e que rompe os
limites para criar uma nova concepção de homem, superar o homem: o super-
homem.

6. Um conceito importante no pensamento de Descartes é a denominada dúvida


hiperbólica e radical. Essa denominação está relacionada ao fato de que, para
Descartes, 
a) somente adotando-se esse tipo de pensamento é que o saber conquistado
consegue se impor em sua radicalidade última. 
b) a postura cética evita um novo modo de fazer ciência. 
c) somente adotando-se esse tipo de pensamento é que emerge uma base sólida
para uma forma sólida de fazer ciência. 
d) a dúvida tem uma finalidade em si mesma em um mundo sem verdades últimas. 

Gabarito: c - A dúvida não é expressão de ceticismo, pois atende a regra de


evidência, ou seja, buscar uma primeira certeza clara e distinta para a ciência.

7. Vemos que as coisas que não têm inteligência, como, por exemplo, os corpos
naturais, agem para uma finalidade, o que se mostra pelo fato de sempre ou
frequentemente agirem da mesma forma, para conseguirem o máximo, donde se
segue que não é por acaso, mas intencionalmente, que atingem seu objetivo. As
coisas, entretanto, que não têm inteligência só podem procurar um objetivo
dirigidas por alguém que conhece e é inteligente, como a flecha dirigida pelo
arqueiro. Logo, existe algum ser inteligente que ordena todas as coisas da
natureza para seu correspondente objetivo: a este ser chamamos Deus. 
(AQUINO, Tomás de. Suma Teológica (I, Questão 2). In: MARCONDES, Danilo (org.). Textos básicos
de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. 71.) 
Ao elaborar a quinta via racional da existência de Deus, Tomás de Aquino 
a) demonstrou pelo inatismo que a existência de Deus é uma verdade racional, a
partir da finalidade dos seres. 
b) utilizou a teoria da finalidade dos seres, de base aristotélica, para demonstrar
como a ordem natural tem origem em Deus. 
c) desenvolveu uma prova a partir da finalidade dos seres com base na filosofia
platônica, alicerce do pensamento medieval escolástico, exemplificado nesta quinta
via. 
d) concluiu que o ser humano somente consegue chegar às verdades sagradas por
meio da iluminação, processo que o faz compreender a finalidade dos seres. 

Gabarito: b - Com base em Aristóteles, Aquino prova a existência de Deus partindo


da observação das realidades sensíveis, pois elas oferecem os vestígios de Deus.

8. Parece, então, que a ideia de uma conexão necessária entre os eventos surge
de uma quantidade de situações similares, que decorrem da conjunção constante
desses eventos. Tal ideia não pode nunca ser sugerida por qualquer dessas
situações, inspecionada em cada posição e sob todas as abordagens possíveis.
Mas não existe nada, em uma quantidade de situações, diferente de qualquer
situação singular supostamente similar às outras; exceção feita apenas ao fato de,
após uma repetição de situações similares, a mente ser levada pelo hábito a
esperar, quando um evento aparece, aquilo que costuma acompanhá-lo,
acreditando que esse acompanhamento vai acontecer. 
(HUME, David. Uma investigação sobre o entendimento humano. In: MARCONDES, Danilo. Textos
básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999, p. 106) 
De acordo com Hume, a crença de que um fenômeno X causa um fenômeno Y 
a) é derivada da análise de cada um desses fenômenos separadamente. 
b) surge pela observação empírica da conexão necessária entre X e Y. 
c) justifica-se racionalmente pela conjunção constante desses fenômenos. 
d) dá-se na mente acostumada à frequência com que Y se segue de X. 

Gabarito: d - O princípio da causalidade ou conexão de causa e efeito é imprimido


na mente do homem por força do hábito, também compreendido como crença,
costume ou manifestação da vontade subjetiva do homem.

9. Hannah Arendt (1906-1975) destaca-se como uma importante representante da


filosofia política no século XX. Sobre a justificativa das atividades humanas do
trabalho (labor), da fabricação (work) e da ação (action) no pensamento de Arendt,
todas as alternativas abaixo estão corretas, EXCETO UMA, assinale-a.
a) O fato de que os homens vivem juntos condiciona essas atividades.
b) A ação não depende inteiramente da constante presença de outros.
c) A ação só pode ser imaginada na sociedade dos homens.
d) O trabalho em completa solidão não caracteriza um ser como humano.

Gabarito: b - Arendt é enfática ao destacar a ação como o que efetivamente marca


os homens e a sua liberdade. A ação só é possível porque o homem vive e se
realiza em coletividade. O pluralismo, a política como liberdade e o sentido esfera
pública e ação coletiva são as marcas da filosofia política de Hannah Arendt.

10. A Idade Média foi o período - mil anos - em que a Filosofia se ocupou
notadamente de questões religiosas. Da Patrística à Escolástica, o principal
problema filosófico da época foi o da conciliação entre fé e razão. No que se refere
ao assunto é correto afirmar que: 
a) as ideias divinas existem apenas na mente do ser infinito, Deus, não sendo
possível aos seres finitos, os homens, conhecê-las, segundo Santo Agostinho. 
b) a conciliação entre a razão filosófica e a fé cristã é não só possível como
desejável para todos os chamados Padres da Igreja. 
c) a verdade nasce da consciência da ignorância, do desejo de saber, não sendo
ela, portanto, consequência da revelação divina, para Santo Agostinho. 
d) a razão e a fé não podem se sobrepor, já que cada uma tem seu próprio campo
de conhecimento, segundo São Tomás de Aquino - o da razão, a vida temporal do
homem; o da fé, a salvação da alma, a vida eterna. 

Gabarito: d - Para Aquino fé e razão tratam de realidades distintas, mas não se


contradizem. Já Agostinho acreditava que as verdades eternas da fé poderiam ser
atingidas pela razão através do processo de iluminação. Nem todos os teóricos da
Patrística aceitam a conciliação entre a fé e a razão filosófica. Um exemplo foi o da
Igreja latina de Tertuliano.

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