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O canabidiol (CBD) é um dos compostos químicos encontrados na planta de cannabis, que tem

sido objeto de estudo e debate em relação ao seu potencial uso terapêutico no tratamento de
diversas doenças. O CBD tem demonstrado propriedades anti-inflamatórias, neuroprotetoras,
ansiolíticas e antipsicóticas, o que o torna uma possível alternativa terapêutica para o
tratamento de doenças crônicas.

No Brasil, o uso de CBD para fins medicinais foi aprovado em 2015 pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), mas somente em casos excepcionais e mediante prescrição
médica. Em 2019, a ANVISA aprovou a regulamentação da produção e comercialização de
produtos à base de cannabis no país, incluindo o CBD.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta o


desenvolvimento da comunicação social e comportamental, com uma prevalência estimada de
cerca de 1% da população mundial (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2018). Apesar dos
avanços na compreensão do TEA, ainda há uma grande necessidade de desenvolver
tratamentos efetivos que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias.
Nesse contexto, o uso de canabidiol (CBD), um dos principais componentes da planta de
cannabis, tem sido estudado como uma possível opção terapêutica para o tratamento do TEA.

O CBD é conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas, antipsicóticas e


anticonvulsivantes, entre outras. Estudos pré-clínicos e clínicos têm demonstrado que o CBD
pode modular a atividade do sistema endocanabinoide, que está envolvido no controle de
várias funções fisiológicas, incluindo o desenvolvimento neuronal, o aprendizado e a memória
(PAMPIGLIONE et al., 2020). Em um estudo clínico recente, o uso de CBD foi associado a uma
melhoria significativa na irritabilidade, comportamento repetitivo e ansiedade em pacientes
com TEA (ARAN et al., 2019).

No entanto, apesar dos resultados promissores, ainda há questões em aberto sobre a eficácia e
segurança do uso de CBD no tratamento do TEA. Um estudo clínico randomizado e controlado
em larga escala é necessário para avaliar os efeitos a longo prazo do CBD no TEA, bem como os
efeitos adversos e interações medicamentosas (ARDINO et al., 2020). Além disso, é importante
considerar a qualidade e a pureza do CBD, bem como a dosagem e a via de administração, para
garantir a eficácia e a segurança do tratamento.

Diante disso, torna-se importante discutir os potenciais benefícios e limitações do uso de


canabidiol no tratamento do TEA, a fim de contribuir para uma abordagem terapêutica mais
efetiva e segura para os pacientes e suas famílias.

Referências:

ANVISA
ARAN, A. et al. Cannabidiol (CBD) treatment for irritable behavior and anxiety in children and
adolescents with autism spectrum disorder (ASD). Journal of Autism and Developmental
Disorders, v. 49, n. 11, p. 1-9, 2019.

ARDINO, V. et al. Cannabidiol for treating autism spectrum disorders: A systematic review.
European Child & Adolescent Psychiatry, v. 29, n. 9, p. 1071-1081, 2020.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Transtornos do espectro autista. Disponível em:


https://www.who.int/pt/news-room/fact-sheets/detail/autism-spectrum-disorders. Acesso em:
26 mar. 2023.ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada nº 327/2019. Brasília, DF: ANVISA,
2019.

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