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Edição 1

Determinação de THC em
cabelo por cromatografia
líquida

E-Book
Determinação de THC em
cabelo por cromatografia
líquida

Orientadores:
Ana Carolina Oliveira Bretas;
Pablo Alves Marinho.

Integrantes:
Ana Paula Campos; RA 319139821
Barbara Alanise Ribeiro; RA 319140149
Dário Oliveira Duarte Júnior 319136410
Jéssica Sabatele Mariano Soares; RA 319134535
Patrícia de Moura Almada; RA 319113851

Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil


2022
2
Um Guia da Filosofia Moderna
APRESENTAÇÃO
A.M. Monteiro

A planta cannabis, sendo a O processo de depuração dos


Cannabis sativa a principal espécie, canabinoides provindos da
apresenta diferentes compostos cannabis pelo organismo ocorre
canabinoides. Entre esses, os mais após sua biotransformação
presentes são o delta-9- gerando diferentes metabólitos.
tetraidrocanabinol (Δ 9-THC) e o
canabidiol (CBD). Embora seja A biotransformação ocorre
utilizada de forma recreativa,
principalmente no fígado, mas
atualmente discute-se o uso
também em órgãos como o
medicinal dos ativos da planta em
coração e pulmões. A excreção
tratamento paliativo de algumas
dos metabólitos, como o 11-
enfermidades devido aos seus
hidroxitetrahidrocanabinol e o 11-
mecanismos de ação. No uso
recreativo, a cannabis pode ser nor-9-carboxitetra-hidrocanabinol,
consumida por meio do fumo ou acontece por meio das fezes e
ingestão, apresentando maior urina. Todavia, alguns metabólitos
biodisponibilidade na primeira podem ser encontrados também
modalidade. em algumas estruturas biológicas,
como o cabelo.
Os diversos efeitos fisiológicos
da cannabis estão associados a A cromatografia é uma técnica
sensibilização de receptores de elevada sensibilidade
específicos no sistema nervoso empregada para identificação de
central, após a substância Δ 9-THC componentes específicos em uma
atravessar a barreira mistura ou estrutura após
hematoencefálica. O principal dissociação e separação de
receptor neuronal sensibilizado é o
compostos. Essa técnica analítica
CB1, o que leva a efeitos psíquicos
é capaz de fornecer informações
como a euforia, relaxamento, perda
referentes a identidade da
parcial da coordenação motora,
molécula e dessa forma, pode ser
paranoia e psicose. O uso crônico
empregada na detecção de
pode trazer efeitos lesivos, como
déficit de atenção, prejuízos metabólitos dos canabinóides
cognitivos e na memória recente provindos da cannabis em fios de
ou até mesmo retardo na cabelos de usuários.
capacidade de percepção sensorial.

3
Um Guia da Filosofia Moderna
APRESENTAÇÃO
A.M. Monteiro

Esse e-book foi elaborado por


docentes do curso de farmácia do
Centro Universitário UNA e é
indicado para profissionais da área
da saúde ou pessoas que
apresentam informações básicas
em biologia/bioquímica e desejam
ampliar seus conhecimentos frente
as propriedades da cannabis, bem
como seus efeitos no organismo e
forma de detecção forense.

3
AGRADECIMENTOS
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

A universidade e professores, por


todo ensinamento, direcionamento,
correções que nos proporcionaram
um crescimento no processo de
formação acadêmica e pessoal.

Aos familiares e amigos que nos


apoiaram e incentivaram a cada fase
da graduação e por entenderem
nossa ausência perante a dedicação
na formação acadêmica.

4
SUMÁRIO

1. Introdução 06

Capítulo 1
2. Formas e padrão de uso 10

3. Estrutura química dos canabioides 12

4. Toxicocinética do Δ 9-THC 14

4.1. Absorção 14

4.2. Distribuição 15

4.3. Biotransformação e excreção 16

5. Toxicodinâmica do Δ 9-THC 17

5.1. Mecanismo de ação 17

5.2. Efeitos tóxicos 20

5.2.1 Efeitos agudos 20

5.2.2 Efeitos crônicos 22

5
SUMÁRIO

Capítulo 2

6. Cabelo como matriz biológica 23

7. Incorporação da substância nos fios 24

8. Janela de detecção 25

8.1. O impacto da fisiologia do cabelo na 25


janela de detecção

8.2. Pelos corporais 27

9. Etapas da análise 28

5.1. Mecanismo de ação 12

5.2. Efeitos tóxicos 13

5.2.1 Efeitos agudos 14

5.2.2 Efeitos crônicos 15

6. Cabelo como matriz biológica 17

6
SUMÁRIO

Capítulo 3

6. Cabelo como matriz biológica 23

7. Incorporação da substância nos fios 24

8. Janela de detecção 25

8.1. O impacto da fisiologia do cabelo na 25


janela de detecção

4.3. Biotransformação e excreção 11

5. Toxicodinâmica da maconha 12

5.1. Mecanismo de ação 12

5.2. Efeitos tóxicos 13

5.2.1 Efeitos agudos 14

5.2.2 Efeitos crônicos 15

6. Cabelo como matriz biológica 17

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CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

1. Introdução
A planta Cannabis é Embora o comércio da
pertencente a um gênero de cannabis seja proibido no Brasil
plantas angiospermas e da família frente aos prejuízos a saúde e a
cannabaceae, com três segurança pública, sabe-se que a
subespécies: C. sativa, C. indica e planta é fonte de alguns
C. ruderalis, que contêm mais de princípios ativos farmacológicos, o
cem canabioides já identificados. que permite o seu uso de forma
No século XV a planta era medicinal para diversas afecções
conhecida como cânhamo e e diferentes problemas de saúde.
entre as subespécies, a C. sativa é Essa forma de consumo da
a droga ilícita mais cultivada, cannabis registra-se há mais de
traficada e consumida em todo o dez mil anos. As indicações
mundo hoje. No Brasil, existem históricas médicas mais comuns
documentos históricos incluíam dores e convulsões,
mostrando que a maconha foi sendo utilizada como analgésico.
introduzida em 1500 d.C., com a (Seizi Oga, 2008)
frota de Pedro Álvares Cabral para
a produção de fibras têxtil para a
confecção sobretudo de cordas,
cabos navais e tecidos. (Diehl,
2021)

Figura 1: As três subespécies da Cannabis: C. sativa, C. indica e C. ruderalis


medicinacanabinoide.org
7
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

Atualmente, diversos países planta integral ora fumada, ora


reconhecem o uso da Cannabis ingerida, ou, ainda, vaporizada e
para uso medidinal. Algumas inalada ou em adesivos
das suas utilizações de transdérmicos) com estudos dos
tratamento são: efeitos de alguns de seus
derivados isolados ou em
Náuseas e vômitos combinações diversas (o
(sobretudo no uso da tetraidrocanabinol [THC] e o
quimioterapia)
canabidiol [CDB]). (Mechoulam R,
1973)
Espasmos musculares

Apesar do uso medicinal e


religioso do canabidiol, o mais
Anorexia
recente Relatório Mundial sobre

Drogas evidenciou que o índice
Formas graves de de consumo recreativo da
epilepsia (esclerose
múltipla) maconha aumentou na América
do Norte, América do Sul e na

Dores crônicas e Ásia. Sendo que nos países sul-


neuropáticas americanos o mais importante
aumento foi verificado no Brasil,
Glaucoma provavelmente devido a uma
maior disponibilidade de
produtos da Cannabis vindo do
Contudo, decorrente a Paraguai.
proibição de pesquisas clínicas é
observada uma dificuldade em
determinar a real dimensão em
sua eficácia e segurança. Outra
dificuldade é que, tendo a
cannabis uma composição tão
complexa, as avaliações de sua
eficácia, em geral, mesclam
estudos dos efeitos da
Figura 2: Uso da Cannabis ao redor do
mundo em % - dados de 2014.
istoedinheiro.com.br
8
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

Outro fato que chama a O consumo da cannabis também


atenção é que o consumo entre pode aumentar o risco de
adolescentes (na faixa dos 12 desencadeamento de transtornos
anos) e estudantes do ensino psicóticos, como por exemplo:
médio também cresceu (Diehl, 2021)
significamente. Esse fato se torna
um problema pois, devido ao
sistema nervoso ainda estar em
desenvolvimento a substância
age prejudicialmente afetando a DEPRESSÃO,
memória, o desempenho escolar,
a atenção e o aprendizado.
(Diehl, 2021)
ANSIEDADE,

PREJUÍZO
COGNITIVO,

POTENCIAL DE
MUDANÇA,
ESTRUTURAL
NO ENCÉFALO.

Figura 3: Consumo de maconha entre os


adolescentes.
correiobraziliense.como.br

9
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

2. Formas e
padrão de uso
As formas de uso, as preparações
obtidas e as regiões da planta Variação de Δ 9-THC conforme
influenciam nas concentrações parte da planta utilizada
de Δ 9-THC, como pode ser
observado a seguir. (Martinis,
2018)

Variação de Δ 9-THC de acordo


com o modo de uso

Via pulmonar (fumada)


ABSORVIDA EM ATÉ
24%

Via oral (ingerida)


Figura 4: Concentrações em diferentes partes

da planta.
Autoria própria - (Mechoulam R, 1973;
Martinis, 2018)

ABSORVIDA EM ATÉ
12%

10
Um Guia da Filosofia Moderna
CAPÍTULO 1 A.M. Monteiro

Variação de Δ 9-THC de acordo


com as principais preparações
obtidas da Cannabis

PREPARAÇÃO COMPOSIÇÃO TEOR DE THC

Planta inteira, com proporções variáveis de folhas,


MACONHA
inflorescências, caules e frutos 1 a 3%

Exsudato resinoso seco, coletado das


HAXIXE 10 a 20%
inflorescências das plantas

Produto obtido por meio da extração com


ÓLEO DE HAXIXE 15 a 60%
solventes orgânicos ou por destilação
Cultivo em condições controladas de
SKUNK temperatura, umidade, nutrientes, luminosidade, Até 35%
geralmente em hidroponia

Tabela 1: As preparações e composições da Cannabis que alteram a concentração de Δ 9-THC


Autoria própria - (Mechoulam R, 1973; Martinis, 2018)

11
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

3. Estrutura
química dos
canabioides
A Cannabis sativa L.
apresenta mais de
quatrocentos constituintes
químicos em sua composição.
Dentre elas, 70 pertencem à
uma classe dos canabinoides,
compostos terpenofenólicos
com 21 átomos de carbono,
constituindo o grupo de
substâncias com maiores
propriedades psicoativas.
Figura 5: Estrutura química do Δ 9-THC.
Entre os canabinoides de falandofarmacologia.ufms.br

maior relevância estão:


Δ 9-THC teve sua estrutura
Delta-9-tetraidrocanabinol
elucidada em 1964 por Gaoni e
(Δ 9-THC),
Mechoulam e trata-se de um
Canabidiol (CBD),
éter cíclico, fundido a um
Canabinol (CBN),
anel aromático que tem a
Canabigerol (CGB),
função orgânica fenol, no
Canabiciclol (CBC),
qual está presente uma
Canabicromeno (CBC),
cadeia alquila e a um ciclo de
Canabinodiol (CBDL) e
seis membros insaturados
Canabitriol (CBTL).
ligada a uma hidroxila
alcoólica; também possui dois
Os dois primeiros são os de
centros estereogênicos em sua
maior importância, sendo o Δ
estrutura, e, portanto, quatro
9-THC a principal substância
enantiômeros. Seizi Oga,2008;
química com efeito psicoativo
Klaassen,2012)
e interesse toxicológico,
12
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

Além disso, na planta in


Formas espontâneas que
natura, eles estão sob a forma
podem ocorrer as
de seus ácidos carboxílicos que
descarboxilação do Δ 9-THC
são desprovidos de atividade
farmacológica, necessitando
ser descarboxilados para PROCESSO DE
produzirem efeito psicoativo. RESSECAMENTO

THC-A PROCESSO DE
ESTOCAGEM

PIRÓLISE (QUANDO A
CANNABIS E FUMADA)

Além do mais, o Δ 9-THC é


fotossensível e termossensível,
sendo degradada na presença de
calor, luz, ácidos e atmosfera de
oxigênio. Assim, produtos de
cannabis armazenados tem a
tendencia de perder a potência
com o tempo ou conforme as
condições de estocagem. (Seizi
Oga,2008; Klaassen,2012)

THC

Figura 6: Descarboxilação do THC.


growroom.net

13
Um Guia da Filosofia Moderna
CAPÍTULO 1 A.M. Monteiro

4. Toxicocinética
do Δ 9-THC
4.1 Absorção
As vias de absorção da Na via pulmonar, o Δ 9-THC
cannabis e seus canabinoides é rapidamente absorvido pelos
são a pulmonar (pelo ato de alvéolos alcançando a corrente
fumar ou inalação) e a oral sanguínea e atravessando a
(ingestão de alimentos ou barreira hematoencefálica.
fármacos). (Damiani, 2021) (Seizi Oga, 2008)

VIA PULMONAR

Figura 8: Representação do tempo de efeito da


Cannabis no encéfalo
canva.com

A ação do canabinoide no
encéfalo permite a percepção
VIA ORAL dos efeitos em segundos e
totalmente aparente em
minutos. A biodisponibilidade
da vida pulmonar do ativo
varia entre 10% a 35%, de
acordo com a profundidade de
inalação e duração da tragada.

Figura 7: Vias de administração da Cannabis


Autoria própria 14
Um Guia da Filosofia Moderna
CAPÍTULO 1 A.M. Monteiro

Ao contrário do que ocorre no 4.2 Distribuição


pulmão, a absorção e a Após a absorção pelas vias
biodisponibilidade dos pulmonar e oral, o Δ 9-THC é
canabinoides pela via de distribuído rapidamente para
administração oral ocorre os tecidos altamente
pelo trato gastrointestinal, vascularizados como cérebro,
corresponde entre 25 a 30% e fígado, coração, rins e pulmões.
seus efeitos ocorrem mais Essa distribuição é
lentamente. (Damiani, 2021) intermediada pela ligação de
97% a 99% do ativo disponível
a proteínas do plasma
sanguíneo, como as
lipoproteínas LDL. Tal ligação
ocorre em virtude da alta
lipossolubilidade do Δ 9-THC
(Pka = 10,6 e logP 6,9), podendo
se depositar no tecido adiposo.
Figura 9: Representação do tempo de efeito da
Alem disso, podem atravessar a
Cannabis pela via oral. barreira placentária e se
Canva.com acumular no leite materno.

(Klaassen,2012)
A baixa disponibilidade é
explicada em razão da 97% a 9
9%
degradação do Δ 9-THC no
DE LIG
estômago, devido ao seu meio AÇÃO
LIPOP AS
ROTE
INAS
ácido, e pelo metabolismo
hepático de primeira
passagem. Além disso,
enquanto o pico dos efeitos
ocorre poucos minutos após a
inalação, o da via
gastrointestinal demora cerca
de 30 a 60 minutos. (Seizi Oga,
Figura 10: Molécula de Δ 9-THC ligada as
2008)
lipoproteínas no plasma sanguíneo.
Canva.com

15
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

4.3 Biotransformação
e excreção
A biotransformação do Δ 9- A velocidade de eliminação é
THC ocorre principalmente no lenta, devido a recirculação
fígado, por hidroxilação e enterohepática. A excreção
oxidação, pelo complexo ocorre em quantidade
enzimático do sistema significativa nas fezes, e por
microssômico enzimático isso, o THC-COOH é um
citocromo P-450 (CYP), com biomarcador de exposição à
maior expressão da subfamília cannabis. A completa remoção
de isoenzimas da CYP2C. Além da substância leva de trinta a
do fígado, os pulmões e o sessenta dias em usuários
coração também crônicos e dois a quatro dias
biotransformam os para usuários eventuais.
canabinoides, porém em (Seizi Oga, 2008)
velocidade e extensão muito
menor.

Figura 11: Enzima Citocromo P-450


news-medical.net

Os principais produtos de
biotransformação gerado são
os compostos:
11hidroxitetrahidrocanabino
l (11-OH-THC)
11-nor-9-carboxitetra-
hidrocanabinol
(THC-COOH). (Seizi Oga,
2008) Figura 12: Biotransformação do Δ 9-THC no
fígado
Autoria própria; moléculas: Molview.com
16
Um Guia da Filosofia Moderna
CAPÍTULO 1 A.M. Monteiro

5. Toxicodinâmica
do Δ 9-THC
5.1 Mecanismo de os receptores CB1 estão
presentes em maior densidade
ação em regiões do SNC, como no
Canabinoide é o termo córtex pré-frontal, hipocampo,
utilizado para descrever as gânglios basais, cerebelo, o que
substâncias que ativam os estaria relacionado com os
receptores canabinoides, efeitos psicoativos do Δ 9-THC
sendo eles endógenos na memória, cognição e prazer.
(endocanabinoides), derivados ,
da cannabis (fitocanabinoides),
ou sintéticos.

O sistema endocanabinoide

CB1
consiste em dois tipos
principais de receptores Figura 14
endógenos acoplados à
proteína G: CB1 e CB2. Os Os receptores CB2 têm uma
receptores CB1 e CB2 se distribuição mais restrita,
expressam de formas distintas sendo encontrados em células
no sistema nervoso central imunológicas e em alguns
(SNC): neurônios, mas, sobretudo, no
sistema nervoso periférico.

Figura 13: Receptores canabinoides ligados à


CB2
proteína G de membrana. Figura 14 E 15: Áreas de atuação dos receptores
Canva.com endocanabinoides.
Canva.com
17
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

Por conseguinte a descoberta Ao contrário dos


dos receptores canabinoides, neurotransmissores, a
foram identificados os ligantes anandamida e o 2-AG após
endógenos para esse receptor: serem sintetizados por
A anandamida (AEA), e o 2- enzimas sob demanda, são
araquidonil-glicerol (2-AG), liberados de neurônios pós-
sendo atualmente designadas sinápticos para terminais pré-
como endocanabinoides (ECB). sinápticos, em uma
Os receptores canabinoides, sinalização retrógrada.
seus ligantes e as enzimas (Damiani, 2021)
responsáveis por sintetizá-los e
metabolizá-los constituem o
sistema endocanabinoide.
(Klaassen,2012)

Anandamida
PRÉ -
SINAPTICO

2-AG
PÓS-
Figura 15 Ligantes endógenos dos canabinoides
medium.com SINAPTICO

Esses endocanabinoides Figura 16: Sinalização retrógrada.


medium.com
(anandamida e 2-AG) são os
principais ativadores
fisiológicos dos receptores CB1
e CB2, mas não são
neurotransmissores-padrão.

18
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

O Δ 9-THC, promove efeitos Consequentemente, as


semelhantes a anandamida enzimas adenilato-ciclase
devido a semelhança em suas acoplada a proteína G,
estruturas químicas, conforme presentes no pós-sináptico,
estruturas abaixo. não será ativada para
produção do canabinoide
endógeno. (Klaassen,2012)

ANANDAMIDA THC

Figura 17: Semelhança entre os endocanabinoide


e o fitocanabinoide
Monumental Marijuana Discoveries
(Timmen L. Cermak, 2020)

Ao se ligar aos receptores CB1


nos neurônios pré-sinápticos,
irá bloquear a liberação de
neurotransmissores, como a
acetilcolina, dopamina,
oradrenalina e GABA, que são
responsáveis pelo estresse, dor,
controle motor. Assim, essa
inibição não permitirá a Figura 18: Mecanismo de ação dos canabinoides
no sistema nervoso.
sensibilização desses activepharmaceutica.com.br/

neurotransmissores em
receptores do neurônio pós-
sináptico.

19
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

5.2 Efeitos tóxicos 5.2.1 Efeito agudo

Devido à grande distribuição A experiência do uso agudo


dos receptores CB1 e CB2 no de maconha é muito variável,
SNC e no sistema nervoso dependendo da dose
periférico, a maconha está consumida, do ambiente e das
associada a uma ampla gama experiências e expectativas do
de efeitos. Deve-se levar em usuário. Em geral, os sintomas
consideração que os efeitos psíquicos mais característicos
subjetivos da cannabis variam são:
muito do perfil
EUFORIA
farmacogenético do usuário, o
estado emocional no
RELAXAMENTO
momento de uso e o ambiente
em que a droga está sendo DESCONEXÃO COM A
consumida. REALIDADE

Além do mais, conforme já PERDA DA


mencionado, a qualidade de DISCRIMINAÇÃO DE
material ativo que alcança a TEMPO
circulação é altamente
dependente da técnica de COORDENAÇÃO MOTORA
fumar, do conteúdo de Δ 9- DIMINUÍDA
THC e da quantidade alterada
SENSO DE HUMOR
por pirólise. (Diehl,2021)
AGUÇADO

SONOLÊNCIA

REAÇÕES DISFÓRICAS

20
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

Esses efeitos são claramente HIPEREMIA


mediados por receptores CB1. CONJUTIVAL (OLHOS
Em comum com outras drogas VERMELHOS)
o Δ 9-THC ativa os neurônios
dopaminérgicos da via AUMENTO DO APETITE
mesolímbica, da área
tegmentar ventral (ATV) ao AUMENTO DA PRESSÃO
corpo estriado ventral, ARTERIAL
liberando dopamina e gerando
efeitos de recompensa TAQUICARDIA
cerebral. O VTA contém
toneladas de dopamina, que é
BOCA SECA
liberada no núcleo acubens e
no córtex pré-frontal. (Seizi
Oga, 2008) DÉFICIT SUSTENTADA
(P. EX., EM TAREFAS
DE DESEMPENHO
CONTÍNUO)

PREJUÍZO NA MEMORIA
RECENTE

FALHA NAS FUNÇÕES


INTELECTUAIS E
COGNITIVAS

Figura 19: Sistema de recompensa cerebral RETARDO NA


semanticscholar.org
CAPACIDADE DE
PERCEPÇÃO SENSORIAL

Além dos efeitos psíquicos,


os efeitos fisiológicos são:

21
CAPÍTULO 1
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

5.2.2 Efeito crônico


Estima-se que 13 milhões de Outro fator é a afetação do
pessoas no mundo sejam sistema respiratório e
portadoras de síndrome de sistema cardiovascular.
dependência de cannabis. O A fumaça da maconha produz
risco de desenvolver altos níveis de enzima capaz
dependência é menor do que de converter hidrocarbonetos a
para a maioria das outras sua forma carcinogênica, que
drogas, o que não quer dizer acelera a produção de células
que não seja significativo.. malignas, afetando
Diehl,2021) diretamente o sistema
respiratório. Enquanto no
Em princípio, os sintomas de
sistema cardiovascular, em
abstinência de maconha não
função do Δ9-THC, aumenta a
são considerados clinicamente
velocidade cardíaca, o trabalho
significativos, isso devido ao
cardíaco requer mais oxigênio
armazenamento do THC no
podendo levar ao desequilíbrio
tecido gorduroso e à meia vida
entre o suprimento de
prolongada de seus
oxigênio e o aumento da
metabólitos.
demanda. Ou seja, o coração
está em um esforço alto e
Uma das maiores
necessita de mais oxigênio, ele
preocupações com relação ao
uso de Cannabis é ao recebe menos do que
transtorno do tipo normalmente recebe. (Seizi
esquizofrênicos. Porém, na Oga, 2008)
literatura, o desenvolvimento
de de esquizofrenia e outras
psicoses esteja relacionada à
ocorrência de um desequilíbrio
dopaminérgico, sobretudo em
pessoas geneticamente
vulneráveis. (Diehl, 2021)

Figura 20: Sistema cardiovascular e sistema


respiratório
canva.com 22
CAPÍTULO 2
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

6. Cabelo como
matriz biológica
A análise de substâncias Embora os processos
psicoativas em fluidos e analíticos usados na análise de
tecidos biológicos tem sido substâncias psicoativas em
amplamente utilizada há cabelo sejam semelhantes aos
muitos anos, com finalidades usados em urina, os níveis
específicas e em áreas diversas. encontrados no cabelo são
significamente mais baixos.
Antigamente, a urina era a Entretanto, o principal
matriz de escolha pela farta benefício da análise do cabelo
quantidade de amostra e pelos é que ela determina a
níveis relativamente altos de presença de vestígios de
concentração das substâncias substâncias psicoativas e
psicoativas, fatores fornece uma visão integrada
importantes para viabilizar a do uso ou abstinência dessas
análise laboratorial pela substâncias por um período
tecnologia usada na época. de tempo prolongado
(semanas ou meses), em
No final dos anos 1970 as relação a outras matrizes como
amostras de cabelo urina, sangue ou fluido oral.
começaram a ser utilizadas
para análise em áreas forense,
ocupacional e clínica.

Atualmente, ao lado das


amostras de sangue e urina, o
cabelo é reconhecido como o
terceiro principal material
biológico para análises de Figura 21: Diferença entre as amostras mais
utilizadas em análises
drogas. (OLIVEIRA, 2005). canva.com

23
Um Guia da Filosofia Moderna
CAPÍTULO 2 A.M. Monteiro

7. Incorporação
da substância
nos fios
depositam, Secreções e Suor
As substâncias psicoativas se
de modo
progressivo, no cabelo a
medida que ele cresce. Os POR DIFUSÃO DAS
mecanismos mais conhecidos GLÂNDULAS
SUDORÍPARAS E
que ocorrem a incorporação
SEBÁCEAS PARA A
são: (BORDIN, et. Al; 2015).
PORÇÃO INTRADÉRMICA
DO FIO.

Corrente sanguínea Devido ao fato das drogas


estarem presentes em maiores
POR DIFUSÃO PASSIVA concentrações e por tempo
DOS VASOS CAPILARES em secreções do que na
PARA O FOLÍCULO corrente sanguínea, o suor ou
CAPILAR. sebo emerge através da
superfície da pele para a fibra
À medida que as células se
capilar.
alongam e envelhecem, elas
morrem e coalescem,
formando a fibra capilar com a
droga incorporada na matriz.

Glândula
Glândula
vasos sebácea
sudorípara
sanguíneos
Figura 23: Deposição de substâncias psicoativas
por secreções e suor.
Figura 22: Deposição de substâncias psicoativas canva.com
pela corrente sanguínea

24
canva.com
CAPÍTULO 2
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

8. Janela de
detecção
O cabelo é uma amostra
8.1 O impacto da
biológica com longa janela de
de detecção e capacidade de
fisiologia do cabelo
exibir retrospectivamente
na janela de
exposições passadas e detecção
tendências de hábitos de uso Durante o ciclo de vida, cada
da droga devido ao fio de cabelo passa por três
crescimento capilar. fases distintas, denominadas:
(Moreau, Regina Lúcia de
Os fios de cabelo, em média, M,2015)
crescem de 1cm até 1,5 cm por
mês. A medida que o cabelo
cresce e novas doses são
ANÁGENA
ingeridas (ou não), o cabelo FASE DE CRESCIMENTO
registra a história de consumo
(ou abstinência) de drogas de Aumento da atividade
abuso. metabólica, divisão e
crescimento celular;
Este atributo é benéfico para a
análise, pois é capaz de Crescimento ativo: dura
mostrar a tendência do entre 3 a 7 anos;
hábito de consumo da droga
no decurso de um longo Forma cerca de 90% dos
período de detecção ou em folículos do couro
períodos sucessíveis. cabeludo.
(BORDIN, et. Al; 2015)

25
CAPÍTULO 2
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

CATÁGENA TELÓGENA
FASE INTERMEDIÁRIA FASE DE QUEBRA

Tem duração de 2 a 4 Tem duração de 3 ou 4


semanas; meses;

A divisão celular é O folículo entra num


interrompida, o fio torna-se período de repouso ,
queratinizado e o folículo durante o qual o
começa a degenerar; crescimento do cabelo é
interrompido;
Em torno de 1% de cabelo
está na fase catágena. Compreende até 10 a 15%
de todos os fios de cabelo
da cabeça.

Figura 24: Fases do folículo capilar.


clinicaecirurgiacapilar

26
CAPÍTULO 2
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

Os fios de cabelo na fase Os pelos corporais apresentam


telógena contêm as uma taxa semelhante de
substâncias psicoativas que crescimento ao do cabelo,
entraram na raiz do cabelo em porém com diferentes
um período anterior, quando proporções nas fases anágena
estava na fase anágena, e e telógena. Com isso, em
representa o ocorrido nos 3 a 4 comparação com o cabelo, fica
meses anteriores. Esse é o mais difícil determinar o
tempo que leva para o cabelo período de exposição à droga
perder todos os traços da de abuso comparado aos pelos
substância ao cessar o uso. corporais.

A consequência desse efeito é Entretanto, o uso da amostra


que, após a suspensão do uso, de pelos tem a vantagem de
os teores da substância constatar a abstinência
psicoativas e/ ou metabolitos durante um período mais
encontrados no cabelo longo. Moreau, Regina Lúcia de
diminuem, para cerca de 10 a M,2015)
15% das concentrações
encontradas durante o uso
ativo; em seguida, os níveis
caem para 0 após 3 ou 4 meses
de abstinência. Assim, além do
histórico de uso, essa matriz
fornece as tendências do uso
mostradas pelo indivíduo.

8.2. Pelos corporais


É comum realizar a análise em
Gráfico 1:Distribuição das fases do ciclo de
amostras, além de cabelos da crescimento de cabelos e pelos.
Moreau, Regina Lúcia de M,2015)
cabeça, com pelos da perna,

da axila, do peito e pubianos.

27
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

9. Metodologia:
Cromatografia
Líquida
A cromatografia serve para
separar compostos de uma
mistura homogênea, sendo
denominada um processo
físico-químico.
Na cromatografia líquida as
substâncias são separadas
por partição entre uma fase
móvel líquida e uma fase
estacionária sólida ou
Figura 25: Processo cromatográfico
líquida. MALDANER, 2009

A fase estacionária é a que está


A cromatografia líquida se
imóvel no equipamento preso
divide em:
em tubos ou em algum
suporte plano (coluna
CROMATOGRAFIA LÍQUIDA
cromatográfica). CLÁSSICA (CLC)
A fase móvel é a que percorre
o sistema interagindo com o CROMATOGRAFIA LÍQUIDA
mesmo de maneira DE ALTA EFICIÊNCIA
equilibrada para que o analito (CLAE)
que se encontra na amostra
CROMATOGRAFIA LÍQUIDA
seja repartido entre as fases. DE ULTRA EFICIÊNCIA
(MALDANER, 2009) (CLUE)

28
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

9.1. Cromatografia 9.2. Cromatografia


Líquida Clássica Líquida de Alta
Eficiência
A principal diferença entre a A Cromatografia Líquida de
Cromatografia Líquida Clássica Alta Eficiência (CLAE ou HPLC)
e a CLAE está no diâmetro das é o tipo mais versátil e mais
partículas do material amplamente empregado.
adsorvente. (Douglas A. 2014)

Vantagens da técnica:
CLC:
DIÂMETRO DAS Rapidez;
PARTÍCULAS: 40
A 50 ΜM
Alta resolução;

CLAE: Análise quantitativa;


DIÂMETRO DAS
PARTÍCULAS: Boa sensibilidade
3, 5 OU 10 ΜM
para amostras com
baixas concentrações;
Versatilidade;
Na Cromatografia Líquida Automação.
Clássica, a coluna
cromatográfica é aberta e de Com as dimensões reduzidas
vidro, com recheio contendo o das partículas de fase
material adsorvente. Após a estacionária em CLAE, é
ativação do material necessário a utilização de
adsorvente, ou seja, a bombas para a injeção da fase
estabilização da coluna com a móvel, afim de atingir pressões
passagem da fase móvel com muito superiores à pressão
fluxo constante, a amostra é atmosférica. (ARAUJO, 2021,
aplicada cuidadosamente no MOREAU, 2015)
topo da coluna.
29
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

O tipo de Cromatografia 9.3. Cromatografia


Líquida de Alta Eficiência é Líquida de Ultra
definido pelo mecanismo de Eficiência
separação ou pelo tipo de fase
estacionária:
Fases estacionárias com
partículas menores que 2
PARTIÇÃO OU µm.
CROMATOGRAFIA A junção das
LÍQUIDO-LÍQUIDO micropartículas com altas
velocidades lineares da fase
ADSORÇÃO OU móvel fazem o tempo de
CROMATOGRAFIA análise diminuir e
LÍQUIDO-SÓLIDO
aumentar a detectabilidade
e resolução.
TROCA IÓNICA OU
Pode ser operado a
CROMATOGRAFIA DE
ÍONS pressões acima de 100 Mpa.

CROMATROGRAFIA POR
EXCLUSÃO

A razão entre o volume total e


CROMATROGRAFIA POR o volume extra da coluna
AFINIDADE influência no aspecto de troca
do método de separação.
Sendo que, se não haver
Além disso, a CLAE é, em compatibilidade pode
alguns aspectos, mais versátil provocar alargamento do pico
do que a Cromatografia cromatográfico.
Gasosa, pois não está limitada
a amostras volatilizáveis e
termicamente estáveis e na
escolha das fases móvel e
estacionária.

Figura 26: Equipamento CLUE


specietion.com 30
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

10.
Instrumentação
Um cromatógrafo a líquido é
formado por:
Características da
RESERVATÓRIO DE fase móvel:
FASE MÓVEL
Alto grau de pureza;
Solúvel à amostra (mas sem
BOMBA
perder seus componentes);
Polaridade adequada para
INJETOR
permitir a separação dos
componentes;
Compatibilidade com detector.
COLUNA (ARAUJO, 2021)

DETECTOR

Sistema de eluição
COMPUTADOR
Isocrático: a constituição do
solvente (FM) vai permanecer
constante durante toda a
análise.

Gradiente: o solvente (FM)


poderá ser alterado durante a
realização da análise.
(ARAUJO, 2021)

Figura 27: Equipamento CLAE


WikimediaCommons.com
31
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

Parte 1
A FASE MÓVEL SERÁ PUXADA ATÉ
A COLUNA
(LÍQUIDO)
CROMATOGRÁFICA

COM O AUXÍLIO DA
BOMBA

SERÁ
CARREGARDA ATÉ
AA AAM
MOSTRA
OSTRA A COLUNA
CROMATOGRÁFICA

ATRAVÉS DE UM
INJETOR

Parte 2
A FASE MÓVEL E
A AMOSTRA SE SEPARAÇÃO
ENCONTRAM NA DOS ANALITOS
COLUNA
COLUNA
CROMATOGRÁFICA

Parte 3
DETECTOR:
INDICAR AS
CONCENTRAÇÕ RESULTADOS
ES DO ANALITO

COMPUTADOR

Esquema resumido

Figura 28: Instrumentação do cromatrógrafo.


freitag.com.br 32
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

11. Preparo da
amostra
11.1. Extração Passo 3
A coleta da amostra deve ser ALINHAR A AMOSTRA
realizada por profissionais e EM UMA FOLHA
seguindo os protocolos afim de IDENTIFICANDO A
PONTA E A RAIZ DO
evitar contaminações.
CABELO.
Além disso, os aspectos pré
analíticos como histórico do
paciente, período exposto pelo
indivíduo é de suma Passo 4
importância para um bom DOBRAR A FOLHA
resultado. (Cooper et al., 2012). LONGITUDINALMENTE,
SEGUNRADO O CABELO.

Passo 1 Passo 5
COLOCA-SE A FOLHA
AMARRAR O CABELO DENTRO DO ENVELOPE
COM UM ELASTÍCO. DE COLETA, ONDE ELE É
SELADO, RUBRICADO E
DATAD.

Passo 2 Passo 6
POR FIM, A AMOSTRA É
CORTAR O MAIS
ENVIADA PARA O
PRÓXIMO DO COURO
LABORATÓRIO, PARA
CABELUDO, REGIÃO DO
VÉRTICE POSTERIOR. SER ANALISADA,
DENTRO DO SACO DE
EVIDÊNCIAS.

33
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

11.2.
11.3. Homogenização
Descontaminação

Etapa feita para eliminar os Etapa feita para diminuir o


resíduos que são utilizados no tamanho da amostra
cabelo, como shampoos, coletada, fazendo com que
remover suor, sebo ou poeira. sua área superficial aumente, o
que contribui para uma maior
Também, a droga pode se exposição de compostos.
aderir à matriz pelo ambiente (Cooper et al., 2012).
externo, o que pode alterar o
resultado. (Pragst e Balikova, DEVEM SER
2006). CORTADAS EM
PEDAÇOS, COM
TAMANHOS ENTRE
Na literatura, as estratégias 2 A 3 CM
relatadas são solventes
orgânicos, tampões aquosos, PESAGEM DE 10 A
água, sabões. (Baciu et alii, 50 MILIGRAMAS
2015). DE AMOSTRA.

Solventes utilizados:
Métodos utilizados:

DICLOROMETANO

PULVERIZAÇÃO

ACETONA

Estes possuem vantagens em MICROPULVERIZAÇÃO


relação a outros solventes, pois
não provocam o
intumescimento do cabelo
(Pragst e Balikova, 2006)
34
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

11. Procedimento
analítico para
determinação e
quantificação de
THC na amostra.
Para a determinação de THC
11.1. Revelação dos
em amostra de cabelo a
técnica de cromatografia
compostos
líquida de ultra eficiência
acoplada a uma Espectrômetro de massa triplo
espectrometria de massa quadrupolo (operando no
(UHPLC-MS/MS) é modo de monitoramento de
amplamente utilizada, pois reação selecionado (SRM)).
reduz drasticamente o (Di Corcia et dai., 2012)
tempo necessário para a
análise instrumental, sem
interferir na resolução
cromatográfica, na exatidão e
na precisão para as
determinações quantitativas
das amostras, permitindo alta
produtividade de amostras,
juntamente com excelente
sensibilidade e seletividade da
droga. (Di Corcia et dai., 2012) Figura 27: Espectrômetro de massa triplo
quadrupolo
labnetwork.com.br/

35
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

A AMOSTRA DE CABELO IRÁ


PARA UMA INCUBADORA (55
Cº), POR APROXIMADAMENTE
15 HORAS, COM METANOL
PARA FORMAR UM EXTRATO
DA SUBSTÂNCIA(FASE
Extrato
ESTACIONÁRIA)

coluna Waters
Acquity
UMA PARTE DO EXTRATO
SERÁ INJETADA
DIRETAMENTE EM UM
SISTEMA DE
CROMATOGRAFIA LÍQUIDA
DE CLUE EQUIPADO COM
COLUNA WATERS ACQUITY

NA FASE MÓVEL, A ELUIÇÃO Fase móvel: água, ácido


OCORRERÁ COM fórmico E acetonitrila
UM GRADIENTE LINEAR
(ÁGUA, ÁCIDO FÓRMICO E Na coluna: Eluição com
ACETONITRILA) POR 4,5 MIN gradiente linear

SEGUIDO DE ELUIÇÃO
ISOCRÁTICA POR 1 MIN

TEMPO TOTAL PARA


EXECUÇÃO: 8 MIN

Gráfico 2: Resultado de de amostras de cabelo


para teste toxicologico em Cromatograma
Di Corcia et ai., 2012.

36
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

12. Resultados
12.1 Cut off

A designação de “cut-off” vem


do inglês e é traduzido como Positivo
“valor de corte’’. Estes valores
de cut-off são valores valor de corte

numéricos determinados Negativo


durante o processo de
validação dos métodos
analíticos ou que podem ser
sugeridos por sociedades
científicas às quais resultados Os valores de cut-off na análise
analíticos são comparados do cabelo ainda não estão
para interpretação dos bem estabelecidos. Com isso
resultados finais (Tsanaclis et segue-se a recomendação de
alii, 2011) valores da Society of Hair
Testing,, conforme abaixo:
(Cooper et alii, 2011)
Negativo:
resultados da
Cut-off
análise abaixo XENOBIÓTICOS E METABÓLITOS (ng/mg)
dos valores
estabelecidos. THC
Delta 9 – 0,5
tetrahidrocanabinol

THC-COOH
Ácido-11-nor-delta-9- 0,0002
Positivo: tetrahidrocanabinol-9-
resultados da carboxílico
análise acima
dos valores Tabela 2: IValores de cut-off para drogas e
estabelecidos. metabolitos mais comumente analisados
(Tsanaclis et alii, 2011)

37
CAPÍTULO 3
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

12.2 Interpretação

Para a interpretação dos COR DO CABELO


resultados é necessário avaliar
UMA VEZ QUE AS
os diversos fatores que
DROGAS OU FÁRMACOS
podem interferir na análise TÊM CAPACIDADE DE SE
da droga ou metabolitos LIGAR À MELANINA, A
encontrados. (Baciu et alii, CONCENTRAÇÃO DE
METABOLITOS PRESENTE
2015)
NO CABELO É
DIRETAMENTE
PROPORCIONAL AO TEOR
CONTAMINAÇÃO DE MELANINA PRESENTE
NO CABELO, OU SEJA,
EXTERNA QUANTO MAIS ESCURO O
CABELO, MAIOR O TEOR
FALSOS POSITIVOS EM MELANINA E POR
QUANDO O INDIVÍDUO CONSEGUINTE, MAIOR A
APESAR DE NÃO CONCENTRAÇÃO DE
CONSUMIR AS DROGAS OU FÁRMACOS
SUBSTÂNCIAS É DE INCORPORADOS
ALGUMA FORMA A ELAS
EXPOSTO

TRATAMENTO RELAÇÃO DOSE


COSMÉTICOS CONCENTRAÇÃO
POSSÍVEL
INTERFERÊNCIA DOS DETERMINAR O USO
VÁRIOS PRODUTOS E OCASIONAL OU
TRATAMENTOS FREQUENTE DA DROGA.
CAPILARES

38
REFERÊNCIAS
Um Guia da Filosofia Moderna A.M. Monteiro

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