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1.

INTRODUÇÃO
A legalização da Cannabis sativa, popularmente conhecida por diversos nomes como
maconha, marijuana, verdinha, fumo de angola, Haxixe, Diamba, Borboto, Banza, ‘cachimbo
da paz”, daga, é um tema estigmatizado em nossa sociedade brasileira. Tendo em vista, o
preconceito recorrente relacionado ao uso da Cannabis, de fatores históricos do século XIX-
XX, ao retratar que na Colônia e no Império, a maconha era um hábito das classes baixas,
incluindo os escravos, enquanto o tabaco era uma prática das classes altas. Como forma de
discriminação, foi criada uma lei brasileira racista, em 1830, que visava a criminalização do
uso dessa droga, atingindo diretamente a disseminação de atos culturais de origem africana. A
partir da institucionalização dessa medida, a pena dada aos brancos que vendiam a planta era
branda em comparação com a punição aos negros que a consumiam. Sendo respectivamente,
uma multa e uma penitencia de 3 dias de cadeia (BARROS, 2020).
Na medida que, hoje em dia, temos avanço nas pesquisas sobre o tema, notamos as
diversas vantagens da legalização do cânhamo em relação à essa proibição. Além do fator
“preconceito”, pesquisas indicam que, se utilizarmos partes do cânhamo, será possível
fomentar desde a indústria farmacêutica até a de obras. Segundo o levantamento, as sementes
podem ser usadas para formular combustíveis, resinas, óleos, cervejas, cosméticos e
suplementos alimentares. Já as raízes conseguem servir de base para medicamentos. E os talos
e caules podem ser utilizados em materiais de construção, papéis, móveis, roupas e acessórios
(FCEM, 2022).
A maconha é uma planta presente na história mundial, desde o período colonial
a utilização do seu uso se mostrou presente e comum em nosso país, trazidas pelos próprios
portugueses e escravos, a planta por provocar sensações de prazeres e bem-estar, logo ganhou
espaço na sociedade fazendo com que sua disseminação entre negros, índios e até mesmo a
realeza tomassem grandes proporções.

2. USO MEDICINAL
Estudos feitos por diversas fontes mostram como o canabidiol pode ser útil para
diversos fatores medicinais nos âmbitos psiquiátricos, neurais e inflamatórios. Substâncias
presentes na cannabis amenizam os sintomas de diversas doenças como dores, náuseas, falta
de apetite, estresse, descontrole muscular, transtornos psiquiátricos e crises epiléticas, embora
não curem as doenças propriamente ditas, elas melhoram a qualidade de vida de quem as
possui. Para exemplificarmos, podemos citar epilepsia, alzheimer, esclerose múltipla,
autismo, ansiedade, entre outros.
2.1. EPILEPSIA
A epilepsia afeta mais de 50 mil pessoas no mundo e se trata de uma doença em que
há perturbação da atividade das células nervosas do cérebro, o que causa uma contração
involuntária da musculatura, que provoca movimentos desordenados. O início dos estudos
sobre os benefícios da Canabis sativa no tratamento de epilepsia começou na década de 70,
com o grupo de Carlini. Os resultados dessa experiência mostrou que metade dos pacientes
ficaram livres das crises epilépticas e praticamente sem efeitos colaterais.(CLÍNICA
CUKIERT, 2023).
Baseado em diversos estudos, o FDA ( Food and Drugs Admnistration), em junho de 2018,
aprovou a liberação do canabidiol no tratamento de epilepsia refratária. No Brasil, somente
em 2015 foi liberada a importação dessa medicação, porém com preços altíssimos, o que a
deixou inacessível para a maior parte da população. Em 2017 facilitaram o processo para
adquirir este composto, mas somente em 2019 foi regulamentado o cultivo controlado da
Canabis sativa para uso medicinal e científico. (CLÍNICA CUKIERT, 2023)
No tratamento, a substância influência diretamente mo sistema nervoso central, atuando
como modulador da transmissão neurológica. "Semelhante à uma substância produzida pelo
próprio corpo humano, o canabidiol, conhecido popularmente como CBD, tem potencial de
controlar as descargas de neurotransmissores nos neurônios pré-sinápticos e tem o pode
ajudar a reduzir crises convulsivas tanto em quantidade quanto em intensidade." Diz Medicina
SA (MEDICINASA, 2022).
2.2. ALZHEIMER
Conhecido como Doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neuro-degenerativo
progressivo e fatal que revela-se pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento
progressivo das atividades de vida diária e diversos sintomas neuro-psiquiátricos e de
alterações no comportamento (Ministério da Saúde).
Atualmente, os inibidores das colinesterases (I-ChE) são as principais drogas
utilizadas para o tratamento específico da doença de Alzheimer, cujo uso baseia-se no
pressuposto déficit colinérgico que ocorre na doença, visando o aumento da disponibilidade
sináptica de acetilcolina, através da inibição das suas principais enzimas catalíticas, a acetil e
a butirilcolinesterase.
Os inibidores da colinesterase têm como resultado concentrações mais elevadas de
acetilcolina, conduzindo a um acréscimo da comunicação entre as células
nervosas, o que por sua vez pode, temporariamente, melhorar ou estabilizar os
sintomas da demência (Fernandes, 2017).
“A utilização de inibidores da colinesterase é apenas uma das abordagens
farmacológicas possíveis para o tratamento dos sintomas da doença de Alzheimer.
Estudos têm demonstrado o potencial queo composto canabidiol têm no tratamento da DA. O
canabidiol (CBD) é uma substância da planta Cannabis sativa, não tem efeito psicotrópico e
sua molécula atravessa livremente a barreira hematoencefálica, que é uma estrutura especial
que envolve os vasossanguíneos do sistema nervoso central e tem uma função metabólica
importante, protegendo-o de substâncias potencialmente tóxicas. Pesquisas mostram que
alguns dos canabinóides reduzem o acúmulo de beta-amilóide e a inflamação do cérebro que
ocorre na doença de Alzheimer. Desta forma, acredita-se no potencial apoio no tratamento da
doença. Pesquisas em camundongos, previamente induzidos à DA, submetidos ao tratamento
com canabidiol, demonstraram a redução de perda cognitiva e demência” (Pitanga, et al.,
2018).
O uso deste composto é feito através do medicamento, o óleo de cânhamo, rico em
canabidiol, e foi aprovada regras para comercialização pela Agência Nacional de Vigilância
Research, Society and Development. Isso constitui um avanço no tratamento de doenças que
podem ser limitadas ou uma melhora do quadro clínico mediante o uso de Cannabis sativa
(Souza, 2017).
2.3. ESCLEROSE MÚLTIPLA
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica, caracterizada pela
inflamação da mielina, membrana que envolve os neurônios. A inflamação ocorre devido ao
sistema imunológico que não reconhece a membrana como parte do organismo, destruindo-a.
As principais causas são multi fatoriais, sendo elas com maior frequência em indivíduos que
tenham predisposição genética e que sejam submetidos a determinados fatores ambientais
como: deficiência de vitamina D, infecções virais na infância (como o vírus Epstein Baar),
região de nascimento e obesidade na infância. Entretanto, não há cura para essa doença por
enquanto, mas sintomas da doença são consideravelmente amenizados com uso da cannabis.
Assim afirma o neurologista e neurocirurgião do Hospital Albert Einstein, Dr. Wanderley De
Cequeira Lima ao dizer que O canabidiol (CBD) melhora a qualidade de vida para os
pacientes acometidos com esclerose múltipla e outras patologias neurológicas. Por fim, nota-
se que a dosagem certa da substância e utilizada corretamente pelo especialista, podemos
implementar o uso da erva para melhor a qualidade de vida das pessoas que sofrem por essa e
dentre outras doenças.
2.4. AUTISMO
O autismo é uma condição psiquiátrica. Onde os acometidos por ela apresentam dificuldades
para firmar relações socioafetivas. (TENORIO e PINHEIRO, 2018)
Numa entrevista para a Revista Nursing, a dra. Mariana Maciel explicou, "Esses dois
importantes neurotransmissores são responsáveis por regular nosso humor e trazer sensações
de prazer e felicidade. E estudos demonstraram que níveis dessas substâncias são muito
baixos ou muito altos em indivíduos com Transtorno do Espectro Austista, e por isso causam
disfunção em certas regiões do cérebro, levando a altos níveis de comportamentos repetitivos
e baixos níveis de interação social”
A revista afirma que o canabidiol tem ação moduladora no sistema chamado de GABA-
glutamato, que sofre alterações importantes em pacientes com autismo. O CBD diminui a
excitação dos neurônios, equilibrando a inibição e a agitação – muito comum nesses casos.
(REVISTA NURSING, 2023)
2.5. ANSIEDADE
Ansiedade é uma reação natural do corpo relacionada à preocupação e ao medo.
Ela pode se tornar uma condição psicológica quando se torna um excesso e passa a
atrapalhar atividades rotineiras. Com isso, pode-se desencadear um transtorno que leva às
crises com sintomas mentais e físicos. Nesses casos, a reação passa a ter um impacto
negativo na vida e no bem-estar da pessoa. Nos últimos anos, foi possível observar um
crescimento no número de pessoas que sofrem com o transtorno. (CNN, 2023)
O canabidiol, também conhecido como CBD, é um dos principais compostos ativos da
cannabis. Ao contrário do THC, o CBD não produz efeitos psicoativos. Em vez disso,
demonstrou ter vários efeitos terapêuticos potenciais, incluindo efeitos ansiolíticos, o que
significa que pode reduzir a ansiedade.
Vários estudos científicos analisaram os efeitos do CBD na ansiedade. Por exemplo um
estudo no qual descobriu que o CBD pode reduzir a ansiedade em indivíduos com transtorno
de ansiedade social. Esse estudo mostrou que aqueles que receberam CBD experimentaram
uma redução significativa na ansiedade e desconforto durante um teste simulado de falar em
público (Journal of Psychopharmacology em 2011/2012)

3. ECONOMIA
A regulamentação da Planta supracitada tem o potencial de criar milhares de
empregos, além de gerar uma quantidade estrondosa de dinheiro a economia do país. Segundo
um estudo da Kaya Mind, consultoria que produz dados sobre o mercado canábico brasileiro,
a cannabis pode gerar 328 mil empregos formais e informais caso haja uma regulamentação
que inclua o uso medicinal, industrial e recreativo, o que é extremamente importante para o
país, visto que a taxa de desemprego chegou a 7,9%. Além disso, o setor geraria R$26,1
bilhões a economia do país, no 4°ano após a regulamentação, sendo desse total R$8 bilhões
só de impostos para o governo, o que possibilitaria o investimento em diversos setores como
saúde, educação, tecnologia etc (KAYA MIND, 2022).
Desde a legalização a economia uruguaia recebeu US$ 20 milhões com o comércio de
cannabis. A legalização também permitiu o surgimento de uma incipiente indústria
exportadora de maconha. Uma das medidas para a legalização no Uruguai foi a permissão do
cultivo em casa que, segundo Marcos Baudean, professor da universidade ORT, “já
ultrapassaram” as redes de tráfico na venda da cannabis.
“ O senado do Uruguai aprovou a lei que legaliza a compra , venda e cultivo da
maconha no pais. Com a aprovação , a nação e a primeira do mundo em que o estado assume
o controle sobre o processo de produção , distribuição e comercialização da erva. Com a
medida , o governo uruguaio pretende desarticular parte do narcotráfico no país – estimado
em cerca de 30 milhões de dólares ao ano – e controlar o consumo da droga “ (CAULYT,
2013).
“A Cannabis sativa conta com quase metade do mercado ilegal de narcóticos, estimado
em US$ 300 bilhões e é a droga ilícita mais consumida no mundo. Cerca de 200 milhões de
pessoas com idade entre 15 e 64 anos usaram maconha, em 2013. Em termos de prevalência
anual de uso, a maconha foi consumida, em 2014, por 3,9% da população mundial e por 8,4%
da população das Américas, impulsionada pela alta prevalência na América do Norte
(11,6%)”.
“Na taxação elevada demais, os preços podem incentivar o mercado negro, mas, esse
ponto pode ser ajustado ao longo do tempo, assim como no caso do álcool de do tabaco, para
que se observe os efeitos da taxa aplicada e seja possível incorporar observações empíricas
para direcionar uma possível mudança na taxa para cima ou para baixo”.
A legalização da cannabis pode ser uma solução abrangente e definitiva que tiraria o
poder financeiro de grandes e pequenas organizações criminosas. Com a legalização o
mercados legais oferecerão melhor qualidade e “melhora” na saúde de usuários que o
mercado ilegal não oferece.

4. Cânhamo
O Cânhamo é uma planta que assim como a maconha, pertence à espécie Cannabis sativa L,
mas diferente da maconha, ele apresenta um baixo teor de tetra-hidrocanabiol (THC) com
concentração de apenas 0,3%, que é 33x menor que a maconha menos potente. A Cânave é
conhecida desde 8000 a.C e por ser da família Cannabis, também é proibido no Brasil
incluindo seu plantio, apesar dos milhares de benefícios. (SAPATO VERDE, 2023)
4.1 Indústria alimentícia
O Cânhamo possui como umas de suas principais características, suas propriedades
alimentícias que além de serem variadas, fazem um bem imenso a saúde. A proteína do
cânhamo contém todos os aminoácidos conhecidos, incluindo os nove essências, que os
indivíduos adultos não podem produzir. Cerca de 35% da semente do cânhamo é composta
por ácidos graxos tais como o ácido linoleico, ômega-6, ômega-3, ácido estearidônico etc
(GREENME, 2016). Um estudo do departamento de farmacologia da universidade de Sevilha
revelou que o óleo de Cânave possui altos níveis de vitaminas A, C, E e betacaroteno, e é rico
em carboidratos, minerais e fibras. Os pesquisadores ainda descobriram que o óleo possui
várias substâncias interessantes, como o ácido α-linolênico que que alguns estudos sugerem
que ajuda a prevenir doenças coronárias. (LEGNAIOLI, 2021)
4.2 Indústria Têxtil
Além das propriedades alimentícias, o Cânhamo também pode ser usado na fabricação de
tecidos, sendo muito benéfico para a indústria têxtil. O tecido da Cânave é naturalmente
resistente aos raios ultravioleta que causam câncer de pele, muito resistente ao sol, não
desbotando ou se desgastando, absorve melhor o tingimento, necessitando de menos tinta, não
retém umidade, inibe o desenvolvimento de micro-organismos e é hipoalergênico (INSECTA
SHOES, 2022). Além de tudo isso, ele é uma ótima substituição para o algodão, uns dos
principais matérias para a fabricação de roupas, sendo 5x mais resistente e sendo necessário
2900 litros de água para produzir 1Kg de cânhamo, contra 10000 litros de água para produzir
1Kg de algodão. (CAMPOS E NEGÓCIOS, 2022)
4.3 Impacto Ambiental
A Cânave tem se mostrado cada vez mais um ótimo freio para a crise climática que o
aquecimento global pode causar. Primeiramente, ela demora de 90 a 100 para ser cultivada da
semente a colheita, em diversos tipos de solos e climas. Estima-se que 80% dos solos férteis
Brasileiros estão aptos a serem usados para o plantio do vegetal. (INSECTA SHOES, 2022)
Além disso, o Cânhamo pode absorver de 8 a 15 toneladas de CO2 por hectare, contra de 2 a
6 toneladas capturadas por florestas comuns, dependendo da região e do tipo de árvore. Isso é
equivalente a 63 toneladas de CO2 por tonelada de Cânhamo. (CAVALCANTE, 2021)
Somado a isso, a Cânave pode regenerar o solo através da fotorremediação, retirando metais
pesados e produtos nocivos do solo, tendo como principais fontes atividades de mineração,
uso de fertilizantes, indústrias metalúrgicas, queima de combustíveis fósseis etc (ADWA
CANNABIS, 2021). Essa técnica é utilizada nos solos ao redor da cidade de Chernobyl, local
do maior acidente nuclear da história. A técnica é utilizada para retirar elementos radioativos
do solo, como o Césio. (GRECCO, 2021)

5. DISMETISFICAÇÃO DA CANNABIS

5.1. SOBRE A MACONHA QUEIMAR NEURÔNIOS, VERDADE OU MENTIRA?


Segundo os médicos, não existem indícios comprovados de que a maconha possa,
realmente, queimar neurônios. A maconha age na memória de curto prazo e isso pode ter
levado algumas pessoas a tirarem conclusões como as de que “maconha queima neurônios”.
Apenas em pessoas que consumiram grandes quantidades durante um longo período de
tempo, houveram PEQUENAS perdas dessas capacidades. O uso de cigarro e bebidas
alcoólicas, por exemplo, causam a longo prazo, danos muito mais graves e permanentes do
que a própria maconha.
5.2. O COMBATE AO USO DA MACONHA DIMINUI A SUPERLOTAÇÃO DAS
CADEIAS?
O custo dessa guerra às drogas é insustentável. Nossa população carcerária subiu
muito depois de uma mudança que era para ser benéfica na Lei Antidrogas, de 2006. Ela tirou
a pena privativa de liberdade dos usuários. Mas ela não tirou da esfera criminal. Acaba sendo
o policial, na ponta, sem critérios objetivos, só com critérios subjetivos que precisa tomar uma
essa decisão: é uso ou é crime.
5.3. POSSÍVEIS DANOS À SAÚDE E RISCO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO
Não há nenhum indicativo de que a maconha seja mais perigosa do que outras
substâncias como álcool ou tabaco, que são totalmente legalizadas e altamente viciantes. (Ana
Julia Teles Riqueto Simões, 2022)
5.4. A LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS GERARÁ MAIS GASTOS
Segundo estudo de Glauser (2012) nos Estados Unidos, o valor do mercado da
maconha no país pode chegar a até US$77 bilhões, levando em conta o preço do mercado
ilegal, que provavelmente seria mais alto do que em um mercado legal devido ao custo do
risco do tráfico. Se taxado da mesma maneira que o álcool e tabaco, o governo poderia
arrecadar por volta de US$16 bilhões.
5.5 CONSEQUENCIAS DO ESTIGMA SOCIAL
O debate sobre a legalização da maconha havia mudado lentamente devido à
moralidade pública dominante que o considera uma conduta desviante. No entanto, os
usuários ainda são desqualificados e insultados, como pode ser visto em um discurso do então
presidente da República, Jair Bolsonaro, em 05 de junho de 2020, ao se referir a manifestantes
contra seu governo: Estamos assistindo agora grupos de marginais,
terroristas querendo se movimentar para quebrar o Brasil. Esses marginais fizeram uma ação
em São Paulo, esses terroristas voltaram logo depois para uma ação em Curitiba, e estão nos
ameaçando agora. Tenho certeza que se vier aqui [...] você irá tratar com a dureza da lei que
eles merecem. Geralmente são marginais, terroristas, maconheiros, desocupados, que não
sabem o que é economia, não sabem o que é trabalhar para ganhar o seu pão de cada dia e
querem quebrar o Brasil em nome de uma democracia que eles nunca souberam o que é e
nunca zelaram por ela. (grifo nosso) (BOLSONARO, 2020)
6. CONCLUSÃO
.
. A legalização da Cannabis sativa tem se tornado um tópico de interesse crescente na
sociedade moderna, o que tem provocado debates acalorados tanto a favor quanto a contra.
Ao longo deste artigo, abordamos vários aspectos desse tema complexo, incluindo sua
história, uso medicinal, efeitos econômicos, benefícios do cânhamo e questões de estigma
social associado à planta.
. Históricamente, a cannabis foi associada a um estigma discriminatório racial, o que levou a
políticas de criminalização indiscriminadas. Mas a opinião pública sobre a planta está
mudando junto da sociedade e mais evidências científicas sobre seus benefícios terapêuticos
monstram-se em vigor. No entanto, é importante admitir que a estigmatização continua a
existir, demonstrado por indivíduos notáveis, como o então presidente em 2020, Jair
Bolsonaro.
. A legalização da maconha não é apenas uma questão de facilitar o acesso à droga, mas
também uma chance de aumentar a economia, gerar empregos e diminuir a superlotação nas
prisões. Um estudo da Kaya Mind afirma que uma regulamentação abrangente teria o
potencial de criar milhares de empregos, tanto formais quanto informais, e injetar bilhões de
reais na economia brasileira, contribuindo para a redução da taxa de desemprego e permitindo
investimentos em setores cruciais como saúde e educação. O cânhamo, uma variedade de
cannabis, oferece outras vantagens, incluindo suas propriedades nutritivas e potencial impacto
positivo no meio ambiente, absorvendo dióxido de carbono e revitalizando o solo
contaminado.
. Por fim, a legalização da cannabis é um assunto complexo e requer um exame minucioso que
equilibre os benefícios e os riscos financeiros e terapêuticos com os desafios e os riscos
associados. A pesquisa científica, evidências empíricas e uma abordagem baseada em
políticas públicas sensatas devem guiar o próximo passo. A promoção de discussões
construtivas e a superação do estigma social são essenciais para a tomada de decisões
informadas que levam em consideração o bem-estar individual e coletivo. É fundamental que
a sociedade continue estudando as implicações da legalização da cannabis à medida que
avançamos rumo a um futuro onde as políticas relacionadas à planta sejam baseadas em
evidências e orientadas pelo bem comum.
.
7. REFERÊNCIAS
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