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MÉTODOS DE EXTRAÇÃO,

PURIFICAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO
E QUANTIFICAÇÃO DOS
METABÓLITOS SECUNDÁRIOS
DA CANNABIS SATIVA L
UNIDADE I
CANNABIS SATIVA L
Elaboração
Renata Monteiro Dantas Ferreira

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................4

UNIDADE I
CANNABIS SATIVA L....................................................................................................................7

CAPÍTULO 1
CANNABIS SATIVA: O FITOTERÁPICO.................................................................................... 7
CAPÍTULO 2
FITOQUÍMICA.................................................................................................................... 13
CAPÍTULO 3
EFEITO COMITIVA............................................................................................................... 19
CAPÍTULO 4
RENDIMENTO E PRODUTIVIDADE DA PLANTA CANNABIS SATIVA L.................................... 26
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................32
INTRODUÇÃO
A Cannabis sativa é uma planta, conhecida e utilizada há milhares de anos. É provável
que o homem primitivo, atraído pelas resinas de seus frutos e sementes, tenha
experimentado e descoberto despretensiosamente seus efeitos psicotrópicos (LOPES;
RIBEIRO, 2007).

O uso da C. sativa é milenar, pois é um fitoterápico de uso tradicional. Porém, com o


avanço da medicina alopática, a partir da segunda metade do século XIX, o ocidente foi
deixando de lado a medicina natural, ainda comum no oriente (ZUARDI, 2006).

Produto tradicional fitoterápico possui sua segurança e efetividade baseada em dados


publicados na literatura técnico-científica que comprovem uso seguro pela população
por período igual a superior a 30 anos, além de dados adicionais extraídos de estudos
sobre uso de produtos naturais, tais como ensaios in vitro ou em animais, não sendo
necessários estudos clínicos em humanos para obter registro (ANVISA, 2014).

É considerada por muitos estudiosos uma das primeiras plantas domesticadas,


cultivadas e propagadas pelo continente por meio da ação humana, estando presente
nos primórdios da agricultura, tecnologia, religiões e medicina (LOPES; RIBEIRO, 2007).

Com os mercadores árabes, o conhecimento sobre esse potencial terapêutico, se


espalhou pelo Oriente Médio, Europa e África, gerando um uso difundido e novas
descobertas sobre o possível valor curativo da planta.

Em 2900 a. C. o imperador chinês Fu Hsi, a quem os chineses acreditam ter trazido


a civilização para a China, fez referências a “Ma”, a palavra chinesa para C. sativa,
observando que era um medicamento muito popular que possuía tanto yin quanto
yang. Essas descobertas continuaram por meio dos chineses, fazendo com que a
maconha fosse referenciada por outros imperadores e registros medicinais como uma
planta com propriedades “curativas”.

Os primeiros registros encontrados em meados 2737 a. C. são atribuídos ao Imperador


Shen Nung, da China, que prescrevia chá de C. sativa para diversas doenças (ZUARDI,
2006).

Figura 1. Shen Nung.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Shennong.

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Introdução

Desde então, essa planta vem sendo utilizada pela humanidade, e Cannabis vem
caminhando junto com a evolução da humanidade, assim como o homem vem
cultivando e selecionando diversas variedades, sendo que cada uma apresenta
características específicas, com genótipos e fenótipos característicos.

Cada paciente responde de forma individualizada ao tratamento, por isso é uma terapia
tão personalizada. Desta forma, existem alguns métodos de extração e purificação que
são indicados para extrair os princípios ativos da planta Cannabis sativa para o uso
terapêutico.

Alguns desses métodos de extração são utilizados mais a nível industrial e outros
mais simples podem ser realizados em casa pelo próprio paciente ou por uma
associação de pacientes para o uso terapêutico. Além disso, outros métodos de
extração podem ser utilizados na culinária.

Os produtos resultantes desses métodos de extração são denominados pela Agência


Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), conforme RDC n. 335, de 2015. Porém, a
extração e cultivo no Brasil ainda não são regulamentados.

Alguns métodos de extração e de purificação não são muito indicados para a Produção
do produto derivado de Cannabis sativa, como a extração com butano (BHO) ou com
propano (PHO).

Vamos abordar quais são os métodos de extração mais utilizados e como eles são
realizados, assim como as suas vantagens e desvantagens.

Existem, também, os métodos de análise de canabinoides, os quais são realizados por


meio de processos de cromatografia.

Objetivos
» Apresentar os diferentes métodos de extração.

» Apontar como são realizados os métodos de extração e as vantagens e


desvantagens de cada método.

» Exemplificar métodos utilizados para identificação de canabinoides, por meio


de cromatografia.

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CANNABIS SATIVA L UNIDADE I

Objetivo
O objetivo desta unidade é apresentar um pouco dos aspectos das planta, para, no
final do capítulo, você entender um pouco mais sobre a planta e por que ela tem
inúmeras respostas terapêuticas. Além disso, você vai comprender a importância de
se utilizar a planta toda para se obter uma melhor resposta terapêutica, por meio do
efeito comitiva, e os fatores que podem interferir na produtividade e no rendimento do
produto obtido de cada planta.

Capítulo 1
CANNABIS SATIVA: O FITOTERÁPICO

Para poder compreender o que é Cannabis, é importante sabermos alguns conceitos.


Iniciamos com o que é droga? “Droga é a denominação dada a qualquer substância
natural ou não que, quando utilizada, causa alterações na estrutura e funções do
organismo” (SANTOS, [s.d.]). Seja ela física ou psíquica, essas drogas são classificadas
como: estimulantes do Sistema Nervoso Central (cocaína, anfetamina, cafeína
etc.), depressores do Sistema Nervoso Central (álcool, opiaceos, solvente orgânico,
sedativos e hipnóticos) e os perturbadores do Sistema Nervoso Central, nos quais se
encontram os psicodélico/enteógenos e a Canabis, a qual, dependendo da dose e da
concentração de determinados canabinoides, também pode ser classificada como um
psicodélico/enteógeno.

A espécie Cannabis sativa L foi descrita pela primeira vez em 1753, por Carl Linneus.

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

Figura 2. Carl Linnnaeus.

Fonte: https://opiliones.fandom.com/wiki/Carl_Linnaeus.

Figura 3. Características botânicas.

Fonte: https://hempshopper.com/hemp-history/1753-cannabis-is-given-its-botanical-name/.

Jean Batiste Lamarck descobriu outra espécie, e a nomeou de Cannabis indica Lam.
(ANGELES LOPEZ et al., 2014).

Figura 4. Jean-Baptiste_de_Lamarck.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Baptiste_de_Lamarck.

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

Atualmente, há muitas divergências entre botânicos quanto ao número de espécies e


subespécies, pois elas diferem tanto na sua estrutura física como química. Porém, só
uma é aceita e, em 2017, a ANVISA cria o código de Denominação Comum Brasileira
(DCB). e publica na lista de plantas medicinais – farmacopeia –, sendo uma única
espécie, a Cannabis sativa L e as subespécies: Cannabis sativa sativa, Cannabis sativa
indica, Cannabis sativa ruderalis; alguns ainda falam da Cannabis sativa afegânista.

Figura 5. Subespécie.

Fonte: https://maconhabrasil.com.br/todos-os-tipos-de-maconha/.

A característica biológica e morfológica depende diretamente das condições em que a


planta se desenvolve, tais como temperatura, altitude, luminosidade, umidade, tipo de
solo, fertilizante utilizado e especialmente a forma de cultivo, que interfere no processo
de produção da resina, as quais estão relacionadas com a elevação da concentração
dos agentes psicoativos, conhecidos como canabinoides (SOLYMOSI; KOFALVI, 2017).

Esta resina produzida nos tricomas, que são apêndices glandulares epidérmicos, é o
fitocomplexo que contém várias substâncias e propriedades terapêuticas. São cerca de
1.500 compostos, sendo cerca de 179 canabinoides diferentes, encontrados até agora,
não apenas THC e CBD, além dos terpenos e flavonoides que interagem entre si.

Figura 6. Tricomas.

Fonte: https://girlsingreen.net/blog/tricomas-o-que-sao.

O efeito terapêutico é potencializado por meio da interação entre essa gama de


moléculas, o que chamamos de efeito comitiva, o qual também pode inibir algum

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

efeito colateral, como acontece quando utilizamos extratos ricos em CBD ou CBG
junto com extratos rico em THC que inibem ou reduzem o efeito psicotrópico do THC.
Essa característica não é exclusiva da Canabis, mas dos fitoterápicos em geral, em que
é obtida uma maior ação terapêutica quando utilizamos a planta toda, ao invés de
usar um composto isolado.

Diversas civilizações fizeram uso das propriedades psicotrópicas e medicinais da


Cânabis considerando-a sagrada (LOPES; RIBEIRO, 2007). Em uma das passagens
bíblicas, esta planta é um dos ingredientes do óleo de unção sagrado que Deus
instruiu Moisés a produzir (Êxodo, 30:23)

Há séculos o uso da Cânabis medicinal já era estabelecido no Oriente Médio. Um


dos primeiros relatos para tratamento de epilepsia foi de autoria de Ibdal-Badri, em
1464, em Bagda, o qual descreveu o tratamento eficaz administrado por um poeta
para controle das crises do filho do camareiro da Califa com Haxixe.

Em 1839, um médico do exército britânico, William O’ Shaughnessy, na Índia, cessou


a crise epilética em um bebê com algumas gotas de tintura canábica sob a língua.
Ele publicou um artigo no jornal médico intitulado “Sobre a preparação de Indian
Hemp ou Gunjah”, no qual conclui que a Cannabis é um remédio anticonvulsivante
de maior valor.

Figura 7. William O’ Shaughnessy.

Fonte: https://sechat.com.br/breve-historico-da-introducao-da-cannabis-medicinal-no-ocidente/.

Entre 1840 e 1900, já existiam mais de 100 artigos publicados de grande valor
recomendando a cânabis como agente terapêutico.

Em um artigo publicado em 1889, pela revista “The Lancet”, uma das principais
revistas médicas do mundo, delineou-se a aplicação da cânabis para o tratamento de
dependência do ópio. A erva reduziu o desejo do ópio e agiu como antiemético.

No final do século XIX, a cânabis, além de todas indicações terapêuticas, era


amplamente indicada para abstinência da morfina e do álcool.

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

Existem, desde 1889, registros comprovando que a cânabis é uma porta de saída de
outras drogas e não a porta de entrada, como se vem afirmando até os dias de hoje,
e provocando uma guerra não contra as drogas, mas contra o ser humano que utiliza
essas substâncias. A guerra das drogas tem matado e prejudicado o ser humano
muito mais do que o uso de qualquer droga.

Em 1905, existia no Brasil as cigarrilhas Grimault, feitas de cânabis e indicadas para


asma, catarro, insônia, roncos e gases intestinais as quais eram comercializadas nas
farmácias de todo o mundo. Em 1930, existiam mais de 30 produtos à base da planta
nas farmácias.

Figura 8. Sigaretti indiani.

Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/o-medico-europeu-que-deu-inicio-a-pesquisa-
com-maconha-ha-mais-de-170-anos,10b486b57bdab2ece0e3fee73d90300copncanyd.html.

Até essa época era amplamente utilizada e comercializada com receita médica.

Já esteve presente inclusive na farmacopeia Brasileira, 1a edição, também conhecida


pelo nome de maconha, o qual foi utilizada por muitos anos, sem ter nenhum registro
de morte ou algum efeito colateral grave, quando utilizado de forma correta.

A palavra maconha trata-se de um anagrama da palavra cânhamo, inventada pelos


escravos que tinham o costume de fumar cânhamo, sem despertar a atenção dos
senhores de engenho, que repudiavam e puniam o hábito. A semelhança sonora com
a palavra “makanha” que em quimbundo significa “erva mágica” também agregou
significado ao termo (ZUARDI et al., 2006).

Na década de 1960, cânabis passou a ser vista preconceituosamente por uma elite
moralista, muitas vezes estimulada pela indústria concorrente do cânhamo (indústria
do petróleo, algodão e farmacêutica).

Em 1961, a ONU declara que drogas são ruins para saúde e bem-estar da humanidade
e que eram necessárias ações coordenadas e universais para reprimir o uso, lançando
a “Guerra às drogas”, mas, na verdade, acaba sendo uma guerra contra o próprio ser

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

humano, em que milhares de pessoas morrem, não pelo uso das drogas, e sim pela
guerra as drogas.

Somente em 2019, a OMS solicita que a Cânabis (planta toda e a resina) seja removida
do anexo IV – a categoria mais restritiva da convenção de drogas de 1961. Desde então,
ela foi proibida, porém seu uso terapêutico é indiscutível.

Esse interesse foi renovado da década de 1990 com a descrição dos receptores
endocanabinoides e a identificação de um sistema canabinoide endógeno; o sistema
endocanabinoide (HAZEKAMP et al., 2018). Um ciclo novo e mais consistente do
uso de componentes da cânabis como medicação começa, uma vez que a eficácia
e a segurança do tratamento começaram a se cientificamente comprovadas
(PAMPLONA, 2014).

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Capítulo 2
FITOQUÍMICA

A Cannabis sativa é um fitoterápico. Como outro qualquer, são fitocomplexos


que interagem entre si, e já se tem estudos comprovando que a planta toda tem
maior resposta terapêutica do que quando se utiliza um composto isolado dela,
inclusive recentemente foi feita uma meta-análise (PAMPLONA; SILVA; COAN, 2019)
comprovando que os extratos artesanais, que utiliza a planta toda, têm maior
resposta terapêutica do que os extratos isolados ou sintetizado. Isso ocorre devido
ao efeito comitiva, cujo composto inibe ou potencializa a ação do outro, e não só os
canabinoides estão envolvidos no efeito comitiva, os terpenos também são de grande
importância, pois eles modulam o efeito dos canabinoides, aumentando a interação
entre eles.

Figura 9. Cannabis sativa L.

Fonte: arquivo pessoal autora.

Os terpenos, assim como os flavonoides, são responsáveis pelas características


organolépticas, além de possuir ação terapêutica.

Segundo pesquisa da Dra Marilyn Barrett e sua equipe, eles conseguiram isolar, em
1985, na Universidade de Londres, flavonoides específicos como, a Cannflavin A e B,
comprovando ser 30 vezes mais eficaz que a aspirina (AAS).

Existem mais de 3.000 cepas catalogadas, e cada uma tem uma combinação específica
de canabinoides, terpenos e flavonoides, o que se tem constatado é que cada indivíduo
tem respostas terapêuticas diferentes para o mesmo diagnóstico, mesmo tendo o
mesmo peso, altura, sexo, cada indivíduo responde melhor a determinada cepa e dose.

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

Por isso a necessidade de várias cepas, para testar até encontrar aquela que forneça ao
paciente a melhor resposta terapêutica, lembrando que, dentro do nosso organismo,
temos diversos receptores canabinoides, espalhados pelo corpo todo principalmente
no cérebro e intestino.

Produzimos também canabinoides endógenos e, de acordo com a deficiência de


determinados canabinoides no organismo, o paciente necessita de cepas diferentes
com diferentes combinações dos seus compostos ativos, por isso se justifica o
tratamento tão personalizado de cada paciente, sendo assim necessita de doses e
cepas diferentes de acordo com a deficiência no seu sistema endocanabinoide.

Por isso a necessidade do cultivo de varios quimiotipos, cada uma com concentrações
de canabinoides, flavonoides e terpenos diferentes, para nas diferentes fases do
tratamento, poder utilizar essas variedades para se obter uma melhor resposta
terapêutica.

Todas as fases da planta são utilizadas tanto in natura, ou seja, quando ela não passou
pelo processo de descarboxilação, que é o processo de aquecimento da planta, nessa
fase encontramos os canabinoides na forma ácida que também possuem efeito
terapêutico, como o THCA, CBDA, CBGA, entre outros, e é a interação entre todos os
compostos que vai potencializar a ação terapêutica.

Os canabinoides, quando passam pelo processo de descarboxilação, eles tornam


os canabinoides ácidos em neutro, que é onde vamos encontrar o THC, CBD,
CBC, CBG e dezenas de outros canabinoides e, quando ela passa pelo processo
de envelhecimento, ela ainda ativa outros canabinoides que também tem efeito
terapêutico, como por exemplo o CBN, com excelente ação no aumento da
imunidade.

Todos os 1.500 composto (AURANATIVAURUGUAY, 2017, on-line) presentes na planta


possuem ação terapêutica específica, e a interação entre eles potencializa essa resposta
terapêutica.

O THC e o CBD não possuem apenas ação terapêutica, mas sim todos os compostos;
eles apenas são os mais estudados até hoje. A interação entre eles também é
muito importante, por exemplo, quando utilizamos extratos ricos em THC junto
com extratos ricos em CBD ou CBG ou plantas que tenham proporções adequadas
desses canabinoides. Eles inibem ou reduzem o efeito psicotrópico do THC fazendo
que consiga se administrar uma quantidade maior de THC no paciente sem ter o
efeito colateral que seria o efeito psicotrópico, já que estamos buscando um efeito
terapêutico.

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

Os canabinoides são frequentemente divididos em três subgrupos: os fitocanabinoides


(derivados da planta), os endocanabinoides (produzidos pelo nosso próprio
organismo) e os canabinoides sintéticos (produzidos em laboratório) (GU, 2017).

Ao passo que a planta Cannabis sativa L. produz fitocanabinoides, no organismo


animal existe um mecanismo de autoprodução que utiliza de maquinaria celular
e produz os canabinoides endoendógenos, que são derivados do ácido graxo
essencial ômega 6 e do acido araquidônico, sendo estes elementos necessários para
a biossíntese dos endocanabinoides (KAPLAN et al., 1997).

Como seguimento do processo de formação dos endocanabinoides, ocorre a obtenção


dos respectivos compostos: Anandamida, N-Araquidonildopamina (NADA), 2 –
Araquidonilglicerol (2-AG) e Virodamina (KAPLAN et al., 1997).

Os endocanabinoides são substâncias químicas encontradas nos mamíferos, inclusive


nos humanos, que atuam como neurotransmissores e como transmissores no
sistema nervosa central e sistema nervoso periférico (KAPLAN et al., 1997).

Devido à presença de sistema endocanabinoide, cada indivíduo necessita de doses


e cepas diferentes para obter uma melhor resposta terapêutica, pois, como já foi
mencionado, cada indivíduo pode ter uma deficiência diferente no seu sistema
endocanabinoide e, muitas vezes, o paciente necessita de baixas doses apenas
para dar um start no seu próprio sistema endocanabinoide e fazer com que o seu
organismo libere os endocanabinoides necessários para a homeostase do organismo.

Devido a essa individualidade, é necessário determinar inclusive qual é o melhor


método de extração para o paciente.

Existem alguns métodos de extração que são indicados para se extrair os princípios
ativos, que pode ser com CO2- supercritical, Soxhlete, gelo Bubble hash, gelo
seco Kief- Drysifting, Rosin ou solvente orgânico. A maior concentração de
princípios ativos está nos tricomas e eles estão presentes em maior concentração
nas inflorescências da planta feminina e nas pequenas folhas superiores, então,
dependendo de quanto resinada se encontra essa planta, vai se determinar o
rendimento, levando em conta que vários fatores podem influenciar nessa produção.
Um deles são as diferentes épocas do ano, quando não temos alto incidência de sol
o ano todo e nas diferentes regiões (TOONEN et al., 2006).

O fornecimento consistente de medicação é frequentemente interrompido devido a


problemas com o cultivo, com a qualidade na fabricação e com o custo da medicação.

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

Para que isso não ocorra e prejudique o tratamento, é necessário ter um cultivo com
quantidade suficiente de plantas para que não falte em nenhuma fase do ano.

A vantagem do autocultivo é a garantia da qualidade e da procedência do extrato a ser


utilizado, pois nem mesmo os extratos importados garantem a qualidade, já que esses
produtos são vendidos em seu país de origem como suplemento alimentar, sendo
assim não passam pelos testes de bioequivalência e biodisponibilidade necessários
para um medicamento. Quando o paciente busca o produto artesanal, que já tem
muitos vendendo por ai, devido a essa falta de regulamentação, encontra um produto
com preço menor, porém com menos procedência ainda. Por isso, a última alternativa e
que ainda acaba sendo a melhor é o autocultivo ou cultivo associativo para aqueles que
não conseguem cultivar, seja pela falta de prática, tempo ou até, mesmo as limitações
da sua doença. Desta forma, garante-se a procedência, a qualidade e a padronização
do medicamento, seja ele utilizado nas mais diversas aplicações farmacêuticas, além de
possuir muito menos efeito colateral do que a maioria dos medicamentos geralmente
utilizados que podem levar a cegueira, perda do movimento, parada cardiorrespiratória
entre outras e até mesmo levar a morte. É importante ressaltar que isso não acontece
com a Cannabis, pois não temos receptores em certas regiões do tronco encefálico,
não sendo possível assim ocasionar uma parada cardiorrespiratória e ainda para
vários diagnósticos respondem muito melhor do que os medicamentos disponíveis no
mercado.

Quando o cultivo é coletivo, exige-se um pouco mais de cuidados, já que está sendo
cultivado para diferentes pessoas com diferentes diagnósticos, então, é necessário
profissionais habilitados para isso. Portanto, em produção de longa escala, para que
haja uma padronização e estabilidade no produto final, a presença de um profissional
qualificado para produção desse medicamento pode se diminuir os riscos, conforme
RDC n. 459, do Conselho Federal de Farmácia.

A maioria dos pacientes que procuram o tratamento com a cânabis já passaram


por todos os outros tratamentos e, muitas vezes, estão mais prejudicados pelo alto
número de medicamentos utilizados em longo prazo do que pela própria doença.
Desta forma, quando iniciam o tratamento com a cânabis, encontram um resposta
terapêutica melhor, principalmente quando usam o extrato artesanal que é feito
com a planta toda, do que obtiveram de resposta com todos os outros tratamentos
anteriores, inclusive extratos importados, que são isolados. Ao obter a resposta
terapêutica, acabam desmamando os outros medicamentos, ficando apenas com
a cânabis ou com um número bem reduzido de medicamentos e dosagens que
geralmente são bem altas e encontram uma resposta terapêutica muito melhor.

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

Então, por que não ser um produto de primeira escolha já que estamos falando
de um fitoterápico com poucos efeitos colaterais e grande resposta terapêutica?
Temos esses dois caminhos a seguir: a cânabis, utilizada como um fitoterápico, com
seus baixos riscos e preço, ou como um produto industrializado bem mais caro,
sintetizando ou isolando canabinoides, não garantindo assim um bom tratamento para
o paciente, desconsiderando o efeito comitivo da planta e o nosso próprio sistema
endocanabinoide e muitas vezes fazendo com que o paciente tenha que abandonar
o tratamento por não ter condições financeiras para custear o tratamento importado.

Em 2017, a Anvisa cria o código DCB (denominação comum Brasileira) e publica na lista
de plantas medicinais- farmacopeia, sendo uma única espécie, a Cannabis sativa L e as
sub –espécies: Cannabis sativa sativa, Cannabis sativa indica, Cannabis sativa ruderalis
e alguns ainda falam da Cannabis sativa afegânista, entre outras.

Quadro 1. Lista de algumas plantas medicinais.

N. DCB Denominação comum brasileira N. cas


(...) (...) (...)
10702 Camellia sinensis (L.) Kuntze [Ref.6]
11543 Cannabis sativa L. [Ref.6]
10703 Capsicum annuum L. [Ref.6]

Fonte: adaptado de: https://www.hypeness.com.br/2017/05/anvisa-reconhece-oficialmente-a-maconha-


como-planta-medicinal/.

Alguns autores discordam dessa classificação, pois elas são bem diferentes, tanto
na sua estrutura física, quanto química. Encontramos inúmeras variedades, as quais
são chamadas de híbridas, que são criadas por meio da cruza dessas subspécies. Um
exemplo é a Cannabis Lusus, monstra a Freakshow, desenvolvida pelo criador Cali
Metamorfo, a qual tem uma morfologia única.

Atualmente, existem mais de 3.000 variedades catalogadas pelo mundo e muitas sendo
criadas. Essas variedades são destintas devido ao perfil de compostos que existem em
cada variedade, não só de canabinoides mas dos outros compostos.

Segundo o químico Tcheco Lumír Ondřej Hanuš, a Cannabis sativa L contém cerca
1.500 compostos diferentes, sendo 179 canabinoides, os quais são denominados de
fitocanabinoides, divididos em 11 famílias principais.

O efeito terapêutico é potencializado por meio da interação entre essa gama de


moléculas, o que chamamos de efeito comitiva, o qual pode também inibir algum
efeito colateral, como acontece quando utilizamos extratos ricos em CBD ou CBG
junto com extratos rico em THC que inibem ou reduzem o efeito psicotrópico do THC.

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

Figura 10. Efeito comitiva.

Fonte: https://www.cannabisesaude.com.br/efeito-entourage-cannabis/.

Essa característica não é exclusiva da Cannabis sativa L, mas dos fitoterápicos em geral,
pois são fito complexos que interagem entre si e alcançam uma maior ação terapêutica
quando utiliza a planta toda, ao invés de usar apenas um composto isolado.

Não só os canabinoides estão envolvidos no efeito comitiva; os terpenos também são


de grande importância, pois eles modulam o efeito dos canabinoides, aumentando a
interação entre eles. Também são responsáveis pelas características organolépticas,
além de possuir ação terapêutica assim como os flavonoides.

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Capítulo 3
EFEITO COMITIVA

Os fitocanabinoides são produzidos por glândulas especializadas encontradas na


parte aérea da planta. Os principais locais de produção são glândulas epidérmicas,
também denominadas de tricomas glandulares, que variam em tamanho, forma e
quantidade de acordo com o local anatômico.

A imagem a seguir mostra os tricomas vistos a olho nu.

Figura 11. Tricomas visto a olho nu.

Fonte: https://drbanz.com.br/2018/10/25/3-tipos-tricomas-comuns-strain-cannabis/.

Quando utilizamos uma lupa, podemos identicar melhor os tricomas na forma de


glândulas, conforme mostra a imagem a seguir.

Figura 12. Tricomas na lente de aumento.

Fonte: https://drbanz.com.br/2018/10/25/3-tipos-tricomas-comuns-strain-cannabis /.

E, quando aumentamos ainda mais essa lente, podemos ver inclusive que existe um
tempo de maturação da planta que vemos atraves dos tricomas.

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

Figura 13. Tricomas imagem ampliada.

Fonte: https://greenpower.net.br/blog/o-dia-da-tesourada/.

Os tricomas glandulares estão distribuídos em toda superfície epidérmica da parte


aérea da planta em níveis variáveis; desta forma, as concentrações mais baixas
são encontradas nos ramos, aumentando a quantidade de maneira crescente nas
folhas largas e grandes chamadas de folha em leque e nas folhas próximas da
infrutescência partenocárpica, conhecidas como folhas de açúcar, no entanto, a
concentração maior está nas infrutescências das plantas femininas.

A imagem a seguir da folha em leque, a qual inclusive é vista como o símbolo da


maconha, porém não é nela que encontramos a maior concentração de princípio
ativo e sim nos tricomas presentes em grande maioria nas infrutescências das
plantas femininas.

Figura 14. Folha em leque.

Fonte: https://pt.cannabis-mag.com/como-usar-a-folha-de-cannabis/.

Estas são folhas de açúcar, que, devido a alta quantidade de tricomas presentes nas
folhas que ficam próxima as infrutescências, elas se assemelham a pontinhos brancos,
lembrando pontos de açúcar, conforme mostra a imagem a seguir.

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

Figura 15. Folha de açúcar.

Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/botanico-flora-flor-plantar-7584663/.

Na imagem anterior, vocês podem ver as duas folhas na mesma planta, para entender
a diferença.

Portanto, coforme já mencionado, nos tricomas nós encontramos os princípios


ativos da planta, como canabinoides, terpenos e flavonoides. A resina produzida nos
tricomas, que são apêndices glandulares epidérmicos, é o fitocomplexo que contém
várias substancias e propriedades terapêuticas. São cerca de 1.500 compostos, sendo
aproximadamente 179 canabinoides diferentes, não apenas THC e CBD, além dos
terpenos e flavonoides, os quais também fazem parte do efeito comitiva, conforme foi
descrito pelo químico tcheco Lumír Ondřej Hanuš.

A produção dos canabinoides é determinada por fatores genéticos, contudo, a


quantidade desses compostos também é controlada pelos fatores ambientais e varia
durante a época de desenvolvimento da planta. A mesma variedade pode produzir
quantidades diferentes de terpenos e canabinoides de acordo com fatores bióticos e
abióticos (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).

As plantas masculinas também produzem canabinoides, mas em quantidades bem


menores do que as plantas femininas. As plantas masculinas não são desejadas para
a produção medicinal devido à baixa produção de tricomas, glândulas onde são
produzidos os compostos ativos e principalmente por polinizarem as plantas femininas.

Após a polinização, as plantas femininas priorizam sua energia para produção de


sementes, o que diminui a produção de canabinoides.

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

As plantas femininas produzem mais canabinoides devido à maior presença de


tricomas, por isso elas são utilizadas para uso medicinal (SMALL, 2015).

A variabilidade de canabinoides também tem sido correlacionada com o estágio de


desenvolvimento da planta. Além do ambiente e da genética, outros fatores podem
influenciar a concentração de canabinoides, como o tempo de cultivo (maturação da
planta) e a pós-colheita (como a secagem e o armazenamento) (HONÓRIO; ARROIO;
SILVA, 2006).

A Cannabis sativa apresenta um ciclo cultural da germinação até que mature, podendo
variar de (03) três a (10) dez meses, a depender da genética e das condições ambientais.

O ciclo completo pode ser dividido em três fases principais, que é a fase de germinação,
que vai da semente até o aparecimento das primeiras folhas; a fase vegetativa,
– caracterizada pelo desenvolvimento e crescimento do caule e folhas; e a fase
reprodutiva, caracterizada pelo desenvolvimento dos frutos.

Todas as fases da planta são utilizadas, na fase in natura, que é quando ela não passou
pelo processo de descarboxilação, que é o processo de aquecimento da planta se
encontram os canabinoides na forma ácida que também possuem efeito terapêutico,
como o THCA, CBDA, CBGA, entre outros.

Por isso a importância de ter uma quantidade de planta in natura para utilizar para
o tratamento, pois além de terem propriedades terapêuticas, reativam o sistema
endocanabinoide.

Após algum tempo utilizando um mesmo extrato, é preciso ajustar a dose ou até
mesmo incluir outro quimiotipo, por isso a importância de ter plantas com quimiotipos
distintos, e em diferentes fases de maturação, para ter em mãos diferentes extratos
para o ajuste terapêutico.

Os canabinoides, quando passam pelo processo de descarboxilação, tornam os


canabinoides ácidos na forma ativa, como o THC, CBD, CBC, CBG e dezenas de outros
canabinoides.

Quando a planta passa pelo processo de envelhecimento, ela ativa outros canabinoides
como o CBN que também tem efeito terapêutico, por isso é necessário também que
o paciente tenha plantas nas diferentes fases, já que em cada fase se encontram
canabinoides diferentes.

A descarboxilação é o processo que ativa compostos da cannabis, transformando


os canabinoides ácidos, como o ácido tetrahidrocanabinólico (THCA), entre outros,

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

os quais são sintetizados em prevalência nos tricomas encontrados nas plantas


recém-colhidas as quais têm um anel ou grupo carboxila extra (COOH) ligado à
sua cadeia.

O processo de descarboxilação consiste no processo de aquecimento da droga vegetal


seca, as quais possuem o grupo carboxila extra (COOH) e, quando passam pelo
processo de aqueciemento, perdem o CO2, tornando o princípio ativo na forma ativa.

Figura 16. Descarboxilação.

Fonte: https://cromvallab.com/2021/03/17/vamos-falar-de-analise-cromatografica-de-canabinoides/.

Nesse processo, o ideal é que seja feito de forma bem lenta em temperaturas mais
baixas, para que a descaroxilação tenha melhor resultado.

De acordo com o canabinoide a ser descaboxilado, existe uma temperatura de


escolha, conforme apresentado na figura a seguir.

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

Figura 17. Temperatura.

Fonte: https://cbdlifeuk.com/cannabinoid-boiling-points/.

Quando se ultrapassa a temperatura, os canabinoides passam a ser degradados


perdendo assim a sua ação farmacológica.

A figura a seguir também mostra o que acontece quando esse porcesso de


descarboxilação não é feito de forma adequada, pois, quando a droga vegetal seca,
não é aquecida pela temperatura adequada ou pelo tempo necessário, nem todos
os canabinoides presentes na planta conseguem ser convertidos da forma ácida para
forma ativa (BIOVERA, s/d).

Figura 18. Concentração de canabinoides.

Fonte: Casiragui et al., 2018.

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

É importante lembrar que os canabinoides, na forma ácida, também têm inúmeras


e excelentes aplicações terapêuticas, por isso a importância de, antes de iniciar o
processo de produção, saber exatamente qual é a doença ou os sintomas a serem
tratadados, para assim escolher qual é o melhor método de extração.

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Capítulo 4
RENDIMENTO E PRODUTIVIDADE DA PLANTA
CANNABIS SATIVA L

Já vimos que a maior concentração de princípios ativos da planta está nos tricomas
e eles estão presentes em maior concentração nas infrutescências da planta feminina
e nas pequenas folhas superiores próximas as infrutescências, chamadas de folhas de
açúcar. Portanto, o rendimento, depende da concentração de resina presente na planta,
levando em conta que vários fatores podem influenciar nessa produção.

É essa quantidade de tricomas presentes na planta que vai determinar o rendimento


final de extrato mole a ser extraído (resina).

Figura 19. Extrato mole.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93leo_de_haxixe.

Existem as plantas fêmeas, machos e hermafroditas.

Figura 20. Sexo da planta.

Fonte: https://aweederia.com/saiba-como-identificar-se-uma-planta-de-maconha-e-macho-ou-femea/.

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

A planta macho, além de não ser utilizada para produção de remédio, por conter baixa
concentração de tricomas, ela pode polinizar a planta fêmea, e quando ela é polinizada
ela para de produzir tricomas pois coloca toda a sua energia para a produção de
sementes, por essa razão todo macho é descartado quando se apresenta no cultivo.

Figura 21. Sacos de pólen.

Fonte: http://cannabrasil.com.br/fase-de-floracao-na-cannabis/.

Obsereve a imagem a seguir para verificar a diferença entre a planta macho e a planta
fêmea.

Figura 22. Macho e fêmea.

Fonte: https://plantarparanaocomprar.blogspot.com/p/a-cannabis-como-quase-toda-as-plantas.html.

O grande problema é que ele só se apresenta no início da fase de reprodução, cerca de


2,5 meses após o início do cultivo, quando ela começa a produção dos tricomas, onde
contém os canabinoides.

A planta também pode se apresentar hermafrodita. Neste caso, ela apresentará


características da planta macho e da planta fêmea, mas ela também não costuma ser
bem-vinda no cultivo para essa finalidade terapêutica.

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

Todas as outras partes da planta, como raiz, caule, galhos e folhas, as quais não contém
concentrações significativas de princípios ativos, não são utilizadas para produção do
remédio.

Vários fatores bióticos e abióticos podem interferir na produção e qualidade do


fitoterápico, como fungos, pragas, sexo da planta, polinização, chuva, falta de sol, até
mesmo fases da lua, na hora de semear, podar e colher. Sendo assim, atingem um
baixo rendimento no método de extração geralmente mais utilizável e rentável que é
extração com solvente orgânico, que costuma render em torno de 10% de extrato mole.

Figura 23. Extrato de Cannabis.

Fonte: https://www.sanarmed.com/cannabis-medicinal-perspectivas-fisiologicas-e-clinicas-colunistas.

Primeiramente, um fator crucial é o tipo de cultivar da Cannabis sativa L utilizado,


a proporção de galhos em uma planta variou em torno de 90%, enquanto isso, a
produtividade de frutos contendo a resina variou entre 9-13,7% do total da planta
(MEIJER et al., 1995).

Um ciclo de cultivo de uma planta dura em média 14 a 40 semanas, com o processo de


secagem, dependendo do quimiotipo e tempo de amadurecimento (cura), lembrando
que o processo de amadurecimento é responsável pela degradação de canabinoides,
gerando CBN, essencial para a o aumento da imunidade, um fator tão importante para
tempos de hoje.

O fornecimento consistente de medicação é frequentemente interrompido devido a


problemas com o cultivo, com a qualidade na fabricação e com o custo da medicação
e, para que isso não ocorra e prejudique o tratamento, é necessário ter um cultivo com
quantidade suficiente de plantas para que não falte em nenhuma fase do ano.

É necessário ter plantas em cada uma das fases de produção: fase de germinação
ou clone, fase vegetativa, fase reprodutiva, secagem, amadurecimento (cura) e a fase
pronta para o consumo.

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

Na imagem a seguir, temos o processo evolutivo da fase de germinação.

Figura 24. Germinação.

Fonte: https://plantandobem.com.br/wp-content/uploads/2017/12/germina%C3%A7%C3%A3o-
300x129.jpg.

A fase vegetativa, ilustrada na figuara a seguir, é a fase de crescimento da planta.

Figura 25. Fase vegetativa.

Fonte: https://growithjane.com/pt-br/cannabis-planta-vegetativo-estagio/.

E a ultima fase é a reprodutiva, é nessa fase em que vamos encontrar a produção de


principio ativos.

Figura 26. Fase reprodutiva.

Fonte: https://bsfseeds.com/br/estagio-de-floracao-nas-plantas-de-cannabis/.

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UNIDADE i | CANNABIS SATIVA L

Para uma melhor resposta terapêutica, é importante que o paciente tenha a erva em
quantidade suficiente para fazer a extração para produzir o seu remédio, assim como
tenha uma quantidade suficiente de cada quimiotipo em todas as fases, para garantir
que não falte durante todo o tratamento.

Caso ocorra algum problema com o cultivo e ele não consiga fazer novas extrações
correndo o risco de faltar o remédio, causando a recidiva de sintomas e até uma piora
acentuada no caso.

Além do efeito comitiva, outra vantagem do auto cultivo é a garantia da qualidade e


procedência do extrato a ser utilizado, pois nem mesmo os extratos industrializados
garantem a qualidade, já que a maioria desses produtos são vendidos em seu país
de origem como suplemento alimentar, sendo assim não passando pelos testes de
bioequivalência e biodisponibilidade necessários para um medicamento.

Outro fator importante do autocultivo é que os extratos ricos em THC são mais difíceis
de se encontrar no mercado farmacêutico e de suplemento alimentar, dificultando o
tratamento do paciente.

Além de caro e difícil o acesso a extratos ricos em THC para os pacientes no Brasil,
devido à falta de regulamentação, o paciente ainda se beneficia do efeito comitiva de
quando se utiliza a planta full spectrum, por ter uma maior variedade de canabinoides.

É necessário quimiotipos específicos para uma melhor resposta terapêutica, além de


utilizar uma planta com mais qualidade e procedência. Por isso, o paciente relata ter
optado por produzir, para poder se beneficiar de algo, com procedência, qualidade e
mais barato.

A produtividade média de frutos (gramas/planta) varia significativamente de acordo


com a influência de diversos fatores.

Desses métodos de extração, o paciente tem um rendimento médio de 10% (dentro


do previsto, segundo Vanhove, 2011), relativo apenas a quantidade de infrutescência
presente na planta fêmea.

Se for utilizado o método Rosin ou com solvente orgânico, o método de extração com
CO2 consegue um rendimento um pouco maior, porém ele é muito caro, pois necessita
de equipamento especializado.

Uma planta produz em média 30 a 60g de frutos partenocárpicos, quando cultivadas


em vasos. Quando se cultiva direto no chão, ela pode ter um rendimento maior, porém
isso varia de acordo com cada variedade e cultivo; há plantas que podem chegar a

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CANNABIS SATIVA L | UNIDADE i

no máximo 6g de produtividade, segundo Vanhove (2011), em seu artigo sobre


produtividade e rendimento em cultivos de Cannabis sativa.

Em um cultivo amador em vaso, sem um bom controle de temperatura e humidade,


geralmente o rendimento acaba sendo baixo.

Portanto, considera-se um rendimento de 6 a 30g de frutos, lembrando que


é descartado, o caule, raiz, galhos, folíolos e folhas, pois utiliza-se apenas as
infrutescências e folhas superiores da planta.

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