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RESENHA CRÍTICA TERAPIA DE RISCO, A PARTIR DE UMA VISÃO ÉTICA.

MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Ética: Platão a Foucault. Rio de


Janeiro: Jorge Zahar ed 4ª, (pag 9- 14) 2005.

Camila Jardim
Eliúde Abreu
Elizângela Cruz
Gilmária Santos
Ritiane Ponsada

O filme Terapia de Risco foi lançado em maio de 2013 sob a direção de Steven
Soderbergh, tem sua origem nos EUA, e a duração de 1h43min. O filme retrata a trama
de uma jovem chamada Emily. Ela é casada, e seu marido havia sido preso por um
crime de colarinho branco. Emily ficou deprimida quando o mesmo foi preso. Ao
procurar ajuda de uma psiquiatra ele recebe um diagnóstico de depressão. Alguns anos
depois o seu esposo estava sendo solto da prisão, porém Emily não estava bem, a
mesma joga o seu próprio carro contra a parede, indo para o hospital. Para não ficar
internada ela combina de fazer acompanhamento com um psiquiatra em seu consultório
particular. Depois de alguns acompanhamentos e do contato com a antiga psiquiatra ele
receita um remédio para ela com o nome Ablixa. Ela supostamente toma o remédio e
começa a ter reações “estranhas” de sonambulismo, onde faz coisas que não vê, por
causa do efeito do medicamento. Emily que estava com a vida “parada” pela doença,
agora volta a dormir, comer, e até fazer sexo com o esposo. Mas chega um dado
momento que Emily assassina o seu marido alegando sonambulismo, então a partir daí a
vida de seu psiquiatra vira um “inferno”.

Emily foi presa e a partir de então se inicia um período de julgamento. A sentença


condicional para ele era ser internada em um hospital psiquiátrico. A partir de então
algumas coisas passam a não fazer mais sentido no “quebra-cabeça” do psiquiatra, então
ele começa a investigar o local do acidente que a levou para o hospital pela primeira
vez, investiga o local de emprego, a antiga psiquiatra, etc. e percebe que existe uma
incoerência no discurso e nos comportamentos emitidos por Emily. Então ele descobre
que a mesma tramou tudo junto com a antiga psiquiatra. Dentro do próprio consultório
elas se conheceram e estavam em um relacionamento amoroso. Toda a história de
depressão foi fingida e tramada para conseguir benefícios financeiros do marido da
Emily, onde ela foi ensinada por sua “psiquiatra” (e amante) a se passar por uma pessoa
com depressão. A psiquiatra por fim é presa e Emily fica internada em um hospital
psiquiátrico.

O filme terapia de risco permite fazer algumas reflexões acerca da ética


profissional. Primeiramente cabe aqui definir o que é ética. Segundo Marcondes (2005)
ética é algo que desenvolvemos no nosso cotidiano, permitindo a nós a noção daquilo
que é certo ou errado, sendo que essa noção está deve ser pautada levando em conta o
contexto sociocultural em que está. Marcondes (2005) também diz que a ética deve ser
pensada em beneficiar a todos e não somente a alguns indivíduos. Outro ponto que está
atrelado ao conceito da ética é de que não deveríamos fazer aos outros aquilo que não
gostaríamos que fizéssemos com a gente. Partindo desse pressuposto a postura da
psiquiatra foi totalmente antiética uma vez que tudo que o autor traz como sendo
contrário a ética ele pratica, como por exemplo se envolver amorosamente com a
paciente, usar esse relacionamento para ter vantagens pessoais, ser cúmplice da sua
“paciente” em um assassinato, mentir, e até colocar a carreira de um outro profissional
em riso para poder obter ganhos secundários.

Baseando a trama do filme com as questões da ética podemos perceber como se dá


a ética do profissional do psicólogo de acordo com o pensamento de Kant, Weber e
Aristóteles.

Para weber, a ética da responsabilidade e a da convicção é importante, pois se trata


de agir segundo princípios ou considerar as consequências que os atos podem levar.
Quando se usa certo tipo de prática para tomar decisões mesmo sabendo de todas as
consequências, faz se o uso da ética da responsabilidade.

Ética essa, usada pelo psiquiatra Jonathan Banks ao injetar água misturada com sal
para comprovar que a paciente (Emily) estava mentindo e assim conseguir desvendar
todo o caso, mesmo sabendo que as consequências viriam, não desistiu de tal ato e
decidiu se responsabilizar por elas. Concordo com a ação do psiquiatra, pois não se
preocupou somente com a ação e sim no processo por completo, inclusive com o
resultado que seria descobrir toda a verdade e sair ileso das acusações.

De acordo com o que Kant, o imperativo categórico é visto como guias para tornar
a vida mais ética, formando assim a moral universal, agindo racionalmente que sua ação
seja considerada universal. Sendo ela, o que faz como certo e que traz benefícios a
todos. Por outro lado, algumas ações podem ir contra essa racionalidade prejudicando
os outros. A ideia de imperativo categórico se baseia no que diz respeito a “não fazer
aos outros aquilo que não quer que faça a você”. As normas universais não foram
pensadas pela Doutora e Emily, pois não se importaram com os danos que estariam
causando ao psiquiatra Banks ao colocá-lo nessa situação.

E para Aristóteles, o saber prático envolve o saber fazer para que se tenha uma
finalidade. Se pensa em um bem maior, um bem que serve para refletir mediar a relação
com o outro. Quando Emily e a psiquiatra decidem executar o plano sem pensar em
quem iria prejudicar elas usaram o bem para si, o bem individual.

Marcondes (2005) ressalta que as vezes é preciso ir ao extremo da ética. Essa fala
lembra a postura que o psiquiatra Bankas teve, pois, ele foi além do que a “ética” pedia.
Isso fortalece a ideia de que na vida profissional vai ter certos casos ou situações que os
profissionais têm que sair da sua zona de conforto para poder atingir seu objetivo ou
mesmo contemplar uma maioria (bem maior). O filme é bem inteligente e muito bem
produzindo. Faz com que os telespectadores possam refletir acerca do quanto somos
capazes de colocar os nossos interesses pessoais acima daquilo que é correto fazer.

Portanto a trama é indicada para profissionais da psicologia e psiquiatria, pois é


muito importante pensar a postura ética sendo que o filme pode trazer uma reflexão
acerca disso. Também traz uma elucidação de que querendo ou não alguns profissionais
antiéticos podem afetar aqueles que tentam desempenhar o seu trabalho pautado nos
padrões do seu código de ética.

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