Você está na página 1de 15

Msc.

Stefanie Ane Valério de Souza

Ansiedade e o tratamento com Canabidiol


Ansiedade e medo são respostas emocionais essenciais para a nossa sobrevivência, que ocorrem
antecipadamente a potenciais de perigo ou ameaças. Quando manifestados de maneira
adequada podem salvar vidas, mas quando começam a se apresentar de maneira excessiva,
atrapalham o comportamento das pessoas, sendo então considerados transtornos psiquiátricos.

A ansiedade e as desordens relacionadas como fobias, pânico, transtorno obsessivo compulsivo


e estresse pós-traumático são as doenças psiquiátricas mais comuns, que geram prejuízos
sociais e econômicos para o indivíduo e para a sociedade. Esses distúrbios estão associados à
cognição e regulação emocional perturbadas, com sintomas psicológicos como medo excessivo,
apreensão, problemas na concentração e sono, e sintomas somáticos como taquicardia,
palpitações e sudorese.

Figura 01. Imagem ilustrativa de uma pessoa com transtorno de ansiedade.

O tratamento geralmente inclui uma combinação de terapia psicológica com a administração de


medicamentos, os quais são limitados, muitas vezes apresentando eficácia temporária e
inúmeros efeitos colaterais indesejados como ansiogênese, insônia, agitação, dor de cabeça,
distúrbios gastrointestinais e de apetite até disfunção sexual, o que reforça a necessidade de
novas opções terapêuticas para o tratamento dessas patologias.

Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) são normalmente a primeira opção de


medicação, mas outros tipos de antidepressivos também são bastante utilizados. Os inibidores
seletivos da recaptação de noradrenalina (ISRIs) são preferidos aos inibidores da
monoaminaoxidase e aos tricíclicos devido ao seu perfil de segurança e tolerabilidade. Outras
terapias medicamentosas incluem os anticonvulsivos, os agonistas do receptor de serotonina 1A

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


(5-HT1A), o tratamento de curto prazo com benzodiazepina para ansiedade aguda e
betabloqueadores para reduzir sintomas somáticos.

Novos conhecimentos sobre as regiões do cérebro e os circuitos neuronais que regulam a


ansiedade foram obtidos nos últimos anos e vários estudos farmacológicos e genéticos
suportam o papel do sistema endocanabinóide (SEC) como um importante regulador deste
comportamento. Embora ainda não haja consenso por parte dos conselhos de medicina sobre a
utilização do canabidiol (CBD) no tratamento de transtornos psiquiátricos como a ansiedade,
vários estudos demonstram suas propriedades ansiolíticas, antidepressivas, antipsicóticas, anti-
inflamatórias e neuroprotetoras e o corpo de evidências têm aumentado significativamente
acerca deste tema.

A descoberta desse composto veio a partir de estudo da Cannabis sativa, uma das plantas mais
antigas conhecidas por suas propriedades medicinais e recreativas. Ela possui mais de 500
substâncias químicas, das quais mais de 100 são denominadas fitocanabinóides. O delta-9-tetra-
hidrocanabinol (THC), popular por sua ação psicoativa e o canabidiol (CBD), mais reconhecido
pelo alto potencial terapêutico e por não apresentar psicoatividade, são os fitocanabinóides
mais abundantes e famosos, e estão presentes em diferentes proporções dependendo da cepa
da planta.

Figura 02. A Família da Cannabis. A figura ilustra as diferentes espécies da planta:


Cannabis Sativa, Cannabis Indica e a Cannabis Ruderalis.

O isolamento dos fitocanabinóides levou à identificação dos alvos biológicos pelos quais eles
exercem seus efeitos, incluindo receptores canabinóides tipo 1 (CB1) e tipo 2 (CB2). Logo após
veio a descoberta dos ligantes endógenos para esses receptores, mensageiros lipídicos
denominados endocanabinóides, como a anandamida (AEA) e o 2 araquidonoilglicerol (2-AG).
Os endocanabinóides, a maquinaria enzimática responsável pela sua síntese e degradação e os
receptores acima mencionados constituem um importante sistema denominado Sistema

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


Endocanabinóide, o qual embora ainda não esteja completamente elucidado, é considerado
aparato regulatório fundamental relacionado a quase todos os aspectos fisiológicos dos
mamíferos, apresentando importante atividade neuromoduladora e na manutenção da
homeostase.

O sistema endocanabinóide surgiu como um integrador central que vincula a percepção de


estímulos externos e internos aos resultados neurofisiológicos e comportamentais (como
reação ao medo, ansiedade e controle do estresse), permitindo assim que um organismo se
adapte às mudanças no ambiente. A sinalização do SEC parece controlar os estímulos que
evocam medo e ajustar as respostas comportamentais apropriadas, essenciais para a viabilidade
a longo prazo do organismo, a homeostase e a resiliência ao estresse, e a desregulação deste
sistema pode originar distúrbios psiquiátricos.

Os canabinóides têm atraído considerável interesse como candidatos terapêuticos a uma série
de doenças neurológicas e psiquiátricas devido à amplitude da sinalização endocanabinóide. Os
receptores CB1 e CB2 e os outros mediadores moleculares subjacentes à sinalização
endocanabinóide são expressos em áreas cerebrais importantes para cognição, regulação
emocional, comportamentos defensivos e suas respostas fisiológicas associadas (por exemplo,
córtex pré-frontal, hipocampo, amígdala, núcleo leito da estria terminal, estriado, hipotálamo,
substância cinzenta periaquedutal, núcleos serotoninérgicos e adrenérgicos do mesencéfalo).

Figura 03. Imagem ilustrativa da localização dos receptores canabinóides no cérebro humano.

Estudos em voluntários saudáveis mostraram que o THC e o CBD têm efeitos opostos na
ansiedade. O THC é ansiogênico, mas esse efeito é diminuído quando coadministrado com o CBD
(Zuardi et al., 1982). Em contraste, o CBD administrado isoladamente possui propriedades
ansiolíticas, particularmente em resposta a estímulos que normalmente provocam ansiedade.
Essas propriedades demonstradas pelo CBD deram origem a uma série de estudos que
investigaram seus efeitos em diferentes modelos animais de medo inato e de comportamento
semelhante ao da ansiedade. Os resultados desses estudos, que estão bem detalhados na
revisão de 2014 de Mello Schier e colaboradores, confirmaram o potencial ansiolítico do CBD

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


quando administrado sistemicamente ou administrados localmente em várias áreas do cérebro
que regulam o medo e a ansiedade.

Mecanismo de ação farmacológica

Vários mecanismos farmacológicos sustentam os efeitos terapêuticos do CBD em geral, mas a


regulação do comportamento semelhante à ansiedade e o processamento do medo aprendido
envolvem principalmente receptores 5-hidroxitriptamina 1A (5-HT1A), receptores vanilóides
tipo 1 (TRPV1) e a sinalização endocanabinóide, com algum envolvimento do receptor CB1.

O canabidiol possui baixa afinidade para os receptores CB1 e CB2, exercendo atividade
antagonista ou modulação alostérica negativa nesses receptores, uma propriedade
farmacológica que pode explicar como o CBD atenua os efeitos ansiogênicos do THC via receptor
CB1. Porém o CBD atua na facilitação da sinalização canabinóide, aumentando os níveis dos
endocanabinóides circulantes através da inibição da sua recaptação celular pela ligação as
proteínas transportadoras (FABs) e pela redução da sua degradação mediada pelas enzimas
FAAH e MAGL. O canabidiol pode atuar ainda no bloqueio da recaptação de adenosina e como
agonista dos receptores TRPV1 e 5HT1A (Bonaccorso et al., 2019).

Figura 04. Ações farmacológicas do canabidiol (CBD). Fonte: Lee et al., 2017.

Nos estudos iniciais sobre os efeitos ansiolíticos do canabidiol os resultados eram contraditórios.
Por exemplo, a administração de CBD 100 mg/kg em ratos não demonstrou ser eficaz no modelo
de conflito Geller Seifter de ansiedade, porém 10 mg/kg de CBD atenuaram as respostas
emocionais condicionadas, conforme relatado em uma revisão abrangente de Blessing e colegas.
Estes resultados aparentemente contraditórios foram esclarecidos com a publicação de outros
estudos, sugerindo que o CBD produz curvas dose-resposta em forma de U invertido. Essas
curvas foram descritas pela primeira vez em um estudo realizado em roedores no modelo de
ansiedade labirinto em cruz elevado (Guimarães et al., 1990). Nesse estudo, o CBD aumentou a
exploração do braço aberto (efeito do tipo ansiolítico) em doses de 2,5 a 10 mg/kg, mas não a
20 mg/kg. Curvas dose-respostas semelhantes foram descritas em outros estudos, investigando
os efeitos comportamentais do CBD. Posteriormente, esses resultados foram confirmados por

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


Zuardi e colaboradores em 2017, onde eles demonstraram que o CBD promove efeitos
ansiolíticos com uma curva dose-resposta em forma de U invertido em humanos. Assim, os
efeitos agudos do CBD administrado sistemicamente na ansiedade mostraram ser dose-
dependente, de modo que doses baixas e intermediárias, mas não altas, são eficazes, conforme
ilustrado na figura 05.

Figura 05. Alterações nos escores do fator de ansiedade da Escala Visual Analógica de Humor
(VAMS) em mm induzida por falar em público em voluntários saudáveis (A) As fases representam:
baseline (B) pré-estresse (P) durante o discurso (S) e pós-estresse (F). Por uma questão de
clareza, os resultados da última fase (F) também são mostrados como um gráfico de barras (B).
Os pontos representam as médias ± SEM de 11 a 12 sujeitos. Asteriscos (∗) indicam diferenças
estatisticamente significativas em comparação com o grupo placebo, (+) indicam uma diferença
significativa em comparação com o grupo CBD 900 e (&) indica uma diferença significativa em
comparação com o grupo CBD 100. Fonte: Zuardi et al., 2017

O efeito predominante da ativação do receptor canabinóide tipo 1 (CB1) é o de redução da


ansiedade, no entanto, agonistas CB1 (como o THC) possuem efeitos bifásicos no controle deste

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


comportamento. Dados recentes mostram que a sinalização CB1 modula as vias pró e anti-
ansiedade e, portanto, contribui amplamente para a regulação dos comportamentos
semelhantes à ansiedade. Estudos realizados em camundongos deficientes no receptor CB1
permitiram identificar os mecanismos subjacentes a esses efeitos bifásicos. O efeito ansiolítico
dos canabinóides em doses baixas depende da presença de receptores CB1 nos neurônios
glutamatérgicos corticais, enquanto o efeito ansiogênico de doses mais altas mostrou ser
mediado pelo mesmo receptor nos neurônios GABAérgicos do prosencéfalo (Rey et al., 2012).

Consistente com sua expressão em regiões do cérebro relacionadas à ansiedade, há uma


indicação crescente de que o receptor TRPV1 atua como um agente ionotrópico em contraparte
ao CB1, resultando na promoção do medo e respostas relacionadas à ansiedade em roedores.
Uma hipótese estudada é a de que comportamentos relacionados à ansiedade resultam de um
equilíbrio entre a inibição via CB1 e excitação via TRPV1 de circuitos mediadores da ansiedade
que, ao operar corretamente, serve como sistema para alternar entre respostas
comportamentais passivas (por exemplo, congelamento) e ativas (por exemplo, fuga) com base
na proximidade da ameaça. Portanto, a desregulação deste equilíbrio TRPV1/CB1R pode resultar
em ansiedade excessiva e deficiência no enfrentamento do estresse, consequentemente a
manutenção do equilíbrio da ação desses dois receptores é essencial na regulação a ansiedade.

Além de suas ações nos receptores CB1 e TRPV1, o canabidiol mostrou atuar em outras vias de
sinalização que podem impactar na ansiedade, como na facilitação da sinalização de adenosina
inibindo sua recaptação, gerando assim efeitos ansiolíticos (Carrier et al., 2006). Outro alvo do
CBD é o receptor 5-HT1A, um receptor metabotrópico de sete domínios transmembranas,
acoplado às proteínas G inibitórias, que tem sido objeto de interesse por suas propriedades
ansiolíticas há décadas. O CBD aumenta rapidamente os níveis de serotonina e glutamato
extracelular no córtex do rato e amplia inibição de interneurônios GABAérgicos mediado pelos
receptores 5HT1A para desinibir a produção glutamatérgica nessas estruturas. Por sua vez, é
provável que ele aumente a atividade dos neurônios 5-HT no núcleo dorsal da rafe (NDR)
aprimorando o a transmissão serotoninérgica nos campos de projeção corticolímbicos para
concluir um loop funcional a nível do sistema. Também existem efeitos potenciais da ativação
do CBD nos receptores 5-HT1A localizados em interneurônios proximais ao NDR. Assim, a
interação entre o CBD e o sistema serotoninérgico se mostra altamente complexa e pode ocorrer
em vários níveis.

Os mecanismos subjacentes aos efeitos ansiolíticos da ativação do receptor 5-HT1A são


complexos, variando entre as regiões do cérebro e no locus pré ou pós-sináptico, e ainda não
estão totalmente estabelecidos. Enquanto estudos in vitro sugerem que o CBD atua como
agonista direto 5-HT1A, estudos in vivo mostraram que o CBD pode atuar como modulador
alostérico ou facilitador da sinalização do 5-HT1A, conforme demonstrado em um estudo com
animais experimentais onde os efeitos ansiolíticos produzidos pelo CBD em injeções nos córtex
infralímbico ou pré-límbico de ratos foram atenuados pelo antagonismo concomitante dos
receptores 5-HT1A (Rock et al., 2012).

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


Figura 06. Potenciais abordagens terapêuticas direcionadas ao SEC para aliviar a ansiedade. Ao
aumentar os níveis de AEA, os inibidores de FAAH modulam a liberação do transmissor e
produzem efeitos ansiolíticos, particularmente sob condições de estresse. Os inibidores da COX-
2 levam ao acúmulo de níveis de AEA e podem exercer efeitos comportamentais semelhantes
aos inibidores da FAAH. O bloqueio da atividade endocanabinóide pelo receptor TRPV1 pode
produzir efeitos ansiolíticos pela modulação da sinalização pré e pós-sináptica. 5-HT1AR =
receptor 5-HT1A, AA = ácido araquidônico, AEA = anandamida, Glyc = Glicina, CB1R = receptor
canabinóide tipo 1, CBD = canabidiol, DGL = diacilglicerol lipase, COX – 2 = ciclooxigenase-2, EA
= etanolamida, FAAH = hidrolase de amida de ácido graxo, MAGL = monoacilglicerol lipase, NAPE
PLD = fosfolipase D específica de N-acil fosfatidiletanolamina, NAT = N-acil transferase, PG-EA =
prostaglandina etanolamida, PG-Glyc = prostaglandina glicerol, PLC = fosfolipase C, SK = canal
SK, TRPV1 = receptor vanilóide tipo 1. Fonte: Patel et al., 2017

Estudos utilizando modelos pré-clínicos de relevância para distúrbios relacionados à ansiedade


caracterizados por uma memória de medo anormalmente forte e persistente (como fobias,
PTSD) mostraram que o CBD também regula o medo aprendido e sua inibição em diferentes
maneiras. Reduzir a resposta condicionada ao medo, interromper a reconsolidação e aumentar
sua extinção são estratégias possíveis para a redução aguda ou duradoura dos sintomas nas
fobias e no PTSD.

A literatura decorrente de estudos em roedores de Guimarães e colegas e outros grupos se


alinha com estes dados. A administração sistêmica de CBD produziu efeitos ansiolíticos no teste
de labirinto em cruz elevado, teste de conflito de Vogel (Gomes et al., 2012), no teste de
enterramento de bolas de gude (Casarotto et al., 2010), e reduziu o condicionamento contextual
de medo (Resstel et al., 2006). Os dois últimos testes são relacionados a transtornos compulsivos
como o TOC e a transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), respectivamente. Efeitos
semelhantes podem ser produzidos por micro injeções de CBD em determinadas regiões do
cérebro, incluindo o núcleo central da amígdala (Hsiao et al., 2012), núcleo leito da estria
terminal (BNST) (Gomes et al., 2012) e substância cinzenta periaquedutal dorsal (dPAG) (Campos
e Guimarães, 2008).

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


Em contraste com os efeitos ansiolíticos agudos do CBD, sua ação na interrupção da
consolidação e reconsolidação da memória do medo envolve os receptores canabinóides.
Estudos com agonistas e antagonistas específicos dos receptores canabinóides indicam que a
regulação do canabidiol sobre o processamento do medo aprendido é mediado pelo menos em
parte pela ativação do receptor canabinóide. Entretanto, o CBD mostra pouca afinidade por
Receptores CB1 ou CB2, o que sugere que seus efeitos ocorrem indiretamente, a partir da
modulação da sinalização endocanabinóide.

Estudos clínicos

Dada a riqueza de evidências pré-clínicas para o potencial uso ansiolítico do CBD, não é
surpreendente que relatos de casos e estudos de pequena escala investigando seus efeitos em
uma variedade de distúrbios relacionados à ansiedade surgiram recentemente, produzindo
resultados animadores.

Diversos ensaios clínicos documentaram os efeitos ansiolíticos do canabidiol. O estudo pioneiro


deste campo, publicado por um pesquisador brasileiro demonstrou que o CBD reverteu a
ansiedade induzida pelo THC (Zuardi et al., 1982). Com base neste primeiro achado, as pesquisas
evoluíram e outros dados foram encontrados, como a redução da glossofobia (medo de falar em
público) na ansiedade induzida experimentalmente em voluntários saudáveis (Zuardi et al., 1993;
Crippa et al., 2004) e posteriormente, também em pacientes diagnosticados com transtornos de
ansiedade (Bergamaschi et al., 2011; Crippa et al., 2011). Além disso, a atenuação da reatividade
cerebral à estímulos indutores de medo após a administração de CBD em sujeitos de estudos
funcionais por ressonância magnética e tomografia computadorizada também foi relatada
(Crippa et al., 2004; Fusar-Poli et al., 2010). Mais recentemente, Zuardi e colaboradores
demonstraram que os efeitos ansiolíticos do CBD produzem uma curva dose-resposta em forma
de U invertido em humanos, o que esclarece e corrobora os achados anteriores, em animais
experimentais (Zuardi et al., 2017).

Os dois estudos clínicos com pacientes diagnosticados com transtorno de ansiedade social
generalizada (TAS) reportados na literatura tiveram resultados interessantes. O primeiro,
realizado por Crippa e colaboradores, demonstrou através de exames de neuroimagem
funcional as bases neurofisiológicas dos efeitos do CBD em pacientes com TAS. Com base em
estudos anteriores de tomografia computadorizada por emissão de fótons (SPECT) (Crippa et al.,
2004) e imagens funcionais de ressonância magnética (fMRI) (Fusar-Poli et al., 2009) eles
propuseram que a administração do CBD poderia reduzir a ansiedade em indivíduos com TAS e
associaram esse efeito à modulação da atividade funcional de estruturas temporo-límbicas
(complexo amígdala-hipocampo e giro parahipocampal) e regiões paralímbicas, incluindo o
córtex cingulado.

O resultado deste estudo demonstrou que a administração aguda de 400 mg de CBD via oral
reduziu a ansiedade subjetiva em pacientes com diagnóstico clínico de transtorno de ansiedade,
além de indicar que essa resposta comportamental está associada a alterações na atividade
funcional de áreas cerebrais implicadas no processamento da ansiedade conforme ilustra a
figura 07. É importante ressaltar que as áreas do cérebro onde foram verificados efeitos
moduladores do CBD, além de estarem claramente implicadas na mediação da expressão de
ansiedade, também foram associadas aos efeitos ansiolíticos do diazepam (Di Piero et al., 2001),
citalopram (Van der Linden et al., 2000), escitalopram (Spindelegger et al., 2009), nefazodona
(Kilts et al., 2006), sertralina, desipramina (Hoehn -Saric et al., 2005) e terapia comportamental
cognitiva para transtornos de ansiedade (Roffman et al., 2005).

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


Figura 07. (A) Efeito do CBD versus placebo no fator VAMS (Visual Analogue Mood Scale) de
Ansiedade. Os pontos são médias (± SEM) das classificações de 10 pacientes com transtorno de
ansiedade social nas fases do experimento: pré-fármaco (preto), pré-stess (cinza escuro),
adaptação (cinza claro) e de pós-stress (branco). Asteriscos (*) indicam diferença significativa do
placebo em cada fase. (B) O foco cérebro (região circulada) diminuiu significativamente o rCBF
em indivíduos com transtorno de ansiedade social (n = 10) durante os tratamentos CBD vs
placebo nas seções sagitais (lado esquerdo da figura) e coronal (lado direito da figura) localizadas
na área do hipocampo esquerdo. Fonte: Crippa et al., 2011.

Semelhante aos resultados anteriores em indivíduos saudáveis (Crippa et al., 2004), estes
resultados mostraram que, em comparação com o placebo, uma dose única de CBD diminui
significativamente a ansiedade antes do teste de varredura por SPECT em pacientes com TAS.
Esses efeitos ansiolíticos foram detectados antes da situação provocadora de ansiedade
(procedimento de injeção e varredura do SPECT), sugerindo que o CBD facilita a habituação da
ansiedade antecipada na fobia social. Também foram detectados efeitos ansiolíticos do CBD na
fase pós-SPECT em comparação com o placebo. Essa descoberta é consistente com os resultados
de um estudo (Zuardi et al., 1993), no qual o efeito ansiolítico do CBD persistiu após o estresse
de falar em público. O CBD foi bem tolerado pelos pacientes e nenhum efeito colateral foi
relatado, o que também condiz com estudos anteriores em seres humanos que mostraram que
o CBD é um composto seguro e tolerável, sem grandes efeitos colaterais quando administrado
por via oral, inalação ou injeção intravenosa (Zuardi et al., 2006).

Outro estudo publicado por Bergamaschi e colaboradores comparou os efeitos do CBD em um


teste de simulação para falar em público (SPST) em pacientes com TAS sem tratamento, que
receberam uma dose única de 600mg de CBD ou placebo via oral com voluntários saudáveis
(controle). Um total de 24 pacientes com TAS nunca tratados foram alocados para receber CBD
(n=12) ou placebo (n=12) em um delineamento randomizado, duplo-cego, 1 hora e meia antes
do teste. O pré-tratamento com CBD reduziu significativamente a ansiedade, o
comprometimento cognitivo e o desconforto durante a fala, e diminuiu significativamente o
estado de alerta antecipado a fala. O grupo placebo apresentou níveis mais elevados de
ansiedade, comprometimento cognitivo, desconforto e um estado maior de alerta quando
comparado ao grupo controle de acordo com o fator VAMS. Os escores do SSPS-N evidenciaram
aumentos significativos durante o teste no grupo placebo, o que praticamente não houve no

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


grupo CBD. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos CBD e controle nos
escores do SSPS-N ou no comprometimento cognitivo, desconforto e fatores de alerta do VAMS,
conforme ilustrado na Figura 08. O aumento da ansiedade induzida pelo SPST em indivíduos com
TAS foi reduzido com o uso de CBD, resultando em uma resposta semelhante à do grupo
controle.

Figura 08. Alterações no fator VAMS (Visual Analogue Mood Scale) induzidas pelo teste simulado
de falar em público (SPST), medido em 12 pacientes com ansiedade social que receberam
canabidiol (azul), 12 pacientes com ansiedade social que receberam placebo (vermelho) e 12
controles saudáveis (verde). As fases do experimento são: (B) basal; (P) pré-teste; (A)
antecipação; (S) desempenho de fala; (F1) medidas pós-fala 1; (F2) medidas pós-fala 2. Os
pontos são médias (± SEM). O asterisco (*) indica diferenças significativas em relação ao controle
saudável e (+) indica diferenças significativas em relação aos pacientes com ansiedade social que
receberam canabidiol. Fonte: Bergamaschi et al., 2011.

A redução na sinalização endocanabinóide em resposta a condições ambientais aversivas atua


para promover o desenvolvimento de um estado semelhante à ansiedade, enquanto a inibição
da FAAH e a resultante potencialização da sinalização da AEA atuam para normalizar a
transmissão endocanabinóide e produzir uma redução associada ao comportamento
semelhante à ansiedade. Do ponto de vista terapêutico, o potencial para aumentar AEA através
da inibição da FAAH, a fim de modular preferencialmente estados de alta ansiedade pode
fornecer uma abordagem terapêutica que visa atuar seletivamente em formas patológicas de
ansiedade, sem os efeitos colaterais (por exemplo, comprometimento cognitivo,
responsabilidade por abuso) que caracterizam muitos ansiolíticos convencionais. A relevância
sinalização da FAAH/AEA para a ansiedade em humanos está suportada por diversas fontes.
Estudos detectaram níveis reduzidos de AEA em pacientes sofrem de doenças psiquiátricas
relacionadas ao estresse, incluindo depressão maior (Hill et al., 2009) e transtorno de estresse

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


pós-traumático (TEPT) (Neumeister et al., 2013). Em determinados pacientes, níveis circulantes
relativamente baixos de AEA correlacionam-se com pontuações mais altas nas medidas de
ansiedade na depressão maior (Hill et al., 2009) e o aumento no grau de sintomas intrusivos no
TEPT (Hill et al., 2013). Uma variante genética foi identificada no gene FAAH humano que
desestabiliza a proteína FAAH, reduz a hidrólise da AEA e melhora sua sinalização. Esse
polimorfismo (alelo 385A; rs324420) tem sido repetidamente associado a índices reduzidos de
ansiedade (Boileau et al., 2015; Spagnolo et al. 2016).

Considerações finais

Existe uma clara necessidade de explorar novas formas de gerenciar os transtornos de ansiedade,
uma vez que eles são cada vez mais comuns, afetando parcela significativa da população. Os
tratamentos disponíveis permanecem precários, geralmente envolvendo uma combinação de
medicamentos, incluindo benzodiazepínicos e antidepressivos. Esses medicamentos têm suas
desvantagens, como risco de síndrome de dependência e abstinência, efeitos colaterais como
comprometimento cognitivo e psicomotor, demora para o início da ação e a necessidade de um
cuidadoso controle da dosagem.

As propriedades do CBD que reduzem a inflamação e o estresse oxidativo associados a


neurotoxicidade, aliadas à ausência de efeitos psicoativos e potencial de abuso, além de
apresentar propriedades sedativas fracas comparado aos benzodiazepínicos, tornam o CBD um
excelente candidato a uma nova abordagem para o tratamento de transtornos psiquiátricos,
especialmente nos distúrbios relacionados a ansiedade. Os estudos clínicos em voluntários
sadios e em pacientes com transtornos de ansiedade confirmam os achados pré-clínicos de que
o canabidiol possui importante atividade ansiolítica, com uma curva de dose-resposta em forma
de U invertido em humanos.

Mais estudos relacionando o canabidiol e transtornos associados a ansiedade já estão sendo


realizados, podendo ser acompanhados pelo site clinicaltrials.com. Um deles, realizado pela
McMaster University no Canadá, tem como objetivo avaliar a eficácia das cápsulas de óleo de
canabidiol (CBD) administradas diariamente por 8 semanas no tratamento de sintomas de
transtornos de ansiedade. O estudo será randomizado, duplo-cego e controlado por placebo,
mensurando a eficácia e a segurança de cápsulas com óleo de CBD com dosagem flexível em
comparação ao placebo no tratamento de adultos, com idades entre 21 e 65 anos
diagnosticados com transtorno de ansiedade (DSM 5). Um total de 50 participantes que
atenderem aos critérios de inclusão serão randomizados e distribuídos para receber uma das
terapias. Os resultados desta pesquisa farão uma contribuição significativa para aprimorar nossa
compreensão atual dos efeitos do canabidiol nos transtornos de ansiedade. O estudo também
avaliará a relação entre inflamação, ansiedade e CBD usando marcadores biológicos, além de
examinar os efeitos neuro-cognitivos do tratamento. A previsão de término está para outubro
de 2020, portanto em breve novas evidências estarão disponíveis.

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


Material Complementar

Tabela 1. Fonte: de Mello Schier et al., 2012

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


Referências:

Bergamaschi MM, Queiroz RH, Zuardi AW, Crippa JA. Safety and side effects of cannabidiol, a
Cannabis sativa constituent. Curr Drug Saf. 2011;6(4):237-49

Blessing EM, Steenkamp MM, Manzanares J, Marmar CR. Cannabidiol as a Potential Treatment
for Anxiety Disorders. Neurotherapeutics. 2015; 12(4):825-36

Boileau I, Tyndale RF, Williams B, Mansouri E, Westwood DJ, Le Foll B, et al. The fatty acid amide
hydrolase C385A variant affects brain binding of the positron emission tomography tracer
[11C]CURB. J Cereb Blood Flow Metab. 2015;35:1237–40.

Bonaccorso S, Ricciardi A, Zangani C, Chiappini S, Schifano F. Cannabidiol (CBD) use in psychiatric


disorders: A systematic review. Neurotoxicology. 2019 Sep;74:282-298.

Calapai G, Mannucci C, Chinou I, et al. Preclinical and Clinical Evidence Supporting Use of
Cannabidiol in Psychiatry. Evid Based Complement Alternat Med. 2019; 2019:2509129.
Published 2019 Aug 29.

Campos AC, Guimaraes FS. Involvement of 5HT1A receptors in the anxiolytic-like effects of
cannabidiol injected into the dorsolateral periaqueductal gray of rats. Psychopharmacology (Berl)
2008;199:223-30

Campos AC, Moreira FA, Gomes FV, Del Bel EA, Guimaraes FC. Multiple mechanisms involved in
the large-spectrum therapeutic potential of cannabidiol in psychiatric disorders. Phil Trans R Soc
B. 2012; 367:3364-78.

Campos AC, Ortega Z, Palazuelos J, Fogaça MV, Aguiar DC, Díaz-Alonso J, et al. The anxiolytic
effect of cannabidiol on chronically stressed mice depends on hippocampal neurogenesis:
involvement of the endocannabinoid system. Int J Neuropsychopharmacol. 2013; 16(6):1407-19.

Campos AC, Fogaça MV, Sonego AB, Guimarães FS. Cannabidiol, neuroprotection and
neuropsychiatric disorders. Pharmacol Res. 2016; 112:119-27.

Casarotto PC, Gomes FV, Resstel LB, Guimarães FS. Cannabidiol inhibitory effect on marble-
burying behaviour: involvement of CB1 receptors. Behav Pharmacol. 2010;21(4):353-8.

Carrier EJ, Auchampach JA, Hillard CJ. Inhibition of an equilibrative nucleoside transporter by
cannabidiol: a mechanism of cannabinoid immunosuppression. Proc Natl Acad Sci U S A.
2006;103(20):7895–7900.

Crippa JA, Zuardi AW, Garrido GE, Wichert-Ana L, Guarnieri R, Ferrari L, Azevedo-Marques PM,
Hallak JE, McGuire PK, Filho Busatto G. Effects of cannabidiol (CBD) on regional cerebral blood
flow. Neuropsychopharmacol. 2004;29(2):417-26.

Crippa JAS, Derenusson GN, Ferrari TB, Wichert-Ana L, Duran FL, Martin-Santos R, Simões MV,
Bhattacharyya S, Fusar-Poli P, Atakan Z, Santos Filho A, Freitas-Ferrari MC, McGuire PK, Zuardi
AW, Busatto GF, Hallak JE. Neural basis of anxiolytic effects of cannabidiol (CBD) in generalized
social anxiety disorder: a preliminary report. J Psychopharmacol. 2011;25(1):121-30.

Crippa JA, Guimarães FS, Campos AC, Zuardi AW. Translational Investigation of the Therapeutic
Potential of Cannabidiol (CBD): Toward a New Age. Front Immunol. 2018; 9:2009.

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


de Mello Schier AR, de Oliveira Ribeiro N, de Oliveira Silva AC, Hallak JEC, Crippa JAS, Nardi AE,
et al. Cannabidiol, a Cannabis sativa constituent, as an anxiolytic drug. Rev Bras Psiquiatr. 2012;
34(Supl1):S104-17.

de Mello Schier AR, de Oliveira Ribeiro NP, Coutinho DS, Machado S, Arias-Carrión O, Crippa JA,
et al. Antidepressant-like and anxiolytic-like effects of cannabidiol: a chemical compound of
Cannabis sativa. CNS Neurol Disord Drug Targets (2014) 13:953–60.

Di Piero V, Ferracuti S, Sabatini U, Tombari D, Di Legge S, Pantano P, et al. (2001) Diazepam


effects on the cerebral responses to tonic pain: a SPET study. Psychopharmacology (Berl) 158:
252–258

Fusar-Poli P, Allen P, Bhattacharyya S, Crippa JA, Mechelli A, BorgwardtSetal (2010) Modulation


of effective connectivity during emotional processing by delta 9-tetrahydrocannabinol and
cannabidiol. Int J Neuropsychopharmacol 13: 421–432.

Fusar-Poli P, Crippa JA, Bhattacharyya S, Borgwardt SJ, Allen P, Martin-Santos R et al. (2009).
Distinct effects of {delta}9tetrahydrocannabinol and cannabidiol on neural activation during
emotional processing. Arch Gen Psychiatry 66: 95–105.

Guimarães FS, Chiaretti TM, Graeff FG, Zuardi AW. Antianxiety effect of cannabidiol in the
elevated plus-maze. Psychopharmacology (Berl). 1990;100:558-9

Gomes FV, Reis DG, Alves FH, Corrêa FM, Guimarães FS, Resstel LB. Cannabidiol injected into the
bed nucleus of the stria terminalis reduces the expression of contextual fear conditioning via 5-
HT1A receptors. J Psychopharmacol. 2012;26(1):104–113.

Hill MN, Miller GE, Carrier EJ, Gorzalka BB, Hillard CJ. Circulating endocannabinoids and N-acyl
ethanolamines are differentially regulated in major depression and following exposure to social
stress. Psychoneuroendocrinology. 2009;34:1257–62.

Hill MN, Bierer LM, Makotkine I, Golier JA, Galea S, McEwen BS, et al. Reductions in circulating
endocannabinoid levels in individuals with post-traumatic stress disorder following exposure to
the World Trade Center attacks. Psychoneuroendocrinology. 2013;38:2952–61.

Hoch E, Niemann D, von Keller R, Schneider M, Friemel CM, Preuss UW, Hasan A, Pogarell O.
How effective and safe is medical cannabis as a treatment of mental disorders? A systematic
review. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2019 Feb;269(1):87-105.

Hoehn-Saric R, Lee JS, McLeod DR and Wong DF (2005) Effect of worry on regional cerebral blood
flow in nonanxious subjects. Psychiatry Res 140: 259–269.

Hsiao YT, Yi PL, Li CL, Chang FC (2012). Effect of cannabidiol on sleep disruption induced by the
repeated combination tests consisting of open field and elevated plus-maze in rats.
Neuropharmacology 62: 373–384.

Kilts CD, Kelsey JE, Knight B, Ely TD, Bowman FD, Gross RE, et al. (2006) The neural correlates of
social anxiety disorder and response to pharmacotherapy. Neuropsychopharmacology 31:
2243–2253

Neumeister A. The endocannabinoid system provides an avenue for evidence-based treatment


development for PTSD. Depress Anxiety 2013;30:93-96.

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza


Patel S, Hill MN, Cheer JF, Wotjak CT, Holmes A. The endocannabinoid system as a target for
novel anxiolytic drugs. Neurosci Biobehav Rev. 2017;76(Pt A):56–66.
doi:10.1016/j.neubiorev.2016.12.033

Papagianni EP, Stevenson CW. Cannabinoid Regulation of Fear and Anxiety: an Update. Curr
Psychiatry Rep. 2019;21(6):38. Published 2019 Apr 27. doi:10.1007/s11920-019-1026-z

Resstel LB, Joca SR, Moreira FA, Correa FM, Guimarães FS. Effects of cannabidiol and diazepam
on behavioral and cardiovascular responses induced by contextual conditioned fear in rats.
Behav Brain Res. 2006;172(2):294-8.

Rey AA, Purrio M, Viveros MP, Lutz B. Biphasic effects of cannabinoids in anxiety responses: CB1
and GABAB receptors in the balance of GABAergic and glutamatergic neurotransmission.
Neuropsychopharmacology. 2012; 37:2624–2634

Rock EM, Bolognini D, Limebeer CL, et al. Cannabidiol, a nonpsychotropic component of


cannabis, attenuates vomiting and nausea-like behaviour via indirect agonism of 5-HT(1A)
somatodendritic autoreceptors in the dorsal raphe nucleus. Br J Pharmacol 2012;165:2620-2634.

Roffman JL, Marci CD, Glick DM, Dougherty DD and Rauch SL (2005) Neuroimaging and the
functional neuroanatomy of psychotherapy. Psychol Med 35: 1385–1398.

Sloan ME, Grant CW, Gowin JL, Ramchandani VA, Le Foll B. Endocannabinoid signaling in
psychiatric disorders: a review of positron emission tomography studies. Acta Pharmacol Sin.
2019;40(3):342–350.

Spagnolo PA, Ramchandani VA, Schwandt ML, Kwako LE, George DT, Mayo LM, et al. FAAH gene
variation moderates stress response and symptom severity in patients with posttraumatic stress
disorder and comorbid alcohol dependence. Alcohol Clin Exp Res. 2016;40:2426–34.

Spindelegger C, Lanzenberger R, Wadsak W, Mien LK, Stein P, Mitterhauser M, et al. (2009)


Influence of escitalopram treatment on 5-HT 1A receptor binding in limbic regions in patients
with anxiety disorders. Mol Psychiatry 14: 1040–1050.

Van der Linden G, van Heerden B, Warwick J, Wessels C, van Kradenburg J, Zungu-Dirwayi N, et
al. (2000) Functional brain imaging and pharmacotherapy in social phobia: single photon
emission computed tomography before and after treatment with the selective serotonin
reuptake inhibitor citalopram. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry 24: 419–438.

Zuardi AW, Shirakawa I, Finkelfarb E, Karniol IG. Action of cannabidiol on the anxiety and other
effects produced by delta 9-THC in normal subjects. Psychopharmacology (Berl). 1982;76:245-
50.

Zuardi AW, Cosme RA, Graeff FG, Guimarães FS. Effects of ipsapirone and cannabidiol on human
experimental anxiety. J Psychopharmacol 1993;7:82-8

Zuardi AW, Crippa JA, Hallak JE, Moreira FA, Guimaraes FS. Cannabidiol, a Cannabis sativa
constituent, as an antipsychotic drug. Braz J Med Biol Res. 2006;39(4):421-9.

Zuardi AW, Rodrigues NP, Silva AL, et al. Inverted U-Shaped Dose-Response Curve of the
Anxiolytic Effect of Cannabidiol during Public Speaking in Real Life. Front Pharmacol. 2017;8:259.
Published 2017 May 11.

Direitos autorais reservados a Stefanie Ane V. Souza

Você também pode gostar