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Apostila de Exercícios

FILOSOFIA

Índice
FILOSOFIA ANTIGA........................................................................................................................... 2

QUESTÕES TEMÁTICAS – ÉTICA.............................................................................................29

FILOSOFIA ANTIGA (Questões Recentes)..................................................................................31

FILOSOFIA MEDIEVAL....................................................................................................................33

FILOSOFIA MODERNA....................................................................................................................36

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA.....................................................................................................71

GABARITO....................................................................................................................................... 87

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FILOSOFIA

(ARISTÓTELES. Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.;


FILOSOFIA ANTIGA RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os Pré-socráticos. 4.ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p.284.)
1. (Ufpa 2013) “Em Atenas [...] o povo exercia o poder,
diretamente, na praça pública [...]. Todos os homens Com base no problema filosófico da ilusão do
adultos podiam tomar parte nas decisões. Hoje movimento em Zenão de Eleia, é correto afirmar que
elegemos quem decidirá por nós. A democracia antiga seu argumento
é vista, geralmente, como superior à moderna. Mas a a) baseia-se na observação da natureza e de suas
democracia moderna não é uma degradação da antiga: transformações, resultando, por essa razão, numa
ela traz uma novidade importante – os direitos explicação naturalista pautada pelos sentidos.
humanos. A questão crucial dos direitos humanos é b) confunde a ordem das coisas materiais (sensível) e a
limitar o poder do governante. Eles protegem os ordem do ser (inteligível), pois avalia o sensível por
governados dos caprichos e desmandos de quem está condições que lhe são estranhas.
em cima, no poder.” c) ilustra a problematização da crença numa verdadeira
existência do mundo sensível, à qual se chegaria
JANINE, Renato. A democracia, São Paulo, Publifolha, pelos sentidos.
2001, p. 8-10, texto adaptado. d) mostra que o corredor mais rápido ultrapassará
inevitavelmente o corredor mais lento, pois isso nos
A superioridade da democracia antiga com relação à apontam as evidências dos sentidos.
moderna pode ser atribuída ao (à) e) pressupõe a noção de continuidade entre os
a) poder dado aos homens mais velhos, dotados de instantes, contida no pressuposto da aceleração do
virtude e sabedoria, para decidirem sobre os movimento entre os corredores.
destinos da cidade.
b) condução, de forma justa, da vida em sociedade e 3. (Ufsj 2013) A construção de uma cosmologia que
garantia do direito de todos os habitantes da cidade desse uma explicação racional e sistemática das
de participarem das assembleias. características do universo, em substituição à
c) poder dado aos homens que se destacaram como os cosmogonia, que tentava explicar a origem do universo
mais corajosos nas guerras e aos mais capazes nas baseada nos mitos, foi uma preocupação da Filosofia
ciências e nas artes, para estes tomarem as decisões a) medieval.
nas assembleias realizadas em praça pública. b) antiga.
d) fato de o povo eleger seus representantes políticos c) iluminista.
para tomar decisões sobre os destinos da cidade e d) contemporânea.
definir os seus direitos, em praça pública, de modo a
evitar atitudes arbitrárias e injustas dos 4. (Unicamp 2013) A sabedoria de Sócrates, filósofo
governantes. ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu
e) participação direta dos cidadãos nas decisões de ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”,
interesse do todo no âmbito do espaço público. registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi
uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais
2. (Uel 2013) No livro Através do espelho e o que Alice sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e
encontrou por lá, a Rainha Vermelha diz uma frase poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se
enigmática: “Pois aqui, como vê, você tem de correr o diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria
mais que pode para continuar no mesmo lugar.” ignorância.
O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a
(CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou Filosofia, pois
por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p.186.) a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se
mais sábio por querer adquirir conhecimentos.
Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara uma tese b) é um exercício de humildade diante da cultura dos
também enigmática, segundo a qual o movimento é sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia
ilusório, pois “numa corrida, o corredor mais rápido era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos.
jamais consegue ultrapassar o mais lento, visto o c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a
perseguidor ter de primeiro atingir o ponto de onde Filosofia é o saber que estabelece verdades
partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento deve dogmáticas a partir de métodos rigorosos.
manter sempre a dianteira.” d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer
distante dos problemas concretos, preocupando-se
apenas com causas abstratas.

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5. (Ueg 2013) A expressão “Tudo o que é bom, belo e a) a concepção política expressa em A República, de
justo anda junto” foi escrita por um dos grandes Platão, segundo a qual os mais fortes devem
filósofos da humanidade. Ela resume muito de sua governar sob um regime político oligárquico.
perspectiva filosófica, sendo uma das bases da escola b) a criação de instituições universitárias como a
de pensamento conhecida como Academia, de Platão, e o Liceu, de Aristóteles.
a) cartesianismo, estabelecida por Descartes, no qual
se acredita que a essência precede a existência. c) a filosofia, tal como surgiu na Grécia, deixou-nos
b) estoicismo, que tem no imperador romano Marco como legado a recusa de uma fé inabalável na razão
Aurélio um de seus grandes nomes, que pregava a humana e a crença de que sempre devemos
serenidade diante das tragédias. acreditar nos sentimentos.
c) existencialismo, que tem em Sartre um de seus d) a recusa em apresentar explicações preestabelecidas
grandes nomes, para o qual a existência precede a mediante a exigência de que, para cada fato, ação
essência. ou discurso, seja encontrado um fundamento
d) platonismo, estabelecida por Platão, no qual se racional.
entendia o mundo físico como uma imitação
imperfeita do mundo ideal. 8. (Ufsj 2012) Sobre o princípio básico da filosofia pré-
socrática, é CORRETO afirmar que
6. (Ueg 2013) O ser humano, desde sua origem, em a) Tales de Mileto, ao buscar um princípio unificador de
sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, todos os seres, concluiu que a água era a substância
recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de primordial, a origem única de todas as coisas.
fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu b) Anaximandro, após observar sistematicamente o
comportamento teórico e prático. Entretanto, houve mundo natural, propôs que não apenas a água
um momento em sua evolução histórico-social em que poderia ser considerada arché desse mundo em si e,
o ser humano começa a conferir um caráter filosófico por isso mesmo, incluiu mais um elemento: o fogo.
às suas indagações e perplexidades, questionando c) Anaxímenes fez a união entre os pensamentos que o
racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse antecederam e concluiu que o princípio de todas as
sentido, pode-se afirmar que a filosofia coisas não pode ser afirmado, já que tal princípio
não está ao alcance dos sentidos.
a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e d) Heráclito de Éfeso afirmou o movimento e negou
que, por meio da elaboração dos sentimentos, das terminantemente a luta dos contrários como gênese
percepções e dos anseios humanos, procura e unidade do mundo, como o quis Catão, o antigo.
consolidar nossas crenças e opiniões.
b) existe desde que existe o ser humano, não havendo 9. (Uncisal 2012) O período pré-socrático é o ponto
um local ou uma época específica para seu inicial das reflexões filosóficas. Suas discussões se
nascimento, o que nos autoriza a afirmar que prendem a Cosmologia, sendo a determinação da
mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e physis (princípio eterno e imutável que se encontra na
exige o trabalho da razão. origem da natureza e de suas transformações) ponto
c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas crucial de toda formulação filosófica. Em tal contexto,
e as certezas cotidianas que nos são impostos pela Leucipo e Demócrito afirmam ser a realidade percebida
tradição e pela sociedade, visando educar o ser pelos sentidos ilusória. Eles defendem que os sentidos
humano como cidadão. apenas capturam uma realidade superficial, mutável e
d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e transitória que acreditamos ser verdadeira. Mesmo que
justificações racionais que validam ou invalidam suas os sentidos apreendam “as mutações das coisas, no
crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento fundo, os elementos primordiais que constituem essa
da verdade revelada pela codificação mítica. realidade jamais se alteram.” Assim, a realidade é uma
coisa e o real outra.
7. (Ueg 2013) O surgimento da filosofia entre os gregos Para Leucipo e Demócrito a physis é composta
(Séc. VII a.C.) é marcado por um crescente processo de
racionalização da vida na cidade, em que o ser humano a) pelas quatro raízes: o úmido, o seco, o quente e o
abandona a verdade revelada pela codificação mítica e frio.
passa a exigir uma explicação racional para a b) pela água.
compreensão do mundo humano e do mundo natural. c) pelo fogo.
Dentre os legados da filosofia grega para o Ocidente, d) pelo ilimitado.
destaca-se: e) pelos átomos.

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10. (Uncisal 2012) No contexto da Filosofia Clássica,


Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque. Suas 12. (Unioeste 2012) “É no plano político que a Razão,
concepções, que se opõem, mas não se excluem, são na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e
amplamente estudadas e debatidas devido à influência formou-se. A experiência social pode tornar-se entre os
que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se
ocidental. Todavia é necessário salientar que o produto prestava, na cidade, a um debate público de
dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição argumentos. O declínio do mito data do dia em que os
filosófica que remonta a Parmênides e Heráclito e que primeiros Sábios puseram em discussão a ordem
influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la
racionalistas, empiristas, Kant e Hegel. em fórmulas acessíveis a sua inteligência, aplicar-lhe a
Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas norma do número e da medida. Assim se destacou e se
opções abaixo aquela que se identifica corretamente definiu um pensamento propriamente político, exterior
com suas concepções. a religião, com seu vocabulário, seus conceitos, seus
a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível X mundo princípios, suas vistas teóricas. Este pensamento
inteligível) se opõe radicalmente as concepções de marcou profundamente a mentalidade do homem
caráter empírico defendidas por Platão. antigo; caracteriza uma civilização que não deixou,
b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e enquanto permaneceu viva, de considerar a vida
pragmatismo, afastando-se do misticismo e de pública como o coroamento da atividade humana”.
conceitos transcendentais.
c) Segundo Platão a verdade é obtida a partir da Considerando a citação acima, extraída do livro As
observação das coisas, por meio da valorização do origens do pensamento grego, de Jean Pierre Vernant,
conhecimento sensível. e os conhecimentos da relação entre mito e filosofia, é
d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento incorreto afirmar que
sensível são ilusórios.
e) As concepções platônicas negam veementemente a a) os filósofos gregos ocupavam-se das matemáticas e
validade do Inatismo. delas se serviam para constituir um ideal de
pensamento que deveria orientar a vida pública do
11. (Uel 2012) Leia o texto a seguir. homem grego.
b) a discussão racional dos Sábios que traduziu a ordem
No ethos (ética), está presente a razão profunda da humana em fórmulas acessíveis a inteligência
physis (natureza) que se manifesta no finalismo do causou o abandono do mito e, com ele, o fim da
bem. Por outro lado, ele rompe a sucessão do mesmo religião e a decorrente exclusividade do pensamento
que caracteriza a physis como domínio da necessidade, racional na Grécia.
com o advento do diferente no espaço da liberdade c) a atividade humana grega, desde a invenção da
aberto pela práxis. Embora, enquanto política, encontrava seu sentido principalmente na
autodeterminação da práxis, o ethos se eleve sobre a vida pública, na qual o debate de argumentos era
physis, ele reinstaura, de alguma maneira, a orientado por princípios racionais, conceitos e
necessidade de a natureza fixar-se na constância do vocabulário próprios.
hábito. d) a política, por valorizar o debate publico de
argumentos que todos os cidadãos podem
(Adaptado de: VAZ, Henrique C. Lima. Escritos de compreender e discutir, comunicar e transmitir, se
Filosofia II. Ética e Cultura. 3ª edição. São Paulo: Loyola. distancia dos discursos compreensíveis apenas pelos
Coleção Filosofia - 8, 2000, p.11-12.) iniciados em mistérios sagrados e contribui para a
constituição do pensamento filosófico orientado
Com base no texto, é correto afirmar que a noção de pela Razão.
physis, tal como empregada por Aristóteles, e) ainda que o pensamento filosófico prime pela
compreende: racionalidade, alguns filósofos, mesmo após o
a) A disposição da ação humana, que ordena a declínio do pensamento mitológico, recorreram a
natureza. narrativas mitológicas para expressar suas ideias;
b) A finalidade ordenadora, que é inerente à própria exemplo disso e o “Mito de Er” utilizado por Platão
natureza. para encerrar sua principal obra, A República.
c) A ordem da natureza, que determina o hábito das
ações humanas. 13. (Unb 2012) No início do século XX, estudiosos
d) A origem da virtude articulada, segundo a esforçaram-se em mostrar a continuidade, na Grécia
necessidade da natureza. Antiga, entre mito e filosofia, opondo-se a teses
e) A razão matemática, que assegura ordem à natureza.

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anteriores, que advogavam a descontinuidade entre outros povos, contribuindo, assim, de modo
ambos. decisivo, para a construção da passagem do Mito ao
A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não Logos.
foi entendida univocamente. Alguns estudiosos, como
Cornford e Jaeger, consideraram que as perguntas 15. (Uncisal 2012) O conhecimento mítico apresenta
acerca da origem do mundo e das coisas haviam sido características próprias que o diferencia de outros
respondidas pelos mitos e pela filosofia nascente, dado modos de conhecer. Ele invariavelmente se vincula ao
que os primeiros filósofos haviam suprimido os conhecimento religioso, mas conserva suas funções
aspectos antropomórficos e fantásticos dos mitos. especificas: acomodar e tranquilizar o homem em meio
Ainda no século XX, Vernant, mesmo aceitando certa a um mundo caótico e hostil. Nas sociedades em que
continuidade entre mito e filosofia, criticou seus ele se apresenta como um modo válido de explicação
predecessores, ao rejeitar a ideia de que a filosofia da realidade assume uma abrangência tamanha que
apenas afirmava, de outra maneira, o mesmo que o determina a totalidade da vida, tanto no âmbito
mito. Assim, a discussão sobre a especificidade da público como privado. Com referência ao
filosofia em relação ao mito foi retomada. conhecimento mítico, é incorreto afirmar que

Considerando o breve histórico acima, concernente à a) a adesão ao conhecimento mítico ocorre sem
relação entre o mito e a filosofia nascente, assinale a necessidade de demonstração, apenas se aceita a
opção que expressa, de forma mais adequada, essa autoridade do narrador.
relação na Grécia Antiga. b) as explicações oferecidas pelo conhecimento mítico
essencialmente são de natureza cosmogônica.
a) O mito é a expressão mais acabada da religiosidade c) as representações sobrenaturais são utilizadas no
arcaica, e a filosofia corresponde ao advento da intuito de explicar os fenômenos naturais.
razão liberada da religiosidade. d) a narrativa mítica faz uso de uma linguagem
b) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo simbólica e imaginária.
é apresentada imaginativamente, e a filosofia e) se pauta na reflexão, apresentando a racionalidade e
caracteriza-se como explicação racional que retoma a cosmologia como componentes definidores do seu
questões presentes no mito. modo próprio de ser.
c) O mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-lógico e
irracional, e a filosofia, também fundamentada no 16. (Unesp 2012) Aedo e adivinho têm em comum um
rito, corresponde ao surgimento da razão na Grécia mesmo dom de “vidência”, privilégio que tiveram de
Antiga. pagar pelo preço dos seus olhos. Cegos para a luz, eles
d) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a veem o invisível. O deus que os inspira mostra-lhes, em
origem do ser, e a filosofia descreve a origem do ser uma espécie de revelação, as realidades que escapam
a partir do dilema insuperável entre caos e medida. ao olhar humano. Sua visão particular age sobre as
partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais: o
14. (Unicentro 2012) A passagem do Mito ao Logos na que aconteceu outrora, o que ainda não é.
Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento lento e
processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de (Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os
explicação do real conviveram sem que se traçasse um gregos, 1990. Adaptado.)
corte temporal mais preciso. Com base nessa
afirmativa, é correto afirmar: O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona,
entre outros aspectos,
a) O modo de vida fechado do povo grego facilitou a
passagem do Mito ao Logos. a) o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela
b) A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi transmissão oral das tradições, dos mitos e da
responsabilidade dos tiranos de Siracusa. memória.
c) A economia grega estava baseada na b) a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos
industrialização, e isso facilitou a passagem do Mito períodos de seca ou de infertilidade da terra.
ao Logos.
c) o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a
d) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava com
outros povos com as mesmas preocupações e difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica.
culturas, o que contribuiu para a passagem do Mito d) a forma como a história era escrita e lida entre os
ao Logos. povos da península balcânica.
e) A atividade comercial e as constantes viagens e) o esforço de diferenciar as cidades-estados e
oportunizaram a troca de reforçar o isolamento e a autonomia em que viviam.
informações/conhecimentos, a
observação/assimilação dos modos de vida de

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17. (Uff 2012) A grande contribuição de Tomás de e) Teoria da Iluminação.


Aquino para a vida intelectual foi a de valorizar a
inteligência humana e sua capacidade de alcançar a 20. (Unisc 2012) Nas suas Meditações, o filósofo
verdade por meio da razão natural, inclusive a respeito estoico Marco Aurélio escreveu:
de certas questões da religião.
Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir a “Na vida de um homem, sua duração é um
verdade divina”, ele diz que há duas modalidades de ponto, sua essência, um fluxo, seus sentidos, um
verdade acerca de Deus. A primeira refere-se a turbilhão, todo o seu corpo, algo pronto a apodrecer,
verdades da revelação que a razão humana não sua alma, inquietude, seu destino, obscuro, e sua fama,
consegue alcançar, por exemplo, entender como é duvidosa. Em resumo, tudo o que é relativo ao corpo é
possível Deus ser uno e trino. A segunda modalidade é como o fluxo de um rio, e, quanto á alma, sonhos e
composta de verdades que a razão pode atingir, por fluidos, a vida é uma luta, uma breve estadia numa
exemplo, que Deus existe. terra estranha, e a reputação, esquecimento. O que
pode, portanto, ter o poder de guiar nossos passos?
A partir dessa citação, indique a afirmativa que melhor Somente uma única coisa: a Filosofia. Ela consiste em
expressa o pensamento de Tomás de Aquino. abster-nos de contrariar e ofender o espírito divino que
habita em nós, em transcender o prazer e a dor, não
a) A fé é o único meio do ser humano chegar à verdade. fazer nada sem propósito, evitar a falsidade e a
b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à dissimulação, não depender das ações dos outros,
revelação da verdade que Deus lhe concede. aceitar o que acontece, pois tudo provém de uma
c) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcançar mesma fonte e, sobretudo, aguardar a morte com
certas verdades por seus meios naturais. calma e resignação, pois ela nada mais é que a
d) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades dissolução dos elementos pelos quais são formados
acerca de Deus. todos os seres vivos. Se não há nada de terrível para
e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser esses elementos em sua contínua transformação, por
humano nada pode conhecer d’Ele. que, então, temer as mudanças e a dissolução do
todo?”
18. (Ueg 2012) Durante seu reinado, Carlos Magno
buscou reverter o quadro de estagnação cultural Considere as seguintes afirmativas sobre esse texto:
gerado pelas invasões bárbaras, quando muito do
conhecimento da Antiguidade clássica havia se perdido. I. Marco Aurélio nos diz que a morte é um grande mal.
Reuniu então, com o apoio da Igreja, grandes sábios II. Segundo Marco Aurélio, devemos buscar a fama, a
que deveriam transmitir sua sabedoria nas escolas da riqueza e o prazer.
época. Esses grandes mestres foram chamados III. Segundo Marco Aurélio, conseguindo fama,
scholasticos. As matérias ensinadas por eles nas escolas podemos transcender a finitude da vida humana.
medievais eram chamadas de artes liberais e foram IV. Para Marco Aurélio, a filosofia é valiosa porque nos
divididas em permite compreender que a morte é parte de um
processo da natureza e assim evita que nos
a) fé e razão. angustiemos por ela.
b) matemática e gramática. V. Para Marco Aurélio, só a fé em Deus e em Cristo
c) trívio e quadrívio. pode libertar o homem do temor da morte.
d) teologia e filosofia. VI. Para Marco Aurélio, o homem participa de uma
realidade divina.
19. (Uncisal 2012) A filosofia de Santo Agostinho é
essencialmente uma fusão das concepções cristãs com Assinale a alternativa correta.
o pensamento platônico. Subordinando a razão à fé, a) Somente as afirmativas I e V estão corretas.
Agostinho de Hipona afirma existirem verdades b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
superiores e inferiores, sendo as primeiras c) Somente as afirmativas IV e VI estão corretas.
compreendidas a partir da ação de Deus. Como se d) Todas as afirmativas estão corretas.
chama a teoria agostiniana que afirma ser a ação de e) Somente a afirmativa IV está correta.
Deus que leva o homem a atingir as verdades
superiores? 21. (Unioeste 2012) “A excelência moral, então, é uma
a) Teoria da Predestinação. disposição da alma relacionada com a escolha de ações
b) Teoria da Providência. e emoções, disposição esta consistente num meio-
c) Teoria Dualista. termo (o meio-termo relativo a nós) determinado pela
d) Teoria da Emanação.

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razão (a razão graças à qual um homem dotado de 24. (Ufu 2012) Leia o trecho abaixo, que se encontra
discernimento o determinaria)”. na Apologia de Sócrates de Platão e traz algumas das
concepções filosóficas defendidas pelo seu mestre.
Aristóteles
Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que se
Sobre o pensamento ético de Aristóteles e o texto supor sábio quem não o é, porque é supor que sabe o
acima, seguem as seguintes afirmativas: que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se,
porventura, será para o homem o maior dos bens;
I. A virtude é uma paixão consistente num meio-termo todos a temem, como se soubessem ser ela o maior
entre dois extremos. dos males. A ignorância mais condenável não é essa de
II. A ação virtuosa, por estar relacionada com a escolha, supor saber o que não se sabe?
é praticada de modo involuntário e inconsciente.
III. A virtude é uma disposição da alma relacionada com Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O
escolha e discernimento. que é a Filosofia Antiga? São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p.
IV. A virtude é um meio-termo absoluto, determinado 61.
pela razão.
V. A virtude é um extremo determinado pela razão e Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates,
pelas paixões de um homem dotado de assinale a alternativa INCORRETA.
discernimento. a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua
missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a
Das afirmativas feitas acima verdade, para além da mera aparência do saber.
a) somente a afirmação I está correta. b) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se,
b) somente a afirmação III está correta. fazendo-o tomar consciência das contradições que
c) as afirmações II e III estão corretas. traz consigo.
d) as afirmações III e IV estão corretas. c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos
e) as afirmações IV e V estão corretas. outros que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância
a todo custo, ainda que defendendo uma opinião
22. (Ufsj 2012) Sobre a ética na Antiguidade, é não devidamente examinada.
CORRETO afirmar que d) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que,
colocado diante da própria ignorância, admite que
a) o ideal ético perseguido pelo estoicismo era um nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe,
estado de plena serenidade para lidar com os define o sábio, segundo a concepção socrática.
sobressaltos da existência.
b) os sofistas afirmavam a normatização e verdades 25. (Unioeste 2012) O que há em comum entre Tales,
universalmente válidas. Anaximandro e Anaxímenes de Mileto, entre Xenófanes
c) Platão, na direção socrática, defendeu a necessidade de Colofão e Pitágoras de Samos? “Todos esses
de purificação da alma para se alcançar a ideia de pensadores propõem uma explicação racional do
bem. mundo, e isso é uma reviravolta decisiva na história do
d) Sócrates repercutiu a ideia de uma ética intimista pensamento” (Pierre Hadot).
voltada para o bem individual, que, ao ser exercida,
se espargiria por todos os homens. Com base no texto e nos conhecimentos sobre as
relações entre mito e filosofia, seguem as seguintes
23. (Unisc 2012) Na obra de Aristóteles, a Ética é uma proposições:
ciência prática, concepção distinta da de Platão,
referida a um tipo de saber voltado à ação. Na Ética a I. Os filósofos pré-socráticos são conhecidos como
Nicômaco, Aristóteles destaca uma excelência moral filósofos da physis porque as explicações racionais do
determinante para a constituição de uma vida virtuosa. mundo por eles produzidas apresentam não apenas o
Esta excelência moral tão importante é início, o princípio, mas também o desenvolvimento e
a) a coragem. o resultado do processo pelo qual uma coisa se
b) a retórica. constitui.
c) a verdade. II. Os filósofos pré-socráticos não foram os primeiros a
d) a prudência ou moderação. tratarem da origem e do desenvolvimento do
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. universo, antes deles já existiam cosmogonias, mas
estas eram de tipo mítico, descreviam a história do
mundo como uma luta entre entidades
personificadas.

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III. As explicações racionais do mundo elaboradas pelos 27. (Ufu 2012) A teologia natural, segundo Tomás de
pré-socráticos seguem o mesmo esquema ternário Aquino (1225-1274), é uma parte da filosofia, é a parte
que estruturava as cosmogonias míticas na medida que ele elaborou mais profundamente em sua obra e
em que também propõem uma teoria da origem do na qual ele se manifesta como um gênio
mundo, do homem e da cidade. verdadeiramente original. Se se trata de física, de
IV. O nascimento das explicações racionais do mundo fisiologia ou dos meteoros, Tomás é simplesmente
são também o surgimento de uma nova ordem do aluno de Aristóteles, mas se se trata de Deus, da
pensamento, complementar ao mito; em certos origem das coisas e de seu retorno ao Criador, Tomás é
momentos decisivos da história da filosofia as duas ele mesmo. Ele sabe, pela fé, para que limite se dirige,
ordens de pensamento chegam a coexistir, exemplo contudo, só progride graças aos recursos da razão.
disso pode ser encontrado no diálogo platônico
Timeu quando, na apresentação do “mito mais GILSON, Etienne. A Filosofia na Idade Média, São Paulo:
verossímil”, a figura mítica do Demiurgo é Martins Fontes, 1995, p. 657.
introduzida para explicar a produção do mundo.
V. Tales de Mileto, um dos Sete Sábios, além de De acordo com o texto acima, é correto afirmar que
matemático e físico é considerado filósofo – o a) a obra de Tomás de Aquino é uma mera repetição da
fundador da filosofia, segundo Aristóteles – porque obra de Aristóteles.
em sua proposição “A água é a origem e a matriz de b) Tomás parte da revelação divina (Bíblia) para
todas as coisas” está contida a proposição “Tudo é entender a natureza das coisas.
um”, ou seja, a representação de unidade. c) as verdades reveladas não podem de forma alguma
ser compreendidas pela razão humana.
Assinale a alternativa correta. d) é necessário procurar a concordância entre razão e
a) As proposições III e IV estão incorretas. fé, apesar da distinção entre ambas.
b) Somente as proposições I e II estão corretas.
c) Apenas a proposição IV está incorreta. 28. (Ufu 2012) Em primeiro lugar, é claro que, com a
d) Todas as proposições estão incorretas. expressão “ser segundo a potência e o ato”, indicam-se
e) Todas as proposições estão corretas. dois modos de ser muito diferentes e, em certo
sentido, opostos. Aristóteles, de fato, chama o ser da
26. (Enem 2012) Para Platão, o que havia de potência até mesmo de não-ser, no sentido de que,
verdadeiro em Parmênides era que o objeto de com relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-
conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, ser-em-ato.
e era preciso estabelecer uma relação entre objeto
racional e objeto sensível ou material que privilegiasse REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II.
o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas Trad. de Henrique Cláudio de Lima Vaz e Marcelo
irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.
sua mente.
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale
filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). a alternativa correta.
a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, capacidade de se transformar em algo diferente dele
um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-
(427–346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se ato) em relação à estátua (ser-em-potência).
situa diante dessa relação? b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as explica o movimento percebido no mundo sensível.
duas. Tudo o que possui matéria possui potencialidade
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o (capacidade de assumir ou receber uma forma
conhecimento a eles. diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e ou recebendo aquela forma).
sensação são inseparáveis. c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento
conhecimento, mas a sensação não. verificado no mundo material é apenas ilusório, e o
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a que existe é sempre imutável e imóvel.
sensação é superior à razão. d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo
sensível (das coisas materiais) e a potência se

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FILOSOFIA

encontra tão-somente no mundo inteligível, conhecidos como os Padres da Igreja, dos quais o mais
apreendido apenas com o intelecto. importante a escrever na língua latina foi santo
Agostinho.
29. (Enem 2012) TEXTO I
COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia: Ser, Saber
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento e Fazer. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 128. (Adaptado)
originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que
outras coisas provêm de sua descendência. Quando o Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou
ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os do século II ao século X, ficou conhecido como
ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a a) Escolástica.
partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, b) Neoplatonismo.
transformam-se em água. A água, quando mais c) Antiguidade tardia.
condensada, transforma-se em terra, e quando d) Patrística.
condensada ao máximo possível, transforma-se em
pedras. 31. (Uenp 2011) Mario Quintana, no poema “As
coisas”, traduziu o sentimento comum dos primeiros
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: filósofos da seguinte maneira: “O encanto sobrenatural
PUC-Rio, 2006 (adaptado). que há nas coisas da Natureza! [...] se nelas algo te dá
encanto ou medo, não me digas que seja feia ou má, é,
acaso, singular”. Os primeiros filósofos da antiguidade
TEXTO II clássica grega se preocupavam com:
a) Cosmologia, estudando a origem do Cosmos,
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, contrapondo a tradição mitológica das narrativas
como criador de todas as coisas, está no princípio do cosmogônicas e teogônicas.
mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos b) Política, discutindo as formas de organização da polis
apresentam, em face desta concepção, as especulações e estabelecendo as regras da democracia.
contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se c) Ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores e da
origina, ou de algum dos quatro elementos, como vida virtuosa.
ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga d) Epistemologia, procurando estabelecer as origens e
Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem limites do conhecimento verdadeiro.
ancorar o mundo numa teia de aranha”. e) Ontologia, construindo uma teoria do ser e do
substrato da realidade.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã.
São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado). 32. (Ueap 2011) ...que é e que não é possível que não
seja,/ é a vereda da Persuasão (porque acompanha a
Filósofos dos diversos tempos históricos Verdade); o outro diz que não é e que é preciso que não
desenvolveram teses para explicar a origem do seja,/ eu te digo que esta é uma vereda em que nada se
universo, a partir de uma explicação racional. As teses pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que
de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, não é, porque tal não é fatível./ nem poderia expressá-
filósofo medieval, têm em comum na sua lo.
fundamentação teorias que
a) eram baseadas nas ciências da natureza. (Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia.
b) refutavam as teorias de filósofos da religião. Editora Globo, 2005.)
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
d) postulavam um princípio originário para o mundo. O texto anterior expressa o pensamento de qual
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. filósofo?
a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o
30. (Ufu 2012) Na medida em que o Cristianismo se mundo sensível e o inteligível.
consolidava, a partir do século II, vários pensadores, b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre
convertidos à nova fé e, aproveitando-se de elementos pensamento e realidade.
da filosofia greco-romana que eles conheciam bem, c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio
começaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação de todas as coisas.
cristãs, tentando uma síntese com elementos da d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade
filosofia grega ou utilizando-se de técnicas e conceitos de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser
da filosofia grega para melhor expor as verdades e conhecimento.
reveladas do Cristianismo. Esses pensadores ficaram

9
FILOSOFIA

e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida b) A participação das coisas às ideias permite admitir as
de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é. realidades sensíveis como as causas verdadeiras
acessíveis à razão.
33. (Uenp 2011) Platão foi um dos filósofos que mais c) Os poetas são imitadores de simulacros e por
influenciaram a cultura ocidental. Para ele, a filosofia intermédio da imitação não alcançam o
tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes conhecimento das ideias como verdadeiras causas
problemas da vida. Considera a alma humana de todas as coisas.
prisioneira do corpo, vivendo como se fosse um d) As coisas belas se explicam por seus elementos
peregrino em busca do caminho de casa. Para tanto, físicos, como a cor e a figura, e na materialidade
deveria transpor os limites do corpo e contemplar o deles encontram sua verdade: a beleza em si e por
inteligível. Assinale a alternativa correta. si.
e) A alma humana possui a mesma natureza das coisas
a) A teoria das ideias não pode ser considerada uma sensíveis, razão pela qual se torna capaz de conhecê-
chave de leitura aplicável a todo pensamento las como tais na percepção de sua aparência.
platônico.
b) Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética 35. (Uenp 2011) As discussões iniciais sobre Lógica
racionalista que desconsiderava a vontade como foram organizadas por Aristóteles no texto conhecido
elemento fundamental entre os motivadores da como “Organon”, onde o filósofo sistematiza e
ação. Ele acreditava que o conhecimento do bem era problematiza algumas das afirmações que tinham sido
suficiente para motivar a conduta de acordo com feitas pelos pré-socráticos (Parmênides, Heráclito) e
essa ideia (agir bem). por Platão. Sobre a lógica aristotélica é incorreto
afirmar:
c) Platão propõe um modelo de organização política da
sociedade que pode ser considerado estamental e a) Aristóteles considera que a dialética não é um
antidemocrático. Para ele, o governo não deveria se procedimento seguro para o pensamento, tendo em
pautar pelo princípio da maioria. As almas têm vista posições contrárias de debatedores, e a escolha
natureza diversa, de acordo com sua composição, de uma opinião contra a outra não garante chegar à
isso faz com que os homens devam ser distribuídos essência da coisa investigada, por isso sugere a
de acordo com essa natureza, divididos em grupos substituição da dialética pela lógica.
encarregados do governo, do controle e do b) Entre as principais diferenças que existem entre a
abastecimento da polis. lógica aristotélica e a dialética platônica estão: a
d) Platão chamava o conhecimento da verdade de doxa primeira é um instrumento para o conhecer que
e o contrapõe a uma outra forma de conhecimento antecede o exercício do pensamento e da
(inferior) denominada episteme. linguagem; a segunda é um modo de conhecer e
e) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir da pressupõe a aplicação imediata do pensamento e da
análise de suas causas material e final. linguagem.
c) A lógica aristotélica é um instrumento para trabalhar
34. (Uel 2011) Leia o texto a seguir. os contrários, e as contradições para superá-los e
chegar ao conhecimento da essência das coisas e da
Para esclarecer o que seja a imitação, na realidade.
relação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, d) A lógica aristotélica sistematiza alguns princípios e
Platão parte da hipótese das ideias, as quais designam procedimentos que devem ser empregados nos
a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. raciocínios para a produção de conhecimentos
Ele toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, universais e necessários.
cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como e) Contemporaneamente não se pode considerar a
modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a lógica aristotélica como plenamente formal, tendo
sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria um em vista que Aristóteles não afasta por completo os
mundo de mera aparência. conteúdos pensados, para ficar com formas vazias
(como se faz na lógica puramente formal). Embora
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria tenha avançado no sentido da lógica formal, se
das ideias de Platão, é correto afirmar: comparada com a dialética platônica, que dependia
a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, absolutamente do conteúdo dos juízos.
enquanto co-participante da criação divina, alcança
a verdadeira causa das coistas a partir do reflexo da 36. (Ueg 2011) Em meados do século IV a.C., Alexandre
ideia ou do simulacro que produz. Magno assumiu o trono da Macedônia e iniciou uma
série de conquistas e, a partir daí, construiu um vasto

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FILOSOFIA

império que incluía, entre outros territórios, a Grécia. 39. (Unimontes 2011) A passagem da mentalidade
Essa dominação só teve fim com o desenvolvimento de mítica para o pensamento racional e filosófico foi
outro império, o romano. Esse período ficou conhecido gestada por fatores considerados relevantes para a
como helenístico e representou uma transformação construção de uma nova mentalidade. Algumas
radical na cultura grega. Nessa época, um pensador novidades do período arcaico ajudaram a transformar a
nascido em Élis, chamado Pirro, defendia os visão que o mito oferecia sobre o mundo e a existência
fundamentos do ceticismo. Ele fundou uma escola humana. Nesse aspecto, são todos fatores relevantes:
filosófica que pregava a ideia de que: a) a invenção da escrita e da moeda, a lei escrita e a
imprensa.
a) seria impossível conhecer a verdade. b) a invenção da escrita e do telefone, a lei escrita e o
b) seria inadmissível permanecer na mera opinião. nascimento da pólis.
c) os princípios morais devem ser inferidos da natureza. c) a invenção da escrita e da moeda, a lei escrita e o
d) os princípios morais devem basear-se na busca pelo nascimento da pólis.
prazer. d) a invenção da escrita e da religião, a lei escrita e o
nascimento da pólis.
37. (Ufsj 2011) Sobre o ceticismo, é CORRETO afirmar
que 40. (Unimontes 2011) Para Jean-Pierre Vernant,
helenista e pensador francês, o nascimento da pólis
a) os céticos buscaram uma mediação entre “o ser” e o (por volta dos séculos VIII e VII a.C) é um
“poder-ser”. acontecimento decisivo que “marca um começo, uma
b) o ceticismo relativo tem no subjetivismo e no verdadeira invenção”, por provocar grandes alterações
relativismo doutrinas manifestamente apoiadas em na vida social e nas relações humanas. A transformação
seu princípio maior: toda interatividade possível. da pólis muito se deve aos legisladores que sinalizaram
c) Protágoras (séc. V a.C.), relativista, afirmou que “o uma nova era. Foram importantes os três legisladores
Homem só entende a natureza porque o constantes da alternativa
conhecimento emana dela e nela se instala”. a) Drácon, Sólon e Clístenes.
d) Górgias (485-380 a.C.) e Pirro (365-275 a.C.) são b) Homero, Sólon e Clístenes.
apontados como possíveis fundadores do ceticismo c) Drácon, Sólon e Homero.
absoluto. d) Drácon, Homero e Clístenes.

38. (Ifsp 2011) Comparando-se mito e filosofia, é 41. (Ueg 2011) No século V a.C., Atenas vivia o auge de
correto afirmar o seguinte: sua democracia. Nesse mesmo período, os teatros
a) A autoridade do mito depende da confiança estavam lotados, afinal, as tragédias chamavam cada
inspirada pelo narrador, ao passo que a autoridade vez mais a atenção. Outro aspecto importante da
da filosofia repousa na razão humana, sendo civilização grega da época eram os discursos proferidos
independente da pessoa do filósofo. na ágora. Para obter a aprovação da maioria, esses
b) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da pronunciamentos deveriam conter argumentos sólidos
explicação de realidades passadas a partir da e persuasivos. Nesse caso, alguns cidadãos procuravam
interação entre forças naturais personalizadas, aperfeiçoar sua habilidade de discursar. Isso favoreceu
criando um discurso que se aproxima do da história o surgimento de um grupo de filósofos que dominavam
e se opõe ao da ciência. a arte da oratória. Esses filósofos vinham de diferentes
c) Enquanto a função do mito é fornecer uma cidades e ensinavam sua arte em troca de pagamento.
explicação parcial da realidade, limitando-se ao Eles foram duramente criticados por Sócrates e são
universo da cultura grega, a filosofia tem um caráter conhecidos como
universal, buscando respostas para as inquietações
de todos os homens. a) maniqueístas.
d) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas verdades b) hedonistas.
absolutas e são, em essência, faces distintas do c) epicuristas.
mesmo processo de conhecimento que culminou d) sofistas.
com o desenvolvimento do pensamento científico.
e) A filosofia é a negação do mito, pois não aceita 42. (Uenp 2011) Julgue as afirmações sobre a filosofia
contradições ou fabulações, admitindo apenas helenista.
explicações que possam ser comprovadas pela
observação direta ou pela experiência. I. É o último período da filosofia antiga, quando a polis
grega desaparece em razão de invasões sucessivas,
por persas e romanos, sendo substituída pela

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FILOSOFIA

cosmopolis, categoria de referência que altera a primeiras, divinas, imutáveis e eternas razões de todas
percepção de mundo do grego, principalmente no as coisas, antes de serem criadas [...].
tocante à dimensão política.
II. É um período constituído por grandes sistemas e Sobre o Gênese, V
doutrinas que apresentam explicações totalizantes
da natureza, do homem, concentrando suas Considerando as informações acima, é correto afirmar
especulações no campo da filosofia prática, que se pode perceber:
principalmente da ética.
III. Surgem nesse período a filosofia estoica, o a) que Agostinho modifica certas ideias do cristianismo
epicurismo, o ceticismo e o neoplatonismo. a fim de que este seja concordante com a filosofia
de Platão, que ele considerava a verdadeira.
Estão corretas as afirmativas: b) uma crítica radical à filosofia platônica, pois esta é
a) Todas elas. contraditória com a fé cristã.
b) Apenas I e II. c) a influência da filosofia platônica sobre Agostinho,
c) Apenas III. mas esta é modificada a fim de concordar com a
d) Apenas II e III. doutrina cristã.
e) Apenas I. d) uma crítica violenta de Agostinho contra a filosofia
em geral.
43. (Ufu 2011) Considere o seguinte texto sobre Tomás
de Aquino (1226-1274). 45. (Ueg 2011) “A casa de Deus, que cremos ser uma,
está, pois, dividida em três: uns oram, outros
Fique claro que Tomás não aristoteliza o cristianismo, combatem, e outros, enfim, trabalham.”
mas cristianiza Aristóteles. Fique claro que ele nunca
pensou que, com a razão se pudesse entender tudo; BISPO ADALBERON DE LAON, século XI, apud LE GOFF,
não, ele continuou acreditando que tudo se Jacques. A civilização do ocidente medieval. Lisboa:
compreende pela fé: só quis dizer que a fé não estava Editorial Estampa, 1984. p. 45-46.
em desacordo com a razão, e que, portanto, era
possível dar-se ao luxo de raciocinar, saindo do A sociedade do período medievo possuía como uma de
universo da alucinação. suas características a estrutura social extremamente
rígida e segmentada. A sociedade dos homens era um
Eco, Umberto. “Elogio de santo Tomás de Aquino”. In: reflexo da sociedade divina. Essa estrutura é uma
Viagem na irrealidade cotidiana, p.339. herança da filosofia

É correto afirmar, segundo esse texto, que: a) patrística, de Santo Agostinho.


a) Tomás de Aquino, com a ajuda da filosofia de b) escolástica, de Abelardo.
Aristóteles, conseguiu uma prova científica para as c) racionalista, de Platão.
certezas da fé, por exemplo, a existência de Deus. d) dialética, de Hegel.
b) Tomás de Aquino se empenha em mostrar os erros
da filosofia de Aristóteles para mostrar que esta 46. (Uncisal 2011) Uma das preocupações de certa
filosofia é incompatível com a doutrina cristã. escola filosófica consistiu em provar que as ideias
c) o estudo da filosofia de Aristóteles levou Tomás de platônicas ou os gêneros e espécies aristotélicos são
Aquino a rejeitar as verdades da fé cristã que não substâncias reais, criadas pelo intelecto e vontade de
fossem compatíveis com a razão natural. Deus, existindo na mente divina. Reflexões dessa
d) a atitude de Tomás de Aquino diante da filosofia de natureza foram realizadas majoritariamente no período
Aristóteles é de conciliação desta filosofia com as da história da filosofia:
certezas da fé cristã. a) pré-socrático.
b) antigo.
44. (Ufu 2011) Segundo o texto abaixo, de Agostinho c) medieval.
de Hipona (354-430 d. C.), Deus cria todas as coisas a d) moderno.
partir de modelos imutáveis e eternos, que são as e) contemporâneo.
ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como
também são chamadas, não existem em um mundo à 47. (Uel 2011) Leia o texto a seguir.
parte, independentes de Deus, mas residem na própria
mente do Criador, Platão, em A República, tem como objetivo
[...] a mesma sabedoria divina, por quem principal investigar a natureza da justiça, inerente à
foram criadas todas as coisas, conhecia aquelas alma, que, por sua vez, manifesta-se como protótipo do

12
FILOSOFIA

Estado ideal. Os fundamentos do pensamento ético- b) implica na escolha do que é conveniente no excesso
político de Platão decorrem de uma correlação e do que é prazeroso na falta.
estrutural com constituição tripartite da alma humana. c) consiste na eleição de um dos extremos como o mais
Assim, concebe uma organização social ideal que adequado, isto é, ou o excesso ou a falta.
permite assegurar a justiça. Com base neste contexto, d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em
o foco da crítica às narrativas poéticas, nos livros II e III, razão de preferências pragmáticas.
recai sobre a cidade e o tema fundamental da e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com
educação dos governantes. o fato de que a natureza é que nos torna mais
No Livro X, na perspectiva da defesa de seu perfeitos.
projeto ético-político para a cidade fundamentada em
um logos crítico e reflexivo que redimensiona o papel 49. (Ifsp 2011) “– Mas escuta, a ver se eu digo bem. O
da poesia, o foco desta crítica se desloca para o princípio que de entrada estabelecemos que devia
indivíduo ressaltando a relação com a alma, observar-se em todas as circunstâncias, quando
compreendida em três partes separadas, segundo fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me
Platão: a racional, a apetitiva e a irascível. parece, ou ele ou uma das suas formas, a justiça. Ora
nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo
Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve
mimético das narrativas poéticas e sua relação com a ocupar-se de uma função na cidade, aquela para qual a
alma humana, é correto afirmar: sua natureza é mais adequada.”

a) A parte racional da alma humana, considerada (PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha
superior e responsável pela capacidade de pensar, é Pereira. 7 ed. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 2001, p.
elevada pela natureza mimética da poesia à 185.)
contemplação do Bem.
b) O uso da mímesis nas narrativas poéticas para Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
controlar e dominar a parte irascível da alma é concepção platônica de justiça, na cidade ideal, assinale
considerado excelente prática propedêutica na a alternativa correta.
formação ética do cidadão.
c) A poesia imitativa, reconhecida como fonte de a) Para Platão, a cidade ideal é a cidade justa, ou seja, a
racionalidade e sabedoria, deve ser incorporada ao que respeita o princípio de igualdade natural entre
Estado ideal que se pretende fundar. todos os seres humanos, concedendo a todos os
d) O elemento mimético cultivado pela poesia é indivíduos os mesmos direitos perante a lei.
justamente aquele que estimula, na alma humana, b) Platão defende que a democracia é fundamento
os elementos irracionais: os instintos e as paixões. essencial para a justiça, uma vez que permite a
e) A reflexividade crítica presente nos elementos todos os cidadãos o exercício direto do poder.
miméticos das narrativas poéticas permite ao c) Na cidade ideal platônica, a justiça é o resultado
indivíduo alcançar a visão das coisas como natural das ações de cada indivíduo na perseguição
realmente são. de seus interesses pessoais, desde que esses
interesses também contribuam para o bem comum.
48. (Uel 2011) Leia o texto a seguir. d) Para Platão, a formação de uma cidade justa só é
possível se cada cidadão executar, da melhor
A virtude é, pois, uma disposição de caráter maneira possível, a sua função própria, ou seja, se
relacionada com a escolha e consiste numa mediania, cada um fizer bem aquilo que lhe compete, segundo
isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada suas aptidões.
por um princípio racional próprio do homem dotado de e) Platão acredita que a cidade só é justa se cada
sabedoria prática. membro do organismo social tiver condições de
perseguir seus ideais, exercendo funções que
(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel promovam sua ascensão econômica e social.
Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural,
1973. Livro II, p. 273.) 50. (Uff 2011) Segundo Platão, as opiniões dos seres
humanos sobre a realidade são quase sempre
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a equivocadas, ilusórias e, sobretudo, passageiras, já que
situada ética em Aristóteles, pode-se dizer que a eles mudam de opinião de acordo com as
virtude ética circunstâncias. Como agem baseados em opiniões, sua
a) reside no meio termo, que consiste numa escolha conduta resulta quase sempre em injustiça, desordem
situada entre o excesso e a falta. e insatisfação, ou seja, na imperfeição da sociedade.

13
FILOSOFIA

a) evitar a injustiça e permitir aos cidadãos serem


Em seu livro A República, ele, então, idealizou uma virtuosos e felizes.
sociedade capaz de alcançar a perfeição, desde que seu b) impor a todos um pensamento único para evitar a
governo coubesse exclusivamente divisão da sociedade.
c) preparar os cidadãos como bons combatentes para
a) aos guerreiros, porque somente eles teriam força conquistarem outros povos.
para obrigar todos a agirem corretamente. d) habituar os seres humanos a obedecer.
b) aos tiranos, porque somente eles unificariam a e) agradar aos deuses.
sociedade sob a mesma vontade.
c) aos mais ricos, porque somente eles saberiam aplicar 53. (Unimontes 2011) Lembremos a figura de Sócrates.
bem os recursos da sociedade. Dizem que era um homem feio, mas, quando falava,
d) aos demagogos, porque somente eles convenceriam exercia estranho fascínio. Podemos atribuir a Sócrates
a maioria a agir de modo organizado. duas maneiras de se chegar ao conhecimento. Essas
e) aos filósofos, porque somente eles disporiam de duas maneiras são denominadas de
conhecimento verdadeiro e imutável. a) doxa e ironia.
b) ironia e maiêutica.
51. (Uenp 2011) “Estas três formas podem degenerar: c) maiêutica e doxa.
[...] A tirania não é, de fato, senão a monarquia voltada d) maiêutica e episteme.
para a utilidade do monarca; a oligarquia, para a
utilidade dos ricos; a democracia, para a utilidade dos 54. (Ufu 2011) No pórtico da Academia de Platão, havia
pobres. Nenhuma das três se ocupa do interesse a seguinte frase: “não entre quem não souber
público. Podemos dizer ainda, de um modo um pouco geometria”. Essa frase reflete sua concepção de
diferente, que a tirania é o governo despótico exercido conhecimento: quanto menos dependemos da
por um homem sobre o Estado, que a oligarquia realidade empírica, mais puro e verdadeiro é o
representa o governo dos ricos e a democracia o dos conhecimento tal como vemos descrito em sua
pobres ou das pessoas pouco favorecidas.” Alegoria da Caverna.
Aristóteles. Política.
“A ideia de círculo, por exemplo, preexiste a
De acordo com o fragmento de texto, assinale a toda a realização imperfeita do círculo na areia ou na
alternativa que melhor completa a tabela abaixo: tábula recoberta de cera. Se traço um círculo na areia,
a ideia que guia a minha mão é a do círculo perfeito.
Forma Forma Isso não impede que essa ideia também esteja
autêntica degenerada presente no círculo imperfeito que eu tracei. É assim
Um no governo (I) Tirania que aparece a ideia ou a forma.”
Alguns no
Aristocracia (II)
governo JEANNIÈRE, Abel. Platão. Tradução de Lucy Magalhães.
Muitos no Rio de Janeiro: Zahar, 1995. 170 p.
República (III)
governo
Com base nas informações acima, assinale a alternativa
a) (I) democracia - (II) monarquia - (III) oligarquia que interpreta corretamente o pensamento de Platão.
b) (I) monarquia - (II) democracia - (III) oligarquia
c) (I) oligarquia - (II) monarquia - (III) democracia a) A Alegoria da Caverna demonstra, claramente, que o
d) (I) monarquia - (II) oligarquia - (III) democracia verdadeiro conhecimento não deriva do “mundo
e) (I) democracia - (II) oligarquia - (III) monarquia inteligível”, mas do “mundo sensível”.
b) Todo conhecimento verdadeiro começa pela
52. (Uff 2011) Durante a maior parte da história da percepção, pois somente pelos sentidos podemos
humanidade, o bem-estar e o interesse dos conhecer as coisas tais quais são.
governantes têm predominado sobre o bem-estar e o c) Quando traçamos um círculo imperfeito, isto
interesse dos governados. Os gregos foram os demonstra que as ideias do “mundo inteligível” não
primeiros a experimentar a democracia, isto é, regime são perfeitas, tal qual o “mundo sensível”.
político em que os cidadãos são livres e o governo é d) As ideias são as verdadeiras causas e princípio de
exercido pela coletividade para atender ao bem-estar e identificação dos seres; o “mundo inteligível” é onde
ao interesse de todos, e não só de alguns. se obtêm os conhecimentos verdadeiros.
Aristóteles refletiu sobre essa experiência e concluiu
que a finalidade da atividade política é 55. (Ueg 2011) Em meados do século IV a.C., Alexandre
Magno assumiu o trono da Macedônia e iniciou uma

14
FILOSOFIA

série de conquistas e, a partir daí, construiu um vasto I. Ao cidadão, cabia tempo livre para se dedicar
império que incluía, entre outros territórios, a Grécia. integralmente ao que era próprio do ser político,
Essa dominação só teve fim com o desenvolvimento de como a especulação filosófica e a prática desportiva,
outro império, o romano. Esse período ficou conhecido visando à realização do humano.
como helenístico e representou uma transformação II. Na pólis governada por juristas apoiados por atletas
radical na cultura grega. Nessa época, um pensador com poder de comando das tropas, o cidadão
nascido em Élis, chamado Pirro, defendia os considerava a igualdade econômica como a
fundamentos do ceticismo. Ele fundou uma escola realização do ser humano.
filosófica que pregava a ideia de que: III. O cidadão era o elemento que integrava a pólis à
a) seria impossível conhecer a verdade. natureza e tal integração era representada pela
b) seria inadmissível permanecer na mera opinião. corpolatria e pelas atividades físicas impostas pelo
c) os princípios morais devem ser inferidos da natureza. Senado.
d) os princípios morais devem basear-se na busca pelo IV. O ideal do cidadão era expresso pela sua
prazer. participação nas ações e decisões da pólis, o que
incluía a busca da beleza e do equilíbrio entre as
formas.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

57. (Uff 2010)


Como uma onda

Nada do que foi será


De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é


Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir


Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
56. (Uel 2011) A escultura Discóbolo de Míron, do Lulu Santos e Nelson Motta
século V a. C., expressa o ideal de homem na pólis
ateniense. A letra dessa canção de Lulu Santos lembra ideias do
Com base nos valores deste ideal clássico, considere as filósofo grego Heráclito, que viveu no século VI a.C. e
afirmativas a seguir. que usava uma linguagem poética para exprimir seu

15
FILOSOFIA

pensamento. Ele é o autor de uma frase famosa: “Não Sócrates ocupava-se de questões éticas e não
se entra duas vezes no mesmo rio”. da natureza em sua totalidade, mas buscava o universal
no âmbito daquelas questões, tendo sido o primeiro a
Dentre as sentenças de Heráclito a seguir citadas, fixar a atenção nas definições.
marque aquela em que o sentido da canção de Lulu Aristóteles. Metafísica, A6, 987b 1-3. Tradução de
Santos mais se aproxima Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 2002.
a) Morte é tudo que vemos despertos, e tudo que
vemos dormindo é sono.
Com base na filosofia de Sócrates e no trecho
b) O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra.
supracitado, assinale a alternativa correta.
c) Ao se entrar num mesmo rio, as águas que fluem são
outras. a) O método utilizado por Sócrates consistia em um
d) Muita instrução não ensina a ter inteligência. exercício dialético, cujo objetivo era livrar o seu
e) O povo deve lutar pela lei como defende as muralhas interlocutor do erro e do preconceito − com o prévio
da sua cidade. reconhecimento da própria ignorância −, e levá-lo a
formular conceitos de validade universal
58. (Unioeste 2010) O Oráculo de Delfos teria (definições).
declarado que Sócrates (470-399 a.C.) era o mais sábio b) Sócrates era, na verdade, um filósofo da natureza.
dos homens. Essa profecia marcou decisivamente a Para ele, a investigação filosófica é a busca pela
concepção socrática de Filosofia, pois sua verdade não “Arché”, pelo princípio supremo do Cosmos. Por
era óbvia: “Logo ele, sem qualquer especialização, ele isso, o método socrático era idêntico aos utilizados
que estava ciente de sua ignorância? Logo ele, numa pelos filósofos que o antecederam (Pré-socráticos).
cidade [Atenas] repleta de artistas, oradores, políticos, c) O método socrático era empregado simplesmente
artesãos? Sócrates parece ter meditado bastante para ridicularizar os homens, colocando-os diante da
tempo, buscando o significado das palavras da pitonisa. própria ignorância. Para Sócrates, conceitos
Afinal concluiu que sua sabedoria só poderia ser aquela universais são inatingíveis para o homem; por isso,
de saber que nada sabia, essa consciência da ignorância para ele, as definições são sempre relativas e
sobre as coisas que era sinal e começo da subjetivas, algo que ele confirmou com a máxima “o
autoconsciência.” (J. A. M. Pessanha) Homem é a medida de todas as coisas”.
d) Sócrates desejava melhorar os seus concidadãos por
Sobre a filosofia de Sócrates, é incorreto afirmar que meio da investigação filosófica. Para ele, isso implica
a) a filosofia de Sócrates consiste em buscar a verdade, não buscar “o que é”, mas aperfeiçoar “o que parece
aceitando as opiniões contraditórias dos homens; ser”. Por isso, diz o filósofo, o fundamento da vida
quanto mais importante era a posição social de um moral é, em última instância, o egoísmo, ou seja, o
homem, mais verdadeira era sua opinião. que é o bem para o indivíduo num dado momento
b) a sabedoria de Sócrates está em saber que nada de sua existência.
sabe, enquanto os homens em geral estão
impregnados de preconceitos e noções incorretas, e 60. (Uenp 2010) Sócrates foi considerado um dos
não se dão conta disso. principais filósofos da antiguidade clássica. Ao propor
c) o reconhecimento da própria ignorância é o primeiro uma reflexão sobre o problema da consciência, levou
passo para a sabedoria, pois, assim, podemos nos as ultimas consequências a preocupação antropológica
livrar dos preconceitos e abrir caminho para a que havia se iniciado com os sofistas. Uma das
verdade. principais contribuições de Sócrates foi o
d) após muito questionar os valores e as certezas desenvolvimento da categoria “consciência” que esta
vigentes, Sócrates foi acusado de não respeitar os associada à concepção que possuía de que o ser
deuses oficiais (impiedade) e corromper a humano era dotado de uma alma racional, na qual
juventude; foi julgado e condenado à morte por estavam depositadas verdades eternas, e que o
ingestão de cicuta. conhecimento dessas verdades era imprescindível para
e) o caminho socrático para a sabedoria deve ser o desenvolvimento de uma vida ética. Depois de
trilhado pelo próprio indivíduo, que deve por ele Sócrates, as preocupações sobre a natureza da alma, e
mesmo reconhecer seus preconceitos e opiniões, sobre a Ética jamais abandonaram a filosofia. Sobre o
rejeitá-los e, através da razão, atingir a verdade tema, assinale a alternativa correta:
imutável.
a) Sócrates desenvolveu uma ética relativista,
59. (Ufu 2010) Em um importante trecho da sua obra defendendo que os valores não podem ser
Metafísica, Aristóteles se refere a Sócrates nos considerados absolutos, e estão relacionados aos
seguintes termos: consensos existentes em cada contexto histórico,

16
FILOSOFIA

devendo ser considerados validos na medida em que ficariam de todo fascinados com essa realidade de
possuem alguma utilidade pragmática. forma tão diversa.
b) Platão, um dos mais importantes discípulos de
Sócrates, se afastando do modelo desenvolvido por PLATÃO, 7.º livro da República, p.514 ss..
ele, que desconsiderava a incontinência (akrasia)
como fator relevante para a formação da conduta,
desenvolveu uma metáfora de alma tripartite,
segundo a qual, a alma seria semelhante ao
condutor da biga de dois cavalos, sendo que um
deles seria altivo e elevado, e o outro atarracado e
indolente.
c) Sócrates concordava com os sofistas quando
afirmavam que o “homem era a medida de todas as
coisas”, sendo esse aforisma um dos principais
postulados de sua ética.
d) As virtudes para Platão não estavam associadas à
natureza das almas, segundo o filósofo todos os
homens possuem a mesma natureza racional, e suas
almas são iguais, sendo desejável, portanto, que
desenvolvam as mesmas virtudes.
e) Platão, era relativista do ponto de vista ético,
considerava que embora as virtudes e os valores
fossem paradigmas existentes no mundo das ideias, Relacionando o fragmento de texto de Platão e a
como eles deveriam se realizar no mundo físico, tirinha da Turma da Mônica, de Maurício de Souza, com
estariam relacionados a condições muito os seus conhecimentos sobre o Mito da Caverna,
particulares de concretização, e não poderiam ser assinale a alternativa incorreta.
considerados desvinculados da historia e de
circunstancias particulares. a) Os homens acorrentados no fundo da caverna são
aqueles que passam a vida contemplando sombras,
61. (Uenp 2010) Conosco homens, aí se diz, se passa o acreditando que elas correspondem à realidade e à
mesmo que com prisioneiros, que se achassem numa verdade.
caverna subterrânea, encadeados, desde o nascimento, b) Para Platão existem três níveis de conhecimento: o
a um banco, de modo a nunca poderem voltar-se, e primeiro é chamado de agnosis, que significa
assim só poderem ver a parede oposta à entrada. Por ignorância, e corresponde ao estágio dos homens no
detrás deles, na entrada da caverna, corre por toda a interior da caverna; o segundo é denominado de
largura dela, um muro da altura de um homem, e por doxa, ou opinião, e é o primeiro estágio de
trás deste, arde uma fogueira. Se entre esta e o muro conhecimento, que se forma logo após os homens
passarem homens transportando imagens, estátuas, saírem da caverna e contemplarem a realidade; o
figuras de animais, utensílios etc, que ultrapassem a terceiro é designado pela palavra grega epistheme,
altura do muro, então as sombras desses objetos, que que significa ciência, ou o conhecimento em sua
o fogo faz aparecerem, se projetam na parede da integralidade.
caverna, e os prisioneiros também percebem, além da c) Para Platão existe um único mundo sensível e
sombra, o eco das palavras pronunciadas pelos homens inteligível, de forma que os homens devem aprender
que passam. Como esses prisioneiros nunca com a experiência a distinguir o conhecimento
perceberam outra coisa senão as sombras e o eco, têm verdadeiro de impressões falsas dos sentidos.
eles essas imagens pela verdadeira realidade. Se eles d) O visível, para Platão, corresponde ao império dos
pudessem, por uma vez, voltar-se e contemplar, a luz sentidos captado pelo olhar e dominado pela
do fogo, os próprios objetos, cujas sombras foram subjetividade. É o reino do homem comum preso, às
apenas o que até agora viram; e se pudessem ouvir coisas do cotidiano.
diretamente os sons, além dos ecos até então ouvidos, e) O inteligível, para Platão, diz respeito à razão. É o
sem dúvida ficariam atônitos com essa nova realidade. reino do homem sábio, que desconfia das primeiras
Mas se além disso pudessem, fora da caverna e à luz do impressões e busca um conhecimento das causas da
sol, contemplar os próprios homens vivos, bem como realidade.
os animais e as coisas reais, de que as figuras
projetadas na caverna eram apenas cópias, então 62. (Uenp 2010) Para Aristóteles “o homem é por
natureza um animal político”, isto é, um ser vivo (zoon)

17
FILOSOFIA

que, por sua natureza (physei), é feito para a vida da II. Assim como todos os fins são objeto de estudo das
cidade (bios politikós, a comunidade política). Essa
ciências em geral, o “sumo bem” exige uma ciência
definição revela a intenção teleológica do filósofo na
caracterização do sentido último da vida do homem: o (ou arte) também ela suprema, já que conhecer esse
viver na polis, onde o homem se realiza como cidadão
fim é extremamente útil, pelo fato de ele ter grande
(politai) manifestando, no termo de um processo de
constituição de sua essência, a sua natureza. Sobre a influência sobre a vida humana.
natureza política do ser humano, de acordo com o
III. Para Aristóteles é a Política que deve ser
pensamento de Aristóteles, não é correto afirmar que:
considerada essa “arte mestra”, já que ela estuda o
a) O “zoon politikon” não deve ser compreendido como
“sumo bem”, do qual todos os “bens” menores
“animal socialis” da tradução latina. Este desvio
semântico resultou num sentido alargado do termo dependem.
grego que acabou se identificando com o social. Para
IV. Aristóteles acha que o fim da vida humana é a
Aristóteles, o social significava mais o instinto
gregário, algo que os homens compartilham com conquista da felicidade e ela está associada à posse
algumas espécies de animais.
de riquezas e honras, além de um acesso ilimitado
b) O simples viver junto, em sociedade, não caracteriza
a destinação última do homem: a “politicidade”. A aos prazeres.
verdadeira vida humana deve almejar a organização
a) Apenas as assertivas I e IV são verdadeiras.
política, que é uma forma superior. A partir da
compreensão da natureza do homem determinados b) Apenas as assertivas I e II são verdadeiras.
aspectos da vida social adquirem um estatuto
c) Apenas a assertiva I é falsa.
eminentemente político, tais como: a noção de
governo, de dominação, de liberdade, de igualdade, d) Todas as assertivas são verdadeiras.
do que é comum, do que é próprio, entre outras.
e) Apenas a assertiva IV é falsa.
c) Aristóteles acreditava que a sociedade nascia de um
consenso, e que, portanto, não era natural, a
despeito da natureza política do homem. Isso
64. (Uenp 2010) Sobre as escolas éticas do período
implica em que, o homem poderia viver fora da
helenístico, da antiguidade clássica da Filosofia Grega,
comunidade política.
associe a primeira com a segunda coluna e assinale e
d) Entre os filósofos contemporâneos, Marx é um
alternativa correta.
daqueles que faz referencia explicita ao pensamento
aristotélico e a sua definição de homem como
animal político, especialmente em Os fundamentos
da crítica da economia política escrito em
1857/1858.

e) Reconhecer a natureza política do homem é, para


Aristóteles, uma forma de publicizar a ética de forma
a considerá-la como uma instância de governo das A - É uma moral hedonista. O fim supremo da
relações sociais que tem sempre em vista o Bem vida é o prazer sensível; o critério único
coletivo. de moralidade é o sentimento. Os
prazeres estéticos e intelectuais são
63. (Pucpr 2010) Aristóteles afirma, na sua Ética a I.epicurismo
como os mais altos prazeres.
Nicômaco, que todas as nossas ações visam a um fim e B - Visa sempre um fim último ético-ascético,
II. estoicismo
esse fim é o seu bem, ou seja, “aquilo a que todas as sem qualquer metafísica, mesmo
III. ceticismo
coisas tendem”. De acordo com a posição do autor negativa.
IV. ecletismo
C - Se nada é verdadeiro, tudo vale
sobre esse tema, seria correto afirmar que:
unicamente.
D - A paixão é sempre substancialmente má,
I. Todas as ações humanas visam a um fim, mas existe pois é movimento irracional, morbo e
um fim supremo, que Aristóteles chama de “sumo vício da alma.

bem” ou “bem supremo”.


a) I – A, II – B, III – C, IV – D

18
FILOSOFIA

b) I – A, II – B, III – D, IV – C “Filosofia”, composta em 1933 por Noel Rosa, em


c) I – A, II – D, III – C, IV – B parceria com André Filho.

d) I – A, II – D, III – B, IV – C a) É verdadeiro tanto o que vemos com os olhos como


e) I – D, II – A, III – B, IV – C aquilo que apreendemos pela intuição mental.
b) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em
nosso interior, pois é deste que nós somos donos.
65. (Uff 2010) c) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve
recorrer nunca à divindade, mas se deve deixá-la
Filosofia
livre de todo encargo, em sua completa felicidade.
O mundo me condena, e ninguém tem pena d) As leis existem para os sábios, não para impedir que
Falando sempre mal do meu nome cometam injustiças, mas para impedir que as
sofram.
Deixando de saber se eu vou morrer de sede e) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso
Ou se vou morrer de fome ela não fez os seres humanos nobres ou ignóbeis, e,
Mas a filosofia hoje me auxilia sim suas ações e intenções.

A viver indiferente assim 66. (Uel 2010) Leia atentamente os textos abaixo,
Nesta prontidão sem fim respectivamente, de Platão e de Aristóteles: [...] a
admiração é a verdadeira característica do filósofo. Não
Vou fingindo que sou rico
tem outra origem a filosofia.
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga (PLATÃO. Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes.
Belém: Universidade Federal do Pará, 1973. p. 37.)
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo Com efeito, foi pela admiração que os homens
começaram a filosofar tanto no princípio como agora;
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias,
Quanto a você da aristocracia avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a
Que tem dinheiro, mas não compra alegria respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do
Sol e das estrelas, assim como a gênese do universo.
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente E o homem que é tomado de perplexidade e
Que cultiva hipocrisia. admiração julga-se ignorante (por isso o amigo dos
mitos é, em certo sentido, um filósofo, pois também o
mito é tecido de maravilhas); portanto, como
filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que
buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma
finalidade utilitária.

(ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I. Tradução Leonel


Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p. 40.)

Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre


a origem da filosofia, é correto afirmar:
a) A filosofia surgiu, como a mitologia, da capacidade
humana de admirar-se com o extraordinário e foi
pela utilidade do conhecimento que os homens
fugiram da ignorância.
b) A admiração é a característica primordial do filósofo
porque ele se espanta diante do mundo das ideias e
percebe que o conhecimento sobre este pode ser
vantajoso para a aquisição de novas técnicas.
c) Ao se espantarem com o mundo, os homens
Assinale a sentença do filósofo grego Epicuro cujo perceberam os erros inerentes ao mito, além de
significado é o mais próximo da letra da canção terem reconhecido a impossibilidade de o
conhecimento ser adquirido pela razão.

19
FILOSOFIA

d) Ao se reconhecerem ignorantes e, ao mesmo tempo, c) A fé é o único meio de o ser humano chegar à


se surpreenderem diante do anseio de conhecer o verdade.
mundo e as coisas nele contidas, os homens foram d) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de
tomados de espanto, o que deu início à filosofia. alcançar por seus meios naturais certas verdades.
e) A admiração e a perplexidade diante da realidade e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser
fizeram com que a reflexão racional se restringisse humano nada pode conhecer d’Ele.
às explicações fornecidas pelos mitos, sendo a
filosofia uma forma de pensar intrínseca às 69. (Ufu 2010) Para responder a questão, leia o
elaborações mitológicas. seguinte texto.
O universal é o conceito, a ideia, a essência
67. (Unimontes 2010) Via de regra, os sofistas eram comum a todas as coisas (por exemplo, o conceito de
homens que tinham feito longas viagens e, por isso ser humano). Em outras palavras, pergunta-se se os
mesmo, tinham conhecido diferentes sistemas de gêneros e as espécies têm existência separada dos
governo. Usos, costumes e leis das cidades-estados objetos sensíveis: as espécies (por exemplo, o cão) ou
podiam variar enormemente. Sob esse pano de fundo, os gêneros (por exemplo, o animal) teriam existência
os sofistas iniciaram em Atenas uma discussão sobre o real? Ou seriam apenas ideias na mente ou apenas
que seria natural e o que seria criado pela sociedade. palavras?
(ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. Filosofando. 3ª
(GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia edição. São Paulo: Moderna, 2003, p. 126.)
das Letras, 1995).

Sobre os sofistas, é incorreto afirmar que A resposta correta à pergunta formulada no texto
a) eles tiveram papel fundamental nas transformações acima, sobre os universais, é:
culturais de Atenas. a) Segundo os nominalistas, as espécies e gêneros
b) eles se dedicaram à questão do homem e de seu universais são meras palavras que expressam um
lugar na sociedade. conteúdo mental, sem existência real.
c) eles eram mercenários e só visavam ao lucro na arte b) Segundo os nominalistas, os universais são
de ensinar. conceitos, mas têm fundamento na realidade das
d) eles foram os primeiros a compreender que o coisas.
“homem é medida de todas as coisas”. c) Segundo os nominalistas, os universais (gêneros e
espécies) são entidades realmente existentes no
68. (Uff 2010) A importância do filósofo medieval mundo das Ideias, sendo as coisas deste mundo
Tomás de Aquino reside principalmente em seu esforço meras cópias destas Ideias.
de valorizar a inteligência humana e sua capacidade de d) Segundo os nominalistas, os gêneros e as espécies
alcançar a verdade por meio da razão. Discorrendo universais existem realmente, mas apenas na mente
sobre a “possibilidade de descobrir a verdade divina”, de Deus.
ele diz:

“As verdades que professamos acerca de Deus 70. (Ufu 2010) A filosofia de Agostinho (354 – 430) é
revestem uma dupla modalidade. Com efeito, existem estreitamente devedora do platonismo cristão milanês:
a respeito de Deus verdades que ultrapassam foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos
totalmente as capacidades da razão humana. Uma de Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia
delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões de
contrário, existem verdades que podem ser atingidas Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho
pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só venceu suas últimas resistências (de tornar-se cristão).
Deus etc. Estas últimas verdades, os próprios filósofos
as provaram por meio de demonstração, guiados pela PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental.
luz da razão natural”. In: CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio
de Janeiro Zahar Editores: 1983, p. 77.
A partir dessa citação, identifique a opção que melhor
expressa esse pensamento de Tomás de Aquino. Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão,
a) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de
acerca de Deus. Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado
b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à ao pensamento de Platão.
revelação da verdade que Deus lhe concede.
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente,
uma dessas diferenças.

20
FILOSOFIA

a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o 72. (Unioeste 2010) Observe os seguintes argumentos
conhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a silogísticos:
verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser
humano. I. Todos os cães são alados
b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no Todos os pássaros são cães
mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não Logo, todos os pássaros são alados.
existe nenhuma realidade além do mundo natural
em que vivemos. II. Todos os humanos são mortais
c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para Todos os brasileiros são humanos
Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma Logo, todos os brasileiros são mortais.
do corpo.
d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, É correto afirmar, a partir de um ponto de vista lógico,
reminiscência, a alma reconhece as Ideias que ela que
contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o a) os argumentos são distintos quanto à estrutura ou
conhecimento é resultado da Iluminação divina, a forma lógica.
centelha de Deus que existe em cada um. b) ambos os argumentos são válidos, embora as
premissas do primeiro sejam falsas.
71. (Uel 2010) Observe a tira e leia o texto a seguir: c) o primeiro argumento é inválido, e o segundo é
válido.
d) ambos os argumentos são inválidos.
e) o segundo conjunto de enunciados forma um
argumento, mas o primeiro não.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Do princípio do século XVII ao fim do século
XVIII, 1o aspecto geral do mundo natural 2alterou-se de
tal forma que Copérnico teria ficado pasmo. A
Assentemos, portanto, que, a principiar em Homero, revolução que ele iniciara desenvolveu-se tão rápido e
todos os poetas são imitadores da imagem da virtude e de modo tão amplo que não só a astronomia se
dos restantes assuntos sobre os quais compõem, mas transformou, mas também a física. Quando isso
não atingem a verdade [...] parece-me, que o poeta, aconteceu, dissolveram-se os últimos vestígios do
por meio de palavras e frases, sabe colorir universo aristotélico. A matemática tornou-se uma
devidamente cada uma das artes, sem entender delas ferramenta cada vez mais essencial para as ciências
mais do que saber imitá-las. físicas.
(PLATÃO. A República. Livro X. Tradução, introdução e A visão do universo adotada por Galileu —
notas de Maria Helena da Rocha Pereira. 8. ed. Lisboa: morto em 1642, ano do nascimento de Isaac Newton —
Calouste Gulbenkian, 1996. p. 463) baseava-se na observação, na experimentação e numa
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a generosa aplicação da matemática. Uma atitude de
mímesis (imitação) em Platão, é correto afirmar: certa forma diferente daquela adotada por seu
contemporâneo mais jovem, René Descartes,que
a) Dispõe o poeta da perfeição para colorir tão bem começou a formular uma nova concepção filosófica do
quanto o pintor, por isso descreve verdadeiramente universo, que viria a destruir a antiga visão escolástica
os ofícios humanos. medieval.
b) A mímesis apresenta uma imagem da realidade e Em 1687, Newton publicou os Principia, cujo
assim representa a verdade última das atividades impacto foi imenso. Em um único volume, reescreveu
humanas. toda a ciência dos corpos em movimento com uma
c) Por sua capacidade de imitar, o poeta sabe acerca incrível precisão matemática. Completou o que os
dos ofícios de todos os homens e, por esse motivo, físicos do fim da Idade Média haviam começado e que
pode descrevê-los verdadeiramente. Galileu tentara trazer à realidade. As três leis do
d) Por saber sobre todas as artes, atividades e atos movimento, de Newton, formam a base de todo o seu
humanos, o poeta consegue executar o seu ofício trabalho posterior.
descrevendo-os bem.
e) Por meio da imitação, descreve-se com beleza os Ronan Colin A.. História ilustrada da ciência: da
atos e ofícios humanos, sem, no entanto, conhecê- Renascença à revolução científica. São Paulo: Círculo do
los verdadeiramente. Livro, s/d, p. 73, 82-3 e 99 (com adaptações).

21
FILOSOFIA

75. (Pucpr 2009) Em relação à definição de Bem


73. (Unb 2010) Os trabalhos de Aristóteles e Galileu apresentada por Aristóteles, no Livro I da Ética a
representam dois momentos marcantes do Nicômaco, considere as seguintes alternativas:
desenvolvimento das ciências naturais no Ocidente.
Assinale a opção que sintetiza corretamente as I. O Bem é algo que está em todas as coisas, sendo
contribuições de cada um deles para a história da identificado nos objetos, mas não entre os homens.
ciência. II. O Bem é aquilo a que todas as coisas tendem, ou
a) Aristóteles produziu conhecimento acerca do seja, o bem é definido em função de um fim.
universo de modo empírico e experimental, ao passo III. O Bem é o meio para termos uma ciência eficiente e
que Galileu defendeu o uso da matemática como útil, tal como a arte médica será eficiente se
ferramenta de descoberta, relegando a lógica a uso tivermos o bem como meio de sua prática.
apenas argumentativo. IV. O Bem é algo abstrato, de difícil acesso à
b) O conhecimento de Aristóteles acerca do universo compreensão humana.
era especulativo, embasado na lógica que ele
mesmo criara, diferentemente do conhecimento de De acordo com tais afirmações, podemos dizer que:
Galileu, que defendia o uso da matemática como a) Apenas a alternativa II está correta.
ferramenta de descoberta, relegando a lógica a uso b) As alternativas II e III estão corretas.
apenas argumentativo. c) Todas as alternativas estão corretas.
c) A despeito de diferenças quanto à percepção do d) As alternativas III e IV estão corretas.
universo, como heliocêntrico ou geocêntrico, tanto e) Apenas a alternativa III está correta.
Galileu quanto Aristóteles atribuíam à lógica o poder
de desvelar relações de causalidade entre os 76. (Ufu 2009) Santo Tomás de Aquino, nascido em
fenômenos naturais. 1224 e falecido em 1274, propôs as cinco vias para o
d) O conhecimento de Aristóteles acerca do universo conhecimento de Deus. Estas vias estão
era empírico, e o de Galileu, contemplativo, fundamentadas nas evidências sensíveis e racionais. A
diferindo ambos quanto ao grau de manipulação dos primeira via afirma que os corpos inanimados podem
fenômenos naturais na construção dos conceitos ter movimento por si mesmos. Assim, para que estes
científicos. corpos tenham movimento é necessário que algo os
mova. Esta concepção leva à necessidade de um
74. (Ufu 2009) Marque a alternativa que expressa primeiro motor imóvel, isto é, algo que mesmo não
corretamente o pensamento de Sócrates. sendo movido por nada pode mover todas as coisas.

Sobre a primeira via, que é a do movimento, marque a


alternativa correta.
a) Sócrates estabelece uma ligação muito estreita entre
o conhecimento da virtude e a ação humana, a a) Para que os objetos tenham movimento é necessário
ponto de sustentar que aquele que conhece o que é que algo os mova; dessa forma, entende-se que é
o correto não pode agir erroneamente, visto que o necessário um primeiro motor. Logo, podemos
erro de conduta é fruto da ignorância sobre a entender que Deus não é necessário no sistema.
verdade. b) Para Santo Tomás, os objetos inanimados movem-se
b) O fim último do método dialético socrático era a por si mesmos e esse fenômeno demonstra a
refutação do seu interlocutor. Assim sendo, é existência de Deus.
legítimo afirmar que o reconhecimento da própria c) A demonstração do primeiro motor não recorre à
ignorância equivale à constatação de que a verdade sensibilidade, dispensando toda e qualquer
é relativa a cada indivíduo. observação da natureza, uma vez que sua
c) Sócrates é considerado um divisor de águas na fundamentação é somente racional.
Filosofia graças a sua teoria ética sobre a d) Conforme o argumento da primeira via podemos
imobilidade do Ser. Por isso, sua missão sempre foi a concluir que Deus é o motor imóvel, o qual move
investigação de um fundamento absoluto da moral. todas as coisas, mas não é movido.
d) Sócrates fazia uso de um método refutativo de
investigação, o que significa que seu principal 77. (Ufma 2009) “Embora esses dogmas pertençam à
intento era levar o interlocutor à contradição, religião, os utopianos pensam que a razão pode induzir,
independentemente se o último estivesse ou não por si mesma, a crer neles e aceitá-los. Não hesitam em
com a razão. declarar que, na ausência desses princípios, fora
preciso ser estúpido para não procurar o prazer por
todos os meios possíveis, criminosos ou legítimos. A

22
FILOSOFIA

virtude consistiria, então, em escolher, entre duas IV - O exemplo clássico de silogismo é aquele que
volúpias, a mais deliciosa, a mais picante; e em fugir contém duas premissas e uma conclusão.
dos prazeres que se seguissem dores mais vivas do que Marque a alternativa correta.
o gozo que tivessem proporcionado” a) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b) Somente a afirmativa III é falsa.
(MORE, Thomas. A utopia. Trad. Luis de Andrade, São c) Todas as afirmativas são falsas.
Paulo: Nova Cultural, 1988. Col. Os d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
Pensadores)
79. (Ufu 2008) O texto que segue refere-se às vias da
A questão sobre a natureza da felicidade humana e a prova da existência de Deus.
possibilidade de sua realização é uma das principais As cinco vias consistem em cinco grandes
questões estudadas pela filosofia grega antiga, sendo linhas de argumentação por meio das quais se pode
discutida no interior de uma ética e relacionada a provar a existência de Deus. Sua importância reside
noções de virtude e de justiça. Sabe-se que uma das sobretudo em que supõe a possibilidade de se chegar
características principais do humanismo, presente no no entendimento de Deus, ainda que de forma parcial e
pensamento renascentista, é justamente a releitura indireta, a partir da consideração do mundo natural, do
dos filósofos antigos, buscando integra-los a concepção cosmo, entendido como criação divina.
cristã de vida. A concepção ética do povo utopiano, MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-
descrita na obra A utopia, de Thomas More pode ser socráticos a Wittgenstein.
considerada, em suas linhas gerais, uma revalorização
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 67.
de que corrente filosófica grega?

a) Dos sofistas, na medida em que defende que a A partir do texto, marque a alternativa correta.
felicidade consiste em obter o máximo de prazer a) As cinco vias são argumentos diretos e evidentes da
possível, especialmente os que nos advém das existência de Deus.
honras, do sucesso e das riquezas materiais. b) Tomás de Aquino formula as cinco vias da prova da
b) Do platonismo, na medida em que separa os existência de Deus, utilizando, sistematicamente, as
prazeres em duas classes: os relacionados ao corpo e passagens bíblicas para fundamentar seus
os relacionados à alma, e que a felicidade estaria no argumentos.
gozo dos prazeres relacionados a alma, devendo-se c) As cinco vias partem de afirmações gerais e racionais
desprezar os prazeres do corpo. sobre a existência de Deus, para chegar a conclusões
c) Do estoicismo, na medida em que defende que a sobre as coisas sensíveis, particulares e verificáveis
felicidade consiste na tranquilidade ou ausência de sobre o mundo natural.
perturbação, alcançada através do autocontrole, da d) Tomás de Aquino formula as argumentações que
contenção e da austeridade, desprezando-se todo provam a existência de Deus sob a influência do
tipo de prazer. pensamento de Aristóteles, recorrendo não à Bíblia,
d) Do aristotelismo, na medida em que defende que a mas, sobretudo, à Metafísica do filósofo grego.
felicidade á uma “virtude da alma segundo a virtude
perfeita” e que essa virtude consistiria em uma 80. (Ufu 2008) Leia o trecho extraído da obra
espécie de mediania, de meio termo entre dois Confissões.
extremos. Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa
resposta: Está gravada dentro de nós a luz do vosso
e) Do epicurismo, na medida em que defende que a rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a todo
felicidade consiste no gozo dos prazeres, mas não de homem, mas somos iluminados por Vós. Para que
todo e qualquer prazer, apenas os bons e honestos, sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas.
devendo ser rejeitados os que levam a dores mais SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova
intensas do que o gozo que proporcionam. Cultural,1987. 4, l0. p.154.
Coleção Os Pensadores
78. (Ufu 2009) Analise as seguintes afirmativas a
respeito da lógica de Aristóteles.
I - A forma mediata do pensamento ou raciocínio é Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho,
chamada, por Aristóteles, de silogismo. marque a alternativa correta.
II - Em grego, syllogismós significa raciocinar, vem do a) A irradiação da luz divina faz com que conheçamos
verbo syllogizo, que significa reunir, juntar pelo imediatamente as verdades eternas em Deus. Essas
pensamento, conjeturar. verdades, necessárias e eternas, não estão no
III - O silogismo é um raciocínio indutivo.

23
FILOSOFIA

interior do homem, porque seu intelecto é três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição
contingente e mutável. enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo
b) A irradiação da luz divina atua imediatamente sobre lugar, porque faz sem imagem e fabulação; e enfim, em
o intelecto humano, deixando-o ativo para o terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado
conhecimento das verdades eternas. Essas verdades, de crisálida, está contido o pensamento: ‘Tudo é um’. A
necessárias e imutáveis, estão no interior do razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em
homem. comunidade com os religiosos e supersticiosos, a
c) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como
recordar as verdades eternas que a alma possuía investigador da natureza, mas, em virtude da terceira,
antes de se unir ao corpo. Tales se torna o primeiro filósofo grego”.
d) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz
recordar as verdades eternas que a alma possuía e Fonte: NIETZSCHE, F. Crítica Moderna. In: Os Pré-
que nela permanecem mediante os ciclos da Socráticos. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho.
reencarnação. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 43.

81. (Ufu 2008) Leia atentamente o texto a seguir. Com base no texto e nos conhecimentos sobre Tales e
o surgimento da filosofia, considere as afirmativas a
Na filosofia de Parmênides preludia-se o tema seguir.
da ontologia. A experiência não lhe apresentava em
nenhuma parte um ser tal como ele o pensava, mas, do I. Com a proposição sobre a água, Tales reduz a
fato que podia pensá-lo, ele concluía que ele precisava multiplicidade das coisas e fenômenos a um único
existir: uma conclusão que repousa sobre o princípio do qual todas as coisas e fenômenos
pressuposto de que nós temos um órgão de derivam.
conhecimento que vai à essência das coisas e é II. A proposição de Tales sobre a água compreende a
independente da experiência. Segundo Parmênides, o proposição ‘Tudo é um’.
elemento de nosso pensamento não está presente na III. A segunda razão pela qual a proposição sobre a água
intuição mas é trazido de outra parte, de um mundo merece ser levada a sério mostra o aspecto
extrassensível ao qual nós temos um acesso direto filosófico do pensamento de Tales.
através do pensamento. IV. O Pensamento de Tales gira em torno do problema
fundamental da origem da virtude.
NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na época trágica dos
gregos. Trad. Carlos A. R. de Moura. In Os pré-
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas
socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 151.
é:
Coleção Os Pensadores
a) I e II
b) II e III
Marque a alternativa INCORRETA. c) I e IV
d) I, II e IV
a) Para Parmênides, o Ser e a Verdade coincidem, e) II, III e IV
porque é impossível a Verdade residir naquilo que
Não-é: somente o Ser pode ser pensado e dito. 83. (Ufu 2007) Sobre Tomás de Aquino, considere o
b) Pode-se afirmar com segurança que Parmênides seguinte trecho, extraído de uma conhecida História da
rejeita a experiência como fonte da verdade, pois, Filosofia.
para ele, o Ser não pode ser percebido pelos
sentidos. “O sistema tomista baseia-se na determinação rigorosa
c) Parmênides é nitidamente um pensador empirista, das relações entre a razão e a revelação. Ao homem,
pois afirma que a verdade só pode ser acessada por cujo fim último é Deus, o qual excede toda a
meio dos sentidos. compreensão da razão, não basta a investigação
d) O pensamento, para Parmênides, é o meio filosófica baseada na razão. Mesmo aquelas verdades
adequado para se chegar à essência das coisas, ao que a razão pode alcançar sozinha, não é dado a todos
Ser, porque os dados dos sentidos não são alcançá-las, e não está livre de erros o caminho que a
suficientes para apreender a essência. elas conduz. Foi, portanto, necessário que o homem
fosse instruído convenientemente e com mais certeza
82. (Uel 2007) “A filosofia grega parece começar com pela revelação divina. Mas a revelação não anula nem
uma ideia absurda, com a proposição: a água é a torna inútil a razão: ‘a graça não elimina a natureza,
origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo antes a aperfeiçoa’. A razão natural subordina-se à fé
necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por

24
FILOSOFIA

tal como no campo prático as inclinações naturais se divina pela da abstração, de raízes aristotélicas: a única
subordinam à caridade.” fonte de conhecimento humano seria a realidade
sensível, pois os objetos naturais encerrariam uma
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia . Lisboa: forma inteligível em potência, que se revela, porém,
Presença, 1978, p. 29-30, Vol. IV. não aos sentidos que só podem captá-la
individualmente - mas ao intelecto.”
Com base no texto, é correto afirmar que Tomás de
Aquino INÁCIO, Inês C. e LUCA, Tânia Regina de. O pensamento
a) rejeitava as verdades da fé cristã que não pudessem medieval. São Paulo: Ática, 1988, p. 74.
ser explicadas plenamente pela razão humana.
b) desprezava, por serem inúteis, as tentativas Considerando o trecho citado, assinale a alternativa
racionais em compreender as verdades da fé cristã. verdadeira.
c) buscava conciliar as verdades da fé cristã com as a) O texto faz referência à influência de Aristóteles no
exigências da razão humana. pensamento de Tomás de Aquino, que se opõe, em
d) subordinava a fé à razão natural, só sendo digno de muitos pontos, à tradição agostiniana, que tinha
crença o que pudesse ser cientificamente influência de Platão.
comprovado. b) O texto expõe a doutrina da iluminação, formulada
por Tomás de Aquino para explicar a origem de
84. (Uel 2006) “Quando é, pois, que a alma atinge a nosso conhecimento.
verdade? Temos de um lado que, quando ela deseja c) Para Tomás de Aquino, a realidade sensível é apenas
investigar com a ajuda do corpo qualquer questão que uma cópia enganosa da verdadeira realidade que se
seja, o corpo, é claro, a engana radicalmente. encontra na mente divina.
- Dizes uma verdade. d) Tomás de Aquino substitui a doutrina da iluminação
- Não é, por conseguinte, no ato de raciocinar, e não de pela teoria da abstração aristotélica, a fim de
outro modo, que a alma apreende, em parte, a mostrar que a fé em Deus é incompatível com as
realidade de um ser? verdades científicas.
- Sim.
[...] - E é este então o pensamento que nos guia: 86. (Ufu 2005) O trecho abaixo faz uma referência ao
durante todo o tempo em que tivermos o corpo, e procedimento investigativo adotado por Sócrates.
nossa alma estiver misturada com essa coisa má, jamais
possuiremos completamente o objeto de nossos “O fato é que nunca ensinei pessoa alguma. Se alguém
desejos! Ora, esse objeto é, como dizíamos, a deseja ouvir-me quando falo ou me encontro no
verdade.” desempenho de minha missão, quer se trate de moço
ou velho (...) me disponho a responder a todos por
(PLATÃO. Fédon. Trad. Jorge Paleikat e João Cruz Costa. igual, assim os ricos como os pobres, ou se o
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 66-67.) preferirem, a formular-lhes perguntas, ouvindo eles o
que lhes falo.”
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
concepção de verdade em Platão, é correto afirmar: PLATÃO. Apologia de Sócrates. Belém: EDUFPA, 2001.
a) O conhecimento inteligível, compreendido como (33 a-b)
verdade, está contido nas ideias que a alma possui.
b) A verdade reside na contemplação das sombras, Marque a alternativa que melhor representa o
refletidas pela luz exterior e projetadas no mundo “método” socrático.
sensível. a) Sócrates nada ensina porque apenas transmite
c) A verdade consiste na fidelidade, e como Deus é o aquilo que ouve de seu daímon. Seu procedimento
único verdadeiramente fiel, então a verdade reside consiste em discursar, igualmente para qualquer
em Deus. ouvinte, com longos discursos demonstrativos
d) A principal tarefa da filosofia está em aproximar o retirados da tradição poética ou com perguntas que
máximo possível a alma do corpo para, dessa forma, levem o interlocutor a fazer o mesmo. A ironia é o
obter a verdade. expediente utilizado contra os adversários, cujo
e) A verdade encontra-se na correspondência entre um objetivo é somente a disputa verbal.
enunciado e os fatos que ele aponta no mundo b) A profissão de ignorância e a ironia de Sócrates
sensível. fazem parte de seu procedimento geral de refutação
por meio de perguntas e respostas breves (o
85. (Ufu 2006) “Em sua teoria do conhecimento, élenkhos), e constituem um meio de reverter os
Tomás de Aquino substitui a doutrina da iluminação argumentos do interlocutor para fazê-lo cair em

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FILOSOFIA

contradição. A refutação socrática revela a (427 a.C. 346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão
presunção de saber do adversário, pela insuficiência se situa diante dessa relação?
de suas definições e pela aporia.
c) Sócrates nunca ensina pessoa alguma, porque a A Estabelecendo um abismo intransponível entre as
profissão de ignorância caracteriza o modo pelo qual duas.
encoraja seus discípulos a adquirirem sabedoria B Privilegiando os sentidos e subordinando o
conhecimento a eles.
diretamente do deus do Oráculo de Delfos. A ironia C Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e
socrática é uma dissimulação que, pela zombaria, sensação são inseparáveis.
revela as verdadeiras disposições do pequeno D Afirmando que a razão é capaz de gerar
número dos que se encontram aptos para a conhecimento, mas a sensação não.
Filosofia. E Rejeitando a posição de Parmênides de que a
sensação é superior à razão.
d) Sócrates nunca ensina pessoa alguma sem antes
testar sua aptidão filosófica por meio de perguntas e 89 – (ENEM 2012)
respostas. Seu procedimento consiste em destruir as TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento
definições do adversário por meio da ironia. A
originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que
ignorância socrática encoraja o adversário a revelar outras coisas provêm de sua descedência. Quando o ar
suas opiniões verdadeiras que, pela refutação, dão a se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os
medida da aptidão para a vida filosófica. ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a
partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas,
transformam-se em água. A água, quando mais
87. (ENEM 2013) condensada, transforma-se em terra, e quando
A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a condensada ao máximo possível, transforma-se em
mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não pedras.
devem estar separados; como na inscrição existente BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro:
em Delfos, ―das coisas, a mais nobre é a mais justa, e PUC-Rio, 2006 (adaptado).
a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que
amamos. Todos estes atributos estão presentes nas TEXTO II
mais excelentes atividades, e entre essas a melhor nós Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: ―Deus,
identificamos como a felicidade. como criador de todas as coisas, está no princípio do
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Cia. Das Letras, mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos
2010 apresentam, em face desta concepção, as especulações
contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se
Ao reconhecermos na felicidade a reunião dos mais origina, ou de algum dos quatro elementos, como
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga
Demócrito. Na verdade, dão impressão de
A busca por bens materiais e títulos de nobreza. quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.‖
B plenitude espiritual e ascese pessoa. GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista.
C finalidade das ações e condutas humanas. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).
D conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
E expressão do sucesso individual e reconhecimento Filósofos dos diversos tempos históricos
político. desenvolveram teses para explicar a origem do
universo, a partir de uma explicação racional. As teses
88. (ENEM 2012) de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio,
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides filósofo medieval, têm em comum na sua
era que o objeto de conhecimento é um objeto de fundamentação teorias que
razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma
relação entre objeto sensível ou material que A eram baseadas nas ciências da natureza.
privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. B refutavam as teorias de filósofos da religião.
Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das ideias C tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
formava-se em sua mente D postulavam um princípio originário para o mundo.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da E defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012. transmissões esportivas.
O texto faz referência à relação entre razão e sensação,
um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão

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FILOSOFIA

90. (ENEM 2010 2ª aplicação) E reuniu os principais registros arqueológicos até então
Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como existentes e fez avançar a museologia antiga.
destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor
inúmeros versos das peças dos seus grandes autores. 92. (ENEM 2010 2ª aplicação)
Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis
produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, de Tebas, foram informados de uma profecia na qual o
o bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evitá-
grandes personagens falavam em verso e os demais em la, ordenaram a um criado que matasse o menino.
prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o
jesuítas a representar peças de caráter religioso. entregou a um casal de camponeses que morava longe
de Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia
Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus
e situações, o teatro é uma forma pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulando
pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu
A de manipulação do povo pelo poder, que controla o séquito, que, insolentemente, ordenou que saísse da
teatro. estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do
B de diversão e de expressão dos valores e problemas grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro
da sociedade. pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, dominada
C de entretenimento popular, que se esgota na sua por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da Esfinge,
função de distrair. tornou-se rei de Tebas e casou-se com a rainha,
D de manipulação do povo pelos intelectuais que Jocasta, a mãe que desconhecia.
compõem as peças. Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso
E de entretenimento, que foi superada e hoje é em: 28 ago. 2010 (adaptado).
substituída pela televisão.
No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do
91. (ENEM 2010 2ª aplicação) destino e do determinismo. Ambos são características
Alexandria começou a ser construída em 332 a.C. por do mito grego e abordam a relação entre liberdade
Alexandre, o Grande, e, em poucos anos, tornou-se um humana e providência divina. A expressão filosófica
polo de estudos sobre matemática, filosofia e ciência que toma como pressuposta a tese do determinismo é:
gregas. Meio século mais tarde, Ptolomeu II ergueu
uma enorme biblioteca e um museu — que funcionou A ―Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu
como centro de pesquisa. A biblioteca reuniu entre 200 tinha de mim mesmo.‖ Jean Paul Sartre
mil e 500 mil papiros e, com o museu, transformou a B ―Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que
cidade no maior núcleo intelectual da época, Deus nela escreva o que quiser.‖Santo Agostinho
especialmente entre os anos 290 e 88 a.C. A partir de C ―Quem não tem medo da vida também não tem
então, sofreu sucessivos ataques de romanos, cristãos medo da morte.‖ Arthur Schopenhauer
e árabes, o que resultou na destruição ou perda de D ―Não me pergunte quem sou eu e não me diga para
quase todo o seu acervo. permanecer o mesmo‖. Michel Foucault
RIBEIRO, F. Aventuras na história. São Paulo: Abril. ed. E ―O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua
81, abr. 2010 (adaptado). imagem e semelhança‖. Friedrich Nietzsche

A biblioteca de Alexandria exerceu durante certo 93. (ENEM 2009 Reaplicado)


tempo um papel fundamental para a produção do Segundo Aristóteles, ―na cidade com o melhor
conhecimento e memória das civilizações antigas, conjunto de normas e naquela dotada de homens
porque absolutamente justos, os cidadãos não devem viver
uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses
A eternizou o nome de Alexandre, o Grande, e zelou tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as
pelas narrativas dos seus grandes feitos. qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores
B funcionou como um centro de pesquisa acadêmica e os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável
deu origem às universidades modernas. ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática
C preservou o legado da cultura grega em diferentes das atividades políticas‖.
áreas do conhecimento e permitiu sua transmissão a VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-
outros povos. Estado. São Paulo: Atual, 1994.
D transformou a cidade de Alexandria no centro urbano
mais importante da Antiguidade. O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles,
permite compreender que a cidadania

27
FILOSOFIA

antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se faz


A possui uma dimensão histórica que deve ser mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As leis
criticada, pois é condenável que os políticos de tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser
qualquer época fiquem entregues à ociosidade, aplicada a todos da mesma maneira.
enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. VERNANT. J. P. As origens do pensamento grego. Rio de
B era entendida como uma dignidade própria dos Janeiro: Bortrand Brasil, 1992 (adaptado)
grupos sociais superiores, fruto de uma concepção
política profundamente hierarquizada da sociedade. Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga,
C estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava
política democrática, que levava todos os habitantes da garantir o seguinte princípio:
pólis a participarem da vida cívica.
D tinha profundas conexões com a justiça, razão pela a) Isonomia — igualdade de tratamento aos cidadãos
qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às b) Transparência — acesso às informações
atividades vinculadas aos tribunais. governamentais.
E vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles c) Tripartição — separação entre os poderes políticos
que se dedicavam à política e que tinham tempo para estatais.
resolver os problemas da cidade. d) Equiparação — igualdade de gênero na participação
política.
94. (ENEM 2009 Reaplicado) e) Elegibilidade — permissão para candidatura aos
No período 750-338 a. C., a Grécia antiga era composta cargos
por cidades-Estado, como por exemplo Atenas, Esparta,
Tebas, que eram independentes umas das outras, mas 96. (Enem 2014)
partilhavam algumas características culturais, como a Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros,
língua grega. No centro da Grécia, Delfos era um lugar naturais e não necessários; outros, nem naturais nem
de culto religioso frequentado por habitantes de todas necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos
as cidades-Estado. que não nos trazem dor se não satisfeitos não são
No período 1200-1600 d. C., na parte da Amazônia necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente
brasileira onde hoje está o Parque Nacional do Xingu, desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou
há vestígios de quinze cidades que eram cercadas por parecem geradores de dano.
muros de madeira e que tinham até dois mil e EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON,
quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974
ligadas por estradas a centros cerimoniais com grandes
praças. Em torno delas havia roças, pomares e tanques No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem
para a criação de tartarugas. Aparentemente, tem como fim
epidemias dizimaram grande parte da população que lá
vivia. a) alcançar o prazer moderado e a felicidade.
Folha de S. Paulo, ago. 2008 (adaptado). b) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com
Apesar das diferenças históricas e geográficas resignação.
existentes entre as duas civilizações elas são d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela
semelhantes pois divindade.
e) defender a indiferença e a impossibilidade de se
a) as ruínas das cidades mencionadas atestam que atingir o saber.
grandes epidemias dizimaram suas populações.
b) as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, tal 97. (Enem 2014)
como foi concebida em Tebas.
c) as duas civilizações tinham cidades autônomas e
independentes entre si.
d) os povos do Xingu falavam uma mesma língua, tal
como nas cidades-Estado da Grécia.
e) as cidades do Xingu dedicavam-se à arte e à filosofia
tal como na Grécia.

95. (Enem 2014)


Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação
que surge desde o nascimento da cidade na Grécia

28
FILOSOFIA

b) acúmulo de riqueza.
c) participação política.
d) local de nascimento.
e) grupo de parentesco.

QUESTÕES TEMÁTICAS – ÉTICA

99. (ENEM 2011)


O brasileiro tem noção clara dos comportamentos
éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da
corrupção, revela pesquisa. Se o pais fosse resultado
dos padrões morais que as pessoas dizem aprovar,
pareceria mais com a Escandinávia do que com
Alternativa A SANZIO, R. Detalhe do afresco A Escola de
Bruzundanga (corrompida nação fictícia de Lima
Atenas. Disponível em http://fil.cfh.ufsc.br. Acesso em:
Barreto).
20 mar. 2013.
FRAGA, P. Ninguém e inocente. Folha de S. Paulo. 4
out. 2009 (adaptado).
No centro da imagem; o filósofo Platão é retratado
apontando para o alto. Esse gesto significa que o
O distanciamento entre ―reconhecer‖ e
conhecimento se encontra em uma instância na qual o
―cumprir‖efetivamente o que e moral constitui uma
homem descobre a
ambiguidade inerente ao humano, porque as normas
morais são
a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.
A decorrentes da vontade divina e, por esse motivo,
b) realidade inteligível por meio do método dialético.
utópicas.
c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.
B parâmetros idealizados, cujo cumprimento e
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.
destituído de obrigação.
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da
C amplas e vão além da capacidade de o individuo
sensibilidade.
conseguir cumpri-las integralmente.
D criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei a
98. (Enem 2014)
qual deve se submeter.
TEXTO I
E cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não
a observar as normas jurídicas.
como alguém que cuida apenas de seus próprios
interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos
100. (ENEM 2011)
atenienses, decidimos as questões públicas por nós
TEXTO I
mesmos na crença de que não é o debate que é
A ação democrática consiste em todos tomarem parte
empecilho à ação, e sim o fato de não se estar
do processo decisório sobre aquilo que terá
esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da
consequência na vida de toda coletividade.
ação.
GALLO, S. et al. Ética e Cidadania. Caminhos da
TUCÍDIDES História da Guerra do Peloponeso Brasília:
Filosofia. Campinas: Papirus, 1997 (adaptado).
UnB, 1987 (adaptado).
TEXTO II
TEXTO II
E necessário que haja liberdade de expressão,
Um cidadão integral pode ser definido por nada mais
Fiscalização sobre órgãos governamentais e acesso por
nada menos que pelo direito de administrar justiça e
parte da população as informações trazidas a público
exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são
pela imprensa.
limitadas quanto ao tempo de exercício de tal modo
Disponível em:
que não podem de forma alguma ser exercidas duas
http://www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso
vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê- lo
em: 24 abr. 2010.
depois de certos intervalos de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política Brasília: UnB, 1985.
Partindo da perspectiva de democracia apresentada no
Texto I, os meios de comunicação, de acordo com o
Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no
Texto II, assumem um papel relevante na sociedade por
século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV
a.C.), a cidadania era definida pelo(a)
A orientarem os cidadãos na compra dos bens
necessários a sua sobrevivência e bem-estar.
a) prestígio social.

29
FILOSOFIA

B fornecerem informações que fomentam o debate O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo
político na esfera pública. deformação da ética na sociedade contemporânea,
C apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos. ressalta
D propiciarem o entretenimento, aspecto relevante
para conscientização política. A os conteúdos éticos decorrentes das ideologias
E promoverem a unidade cultural, por meio das político-partidárias.
B o valor da ação humana derivada de preceitos
101. (ENEM 2010 1ª aplicação) metafísicos.
A ética precisa ser compreendida como um C a sistematização de valores desassociados da cultura.
empreendimento coletivo a ser constantemente D o sentido coletivo e político das ações humanas
retomado e rediscutido, porque é produto da relação individuais.
social se organize sentindo-se responsável por todos e E o julgamento da ação ética pelos políticos eleitos
que crie condições para o exercício de um pensar e agir democraticamente
autônomos. A relação entre ética e política é também
uma questão de educação e luta pela soberania dos 103. (ENEM 2010 1ª aplicação)
povos. É necessária uma ética renovada, que se
construa a partir da natureza dos valores sociais para
organizar também uma nova prática política.
CORDI et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2007
(adaptado).

O Século XX teve de repensar a ética para enfrentar


novos problemas oriundos de diferentes crises sociais,
conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sob
esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
A compreendida como instrumento de garantia da
cidadania, porque através dela os cidadãos passam a Democracia: ―regime político no qual a soberania é
pensar e agir de acordo com valores coletivos. exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.
B mecanismo de criação de direitos humanos, porque é JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de
da natureza do homem ser ético e virtuoso. Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
C meio para resolver os conflitos sociais no cenário da
globalização, pois a partir do entendimento do que é Uma suposta ―vacina‖ contra o despotismo, em um
efetivamente a ética, a política internacional se realiza. contexto democrático, tem por objetivo
D parâmetro para assegurar o exercício político
primando pelos interesses e ação privada dos cidadãos. A impedir a contratação de familiares para o serviço
E aceitação de valores universais implícitos numa público.
sociedade que busca dimensionar sua vinculação à B reduzir a ação das instituições constitucionais.
outras sociedades. C combater a distribuição equilibrada de poder.
D evitar a escolha de governantes autoritários.
102. (ENEM 2010 1ª aplicação) E restringir a atuação do Parlamento.
Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um
sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, 104. (Enem 2014)
nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é Panayiotis Zavos "quebrou" o último tabu da clonagem
simultaneamente os dois, na medida em que é um humana — transferiu embriões para o útero de
sujeito históricosocial. Assim, a ética adquire um mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime
dimensionamento político, uma vez que a ação do em inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía
sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da um laboratório secreto, no qual fazia seus
relação social coletiva. Desse modo, a ética se experimentos."Não tenho nenhuma dúvida de que uma
entrelaça, necessariamente, com a política, entendida criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser
esta como a área de avaliação dos valores que eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer, declarou
atravessam as relações sociais e que interliga os Zavos. "Se nos esforçarmos, podemos ter um bebê
indivíduos entre si. clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o
(SEVERINO. A. J. Filosofia) caso. Não sofremos pressão para entregar um bebê
clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar um
bebê clonado saudável ao mundo."

30
FILOSOFIA

CONNOR. S. Disponível em: www.independent.co.uk. BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou,
Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado) 1977.
A clonagem humana é um importante assunto de
reflexão no campo da bioética que, entre outras O texto evidencia características do modo de vida
questões, dedica-se a socrático, que se baseava na
A) refletir sobre as relações entre o conhecimento da a) contemplação da tradição mítica.
vida e os valores éticos do homem. b) sustentação do método dialético.
B) legitimar o predomínio da espécie humana sobre as c) relativização do saber verdadeiro.
demais espécies animais no planeta. d) valorização da argumentação retórica.
C) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos e) investigação dos fundamentos da natureza.
valores de certo e errado, de bem e mal.
D) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os 107. (Enem 2017) Se, pois, para as coisas que fazemos
processos de reprodução humana e animal. existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o
E) fundamentar técnica e economicamente as mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente
pesquisas sobre células-tronco para uso em seres tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não
humanos. terá o conhecimento, porventura, grande influência
sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por
FILOSOFIA ANTIGA (Questões Recentes) determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que
seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o
105. (Enem 2017) A representação de Demócrito é objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo
semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um pertença à arte mais prestigiosa e que mais
infinitamente múltiplo é a origem; mas nele a verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a
determinação dos princípios fundamentais aparece de política mostra ser dessa natureza, pois é ela que
maneira tal que contém aquilo que para o que foi determina quais as ciências que devem ser estudadas
formado não é, absolutamente, o aspecto simples para num Estado, quais são as que cada cidadão deve
si. Por exemplo, partículas de carne e de ouro seriam aprender, e até que ponto; e vemos que até as
princípios que, através de sua concentração, formam faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a
aquilo que aparece como figura. economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a
política utiliza as demais ciências e, por outro lado,
HEGEL. G. W. F. Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.). legisla sobre o que devemos e o que não devemos
Os pré-socrática: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural. fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das
2000 (adaptado). outras, de modo que essa finalidade será o bem
humano.
O texto faz uma apresentação crítica acerca do
pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São
constitutivo das coisas” estava representado pelo(a) Paulo: Nova Gunman 1991 (adaptado).
a) número, que fundamenta a criação dos deuses.
b) devir, que simboliza o constante movimento dos Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a
objetos. organização da pólis pressupõe que
c) água, que expressa a causa material da origem do a) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir
universo. seus interesses.
d) imobilidade, que sustenta a existência do ser b) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os
atemporal. portadores da verdade.
e) átomo, que explica o surgimento dos entes. c) a política é a ciência que precede todas as demais na
organização da cidade.
106. (Enem 2017) Uma conversação de tal natureza d) a educação visa formar a consciência de cada pessoa
transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e para agir corretamente.
embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à e) a democracia protege as atividades políticas
atenção uma direção incomum: os temperamentais, necessárias para o bem comum.
como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele
todo o bem de que são capazes, mas fogem porque 108. (Enem 2016)
receiam essa influência poderosa, que os leva a se Texto I
censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no
crianças, que ele tenta imprimir sua orientação. mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes
a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da
mudança, dispersa e de novo reúne.

31
FILOSOFIA

HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo:


Abril Cultural, 1996 (adaptado). NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos.
São Paulo: Nova Cultural. 1999
Texto II
Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o
ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e surgimento da filosofia entre os gregos?
sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo a) O impulso para transformar, mediante justificativas,
homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é os elementos sensíveis em verdades racionais.
perecer? Como poderia gerar-se? b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem
PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 dos seres e das coisas.
(adaptado). c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa
primeira das coisas existentes.
Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem d) A ambição de expor, de maneira metódica, as
uma oposição que se insere no campo das diferenças entre as coisas.
a) investigações do pensamento sistemático. e) A tentativa de justificar, a partir de elementos
b) preocupações do período mitológico. empíricos, o que existe no real.
c) discussões de base ontológica.
d) habilidades da retórica sofística. 111. (Enem 2015) Trasímaco estava impaciente porque
e) verdades do mundo sensível. Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era
algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu
109. (Enem 2016) Pirro afirmava que nada é nobre nem entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado
vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras
maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que da sua sociedade. No entanto, essas regras não
os homens agem apenas segundo a lei e o costume, passavam de invenções humanas.
nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida
de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva,
não se desviando do que quer que fosse, suportando 2009.
tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada
deixando ao arbítrio dos sentidos. O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no
diálogo A República, de Platão, sustentava que a
LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. correlação entre justiça e ética é resultado de
Brasília: Editora UnB, 1988. a) determinações biológicas impregnadas na natureza
humana.
O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se b) verdades objetivas com fundamento anterior aos
por: interesses sociais.
a) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das
sociedade. tradições antigas.
b) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim d) convenções sociais resultantes de interesses
da vida feliz. humanos contingentes.
c) Defender a indiferença e a impossibilidade de obter e) sentimentos experimentados diante de
alguma certeza. determinadas atitudes humanas.
d) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança
transcendente. 112. (Enem 2018)
e) Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o
homem bom e belo. A quem não basta pouco, nada basta.
EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural,
110. (Enem 2015) A filosofia grega parece começar com 1985.
uma ideia absurda, com a proposição: a água é a
origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo Remanescente do período helenístico, a máxima
necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por apresentada valoriza a seguinte virtude:
três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição a) Esperança, tida como confiança no porvir.
enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo b) Justiça, interpretada como retidão de caráter.
lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, c) Temperança, marcada pelo domínio da vontade.
em terceiro lugar, porque nela embora apenas em d) Coragem, definida como fortitude na dificuldade.
estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é e) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.
um.

32
FILOSOFIA

FILOSOFIA MEDIEVAL d) é ser contingente, no qual essência e existência não


dependem do tempo, por isso, gera a si mesmo
01. (Ufu 2005) eternamente, dando existência às criaturas.
03. (Ufu 2004) Uma das tendências fundamentais de
Leia o trecho abaixo. pensamento da Idade Média é a Escolástica. A
“Respondo dizendo que a existência de Deus pode ser Escolástica caracteriza-se por vários elementos tais
demonstrada por cinco vias.” como:
TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. São Paulo: Abril a) a filosofia aristotélico-tomista, o pensamento de
Cultural, 1979. Col. Os Pensadores. Descartes, o ensino do trivium e quadrivium e o
pensamento de Santo Agostinho.
Assinale a afirmativa correta. b) o pensamento da Patrística, a valorização da
a) Todas as cinco vias seguem argumentos baseados indagação empírica, as universidades e a filosofia
em elementos anímicos, como em Santo Agostinho. platônica.
b) Todas as cinco vias fundamentam-se nos dados c) o ensino do trivium e quadrivium, a filosofia
revelados da Sagrada Escritura. platônica, o pensamento de Descartes e as
c) Todas as cinco vias empregam argumentos baseados universidades.
na tradição patrística. d) a influência da filosofia grega, o ensino do trivium e
d) Todas as cinco vias partem de uma realidade quadrivium, as universidades e a filosofia
sensível, como elemento empírico, e do princípio de aristotélico-tomista.
causalidade, como elemento racional.
04. (Ufu 2004) Agostinho escreveu a história de sua
02. (Ufu 2004) Em O ente e a essência, Tomás de vida aos 43 anos de idade. Nas Confissões, mais do que
Aquino argumenta sobre a existência de Deus, o relato da conversão ao cristianismo, Agostinho
refutando teses de outras doutrinas da filosofia apresenta também as teses centrais da sua filosofia.
escolástica. Com este propósito ele escreveu: Tanto é assim que, ao narrar os primeiros anos de vida
e a aquisição da linguagem, o autor já fazia menção à
“Tampouco é inevitável que, se afirmarmos que Deus é teoria da iluminação divina. Vejamos:
exclusivamente ser ou existência, caiamos no erro
daqueles que disseram que Deus é aquele ser universal, “Não eram pessoas mais velhas que me ensinavam as
em virtude do qual todas as coisas existem palavras, com métodos, como pouco depois o fizeram
formalmente. Com efeito, este ser que é Deus é de tal para as letras. Graças à inteligência que Vós, Senhor,
condição, que nada se lhe pode adicionar. (...) Por este me destes, eu mesmo aprendi, quando procurava
motivo afirma-se no comentário à nona proposição do exprimir os sentimentos do meu coração por gemidos,
livro Sobre as Causas, que a individuação da causa gritos e movimentos diversos dos membros, para que
primeira, a qual é puro ser, ocorre por causa da sua obedecessem à minha vontade.”
bondade. Assim como o ser comum em seu intelecto
não inclui nenhuma adição, da mesma forma não inclui AGOSTINHO. Confissões. Trad. de J. Oliveira Santos e A.
no seu intelecto qualquer precisão de adição, pois, se Ambrósio de Pina. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p.
isto acontecesse, nada poderia ser compreendido como 15.
ser, se nele algo pudesse ser acrescentado.”
Analise as assertivas abaixo.
AQUINO, Tomás. O ente e a essência. Trad. de Luiz João
Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 15. Coleção I. A condição humana é mutável e perecível, por isso,
“Os Pensadores”. não pode ser a mestra da verdade que o homem
busca conhecer, ou seja, conhecimento da verdade
Tomás de Aquino está seguro de que nada se pode não pode ser ensinado pelo homem, somente a Luz
acrescentar a Deus, porque imutável de Deus pode conduzir à verdade.
a) sua essência composta de essência e existência é II. A inteligência, dada por Deus, é idêntica à Luz
autossuficiente para gerar indefinidamente matéria imutável, que conduz ao conhecimento da verdade,
e forma, criando todas as coisas. ambas proporcionam a certeza de que o
b) sua essência simples é gerada incessantemente, entendimento humano é divino e dotado da mesma
embora não seja composta de matéria e forma, força do Verbo de Deus, que a tudo criou.
multiplica-se em si mesmo na pluralidade dos seres. III. A razão humana é iluminada pela luz interior da
c) é essência divina, absolutamente simples e idêntica a verdade. Assim, Agostinho formulou, pela primeira
si mesma, constituindo-se, necessariamente, uma vez, na história da filosofia, a teoria das ideias
essência única.

33
FILOSOFIA

inatas, cuja existência e certeza são independentes da iluminação está situada no plano suprassensível e
e autônomas em relação ao intelecto divino. só é alcançada na transcendência da existência
IV. O conhecimento daquilo que se dá exclusivamente à terrena para a vida eterna.
inteligência não é alcançado com as palavras de b) A teoria da Iluminação, tal como sugere o nome, está
outros homens, porque elas soam de fora da mente fundamentada na luz de Deus, luz interior dada ao
de quem precisa aprender. Portanto, esta verdade homem interior na busca da verdade das coisas que
só é ensinada pelo mestre interior. não são conhecidas pelos sentidos; esta luz é Cristo,
que ensina e habita no homem interior.
Assinale a alternativa que contém as assertivas c) Agostinho foi contemporâneo da Terceira Academia,
verdadeiras. recebendo os ensinamentos de Arcesilau e
a) I e III Carnéades, o que resultou na posição dogmática do
b) I e IV filósofo cristão quanto à impossibilidade do
c) II e III conhecimento da verdade, sendo o conhecimento
d) II e IV humano apenas verossímil.
d) A alma é a morada da verdade, todo conhecimento
05. (Ufu 2003) Tomás de Aquino não via conflito entre nela repousa. Assim, a posição de Agostinho afasta-
a fé e a razão, sendo possível para a segunda atingir o se da filosofia platônica, ao admitir que a alma
conhecimento da existência de Deus. Contudo, Tomás possui uma existência anterior, na qual ela
de Aquino defende a relação harmônica entre ambas, contemplou as ideias, de modo que o conhecimento
pois, se a razão demonstra a existência de Deus, ela o de Deus é anterior à existência.
faz graças à fé que revela tal verdade. Assim, a filosofia
de Tomás de Aquino insistiu nos limites do 07. (Ufu 2002) Sobre a Filosofia Patrística (séc. I ao séc.
conhecimento humano. VII d. c.), assinale a alternativa incorreta.
Com base nas afirmações precedentes, assinale a a) Fé e Razão são irreconciliáveis porque pertencem a
alternativa correta. domínios distintos, isto é, à Fé convém cuidar
apenas da salvação da alma e da vida eterna futura,
a) O conhecimento humano atinge a verdade do à Razão convém cuidar apenas das coisas do mundo.
mundo e de Deus sem precisar se servir de outra b) Fé e Razão são irreconciliáveis porque a Fé é sempre
ordem que não aquela da própria razão, o que se superior à Razão.
confirma com o fato de que os governantes c) Fé e Razão são conciliáveis, mas a Fé deve subordinar
organizam o mundo conforme sua inteligência. a Razão.
b) A realidade sensível é a via direta e exclusiva para a d) Fé e Razão são conciliáveis porque Deus, criador
ascensão do conhecimento humano, porque, tal perfeito, não introduziu nenhuma discórdia no
como afirmou Santo Anselmo, a perfeição de Deus interior do homem.
tem, entre seus atributos, a existência na realidade
mundana. 08. (Ufu 2002) A Patrística, filosofia cristã dos primeiros
c) Existe um domínio comum à fé e à razão. Este séculos, poderia ser definida como
domínio é a realidade do mundo sensível, morada a) retomada do pensamento de Platão, conforme os
humana, que a razão pode conhecer, porque a modelos teológicos da época, estabelecendo estreita
realidade sensível oferece à razão os vestígios relação entre filosofia e religião.
imperfeitos da substância de Deus. b) configuração de um novo horizonte filosófico,
d) A razão humana é impotente para tratar de ideias proposto por Santo Agostinho, inspirado em Platão,
que estejam além da realidade do mundo sensível. de modo a resgatar a importância das coisas
Deus, portanto, nada mais é que uma palavra que sensíveis, da materialidade.
deve ser reverenciada como o centro sensível de c) adaptação do pensamento aristotélico, conforme os
irradiação de tudo o que existe. moldes teológicos da época.
d) criação de uma escola filosófica, que visava
06. (Ufu 2003) A teoria da iluminação divina, combater os ataques dos pagãos, rompendo com o
contribuição original de Agostinho à filosofia da dualismo grego.
cristandade, foi influenciada pela filosofia de Platão,
porém, diferencia-se dela em seu aspecto central. 09. (Ufu 2001) Sobre a doutrina da iluminação divina
Assinale a alternativa abaixo que explicita esta de Santo Agostinho, considere o conteúdo das
diferença. assertivas abaixo:
a) A filosofia agostiniana compartilha com a filosofia
platônica do dualismo, tal como este foi definido por I. A iluminação divina dispensa o homem de ter
Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria intelecto próprio.

34
FILOSOFIA

II. A iluminação divina capacita o intelecto humano b) I e IV são corretas.


para entender que há determinada ordem entre o c) III e IV são corretas.
mundo criado e as realidades inteligíveis. d) Apenas II é correta.
III. Agostinho nomeia as realidades inteligíveis de forma 12. (Ufu 1999) A opinião (doxa, em grego), no
pouco precisa como, por exemplo, ideia, forma, pensamento de Platão (427-347 a.C.) representa um
espécie, regra ou razão e afirma, platonicamente, saber sem fundamentação metódica. É um saber que
que essas realidades já foram contempladas pela possui sua origem
alma. a) nos mitos religiosos, lendas e poemas da Grécia
IV. A iluminação divina exige que o homem tenha arcaica.
intelecto próprio, a fim de pensar corretamente os b) nas impressões ou sensações advindas da
conteúdos da fé postos pela revelação. experiência sensível.
c) no discurso dos sofistas na época da democracia
Assinale a alternativa que contém somente as ateniense.
afirmações corretas: d) num saber eclético, proveniente de algumas ideias
a) II e III dos filósofos pré-socráticos.
b) I e III
c) II e IV 13. (Ufu 1999) Para Santo Tomás de Aquino, um dos
d) III e IV princípios do conhecimento humano era o princípio da
causa eficiente. Esse princípio da causa eficiente exigia
10. (Ufu 2000) Na Idade Média, filósofos como que o ser contingente
Anselmo de Cantuária e Guilherme de Champeaux a) não exigisse causa alguma.
consideravam que o universal tinha realidade objetiva. b) fosse causado pelo intelecto humano.
Entendiam o universal como res, como coisa comum a c) fosse causado pelo ser necessário.
outras coisas. Sobre a posição desses filósofos realistas, d) fosse causado por acidentes casuais.
é correto afirmar que e) fosse causado pelo nada.

I. possuíam a influência platônica do Mundo das Ideias. 14. (ENEM 2009 Reaplicado)
II. sustentaram a fé e a autoridade como critério de A Idade Média é um extenso período da História do
verdade. Ocidente cuja memória é construída e reconstruída
III. consideraram o individual mais real, porque segundo as circunstâncias das épocas posteriores.
deslocaram o critério de verdade da fé e da Assim, desde o Renascimento, esse período vem sendo
autoridade para a razão humana. alvo de diversas interpretações que dizem mais sobre o
Assinale a alternativa correta. contexto histórico em que são produzidas do que
a) II propriamente sobre o Medievo. Um exemplo acerca do
b) I e II que está exposto no texto acima é
c) II e III
d) III a) a associação que Hitler estabeleceu entre o III Reich
e o Sacro Império Romano Germânico.
11. (Ufu 2000) A Patrística (séculos II ao V d.C.) é o b) o retorno dos valores cristãos medievais, presentes
movimento intelectual dos primeiros padres da Igreja, nos documentos do Concílio Vaticano II.
destinado a justificar a fé cristã, tendo em vista a c) a luta dos negros sul-africanos contra o apartheid
conversão dos pagãos. Sobre a Patrística pode-se inspirada por valores dos primeiros cristãos.
afirmar, com certeza: d) o fortalecimento político de Napoleão Bonaparte,
que se justificava na amplitude de poderes que tivera
I. assume criticamente elementos da filosofia platônica Carlos Magno.
na tentativa de melhor fundamentar a doutrina e) a tradição heroica da cavalaria medieval, que foi
cristã. afetada negativamente pelas produções
II. considera que as verdades da razão estão sempre cinematográficas de Hollywood.
em contradição com as verdades reveladas por
Deus. 15. (ENEM 2014)
III. incorpora as teses da metafísica aristotélica para Sou uma pobre e velha mulher,
fundar uma teologia estritamente racionalista. Muito ignorante, que nem sabe ler.
IV. considera a razão como auxiliar da fé e a ela Mostraram-me na igreja da minha terra
subordinada, tal como expressa a frase de Sto. Um Paraíso com harpas pintado
Agostinho "creio porque entendo". E o Inferno onde fervem almas danadas,
a) II e IV são corretas. Um enche-me de júbilo, o outro me aterra.

35
FILOSOFIA

VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro:
LTC, 1999. Loyola, 2002.

Os versos do poeta francês François Villon fazem O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de
referência às imagens nos templos católicos medievais. Aquino caracterizada por
Nesse contexto, as imagens eram usadas com o a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.
objetivo de b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.
c) explicar as virtudes teologais pela demonstração.
a) refinar o gosto dos cristãos. d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos
b) incorporar ideais heréticos. sagrados.
c) educar os fiéis através do olhar. e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.
d) divulgar a genialidade dos artistas católicos.
e) valorizar esteticamente os templos religiosos. 18. (Enem 2018)

16. (Enem 2015) Ora, em todas as coisas ordenadas a Não é verdade que estão ainda cheios de velhice
algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus
se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada
navio, que se move para diversos lados pelo impulso realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim
dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de
se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento,
ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca
toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os antes criara, como pode haver verdadeira eternidade,
homens de modos diversos em vista do fim, o que a se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?”
própria diversidade dos esforços e ações humanas
comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural,
para o fim. 1984.

AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei A questão da eternidade, tal como abordada pelo
do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino. autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s)
Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado). a) essência da ética cristã.
b) natureza universal da tradição.
No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a c) certezas inabaláveis da experiência.
monarquia como o regime de governo capaz de d) abrangência da compreensão humana.
a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. e) interpretações da realidade circundante.
b) promover a atuação da sociedade civil na vida
política.
c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem
FILOSOFIA MODERNA
comum.
d) reformar a religião por meio do retorno à tradição TEXTO PARA AS PRÓXIMA 2 QUESTÕES:
helenística. “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a
e) dissociar a relação política entre os poderes ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser
temporal e espiritual. mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é
um direito sagrado que serve de base a todos os
17. (Enem 2018) outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre
subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam
Desde que tenhamos compreendido o significado da homens isolados, quantos possam ser submetidos
palavra “Deus”, sabemos, de imediato, que Deus existe. sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um
Com efeito, essa palavra designa uma coisa de tal senhor e escravos, de modo algum considerando-os um
ordem que não podemos conceber nada que lhe seja povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma
maior. Ora, o que existe na realidade e no pensamento agregação, mas não de uma associação; nela não existe
é maior do que o que existe apenas no pensamento. bem público, nem corpo político.”
Donde se segue que o objeto designado pela palavra
“Deus”, que existe no pensamento, desde que se (Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762].
entenda essa palavra, também existe na realidade. Por São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)
conseguinte, a existência de Deus é evidente.
1. (Unicamp 2012) No trecho apresentado, o autor

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FILOSOFIA

c) Os envolvidos com as ciências e as artes adquirem,


a) argumenta que um corpo político existe quando os com maior grau de eficiência, conhecimentos que
homens encontram-se associados em estado de lhes permitem perceber a igualdade entre todos.
igualdade política. d) O amor-próprio é um sentimento positivo por meio
do qual o indivíduo é levado a agir moralmente e a
b) reconhece os direitos sagrados como base para os reconhecer a liberdade e o valor dos demais.
direitos políticos e sociais. e) O objetivo das investigações era atingir celebridade,
c) defende a necessidade de os homens se unirem em pois os indivíduos estavam obcecados em exibir-se,
agregações, em busca de seus direitos políticos. esquecendo-se do amor à verdade.
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que
obrigava multidões de homens a se submeterem a 4. (Ufsj 2013) “A Filosofia a golpes de martelo” é o
um único senhor. subtítulo que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos
ídolos. Tais golpes são dirigidos, em particular, ao(s)
2. (Unicamp 2012) Sobre Do Contrato Social, publicado a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são
em 1762, e seu autor, é correto afirmar que: os instrumentos eficientes para a compreensão e o
a) Rousseau, um dos grandes autores do Iluminismo, norteamento da humanidade.
defende a necessidade de o Estado francês substituir b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a
os impostos por contratos comerciais com os sexualidade, ao materialismo, à abordagem
cidadãos. psicológica de artistas e pensadores, bem como ao
b) A obra inspirou os ideais da Revolução Francesa, ao antigermanismo.
explicar o nascimento da sociedade pelo contrato c) compositores do século XIX, como, por exemplo,
social e pregar a soberania do povo. Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de uma
c) Rousseau defendia a necessidade de o homem voltar ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodiada
a seu estado natural, para assim garantir a no título.
sobrevivência da sociedade. d) conceitos de razão e moralidade preponderantes nas
d) O livro, inspirado pelos acontecimentos da doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o
Independência Americana, chegou a ser proibido e antecederam e seus compatriotas e/ou
queimado em solo francês. contemporâneos Kant, Hegel e Schopenhauer.

3. (Uel 2013) Leia o texto a seguir. 5. (Ufpa 2013) “Desta guerra de todos os homens
contra todos os homens também isto é consequência:
A questão não está mais em se um homem é honesto, que nada pode ser injusto. As noções de bem e de mal,
mas se é inteligente. Não perguntamos se um livro é de justiça e injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não
proveitoso, mas se está bem escrito. As recompensas
são prodigalizadas ao engenho e ficam sem glórias as há poder comum não há lei, e onde não há lei não há
virtudes. Há mil prêmios para os belos discursos, injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas
nenhum para as belas ações. virtudes cardeais. A justiça e a injustiça não fazem
parte das faculdades do corpo ou do espírito. Se assim
(ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes. fosse, poderiam existir num homem que estivesse
3.ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p.348. Coleção Os sozinho no mundo, do mesmo modo que seus sentidos
Pensadores.) e paixões.”

O texto apresenta um dos argumentos de Rousseau à HOBBES, Leviatã, São Paulo: Abril cultural, 1979, p. 77.
questão colocada em 1749, pela Academia de Dijon,
sobre o seguinte problema: O restabelecimento das
Quanto às justificativas de Hobbes sobre a justiça e a
Ciências e das Artes terá contribuído para aprimorar os
costumes? injustiça como não pertencentes às faculdades do
Com base nas críticas de Rousseau à sociedade, corpo e do espírito, considere as afirmativas:
assinale a alternativa correta.
I. Justiça e injustiça são qualidades que pertencem aos
a) As artes e as ciências geralmente floresceram em homens em sociedade, e não na solidão.
sociedades que se encontravam em pleno vigor II. No estado de natureza, o homem é como um animal:
moral, em que a honra era a principal preocupação age por instinto, muito embora tenha a noção do
dos cidadãos. que é justo e injusto.
b) A emancipação advém da posse e do consumo III. Só podemos falar em justiça e injustiça quando é
exclusivo e diferenciado de bens de primeira linha,
uma vez que o luxo concede prestígio para quem o instituído o poder do Estado.
possui. IV. O juiz responsável por aplicar a lei não decide em
conformidade com o poder soberano; ele favorece
os mais fortes.

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FILOSOFIA

aquilo que produzem como com a forma como


Estão corretas as afirmativas: produzem.”
a) I e II
b) I e III Marx, K. Ideologia Alemã, Lisboa: Editora Presença,
c) II e IV 1980, p. 19.
d) I, III e IV
e) II, III e IV Considerando que, segundo Marx, a maneira de ser do
homem depende de alguns fatores, identifique, no
6. (Ufpa 2013) Ao pensar como deve comportar-se um conjunto de fatores listados abaixo, os que, na visão do
príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona as citado filósofo, distinguem o ser humano:
concepções vigentes em sua época, segundo as quais
consideravam o bom governo depende das boas I. os respectivos modos de produção.
qualidades morais dos homens que dirigem as II. a própria produção de sua vida material.
instituições. Para o autor, “um homem que quiser fazer III. a forma de utilidade dos objetos produzidos em
profissão de bondade é natural que se arruíne entre sociedade.
tantos que são maus. Assim, é necessário a um IV. o estado de desenvolvimento de sua consciência
príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau depende de sua história de vida.
e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a V. a produção dos meios de subsistência tendo em vista
necessidade”. o bem comum da sociedade.

Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril cultural, Os Os fatores estão corretamente identificados em:
Pensadores, 1973, p.69. a) I e II
b) II e IV
Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do c) III e IV
comportamento de um príncipe, é correto afirmar que d) II e V
e) I, III e V
a) a atitude do governante para com os governados
deve estar pautada em sólidos valores éticos, 8. (Ufsj 2013) Thomas Hobbes afirma que “Lei Civil”,
devendo o príncipe punir aqueles que não agem para todo súdito, é
eticamente.
b) o Bem comum e a justiça não são os princípios a) “construída por aquelas regras que o Estado lhe
fundadores da política; esta, em função da finalidade impõe, oralmente ou por escrito, ou por outro sinal
que lhe é própria e das dificuldades concretas de suficiente de sua vontade, para usar como critério
realizá-la, não está relacionada com a ética. de distinção entre o bem e o mal”.
c) o governante deve ser um modelo de virtude, e é b) “a lei que o deixa livre para caminhar para qualquer
precisamente por saber como governar a si próprio direção, pois há um conjunto de leis naturais que
e não se deixar influenciar pelos maus que ele está estabelece os limites para uma vida em sociedade”.
qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-los c) “reguladora e protetora dos direitos humanos, e faz
à virtude. intervenção na ordem social para legitimar as
d) o Bem supremo é o que norteia as ações do relações externas da vida do homem em sociedade”.
governante, mesmo nas situações em que seus atos d) “calcada na arbitrariedade individual, em que as
pareçam maus. pessoas buscam entrar num Estado Civil, em
e) a ética e a política são inseparáveis, pois o bem dos consonância com o direito natural, no qual ele – o
indivíduos só é possível no âmbito de uma súdito – tem direito sobre a sua vida, a sua liberdade
comunidade política onde o governante age e os seus bens”.
conforme a virtude.
9. (Ufsm 2013) Sem leis e sem Estado, você poderia
7. (Ufpa 2013) “Pode-se referir à consciência, à religião fazer o que quisesse. Os outros também poderiam
e tudo o que se quiser como distinção entre os homens fazer com você o que quisessem. Esse é o “estado de
e os animais; porém, esta distinção só começa quando natureza” descrito por Thomas Hobbes, que, vivendo
os homens iniciam a produção dos seus meios de vida durante as guerras civis britânicas (1640-60), aprendeu
[...]. em primeira mão como esse cenário poderia ser
A forma como os indivíduos manifestam a sua vida assustador. Sem uma autoridade soberana não pode
reflete muito exatamente o que são. O que são haver nenhuma segurança, nenhuma paz.
coincide portanto com a sua produção, isto é, com

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FILOSOFIA

Fonte: LAW, Stephen. Guia Ilustrado Zahar: Filosofia. a) David Hume.


Rio de Janeiro: Zahar, 2008. b) Thomas Hobbes.
c) Friedrich Nietzsche.
Considere as afirmações: d) Jean-Paul Sartre.

I. A argumentação hobbesiana em favor de uma 12. (Ufsm 2013) Os filósofos Ame Naess e George
autoridade soberana, instituída por um pacto, Sessions propuseram, em 1984, diversos princípios
representa inequivocamente a defesa de um regime para uma ética ecológica profunda, entre os quais se
político monarquista. encontra o seguinte:
II. Dois dos grandes teóricos sobre o estado de
natureza”, Hobbes e Rousseau, partilham a O bem-estar e o florescimento da vida humana e não
convicção de que o afeto predominante nesse humana na Terra têm valor em si mesmos. Esses
“estado” é o medo. valores são independentes da utilidade do mundo não
III. Um traço comum da filosofia política moderna é a humano para finalidades humanas.
idealização de um pacto que estabeleceria a
passagem do estado de natureza para o estado de Considere as seguintes afirmações:
sociedade.
I. A ética kantiana não se baseia no valor de utilidade
Está(ão) correta(s) das ações.
II. “Valor intrínseco” é um sinônimo para “valor em si
a) apenas I. mesmo”.
b) apenas II. III. A ética utilitarista rejeita a concepção de que as
c) apenas III. ações têm valor em si mesmas.
d) apenas I e II.
e) apenas II e III. Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
10. (Ufsj 2013) “A soberania é a alma do Estado, e uma b) apenas II.
vez separada do corpo os membros deixam de receber c) apenas III.
dela seu movimento”. d) apenas I e II.
e) I, II e III.
Esse fragmento representa o pensamento de
a) Hume em sua memorável defesa dos valores do 13. (Ufsj 2013) Leia atentamente os fragmentos
Estado e da sua ligação direta com a sua “alma”, abaixo.
tomada aqui por intransferível soberania.
I. “Também tem sido frequentemente ensinado que a
b) Hume e a descrição da soberania na perspectiva do fé e a santidade não podem ser atingidas pelo estudo
sujeito em termos de impressões e ideias, que a e pela razão, mas sim por inspiração sobrenatural, ou
partir daí cria um Estado humanizado que dá infusão, o que, uma vez aceita, não vejo por que
movimento às criações dos que nele estão inseridos. razão alguém deveria justificar a sua fé...”.
c) Nietzsche, em sua mais sublime interpretação do II. “O homem não é a consequência duma intenção
agón grego. Ao centro daquilo que ele propôs como própria duma vontade, dum fim; com ele não se
sendo a alma do Estado e onde a indagação sobre o fazem ensaios para obter-se um ideal de
lugar da soberania, no permanente desafio da humanidade; um ideal de felicidade ou um ideal de
necessária orquestração das paixões, se faz urgente. moralidade; é absurdo desviar seu ser para um fim
d) Hobbes e o seu conceito clássico de soberania, qualquer”.
entendido como o princípio que dá vida e III. “(...) podemos estabelecer como máxima
movimento ao corpo inteiro do Estado, por sua vez indubitável que nenhuma ação pode ser virtuosa ou
criado pelo artifício humano para a sua proteção e moralmente boa, a menos que haja na natureza
segurança. humana algum motivo que a produza, distinto do
senso de sua moralidade”.
11. (Ufsj 2013) “Liberdade significa, em sentido IV. “A má-fé é evidentemente uma mentira, porque
próprio, a ausência de oposição [...] e não se aplica dissimula a total liberdade do compromisso. No
menos às criaturas irracionais e inanimadas do que às mesmo plano, direi que há também má-fé, escolho
racionais”. declarar que certos valores existem antes de mim
(...).”
Esse é um fragmento de texto colhido de

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FILOSOFIA

Os quatro fragmentos de texto acima são, imediatamente pelos sentidos, uma vez que o
respectivamente, atribuídos aos seguintes pensadores que está além dos sentidos é mera especulação.
a) Nietzsche, Sartre, Hobbes, Hume. ( ) Uma das razões mais fortes para a condenação de
b) Hobbes, Nietzsche, Hume, Sartre. Galileu foi sua identificação da imperfeição dos
c) Hume, Nietzsche, Sartre, Hobbes. corpos celestes, o que contrariava os dogmas
d) Sartre, Hume, Hobbes, Nietzsche. da igreja.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo,
a sequência correta.
a) V, V, V, F, F.
b) V, V, F, V, F.
c) V, F, V, F, V.
d) F, V, F, F, V.
e) F, F, V, F, V.

15. (Uff 2012) Galileu Galilei é considerado um dos


grandes nomes da história da ciência graças às suas
revolucionárias observações astronômicas por meio do
telescópio e aos seus estudos sobre
a) a economia política.
b) a composição da luz.
c) a anatomia humana.
d) o movimento dos corpos.
e) a circulação do sangue.

16. (Ufsj 2012) Sobre os ídolos preconizados por


Francis Bacon, é CORRETO afirmar que:
a) “A consequência imediata da ação dos ídolos é a
inscrição do Homem num universo de massacre e
14. (Uel 2013) Em 2012, o Vaticano permitiu o acesso
sofrimento racional-indutivo, onde o conhecimento
do público a vários documentos, entre eles o Sumário
científico se distancia da filosofia, se deteriora e se
do julgamento de Giordano Bruno e os Atos do
amesquinha”.
processo de Galileu. As teorias desses estudiosos,
b) “Toda idolatria é forjada no hábito e na
juntamente com o Homem Vitruviano, são exemplos de
subjetividade humanos”.
uma profunda transformação no modo de conceber e
c) “Os ídolos invadem a mente humana e para derrogá-
explicar o conhecimento da natureza.
los, é necessário um esforço racional-dedutivo de
Com base nos conhecimentos sobre a investigação da
análise, como bem advertiu Aristóteles”.
natureza no início da ciência moderna, particularmente
d) “Os ídolos da caverna são os homens enquanto
em Galileu, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às
indivíduos, pois cada um [...] tem uma caverna ou
afirmativas a seguir.
uma cova que intercepta e corrompe a luz da
natureza”.
( ) A nova atitude de investigação rendeu-se ao poder
de convencimento argumentativo da Igreja, a
17. (Ufsj 2012) Ao analisar o cogito ergo sum – penso,
ponto de o próprio Galileu, ao abjurar suas
logo existo, de René Descartes, conclui-se que
teses, ter se convencido dos equívocos da sua
a) o pensamento é algo mais certo que a própria
teoria.
matéria corporal.
( ) A observação dos fenômenos, a experimentação e
b) a subjetividade científica só pode ser pensada a
a noção de regularidade matemática da
partir da aceitação de uma relação empírica fundada
natureza abalaram as concepções que
em valores concretos.
fundamentavam a visão medieval de mundo.
c) o eu cartesiano é uma ideia emblemática e
( ) O abandono da especulação levou Galileu a adotar
representativa da ética que insurgia já no século XVI.
pressupostos da filosofia de Aristóteles, pois
d) Descartes consegue infirmar todos os sistemas
esse pensador possuía uma concepção de
científicos e filosóficos ao lançar a dúvida
experimentação similar à sua.
sistemático-indutiva respaldada pelas ideias
( ) O método de investigação da natureza restringia-
iluministas e métodos incipientes da revolução
se àquilo que podia ser apreendido
científica.

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FILOSOFIA

pensamento moderno, assinale a opção que contradiz


18. (Unimontes 2012) Como podemos conhecer? Eis seus fundamentos.
uma questão central da investigação filosófica. Uma a) Humanismo, valorização da livre iniciativa e
das respostas mais radicais foi formulada pelo filósofo originalidade do homem, ruptura com a tradição.
francês René Descartes, que escreveu um texto que b) Individualismo, ceticismo e oposição entre o antigo e
colaborou de maneira significativa para a ciência o novo.
moderna. Marque a alternativa que indica a obra de c) Ênfase na individualidade, valorização do novo,
René Descartes. profunda visão humanista.
a) Manifesto do Partido Comunista. d) Ratificação da autoridade institucional,
b) Contrato Social. conservadorismo, manutenção do modelo
c) Discurso do Método. geocêntrico de cosmo.
d) Paideia. e) Ceticismo, afirmação da linguagem matemática,
negação da ciência contemplativa antiga em prol de
19. (Uff 2012) O filósofo francês René Descartes uma ciência ativa.
escreveu o seguinte em seu Discurso do Método:
21. (Uff 2012) Leonardo da Vinci (1452-1519), artista,
“Logo que adquiri algumas noções gerais relativas à pensador e inventor, foi um dos responsáveis pelas
Física, julguei que não podia mantê-las ocultas, sem mudanças profundas da cultura europeia a partir do
pecar grandemente contra a lei que nos obriga a Renascimento.
procurar o bem geral de todos os homens. Pois elas me Para ele, os que se limitam a imitar o que outros
fizeram ver que é possível chegar a conhecimentos que fizeram, em vez de aprender diretamente com a
sejam úteis à vida e assim nos tornar como que natureza, “tornam-se netos e não filhos da natureza”.
senhores e possuidores da natureza. O que é de Segundo ele, as ciências que “começam e terminam na
desejar, não só para a invenção de uma infinidade de mente” não possuem a verdade, porque nos discursos
utensílios, que permitiriam gozar, sem qualquer custo, puramente mentais “não ocorre a experiência, sem a
os frutos da terra e de todas as comodidades que nela qual nada oferece certeza de si mesmo.”
se acham, mas principalmente também para a
conservação da saúde, que é sem dúvida o primeiro Considerando essas citações, marque a alternativa que
bem e o fundamento de todos os outros bens desta melhor apresenta a concepção de Leonardo da Vinci
vida.” sobre o conhecimento e a arte.
a) Sábios são aqueles que se submetem aos
Assinale a alternativa que resume o pensamento de conhecimentos de seus antecessores.
Descartes. b) A observação e a experiência diretas são
indispensáveis para o conhecimento da natureza.
a) O conhecimento deve ser mantido oculto para evitar c) A observação da natureza impede o trabalho da
que seja empregado para dominar a natureza. mente.
b) O conhecimento da natureza satisfaz apenas ao d) A observação e a experiência diretas são necessárias
intelecto e não é capaz de alterar as condições da somente nas ciências aplicadas.
vida humana. e) É prudente confiar apenas nos sábios que nos
c) Nosso intelecto é incapaz de conhecer a natureza. antecederam.
d) Devemos buscar o conhecimento exclusivamente
pelo prazer de conhecer. 22. (Uema 2012) Das alternativas abaixo, marque
e) O conhecimento e o domínio da natureza devem ser aquela que apresenta o sentido de cultura elaborado
empregados para satisfazer as necessidades pelos humanistas no Renascimento do século XVI.
humanas e aperfeiçoar nossa existência. a) Cultura é a valorização do trabalho, pois se acredita
que pelo trabalho o homem não só aprimora suas
20. (Uncisal 2012) Um estudante, ao realizar pesquisas habilidades como também ganha dignidade.
no laboratório da faculdade, segue determinados b) Cultura é o cultivo do espírito no sentido de seguir
procedimentos que garantem a validade do seu firmemente os ordenamentos de Deus aqui na terra
trabalho. As regras básicas que orientam a produção do como necessário para a salvação da alma.
conhecimento cientifico são objetivas e universais, c) Cultura é o cultivo do espírito, exprimindo a ação de
sendo oriundas dos esforços de pensadores da desenvolver a capacidade intelectual e de aprimorar
Modernidade. Como os modernos viviam em um as qualidades naturais dos homens.
ambiente de ruptura e evolução, o estabelecimento de d) Cultura seria associada à prática do lazer, do cultivo
uma metodologia segura que viabilizasse sua produção às artes, à ciência e às letras.
científica era de suma importância. No tocante ao

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FILOSOFIA

e) Cultura seria o fazer humano por meio do qual o a) a força moral instintiva, portanto, natural, da qual se
homem produz bens materiais e se autoproduz. investe toda a cultura e que promove toda a
efervescência positiva e ideal no espírito humano.
23. (Ueg 2012) David Hume nasceu na cidade de b) erros que corrompem a razão, a ponto de incutirem
Edimburgo, em pleno Século das Luzes, denominação nos homens o espírito servil imerso numa realidade
pela qual ficou conhecido o século XVIII. Para investigar distorcida e opressora que não permite a esses
a origem das ideias e como elas se formam, Hume homens a emancipação de seus atos.
parte, como a maioria dos filósofos empiristas, do c) a demasiada humanidade revestida de substancial
cotidiano das pessoas. Do ponto de vista de um fortaleza embutida no espírito por meio da vontade
empirista, como instinto e valorização de toda a cultura.
a) não existem ideias inatas. d) a necessidade humana demasiada humana de buscar
b) não existem ideias abstratas. a superação de todas as anomalias morais e fixar-se
c) não existem ideias a posteriori. num lugar onde a felicidade seja possível e
d) não existem ideias formadas pela experiência. comungue com a própria virtude do bom e do bem.

24. (Ufsj 2012) “Algumas criaturas vivas, como as 27. (Ufsj 2012) O que motivou a crítica de Nietzsche à
abelhas e as formigas, que vivem socialmente umas cultura ocidental a partir de Sócrates foi
com as outras [...] tendem para o benefício comum”. a) a atitude niilista de Sócrates de recusar a vida e
optar por ingerir a letal dose de cicuta.
Para Thomas Hobbes, essa tendência não ocorre entre b) a busca e aferição da verdade por meio de um
os homens porque método que Sócrates denominou de maiêutica.
a) esses insetos, dentro da sua irracionalidade natural, c) o fato de Sócrates ter negado a intuição criadora da
dão lições de conduta aos seres humanos; seja na filosofia anterior, pré-socrática.
tarefa diária, seja na politização paradoxal do d) a total falta de vinculação da filosofia socrática aos
modelo comunista difundido por Joseph Stalin e Karl preceitos básicos de uma lógica possível, o que o
Marx. tornava obscuro.
b) as abelhas e as formigas têm a peculiaridade de
construir suas sociedades dentro de uma unidade 28. (Ufsj 2012) Nietzsche identificou os deuses gregos
dinâmica e circular, que poderia ser bem definida Apolo e Dionísio, respectivamente, como
como um contrato social se elas fossem humanas.
Os seres humanos não atingiram tal estágio ainda. a) complexidade e ingenuidade: extremos de um
c) estes estão constantemente envolvidos numa mesmo segmento moral, no qual se inserem as
competição pela honra e pela dignidade e se julgam paixões humanas.
uns mais sábios que outros para exercer o poder b) movimento e niilismo: polos de tensão na existência
público, reformam e inovam, o que muitas vezes humana.
leva o país à desordem e à guerra civil. c) alteridade e virtu: expressões dinâmicas de
d) o motivo maior que guia a vida de tais criaturas é a intervenção e subversão de toda moral humana.
engrenagem da soberania da vontade de criar, da d) razão e desordem: dimensões complementares da
vontade de poder, retomada por Nietzsche e pelo realidade.
existencialismo.
29. (Unicentro 2012) “Na produção social de sua
25. (Uncisal 2012) Contrapondo ceticismo e existência, os homens estabelecem relações
dogmatismo, o criticismo se apresenta como única determinadas, necessárias, independentes da sua
saída para se repensar às questões pertinentes à vontade, relações de produção que correspondem a
metafísica. O criticismo denomina a filosofia de um determinado grau de desenvolvimento das forças
a) Hume. produtivas materiais.”
b) Hegel.
c) Kant. IN: Karl Marx, Contribuição à crítica da economia
d) Marx. política. São Paulo: Martins Fontes, 1977, p. 23. APUD:
e) Rousseau. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria
Helena Pires. Filosofando – introdução à Filosofia. São
26. (Ufsj 2012) Com relação aos quatro grandes erros Paulo: Moderna, 4. ed., 2009.
para Nietzsche, é CORRETO afirmar que eles
representam A partir da análise desse fragmento de texto, é correto
afirmar:
a) A existência para Marx se reduz à transcendência.

42
FILOSOFIA

b) O pensamento marxista pode ser denominado de Assinale a alternativa que apresenta a sequência
materialista mecanicista. correta.
c) As relações de produção para Marx determinam a a) V, F, V, V, V.
produção social da existência. b) V, V, V, V, F.
d) As forças produtivas materiais não têm importância c) F, V, V, F, F.
para o pensamento marxista. d) F, F, V, F, V.
e) O conceito de relações de produção, em Marx, está e) V, V, V, F, V.
restrito às classes dominantes.
32. (Uncisal 2012) Observe o trecho da música
30. (Unicentro 2012) Sobre o positivismo, é correto “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho, e perceba que
afirmar que é uma doutrina sua análise pode nos levar a discutir o conceito de
alienação.
a) do século II a.C.
b) que acolhe os postulados socráticos. O povo foge da ignorância
c) que privilegia o estudo metafísico da natureza. Apesar de viver tão perto dela
d) que não decorreu do desenvolvimento das ciências E sonha com melhores tempos idos
modernas. Contemplam essa vida numa cela...
e) nascida no ambiente cientificista nos finais do século Espera nova possibilidade
XVIII e início do século XIX. De ver este mundo se acabar
A Arca de Noé, o dirigível
31. (Upe 2012) A Idade Moderna se caracterizou, no Não voam nem se pode flutuar
plano filosófico-cultural, por um projeto iluminista:
tudo o que se faz é feito com a convicção de que as Seguindo o pensamento de Karl Marx, veremos que a
luzes da razão natural iluminam os homens, eliminando alienação se dá em uma situação determinada que gera
as trevas da ignorância. toda uma gama de desdobramentos e consequências.
Tal situação ocorre na esfera
(SEVERINO, Antonio Joaquim. Filosofia, 1994, p. 61). a) religiosa, por meio das concepções escatológicas.
b) cientifica, com a ampliação do conhecimento.
Coloque V nas afirmativas verdadeiras e F nas falsas c) política, por meio da organização partidária.
referentes ao Projeto Iluminista e à Filosofia Moderna. d) cultural, com o avanço da cultura de massa.
e) produtiva, a partir das relações de produção.
( ) A expressão ‘as luzes’ foi preparada nos séculos
anteriores com o racionalismo cartesiano, a 33. (Enem 2012) Esclarecimento é a saída do homem
revolução científica, o processo de laicização da de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A
política e da moral. menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu
( ) Tomaremos como Idade Moderna o período que entendimento sem a direção de outro indivíduo. O
se inicia com o Renascimento e vai até a homem é o próprio culpado dessa menoridade se a
primeira década do século XIX. Esse foi um causa dela não se encontra na falta de entendimento,
período de conflitos intelectuais, intenso mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si
movimento artístico e muitas crises. mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de
( ) A filosofia moderna se caracterizou pela fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do
preocupação com as questões do conhecer, esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas
capazes de produzir a nova ciência, ou seja, pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois
recursos que pudessem proporcionar a que a natureza de há muito os libertou de uma
passagem da especulação metafísica para as condição estranha, continuem, no entanto, de bom
explicações experimentais. grado menores durante toda a vida.
( ) O empirismo é, juntamente com o racionalismo,
uma das grandes correntes formadoras da KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?
filosofia moderna. Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
( ) A filosofia moderna desenvolve uma visão
metafísica do mundo e do homem, com base na Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento,
nova perspectiva de abordagem do real: o fundamental para a compreensão do contexto
modo metafísico de pensar, sem dúvida, é o filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido
primeiro fruto do projeto iluminista da empregado por Kant, representa
Modernidade. a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional
como expressão da maioridade.

43
FILOSOFIA

b) o exercício da racionalidade como pressuposto Sobre a reflexão ética de Kant, assinale a alternativa
menor diante das verdades eternas. INCORRETA.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter a) A ação por dever é aquela que exclui todas as
objetivo, de forma heterônoma. determinações advindas da sensibilidade, como os
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam desejos, as paixões e os medos.
o homem da falta de entendimento. b) A ação por dever está fundada na autonomia, ou
e) a emancipação da subjetividade humana de seja, na capacidade que todo homem tem de
ideologias produzidas pela própria razão. escolher as regras que sua própria razão construiu.
c) A ação por dever é uma expressão da boa vontade,
34. (Unioeste 2012) “Como toda lei prática representa na medida em que exige que a mesma regra,
uma ação possível como boa e por isso como escolhida para um certo caso, possa ser utilizada por
necessária para um sujeito praticamente determinável todos os agentes racionais.
pela razão, todos os imperativos são fórmulas da d) A ação por dever é aquela que reflete um meio
determinação da ação que é necessária segundo o termo ou um equilíbrio entre as determinações das
princípio de uma vontade boa de qualquer maneira. No inclinações e as determinações da razão.
caso da ação ser apenas boa como meio para qualquer
outra coisa, o imperativo é hipotético; se a ação é 36. (Ufu 2012) [...] a condição dos homens fora da
representada como boa em si, por conseguinte, como sociedade civil (condição esta que podemos
necessária numa vontade em si conforme à razão como adequadamente chamar de estado de natureza) nada
princípio dessa vontade, então o imperativo é mais é do que uma simples guerra de todos contra
categórico”. todos na qual todos os homens têm igual direito a
Kant todas as coisas; [...].
Considerando o pensamento ético de Kant e o texto
acima, é correto afirmar que HOBBES, Thomas. Do Cidadão. Campinas: Martins
a) o imperativo hipotético representa a necessidade Fontes, 1992.
prática de uma ação como subjetivamente
necessária para um ser determinável pelas De acordo com o trecho acima e com o pensamento de
inclinações. Hobbes, assinale a alternativa correta.
b) o imperativo categórico representa a necessidade a) Segundo Hobbes, o estado de natureza se confunde
prática de uma ação como meio para se atingir um com o estado de guerra, pois ambos são uma
fim possível ou real. condição original da existência humana.
c) os imperativos (hipotético e categórico) são fórmulas b) Para Hobbes, o direito dos homens a todas as coisas
de determinação necessária, segundo o princípio de está desvinculado da guerra de todos contra todos.
uma vontade que é boa em si mesma. c) Segundo Hobbes, é necessário que a condição
d) o imperativo categórico representa a ação como boa humana seja analisada sempre como se os homens
em si mesma e como necessária para uma vontade vivessem em sociedade.
em si conforme a razão. d) Segundo Hobbes, não há vínculo entre o estado de
e) o imperativo hipotético declara a ação como natureza e a sociedade civil.
objetivamente necessária independentemente de
qualquer intenção ou finalidade da ação. 37. (Unioeste 2012) “Se o homem no estado de
natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor
35. (Ufu 2012) O texto abaixo comenta alguns absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior
aspectos da reflexão de Immanuel Kant sobre a ética. e a ninguém sujeito, porque abrirá ele mão dessa
liberdade, porque abandonará o seu império e sujeitar-
E por que realizamos atos contrários ao dever e, se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder?
portanto, contrários à razão? Kant dirá que é porque Ao que é óbvio responder que, embora no estado de
nossa vontade é também afetada pelas inclinações, natureza tenha tal direito, a fruição do mesmo é muito
que são os desejos, as paixões, os medos, e não apenas incerta e está constantemente exposta à invasão de
pela razão. Por isso afirma que devemos educar a terceiros porque, sendo todos reis tanto quanto ele,
vontade para alcançar a boa vontade, que seria aquela todo homem igual a ele, e na maior parte pouco
guiada unicamente pela razão. observadores da equidade e da justiça, a fruição da
propriedade que possui nesse estado é muito insegura,
COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de Filosofia. muito arriscada. Estas circunstâncias obrigam-no a
São Paulo: Saraiva, 2010. p. 301. abandonar uma condição que, embora livre, está cheia
de temores e perigos constantes; e não é sem razão
que procura de boa vontade juntar-se em sociedade

44
FILOSOFIA

com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, d) Segundo Locke, a existência de permissão para agir é
para a mútua conservação da vida, da propriedade e compatível com o estado de natureza.
dos bens a que chamo de 'propriedade'”.
Locke 39. (Enem 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito
difundida de que o que acontece no mundo é decidido
Sobre o pensamento político de Locke e o texto acima, por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em
seguem as seguintes afirmativas: nossos dias, devido às grandes transformações
ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais
I. No estado de natureza, os homens usufruem escapam à conjectura humana. Não obstante, para não
plenamente, e com absoluta segurança, os direitos ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se
naturais. pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos
II. O objetivo principal da união dos homens em atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre
comunidade, colocando-se sob governo, é a a outra metade.
preservação da “propriedade”.
III. No estado de natureza, falta uma lei estabelecida, MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979
firmada, conhecida, recebida e aceita mediante (adaptado).
consentimento, como padrão do justo e injusto e Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do
medida comum para resolver quaisquer poder em seu tempo. No trecho citado, o autor
controvérsias entre os homens. demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e
IV. Os homens entram em sociedade, abandonando a o humanismo renascentista ao
igualdade, a liberdade e o poder executivo que a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos
tinham no estado de natureza, apenas com a definidores do seu tempo.
intenção de melhor preservar a propriedade. b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos
V. No estado de natureza, há um juiz conhecido e políticos.
imparcial para resolver quaisquer controvérsias c) afirmar a confiança na razão autônoma como
entre os homens, de acordo com a lei estabelecida. fundamento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado
Das afirmativas feitas acima como fonte de aprendizagem.
a) somente a afirmação I está correta. e) redefinir a ação política com base na unidade entre
b) as afirmações I e III estão corretas. fé e razão.
c) as afirmações II e V estão corretas.
d) as afirmações IV e V estão corretas. 40. (Uff 2012) O filósofo inglês John Locke (1632-1704)
e) as afirmações II, III e IV estão corretas. é um dos fundadores da concepção liberal da vida
política. Em sua defesa da liberdade como um atributo
38. (Ufu 2012) Para bem compreender o poder político que o homem possui desde que nasce, ele diz: “Para
e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que compreender corretamente o que é o poder político e
estado todos os homens se acham naturalmente, derivá-lo a partir de sua origem, devemos considerar
sendo este um estado de perfeita liberdade para qual é a condição em que todos os homens se
ordenar-lhes as ações e regular-lhes as posses e as encontram segundo a natureza. E esta condição é a de
pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos completa liberdade para poder decidir suas ações e
limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou dispor de seus bens e pessoas do modo que quiserem,
depender da vontade de qualquer outro homem. respeitados os limites das leis naturais, sem precisar
solicitar a permissão ou de depender da vontade de
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São qualquer outro ser humano.”
Paulo: Abril Cultural, 1978.
Assinale o documento histórico que foi diretamente
A partir da leitura do texto acima e de acordo com o influenciado pelo pensamento de Locke.
pensamento político do autor, assinale a alternativa
correta.
a) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde a) O livro “O que é a propriedade?”, de Proudhon
com o estado de servidão. (1840)
b) Para Locke, o direito dos homens a todas as coisas b) O “Manifesto Comunista”, de Karl Marx e Frederico
independe da conveniência de cada um. Engels (1848)
c) Segundo Locke, a origem do poder político depende c) A “Concordata” estabelecida entre Napoleão e o
do estado de natureza. Vaticano (1801)
d) A declaração da “Doutrina Monroe” (1823)

45
FILOSOFIA

e) A “Declaração de Independência” dos Estados c) as formas distintas de conhecimento, descritas na


Unidos (1776) obra Critica da razão pura, são denominadas,
respectivamente, juízo universal e juízo necessário e
suficiente.
41. (Uff 2012) De acordo com o filósofo iluminista
d) o registro mais contundente acerca do
Montesquieu, no livro clássico O Espírito das Leis, conhecimento se faz a partir da distinção de dois
quando as mesmas pessoas concentram o poder de juízos, a saber: juízo analítico e juízo sintético ou
legislar, de executar e de julgar, instaura-se o juízo de elucidação.
despotismo, pois, para que os cidadãos estejam livres
do abuso de poder, é preciso que “o poder freie o 44. (Enem 2012)
poder”. TEXTO I

Identifique a sentença que melhor resume esse Experimentei algumas vezes que os sentidos eram
pensamento de Montesquieu. enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente
a) Para que a sociedade seja bem governada é em quem já nos enganou uma vez.
necessário que uma só pessoa disponha do poder de
legislar, agir e julgar. DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril
b) A separação dos poderes enfraquece o Estado e Cultural, 1979.
toma a sociedade vulnerável aos ataques de seus
inimigos. TEXTO II
c) A separação e independência entre os poderes é Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma
uma das condições fundamentais para que os ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado,
cidadãos possam exercer sua liberdade. precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva
d) A sociedade melhor organizada é aquela em que o esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe
executivo goza de poder absoluto. qualquer impressão sensorial, isso servirá para
e) As mesmas pessoas podem concentrar o poder, confirmar nossa suspeita.
desde que sejam bem intencionadas.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São
42. (Enem 2012) É verdade que nas democracias o Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política
não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em
mente o que é independência e o que é liberdade. A Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a
liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis natureza do conhecimento humano. A comparação dos
permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que excertos permite assumir que Descartes e Hume
elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os a) defendem os sentidos como critério originário para
outros também teriam tal poder. considerar um conhecimento legítimo.
b) entendem que é desnecessário suspeitar do
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora significado de uma ideia na reflexão filosófica e
Nova Cultural, 1997 (adaptado). crítica.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à
A característica de democracia ressaltada por gênese do conhecimento.
Montesquieu diz respeito
d) concordam que conhecimento humano é impossível
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao
tomar as decisões por si mesmo. em relação às ideias e aos sentidos.
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no
conformidade às leis. processo de obtenção do conhecimento.
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e,
nesse caso, livre da submissão às leis. 45. (Ufu 2012) O texto abaixo comenta a correlação
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é entre ideias e impressões em David Hume.
proibido, desde que ciente das consequências.
e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo Em contrapartida, vemos que qualquer impressão, da
com seus valores pessoais.
mente ou do corpo, é constantemente seguida por uma
43. (Ufsj 2012) Sobre a questão do conhecimento na ideia que a ela se assemelha, e da qual difere apenas
filosofia kantiana, é CORRETO afirmar que nos graus de força e vividez. A conjunção constante de
a) o ato de conhecer se distingue em duas formas nossas percepções semelhantes é uma prova
básicas: conhecimento empírico e conhecimento convincente de que umas são as causas das outras; [...].
puro.
b) para conhecer, é preciso se lançar ao exercício do
pensar conceitos concretos.

46
FILOSOFIA

HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo: são cópias de uma sensação ou sentimento anterior,
Editora da Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. p. calcado nas paixões.”
29. d) “Afirmo que essas duas, a saber, as coisas materiais
externas, como objeto da sensação, e as operações
de nossas próprias mentes, como objeto da reflexão,
Assinale a alternativa que, de acordo com Hume, indica são, a meu ver, os únicos dados originais dos quais
corretamente o modo como a mente adquire as as ideias derivam.”
percepções denominadas ideias.
a) Todas as nossas ideias são formas a priori da mente 48. (Unioeste 2012) “Ele [o Universo] está escrito em
e, mediante essas ideias, organizamos as respectivas língua matemática, os caracteres são triângulos,
impressões na experiência. circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos
b) Todas as nossas ideias advêm das nossas meios é impossível entender humanamente as
experiências e são cópias das nossas impressões, as palavras; sem eles nós vagamos perdidos dentro de um
quais sempre antecedem nossas ideias. obscuro labirinto. […] que nos corpos externos, para
c) Todas as nossas ideias são cópias de percepções excitar em nós os sabores, os cheiros e os sons, seja
inteligíveis, que adquirimos através de uma necessário mais que as grandezas, figuras e
experiência metafísica, que transcende toda a multiplicidades de movimentos vagarosos ou rápidos,
realidade empírica. eu não acredito; acho que, tirando os ouvidos, as
d) Todas as nossas ideias já existem de forma inata, e línguas e os narizes, permanecem os números, as
são apenas preenchidas pelas impressões, no figuras e os movimentos, mas não os cheiros, nem os
momento em que temos algum contato com a sabores, nem os sons, que, fora do animal vivente,
experiência. acredito que sejam só nomes, como nada mais é que
nome a cócega, tiradas as axilas e a pele ao redor do
46. (Ufsj 2012) Os termos “impressões” e “ideias”, nariz”.
para David Hume, são, respectivamente, por ele Galileu
definidos como
Considerando o texto acima, é INCORRETO afirmar que
a) “nossas percepções mais fortes, tais como nossas a) Galileu distingue dois tipos de qualidades das coisas:
sensações, afetos e sentimentos; percepções mais as qualidades que pertencem às próprias coisas e as
fracas ou cópias daquelas na memória e qualidades que dependem dos nossos sentidos.
imaginação”. b) os cheiros, os sabores e os sons existem
b) “aquilo que se imprime à memória e nos permite independentemente de nós, pois são produzidos em
ativar a imaginação; lampejos inéditos sobre o nossos sentidos pelas propriedades matemáticas das
objeto e sua natureza”. coisas.
c) “o que fica impresso na memória c) o verdadeiro conhecimento das coisas depende das
independentemente da força: ação de criar a partir propriedades matemáticas e não das qualidades
do dado sensorial”. secundárias produzidas por nossos sentidos.
d) “vaga noção do sensível; raciocínio com força de lei d) as qualidades secundárias, tais como determinado
que legitima a natureza no âmbito da razão”. cheiro, cor ou som, não nos dizem a verdadeira
natureza das coisas.
47. (Ufsj 2012) Ao investigar as origens das ideias, e) as propriedades matemáticas (figura, números e
diversos filósofos fizeram interferências importantes no movimentos) devem ser os objetos de um
pensamento filosófico da humanidade. Dentre eles, conhecimento verdadeiro.
destaca-se o pensamento de John Locke. Assinale a
alternativa que expressa as origens das ideias para John
Locke. 49. (Ufu 2012) O botão desaparece no desabrochar da
a) “Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta; do mesmo
começa com a experiência [...] mas embora todo o modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da
nosso conhecimento comece com a experiência, planta, pondo-se como sua verdade em lugar da flor:
nem por isso todo ele pode ser atribuído a esta, mas essas formas não só se distinguem, mas também se
à imaginação e à ideia.” repelem como incompatíveis entre si [...].
b) “O que sou eu? Uma substância que pensa. O que é
uma substância que pensa? É uma coisa que duvida,
que concebe, que afirma, que nega, que quer, que HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis:
não quer, que imagina e que sente, uma ideia em Vozes, 1988.
movimento.
c) “Quando analisamos nossos pensamentos ou ideias,
por mais complexos e sublimes que sejam, sempre
descobrimos que se resolvem em ideias simples que

47
FILOSOFIA

Com base em seus conhecimentos e na leitura do texto c) O universo social é o dos conflitos e das guerras sem
acima, assinale a alternativa correta segundo a filosofia fim, não havendo, por isso, a possibilidade de uma
de Hegel. vida ética.
a) A essência do real é a contradição sem interrupção d) Hegel combateu a concepção cristã da história ao
ou o choque permanente dos contrários. destituí-la de qualquer finalidade benevolente.
b) As contradições são momentos da unidade orgânica,
na qual, longe de se contradizerem, todos são
igualmente necessários.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

50. (Uel 2012) A figura do homem que triunfa sobre a natureza bruta (Fig. 5) é significativa para se pensar a filosofia de
Francis Bacon (1561-1626). Com base no pensamento de Bacon, considere as afirmativas a seguir.
I. O homem deve agir como intérprete da natureza para melhor conhecê-la e dominá-la em seu benefício.
II. O acesso ao conhecimento sobre a natureza depende da experiência guiada por método indutivo.
III. O verdadeiro pesquisador da natureza é um homem que parte de proposições gerais para, na sequência e à luz
destas, clarificar as premissas menores.
IV. Os homens de experimentos processam as informações à luz de preceitos dados a priori pela razão.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Texto I

O desenvolvimento não é um mecanismo cego que age por si. O padrão de progresso dominante descreve a trajetória
da sociedade contemporânea em busca dos fins tidos como desejáveis, fins que os modelos de produção e de consumo
expressam. É preciso, portanto, rediscutir os sentidos. Nos marcos do que se entende predominantemente por
desenvolvimento, aceita-se rever as quantidades (menos energia, menos água, mais eficiência, mais tecnologia), mas
pouco as qualidades: que desenvolvimento, para que e para quem?

(LEROY, Jean Pierre. Encruzilhadas do Desenvolvimento. O Impacto sobre o meio ambiente. Le Monde Diplomatique
Brasil. jul. 2008, p.9.)

51. (Uel 2012) Tendo como referência a relação entre desenvolvimento e progresso presente no texto, é correto
afirmar que, em Kant, tal relação, contida no conceito de Aufklärung (Esclarecimento), expressa:
a) A tematização do desenvolvimento sob a égide da lógica de produção capitalista.

48
FILOSOFIA

b) A segmentação do desenvolvimento tecnocientífico nas diversas especialidades.


c) A ampliação do uso público da razão para que se desenvolvam sujeitos autônomos.
d) O desenvolvimento que se alcança no âmbito técnico e material das sociedades.
e) O desenvolvimento dos pressupostos científicos na resolução dos problemas da filosofia prática.

b) Descartes considera que não é possível encontrar


52. (Ufu 2011) Na obra Discurso sobre o método, René algo de firme e certo nas ciências, pois até então
Descartes propôs um novo método de investigação esse objetivo não foi atingido.
baseado em quatro regras fundamentais, inspiradas na c) Descartes, ao rejeitar o que a tradição filosófica
geometria: evidência, análise, síntese, controle. considerou como conhecimento, busca fundamentar
nos sentidos uma base segura para as ciências.
Assinale a alternativa que contenha corretamente a
descrição das regras de análise e síntese. d) ao investigar uma base firme e indestrutível para o
a) A regra da análise orienta a enumerar todos os conhecimento, Descartes inicia rejeitando suas
elementos analisados; a regra da síntese orienta antigas opiniões e utiliza o método da dúvida até
decompor o problema em seus elementos últimos, encontrar algo de firme e certo.
ou mais simples. e) Descartes necessitou de solidão para investigar as
b) A regra da análise orienta a decompor cada suas antigas opiniões e encontrar entre elas aquela
problema em seus elementos últimos ou mais que seria o verdadeiro fundamento do
simples; a regra da síntese orienta ir dos objetos conhecimento.
mais simples aos mais complexos.
c) A regra da análise orienta a remontar dos objetos 54. (Uel 2011) O principal problema de Descartes pode
mais simples até os mais complexos; a regra da ser formulado do seguinte modo: “Como poderemos
síntese orienta prosseguir dos objetos mais garantir que o nosso conhecimento é absolutamente
complexos aos mais simples. seguro?” Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao
d) A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro contrário do cético, não permanece nela. Na Meditação
apenas aquilo que é evidente; a regra da análise Terceira, Descartes afirma: “[...] engane-me quem
orienta descartar o que é evidente e só orientar-se, puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada
firmemente, pela opinião. seja enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum
dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo
53. (Unioeste 2011) Considerando-se as primeiras verdade agora que eu existo [...]”
linhas das Meditações sobre a filosofia primeira de
René Descartes: (DESCARTES. René. “Meditações Metafísicas”.
Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.
“Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus 182. Coleção Os Pensadores.)
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões por
verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei sobre Com base no enunciado e considerando o itinerário
princípios tão mal assegurados devia ser apenas muito seguido por Descartes para fundamentar o
duvidoso e incerto; de modo que era preciso tentar conhecimento, é correto afirmar:
seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser
todas as opiniões que recebera até então em minha discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que
crença e começar tudo novamente desde os ambos são falhos e limitados, portanto o
fundamentos, se eu quisesse estabelecer alguma coisa conhecimento seguro detém-se nas opiniões que se
de firme e de constante nas ciências. (...) Agora, pois, apresentam certas e indubitáveis.
que meu espírito está livre de todas as preocupações e b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida
que obtive um repouso seguro numa solidão tranquila, apresenta-se como algo relativo, tanto ao sujeito
aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir em como às próprias coisas que são percebidas de
geral todas as minhas antigas opiniões” acordo com as circunstâncias em que ocorrem os
fenômenos observados.
É correto afirmar sobre a teoria do conhecimento c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência
cartesiana que do conhecimento, uma vez que somente as coisas
a) Descartes não utiliza um método ou uma estratégia percebidas por meio da experiência sensível
para estabelecer algo de firme e certo no possuem existência real.
conhecimento, já que suas opiniões antigas eram d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões
incertas. que se pode observar no debate perpétuo e

49
FILOSOFIA

universal sobre o conhecimento das coisas, sendo a I. Os homens, por natureza, são absolutamente iguais,
existência de Deus a única certeza que se pode tanto no exercício de suas capacidades físicas, quanto
alcançar. no exercício de suas faculdades espirituais.
e) A condição necessária para alcançar o conhecimento II. Sendo os homens, por natureza, “tão iguais, quanto
seguro consiste em submetê-lo sistematicamente a às faculdades do corpo e do espírito” é razoável que
todas as possibilidades de erro, de modo que ele cada um ataque o outro, quer seja para destruí-lo,
resista à dúvida mais obstinada. quer seja para proteger-se de um possível ataque.
III. Na inexistência de um “poder comum” que
55. (Uncisal 2011) Um movimento intelectual que “mantenha a todos em respeito”, a atitude mais
influenciou fortemente o surgimento da filosofia racional é a de manter a paz e a concórdia na
moderna foi a Revolução Científica, ocorrida entre os “esperança” de que todos e cada um atinjam seus
séculos XIV e XVII. Algumas de suas características mais fins.
marcantes foram a substituição da concepção IV. A condição dos homens que vivem sem um poder
geocêntrica do cosmos pela concepção heliocêntrica, a comum é de guerra generalizada, de todos contra
valorização da experimentação, a articulação entre todos.
saberes teóricos e realizações práticas e a contestação V. O homem, por natureza, vive em sociedade e nela
de dogmatismos religiosos. Portanto, sobre a desenvolve suas potencialidades, mantendo
Revolução Científica, pode-se afirmar que relações sociais harmônicas e pacíficas.

a) foi um movimento intelectual sem repercussões no Assinale a alternativa correta.


campo filosófico. a) Apenas I está correta.
b) uma de suas consequências marcantes foi a b) Apenas II e III estão corretas.
formulação de um modelo cósmico para o qual o sol c) Apenas I e V estão corretas.
seria o centro do universo. d) Apenas II e IV estão corretas.
c) caracterizou-se pela divulgação da tese geocêntrica. e) Todas as afirmativas estão corretas.
d) consagrou a concepção segundo a qual a natureza
seria um âmbito sagrado e não passível de 57. (Uenp 2011) “Porque as leis de natureza (como a
conhecimento e dominação pelos homens. justiça, a equidade, a modéstia, a piedade, ou, em
e) foi um movimento intelectual que ocorreu em resumo, fazer aos outros o que queremos que nos
harmonia com as instituições e dogmas religiosos. façam) por si mesmas, na ausência do temor de algum
poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são
56. (Unioeste 2011) “A natureza fez os homens tão contrárias a nossas paixões naturais, as quais nos fazem
iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito que, tender para a parcialidade, o orgulho, a vingança e
embora por vezes se encontre um homem coisas semelhantes. E os pactos sem a espada não
manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito passam de palavras, sem força para dar qualquer
mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se segurança a ninguém. Portanto, apesar das leis de
considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um natureza (que cada um respeita quando tem vontade
e outro não é suficientemente considerável para que de respeitá-las e quando pode fazê-lo com segurança),
qualquer um possa com base nela reclamar qualquer se não for instituído um poder suficientemente grande
benefício a que outro não possa também aspirar, tal para nossa segurança, cada um confiará, e poderá
como ele. (...) Desta igualdade quanto à capacidade legitimamente confiar, apenas em sua própria força e
deriva a igualdade quanto à esperança de atingirmos capacidade, como proteção contra todos os outros.”
nossos fins. Portanto, se dois homens desejam a
mesma coisa, ao mesmo tempo (...) esforçam-se por se MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã ou matéria,
destruir ou subjugar um ao outro. (...) Com isto se torna forma e poder de um Estado eclesiástico e civil.
manifesto que, durante o tempo em que os homens
vivem sem um poder comum capaz de manter a todos Sobre o pensamento de Hobbes, assinale a alternativa
em respeito, eles se encontram naquela condição a que incorreta:
se chama de guerra; e uma guerra que é de todos os a) O contrato social que dá origem ao Estado só é
homens contra todos os homens”. obedecido pela força e pelo temor.
Hobbes. b) Os homens, na sua condição natural, observam
apenas as suas paixões naturais.
Com base no texto citado, seguem as seguintes c) O contrato social que dá origem ao Estado pode ser
afirmativas: desfeito quando o soberano desrespeita os direitos
dos súditos e age de forma parcial, visando a seus
próprios interesses.

50
FILOSOFIA

d) A concepção de homem natural de Hobbes é e) A filosofia iluminista caracterizou-se pela crítica a


marcada por um profundo pessimismo ideais universalistas como liberdade, igualdade e
antropológico. fraternidade.
e) A filosofia política hobbesiana é atomista.
60. (Uema 2011) Na perspectiva do conhecimento,
58. (Uenp 2011) “O homem nasce livre, e por toda a Immanuel Kant pretende superar a dicotomia
parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos racionalismo-empirismo. Entre as alternativas abaixo, a
demais, não deixa de ser mais escravo do que eles (...). única que contém informações corretas sobre o
A ordem social é um direito sagrado que serve de base criticismo kantiano é:
a todos os outros. Tal direito [ordem social], no a) A razão estabelece as condições de possibilidade do
entanto, não se origina da natureza: funda-se, conhecimento; por isso independe da matéria do
portanto, em convenções.” conhecimento.
b) O conhecimento é constituído de matéria e forma.
ROUSSEAU, J.J. Contrato Social. Coleção Os pensadores. Para termos conhecimento das coisas, temos de
São Paulo: Abril Cultural. organizá-las a partir da forma a priori do espaço e do
tempo.
Analise as afirmativas sobre o pensamento de c) O conhecimento é constituído de matéria, forma e
Rousseau pensamento. Para termos conhecimento das coisas
temos de pensá-las a partir do tempo cronológico.
I. O homem natural é bom, o isolamento propiciado d) A razão enquanto determinante nos conhecimentos
pelo estado de natureza favorece o desenvolvimento fenomênicos e noumênicos (transcendentais) atesta
e o exercício de qualidades positivas, como o amor a capacidade do ser humano.
de si mesmo e a piedade. e) O homem conhece pela razão a realidade
II. A ordem social é natural e deriva da natureza fenomênica porque Deus é quem afinal determina
gregária do ser humano. este processo.
III. O estado se origina com o objetivo de impedir que
os homens retornem ao estado de guerra 61. (Uema 2011) No texto Que é “Esclarecimento”?
generalizado. (1783), o que significa, conforme Kant, a saída do
homem da menoridade da qual ele mesmo é culpado?
A(s) afirmativa(s) verdadeira(s) é(são): a) O uso da razão crítica, exceto quando se tratar de
a) apenas a I. doutrinas religiosas.
b) apenas a II. b) A capacidade de aceitar passivamente a autoridade
c) apenas a III. científica ou política.
d) apenas a IV. c) A liberdade para executar desejos e impulsos
e) todas. conforme a natureza instintiva do homem.
d) A coragem de ser autônomo, rejeitando, portanto,
59. (Uncisal 2011) No século XVIII, ocorreu na Europa qualquer condição tutelar.
um movimento filosófico denominado Iluminismo, que e) O alcance da idade apropriada para uso da
se caracterizou pela confiança no poder da razão para a racionalidade subjetiva.
resolução dos problemas sociais. Alguns filósofos
iluministas eram céticos e materialistas, e por isso 62. (Uema 2011) Kant, no texto Que é
opunham-se à tradição representada pela Igreja “Esclarecimento”? (1783), aborda os conceitos de uso
Católica. A Revolução Francesa e movimentos de público e privado da razão. Entre as alternativas abaixo,
independência, como a Inconfidência Mineira, foram a única que contém informação correta sobre o uso
acontecimentos históricos fortemente influenciados público da razão é:
pelo Iluminismo.
Assinale a alternativa que caracteriza, corretamente,
esse importante movimento filosófico.
a) O Iluminismo foi um movimento filosófico a) Livre uso da razão desde que avalizada pela
despolitizado. autoridade competente eclesiástica e política.
b) O termo “Iluminismo” justifica-se pela confiança na b) Liberdade ilimitada do sábio usar a razão e
luz da razão em oposição às trevas da ignorância. autonomia para publicizar suas ideias com as
c) Esse movimento intelectual não apresentou melhores intenções.
repercussões no Brasil. c) Uso que o professor faz de sua razão diante de sua
d) Os filósofos iluministas eram dogmáticos. comunidade acadêmica ou outra qualquer.

51
FILOSOFIA

d) Discurso aberto sobre temáticas monitoradas por aspecto subjetivo, o acatamento da lei pela
uma instituição que forma pessoas para o serviço subjetividade livre, como condição necessária e
militar. suficiente da ação.
e) Abordagem de uma teoria determinada por um
paradigma vigente, seja ele religioso, político ou (DUTRA, D. V. Kant e Habermas: a reformulação
discursiva da moral kantiana. Porto Alegre: EDIPUCRS,
científico. 2002. p. 29.)

63. (Ueg 2011) No século XIX, o filósofo alemão Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria
Friedrich Nietzsche vislumbrou o advento do “super- moral kantiana, é correto afirmar:
homem” em reação ao que para ele era a crise cultural a) A vontade boa, enquanto condição do dever,
da época. Na década de 1930, foi criado nos Estados consiste em respeitar a lei moral, tendo como
Unidos o Super-Homem, um dos mais conhecidos motivo da ação a simples conformidade à lei.
personagens das histórias em quadrinhos. A diferença b) O imperativo categórico incorre na contingência de
entre os dois “super-homens” está no fato de Nietzsche um querer arbitrário cuja intencionalidade
determina subjetivamente o valor moral da ação.
defender que o super-homem
c) Para que possa ser qualificada do ponto de vista
a) agiria de modo coerente com os valores pacifistas, moral, uma ação deve ter como condição necessária
repudiando o uso da força física e da violência na e suficiente uma vontade condicionada por
consecução de seus objetivos. interesses e inclinações sensíveis.
b) expressaria os princípios morais do protestantismo, d) A razão é capaz de guiar a vontade como meio para a
em contraposição ao materialismo presente no herói satisfação de todas as necessidades e assim realizar
dos quadrinhos. seu verdadeiro destino prático: a felicidade.
c) abdicar-se-ia das regras morais vigentes, e) A razão, quando se torna livre das condições
desprezando as noções de “bem”, “mal”, “certo” e subjetivas que a coagem, é, em si, necessariamente
conforme a vontade e somente por ela
“errado”, típicas do cristianismo. suficientemente determinada.
d) representaria os valores políticos e morais alemães,
e não o individualismo pequeno burguês norte- 66. (Uel 2011) Leia o texto a seguir.
americano.
Justiça e Estado apresentam-se como
64. (Ueg 2011) No século XIX, influenciados pelo elementos indissociáveis na filosofia política
Romantismo, muitos intelectuais brasileiros hobbesiana. Ao romper com a concepção de justiça
idealizaram a cultura indígena, considerando-a como defendida pela tradição aristotélico-escolástica. Hobbes
autêntica representante do nacionalismo brasileiro. Em propõe uma nova moralidade relacionada ao poder
político e sua constituição jurídica. O Estado surge pelo
termos filosóficos, essa valorização do indígena foi
pacto para possibilitar a justiça e, na conformidade com
influenciada pelo pensamento do filósofo a lei, se sustenta por meio dela. No Leviatã (caps. XIV-
a) Thomas Hobbes, autor da frase “o homem é o lobo XV), a justiça hobbesiana fundamenta-se, em última
do homem”, que valorizava o comportamento típico instância, na lei natural concernente à
de tribos selvagens. autoconservação, da qual deriva a segunda lei que
b) Santo Agostinho, que, por meio do “livre arbítrio”, impõe a cada um a renúncia de seu direito a todas as
acreditava que as sociedades selvagens eram coisas, para garantir a paz e a defesa de si mesmo.
capazes de alcançar a graça divina. Desta, por sua vez, implica a terceira lei natural: que os
c) Montesquieu, que se inspirou na organização social homens cumpram os pactos que celebrarem. Segundo
Hobbes, “onde não há poder comum não há lei, e onde
dos indígenas para elaborar a famosa teoria dos
não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude
“três poderes”. são as duas virtudes cardeais”.
d) Jacques Rousseau, que elaborou a teoria do “bom
selvagem”, defendendo a pureza das sociedades (HOBBES, T. Leviatã. Trad. J. Monteiro e M. B. N. da
primitivas. Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1997. Coleção Os
Pensadores, cap. XIII.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o


65. (Uel 2011) Leia o texto a seguir. pensamento de Hobbes, é correto afirmar:

Na Primeira Secção da Fundamentação da a) A humanidade é capaz, sem que haja um poder


Metafísica dos Costumes, Kant analisa dois conceitos coercitivo que a mantenha submissa, de consentir
fundamentais de sua teoria moral: o conceito de na observância da justiça e das outras leis de
vontade boa e o de imperativo categórico. Esses dois natureza a partir do pacto constitutivo do Estado.
conceitos traduzem as duas condições básicas do b) A justiça tem sua origem na celebração de pactos de
dever: o seu aspecto objetivo, a lei moral, e o seu confiança mútua, pelos quais os cidadãos, ao

52
FILOSOFIA

renunciarem sua liberdade em prol de todos, um “ser inteligente e um homem”, obtendo, assim a
removem o medo de quando se encontravam na “liberdade civil”, submetendo-se, apenas, “à lei que
condição natural de guerra. prescrevemos a nós mesmos”.
c) A justiça é definida como observância das leis
naturais e, portanto, a injustiça consiste na
submissão ao poder coercitivo que obriga Assinale a alternativa correta.
igualmente os homens ao cumprimento dos seus a) Apenas I e II estão corretas.
pactos. b) Apenas II e III estão corretas.
d) As noções de justiça e de injustiça, como as de bem e c) Apenas I e V estão corretas.
de mal, têm lugar a partir do momento em que os d) Apenas IV e V estão corretas.
homens vivem sob um poder soberano capaz de e) Apenas II e V estão corretas.
evitar uma condição de guerra generalizada de
todos. 68. (Ufsj 2011) Sobre a ideia de soberania concebida
e) A justiça torna-se vital para a manutenção do Estado
por Hobbes, é CORRETO afirmar que a soberania:
na medida em que as leis que a efetivam sejam
criadas, por direito natural, pelos súditos com o a) “se dá por meio do sufrágio universal, seja na
objetivo de assegurar solidariamente a paz e a república ou na monarquia”.
segurança de todos. b) “é a manifestação da virtù como condição
indispensável no governo do príncipe”.
67. (Unioeste 2011) “A passagem do estado de c) “reside em um homem ou em uma assembleia de
natureza para o estado civil determina no homem uma mais de um”.
mudança muito d) “é a realização plena da paz perpétua entre as
notável, substituindo na sua conduta o instinto pela nações”.
justiça dando às suas ações a moralidade que antes
lhes faltava. É só então que, tomando a voz do dever o 69. (Uff 2011) O período do Renascimento foi muito
lugar do impulso físico, e o direito o lugar do apetite, o fértil em reflexões políticas. Em contraste com o
homem, até aí levando em consideração apenas sua pragmatismo de Maquiavel, alguns pensadores,
pessoa, vê-se forçado a agir baseado em outros inconformados com os males de seu tempo,
princípios e a consultar e ouvir a razão antes de ouvir escreveram sobre sociedades imaginárias. As obras
suas inclinações. Embora nesse estado se prive de desses pensadores expunham análises realistas que
muitas vantagens que frui da natureza, ganha outras de denunciavam as imperfeições das sociedades, e
igual monta: suas faculdades se exercem e se continham propostas de sociedades ideais, baseadas na
desenvolvem, suas ideias se alargam, seus sentimentos Razão e capazes de promover a paz, o conhecimento, a
se enobrecem, toda sua alma se eleva a tal ponto que justiça e a igualdade em benefício de todos os seres
(...) deveria sem cessar bendizer o instante feliz que humanos.
dela o arrancou para sempre e fez, de um animal
estúpido e limitado, um ser inteligente e um homem”. A obra mais representativa dessas novas propostas é
Rousseau. a) O Discurso do Método, de René Descartes (1637).
b) Leviatã, de Tomas Hobbes (1651).
Com base no texto, seguem as seguintes afirmativas: c) Sobre o Direito de Guerra e de Paz, de Hugo Grócio
(1625).
I. A mudança significativa que ocorre para o homem, na d) Diálogo sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo,
passagem do estado natural para o estado civil, é a de Galileu Galilei (1632).
de que o homem passa a conduzir-se pelos instintos, e) Utopia, de Thomas More (1516).
como um “animal estúpido e limitado”.
II. A conduta do homem, no estado natural, é baseada 70. (Unioeste 2011) “Já desde os tempos mais antigos
na justiça e na moralidade e em conformidade com da filosofia, os estudiosos da razão pura conceberam,
princípios fundados na razão. além dos seres sensíveis ou fenômenos, que
III. Ao ingressar no estado civil, na sua conduta, o constituem o mundo dos sentidos, seres inteligíveis
homem substitui a justiça pelo instinto e apetite, particulares, que constituiriam um mundo inteligível, e,
orientando-se, apenas, pelas suas inclinações e não visto que confundiam (o que era de desculpar a uma
pela “voz do dever” e sem “ouvir a razão”. época ainda inculta) fenômeno e aparência, atribuíram
IV. Com a passagem do estado de natureza para o realidade unicamente aos seres inteligíveis. De fato, se,
estado civil, o homem passa a agir baseado em como convém, considerarmos os objetos dos sentidos
princípios da justiça e da moralidade, orientando-se como simples fenômenos, admitimos assim que lhes
antes pela razão do que pelas inclinações. está subjacente uma coisa em si, embora não saibamos
V. Com a passagem do estado de natureza para o como ela é constituída em si mesma, mas apenas
estado civil, o homem obtém vantagens que o faz conheçamos o seu fenômeno, isto é, a maneira como

53
FILOSOFIA

os nossos sentidos são afetados por este algo antiguidade se preocupavam basicamente com os
desconhecido”. problemas do ser e do não ser, da permanência e do
Kant. movimento, da unidade e da multiplicidade das ideias e
Sobre a teoria do conhecimento kantiana, conforme o das coisas. Já para o pensador medieval, o problema
texto acima, seguem as seguintes afirmativas: principal era a conciliação entre fé e razão. No
Renascimento, surgem as seguintes grandes
I. Desde sempre, os filósofos atribuíram realidade tanto modificações:
aos seres sensíveis quanto aos seres inteligíveis. a) a união entre fé e razão, o fideísmo e o positivismo.
II. Podemos conhecer, em relação às coisas em si b) a união entre fé e razão, o teocentrismo e o
mesmas, apenas seu fenômeno, ou seja, a maneira interesse pela moral.
como elas afetam nossos sentidos. c) a valorização da fé em detrimento da razão, o
III. Porque podemos conhecer apenas seus fenômenos, cosmocentrismo e o fideísmo.
as coisas em si mesmas não têm realidade. d) a separação entre fé e razão, o antropocentrismo e o
IV. Os filósofos anteriores a Kant não diferenciavam interesse pelo saber ativo.
fenômeno de aparência, e, assim, consideravam
que o fenômeno não era real. 73. (Uel 2011) Leia o texto a seguir.
V. As intuições puras da sensibilidade e os conceitos
puros do entendimento incidem apenas em objetos Francis Bacon, em sua obra Nova Atlântida,
de uma experiência possível; sem as primeiras, os imagina uma utopia tecnocrática na qual o sofrimento
segundos não têm significação. humano poderia ser removido pelo desenvolvimento e
pelo aperfeiçoamento do conhecimento científico, o
Das afirmativas feitas acima qual permitiria uma crescente dominação da natureza
a) apenas II e IV estão corretas. e um suposto afastamento do mito. Na obra Dialética
b) apenas II, IV e V estão corretas. do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer defendem
c) apenas II, III, IV e V estão corretas. que o projeto iluminista de afastamento do mito foi
d) todas as afirmativas estão corretas. convertido, ele próprio, em mito, caindo no
e) todas as afirmativas estão incorretas. dogmatismo e em numa forma de mitologia. O
progresso técnico-científico consiste, para Adorno e
71. (Uncisal 2011) No século XVIII, o filósofo Emanuel Horkeheimer, no avanço crescente da racionalidade
Kant formulou as hipóteses de seu idealismo instrumental, a qual é incapaz de frear iniciativas que
transcendental. Segundo Kant, todo conhecimento afrontam a moral, como foram, por exemplo, os
logicamente válido inicia-se pela experiência, mas é campos de concentração nazistas.
construído internamente por meio das formas a priori
da sensibilidade (espaço e tempo) e pelas categorias Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
lógicas do entendimento. Dessa maneira, para Kant, desenvolvimento técnico-científico, é correto afirmar:
não é o objeto que possui uma verdade a ser conhecida a) Bacon pensava que o incremento da racionalidade
pelo sujeito cognoscente, mas sim o sujeito que, ao instrumental aliviaria as causas do sofrimento
conhecer o objeto, nele inscreve suas próprias humano, apesar de a razão, a longo prazo, sucumbir
coordenadas sensíveis e intelectuais. De acordo com a novamente ao mito.
filosofia kantiana, pode-se afirmar que b) Adorno e Horkheimer concordavam que o progresso
a) a mente humana é como uma “tabula rasa”, uma científico não consegue superar o mito, mas se torna
folha em branco que recebe todos os seus um tipo de concepção mítica incapaz de discriminar
conteúdos da experiência. o que é certo do que é errado moralmente.
b) os conhecimentos são revelados por Deus para os c) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente
homens. avanço da racionalidade instrumental consistia num
c) todos os conhecimentos são inatos, não dependendo incremento da capacidade humana de avaliar
da experiência. moralmente.
d) Kant foi um filósofo da antiguidade. d) Bacon apontava que o aumento da capacidade de
e) para Kant, o centro do processo de conhecimento é domínio do homem sobre a natureza conduziria os
o sujeito, não o objeto. seres humanos a uma forma de dogmatismo.
e) Tanto Adorno e Horkheimer quanto Bacon viam o
72. (Ueg 2011) Conhecimento é a relação que se progresso técnico e científico como a solução para
estabelece entre o sujeito cognoscente e um objeto. Na os sofrimentos humanos e para as incertezas morais
Grécia antiga não havia fragmentação do humanas.
conhecimento, e pensar sobre um assunto envolvia a
totalidade dos outros. Os filósofos gregos da

54
FILOSOFIA

74. (Uema 2011) A palavra ideologia, criada por


Destutt de Tracy (1754-1836), significa estudo da 76. (Uenp 2011) A palavra utopia, originalmente
gênese e do desenvolvimento das ideias. Com Karl elaborada por Tomas More, tem seu significado
Marx, o termo ideologia adquiriu um significado crítico derivado do grego e corresponde a “não lugar”, ou
e negativo. Identifique, nas opções abaixo, a única que “lugar que não existe”. Analise as proposições a seguir:
contém informação correta sobre a concepção de Marx
sobre ideologia. I. As utopias, embora alguns as considerem como
a) Conjunto de ideias que apresenta a sociedade narrativas fantásticas, trazem no seu bojo uma
dividida em duas classes, dominantes e dominados, profunda crítica social, na medida em que sugerem
visando à conscientização dos indivíduos. uma filosofia das ausências.
b) Conjunto de ideias que mostra a totalidade da II. Tomas More foi um grande humanista, um dos
realidade, levando os indivíduos a compreenderem- primeiros filósofos a criticar a propriedade privada e
na em si mesma. a defender um modelo mais igualitário de
c) Conjunto de ideias que dissimula e oculta a organização social.
realidade, mostrando-a de maneira parcial e III. Existe uma série de “utopias” anteriores à de Tomas
distorcida em relação ao que de fato é. More, como o Timeu do Platão, e outras posteriores
d) Conjunto de ideias que esclarece de forma como Cidade do Sol (1623) de Tommasio
contundente a realidade, mostrando que apenas Campanella, a Nova Atlântida (1627) de Francis
pessoas da classe dominante podem governar. Bacon, a Panorthosia (1657) de Comenius e o
e) Conjunto de ideias que estimula a classe dominada a Complemento à Nova Atlântida de Glanvill (1675).
alcançar o poder. IV. A contemporaneidade também produz utopias. Elas
estão voltadas para o futuro, propõem
75. (Ufpa 2011) “Em minha opinião, o voto livre deve transformações radicais e revoluções, para a
ser defendido por razões filosóficas. (...) Ao tornar o construção de “novos mundos”, como é o caso do
voto obrigatório, de algum modo é reduzido o grau de marxismo ou do anarquismo.
liberdade que existe por trás da decisão espontânea do Estão corretas as afirmativas:
cidadão de ir à seção eleitoral e escolher um candidato. a) Apenas I e IV.
Podemos afirmar que o voto obrigatório, constrangido b) Apenas III e IV.
pela lei, não é moral se comparado ao sufrágio livre, c) Apenas II e III.
resultado da deliberação de um sujeito autônomo. E, d) I, II, III e IV.
para Kant, há uma identidade entre ser livre e ser e) Apenas I, II e III.
moral.”
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(Disponível em Texto III
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/heliosch
wartsman/ult510u356288.shtml. Texto adaptado) 90 milhões em ação, pra frente, Brasil, do meu coração.
Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, salve a seleção.
O autor do texto se manifesta contrário ao voto De repente é aquela corrente pra frente.
obrigatório e justifica sua posição tendo por base a Parece que todo o Brasil deu a mão.
Ética kantiana. Todos ligados na mesma emoção.
Tudo é um só coração.
Do ponto de vista de Kant, o individuo ao votar Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, Brasil,
constrangido pela lei não age moralmente porque Salve a seleção.
a) a ação praticada não foi livre, na medida em que (Canção: Pra frente Brasil/ Copa 1970. Autor: Miguel
uma ação verdadeiramente livre deve visar à Gustavo)
felicidade do indivíduo e não ao interesse do Estado.
b) é forçado, sem aprovação de sua vontade, a praticar 77. (Uel 2011) 90 milhões em ação, pra frente, Brasil,
um ato cujo móbil não é o princípio do dever moral. do meu coração.
c) o seu voto não foi fruto de uma escolha consciente, Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, salve a seleção.
mas sim motivado por ideologias partidárias. De repente é aquela corrente pra frente.
d) sua ação foi praticada por imposições do Estado e Parece que todo o Brasil deu a mão.
favorece candidatos desonestos, que podem Todos ligados na mesma emoção.
comprar votos. Tudo é um só coração.
e) agiu por imposição da lei jurídica e não da lei moral, Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, Brasil,
que requer que sua escolha esteja comprometida Salve a seleção.
com interesses externos ao sujeito. (Canção: Pra frente Brasil/ Copa 1970. Autor: Miguel

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FILOSOFIA

Gustavo) c) O direito dos homens a todas as coisas não tem


como consequência necessária a guerra de todos
Na obra “Resposta à questão: o que é o contra todos.
esclarecimento?”, d) A origem do poder nada tem a ver com as noções de
Kant discute conceitos como uso público e privado da estado de guerra e estado de natureza.
razão e a superação da menoridade.
À luz do pensamento kantiano, o fenômeno 79. (Ufu 2011) [...] O estado de guerra é um estado de
contemporâneo do uso político dos eventos esportivos inimizade e destruição [...] nisto temos a clara
a) torna o indivíduo dependente, já que a sua diferença entre o estado de natureza e o estado de
menoridade impede o esclarecimento e a guerra, muito embora certas pessoas os tenham
confundido, eles estão tão distantes um do outro [...].
possibilidade de pensar por si próprio.
b) forma o indivíduo autônomo, uma vez que amplia a
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São
sua capacidade de fazer uso da própria razão para Paulo: Ed. Abril Cultural, 1978.
agir autonomamente.
c) impede que o indivíduo pense de forma restrita, Leia o texto acima e assinale a alternativa correta.
pois, mesmo estando cercado por tutores, a) Para Locke, o estado de natureza é um estado de
facilmente rompe com a menoridade. destruição, inimizade, enfim uma guerra “de todos
d) proporciona esclarecimento político das massas, pois os homens contra todos os homens”.
tais eventos promovem o aprendizado crítico b) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde
mediante a afirmação da ideia de nacionalidade. com o estado de guerra.
e) confere liberdade às massas para superar a c) Segundo Locke, para compreendermos o poder
político, é necessário distinguir o estado de guerra
dependência gerada pela aceitação da tutela de do estado de natureza.
outrem. d) Uma das semelhanças entre Locke e Hobbes está no
fato de ambos utilizarem o conceito de estado de
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: natureza exatamente com o mesmo significado.
Os filósofos contratualistas elaboraram suas teorias
sobre os fundamentos ou origens do poder do Estado a 80. (Uel 2010) A obra de Galileu Galilei está
partir de alguns conceitos fundamentais tais como, a indissoluvelmente ligada à revolução científica do
soberania, o estado de natureza, o estado civil, o século XVII, a qual implicou uma “mutação” intelectual
radical, cujo produto e expressão mais genuína foi o
estado de guerra, o pacto social etc.
desenvolvimento da ciência moderna no pensamento
ocidental. Neste sentido, destacam-se dois traços
entrelaçados que caracterizam esta revolução
78. (Ufu 2011) Com base em seus conhecimentos e no inauguradora da modernidade científica: a dissolução
texto abaixo, assinale a alternativa correta, segundo da ideia greco-medieval do Cosmos e a geometrização
Hobbes. do espaço e do movimento.

[...] a condição dos homens fora da sociedade (KOYRÉ, A. Estudos Galilaicos. Lisboa: Dom Quixote,
civil (condição esta que podemos adequadamente 1986. pp. 13-20; KOYRÉ, A. Estudos de História do
chamar de estado de natureza) nada mais é do que Pensamento Científico. Brasília, Editora UnB, 1982. pp.
152-154.).
uma simples guerra de todos contra todos na qual
todos os homens têm igual direito a todas as coisas;
Com base no texto e nos conhecimentos sobre as
[...] e que todos os homens, tão cedo chegam a características que marcam revolução científica no
compreender essa odiosa condição, desejam [...] pensamento de Galileu Galilei, assinale a alternativa
libertar-se de tal miséria. correta.
a) A dissolução do Cosmos representa a ruptura com a
HOBBES, Thomas, Do Cidadão, Ed. Martins Fontes, ideia do Universo como sistema imutável,
1992. heterogêneo, hierarquicamente ordenado, da física
a) O estado de natureza não se confunde com o estado aristotélica.
de guerra, pois este é apenas circunstancial ao passo b) A crença na existência do Cosmos, na física
aristotélica, se situa na concepção de um Universo
que o estado de natureza é uma condição da
aberto, indefinido e até infinito, unificado e
existência humana. governado pelas mesmas leis universais.
b) A condição de miséria a que se refere o texto é o c) Contrária à concepção tradicional de ciência de
estado de natureza ou, tal como se pode orientação aristotélica, a física galilaica distingue e
compreender, o estado de guerra. opõe os dois mundos do Céu e da Terra e suas
respectivas leis.
d) A geometrização do espaço e do movimento, na
física galilaica, aprimora a concepção matemática do

56
FILOSOFIA

Universo cósmico qualitativamente diferenciado e distintamente à nossa inteligência a ponto de excluir


concreto da física aristotélica. qualquer possibilidade de dúvida.
e) A física galilaica identifica o movimento a partir da
(REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: Do
concepção de uma totalidade cósmica, em cuja
ordem cada coisa possui um lugar próprio conforme humanismo a Descartes.
sua natureza. Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2004. p.
289.)
81. (Unicentro 2010) “A filosofia encontra-se escrita
neste grande livro que continuamente se abre perante Após a leitura do texto acima, assinale a alternativa
nossos olhos (isto é, o Universo). Ele está escrito em correta.
língua matemática, os caracteres são triângulos, a) A evidência, apesar de apreciada por Descartes,
circunferências e outras figuras geométricas. Sem estes permanece uma noção indefinível.
meios, é impossível entender humanamente as b) A evidência é a primeira regra do método cartesiano,
palavras; sem eles nós vagamos perdidos dentro de um mas não é o princípio metódico fundamental.
obscuro labirinto.” c) Ideias claras e distintas são o mesmo que ideias
evidentes.
(GALILEU. Apud. COTRIM. Fundamentos da filosofia: d) A evidência não é um princípio do método
história e grandes temas. 16ª Ed., São Paulo: Saraiva, cartesiano.
2006 - p.133.)
83. (Uel 2010) Observe a tira e leia o texto a seguir:
De acordo com o texto acima, e com seus
conhecimentos sobre a ciência da natureza em Galileu,
assinale a alternativa correta.
a) De acordo com os princípios de sua ciência, Galileu
depositava grande crédito no método indutivo, pois
este possuiria melhor alcance nos resultados da
investigação da natureza.
b) O passo decisivo da física galileana concentrava-se
na realização de experimentos para comprovar uma
tese, sem a necessidade de recorrer às elaborações
Mas há um enganador, não sei quem,
do raciocínio matemático.
sumamente poderoso, sumamente astucioso que, por
c) Quanto ao “movimento”, Galileu seguiu as teorias de
indústria, sempre me engana. Não há dúvida, portanto,
Aristóteles que distinguia o movimento qualitativo
de que eu, eu sou, também, se me engana: que me
do movimento quantitativo, para considerar toda
engane o quanto possa, nunca poderá fazer, porém,
mudança apenas do ponto de vista qualitativo
que eu nada seja, enquanto eu pensar que sou algo. De
(corpos pesados ou leves).
sorte que, depois de ponderar e examinar
d) Um dos aspectos centrais da ciência da natureza em
cuidadosamente todas as coisas é preciso estabelecer,
Galileu está na realização de experimentos com o
finalmente, que este enunciado eu, eu sou, eu, eu
auxílio indispensável da matemática, pois, para ele, a
existo é necessariamente verdadeiro, todas as vezes
matemática é o meio instrumental capaz de
que é por mim proferido ou concebido na mente.
enunciar e traduzir as regularidades observadas nos
fenômenos naturais.
(DESCARTES, R. Meditações sobre Filosofia Primeira.
e) O que dá validade científica aos processos
Tradução, nota prévia e revisão de Fausto Castilho.
intelectuais de Galileu é que os resultados de suas
Campinas: Unicamp, 2008, p. 25.)
pesquisas jamais precisariam ser submetidos à
comprovação empírica, bastando, apenas, se
Com base na tira e no texto, sobre o cogito cartesiano,
localizarem no campo da abstração.
é correto afirmar:
a) A existência decorre do ato de aparecer e se
82. (Ufu 2010) Em O Discurso sobre o método,
apresenta independente da essência constitutiva do
Descartes afirma:
ser.
b) A existência é manifesta pelo ato de pensar que, ao
Não se deve acatar nunca como verdadeiro trazer à mente a imagem da coisa pensada, assegura
aquilo que não se reconhece ser tal pela evidência, ou a sua realidade.
seja, evitar acuradamente a precipitação e a c) A existência é concebida pelo ato originário e
prevenção, assim como nunca se deve abranger entre imaginativo do pensamento, o qual impede que a
nossos juízos aquilo que não se apresente tão clara e realidade seja mera ficção.

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FILOSOFIA

d) a existência é a plenitude do ato de exteriorização meu poder, segundo leis previamente estabelecidas.
dos objetos, cuja integridade é dada pela Somente a ti não te prendem laços, exceto tu mesmo,
manifestação da sua aparência. segundo a vontade que te concedo”.
e) A existência é a evidência revelada ao ser humano
pelo ato próprio de pensar. Marque a sentença que expressa ideais do Humanismo
Renascentista e que é mais adequada ao pensamento
84. (Ufsj 2010) “Galileu e seus sucessores, atirando de Picco della Mirandola.
objetos de alturas para o solo, e fazendo rolar esferas
sobre planos inclinados, contrastavam nitidamente
seus métodos com a anterior e habitual especulação a) O ser humano é inacabado e livre e por isso pode se
inspirada na Metafísica Aristotélica. Achavam-se, pois, aperfeiçoar.
abertamente em jogo os procedimentos adequados b) A imperfeição impede o aperfeiçoamento do ser
para a elaboração do Conhecimento. E era preciso não humano.
somente determinar esses procedimentos, mas trazer a c) A imperfeição humana o impede de ser livre.
sua justificação e reeducar-se na condução dos novos d) A liberdade impede o aperfeiçoamento humano.
métodos. Tanto mais que tais métodos iam chocar-se e) Somente se fosse perfeito é que o ser humano seria
em última instância com preconceitos profundamente livre.
implantados em concepções tradicionais que traziam o
poderoso selo de convicções religiosas. As 86. (Uenp 2010) A cidade inteira se divide em quatro
necessidades do momento levavam assim os homens quarteirões iguais. No centro de cada quarteirão,
de pensamento a se deterem atentamente nos encontra-se o mercado das coisas necessárias à vida.
problemas do Conhecimento. O que, afora as estéreis São depositados aí os diferentes produtos do trabalho
manipulações verbais a que se reduzira a Lógica formal de todas as famílias. Esses produtos, depositados
clássica, praticamente já não detinha a atenção de primeiramente nos entrepostos, são em seguida
ninguém”. classificados nas lojas de acordo com sua espécie. Cada
pai de família vai procurar no mercado aquilo de que
Assinale a alternativa que expressa o problema central tem necessidade para si e os seus. Tira o que precisa
desse fragmento de texto. sem que seja exigido dele nem dinheiro nem troca.
a) A tentativa dos modernos em empreender uma nova Jamais se recusa alguma coisa aos pais de família. A
metodologia para a Ciência e para a Filosofia. abundância sendo extrema, em todas as coisas, não se
b) A iminente necessidade de se praticar uma Filosofia teme que alguém tire além de sua necessidade. De
conduzida por novos métodos e técnicas de fato, aquele que tem a certeza de que nada faltará
aprimoramento da metafísica aristotélica. jamais, não procurará possuir mais do que é preciso. O
c) A grande emergência de se fazer uma total que torna, em geral, os animais cúpidos e rapaces, é o
integração da Filosofia com a Ciência através de uma temor das privações no futuro. No homem, em
tentativa de equiparação dos seus métodos. particular, existe uma outra causa de avareza - o
d) A constatação de que a Filosofia passaria a assumir o orgulho, que o excita a ultrapassar em opulência os
comprometimento com as questões relativas ao seus iguais e a deslumbrá-los pelo aparato de um luxo
problema da retórica aristotélica bem como do supérfluo. Mas as instituições utopianas tornam este
conhecimento teológico. vício impossível.
Thomas Morus.Utopia. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000070.pdf.
85. (Uff 2010) O italiano Picco della Mirandola foi um
importante filósofo humanista do Renascimento dos
Sobre, de Thomas Morus, é incorreto afirmar:
séculos XV e XVI. Seu livro Sobre a Dignidade do
a) Thomas Morus se inspira na República de Platão para
Homem enaltece a importância do ser humano e narra
escrever a Utopia. De um modo geral, o movimento
um mito da criação do homem. Segundo o autor,
filosófico ao qual pertencia Morus, o humanismo, é
quando decidiu criar o ser humano, o criador já havia
caracterizado pela retomada dos temas da filosófica
utilizado na criação dos outros seres todos os modelos
grega antiga.
e qualidades de que dispunha. Então, o criador falou
b) O texto de Thomas Morus é de caráter
assim a Adão:
contraideológico. Isso significa que a Utopia, além de
“Se não te conferi um lugar fixo, uma forma que te
significar “o não lugar, o lugar que não existe”, era
fosse própria e um dom especial, Adão, foi para que tu
uma profunda crítica ao contexto histórico e social
mesmo, escolhendo segundo teu desejo e tua
em que vivia o autor.
determinação o lugar, a forma e o dom que quiseres,
c) Não é possível afirmar que no texto da Utopia exista
possas fazê-los teus. Todos os outros seres receberam
qualquer crítica à propriedade privada, que teria
uma natureza rigidamente definida e ficaram sob o

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FILOSOFIA

início apenas na contemporaneidade com o a) a alma é como uma tábula rasa (uma tábua onde
marxismo. não há inscrições), ou seja, o conhecimento só
d) A Utopia, na medida em que descreve uma começa depois da experiência sensível.
sociedade justa, indica que ela deveria ter leis pouco b) o que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do
numerosas e as riquezas repartidas. que pode ser alcançado pela experiência é o hábito
e) Na Utopia de Morus existe condenação explícita ao criado através da observação de casos semelhantes.
luxo e às vaidades, pois estes levam a um falso c) “saber é poder”, ou seja, o conhecimento não é
prazer, incitando a desigualdade e a falsa contemplativo e desinteressado, mas sim um saber
superioridade. instrumental, direcionado para a utilidade da ciência
para a vida.
87. (Uel 2010) Leia o texto a seguir: d) as ideias claras e distintas são ideias inatas, não
derivam do particular, mas já se encontram no
O principal argumento humeano contra a espírito. Por isso, não estão sujeitas ao erro, pois
explicação da inferência causal pela razão era que este vêm da razão, isto é, são independentes das ideias
tipo de inferência dependia da repetição, e que a que vêm “de fora”, formadas pela ação dos sentidos.
faculdade chamada “razão” padecia daquilo que se e) o positivismo corresponde à maturidade do espírito
pode chamar uma certa “insensibilidade à repetição”, humano. O reino da ciência é o reino da
ou seja, uma certa indiferença perante a experiência necessidade. No mundo da necessidade, não há
repetida. Em completo contraste com isso, o princípio lugar para a liberdade.
defendido por nosso filósofo, um princípio para
designar o qual propôs os nomes de “costume ou 89. (Uel 2010) Leia o texto a seguir:
hábito”, foi concebido como uma disposição humana
caracterizada pela sensibilidade à repetição, podendo Como determinamos as regras do que é certo
assim ser considerado um princípio adequado à ou errado? Immanuel Kant (1724-1804) responde a
explicação dos raciocínios derivados de experiências essa pergunta da seguinte forma: é moralmente
repetidas. correta a ação que está de acordo com determinadas
regras do que é certo, independente da felicidade
(MONTEIRO, J. P. Novos Estudos Humeanos. São Paulo: resultante a um ou a todos. Kant não propõe uma lista
Discurso Editorial, 2003, p. 41) de regras com conteúdo previamente determinado -
como é o caso dos mandamentos religiosos, por
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o exemplo -, mas formula uma regra para averiguar a
empirismo, é correto afirmar que Hume correção da máxima que orienta nossa ação. Essa regra
a) atribui importância à experiência como fundamento de averiguação é chamada imperativo categórico [...]
do conhecimento dedutivo obtido a partir da
inferência das relações causais na natureza. (BORGES, M. de L.; DALL’AGNOL, D.; DUTRA, D. V. O
b) corrobora a afirmação de que a experiência é que você precisa saber sobre... Ética. Rio de Janeiro:
insuficiente sem o uso e a intervenção da razão na DP&A, 2002, p.15.)
demonstração do nexo causal existente entre os
fenômenos naturais. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
c) confere exclusividade à matemática como condição Imperativo Categórico kantiano, é correto afirmar:
de fundamentação do conhecimento acerca dos
fenômenos naturais, pois, empiricamente, constata I. Constitui um princípio formal dado pela razão que
que a natureza está escrita em caracteres visa à discriminação das máximas de ação, com a
matemáticos. pretensão de verificar quais podem, efetivamente,
d) demonstra que as relações causais obtidas pela enquadrar-se numa legislação universal.
experiência representam um conhecimento guiado II. Representa a capacidade de a razão prática, do
por hábitos e costumes e, sobretudo, pela crença de ponto de vista a priori, fornecer à vontade humana
que tais relações serão igualmente mantidas no um dever incondicional com pretensão de
futuro. universalidade e de necessidade.
e) evidencia a importância do racionalismo, sobretudo III. Compreende um princípio teleológico construído a
as ideias inatas que atestam o nexo causal dos partir da concepção valorativa do “bem viver” e que
fenômenos naturais descobertos pela experiência. se impõe, como condição absoluta, na realização de
ações e comportamentos das pessoas em geral.
88. (Unicentro 2010) Assinale a alternativa correta. IV. Abrange a sabedoria prática, como condição inata
Para David Hume (1711-1776), de o ser humano deliberar e proceder, sempre de
forma semelhante em relação às demais pessoas,

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FILOSOFIA

no quesito das ações que envolvem virtude e 91. (Ueg 2010) Nos séculos XVII e XVIII, ganharam
prudência. força as teorias contratualistas, cujo principal
questionamento é o fundamento racional do poder
Assinale a alternativa correta. soberano. Filósofos como Thomas Hobbes, John Locke,
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. Jean-Jacques Rousseau tinham igual propósito de
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. investigar a origem do Estado. Esses pensadores
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. partem da hipótese do estado de natureza e imaginam
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. as pessoas vivendo antes de qualquer sociabilidade.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. Thomas Hobbes, advertindo que a guerra era inevitável
no estado natural, conclui que a única maneira de
90. (Uenp 2010) “Ora, propondo-me publicar, um dia, garantir a paz seria a delegação de um poder ilimitado
uma Metafísica dos costumes, faço-a preceder deste ao soberano. Por defender tais princípios, Hobbes ficou
opúsculo que lhe serve de fundamentação. Decerto conhecido como o teórico do
não há, um rigor, outro fundamento em que da possa a) neoliberalismo.
assentar, de não seja a Crítica de uma razão pura b) absolutismo.
prática, do mesmo modo que, para fundamentar a c) liberalismo.
Metafísica, se requer a Crítica da razão pura d) socialismo.
especulativa por mim já publicada.
Mas, em parte, a primeira destas Críticas não é de tão 92. (Unioeste 2010) “Para bem compreender o poder
extrema necessidade como a segunda, porque em político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar
matéria moral a razão humana, mesmo entre o comum em que estado todos os homens se acham
dos mortais, pode ser facilmente levada a alto grau de naturalmente, sendo este um estado de perfeita
exatidão e de perfeição, ao passo que no seu uso liberdade para ordenar-lhes as ações e regular-lhes as
teorético, mas puro, da é totalmente dialética; e, em suas posses e as pessoas conforme acharem
parte, no que concerne à Crítica de uma razão pura conveniente, dentro dos limites da lei da natureza, sem
prática, para que ela seja completa, reputo pedir permissão ou depender da vontade de qualquer
imprescindível que se mostre ao mesmo tempo a outro homem. [...] Estado também de igualdade, no
unidade da razão prática e da razão especulativa num qual é recíproco qualquer poder e jurisdição, ninguém
princípio comum; pois que, em última instância, só tendo mais do que qualquer outro […]. Contudo,
pode haver uma e a mesma razão, e só na aplicação embora seja um estado de liberdade, não o é de
desta há lugar para distinções. Ora, não me seria licenciosidade; apesar de ter o homem naquele estado
possível aqui realizar um trabalho tão esmiuçado e liberdade incontrolável de dispor da própria pessoa e
completo, sem introduzir considerações de ordem posses, não tem a de destruir-se a si mesmo ou a
inteiramente diferente e sem lançar a confusão no qualquer criatura que esteja em sua posse, senão
ânimo do leitor. Por isso, em vez de dar a este livrinho quando uso mais nobre do que a simples conservação o
o título de Crítica da razão pura prática, denominei-o exija. O estado de natureza tem uma lei de natureza
Fundamentação da Metafísica dos costumes.” para governá-lo, que a todos obriga. [...] E para impedir
a todos os homens que invadam os direitos dos outros
(Kant, Fundamentação da metafísica dos costumes, e que mutuamente se molestem, e para que se observe
1785) a lei da natureza, que importa na paz e na preservação
de toda a Humanidade, põe-se, naquele estado, a
Sobre a filosofia moral de Kant, é correto afirmar que: execução da lei da natureza nas mãos de todos os
a) Kant pretende construir uma filosofia moral homens, mediante a qual qualquer um tem o direito de
particularista que parte da conduta e da ação castigar os transgressores dessa lei em tal grau que lhe
individual. impeça a violação, pois a lei da natureza seria vã, como
b) A proposta kantiana de ética passa pelo conceito de quaisquer outras leis que digam respeito ao homem
imperativo categórico que pode ser reduzido na neste mundo, se não houvesse alguém nesse estado de
seguinte assertiva: age de tal forma, que a máxima natureza que não tivesse poder para pôr em execução
de sua ação possa ser universal. aquela lei e, por esse modo, preservasse o inocente e
c) Kant usava suas concepções éticas para justificar as restringisse os ofensores.” (Locke)
dominações políticas dos povos não europeus.
d) A ética kantiana é relativista, como a dos sofistas Considerando o texto citado, é correto afirmar,
combatidos por Sócrates na antiguidade clássica. segundo a teoria política de Locke, que
e) O que constitui o bem de uma vontade boa e aquilo a) o estado de natureza é um estado de perfeita
que ela efetivamente alcança. concórdia e absoluta paz, tendo cada indivíduo
poder ilimitado para realizar suas ações como bem

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FILOSOFIA

lhe convier, sem nenhuma restrição de qualquer lei, aconteceu, dissolveram-se os últimos vestígios do
seja ela natural ou civil. universo aristotélico. A matemática tornou-se uma
b) concebido como um estado de perfeita liberdade e ferramenta cada vez mais essencial para as ciências
de igualdade, o estado de natureza é um estado de físicas.
absoluta licenciosidade, dado que, nele, o homem A visão do universo adotada por Galileu —
tem a liberdade incontrolável para dispor, a seu morto em 1642, ano do nascimento de Isaac Newton —
belprazer, de sua própria pessoa e de suas posses. baseava-se na observação, na experimentação e numa
c) pela ausência de um juiz imparcial, no estado de generosa aplicação da matemática. Uma atitude de
natureza todos têm igual direito de serem certa forma diferente daquela adotada por seu
executores, a seu modo, da lei da natureza, o que o contemporâneo mais jovem, René Descartes,que
caracteriza como um estado de guerra generalizada começou a formular uma nova concepção filosófica do
e de violência permanente. universo, que viria a destruir a antiga visão escolástica
d) no estado de natureza, pela ausência de um juiz medieval.
imparcial, todos e qualquer um, julgando em causa Em 1687, Newton publicou os Principia, cujo
própria, têm o “direito de castigar os transgressores” impacto foi imenso. Em um único volume, reescreveu
da lei da natureza, de modo que este estado seja de toda a ciência dos corpos em movimento com uma
relativa paz, concórdia e harmonia entre todos. incrível precisão matemática. Completou o que os
e) no estado de natureza, todos os homens físicos do fim da Idade Média haviam começado e que
permanentemente se agridem e transgridem os Galileu tentara trazer à realidade. As três leis do
direitos civis dos outros. movimento, de Newton, formam a base de todo o seu
trabalho posterior.
93. (Ufpa 2010) Em O Contrato Social, após reconhecer
as vantagens da instituição do estado civil, Rousseau Ronan Colin A.. História ilustrada da ciência: da
afirma a necessidade de se acrescentar à aquisição Renascença à revolução científica. São Paulo: Círculo do
deste estado a liberdade moral, pois só assim o homem Livro, s/d, p. 73, 82-3 e 99 (com adaptações).
torna-se senhor de si mesmo.
Com base nessa concepção, é correto afirmar:
a) O estado civil é o único em que o homem pode viver 95. (Unb 2010) Os trabalhos de Aristóteles e Galileu
em liberdade. representam dois momentos marcantes do
b) No estado de natureza, todos os homens viviam em desenvolvimento das ciências naturais no Ocidente.
situação de escravidão moral. Assinale a opção que sintetiza corretamente as
c) Na vida civil, os impulsos imorais do homem se contribuições de cada um deles para a história da
acomodam incondicionalmente às regras do Estado ciência.
de Direito. a) Aristóteles produziu conhecimento acerca do
d) Não devemos situar em um mesmo plano civilidade universo de modo empírico e experimental, ao passo
e moralidade. que Galileu defendeu o uso da matemática como
e) Estado, lei e liberdade são uma só e mesma coisa. ferramenta de descoberta, relegando a lógica a uso
apenas argumentativo.
94. (Ueg 2010) Hegel, prosseguindo na árdua tarefa de b) O conhecimento de Aristóteles acerca do universo
unificar o dualismo de Kant, substituiu o eu de Fichte e era especulativo, embasado na lógica que ele
o absoluto de Schelling por outra entidade: a ideia. A mesmo criara, diferentemente do conhecimento de
ideia, para Hegel, deve ser submetida necessariamente Galileu, que defendia o uso da matemática como
a um processo de evolução dialética, regido pela ferramenta de descoberta, relegando a lógica a uso
marcha triádica da apenas argumentativo.
a) experiência, juízo e raciocínio. c) A despeito de diferenças quanto à percepção do
b) realidade, crítica e conclusão. universo, como heliocêntrico ou geocêntrico, tanto
c) matéria, forma e reflexão. Galileu quanto Aristóteles atribuíam à lógica o poder
d) tese, antítese e síntese. de desvelar relações de causalidade entre os
fenômenos naturais.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: d) O conhecimento de Aristóteles acerca do universo
Do princípio do século XVII ao fim do século era empírico, e o de Galileu, contemplativo,
XVIII, 1o aspecto geral do mundo natural 2alterou-se de diferindo ambos quanto ao grau de manipulação dos
tal forma que Copérnico teria ficado pasmo. A fenômenos naturais na construção dos conceitos
revolução que ele iniciara desenvolveu-se tão rápido e científicos.
de modo tão amplo que não só a astronomia se
transformou, mas também a física. Quando isso

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FILOSOFIA

96. (Uel 2009) [...] chamamos esses lugares de regiões tem a percepção de todas as coisas como realidades
superiores. [...] Tais torres, conforme sua altura e espaciais e temporais. Assim, o espaço e o tempo
posição, servem para experimentos de isolamento, existem em nossa razão antes e sem a experiência. O
refrigeração e conservação, e para as observações conhecimento da realidade como ela é em si, não é
atmosféricas, como o estudo dos ventos, da chuva, da possível, mas pode ser conhecida a forma como ela (a
neve, granizo e de alguns meteoros ígneos. realidade) se apresenta (fenômeno)”.

(BACON, F. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural. De acordo com o texto, assinale a alternativa CORRETA.
1997. P; 246.) a) Espaço e tempo são formas inatas existentes na
razão.
b) A forma universal inata é percebida na experiência.
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre os c) A razão pode conhecer a realidade em si.
subtemas, pode-se afirmar que o pensamento de d) A realidade em si é a forma como ela se apresenta.
Francis Bacon:
a) Reconhece e valoriza o distanciamento da realidade 99. (Pucpr 2009) Rousseau, no texto Sobre a origem e
preconizado pelos autores da escolástica. os fundamentos da desigualdade entre os homens
b) Rejeita a máxima “saber é poder” e compreende a (1755), estabelece que:
ciência como meio de controle sobre os seres a) A invenção da propriedade privada, das sociedades e
humanos. das leis foram acontecimentos que deram origem,
c) Está voltado para o problema do método e para a diversificaram e aprofundaram as formas de
defesa da experimentação. desigualdade.
d) Considera o acesso à verdade como um processo b) A desigualdade natural entre os homens é a principal
que resulta do método dialético e que parte dos razão da desigualdade social e política.
dados gerais para chegar ao particular. c) A desigualdade econômica se deve, sobretudo, à
e) Estrutura, assim como de Platão, sua “utopia inteligência mais aguçada dos ricos.
política”, tendo como base a sociedade organizada d) A invenção da sociedade e das leis nasceu para
em trabalhadores, soldados e governantes. garantir os direitos naturais da vida e da
propriedade.
97. (Ufla 2009) “A razão é uma estrutura vazia, uma e) A invenção da política marcou o fim da desigualdade
forma pura sem conteúdos. Essa estrutura é que é entre senhores e escravos.
universal, a mesma para todos os seres humanos, em
todos os tempos e lugares. Essa estrutura é inata, isto 100. (Uel 2009) Oswald de Andrade, no Manifesto
é, não é adquirida pela experiência. Por ser inata e não Antropofágico, procurou transformar o “bom
depender da experiência para existir, a razão é, do selvagem” de Rousseau num aguerrido selvagem
ponto de vista do conhecimento, anterior à experiência devorador, que digere e transforma a cultura europeia
e independente da experiência. do colonizador, tornando-a parte de sua própria
Os conteúdos que a razão conhece e nos quais ela cultura. Considerando a questão do “bom selvagem”
no pensamento de Rousseau, é correto afirmar.
pensa, dependem da experiência. Sem ela (a
a) A idealização do bom selvagem, no estado de
experiência) a razão seria sempre vazia, inoperante,
natureza, representa a exaltação da animalidade do
nada conheceria. A experiência fornece a matéria (os homem primitivo que, no estado civil, adquire forma
conteúdos) do conhecimento para a razão e essa agressiva.
fornece a forma do conhecimento”. b) A felicidade original do bom selvagem se realiza no
suor de seu trabalho em sua propriedade, de onde
De acordo com o texto, assinale a alternativa CORRETA. retira o necessário para a sua sobrevivência.
a) O conteúdo, a matéria do conhecimento, é inato. c) O homem, degenerado pela civilização, só poderá
b) A estrutura da razão é inata. recuperar a felicidade no estado de natureza com o
c) A estrutura da razão é adquirida por experiência. retorno à vida isolada no meio das florestas.
d) No estado de natureza, o bom selvagem busca
d) A experiência fornece a forma do conhecimento para
satisfazer sua necessidade inata de reconhecimento
a razão. de si e de admiração pelo outro.
e) No estado de natureza, o bom selvagem é
98. (Ufla 2009) “Conhecimento racional é a síntese que autossuficiente e vive isolado, sobrevivendo com o
a razão realiza entre uma forma universal inata e um que a natureza lhe provê e de acordo com suas
conteúdo particular oferecido pela experiência. O que necessidades inatas.
existe como estrutura da razão é anterior à
experiência. Assim, forma é aquilo sem o que não 101. (Ueg 2009) Um dos aspectos mais importantes da
haveria percepção ou captação da experiência. A razão filosofia política de John Locke é sua defesa do direito à
propriedade, que ele considerava ser algo inerente à

62
FILOSOFIA

natureza humana, uma vez que o corpo é nossa b) Os Ídolos do Teatro são todos os grandes atores que
primeira propriedade. De acordo com esta perspectiva, nos influenciam na vida cotidiana.
o Estado deve c) Os Ídolos do Foro são as ideias formadas em nós por
a) permitir aos seus cidadãos ter propriedade ou meio dos nossos sentidos.
propriedades. d) Através dos Ídolos, mesmo considerando que temos
b) garantir que todos os seus cidadãos, sem exceção, a mente bloqueada, podemos chegar à verdade.
tenham alguma propriedade. e) Os Ídolos são falsas noções e retratam os principais
c) garantir aos cidadãos a posse vitalícia de bens. motivos pelos quais erramos quando buscamos
d) fazer com que a propriedade seja comum a todos os conhecer.
cidadãos.
104. (Pucpr 2009) “Ciência e poder do homem
102. (Unioeste 2009) “Supondo que um homem, coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada,
dotado das mais poderosas faculdades racionais, seja frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se não
repentinamente transportado para este mundo; quando se lhe obedece. E o que à contemplação
certamente, notaria de imediato a existência de uma
contínua sucessão de objetos e um evento apresenta-se como causa é regra na prática.”
acompanhado por outro, mas seria incapaz de
descobrir algo a mais. De início, não seria capaz, Fonte: BACON. Novum Organum..., São Paulo: Nova
mediante nenhum raciocínio, de chegar à ideia de Cultural, 1999, p.40.
causa e efeito, visto que os poderes particulares que
realizam todas as operações naturais jamais se revelam Tendo em vista o texto acima, assinale a alternativa
aos sentidos; nem é razoável concluir, apenas porque correta:
um evento em determinado caso precede outro, que a) Bacon estabelece que a melhor maneira de explicar
um é a causa e o outro, o efeito. Esta conjunção pode
os fenômenos naturais é recorrer aos princípios
ser arbitrária e acidental. Não há base racional para
inferir a existência de um pelo aparecimento do outro. inatos da razão.
[...] Todos os eventos parecem inteiramente soltos e b) Através do conhecimento científico, o homem
separados. Um evento segue outro, porém jamais aprende a aceitar o domínio dos princípios
podemos observar um laço entre eles. [...] Não metafísicos de causalidade sobre a natureza.
sentimos escrúpulos de predizer um ao surgir o outro c) O conhecimento da natureza depende do poder do
[...]. Denominamos, então, um dos objetos causa e homem. Assim um rei conhece mais sobre a
outro efeito”. (Hume). natureza do que um pobre estudante.
d) Através da contemplação - observação – da natureza
Segundo a concepção de conhecimento de Hume, é o homem aprende a conhecê-la e, então, reúne
incorreto afirmar que
condições para dominar a natureza.
a) a realidade, embora nos forneça a experiência de
uma sucessão de fatos, não nos revela relações e) Devemos ser práticos e obedecer à natureza, pois o
causais entre eles. conhecimento das relações de causa e efeito é
b) o princípio que fundamenta as relações causais é o impossível e sempre frustrante.
costume ou o hábito.
c) o princípio de causalidade é um princípio lógico e
inerente à própria razão. 105. (Ufu 2009) Em Marx, o conceito de ideologia
d) do fato de o Sol ter nascido todos os dias até hoje designa uma forma de consciência invertida, que
não podemos inferir que ele necessariamente
distorce e encobre as formas de dominação existentes
nascerá amanhã.
e) embora não haja conhecimentos absolutos sobre o nas relações sociais.
mundo, não devemos abandonar a noção de Tomando isso em consideração, marque a alternativa
conhecimento humano. que apresenta corretamente a relação entre os
conceitos de estrutura e superestrutura no
103. (Pucpr 2009) São de quatro gêneros os ídolos que pensamento de Marx.
bloqueiam a mente humana. Para melhor apresentá-
los, assinalamos os nomes: Ídolos da Tribo, Ídolos da a) Marx afirma que a superestrutura projeta
Caverna, Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro.” falsamente as relações sociais de produção como
justas, e que uma sociedade igualitária somente
Fonte: BACON. Novum Organum..., São Paulo: Nova
poderá surgir com a revolução da estrutura
Cultural, 1999, p.33.
econômica da sociedade.
É correto afirmar que para Bacon: b) Marx afirma que a superestrutura jurídica é o
a) Os Ídolos da Tribo e da Caverna são os fundamento da divisão social do trabalho, e que
conhecimentos primitivos que herdamos dos nossos toda revolução deve principiar com a alteração da
antepassados mais notáveis. legislação que regulamenta a atividade econômica.

63
FILOSOFIA

c) Marx afirma que os homens retêm em sua Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
consciência uma imagem transparente das relações pensamento cartesiano, é correto afirmar:
sociais de produção, e que somente a alteração da a) Para Descartes, a proposição “penso, logo existo”
consciência de cada indivíduo pode conduzir à não pode ser considerada como uma proposição
revolução dessas relações sociais de produção. indubitavelmente verdadeira.
d) Marx afirma que a democracia burguesa e os b) Embora seja verdadeira, a proposição “penso, logo
partidos políticos são o motor da história. Logo, toda existo” é uma tautologia inútil no contexto da
revolução social principia no domínio político, que é filosofia cartesiana.
a esfera em que podem se manifestar legitimamente c) Tomando como base a proposição "penso, logo
os conflitos de interesses. existo", Descartes conclui que o que é necessário
para que uma proposição qualquer seja verdadeira é
106. (Uema 2008) O Ceticismo no sentido absoluto que ela enuncie algo que possa ser concebido clara e
consiste em negar, de forma total, a possibilidade do distintamente.
homem em conhecer a verdade. Assim, para o d) Descartes é um filósofo cético, uma vez que afirma
ceticismo absoluto, o homem nada pode afirmar pois que não é possível se ter certeza sobre a verdade de
nada pode conhecer. qualquer proposição.
Com base nessa afirmação, marque a alternativa que e) Tomando como exemplo a proposição "penso, logo
expressa o conceito de Descartes sobre o ceticismo. existo", Descartes conclui que uma proposição
a) Trata-se de uma posição moderada, pois nega qualquer só pode ser considerada como verdadeira
apenas parcialmente a nossa capacidade de se se ela tiver sido provada com base na experiência.
conhecer a verdade.
b) Trata-se de limitar, ao positivamente dado, os fatos 108. (Ueg 2008) Leia o texto abaixo.
imediatos da experiência, fugindo de toda Também não é exagero afirmar que o investimento no
especulação metafísica. pensamento positivo pode ser encarado como uma
c) Trata-se não mais de duvidar por duvidar, mas de forma moderna de escapismo. “Para muitas pessoas,
examinar criteriosamente todas as áreas a fim de isso é uma alívio, pois essas técnicas irão poupá-las do
nelas descobrir elementos sobre os quais possa trabalho de questionar qual o sentido de sua vida, o
recair alguma suspeita. melhor caminho para seguir e a que atividade se deseja
d) Trata-se de um ceticismo, em que é impossível um dedicar”, comenta a filósofa Dulce Cristelli, da PUC-SP.
saber rigoroso. As dúvidas existenciais e o sofrimento dão lugar à
e) Trata-se da certeza de que o juízo humano nunca busca desenfreada pela casa nova, pelo carro de luxo,
concorda com a realidade de que nunca se pode pelo emprego dos sonhos, pelos amores incríveis.
dizer, pois, que esta ou aquela proposição seja
verdadeira. VERONESE, Michelle. Pensamento positivo.
SuperInteressante, São Paulo: Abril, ed. 242, ago. 2007,
p. 63.

107. (Uel 2008) Leia o seguinte texto de Descartes: O pensamento positivo, referido no texto, pode ser
encarado como uma fuga da realidade.
[...] considerei em geral o que é necessário a Contrariamente, para Kant, o homem necessita do
uma proposição para ser verdadeira e certa, pois, como dever para se tornar um ser moral e,
acabara de encontrar uma proposição que eu sabia sê- consequentemente, um ser autônomo. Para Kant, a
lo inteiramente, pensei que devia saber igualmente em máxima do ser que age é:
que consiste essa certeza. E, tendo percebido que nada
há no “penso, logo existo” que me assegure que digo a a) Siga o contrato social, o qual, com teu
verdade, exceto que vejo muito claramente que, para consentimento, tem autoridade e poder sobre ti.
pensar, é preciso existir, pensei poder tomar por regra b) Saiba que a vida virtuosa é agir em conformidade
geral que as coisas que concebemos clara e com a natureza (o cosmo).
distintamente são todas verdadeiras. c) Aja como se a máxima de tua ação devesse servir de
lei universal para todos os seres racionais.
(DESCARTES, R. Discurso do método. Tradução de Elza d) Aspira ao bem e à felicidade que só podem ser
Moreira Marcelina. Brasília: Editora da Universidade de alcançados com a obtenção de propriedades.
Brasília; São Paulo: Ática, 1989. p. 57.)

64
FILOSOFIA

109. (Ufu 2008) Leia atentamente o texto a seguir. a) A luta de classes movimenta a História na medida em
que expressa, no interior da sociedade, o conflito
A partir dessa intuição primeira (a existência entre forças produtivas e meios de produção.
do ser que pensa), que é indubitável, Descartes b) A burguesia constitui o principal motor da História
distingue os diversos tipos de ideias, percebendo que desde a antiguidade, marcando todas as fases do
algumas são duvidosas e confusas e outras são claras e desenvolvimento econômico do mundo ocidental.
distintas. c) Destituído dos meios de produção, o proletariado
tem papel irrelevante na passagem do capitalismo
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando.
para o socialismo.
Introdução à Filosofia.
d) O socialismo caracteriza-se pela inversão das
São Paulo: Moderna, 1993. p. 104. relações sociais de produção, de tal modo que o
proletariado assumirá o papel histórico da
A primeira ideia clara e distinta encontrada por burguesia, e esta o do papel histórico do
Descartes no trajeto das meditações é proletariado.

a) a ideia do cogito (coisa pensante), pois na medida 112. (Uel 2006) “Um povo, portanto, só será livre
em que duvida, aquele que medita percebe que quando tiver todas as condições de elaborar suas leis
existe. num clima de igualdade, de tal modo que a obediência
b) a ideia de coisa extensa, porque tudo aquilo que a essas mesmas leis signifique, na verdade, uma
possui extensão é imediatamente claro e distinto. submissão à deliberação de si mesmo e de cada
c) a ideia de Deus, porque Deus é a primeira realidade a cidadão, como partes do poder soberano. Isto é, uma
interromper o procedimento da dúvida, no qual se submissão à vontade geral e não à vontade de um
lança aquele que se propõe meditar. indivíduo em particular ou de um grupo de indivíduos.”
d) a ideia do gênio maligno, porque somente através
dele Descartes consegue suprimir o processo da (NASCIMENTO, Milton Meira. Rousseau: da servidão à
dúvida radical. liberdade. In: WEFFORT, Francisco. Os clássicos da
política. São Paulo: Ática, 2000. p. 196.)
110. (Ufu 2007) Qual é a diferença entre o conceito de
movimento histórico, em Hegel, e o de processo Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
histórico, em Marx? legitimidade do poder do Estado em Rousseau, é
a) Para Hegel, através do trabalho, os homens vão correto afirmar:
construindo o movimento da produção da vida a) A legislação que rege o Estado deve ser elaborada
material e, assim, o movimento histórico. Para Marx, por um indivíduo escolhido para tal e que se tornará
a consciência determina cada época histórica, o soberano desse Estado.
desenvolvendo o processo histórico. b) A liberdade de uma nação é ameaçada quando se
b) Para Hegel, a História pode sofrer rupturas e ter confere ao povo o direito de discutir a legitimidade
retrocessos, por isso utiliza-se do conceito de das leis às quais está submetido.
movimento da base econômica da sociedade. Marx c) Devido à ignorância e ao atraso do povo, deve-se
acredita que o modo de produção encaminhe para atribuir a especialistas competentes o papel de
um objetivo final, que é a concretização da Razão. legisladores.
c) Para Hegel, a História tem uma circularidade que não d) A legitimidade das leis depende de que as mesmas
permite a continuidade. Para Marx, a História é sejam elaboradas pelo conjunto dos cidadãos,
construída pelo progresso da consciência dos expressão da liberdade do povo.
homens que formam o processo histórico. e) A vontade do monarca, cujo poder é assegurado pela
d) Para Hegel, a História é teleológica, a Razão caminha hereditariedade, deve prevalecer na elaboração das
para o conceito de si mesma, em si mesma. Marx leis às quais se submetem os cidadãos.
não tem uma visão linear e progressiva da História,
sendo que, para ele, ela é processo, depende da 113. (Ufu 2005) Marx, no Prefácio de 1859 de Para a
organização dos homens para a superação das crítica da economia política, afirma que “(...) na
contradições geradas na produção da vida material, produção social da própria vida, os homens contraem
para transformar ou retroceder historicamente. relações determinadas necessárias e independentes de
sua vontade, relações de produção estas que
111. (Ufu 2007) Em relação ao conceito de História e correspondem a uma etapa determinada de
de luta de classes em Marx, marque a alternativa desenvolvimento de suas forças produtivas materiais”.
correta.
Nesse sentido, desenvolve também seu conceito de

65
FILOSOFIA

consciência, que define como sendo determinada valores existenciais tão almejados pela humanidade,
a) pela Filosofia. Assim, é o pensamento filosófico que desde os primórdios da história.
forma as consciências dos homens. II. de alienação, pois os trabalhadores possuem apenas
b) pela produção espiritual dos homens. Assim, é a sua capacidade de trabalhar, que é vendida ao
consciência que determina a produção social da vida capitalista em troca do salário, por isso, a produção
e não a produção social da vida que determina a não pertence ao trabalhador, sendo-lhe estranha.
consciência. III. de superação da sua condição de ser natural para
c) pela religião. Assim, é toda a ética religiosa que tornar-se ser social, liberto graças à divisão do
determina a consciência humana. trabalho, que lhe permite o desenvolvimento
d) pelo ser social dos homens. Assim, é a produção completo de suas habilidades naturais na fábrica.
social da vida que determina a consciência e não a IV. de coisa, isto é, o trabalhador é reificado, tornando-
consciência que determina a produção social da se mercadoria, cujo preço é o salário, ao passo que
vida. as coisas produzidas pelo trabalhador, na ótica
capitalista, parecem dotadas de existência própria.
114. (Uema 2005) O Maranhão vive a expectativa da
implantação de um grande polo siderúrgico. De um Assinale a alternativa que apresenta as assertivas
lado, o discurso afirma que os maranhenses terão um corretas.
momento de desenvolvimento com a geração de a) II e IV
emprego e renda. Do outro, o discurso versa sobre o b) I e II
impacto ambiental para a população. c) II e III
Ambos os discursos são ideológicos, embora diferentes, d) III e IV
pois há vários sentidos para a palavra
ideologia que, segundo Karl Marx, adquiriu um sentido 116. (Ufu 2000) Sobre a filosofia de Marx, analisando o
negativo, como instrumento de dominação, que tem conceito de trabalho, é correto afirmar que
como função:
a) produzir uma divergência entre as classes. I. a produção e a reprodução das condições de
b) enfatizar as diferenças, como as de classe, e de existência se realizam através do trabalho;
fornecer aos membros da sociedade um sentimento II. a divisão social do trabalho não é uma simples
de identidade social. divisão de tarefas, mas a manifestação da existência
c) desenvolver consciência crítica na relação dos da propriedade;
homens entre si e suas condições de existência. III. os seres humanos distinguem-se dos animais porque
d) dar aos membros da sociedade dividida em classes são dotados de consciência e não porque
um sentido de desigualdade entre todos. produzem.
e) dar aos membros da sociedade dividida em classes
uma explicação racional para as diferenças sociais, Assinale a alternativa correta.
políticas e econômicas.

115. (Ufu 2004) Leia o fragmento abaixo, de Karl Marx. a) II e III


b) III
“Com o próprio funcionamento, o processo capitalista c) I e III
de produção reproduz, portanto, a separação entre a d) I e II
força de trabalho e as condições de trabalho,
perpetuando, assim, as condições de exploração do 117. (Ufu 1998) Na sua obra “Crítica da Razão Pura”,
trabalhador. Compele sempre o trabalhador a vender Kant formulou uma síntese entre sujeito e objeto,
sua força de trabalho para viver, e capacita sempre o mostrando que, ao conhecermos a realidade do
capitalista a comprá-la.” mundo, participamos da sua construção mental.
Segundo Kant, esta valorização do sujeito (possuidor de
MARX, K. O capital, Livro I, O processo de produção do categorias apriorísticas) no ato de conhecimento,
Capital [Vol. II]. Trad. de Reginaldo Sant.Anna. 11.ed. representou, na Filosofia, algo comparável à
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1987, p. 672. a) previsão da órbita do Cometa Halley no sistema
solar.
De acordo com o filósofo alemão, a condição do b) revolução de Copérnico na Física.
trabalhador na economia capitalista clássica é c) invenção do telescópio por Galileu Galilei.
d) Revolução francesa que derrubou o Ancien Régime.
I. de realização plena da sua capacidade produtiva, e) invenção da máquina a vapor.
alcançando a autonomia financeira e a satisfação dos

66
FILOSOFIA

118. (Enem 2013) A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam


Nasce aqui uma questão: se vale mais ser amado que que, para viabilizar a reconstrução radical do
temido ou temido que amado. Responde-se que conhecimento, deve-se
ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil
juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, a) retomar o método da tradição para edificar a ciência
quando haja de faltar uma das duas. Porque dos com legitimidade.
homens se pode dizer, duma maneira geral, que são b) questionar de forma ampla e profunda as antigas
ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de ideias e concepções.
lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente c) investigar os conteúdos da consciência dos homens
teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, menos esclarecidos.
quando, como acima disse, o perigo está longe; mas d) buscar uma via para eliminar da memória saberes
quando ele chega, revoltam-se. antigos e ultrapassados.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que
1991 dispensam ser questionados.

A partir da análise histórica do comportamento 120. (ENEM 2013)


humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia
define o homem como um ser regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para
descobrir mediante conceitos, algo que ampliasse
A munido de virtude, com disposição nata a praticar o nosso conhecimento, malogravam-se com esse
bem a si e aos outros. pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se
B possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para não se resolverão melhor as tarefas da metafísica,
alcançar êxito na política. admitindo que os objetos se deveriam regular pelo
C guiado por interesses, de modo que suas ações são nosso conhecimento.
imprevisíveis e inconstantes. (KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-
D naturalmente racional, vivendo em um estado pré- Gulbenkian, 1994)
social e portando seus direitos naturais.
E sociável por natureza, mantendo relações pacíficas O trecho em questão é uma referência ao que ficou
com seus pares. conhecido como revolução copernicana na filosofia.
Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
119. (ENEM 2013)
TEXTO I a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus do conhecimento.
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como b) defendem que o conhecimento é impossível,
verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em restando-nos somente o ceticismo.
princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui c) revelam a relação de interdependência entre os
duvidoso e incerto. Era necessário tentar dados da experiência e a reflexão filosófica.
seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia,
todas as opiniões a que até então dera crédito, e na primazia das ideias em relação aos objetos.
começar tudo novamente a fim de estabelecer um e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso
saber firme e inabalável. conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
(DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira
Filosofia. São Paulo: Abril Cultura, 1973) 121. (ENEM 2013)
Os produtos e seu consumo constituem a meta
TEXTO II declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta
É o caráter radical do que se procura que exige a foi proposta pela primeira vez no início da
radicalização do próprio processo de busca. Se todo o Modernidade, como expectativa de que o homem
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que poderia dominar a natureza. No entanto, essa
aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada expectativa, convertida em programa anunciado por
pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado
daquelas que foram anteriormente varridas por essa pelo Iluminismo, não surgiu ―de um prazer de poder,
mesma dúvida. ―de um mero imperialismo humano‖, mas da
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. aspiração de libertar o homem e de enriquecersua vida,
São Paulo: Moderna, 2001 física e culturalmente.
(CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três
enfoques. Scientiae Studia, São Paulo, v.2. n. 4, 2004)

67
FILOSOFIA

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram


Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente
e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência em quem já nos enganou uma vez.
como uma forma de saber que almeja libertar o DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril
homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a Cultural, 1979.
investigação científica consiste em
TEXTO II
a) expor a essência da verdade e resolver Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma
definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado,
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva
existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para qualquer impressão sensorial, isso servirá para
outras áreas do saber que almejam o progresso. confirmar nossa suspeita.
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São
natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos. Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos
naturais e impor limites aos debates acadêmicos. Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a
natureza do conhecimento humano. A comparação dos
122. (ENEM 2012) excertos permite assumir que Descartes e Hume
Esclarecimento é a saída do homem de sua
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A a) defendem os sentidos como critério originário para
menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu considerar um conhecimento legítimo.
entendimento sem a direção de outro indivíduo. O b) entendem que é desnecessário suspeitar do
homem é o próprio culpado dessa menoridade se a significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
causa dela não se encontra na falta de entendimento, c) são legítimos representantes do criticismo quanto à
mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si gênese do conhecimento.
mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de d) concordam que conhecimento humano é impossível
fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do em relação às ideias e aos sentidos.
esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no
pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois processo de obtenção do conhecimento.
que a natureza de há muito os libertou de uma
condição estranha, continuem, no entanto, de bom 124. (ENEM 2012)
grado menores durante toda a vida. Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo
Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias,
devido às grandes transformações ocorridas, e que
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura
fundamental para a compreensão do contexto humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente
filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido o nosso livre arbítrio, creio que se pode aceitar que a
empregado por Kant, representa sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-
arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional MAQUIAVEL, N. O Principe. Brasília: EdUnB, 1979
como expressão da maioridade. (adaptado).
b) o exercício da racionalidade como pressuposto Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do
menor diante das verdades eternas. poder em seu tempo. No trecho citado, o autor
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter demonstra
objetivo, de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam a) o vínculo entre o seu pensamento político e o
o homem da falta de entendimento. humanismo renascentista ao valorizar a interferência
e) a emancipação da subjetividade humana de divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.
ideologias produzidas pela própria razão b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos
políticos.
123. (ENEM 2012) c) afirmar a confiança na razão autônoma como
TEXTO I fundamento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado
como fonte de aprendizagem.

68
FILOSOFIA

E redefinir a ação política com base na unidade entre fé 127. (ENEM 2014)
e razão. É o caráter radical do que se procura que exige a
radicalização do próprio processo de busca. Se todo o
125. (ENEM 2010 1ª aplicação) espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada
reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma
unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros daquelas que foram anteriormente varridas por essa
poderá ser mais clemente do que outros que, por mesma dúvida.
muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade.
assassínio e ao roubo. São Paulo: Moderna. 2001 (adaptado)
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida
2009. radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo por
contribuir para o(a)
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão
sobre a Monarquia e a função do governante. a) dissolução do saber científico.
A manutenção da ordem social, segundo esse autor, b) recuperação dos antigos juízos.
baseava-se na c) exaltação do pensamento clássico.
d) surgimento do conhecimento inabalável.
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos. e) fortalecimento dos preconceitos religiosos.
b) bondade em relação ao comportamento dos
mercenários. 128. (ENEM 2014)
c) compaixão quanto à condenação dos servos A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que
d) neutralidade diante da condenação dos servos. continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do universo), que não se pode compreender antes de
príncipe entender a língua e conhecer os caracteres com os
quais está escrito. Ele está escrito em língua
126. (ENEM 2009 Cancelado) matemática, os caracteres são triângulos,
Para uns, a Idade Média foi uma época de trevas, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos
pestes, fome, guerras sanguinárias, superstições, meios é impossível entender humanamente as
crueldade. Para outros, uma época de bons cavaleiros, palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro de um
damas corteses, fadas, guerras honradas, torneios, obscuro labirinto.
grandes ideais. Ou seja, uma Idade Média ―má‖ e uma GALILEI. G. O ensaiador. Os pensadores. São Paulo:
Idade Média ―boa‖. Tal disparidade de apreciações Abril Cultural. 1978.
com relação a esse período da História se deve No contexto da Revolução Científica do século XVII,
assumir a posição de Galileu significava defender a

a) ao Renascimento, que começou a valorizar a


comprovação documental do passado, formando a) continuidade do vínculo entre ciência e fé dominante
acervos documentais que mostram tanto a realidade na Idade Média.
―boa‖ quanto a ―má‖. b) necessidade de o estudo linguístico ser
b) à tradição iluminista, que usou a Idade Média como acompanhado do exame matemático.
contraponto a seus valores racionalistas, e ao c) oposição da nova física quantitativa aos pressupostos
Romantismo, que pretendia ressaltar as ―boas‖ da filosofia escolástica.
origens das nações. d) importância da independência da investigação
c) à indústria de videojogos e cinema, que encontrou científica pretendida pela Igreja.
uma fonte de inspiração nessa mistura de fantasia e e) inadequação da matemática para elaborar uma
realidade, construindo uma visão falseada do real. explicação racional da natureza.
d) ao Positivismo, que realçou os aspectos positivos da
Idade Média, e ao marxismo, que denunciou o lado 129. (Enem 2017) Uma pessoa vê-se forçada pela
negativo do modo de produção feudal. necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito
e) à religião, que com sua visão dualista e maniqueísta bem que não poderá pagar, mas vê também que não
do mundo alimentou tais interpretações sobre a Idade lhe emprestarão nada se não prometer firmemente
Média. pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer
a promessa; mas tem ainda consciência bastante para
perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao
dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo

69
FILOSOFIA

que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera
quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo o conhecimento, de modo crítico, como resultado da
emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal a) investigação de natureza empírica.
nunca sucederá. b) retomada da tradição intelectual.
c) imposição de valores ortodoxos.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. d) autonomia do sujeito pensante.
São Paulo: Abril Cultural, 1980. e) liberdade do agente moral.

De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de 132. (Enem 2016) Vi os homens sumirem-se numa
pagamento” representada no texto grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas
a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou
livre discussão participativa. uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O
b) garante que os efeitos das ações não destruam a nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se
possibilidade da vida futura na terra. veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os
c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima
possa valer como norma universal. de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos
d) materializa-se no entendimento de que os fins da o próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o
ação humana podem justificar os meios. mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os
e) permite que a ação individual produza a mais ampla abismos não nos querem tragar!
felicidade para as pessoas envolvidas.
NIETZSCHE. F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro:
130. (Enem 2017) A moralidade, Bentham exortava, Ediouro,1977.
não é uma questão de agradar a Deus, muito menos de
fidelidade a regras abstratas. A moralidade é a O texto exprime uma construção alegórica, que traduz
tentativa de criar a maior quantidade de felicidade um entendimento da doutrina niilista, uma vez que
possível neste mundo. Ao decidir o que fazer, a) reforça a liberdade do cidadão.
deveríamos, portanto, perguntar qual curso de conduta b) desvela os valores do cotidiano.
promoveria a maior quantidade de felicidade para c) exorta as relações de produção.
todos aqueles que serão afetados. d) destaca a decadência da cultura.
e) amplifica o sentimento de ansiedade.
RACHELS. J. Os elementos da filosofia moral, Barueri-
SP; Manole. 2006. 133. (Enem 2016) Sentimos que toda satisfação de
nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à
Os parâmetros da ação indicados no texto estão em esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém
conformidade com uma prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao
contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o
herdeiro para sempre de todas as preocupações.
a) fundamentação científica de viés positivista. SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida.
b) convenção social de orientação normativa. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
c) transgressão comportamental religiosa.
d) racionalidade de caráter pragmático. O trecho destaca uma ideia remanescente de uma
e) inclinação de natureza passional. tradição filosófica ocidental, segundo a qual a
felicidade se mostra indissociavelmente ligada à
131. (Enem 2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, a) a consagração de relacionamentos afetivos.
por exemplo, embora nossa memória possua todas as b) administração da independência interior.
demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não c) fugacidade do conhecimento empírico.
for capaz de resolver toda espécie de problemas; não d) liberdade de expressão religiosa.
nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os e) busca de prazeres efêmeros.
raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular
um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de 134. (Enem 2015) Todo o poder criativo da mente se
fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas reduz a nada mais do que a faculdade de compor,
histórias. transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos
fornecem os sentidos e a experiência. Quando
DESCARTES. R. Regras para a orientação do espírito. pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos
São Paulo: Martins Fontes, 1999. mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e
montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um

70
FILOSOFIA

cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão
virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e filosófica mencionada no texto tinha como uma de suas
podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, características a
animal que nos é familiar. a) aproximação entre inovação e saberes antigos.
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. b) conciliação entre revelação e metafísica platônica.
São Paulo: Abril Cultural, 1995. c) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa.
d) separação entre teologia e fundamentalismo
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e religioso.
impressão ao considerar que e) contraposição entre clericalismo e liberdade de
a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na pensamento.
sensação.
b) o espírito é capaz de classificar os dados da 137. (Enem 2018)
percepção sensível.
c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais TEXTO I
determinadas pelo acaso.
d) os sentimentos ordenam como os pensamentos Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em
devem ser processados na memória. que todo homem é inimigo de todo homem, é válido
e) as ideias têm como fonte específica o sentimento também para o tempo durante o qual os homens vivem
cujos dados são colhidos na empiria. sem outra segurança senão a que lhes pode ser
oferecida por sua própria força e invenção.
135. (Enem 2015) A natureza fez os homens tão iguais, HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
quanto às faculdades do corpo e do espírito, que,
embora por vezes se encontre um homem TEXTO II
manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito
mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter
considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um nenhuma ideia de bondade, o homem seja
e outro homem não é suficientemente considerável naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo
para que um deles possa com base nela reclamar algum o estado de natureza aquele em que o cuidado de
benefício a que outro não possa igualmente aspirar. nossa conservação é menos prejudicial à dos outros,
esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo Martins Fontes, 2003 e o mais conveniente ao gênero humano.

Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o
quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles fundamento da desigualdade entre os homens. São
a) entravam em conflito. Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).
b) recorriam aos clérigos.
c) consultavam os anciãos. Os trechos apresentam divergências conceituais entre
d) apelavam aos governantes. autores que sustentam um entendimento segundo o
e) exerciam a solidariedade. qual a igualdade entre os homens se dá em razão de
uma
136. (Enem 2018) a) predisposição ao conhecimento.
b) submissão ao transcendente.
O século XVIII é, por diversas razões, um século c) tradição epistemológica.
diferenciado. Razão e experimentação se aliavam no d) condição original.
que se acreditava ser o verdadeiro caminho para o
estabelecimento do conhecimento científico, por tanto e) vocação política.
tempo almejado. O fato, a análise e a indução
passavam a ser parceiros fundamentais da razão. É FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
ainda no século XVIII que o homem começa a tomar 1. (Uel 2013) Leia o texto a seguir.
consciência de sua situação na história. O modo de comportamento perceptivo, através do qual
se prepara o esquecer e o rápido recordar da música de
ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY. C. B. História da massas, é a desconcentração. Se os produtos
cidadania. São Paulo: Contexto. 2003. normalizados e irremediavelmente semelhantes entre
si, exceto certas particularidades surpreendentes, não
permitem uma audição concentrada, sem se tornarem
insuportáveis para os ouvintes, estes, por sua vez, já

71
FILOSOFIA

não são absolutamente capazes de uma audição I. A manipulação das opiniões impede o consenso ao
concentrada. Não conseguem manter a tensão de uma usar os interlocutores como meios e desconsiderar o
concentração atenta, e por isso se entregam ser humano como fim em si mesmo.
resignadamente àquilo que acontece e flui acima deles, II. A validade do que é decidido consensualmente
e com o qual fazem amizade somente porque já o assenta-se na negociação em que os interlocutores
ouvem sem atenção excessiva. se instrumentalizam reciprocamente em prol de
interesses particulares.
(ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão III. Como regra do discurso que busca o entendimento,
da audição. In: Adorno et all. Textos escolhidos. São devem-se excluir os interlocutores que, de algum
Paulo: Abril Cultural, 1978, p.190. Coleção Os modo, são afetados pela norma em questão.
Pensadores.) IV. O projeto emancipatório dos indivíduos é
construído a partir do diálogo e da argumentação
As redes sociais têm divulgado músicas de fácil que prima pelo entendimento mútuo.
memorização e com forte apelo à cultura de massa.
A respeito do tema da regressão da audição na Assinale a alternativa correta.
Indústria Cultural e da relação entre arte e sociedade a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
em Adorno, assinale a alternativa correta. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
a) A impossibilidade de uma audição concentrada e de d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
uma concentração atenta relaciona-se ao fato de e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
que a música tornou-se um produto de consumo,
encobrindo seu poder crítico. 3. (Ufpa 2013) “Originalmente concebida e acionada
b) A música representa um domínio particular, quase para emancipar os homens, a moderna ciência está
autônomo, das produções sociais, pois se baseia no hoje a serviço do capital, contribuindo para a
livre jogo da imaginação, o que impossibilita manutenção das relações de classe. A ciência e a
estabelecer um vínculo entre arte e sociedade. técnica nas mãos dos poderosos [...] controlam a vida
c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade de dos homens, subjuga-os ao interesse do capital. A
manifestar criticamente conteúdos racionais produção de bens segue uma lógica técnica, e não à
expressos no modo típico do comportamento lógica das necessidades reais dos homens.”
perceptivo inato às massas.
d) A tensão resultante da concentração requerida para FREITAG, B. A teoria Crítica ontem e hoje, São Paulo:
a apreciação da música é uma exigência Brasiliense, 1986, p.94.
extramusical, pois nossa sensibilidade é
naturalmente mais próxima da desconcentração. A autora nos apresenta a visão da Escola de Frankfurt
e) Audição concentrada significa a capacidade de acerca do papel desempenhado pela ciência e pela
apreender e de repetir os elementos que constituem tecnologia na moderna economia capitalista. Sobre
a música, sendo a facilidade da repetição o que este papel, considere as afirmativas abaixo:
concede poder crítico à música.
I. A ciência e a técnica, além de serem forças
2. (Uel 2013) produtivas, funcionam como ideologias para
legitimar o sistema capitalista.
Leia o texto a seguir. II. Nas mãos do poder econômico e político, a
tecnologia e a ciência são empregadas para impedir
A utilização da Internet ampliou e fragmentou, que as pessoas tomem consciência de suas
simultaneamente, os nexos de comunicação. Isto condições de desigualdade.
impacta no modo como o diálogo é construído entre os III. A dimensão emancipadora e crítica da racionalidade
indivíduos numa sociedade democrática. moderna foi valorizada na economia capitalista,
pois muitas das reivindicações dos trabalhadores
(Adaptado de: HABERMAS, J. O caos da esfera pública. foram atendidas a partir do advento da tecnologia.
Folha de São Paulo, 13 ago. 2006, Caderno Mais!, p.4- IV. Na economia capitalista, produz-se com eficácia o
5.) que dá lucro e não aquilo que os homens
necessitam e gostariam de ter ou usar.
A partir dos conhecimentos sobre a ação comunicativa
em Habermas, considere as afirmativas a seguir. Estão corretas as afirmativas:
a) I e III
b) II e III

72
FILOSOFIA

c) III e IV que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma


d) I, II e IV imagem do homem como julgamos que deve ser”.
e) II, III e IV Sartre.

4. (Ufsj 2013) “Não que acreditemos que Deus exista; Considerando a concepção existencialista de Sartre e o
pensamos antes que o problema não está aí, no da sua texto acima, é incorreto afirmar que
existência [...] os cristãos podem apelidar-nos de
desesperados”. a) o homem é um projeto que se vive subjetivamente.
b) o homem é um ser totalmente responsável por sua
Essa afirmação revela o pensador existência.
a) Thomas Hobbes, defendendo o seu pensamento c) por haver uma natureza humana determinada, no
objetivo de que “o homem deve ser tomado como homem a essência precede a existência.
um elemento de construção da monarquia”. d) o homem é o que se lança para o futuro e que é
b) Nietzsche, perseguindo o direito do homem de consciente deste projetar-se no futuro.
tomar posse do seu reino animal e da sua superação e) em suas escolhas, o homem é responsável por si
e de reconduzir-se às verdades implícitas nele próprio e por todos os homens, porque, em seus
próprio. atos, cria uma imagem do homem como julgamos
c) Jean-Paul Sartre, desenvolvendo um argumento, no que deve ser.
qual chega à conclusão de que o existencialismo é
um otimismo. 7. (Ufsj 2012) “Subjetividade” e “intersubjetividade”
d) David Hume, criticando as clássicas provas a favor da são conceitos com os quais Sartre pontua o seu
existência de Deus. existencialismo. Nesse contexto, tais conceitos revelam
que
5. (Ufsj 2013) Na obra “O existencialismo é um a) o cogito cartesiano desabou sobre o existencialismo
humanismo”, Jean-Paul Sartre intenta na mesma proporção com que a virtu socrática
a) desenvolver a ideia de que o existencialismo é precipitou-se sobre o materialismo dialético do
definido pela livre escolha e valores inventados pelo século XX.
sujeito a partir dos quais ele exerce a sua natureza b) “Penso, logo existo” deve ser o ponto de partida de
humana essencial. qualquer filosofia. Tal subjetividade faz com que o
b) mostrar o significado ético do existencialismo. Homem não seja visto como objeto, o que lhe
c) criticar toda a discriminação imposta pelo confere verdadeira dignidade. A descoberta de si
cristianismo, através do discurso, à condição de ser mesmo o leva, necessariamente, à descoberta do
inexorável, característica natural dos homens. outro, implicando uma intersubjetividade.
d) delinear os aspectos da sensação e da imaginação c) o Homem é dado, é unidade, é união e é
humanas que só se fortalecem a partir do exercício intersubjetividade; portanto, a sua existência é
da liberdade. agregadora e desapegada da tão apregoada
subjetividade clássica, por isso mesmo tão crucial
6. (Unioeste 2012) “O que significa aqui o dizer-se que para Sartre.
a existência precede a essência? Significa que o homem d) não há um só lampejo de subjetividade que não
primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e tenha se reinaugurado na intersubjetividade, isto é,
que só depois se define. O homem, tal como o concebe na idealidade que instrui as prerrogativas para se
o existencialista, se não é definível, é porque instalarem as escolhas do sujeito, definindo-o.
primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa
e tal como a si próprio se fizer. (...) O homem é, não 8. (Unimontes 2012) A Escola de Frankfurt foi fundada
apenas como ele se concebe, mas como ele quer que em 1923, sob o nome de Instituto para a Pesquisa
seja, como ele se concebe depois da existência, como Social. Marque a alternativa que contempla os
ele se deseja após este impulso para a existência; o principais pensadores da Escola de Frankfurt.
homem não é mais que o que ele faz. (...) Assim, o
primeiro esforço do existencialismo é o de por todo o a) Theodor Adorno, Platão, Herbert Marcuse e Walter
homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a Benjamin.
total responsabilidade de sua existência. (...) Quando b) Tomás de Aquino, Marx Horkheimer, Herbert
dizemos que o homem se escolhe a si, queremos dizer Marcuse e Walter Benjamin.
que cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com c) Theodor Adorno, Marx Horkheimer, Herbert
isso queremos também dizer que, ao escolher-se a si Marcuse e Tobias Barreto.
próprio, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não d) Theodor Adorno, Marx Horkheimer, Herbert
há de nossos atos um sequer que, ao criar o homem Marcuse e Walter Benjamin.

73
FILOSOFIA

d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo,


9. (Uncisal 2012) Observe o trecho da música porque a existência do homem depende da essência
“Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho, e perceba que de sua natureza humana, que a precede e que é a
liberdade.
sua análise pode nos levar a discutir o conceito de
alienação.
11. (Ueg 2012) “Uma moral racional se posiciona
criticamente em relação a todas as orientações da
O povo foge da ignorância
ação, sejam elas naturais, autoevidentes,
Apesar de viver tão perto dela
institucionalizadas ou ancoradas em motivos através de
E sonha com melhores tempos idos
padrões de socialização. No momento em que uma
Contemplam essa vida numa cela...
alternativa de ação e seu pano de fundo normativo são
Espera nova possibilidade
expostos ao olhar crítico dessa moral, entra em cena a
De ver este mundo se acabar
problematização. A moral da razão é especializada em
A Arca de Noé, o dirigível
questões de justiça e aborda em princípio tudo à luz
Não voam nem se pode flutuar
forte e restrita da universalidade.”
Seguindo o pensamento de Karl Marx, veremos que a
(HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre
alienação se dá em uma situação determinada que gera
toda uma gama de desdobramentos e consequências. facticidade e validade. v. I. Trad. Flávio Beno
Tal situação ocorre na esfera Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
a) religiosa, por meio das concepções escatológicas. p. 149.)
b) cientifica, com a ampliação do conhecimento.
c) política, por meio da organização partidária. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a moral
d) cultural, com o avanço da cultura de massa. em Habermas, é correto afirmar:
e) produtiva, a partir das relações de produção. a) A formação racional de normas de ação ocorre
independentemente da efetivação de discursos e da
10. (Ufu 2012) Leia o excerto abaixo e assinale a autonomia pública.
alternativa que relaciona corretamente duas das b) O discurso moral se estende a todas as normas de
principais máximas do existencialismo de Jean-Paul ações passíveis de serem justificadas sob o ponto de
Sartre, a saber: vista da razão.
c) A validade universal das normas pauta-se no
i. “a existência precede a essência” conteúdo dos valores, costumes e tradições
ii. “estamos condenados a ser livres” praticados no interior das comunidades locais.
d) A positivação da lei contida nos códigos, mesmo sem
Com efeito, se a existência precede a essência, nada o consentimento da participação popular, garante a
poderá jamais ser explicado por referência a uma solução moral de conflitos de ação.
natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe
e) Os parâmetros de justiça para a avaliação crítica de
determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade.
Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos já normas pautam-se no princípio do direito divino.
prontos, valores ou ordens que possam legitimar a
nossa conduta. [...] Estamos condenados a ser livres.
Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar 12. (Ueg 2012) O filósofo judeu Ludwig Wittgenstein
dizendo que o homem está condenado a ser livre. (1889-1951) afirmava que “tudo que podia ser pensado
Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, podia ser dito”. Para ele, “nada pode ser dito sobre
no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, algo, como Deus, que não podia ser pensado direito” e
é responsável por tudo o que faz.
“sobre o que não se pode falar, deve-se ficar calado”.
Com base nessas teses fundamentais do pensamento
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo.
3ª. ed. S. Paulo: Nova Cultural, 1987. de Wittgenstein, pode-se interpretar sua filosofia como
a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liberdade, a) a busca pela clareza na filosofia, evitando-se temas
então jamais o homem pode ser, em sua existência, metafísicos.
condenado a ser livre, o que seria, na verdade, uma b) o fundamento da censura no mundo moderno, uma
contradição. vez que inibe o livre pensamento.
b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da c) uma tentativa de combater o nazismo e suas ideias
natureza humana que, concebida por Deus, precede absurdas, indizíveis.
necessariamente a sua existência. d) uma tentativa de transformar o debate filosófico
c) Para Sartre, a liberdade é a escolha incondicional, à
num debate retórico.
qual o homem, como existência já lançada no
mundo, está condenado, e pela qual projeta o seu
ser ou a sua essência. 13. (Unb 2012)
O emplasto

74
FILOSOFIA

está associada, portanto, a grande capacidade de


Um dia de manhã, estando a passear na chácara, raciocínio e de reflexão e, não menos, a domínio das
pendurou-se-me uma ideia no trapézio que eu tinha no palavras e da língua. Assim, quem decifra um enigma
cérebro. será considerado um ser superior, de saber
excepcional, cujas palavras serão respeitadas e
Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a seguidas. Com relação às questões envolvidas na
fazer as mais arrojadas cambalhotas. Eu deixei-me decifração de um enigma e ao tema a que o texto de
estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, Machado de Assis se reporta, assinale a opção correta.
estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de
um X: decifra-me ou devoro-te. a) A resolução, pelo narrador, da situação enigmática
demandou o processo de uma ideia em evolução e,
Essa ideia era nada menos que a invenção de um assim, a resposta, ou seja, a invenção do emplasto
medicamento sublime, um emplasto anti- Brás Cubas, não encerra ambiguidade nem
hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica paradoxo, ao contrário do que ocorre com os demais
humanidade. enigmas.
b) O poder intelectual do narrador evidencia-se em
Na petição de privilégio que então redigi, chamei a ações de relevância humanitária, o que, como
atenção do governo para esse resultado, enfatiza o próprio narrador, alcança reconhecimento
verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos em instâncias de representação política.
amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar c) A reação do narrador a comentários dos tios sinaliza
da distribuição de um produto de tamanhos e tão que o embate entre tipos e âmbitos de poder é
profundos efeitos. Agora, porém, que estou cá do resolvido pelo saber.
outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me d) O episódio da resolução do enigma evoca um
influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos momento vitorioso de Brás Cubas no que se refere à
jornais, mostradores, folhetos, esquinas e, enfim, nas sua capacidade de admitir sentimentos passionais
caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto por meio de argumentação racional.
Brás Cubas. Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do
arruído, do cartaz, do foguete de lágrimas. Talvez os 14. (Ueap 2011) “A existência precede a essência.” O
modestos me arguam esse defeito; fio, porém, que que melhor define esta frase do filósofo francês Sartre?
esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a a) Primeiro o homem existe, depois se define.
minha ideia trazia duas faces, como as medalhas, uma b) O homem é o que ele concebe e não o que ele faz.
virada para o público, outra para mim. De um lado, c) O homem é “em si” e não “para si”.
filantropia e lucro; de outro, sede de nomeada. d) A vida de um homem está ligada a sua essência.
Digamos: — amor da glória. e) A vida humana é totalmente determinada por Deus.

Um tio meu, cônego de prebenda inteira, costumava


dizer que o amor da glória temporal era a perdição das 15. (Unioeste 2011) “Só pelo fato de que tenho
almas, que só devem cobiçar a glória eterna. Ao que consciência dos motivos que solicitam minha ação,
retorquia outro tio, oficial de um dos antigos terços de esses motivos já são objetos transcendentes para
infantaria, que o amor da glória era a coisa mais minha consciência, estão fora; em vão buscaria agarrar-
verdadeiramente humana que há no homem e, me a eles, escapo disto por minha existência mesma.
consequentemente, a sua mais genuína feição. Estou condenado a existir para sempre além de minha
essência, além dos móveis e dos motivos de meu ato:
Decida o leitor entre o militar e o cônego; eu volto ao estou condenado a ser livre. Isto significa que não se
emplasto. poderia encontrar para a minha liberdade outros
limites senão ela mesma, ou, se se prefere, não somos
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. livres de cessar de ser livres. (...) O sentido profundo do
Obra completa, v. I. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, determinismo é o de estabelecer em nós uma
p. 514-5 (com adaptações). continuidade sem falha da existência em si. (...) Mas em
vez de ver transcendências postas e mantidas no seu
A frase “Decifra-me ou devoro-te” remete ao enigma ser por minha própria transcendência, supor-se-á que
da esfinge, consagrado na tragédia grega Édipo Rei, de as encontro surgindo no mundo: elas vêm de Deus, da
Sófocles. A formulação de um enigma envolve jogos de natureza, da ‘minha’ natureza, da sociedade. (...) Essas
palavras e associações semânticas ambíguas e tentativas abortadas para sufocar a liberdade – elas
paradoxais, que parecem conduzir a respostas desmoronam quando surge, de repente, a angústia
impossíveis ou absurdas. A decifração de um enigma diante da liberdade – mostram bastante que a

75
FILOSOFIA

liberdade coincide no fundo com o nada que está no b) De acordo com Sartre, o homem é responsável por
coração do homem”. suas escolhas e não deve agir com má fé de
Sartre. consciência, que consistiria na simulação de não ser
livre, imputando a responsabilidade da felicidade ou
Com base no texto, seguem as seguintes afirmativas: infelicidade a causas externas.
I. No homem, a existência precede a essência. c) A existência pessoal de alguém é atestada pelo olhar
II. Em sua essência, o homem é um ser determinado do outro, e isso confirma a dialeticidade da
quer seja, ou por Deus, ou pela natureza, ou pela existência humana, de “ser com o outro”.
sociedade. d) A relação com o outro, no pensamento sartreano, é
III. Os limites da minha liberdade são estabelecidos sempre pacífica, não gera crises ou angústias.
pelos valores religiosos, estéticos, políticos e sociais. e) Os outros são todos aqueles que revelam voluntária
IV. “O homem não está livre de ser livre”, pois não é ou involuntariamente o homem a ele mesmo.
possível “cessar de ser livre”.
V. A liberdade humana, em suas escolhas, se orienta 18. (Ufpa 2011) “Adorno e Horkheimer (os primeiros,
por valores objetivos e pré-determinados. na década de 1940, a utilizar a expressão “indústria
cultural” tal como hoje a entendemos) acreditam que
Assinale a alternativa correta. esta indústria desempenha as mesmas funções de um
a) Apenas II está correta. estado fascista (...) na medida em que o individuo é
b) Apenas I e IV estão corretas. levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a
c) Apenas II e IV estão corretas. totalidade do meio social circundante, transformando-
d) Apenas III e V estão corretas. se em mero joguete e em simples produto alimentador
e) Todas as afirmativas estão corretas. do sistema que o envolve.”

16. (Uema 2011) O tema da liberdade é discutido por (COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural, São
muitos filósofos. No existencialismo francês, Jean-Paul Paulo, Editora Brasiliense, 1987, p. 33. Texto adaptado)
Sartre, particularmente, compreende a liberdade
enquanto escolha incondicional. Adorno e Horkeimer consideram que a indústria
Entre as afirmações abaixo, a única que está de acordo cultural e o Estado fascista têm funções similares, pois
com essa concepção de liberdade humana é: em ambos ocorre
a) um processo de democratização da cultura ao
a) O homem primeiramente tem uma essência colocá-la ao alcance das massas o que possibilita sua
divinizada e depois uma existência manifestada na conscientização.
história de sua vida. b) o desenvolvimento da capacidade do sujeito de
b) O homem não é mais do que aquilo que a sociedade julgar o valor das obras artísticas e bens culturais,
faz com ele. assim como de conviver em harmonia com seus
c) O homem primeiramente existe porque sendo semelhantes.
consciente é um ser em si e para o outro. c) o aprimoramento do gosto estético por meio da
d) O homem é determinado por uma essência superior, indústria do entretenimento, em detrimento da
que é o Deus da existência, pois, primeiramente não capacidade de reflexão.
é nada. d) um processo de alienação do homem, que leva o
e) O homem primeiramente não é nada. Só depois será indivíduo a perder ou a não formar uma imagem de
alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. si e da sociedade em que vive.
e) o aprimoramento da formação cultural do individuo
17. (Uenp 2011) O existencialismo é uma corrente e a melhoria do seu convívio social pela inculcação
filosófica que destaca a liberdade individual, a de valores, de atitudes conformistas e pela
responsabilidade e a subjetividade. Ele acredita que a eliminação do debate, na medida em que este
existência precede a essência, ou melhor, que não produz divergências no âmbito da sociedade.
existe uma essência do humano pré-concebida e
eterna, o humano é construído pelas escolhas 19. (Uel 2011) Leia o texto a seguir.
individuais na história pessoal de cada um. De acordo
com o pensamento de Sartre, assinale a alternativa Habermas distingue entre racionalidade
incorreta: instrumental e racionalidade comunicativa. A
a) A consciência humana é um nada que se projeta para racionalidade comunicativa ocorre quando os seres
se tornar algo, de forma que lançando-se no mundo humanos recorrem à linguagem com o intuito de
e sofrendo com ele, se define. O homem será alcançar o entendimento não coagido sobre algo, por
sempre o que fizer de si mesmo. exemplo, decidir sobre a maneira correta de agir (ação

76
FILOSOFIA

moral). A racionalidade instrumental, por sua vez, c) ignora tanto a autonomia privada quanto a pública,
ocorre quando os seres humanos utilizam as coisas do substituindo-as pela utilidade das normas morais.
mundo, ou até mesmo outras pessoas, como meio para d) enfatiza a compreensão individualista e instrumental
se alcançar um fim (raciocínio meio e fim). do papel do cidadão na lógica privada do mercado.
e) concilia, na mesma base, direitos humanos e
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria soberania popular, reconhecendo-os como distintos,
da ação comunicativa de Habermas, é correto afirmar: porém complementares.
a) Contar uma mentira para outra pessoa buscando
obter algo que desejamos e que sabemos que não 21. (Ufu 2011) Conforme Arruda e Aranha, o
receberíamos se disséssemos a verdade é um materialismo de Karl Marx diferencia-se do
exemplo de racionalidade comunicativa. materialismo mecanicista. Analisando estas diferenças
b) Realizar um debate entre os alunos de turma da as autoras concluem:
faculdade buscando decidir democraticamente a
melhor maneira de arrecadar fundos para o baile de [...] segundo o materialismo dialético, o
formatura é um exemplo de racionalidade espírito não é consequência passiva da ação da
instrumental. matéria, podendo reagir sobre aquilo que determina.
c) Um adolescente que diz para seu pai que vai dormir Ou seja o conhecimento do determinismo liberta o
na casa de um amigo, mas, na verdade, vai para uma homem por meio da ação deste sobre o mundo,
festa com amigos, é um exemplo de racionalidade possibilitando inclusive a ação revolucionária.
comunicativa.
d) Alguém que decide economizar dinheiro durante ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria
vários anos a fim de fazer uma viagem para os Helena Pires. Filosofando. São Paulo, Ed. Moderna,
Estados Unidos da América é um exemplo de 2000, p. 241.
racionalidade instrumental.
e) Um grupo de amigos que se reúne para decidir Com base em seus conhecimentos e nas informações
democraticamente o que irão fazer com o dinheiro acima, assinale a alternativa correta.
que ganharam em um bolão da Mega Sena é um
exemplo de racionalidade instrumental. a) Diferentemente dos idealistas, Marx considera que
as manifestações espirituais humanas derivam da
20. (Uel 2011) Leia o texto a seguir. estrutura material ou econômica da sociedade, mas
não de modo absoluto, pois o espírito pode se
Na tradição liberal, a ênfase é posta no caráter libertar.
impessoal das leis e na proteção das liberdades b) Como em Marx, a estrutura material ou econômica
individuais, de tal modo que o processo democrático é determina as manifestações do espírito, que será,
compelido pelos (e está a serviço dos) direitos pessoais em consequência, sempre passivo diante desta
que garantem a cada indivíduo a liberdade de buscar estrutura.
sua própria realização. Na tradição republicana, a c) Marx entende que o espírito é resultado da estrutura
primazia é dada ao processo democrático enquanto tal, material ou econômica da sociedade, por isso jamais
entendido como uma deliberação coletiva que conduz pode modificá-la.
os cidadãos à procura do entendimento sobre o bem d) A dialética materialista de Marx sintetiza os
comum. momentos da realização da razão na história e não o
(Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política. agir histórico que realiza os conteúdos da razão.
“Sobre a Teoria do Discurso de” Habermas. In:
OLIVEIRA, M.; AGUIAR, O. A.; SAHD, L. F. N. de A. e S. 22. (Unicentro 2010) Qual o postulado básico da
(Orgs.). Filosofia Política Contemporânea. Petrópolis: fenomenologia?
Vozes, 2003. p. 214-235.) a) A fenomenologia afirma que o conhecimento não
passa de uma interpretação da realidade, isto é, de
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a uma atribuição de sentidos determinada por uma
filosofia política na teoria do discurso, é correto afirmar escala ontológica de valores, constituindo-se,
que Habermas portanto, numa metafísica dos costumes.
b) Em nome da verdade subjetiva, a fenomenologia
a) privilegia a ideia de Estado de direito em detrimento recusa o projeto da filosofia moderna, recusando o
de uma democracia participativa. pensamento analítico. Seu postulado básico afirma
b) concede maior relevância à autonomia pública, que o real deixa de ser racional.
opondo-se à autonomia privada. c) A fenomenologia procede por decomposição,
enumeração e categorização dos objetos,

77
FILOSOFIA

fragmentando-os. Seu postulado básico é progresso também é uma espécie de objeto de fé para
estabelecer a dicotomia entre razão e experiência. os iluministas. [...] A certeza do progresso permite
d) A fenomenologia pretende realizar a superação da encarar o futuro com otimismo”.
dicotomia razão-experiência no processo do
conhecimento, afirmando que toda consciência é (Adaptado de: FALCON, F. J. C. Iluminismo. 2. ed. São
intencional, ou seja, o objeto só existe para um Paulo: Ática, 1989, p. 61-62.)
sujeito que lhe dá significado.
e) O postulado básico da fenomenologia é a metafísica Na primeira metade do século XX, a ideia de progresso
fenomenológica, isto é, voltada para o também se transformou em objeto de análise do grupo
reconhecimento do ser em si dos fenômenos, de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Social
portanto, vinculada a uma noção de ser abstrata e a vinculado à Universidade de Frankfurt.
uma consciência transcendental.
Tendo como referência a obra de Adorno e
23. (Uel 2010) Leia o texto de Adorno a seguir. Horkheimer, é correto afirmar:
a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os
Se as duas esferas da música se movem na autores entendem que a superação do modelo de
unidade da sua contradição recíproca, a linha de racionalidade inerente aos conflitos do século XX
demarcação que as separa é variável. A produção depende do justo equilíbrio entre uso público e uso
musical avançada se independentizou do consumo. O privado da razão.
resto da música séria é submetido à lei do consumo, b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do
pelo preço de seu conteúdo. Ouve-se tal música séria iluminismo de libertar os homens do medo, da
como se consome uma mercadoria adquirida no magia e do mito e torná-los senhores autônomos e
mercado. Carecem totalmente de significado real as livres mediante o uso da ciência e da técnica, foi
distinções entre a audição da música “clássica” oficial e atingido.
da música ligeira. c) Os autores propõem como alternativa às catástrofes
da primeira metade do século XX um novo
(ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão entendimento da noção de progresso tendo como
da audição. In: BENJAMIN, W. et all. Textos escolhidos. referência o conceito de racionalidade comunicativa.
2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1987. p. 84.) d) Como demonstra a análise feita pelos autores no
texto “O autor como produtor”, o ideal de progresso
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o consolidado ao longo da modernidade foi rompido
pensamento de Adorno, é correto afirmar: com as guerras do século XX.
a) A música séria e a música ligeira são essencialmente e) Em obras como a Dialética do esclarecimento, os
críticas à sociedade de consumo e à indústria autores questionam a compreensão da noção de
cultural. progresso consolidada ao longo da trajetória da
b) Ao se tornarem autônomas e independentes do razão por ela estar vinculada a um modelo de
consumo, a música séria e a música ligeira passam a racionalidade de cunho instrumental.
realçar o seu valor de uso em detrimento do valor de
troca. 25. (Uel 2010) Leia o seguinte texto de Adorno e
c) A indústria cultural acabou preparando a sua própria Horkheimer:
autorreflexividade ao transformar a música ligeira e
a séria em mercadorias. O esclarecimento, porém, reconheceu as
d) Tanto a música séria quanto a ligeira foram antigas potências no legado platônico e aristotélico da
transformadas em mercadoria com o avanço da metafísica e instaurou um processo contra a pretensão
produção industrial. de verdade dos universais, acusando-a de superstição.
e) As esferas da música séria e da ligeira são separadas Na autoridade dos conceitos universais ele crê enxergar
e nada possuem em comum. ainda o medo pelos demônios, cujas imagens eram o
meio, de que se serviam os homens, no ritual mágico,
24. (Uel 2010) Leia o texto a seguir: para tentar influenciar a natureza. Doravante, a
matéria deve ser dominada sem o recurso ilusório a
“A ideia de progresso manifesta-se forças soberanas ou imanentes, sem a ilusão de
inicialmente, à época do Renascimento, como qualidades ocultas. O que não se submete ao critério
consciência de ruptura. [...] No século XVIII tal ideia da calculabilidade e da utilidade torna-se suspeito para
associa-se à consciência do caráter progressivo da o esclarecimento.
civilização, e é assim que a encontramos em Voltaire.
Tal como para Bacon, no início do século XVII, o

78
FILOSOFIA

(ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do no lugar das ideias, estão os fatos materiais; no lugar
Esclarecimento. Fragmentos filosóficos. Tradução de dos heróis, a luta de classes”.
Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1985, p. 21.) Assim, para compreender o homem é necessário
analisar as formas pelas quais ele reproduz suas
Com base no texto e no conceito de esclarecimento de condições de existência, pois são estas que
Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: determinam a linguagem, a religião e a consciência.
a) O esclarecimento representa, em oposição ao
modelo matemático, a base do conhecimento
técnico-científico que sustenta o modo de produção (ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando:
capitalista na viabilização da emancipação social. introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2000, p.
b) O esclarecimento demonstra o domínio substancial 241.)
da razão sobre a natureza interna e externa e a A partir da explicação acima e dos seus conhecimentos
realização da emancipação social levada adiante sobre o pensamento de Karl Marx, assinale a
pelo capitalismo. alternativa que indica, corretamente, os dois níveis de
c) O esclarecimento compreende a realização “condições de existência” para Marx.
romântica da racionalidade que acentuou, de forma a) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas
intensa, a interação harmônica entre homem e relações dos homens entre si e com a natureza; e
natureza. superestrutura, caracterizada pelas estruturas
d) O esclarecimento abrange a racionalização das jurídico-políticas e ideológicas.
diversas formas e condições da vida humana com o b) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas
objetivo de tornar o ser humano mais feliz, quando relações dos homens entre si e com a natureza; e
da realização de práticas rituais e religiosas. materialismo dialético, que é na verdade a forma
e) O esclarecimento concebe o abandono gradual dos pela qual o homem produz os meios de
pressupostos metafísicos e a operacionalização do sobrevivência.
conhecimento por meio da calculabilidade e da c) Modos de produção, caracterizados pelo
utilidade, redundando num modelo próprio de razão pensamento filosófico dos socialistas utópicos; e o
instrumental. imperialismo, característica máxima do capitalismo
industrial.
26. (Ufu 2010) Para Marx, o materialismo histórico é a d) Imperialismo, característica do capitalismo
aplicação do materialismo dialético ao campo da industrial; e infraestrutura (ou estrutura),
história. Conforme Aranha e Arruda (2000) “Marx
inverte o processo do senso comum que pretende caracterizada pelas relações dos homens entre si e com
explicar a história pela ação dos ‘grandes homens’ ou, a natureza.
às vezes, até pela intervenção divina. Para o marxismo,
27. (Ueg 2010) Observe a tirinha a seguir e responda ao que se pede.

A crítica da tira é compatível com a ideia filosófica


a) do “bom selvagem”, do romantismo de Rousseau.
b) do “homem alienado pela propriedade”, do socialista Karl Marx.
c) do “homem como lobo do homem”, do humanismo cristão de Hobbes.
d) do homem “manchado pelo pecado original”, do escolástico Santo Agostinho.

79
FILOSOFIA

28. (Pucpr 2010) Na sua obra Vigiar e punir, o filósofo francês Michel Foucault analisa as novas faces de exercício do
poder disciplinar e afirma:

“Muitos processos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos, nas oficinas também.
Mas as disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos XVII e XVIII fórmulas gerais de dominação. (...) O momento
histórico das disciplinas e o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente ao aumento
de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo
mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções
que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus
comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe.
Uma "anatomia política", que é também igualmente uma "mecânica do poder", está nascendo; ela define como se pode
ter domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se
quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e
exercitados, corpos "dóceis"

(Vigiar e Punir, p. 118).

Segundo essa passagem, seria correto afirmar que:

I. O texto mostra como, a partir dos séculos XVII e XVIII o corpo foi descoberto como objeto e alvo de um novo poder e
de novas formas de controle, pelas quais são superadas antigas formas de domínio e instaurado um novo modelo com
o fim de tornar os corpos mais dóceis.
II. O fim dessas práticas é tornar o corpo obediente e disciplinado através de um rigoroso exercício de controle sobre
gestos e comportamentos. É assim que o corpo vira um novo objeto de poder.
III. Segundo o autor, essa é a primeira vez na história que o corpo se tornara objeto de poder, já que essas práticas eram
comuns tanto nos regimes escravocratas quanto nos monásticos.
IV. Esses novos mecanismos de controle têm, segundo o autor, uma única motivação: o domínio do corpo para
exploração econômica.

a) Apenas as assertivas I e III são verdadeiras.


b) Apenas as assertivas I e II são verdadeiras.
c) Apenas a assertiva IV é verdadeira.
d) Todas as assertivas são verdadeiras.
e) Apenas a assertiva I é verdadeira.

29. (Unicentro 2010) Todas as alternativas abaixo definem corretamente a relação crítica que se estabelece na
contemporaneidade entre Arte, Indústria cultural e Cultura de massas, exceto.
a) Com o advento da modernidade, as artes foram submetidas às regras do mercado capitalista e da ideologia da
Indústria Cultural, baseadas na prática do consumo de produtos culturais produzidos em série. As obras de arte são
mercadorias, como tudo que existe no capitalismo.
b) Não podemos afirmar que a contemporaneidade transformou as obras de arte em mercadorias, pois proporcionaram
sua democratização irrestrita: todos podem ter acesso a elas, conhecê-las, incorporá-las em suas vidas, criticá-las,
graças ao capitalismo.
c) Apesar de submetida às leis do mercado capitalista e de sua ideologia, a arte contemporânea não se democratizou,
massificou-se para consumo rápido no mercado da moda e nos meios de comunicação de massa.
d) A Indústria cultural define a cultura como lazer e entretenimento, diversão e distração. O que nas obras de arte
significa trabalho da sensibilidade, da reflexão e da crítica é vulgarizado e banalizado; em lugar de difundir e divulgar
as artes, despertando interesse por ela, ocorre massificação da expressão artística e intelectual.
e) Sob o controle econômico e ideológico da Indústria Cultural, a arte se transformou em um evento para tornar
invisível a realidade e o próprio trabalho criador das obras. É algo para ser consumido e não para ser conhecido,
fruído e superado por novas obras.

80
FILOSOFIA

30. (Uel 2009) Texto


Assinale as alternativas corretas.
“Se você é o que você come, e consome
comida industrializada, você é milho”, escreveu I. Foucault quer afirmar que os indivíduos, nesse
Michael Pollan no livro O Dilema do Onívoro, lançado modelo de sociedade, são constituídos como efeitos
este ano no Brasil. Ele estima que 25% da comida da atuação de estratégias de poder correlatas a
industrializada nos EUA contenha milho de alguma técnicas de saber.
forma: do refrigerante, passando pelo Ketchup, até as II. Para Foucault, o poder fundamentalmente reprime,
batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – recalca, censura, mascara, anulando os desejos
isso se não contarmos vacas e galinhas que são individuais.
alimentadas quase exclusivamente com o grão. III. A disciplina produz realidade, produz rituais de
O milho foi escolhido como bola da vez ao seu baixo verdade, produz indivíduos úteis e dóceis.
preço no mercado e também porque os EUA produzem IV. Para Foucault, é o indivíduo que possui o poder. É
mais da metade do milho distribuído no mundo. ele quem dá sentido ao mundo.
V. A disciplina, como estratégia privilegiada de
fabricação do indivíduo e produção de verdades,
(Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na existe desde a época do cristianismo primitivo.
comida agora vira combustível. a) II, IV e V
Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p.33.) b) I e III
c) II e III
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o d) I e II
desenvolvimento do capitalismo e a indústria cultural, e) III, IV e V
considere as afirmativas.
32. (Pucpr 2009) “O sucesso do poder disciplinar se
deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: o
I. O capitalismo contemporâneo tornou a globalização
olhar hierárquico, a sanção normalizadora e sua
um fenômeno que intensificou a padronização e a
combinação num procedimento que lhe é específico, o
homogeneização como formas de reprodução
exame.”
técnica criadas a partir da revolução industrial.
Fonte: Foucault, Vigiar e punir, p. 143.
II. A abertura comercial dos portos das colônias
americanas resultou no cercamento dos campos, I. Vigiar, muito mais que aplicar um olhar constante
facilitando o comércio pelo acúmulo de capitais e, sobre o indivíduo, significa dispô-lo numa estrutura
em consequência, a revolução industrial. arquitetural e impessoal, na qual ele se sinta vigiado.
III. A crítica filosófica à instrumentalização cultural II. Punir é o único objetivo da disciplina.
constata que o predomínio da racionalidade técnica III. Punir primeiramente tem a finalidade de uma
permitiu o resgate do potencial emancipatório da ortopedia moral, de normalização, não somente de
razão sonhado pelo projeto iluminista. um comportamento, mas do conjunto da existência
IV. Com o avanço tecnológico, a racionalidade técnica humana, seja obstaculizando a virtualidade de um
penetra todos os aspectos da vida cotidiana, comportamento perigoso mediante o uso de
subjugando o homem a um processo de pequenas correções, seja incentivando condutas
instrumentalização cultural e homogenização de desejáveis a partir de recompensas e vantagens.
comportamentos. IV. O exame atua numa ampla rede de instituições
psiquiátricas, pedagógicas e médicas, classificando
Assinale a alternativa correta. as condutas em termos de normalidade e
anormalidade.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
V. Para Foucault, as ciências que tomaram o homem
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
como objeto de saber, a partir do final do século
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
XVIII, não têm nada a ver com a vigilância, a
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
normalização e o exame disciplinares.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Assinale a(s) alternativa(s) correta(s):
a) II e V
31. (Pucpr 2009) O indivíduo é sem dúvida o átomo
b) II e IV
fictício de uma representação “ideológica” da
c) I e II
sociedade; mas é também uma realidade fabricada por
d) III, IV e V
essa tecnologia específica de poder que se chama
e) I, III e IV
“disciplina”.
Fonte: Foucault, Vigiar e punir, p.161.

81
FILOSOFIA

33. (Pucpr 2009) A partir do livro Vigiar e Punir, de 36. (Uel 2005) Analise a figura a seguir.
Michel Foucault, considere as seguintes afirmações a
respeito da disciplina:

I. Ela é exercida de diferentes formas e tem como


finalidade única a habilidade do corpo.
II. Ela pode ser entendida como a estratégia empregada
para o controle minucioso das operações do corpo,
sendo seu efeito maior a constituição de um
indivíduo dócil e útil.
III. Ela se constitui também pelo controle do horário de
execução de atividades, em que o tempo medido e
pago deve ser sem defeito e, em seu transcurso, o
corpo deve ficar aplicado a seu exercício.

De acordo com as afirmações acima, podemos dizer


que: “Parece que enquanto o conhecimento técnico
a) Todas as afirmações estão corretas. expande o horizonte da atividade e do pensamento
b) A afirmação I está incorreta. humanos, a autonomia do homem enquanto indivíduo,
c) Apenas a afirmação III está correta. a sua capacidade de opor resistência ao crescente
d) As alternativas II e III estão incorretas. mecanismo de manipulação das massas, o seu poder de
e) Apenas a afirmação II está correta. imaginação e o seu juízo independente sofreram
aparentemente uma redução. O avanço dos recursos
34. (Uel 2009) Sobre o pensamento de Habermas, é técnicos de informação se acompanha de um processo
correto afirmar que, no modelo da democracia de desumanização. Assim, o progresso ameaça anular o
que se supõe ser o seu próprio objetivo: a ideia de
deliberativa, a noção de cidadania enfatiza homem”.
a) os direitos e as liberdades metafísicas.
b) as liberdades individuais e a heteronomia. (HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Trad. de
Sebastião Uchôa Leite. Rio de Janeiro: Editorial Labor
c) os direitos objetivos e o cerceamento da sociedade do Brasil, 1976. p. 6.)
civil.
Com base no texto, na imagem e nos conhecimentos
d) os direitos subjetivos e as liberdades cidadãs.
sobre racionalidade instrumental, é correto afirmar:
e) os direitos naturais originários e a submissão à a) A imagem de Chaplin está de acordo com a crítica de
autoridade. Horkheimer: ao invés de o progresso e da técnica
servirem ao homem, este se torna cada vez mais
escravo dos mecanismos criados para tornar a sua
35. (Uel 2008) Sobre a “indústria cultural”, segundo vida melhor e mais livre.
b) A imagem e o texto remetem à ideia de que o
Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: desenvolvimento tecnológico e o extraordinário
a) Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus progresso permitiram ao homem atingir a
consumidores. autonomia plena.
c) Imagem e texto apresentam o conceito de
b) Reproduz bens culturais que brotam racionalidade que está na estrutura da sociedade
espontaneamente das massas. industrial como viabilizador da emancipação do
homem em relação a todas as formas de opressão.
c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na d) Enquanto a imagem de Chaplin apresenta a
recepção da arte. autonomia dos trabalhadores nas sociedades
d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus contemporâneas, o texto de Horkheimer mostra
que, quanto maior o desenvolvimento tecnológico,
consumidores. maior o grau de humanização.
e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus e) Tanto a imagem quanto o texto enaltecem a
inevitável instrumentalização das relações humanas
consumidores.
nas sociedades contemporâneas.

82
FILOSOFIA

37. (Ufu 1998) O Existencialismo é uma filosofia do O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros
século XX, que procura resgatar o valor da ocupam a circunferência. Você pode chamá-los, se
subjetividade, da concretude da vida humana, da quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o
singularidade indeterminada. A famosa frase de Sartre centro; você pode chamá-lo, se quiser, de alojamento
– “A existência precede a essência.” – significa que o do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a
homem é um projeto utópico de ser, condicionado pela indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos
sua existência. Neste sentido o(s) fundamento(s) públicos aliviados; a economia assentada, como deve
teórico(s) e histórico(s) do Existencialismo de Sartre são ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os
a) o desejo de ser o que é, próprio do século XIX, e a Pobres não contado, mas desfeito – tudo por uma
decepção do homem com a Igreja na sociedade simples ideia de arquitetura!
atual. BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica,
b) a exaltação ao materialismo que determina a vida do 2006
homem, própria do século XIX.
c) as filosofias de Marx-Engels e o movimento negro, o Essa é a proposta de um sistema conhecido como
rock, o feminismo e a revolução social pós-guerra. panóptico, um modelo que mostra o poder da
d) o resgate do afeto, desejo e paixão segundo Freud e disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido
a exaltação do sexo como finalidade ética da vida no preferencialmente por mecanismos
consumismo atual. A religiosos, que se constituem como um olho divino
e) a concepção de que o homem não é mais que o que controlador que tudo vê.
ele faz na sua existência, própria do contexto B ideológicos, que estabelecem limites pela alienação,
histórico dilacerado da Europa do pós-guerra. impedindo a visão da dominação sofrida.
C repressivos, que perpetuam as relações de
38. (Unesp 2012) Regulamentação publicada nesta dominação entre os homens por meio da tortura física.
segunda-feira, no Diário Oficial do Município do Rio, D sutis, que adestram os corpos no espaçotempo por
determina que as crianças e adolescentes apreendidos meio do olhar como instrumento de controle.
nas chamadas cracolândias fiquem internados para E consensuais, que pactuam acordos com base na
tratamento médico, mesmo contra a vontade deles ou compreensão dos benefícios gerais de se ter as próprias
dos familiares. Os jovens, segundo a Secretaria ações controladas.
Municipal de Assistência Social (Smas), só receberão
alta quando estiverem livres do vício. A “internação 40. (ENEM 2013)
compulsória” vale somente para aqueles que, na Na produção social que os homens realizam, eles
avaliação de um especialista, estiverem com entram em determinadas relações indispensáveis e
dependência química. Ainda de acordo com a independentes de sua vontade; tais relações de
resolução, todas as crianças e adolescentes que forem produção correspondem a um estágio definido de
acolhidos à noite, “independente de estarem ou não desenvolvimento das suas forças materiais de
sob a influência do uso de drogas”, não poderão sair do produção. A totalidade dessas relações constitui a
abrigo até o dia seguinte. estrutura econômica da sociedade – fundamento real,
sobre o qual se erguem as superestruturas política e
(www.estadao.com.br, 30.05.2012. Adaptado.) jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas
de consciência social.
As justificativas apresentadas neste texto para legitimar MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. São
a “internação compulsória” de usuários de drogas são Paulo: Edições Sociais, 1977
norteadas por:
a) princípios filosóficos baseados no livre-arbítrio e na Para o autor, a relação entre economia e política
autonomia individual. estabelecia no sistema capitalista faz com que
b) valores de natureza religiosa fundamentados na
preservação da vida. a) o proletariado seja contemplado pelo processo de
c) valores éticos associados ao direito absoluto à mais-valia.
liberdade da pessoa humana. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da
d) realização prévia de consultas públicas sobre a produção material.
internação obrigatória. c) a consolidação das forças produtivas seja compatível
e) critérios médicos relacionados à distinção entre com o progresso humano.
saúde e patologia. d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao
desenvolvimento econômico.
39. (ENEM 2013) e) a burguesia revolucione o processo social de

83
FILOSOFIA

41. (ENEM 2012) HABERMAS, J. A constelação pós-nacional: ensaios


Na regulação de matérias culturalmente delicadas, políticos. São Paulo: Littera Mundi, 2001 (adaptado).
como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos
da educação pública, o status das Igrejas e das Os impactos e efeitos dessa universalização, conforme
comunidades religiosas, as normas do direito penal Descritos no texto, podem ser analisados do ponto de
(por exemplo, quanto ao aborto), mas também em vista moral, o que leva à defesa da criação de normas
assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a universais que estejam de acordo com
posição da família e dos consórcios semelhantes ao
matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a A os valores culturais praticados pelos diferentes povos
delimitação das esferas pública e privada — em tudo em suas tradições e costumes locais.
isso reflete-se amiúde apenas o autoentendimento B os pactos assinados pelos grandes líderes políticos, os
ético-político de uma cultura majoritária, dominante quais dispõem de condições para tomar decisões.
por motivos históricos. Por causa de tais regras, C os sentimentos de respeito e fé no cumprimento de
implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma valores religiosos relativos à justiça divina.
comunidade republicana que garanta formalmente a D os sistemas políticos e seus processos consensuais e
igualdade de direitos para todos, pode eclodir um democráticos de formação de normas gerais.
conflito cultural movido pelas minorias desprezadas E os imperativos técnico-científicos, que determinam
contra a cultura da maioria. com exatidão o grau de justiça das normas.
HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria
política. São Paulo: Loyola, 2002. 43. (ENEM 2010 1ª aplicação)
A lei não nasce da natureza, junto das fontes
A reivindicação dos direitos culturais das minorias, frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das
como exposto por Habermas, encontra amparo nas batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das
democracias contemporâneas, na medida em que se conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a
alcança lei nasce das cidades incendiadas, das terras
devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que
a) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria agonizam no dia que está amanhecendo.
a igualdade de direitos na condição da sua FOUCAULT, Michel. Aula de 14 de janeiro de 1976. In:
concentração espacial, num tipo de independência Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes,
acional. 1999.
b) a reunificação da sociedade que se encontra
fragmentada em grupos de diferentes comunidades O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a
étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em política e a lei em relação ao poder e à organização
torno da coesão de uma cultura política nacional. social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade
c) a coexistência das diferenças, considerando a das leis na organização das sociedades modernas é
possibilidade de os discursos de autoentendimento se
submeterem ao debate público, cientes de que estarão A combater ações violentas na guerra entre as nações.
vinculados à coerção do melhor argumento. B coagir e servir para refrear a agressividade humana.
d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida C criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os
adulta, tenham condições de se libertar das tradições indivíduos de uma mesma nação.
de suas origens em nome da harmonia da política D estabelecer princípios éticos que regulamentam as
nacional. ações bélicas entre países inimigos.
e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais E organizar as relações de poder na sociedade e entre
como linguagem política ou distintas convenções de os Estados.
comportamento, para compor a arena política a ser
compartilhada. 44. (ENEM 2014)
Uma norma só deve pretender validez quando todos os
42. (ENEM 2010 2ª aplicação) que possam ser concernidos por ela cheguem (ou
No século XX, o transporte rodoviário e a aviação civil possam chegar), enquanto participantes de um
aceleraram o intercâmbio de pessoas e mercadorias, discurso prático, a um acordo quanto à validade dessa
fazendo com que as distâncias e a percepção subjetiva norma.
das mesmas se reduzissem constantemente. É possível HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo.
apontar uma tendência de universalização em vários Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989
campos – por exemplo, na globalização da economia, Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser
no armamentismo nuclear, na manipulação genética, estabelecida pelo(a)
entre outros.

84
FILOSOFIA

A) liberdade humana, que consagra a vontade. JONAS. H. O princípio da responsabilidade. Rio de


B) razão comunicativa, que requer um consenso. Janeiro: Contraponto; Editora PUC-Rio, 2011
C) conhecimento filosófico, que expressa a verdade. (adaptado).
D) técnica científica, que aumenta o poder do homem.
E) poder político, que se concentra no sistema As implicações éticas da articulação apresentada no
partidário. texto impulsionam a necessidade de construção de um
novo padrão de comportamento, cujo objetivo consiste
em garantir o(a)
45. (ENEM 2014) a) pragmatismo da escolha individual.
Três décadas — de 1884 a 1914 — separam o século b) sobrevivência de gerações futuras.
XIX — que terminou com a corrida dos países europeus c) fortalecimento de políticas liberais.
para a África e com o surgimento dos movimentos de d) valorização de múltiplas etnias.
unificação nacional na Europa — do século XX, que e) promoção da inclusão social.
começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período
do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e 48. (Enem 2017) O conceito de democracia, no
dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África. pensamento de Habermas, é construído a partir de
ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. uma dimensão procedimental, calcada no discurso e na
das Letras. 2012. deliberação. A legitimidade democrática exige que o
O processo histórico citado contribuiu para a eclosão processo de tomada de decisões políticas ocorra a
da Primeira Grande Guerra na medida em que partir de uma ampla discussão pública, para somente
a) difundiu as teorias socialistas então decidir. Assim, o caráter deliberativo
b) acirrou as disputas territoriais corresponde a um processo coletivo de ponderação e
c) superou as crises econômicas. análise, permeado pelo discurso, que antecede a
d) multiplicou os conflitos religiosos. decisão.
e) conteve os sentimentos xenófobos.
VITALE. D. Jürgen Habermas, modernidade e
46. (Enem 2016) Ser ou não ser – eis a questão. democracia deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA), v.
Morrer – dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o 19, 2006 (adaptado).
obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte O conceito de democracia proposto por Jürgen
Quando tivermos escapado ao tumulto vital Habermas pode favorecer processos de inclusão social.
Nos obrigam a hesitar: e é essa a reflexão De acordo com o texto, é uma condição para que isso
Que dá à desventura uma vida tão longa. aconteça o(a)
a) participação direta periódica do cidadão.
SHAKESPEARE, W. Hamlet. Porto Alegre: L&PM, 2007. b) debate livre e racional entre cidadãos e Estado.
c) interlocução entre os poderes governamentais.
Este solilóquio pode ser considerado um precursor do d) eleição de lideranças políticas com mandatos
existencialismo ao enfatizar a tensão entre temporários.
a) consciência de si e angústia humana. e) controle do poder político por cidadãos mais
b) inevitabilidade do destino e incerteza moral. esclarecidos.
c) tragicidade da personagem e ordem do mundo.
d) racionalidade argumentativa e loucura iminente. 49. (Enem 2017) Uma sociedade é uma associação mais
e) dependência paterna e impossibilidade de ação. ou menos autossuficiente de pessoas que em suas
relações mútuas reconhecem certas regras de conduta
47. (Enem 2016) A promessa da tecnologia moderna se como obrigatórias e que, na maioria das vezes, agem
converteu em uma ameaça, ou esta se associou àquela de acordo com elas. Uma sociedade é bem ordenada
de forma indissolúvel. Ela vai além da constatação da não apenas quando está planejada para promover o
ameaça física. Concebida para a felicidade humana, a bem de seus membros, mas quando é também
submissão da natureza, na sobremedida de seu efetivamente regulada por uma concepção pública de
sucesso, que agora se estende à própria natureza do justiça. Isto é, trata-se de uma sociedade na qual todos
homem, conduziu ao maior desafio já posto ao ser aceitam, e sabem que os outros aceitam, o mesmo
humano pela sua própria ação. O novo continente da princípio de justiça.
práxis coletiva que adentramos com a alta tecnologia
ainda constitui, para a teoria ética, uma terra de RAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins
ninguém. Fontes, 1997 (adaptado).

85
FILOSOFIA

A visão expressa nesse texto do século XX remete a O texto apresenta um entendimento acerca dos
qual aspecto do pensamento moderno? elementos constitutivos da atividade do filósofo, que se
a) A relação entre liberdade e autonomia do caracteriza por
Liberalismo. a) reunir os antagonismos das opiniões ao método
b) A independência entre poder e moral do dialético.
Racionalismo. b) ajustar a clareza do conhecimento ao inatismo das
c) A convenção entre cidadãos e soberano de ideias.
Absolutismo. c) associar a certeza do intelecto à imutabilidade da
d) A dialética entre indivíduo e governo autocrata do verdade.
idealismo. d) conciliar o rigor da investigação à inquietude do
e) A contraposição entre bondade e condição selvagem questionamento.
do Naturalismo. e) compatibilizar as estruturas do pensamento aos
princípios fundamentais.

50. (Enem 2016) Hoje, a indústria cultural assumiu a


herança civilizatória da democracia de pioneiros e
empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza
de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres
para dançar e para se divertir, do mesmo modo que,
desde a neutralização histórica da religião, são livres
para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas
a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre
a coerção econômica, revela-se em todos os setores
como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma
coisa.

ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do


esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro:
Zahar, 1985.

A liberdade de escolha na civilização ocidental, de


acordo com a análise do texto, é um(a)
a) legado social.
b) patrimônio político.
c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
e) ilusão da contemporaneidade.

51. (Enem 2018)

O filósofo reconhece-se pela posse inseparável do


gosto da evidência e do sentido da ambiguidade.
Quando se limita a suportar a ambiguidade, esta se
chama equívoco. Sempre aconteceu que, mesmo
aqueles que pretenderam construir uma filosofia
absolutamente positiva, só conseguiram ser filósofos
na medida em que, simultaneamente, se recusaram o
direito de se instalar no saber absoluto. O que
caracteriza o filósofo é o movimento que leva
incessantemente do saber à ignorância, da ignorância
ao saber, e um certo repouso neste movimento.

MERLEAU-PONTY. M. Elogio da filosofia. Lisboa:


Guimarães, 1998 (adaptado).

86
FILOSOFIA

GABARITO
FILOSOFIA ANTIGA
52. A
1. E 53. B
2. C 54. D
3. B 55. A
4. A 56. A
5. D 57. C
6. D 58. A
7. D 59. A
8. A 60. B
9. E 61. C
10. D 62. C
11. B 63. E
12. B 64. D
13. B 65. B
14. E 66. D
15. E 67. C
16. A 68. D
17. C 69. A
18. C 70. D
19. E 71. E
20. C 72. B
21. B 73. B
22. A 74. A
23. D 75. A
24. C 76. D
25. E 77. E
26. D 78. B
27. D 79. D
28. B 80. B
29. D 81. C
30. D 82. A
31. A 83. C
32. D 84. A
33. C 85. A
34. C 86. B
35. C 87. C
36. A 88. D
37. D 89. D
38. A 90. B
39. C 91. C
40. A 92. B
41. D 93. B
42. A 94. C
43. D 95. A
44. C 96. A
45. A 97. B
46. C 98. C
47. D 99. D
48. A 100. B
49. D 101. A
50. E 102. D
51. D 103. D
104. A

87
FILOSOFIA

105. E 26. B
106. B 27. C
107. C 28. D
108. C 29. C
109. C 30. E
110. C 31. B
111. D 32. E
112. C 33. A
34. D
FILOSOFIA MEDIEVAL 35. D
36. A
01. D 37. E
02. C 38. C
03. D 39. C
04. B 40. E
05. C 41. C
06. B 42. B
07. D 43. A
08. A 44. E
09. C 45. B
10. B 46. A
11. B 47. D
12. B 48. B
13. C 49. B
14. A 50. A
15. C 51. C
16. C 52. B
17. B 53. D
18. D 54. E
55. B
FILOSOFIA MODERNA 56. D
1. A 57. C
2. B 58. A
3. E 59. B
4. D 60. B
5. B 61. D
6. B 62. B
7. A 63. C
8. A 64. D
9. C 65. A
10. D 66. D
11. B 67. D
12. E 68. C
13. B 69. E
14. D 70. B
15. D 71. E
16. D 72. D
17. A 73. B
18. C 74. C
19. E 75. B
20. D 76. D
21. B 77. A
22. C 78. B
23. A 79. C
24. C 80. A
25. C 81. D

88
FILOSOFIA

82. C FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA


83. E 1. A
84. A 2. B
85. A 3. D
86. C 4. C
87. D 5. B
88. B 6. C
89. A 7. B
90. B 8. D
91. B 9. E
92. D 10. C
93. D 11. B
94. D 12. A
95. B 13. C
96. C 14. A
97. B 15. B
98. A 16. E
99. A 17. D
100. E 18. D
101. A 19. D
102. C 20. E
103. E 21. A
104. D 22. D
105. A 23. D
106. C 24. E
107. C 25. E
108. C 26. A
109. A 27. B
110. D 28. B
111. A 29. B
112. D 30. B
113. D 31. B
114. E 32. E
115. A 33. B
116. D 34. D
117. B 35. D
118. C 36. A
119. B 37. E
120. A 38. E
121. C 39. D
40. B
122. A
41. C
123. C 42. D
124. C 43. E
125. E 44. A
126. B 45. B
127. D 46. A
128. C 47. B
129. C 48. B
130. D 49. A
50. E
131. D
51. D
132. D
133. B
134. A
135. A
136. E
137. D

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