Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CANNABIS:
Rio de Janeiro
2017
FABIO ALEX SANTANA AGUIAR
CANNABIS:
Rio de Janeiro
2017
FABIO ALEX SANTANA AGUIAR
CANNABIS:
BANCA EXAMINADORA:
One of the great challenges of Pharmaceutical Chemistry has to do with the Discovery of new
chemical structures that serve as the basis for new therapeutic agents. For a long time, plants
were almost exclusively available for the Man in therapy. The therapeutic use of Cannabis or
its derivatives has been known for many years however, the study of its properties, its analogs
and cannabinoid receptors (CB1 and CB2) and the enzymes involved in their metabolism is
very recent. After the discovery of the endogenous cannabinoids, the scientific studies were
directed to the investigation of its clinical potential. Its active compounds act at these
cannabinoid receptors, where effective action interacts positively against severe pain resulting
from diseases such as Multiple Sclerosis. This article review work has the purpose of
emphasizing the importance of using the medicinal benefits of the plant cannabis herbal
medicine, since its compounds also have neuroprotective action. The cultivation and
maintenance of the plant are considered low cost when compared to synthetic inputs used on a
large scale today.
THC – Tetrahidrocanabinol
CBD – Canabidiol
CBN- Canabinol
∆8-THC - ∆-8-tetra-hidrocanabinol
∆9-THC - ∆-9-tetra-hidrocanabinol
NAPE – N-araquidonil-fosfatidil-etanolamina
EM – Esclerose Múltipla
1 INTRODUÇÃO 08
2 OBJETIVOS 11
3 MATERIAIS E MÉTODOS 12
4 DESENVOLVIMENTO DO TEMA 13
4.1 CANNABIS: PLANTA, PRINCÍPIOS ATIVOS,
PRINCIPAIS EFEITOS 13
4.2 AÇÃO TERAPÊUTICA 21
4.2.1 TRATAMENTO DA DOR 24
4.2.2 AÇÃO NEUROPROTERORA 28
4.3 EFEITOS ADVERSOS 29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 31
6 REFERÊNCIAS 32
8
1. INTRODUÇÃO
Reações adversas podem incluir pânico ou ansiedade, sendo mais comuns em usuários
novatos. Estes efeitos são influenciados de maneira significativa por variáveis psicobiologias
(características individuais, expectativas e motivações) e ambientais (contexto sociocultural
onde ocorre o uso do psicoativo) (Spinella, 2001).
Baker et al. (2003) acrescenta ainda que já foi utilizada como anticonvulsivante,
ansiolítico, analgésico, antiemético para o tratamento de cólicas, asma, e dismenorréia e que
vem sendo pesquisada para tratamento doenças neurológicas espásticas, além das
possibilidades terapêuticas de intervenção nos receptores endocanabinóides recentemente
descobertos, contudo, este autor alerta sobre a necessidade de maiores pesquisas sobretudo
sobre seu possível efeito neuroprotetor.
2. OBJETIVOS
Geral:
Específicos:
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Este é um trabalho de revisão de artigos científicos, com buscas realizadas entre os anos
de 2015 e 2016 que contam com artigos publicados entre os anos de 2000 a 2016, disponíveis
nas bases de dados PubMed, Web of Knowledge, Science Direct, BVS/Lilacs e Scopus.
4. DESENVOLVIMENTO DO TEMA
A Cannabis foi uma das primeiras plantas cultivadas pelo Homem. A planta do
cânhamo, Cannabis, das regiões temperadas e tropicais, foi utilizada há 12.000 anos atrás,
como fonte de fibras para o fabrico de tecidos e cordoaria a partir do seu caule, dada a grande
resistência das mesmas (Kalant, 2001).
Pode ser utilizada de diversas formas (inalada, carburada, sintetizada, em forma de óleo
ou extrato, como chás, e ainda na gastronomia), onde todas tem um potencial terapêutico e
medicinal, mesmo não sendo utilizada para essa finalidade pontual (Bonfá, 2008).
Diversos autores dos artigos mais recentes apontam que estas funções diversas
impulsionaram a investigação acerca da Cannabis no sentido de compreender a verdadeira
função desta no organismo humano, bem como a sua aplicabilidade a nível da química
médica.
15
O CBN também possui propriedades psicoativas, porém menores que o anterior. Este
canabinóide tem maior afinidade para o receptor CB2 (receptor periférico dos canabinóides)
do que para o receptor CB1 (recetor do SNC). Esta particularidade explica bem a sua atuação
efetiva e duradoura no sistema imune (Carranza, 2009; Netzahualcoyotzi-Pietra et al., 2009;
Gainza, 2003).
O CBD é um canabinóide sem ação psicoativa e existem estudos que descrevem a sua
capacidade neuroprotetora resultante do seu poder antioxidante contra os radicais livres
produzidos nos neurônios, por libertação excessiva de glutamato. Outros estudos referem a
sua capacidade anti-inflamatória, sobre o sistema imune e anti convulsivante (Carranza, 2009;
Netzahualcoyotzi-Pietra, 2009; Gainza, 2003).
O THC se liga a receptores de THC nos neurônios opióides e transmite um sinal aos
neurônios dopaminérgicos localizados no sistema de recompensa cerebral que tem como
função promover e estimular comportamentos que contribuem na manutenção da vida e da
espécie, como a alimentação, proteção, sexo, entre outros, que quando ativado, proporcionará
sensações de prazer e satisfação. As substâncias psicoativas são capazes de ampliar em
centenas de vezes a atividade deste sistema de recompensa, alterando o funcionamento
cerebral. O sistema de recompensa do cérebro, também conhecido como sistema
mesolímbico-mesocortical reúne a área tegmental ventral (ATV), o núcleo accumbens, a
amígdala, o hipocampo, o córtex pré-frontal, giro do cíngulo e o córtex orbitofrontal (Kumar,
2001).
Além disso, o CBD apresenta caráter agonístico nos receptores serotonérgicos do tipo 5-
HT1A, envolvidos na modulação da ansiedade e da depressão, o que parece justificar suas
propriedades ansiolíticas. Entretanto, os efeitos antieméticos manifestados pelo CBD,
provavelmente estão relacionados com a habilidade do canabinóide em modular a transmissão
serotoninérgica (Spinella, 2001).
que controlam processos, tais como, a inflamação, o fluxo de sangue, a formação de coágulos
de sangue e a indução do trabalho de parto (Berdyshev, 2006).
A anandamida é produzida nas áreas do cérebro que são importantes para a memória, no
processamento do pensamento e no controle do movimento. Ela pode agir na produção e
quebra de conexões de curto prazo em células nervosas relacionadas a memória e a
aprendizagem (DiMarzo, 2004). A Tabela 1 mostra as concentrações por regiões no cérebro.
20
Tabela 2. Fármacos análogos dos canabinóides e respectivo uso terapêutico (Fonseca, 2013).
As cápsulas de THC sintético, Dronabinol, já estão disponíveis para uso médico nos
EUA desde 1985. A Nabilona outro análogo sintético do THC, foi comercializado em 1983 e
é o único canabinóide licenciado para a prescrição no Reino Unido, restrito ao tratamento de
náuseas e vómitos causados pela quimioterapia citotóxica quando os antieméticos
convencionais não são eficazes. O uso deste fármaco para outras indicações terapêuticas só é
possível se este for fornecido na farmácia hospitalar (Bonfá, 2008).
Torres e Calderón (2012) explicam que a dor é uma sensação desagradável que surge
por vários fatores, como aspectos emocionais, ambientais e lesões teciduais. Sua interpretação
depende das experiências vividas por cada indivíduo. A dor crônica é aquela que permanece
por mais tempo que o necessário para a cura de uma lesão e, assim, interferindo na qualidade
de vida das pessoas. Pacientes com essa patologia podem desenvolver sintomas secundários,
como depressão, incapacidade física e mental, deficiências psicomotoras, entre outros que
estão associados com o quadro doloroso.
A Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP) conceitua a dor como “uma
experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos
tecidos, ou descrita em termos de tais lesões”. Tem a função de sinal de alerta, avisando
quando algum dano prejudica a homeostase do corpo (DELLAROZA et al, 2008).
25
O nível dois (2) começa com a chegada do estímulo ao corno posterior da medula
espinhal.
No nível três (3) a informação seguiu pela via ascendente até o Sistema Límbico e volta
pela via descendente, chegando ao Sistema Descendente de Controle da Nocicepção (SDCN),
onde o estímulo se encontra com estruturas responsáveis pelo controle e modulação da dor
(SOUSA, 2009).
O nível quatro (4) é o centro que controla todo esse sistema da dor, onde os estímulos
podem ser modulados com inibição ou potencialização do efeito inicial. As áreas envolvidas
são: límbico, os córtex primário e secundário (SOUSA, 2009).
O mecanismo de ação do controle da dor nessa região funciona com a integração dos
neurônios da SCP com a RVM, onde a SCP lança os axônios até a RVM, região que é
composta pelos neurônios chamados “células-on” e “células-off” que, por sua vez, conectam
seus axônios à medula espinhal (VANEGAS, 2013).
A Cannabis tem sido utilizada com sucesso no alívio de dores causadas por diversas
doenças, inclusive a enxaqueca, dores neuropáticas, e dores causadas por câncer. Essas são
condições muitas vezes severas para as quais os analgésicos convencionais não funcionam de
forma satisfatória. Mesmo no caso dos opióides (morfina), existem contra indicações, já que
seu uso contínuo pode gerar dependência fisiológica e risco de parada respiratória. Tais
problemas são ausentes com o uso de Cannabis (Cilio & Thiele, 2014).
Em contra partida ao uso desses fármacos tradicionais, de acordo com Honório, Arroio
e Silva (2006), pesquisas comprovam que a Cannabis não causa dependência física e a
interrupção de seu uso não causa síndrome de abstinência. O uso de canabinóides na medicina
é prejudicado pelos seus efeitos colaterais, porém Zuardi (2014) relata que o tratamento feito
com a combinação dos canabinóides THC e CBD, têm os efeitos colaterais diminuídos porque
o THC é um canabinóide psicoativo e o CBD consegue anular esse efeito porque é ansiolítico
e não causa dependência.
28
Os agonistas de canabinóides que atuam através dos receptores CB1 levam à inibição da
liberação de glutamato, isto sugere que a atividade destes receptores pode reduzir a toxicidade
e subsequente lesão neuronal causada por uma elevada liberação de glutamato. Além disso,
demonstrou-se que, após a lesão do cérebro, a concentração de compostos endógenos, como
anandamida e glicerol araquidonil (2-AG) tende a aumentar para exercer o seu papel
neuroprotetor. A administração de 2-AG após a lesão mecânica no hipocampo permite uma
recuperação mais rápida e reduz a morte neuronal (Netzahualcoyotzi-Pietra et al., 2009).
Baker et al. (2003) referem-se à demanda de avaliação e controle dos efeitos adversos
do uso da maconha, onde se inclui: a) os efeitos da intoxicação aguda, as propriedades
psicoativas de euforia, delírios e mais raramente alucinações e pequenas mudanças
psicomotoras, b) os efeitos desagradáveis às vezes relatados, como ansiedade, pânico,
paranóia, e, d) mesmo que muito raramente, psicose aguda , c) se associada ao uso crônico, a
síndrome amotivacional. Referem-se também às características adversas mais freqüentemente
relatadas tipo o aumento da freqüência cardíaca, a redução da pressão arterial devido à
vasodilatação (o que faz com que o olho fique “vermelho"), o aumento do apetite (conhecido
como "larica"), a boca seca, e ocasionalmente tontura.
Face á baixa toxicidade dos canabinóides, não há registros de óbito nos casos em que
foram utilizados como agentes terapêuticos, este fato está relacionado com a falta de
30
receptores para canabinóides no tronco encefálico, uma vez que é este que regula a respiração
e outras funções vitais. Estima-se que a dose letal em humanos seja cerca de 1.000 vezes a
dose necessária para produzir os efeitos psicoativos (Oliveira Alves et al. 2012).
31
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Cannabis pode ser recomendada para inúmeros diagnósticos e sintomas, como por
exemplo, dores crônicas e sintomas causados por esclerose múltipla, melhorando
consideravelmente quadros graves e muitas vezes já resistentes a tratamentos convencionais.
A planta é conhecida há centenas de anos e suas propriedades medicinais agem com
resultados positivos.
Cuidados com a saúde e com o doente podem ser oferecidos em casa, hospitais e
instituições especializadas, com objetivo de melhorar a qualidade de vida através da
prevenção ou atenuação de sintomas de doenças. Dessa forma, há uma enorme facilidade em
se fazer o tratamento com a planta fitoterápica Cannabis, já que a mesma não exige cuidados
que levam a custos elevados com equipamentos sofisticados, apenas um cultivo cuidadoso.
Alem disso, pode e deve ser administrada em sua forma in natura em pacientes em tratamento
médico e com indicação médica.
6. REFERÊNCIAS
CILIO, M. R., THIELE, E., DEVINSKY, O. The case for assessing cannabidiol in epilepsy
– R. Epilepsia, 55(6):787–790, 2014.
CILIO, Maria Roberta, THIELE, Elizabeth - The case for assessing cannabidiol in epilepsy.
Rev. Bras. Anestesiologia. 2014.
HILLIARD, C. J.; MANNA, S.; GREENBERG, M. J.; DICAMELLI, R.; ROSS, R. A.;
STEVERSON, L. A.; MURPHY, V.; PERTWEE, R. G.; CAMPBELL, W. B. Synthesis and
characterization of potent and selective agonists of the neuronal cannabinoid receptor
(CB1). J. Pharmacol. Exp. Ther., 289, pp. 1427-1433. 2001.
HONORIO, Káthia Maria; ARROIO, Agnaldo; SILVA, Albérico Borges Ferreira da.
Aspectos terapêuticos de compostos da planta Cannabis sativa. Quím. Nova, São Paulo, v.
29, n. 2, abr. 2006.
JOY, J. E.; WATSON, S. J.; BENSON, J. A. Marijuana and medicine: assessing the
science base. New York, National Academy Press. 2001.
KALANT, H. Medicinal use of cannabis: History and current status. Pain Res. Manage. 6,
pp. 80-91. 2001.
KALANT, Harold; CORRIGALL, William, A.; HALL, Wayne; SMART, Reginald G. (eds.).
The Health Effects of Cannabis. Toronto: Centre for Addiction and Mental Health, 2001.
MARSICANO, G.; GOODENOUGH, S.; MONORY, K.; HERMANN, H.; EDER, M.;
CANNICH, A.; AZAD, S. C.; CASCIO, M. G.; GUTIERREZ, S. O.; VAN DER STELT, M.;
LOPEZ-RODRIGUEZ, M. L.; CASANOVA, E.; SCHUTZ, G.; ZIEGLGANSBERGER, W.;
DI MARZO, V.; BEHL, C.; LUTZ, B. CB1 cannabinoid receptors and on-demand defense
against excitotoxicity. Science, v. 302, p. 84-88, 2003.
PANIKASHVILI, D.; SIMEONIDOU, C.; BEN-SHABAT, S.; HANUS, L.; BREUER, A.;
MECHOULAM, R.; SHOHAMI, E. An endogenous cannabinoid (2-AG) is
neuroprotective after brain injury. Nature, v. 413, p. 527-531, 2001.
RIBEIRO, Sidarta. Maconha, Cérebro e Saúde. RJ, Vieira & Lent, 2009.
SAGREDO, O.; GARCÍA-ARENCIBIA, M.; DE LAGO, E.; FINETTI, S.; DECIO, A.;
FERNÁNDEZ-RUIZ, J. Cannabinoids and neuroprotection in basal ganglia disorders.
Mol. Neurobiol., v. 36, p. 82-91, 2007.
SOUZA, Juliana Barcellos de. Poderia a atividade física induzir analgesia em pacientes
com dor crônica? Rev Bras Med Esporte. Niterói, v. 15, n. 2, abr. 2009.
TORRES, L. M.; CALDERON, E. Potencial terapêutico dos cannabinoides. Rev. Soc. Esp.
Dolor, Madrid, v. 20, n. 3, jun. 2012.
37
VAN DER STELT, M.; DI MARZO, V. Endovanilloids. Eur. J. Biochem., v. 271, p. 1827-
1834, 2004.
ZUARDI, Antonio Waldo. História da cannabis como medicamento. Rev. Bras. Psiquiatr.,
São Paulo, v. 28, n. 2, jun. 2014.