OITO MITOS SOBRE A
da maconha:
LEGALIZAÇÃO DA
MACONHA
BRASIL PARALELO
1° AULA: HISTÓRIA DA
MACONHA
- A primeira vez que se documentou
a maconha foi em um guia
medicinal chinês escrito há cem
anos antes de Cristo. Este manual
já advertia que o fumo da
maconha fazia com que as
pessoas ficassem agressivas e
vissem demônios.
- No século XIX, dois países,
bastante distintos e distantes, com
muito pouco em comum, foram
muito importantes para o atual
debate sobre essa droga: México e
Índia.
 O caso do México:
- A planta entrou no país com a
chegada dos espanhóis que
utilizavam as fibras para fazer corda
e armamento de navios, mas as
pessoas que trabalhavam nos
portos e os mais pobres passaram a
fumar a floração.
- Com o tempo, o uso da maconha
foi se espalhando pelo México e, no
século XIX, os problemas
começaram a aparecer. Algumas
manchetes dos jornais do fim desse
século já alertavam sobre os efeitos
“Outro assassinato provocado pela
marijuana” El Imparcial, 17 de junho
de 1897
“Um maconheiro anarquista” El
Imparcial, 11 de janeiro de 1897
“Mastigou a orelha da mulher”
Mexican Herald, 1903
“As pessoas fumavam e tinham
surtos psicóticos:
“Loucos por causa da marijuana” El
Imparcial, 8 de junho 1904
“Assassinato de um ministro
protestante” El Imparcial, 16 de
fevereiro 1906
“Cidade de Juárez é palco de
espetáculo atroz” El Diario, 3 de
janeiro 1913
“O raciocínio desaparece de uma
maneira absoluta na hora que se
fuma marijuana” El País, 7 de abril
de 1913
- Podemos observar que, no fim do
século XIX e início do século XX, já
se sabia que a maconha causava
muito mal.
- Os médicos mexicanos,
preocupados com isso, resolveram
realizar uma pesquisa, com 800
pessoas, sobre os efeitos da
maconha. Esse estudo, publicado
no Boston Medical and Surgical
Journal, demonstrou uma
correlação persistente entre
surtos psicóticos e o uso da
Cannabis.
- Em virtude da pressão dos
médicos e da mídia informando os
efeitos deletérios da maconha, em
1920, o governo mexicano proibiu o
seu uso.
 O caso da Índia:
- Diferente do México, há muito
tempo os indianos tinham o
costume de consumir a maconha.
- Em 1860, começou uma
movimentação de médicos
britânicos sobre o impacto do uso
da maconha nas internações
psiquiátricas. Os hospitais
psiquiátricos estavam muito cheios,
e havia uma grande desconfiança
de que a causa era a maconha.
Como isso chamou a atenção, o
governo britânico pediu um relatório
sobre o uso da maconha na Índia.
- Como a taxação da maconha era
uma das principais fontes de receita
do país, a Comissão Indiana de
Drogas (composta por 4 britânicos e
3 indianos) decidiram apenas
aumentar o imposto para diminuir
o consumo sem proibir o uso.
Mais essa decisão não foi unânime.
Dos 7 membros, 2 votaram contra o
relatório porque a grande maioria
dos médicos britânicos consultados
era a favor da proibição imediata.
- No caso da Índia, o dinheiro falou
mais alto.
- Com o passar do tempo foi
comprovado que o aumento da
taxa não desencorajou o
consumo. Por volta de 1920, 30%
das internações nos hospitais
psiquiátricos indianos tinham
relação com o uso da maconha.
 O caso dos Estados
Unidos:
- Na década de 1930, a maconha
chega nos Estados Unidos e
começa a fazer barulho. Mas Harry
J. Anslinger, o comissário do
escritório federal sobre drogas, se
antecipa. Para evitar que o
problema se tornasse gigante nos
Estados Unidos, ele alertou sobre
os perigos da maconha,
apresentando as pesquisas que
mostravam os efeitos deletérios da
maconha e incentivando a mídia a
publicá-los, com o objetivo de fazer
a opinião pública ficar contra o uso
da maconha e proibir o uso. Em
1937 ele alcança o intento. No dia 2
de agosto deste ano, o Presidente
Franklin Roosevelt resolveu multar
toda pessoa que fumasse
maconha nos Estados Unidos, o
que equivalia à proibição.
- Porém com o marxismo cultural, a
Escola de Frankfurt, o Woodstock,
envolvimento com a guerra do
Vietnã e com o lema francês “é
proibido proibir”, aquela juventude
revoltada queria interromper o
paradigma burguês e, então, a
maconha vira o símbolo da paz. A
pessoa que fuma maconha é
relaxada, não quer saber de briga, é
diferente do burguês, do capitalista
malvadão, que fica tomando uísque,
fumando charuto e oprimindo as
pessoas. Eles venderam essa
imagem e - o pior – colou.
- Foi grande o impacto dessa
geração dos anos de 1960. Na
década de 70, o número de descriminalização. Isso deu certo,
usuários de maconha começa a inclusive aqui no Brasil.
explodir. Em 1973, um estudo da
- A revista Times22 publicou, em
Gallup informou que 12% das
1973, uma reportagem mostrando
pessoas declararam já ter fumado
que 691 pessoas estavam presas
maconha uma vez na vida. Dois
no Texas, cumprindo uma pena alta
anos depois, o número aumentou
de nove anos apenas por portar
para 30%, e entre jovens de 18 a
maconha, porém, a revista
24 anos chegou a 50%.
esqueceu de informar que apenas
- O ponto-chave, contra o qual dois estados americanos puniam
brigamos até hoje — e é uma luta a posse. Eles omitiram
árdua, pois é difícil tirar isso do intencionalmente para construir uma
imaginário das pessoas —, é que narrativa que dura até hoje: é um
houve uma glamourização da absurdo prender todo mundo
maconha. simplesmente por portar maconha,
isso é uma questão de saúde
- Tom Forcade criou a revista High
pública, o usuário é doente e
Times com a intenção de promover
precisa de cuidado.
a legalização da maconha,
vendendo a ideia de que a maconha - Stroup dizia que a maconha não
não fazia mal e era a droga da nova fazia mal, mas não era bem assim.
geração. Só que Tom Forcade, por Em 1981, em um evento na sua
conta do alto consumo da droga residência, as pessoas ficaram
começou a sofrer surtos psicóticos, assustadas com ele. Ele se
teve mania de perseguição. Durante balançava tão obsessivamente
uns dos surtos, ele se matou com numa cadeira de balanço que ela
um tiro na cabeça. quebrou, e ele se levantou
convencido de que naquele
- Na mesma época de Forcade,
momento alguém tentava entrar na
Keith Stroup fundou, em 1970, a
sua casa para assassinar sua filha.
Organização Nacional pela Reforma
Mas as pessoas não falavam — e
das Leis sobre a Majuana
não falam — a respeito dos surtos
(NORML), com o objetivo de
psicóticos provocados pelo uso da
aumentar a adesão das pessoas
maconha, então ele prosseguiu
para a legalização.
trabalhando.
- Com um passo de cada vez, eles
- A questão deles não é a
conseguiriam legalizar as drogas,
realidade, pouco importa o que
mas não sem um planejamento
causará à sociedade a legalização
estratégico. E assim eles fizeram. O
ou não.
primeiro passo não era falar de
legalização — algo mais difícil
naquele momento —, e sim
descriminalizar a maconha ou fazer
com que a pena fosse tão pequena
que na prática seria uma
2° AULA: PRIMEIRO E
SEGUNDO MITOS
 1° Mito: A Maconha é
Inofensiva
- Em relação à dependência, ela
existe e é bastante comum; cerca
de 1/3 dos usuários da maconha
apresentam algum grau de
dependência dessa droga.
- Quais foram as perguntas que
essa pesquisa fez entre adultos e
adolescentes? A primeira pergunta:
“Já achou que o uso estava fora de
controle?”, para adultos, desses que
utilizaram, 41% disse que sim; já
entre os adolescentes, 18% disse
que sim — adolescentes sempre
acham que estão no controle de
tudo, eu já fui jovem e sei disso. A
segunda pergunta: “Já ficou ansioso
ou preocupado com a ideia de não
ter maconha?”, 36% dos adultos
disseram que sim e 23% dos
adolescentes também afirmaram
que ficaram preocupados. A terceira
pergunta: “Já se preocupou com o
uso da maconha?”, 55% dos adultos
disse que sim e 48% dos jovens
confirmaram. A quarta pergunta: “Já
quis parar?” Olha que interessante,
77% dos adultos que faziam uso
regular disseram que sim e 70% dos
adolescentes também disseram que
sim também, quiseram parar e não
conseguiram. A quinta pergunta:
“Acha difícil ficar sem maconha?”
Observamos que 54% dos adultos e
31% dos adolescentes dizem que
sim — uma porcentagem bastante
alta.
- Achar que fumar maconha não
traz dependência para a pessoa é
um erro: sim, a maconha vicia e
vicia uma parcela considerável de
pessoas que usam essa droga de
maneira regular, portanto, a
legalização vai fazer com que
surjam mais dependentes dessa
droga.
- Vejamos se a maconha é
inofensiva. Uma matéria do Jornal
da Ciência diz: “ Usuários de
maconha são cinco vezes mais
propensos a desenvolver
esquizofrenia”.
- Em uma palestra no Conselho
Regional de Medicina do Estado do
Rio de Janeiro, uma médica que era
diretora de uma clínica de
reabilitação disse: “Senhores, eu
poderia ser a primeira a falar que eu
queria a legalização, porque ia lotar
a minha clínica e ganhar muito
dinheiro com isso, mas não, eu não
vou fazer isso porque eu sei
quantas famílias sofrem, e eu não
preciso disso, porque a minha
clínica já está lotada”.
- As pessoas que defendem a
legalização costumam falar que a
pessoas não desenvolve
esquizofrenia, mas que, a maconha
desencadeará a doença por uma
predisposição genética. No entanto,
existem estudos que dizem que
podemos pegar toda a família da
pessoa, cujos membros não tenham
essa predisposição, e mesmo assim
o indivíduo pode ficar
esquizofrênico.
- Outro estudo diz que o uso da
maconha por jovens está
associado a um altíssimo risco de
manifestar sintomas negativos para
a saúde, como psicoses,
esquizofrenia, depressão, e essas
pessoas também são mais
suscetíveis a cometer suicídio.
- Os defensores da maconha dizem
que ela trata a depressão. Há um
componente na folha da maconha
que, dependendo da dosagem e da
maneira como é administrado, que
pode até funcionar como um
remédio, mas o uso indiscriminado
da maconha não.
- No Colorado a maconha foi
legalizada e, desde 2012, as
internações por ingestão de
maconha triplicaram.
- Um outro estudo diz que a
maconha provoca modificações
na estrutura cerebral e perda de
memória a curto prazo; a
maconha afeta a maneira que o
cérebro se desenvolve. O QI
daquele que usa maconha
diminui.
- Em todo país que legaliza a
maconha há um aumento de
acidentes de trânsito porque a
maconha afeta a coordenação
motora.
- Há estudos comprovando que o
uso da maconha pode causar
esterilidade, má formação no
espermatozoide, câncer de
testículo, câncer de pulmão,
câncer de laringe; a fumaça da
maconha torna o risco de câncer
no pulmão 20 vezes maior. Uma
pesquisa canadense concluiu que a
fumaça da maconha contém 50% a
70% de hidrocarbonetos mais
cancerígenos do que a fumaça do
tabaco. A fumaça inalada da
maconha tem uma quantia de
amônia igual a de 20 cigarros e
os níveis de cianeto de
hidrogênio e de óxido nítrico que
afetam o coração e pulmão
apareceram em concentrações
três a cinco vezes superiores ao
cigarro.
- As pessoas estão subestimando
os riscos que o consumo da
maconha pode trazer para o
sistema respiratório.
- Um trabalho do Einstein Medical
Center mostra que o uso contínuo
da maconha eleva o risco de AVC
em 26% e em 10% o de falha
cardíaca.
- Um estudo também diz que o uso
da maconha na adolescência pode
estar relacionado ao maior risco de
morte antes dos 60 anos.
- Agora vamos ao que diz o
Conselho Federal de Medicina
(CRM) e a Associação Brasileira de
Psiquiatria (ABP): “O Conselho
Federal de Medicina (CFM) e a
Associação Brasileira de Psiquiatria
(ABP) publicaram, nesta quarta-feira
(22), nota de apoio ao ministro da
cidadania, Osmar Terra, e
posicionou-se contrário à regulação
do plantio da Cannabis com ‘fins
medicinais’. O CFM e a ABP
também alertam que ‘o uso da
Cannabis (maconha) ainda não
possui evidências científicas
consistentes que demonstrem sua
eficácia e segurança aos pacientes.
Desse modo, a regulação do plantio
e uso dessa droga coloca em risco
esse grupo, além de causar forte
impacto na sociedade em sua luta
contra o narcotráfico e suas
consequências”.
- Hoje, a maconha só é indicada
para tratamento de crises epiléticas
para crianças que não respondem a
nenhum tipo de tratamento já
existente. Já assisti a uma palestra
de um médico, no CREMERJ,
defendendo a legalização, e ele
mostrou uma coisa que me
impressionou muito, porque — é
óbvio — eram crianças, e as
imagens estavam autorizadas
porque eram para fins de divulgação
científica, nas quais as crianças
com crises epiléticas severas, não
conseguiam falar, não conseguiam
fazer nada, só tinham crise epilética
e nenhum remédio as ajudava; esse
médico começa a utilizar o óleo da
maconha como tratamento. Em três
meses a criança leva uma vida
normal, portanto, eu não tenho
dúvidas de que a maconha funciona
em casos específicos, mas as
pessoas querem banalizar.
 2° Mito: A Maconha
Medicinal
- Ela tem potencial medicinal, mas
será que precisamos legalizar a
maconha para produzirmos um
remédio à base de Cannabis? Será
que temos que legalizar a maconha
fumada – que todo mundo fuma –
para transformar isso num remédio?
- Óbvio que não temos que
legalizar a maconha fumada para
produzir remédio à base de
maconha porque, quando um
medicamento é feito, ele tem um
propósito definido: tratar uma
doença específica. As doses são
ajustadas, os efeitos colaterais são
controlados – sabe-se o que pode
ou não acontecer. Há uma dose
geralmente pequena por um período
e horário exato para tomar. Os que
querem a legalização fumarão de
maneira descontrolada.
- O próprio Keith Stroup disse:
“Usaremos maconha medicinal
como um disfarce para dar um
bom nome à maconha.”
- Dentre as mais de 400
substâncias que a maconha
possui, há duas que são as
principais e as mais faladas: A
primeira é THC, o Tetra-
hidrocanabidiol, uma substância
que é responsável pela onda da
maconha, em que a pessoa
alucina, dá aquele relaxamento,
mas também é a substância que
causa a dependência e os
principais danos. O THC é
pesquisado até hoje porque é um
potente antiemético, atua contra
vômito. É a famosa larica, quem faz
uso de maconha come até tijolo
com feijão, porque dá fome mesmo.
A segunda substância é o CBD, o
Canabidiol, que é a principal
substância, não dá onda, não
causa nenhum tipo de dependência
e é o que causa maiores benefícios,
então, o principal foco no estudo
medicinal é o CBD, e você não
precisa fumar maconha para isso,
afinal, você pode tirar essa
substância da folha da maconha
e fazer o remédio.
- Um estudo feito pela Universidade
de New South Wales diz que a
maconha medicinal não funciona
para dor crônica; a maconha, tão
somente, dá uma sensação de
torpeza, então quem usa acha
que se curou de uma doença maconha, principalmente da
crônica, mas apenas deixou de maconha medicinal, em clubes de
senti-la. maconha — um negócio horroroso.
- Tentam nos fazer acreditar que a - A maconha medicinal é uma
maconha serve para tudo: para falácia, não existe maconha
acne, para o tratamento da COVID- medicinal, não precisamos
19, para doenças crônicas etc. legalizar a maconha para ter os
Quando estamos com dor de benefícios terapêuticos da
cabeça, é uma determinada Cannabis.
substância que tomamos, quando
estamos com crise alérgica, é outra
substância; para qualquer problema
de saúde é recomendada uma
substância específica para esse
mal, mas com a maconha não é
assim.
- Apesar de muitos falarem que o
Brasil não regulamentou maconha,
na verdade, nós já a
regulamentamos no dia 3 de
dezembro48 de 2019, quando a
ANVISA regulamentou a chamada
maconha medicinal. Mas tenho de
deixar claro: não existe maconha
medicinal, o que existe são
remédios à base de canabinoides; a
maconha medicinal é só um
pretexto que Keith Stroup já falava
na década de 70. Então, quando
alguém falar para você sobre a
maconha medicinal, saiba que não
existe a maconha medicinal.
Qualquer um pode tomar um
remédio para dor à base de morfina,
e nem por causa disso você vai
fazer uso do ópio, simples assim.
Osmar Terra fala que o veneno de
cobra é utilizado para controlar
pressão, mas ninguém anda por aí
com uma cascavel no bolso. É o
mesmo raciocínio.
- Após a regulamentação da
ANVISA, tivemos a PL 399/2015
retirada da pauta, pois este Projeto
de Lei consistia na legalização da