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Acreditava-se que essa era a única parte ativa da planta cannabis. Sabemos
agora que não é verdade, que diferentes canabinoides têm diferentes efeitos, e
alguns têm efeitos que não provêm da ativação direta do sistema
endocanabinoide e que não provocam esse efeito psicoativo de intoxicação.
O CBD tem uma afinidade fraca com os receptores canabinoides. Assim, modula
o sistema endocanabinoide indiretamente, ou com uma capacidade limitada.
Ele não é como o THC, que ativa diretamente os receptores CB1 e CB2. O CBD
tem efeitos sobre outros receptores não-canabinoides. Na verdade, ele tem
muitos alvos moleculares no corpo, diferentes receptores, enzimas, canais
iônicos, bem como proteínas e transportadores. Mais de 60 alvos moleculares
diferentes foram relatados na literatura sobre o CBD.
O FDA reconhece que o THC tem claros benefícios medicinais e ele é registrado
nos Estados Unidos na sua forma pura como Dronabinol (Marinol) e é aprovado
para uso em pacientes oncológicos e portadores do HIV como antiemético e
impulsionador do apetite. Alguns estudos demonstraram marcante ação anal-
gésica e de redução na espasticidade em pacientes com esclerose múltipla.
Linalcool
O 2-AG assim como a anandamida se liga ao receptor CB1 e CB2, e atua como um
agonista total. O 2-AG é considerado o verdadeiro ligante do sistema endocana-
binoide, o que se confirma também pelo fato dos níveis de 2-AG no cérebro
serem 117 vezes superiores aos níveis da anandamida. No cérebro, ele atua por
meio de uma sinalização retrógrada rápida nos neurônios pré-sinápticos. A
anandamida e o 2-AG têm uma vida útil relativamente curta e são rapidamente
degradados pelas suas enzimas metabolizadoras.
Com esse papel tão importante em todos os sistemas do corpo humano, pode-
mos pressupor que se algo não funcionar bem ou se o sistema endocanabinoide
não estiver equilibrado, sintomas e doenças específicas podem aparecer. De
forma geral, a desregulação do sistema endocanabinoide tem profundas impli-
cações em muitos aspectos fisiológicos de nosso corpo, pode provocar e tem
sido associada a muitas doenças crônicas refratárias, como as doenças neurode-
generativas, disfunções motoras, transtornos de humor, psicose, autismo, obesi-
dade, câncer, infertilidade e outras condições patológicas. Entende-se então que
a desregulação desse sistema pode estar envolvida em várias condições patoló-
gicas, como a endometriose, o aborto espontâneo, a gravidez ectópica e até
mesmo o câncer endometrial. Os níveis dos principais componentes do sistema
endocanabinoide, ou seja, os endocanabinoides, os receptores e as suas enzimas,
podem se alterar em diferentes problemas de saúde, e contribuir para o desen-
volvimento e manutenção dos sintomas de variadas doenças crônicas.
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