Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
filosóficas.
A ética racional de Kant é um exemplo de uma O utilitarismo de S. Mill é um exemplo de uma ética
ética deontológica. consequentalista.
As ações devem de ser realizadas As ações são corretas ou incorretas em virtude das
independentemente das consequências que suas consequências ou resultados. Opõem-se às
resultam da realização da ação. Opõem-se ao éticas deontológicas em que as ações tem valor
consequentalismo porque definem que os atos moral quando realizadas por dever.
são intrinsecamente corretos ou incorretos.
Face a um bombardeamento que provoque a Face a um bombardeamento que provoque a morte
morte de civis, um deontologista dirá foi errado, de civis, um consequentalista, antes de fazer
ou é um ato moralmente condenável. qualquer juízo, perguntará: «quais foram as
consequências da ação?» O que teria acontecido se
não houvesse o bombardeamento.
Ajo por dever quando a minha atuação não persegue Ajo conforme ao dever quando a minha atuação cumpre
nenhum interesse particular, uma inclinação ou o que é correto, mas, mas simultaneamente perseguem
desejo. Ajo por dever quando a minha atuação é única um interesse particular ou é o resultado de uma
e exclusivamente motivada por respeito à lei moral, inclinação ou de um desejo.
independentemente das consequências ou dos
resultados da ação, mesmo com prejuízo das minhas
inclinações ou desejos.
Um homem completamente miserável que deseja Um merceeiro que escolhe a honestidade para não
morrer, mas que ainda assim preserva a vida apenas perder os seus clientes faz o que é correto, mas a sua
por respeito ao dever de fazê-lo, é o paradigma da ação não possui para Kant, qualquer valor moral.
moralidade para Kant. Vais comprar pão e em uma criança e o padeiro dá-te o
troco certo, para não ser recriminado pelos clientes.
Um condutor para no sinal vermelho. Cumpre a lei mas a sua ação não tem valor
moral. As razões que o levaram a tomar essa decisão foram diversas- a inclinação para
se manter vivo (tem medo de provocar um acidente), o desejo de ficar bem visto ou o
receio de ser multado. O que determina o valor de uma ação, não é o propósito ou
finalidade, mas a intenção do sujeito e o respeito pela lei moral.
Texto 1
“ Kant assinalou que a palavra dever é frequentemente usada em sentido não moral.
Por exemplo:
1- Quem quiser tornar-se um jogador de xadrez melhor deve estudar os jogos de Garry
Kasparov;
2- Quem quiser ir para a faculdade de direito deve inscrever -se nos exames de acesso.
Grande parte da nossa conduta é governada por tais «deves». O padrão é: temos um
determinado desejo (ser jogadores de xadrez melhores, ir para a faculdade de direito);
reconhecemos que um certo percurso nos ajudará a obter o que desejamos (estudar os jogos
de Kasparov, fazer a inscrição para os exames de acesso); e por isso concluímos que devemos
seguir o plano indicado.
Kant chamou a isto «imperativos hipotéticos» porque nos dizem o que fazer desde que
tenhamos os desejos relevantes. (…) Uma vez que a força de obrigatoriedade do «deves»
depende ou não do desejo relevante, podemos escapar à sua força renunciando simplesmente
ao desejo. (…)
Em contraste, as obrigações morais não dependem de desejos específicos que
pensamos ter. A forma de uma obrigação moral não é «Se queremos isto ou aquilo, então
devemos fazer isto ou aquilo». Os requisitos morais são ao invés categóricos: tem a forma:
«Deves fazer isto e aquilo, sem mais». A regra moral não é, por exemplo, que devemos ajudar
as pessoas se nos importamos com elas ou se temos outro objetivo que podemos alcançar ao
auxilia-las. A regra moral é, pelo contrário, que devemos ser prestáveis para as pessoas
independentemente dos nossos desejos e necessidades particulares. È por isso que, ao
contrário dos «deves» hipotéticos, não se pode evitar as exigências morais dizendo, «mas isso
não me interessa».”
J. Rachels, Elementos de Filosofia Moral, Gradiva, 2004, pp175-176.
Assume geralmente a forma «Se queres x, então deves Assume geralmente a forma «Deves fazer x, sem
fazer Y». mais.
Texto 2
“ Quando penso um imperativo hipotético, não sei de antemão o que ele poderá
conter. Só o saberei quando a condição me seja dada. Mas se pensar um imperativo
categórico, então sei imediatamente o que é que ele contém. Porque não contendo o
imperativo, além da lei, senão a necessidade da máxima que manda conformar-se com esta lei,
e não contendo a lei nenhuma condição que a limite, nada mais resta senão a universalidade
de uma lei em geral à qual a máxima da ação deve ser conforme, conformidade essa que só o
imperativo nos representa como necessária.
Primeira Formulação
Age segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei
universal.
Segunda Formulação
Age como se a máxima da tua ação de devesse tornar em lei da natureza
Terceira Formulação
Age de tal maneira que uses a Humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro como um fim e nunca como um meio.
Este princípio, o imperativo categórico, é o único critério válido para avaliar se um ato é ou não
permissível, se tem de facto valor moral.
Se queremos que o nosso ato seja orientado pelo princípio categórico, seja seguido
por todas as pessoas, então tem valor moral.
Se queremos que o nosso ato não seja orientado pelo princípio categórico e abrimos
exceções e atendemos aos nossos interesses e inclinações, então o ato não tem valor
moral- é é moralmente condenável e contrário à lei da razão prática.
Um exemplo dado por Kant- alguém vê-se forçado a pedir dinheiro emprestado, e para o
conseguir mais facilmente mente, dizendo que o devolverá mesmo sabendo que não o pode
fazer.
Neste caso a máxima que orienta fosse universalizável, toda a gente poderia mentir e pedir
dinheiro emprestado. Ninguém acreditaria em promessas e essa máxima não seria ula lei
universal.
Uma ação moral possui pois autonomia da vontade- agir em liberdade, e o respeito
incondicional por princípios universais racionais- imperativo categórico- boa vontade.
Pressupõe o respeito absoluto pelo ser humano- é um fim e não um meio. Exige que o ser
humano se liberte dos seus interesses particulares, inclinações e desejos.
Texto 2
Uma maneira de perceber o que Kant entende por agir autonomamente é comparar a
autonomia com o seu oposto. Kant inventa uma palavra para aprender esse contraste –
heteronomia. Quando ago de forma heterónoma, ajo de acordo com determinações exteriores
a mim. Eis um exemplo: quando deixa cair uma bola de bilhar, esta cai no chão. Enquanto cai, a
bola de bolhar não está a cair livremente, os seus movimentos são regidos pelas leis da
natureza, neste caso as leis da gravidade.
Suponha que caio ou sou empurrado do Empire State Building. À medida que ma
aproximo do solo, ninguém diria que estou a agir livremente; o meu movimento é regido pelas
leis da gravidade, como aconteceu com a bola de bilhar.
Agora suponha que caio em cima em cima de uma pessoa e que a mato. Seria tão
moralmente responsável pela infeliz morte como a bola de bilhar seria moralmente
responsável se caísse de uma grande altura e acertasse na cabeça de alguém. Em nenhum dos
casos o objeto que cai- eu ou a bola de bilhar- age livremente. Em ambos os casos, o objeto em
queda é regido pela lei da gravidade. Como não há autonomia, não pode haver
responsabilidade moral.
Aqui está a ligação entre liberdade como autonomia e a ideia da moralidade de Kant.
Agir livremente não é escolher o melhor meio para atingir um determinado fim; é escolher
próprio fim por per se- uma escolha que os seres humanos podem fazer e as bolas de bilhar
não ( e a maioria dos animais não).”
M. Sandel, Justiça, Fazemos o que Devemos?, Presença, 2011, pp117-118
2-“Não minto porque se o fizer, arrisco-me a que a minha namorada já não goste de mim”.
7- “A Sofia faz doações para ações de caridade apenas para aumentar a sua popularidade entre
os amigos”.
8-“Aristides de Sousa Mendes e Oskar Schlinder, durante a segunda guerra mundial, salvaram
muitos judeus, fazendo o que consideravam correto e não o que era mais fácil fazer, nem o
que lhes traria mais benefícios”.
9-“Uma pessoa está a afogar-se e outra pessoa salva-a. Esta tirou-a da água para receber uma
recompensa pelo salvamento”.
Ex1: A Francisca é dona de um hotel que nunca engana os clientes, fazendo sempre um preço
justo. Ela faz isso não por interesse (para não perder os clientes), mas simplesmente por
dever de ser honesta.
Sim. Porque (1) a máxima é “venderás sempre a um preço justo, porque é um dever ser
honesto”. E (2) é possível todos agirmos segundo essa máxima e queremos que todos
obedeçam a essa máxima.
Ex2: O Gustavo mente ao Joel sobre uma traição da sua namorada Daniela, pois, não quer
que o Joel sofra (tem assim compaixão por ele). Acontece que o Joel passa a andar traído
sem o saber.
Não. Porque (1) a máxima é “mentirás porque tens compaixão”. E (2) não poderíamos querer
que a mentira fosse uma lei universal, pois isso derrotar-se-ia a si mesmo: as pessoas
descobririam rapidamente que não podiam confiar no que os outros disseram, e por isso
ninguém acreditaria nas mentiras
Ex3: Um homem em apuros que decide pedir dinheiro emprestado, prometendo restituir o
dinheiro, mas não tem a intenção de o devolver.
Não. Porque (1) a máxima é “faz promessas com a intenção de as não cumprires”. E (2) esta
máxima não poderia tornar-se lei universal; pois, se todos fizessem promessas com a intenção
de as não cumprirem, a própria prática de fazer promessas desapareceria (uma vez que esta
baseia-se na confiança entre as pessoas).
Não. Porque (1) a máxima é “recusa-te sempre a ajudar os outros”. E (2) trata-se de uma
máxima que não podemos querer ver transformada em lei universal; pois algures, no futuro,
esse próprio homem poderá precisar de assistência dos outros, e não quererá de forma
consistente que os outros sejam indiferentes ao seu problema.
Ex5: O Henrique usou cábulas e copiou no exame de filosofia. De facto, ele não se sentia
preparado, pois no dia anterior ao exame foi com os amigos para o bar e, assim, não teve
tempo para estudar.
Não. Porque (1) a máxima é “sempre que não te sentires preparado para um exame irás usar
cábulas ou copiar”. E (2) trata-se de uma máxima que não podemos querer ver transformada
em lei universal; pois, se essa máxima fosse universalizada nenhum exame realizado mereceria
confiança por parte dos avaliadores. Os próprios exames deixariam de ser objeto de confiança
e para nada serviriam as avaliações dado que se tornaria generalizada a suspeita.
3- O valor moral de uma ação depende dos benefícios que com ela se alcançam.F
5- O que torna a vontade boa são os prejuízos que com ela conseguimos evitar.F
6- Uma vontade boa não põe em causa as inclinações e os desejos dos outros.F
9- Realizar uma dada ação para evitar a culpa e o remorso é agir moralmente.F
10- Se ajo em conformidade com o dever, obedeço à voz da razão e nada mais.F
13- A lei moral tem uma forma imperativa categórica: ordena incondicionalmente.V
15- O imperativo hipotético é uma obrigação universal, ou seja, vale para todas as pessoas.V
2- Segundo Kant a lei Gjakmarrja do código kanun pode valer como lei moral. Justifique a
resposta.
Não. A máxima que orienta neste caso a minha ação é “ posso matar por vingança”. Esta
máxima não pode ser universalizável. Todos encontrariam uma justificação para matar.
3- Leia o texto.
“ Suponha-se que defendemos ser absolutamente errado fazer A em quaisquer
circunstâncias igualmente errado fazer B em qualquer circunstância. Que dizer então, no caso
no qual uma pessoa é confrontada com a escolha entre fazer A e fazer B, quando tem de fazer
alguma coisa e não há alternativa.
James Rachels (2004), Elementos de filosofia moral, Gradiva, p. 13