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Agricultura Natural: manual básico sobre KNF

(Korean Natural Farming)

4º Curso Livre sobre Cannabis Medicinal

Caio Paulino Pinotti, advogado criminalista, paciente,


cultivador e consumidor.
1. SUMÁRIO:

1. SUMÁRIO: .................................................................................................................................. 2

2. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5

3. AGRICULTURA NATURAL ................................................................................................... 6

3.1 PONTOS FORTES E BENEFÍCIOS ...................................................................................... 8

3.2 TEORIA DO CICLO NUTRITIVO ....................................................................................... 9

4. RECEITAS DE ENTRADAS: .................................................................................................. 10

4.1 IMO (microrganismos eficientes, indigenous microrganisms) ...................................... 11

4.1.1 O que são? ...................................................................................................................... 11

4.1.2 Capturando os microrganismos ................................................................................. 12

4.1.3 Como usar? .................................................................................................................... 13

4.2 LABS (soro de bactérias ácido lácticas, lactic acid bacteria serum) .............................. 14

4.2.1 O que é? .......................................................................................................................... 14

4.2.2 Como fazer? ................................................................................................................... 14

4.2.3 Como usar o LABS? ...................................................................................................... 15

4.2.4 Como armazenar o LABS?........................................................................................... 16

4.3 FPJ (extrato fermentado de plantas, fermented plant juice) .......................................... 16

4.3.1 O que é? .......................................................................................................................... 16

4.4 Como fazer FPJ?................................................................................................................ 17

4.4.1 Como usar FPJ? ............................................................................................................. 18

2
4.4.2 Como armazenar FPJ? .................................................................................................. 18

4.5 FFJ (extrato fermentado de frutas, fermented fruit juice) .............................................. 19

4.5.1 O que é FFJ? ................................................................................................................... 19

4.5.2 Como fazer FFJ? ............................................................................................................ 19

4.5.3 Como usar FFJ? ............................................................................................................. 20

4.5.4 Como armazenar FFJ? .................................................................................................. 21

4.6 BRV (vinagre orgânico, brown rice vinegar) ................................................................... 21

4.6.1 O que é BRV/vinagre orgânico?................................................................................. 21

4.6.2 Como fazer BRV? .......................................................................................................... 22

4.6.3 Como usar BRV? ........................................................................................................... 23

4.6.4 Como armazenar BRV? ................................................................................................ 23

4.7 FAA (aminoácidos de peixe, fish aminoacids) ................................................................ 23

4.7.1 O que é FAA? ................................................................................................................ 23

4.7.2 Como fazer FAA?.......................................................................................................... 24

4.7.3 Como usar FAA? ........................................................................................................... 25

4.7.4 Como armazenar FAA? ............................................................................................... 25

4.8 OHN (tinturas alcóolicas de ervas orientais, oriental herbs nutrients) ....................... 25

4.8.1 O que é OHN? ............................................................................................................... 25

4.8.2 Como fazer OHN? ........................................................................................................ 26

4.8.3 Como usar OHN? ......................................................................................................... 28

3
4.8.4 Como armazenar OHN? .............................................................................................. 28

4.9 WCA (cálcio solúvel, water soluble calcium)................................................................... 29

4.9.1 O que é WCA? ............................................................................................................... 29

4.9.2 Como fazer WCA? ........................................................................................................ 29

4.9.3 Como usar WCA? ......................................................................................................... 30

4.9.4 Como armazenar WCA? .............................................................................................. 30

4.10 WCP (fosfato de cálcio solúvel, water soluble calcium phosphate) ............................ 31

4.10.1 O que é WCP? ............................................................................................................ 31

4.10.2 Como fazer WCP? ..................................................................................................... 31

4.10.3 Como usar WCP? .......................................................................................................... 32

4.10.4 Como armazenar WCP? ........................................................................................... 32

4.11 INSTRUÇÕES GERAIS DE APLICAÇÃO DAS ENTRADAS................................ 33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 33

6. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................ 34

4
2. INTRODUÇÃO

Buscando uma alternativa aos métodos tradicionais de cultivo à época, baseados no


uso recorrente de fertilizantes e pesticidas tóxicos, que se espalhavam pela Coreia do Sul
na década de 60, CHO HAN KYU desenvolveu o KNF (Korean Natural Farming, ou
Agricultura Natural Coreana, em tradução livre) um sistema de agricultura orgânica por
meio do qual foi possível maximar as safras tanto na qualidade quanto no peso, valendo-
se da interação entre microrganismos e bactérias nativas, bem como da utilização de
fermentados de plantas, fermentados de frutas, tinturas alcóolicas de raízes terapêuticas,
entre outras “entradas” 1, para fornecer nutrientes, aminoácidos, enzimas, minerais e
condicionamento para o solo, de acordo com o ciclo nutritivo alimentação das plantas
cultivadas.

Longe de ser o único a observar, absorver e reproduzir os processos naturais do


ciclo da vida, as ideias de agricultura natural e orgânica estão presentes literaturas
agronômicas e conhecimentos tradicionais de povos nativos espalhados ao redor do
mundo há séculos. Os conceitos de agrofloresta e permacultura são tão antigos quanto à
própria agricultura não ocidental. A grande sacada de CHO HAN KYU foi incorporar e
disseminar um método simplificado e muito didático, acessível a todos os fazendeiros,
entrando assim para o rol da fama da agricultura moderna, ladeado por ANA MARIA
PRIMAVESI, ELAINE INGHAM, MASANOBU FUKUOKA, RUDOLPH STEINER, BILL MOLLISON, entre
outros.

O objetivo deste trabalho é apresentar os métodos e receitas deste sistema que


apesar de ter sido criado em 1965, é extremamente revolucionário e — infelizmente —
visionário para os dias atuais, ainda mais quando nos aproximamos de uma triste época
de escassez de recursos naturais causadas pelo ser humano. Nossos meios agriculturais
ecologicamente insustentáveis, economicamente inviáveis e ambientalmente malignos
precisam sofrer mudanças imediatamente!

1
Receitas utilizadas no agricultura natural (LABS, FPJ, FFJ, OHN, etc.).
5
3. AGRICULTURA NATURAL

Antes de apresentar as diretrizes que amparam a KNF, precisamos contar a história


da agricultura em si. Voltando no tempo, quando o ser humano percebeu que uma
semente podia ser plantada fora da caverna e, assim, produzir alimentos garantidos para
seu estoque energético, foi o alvorecer da civilização e o fim da fase de caçador-coletor. Foi
o fim da perseguição, do risco, da incerteza e da insegurança da sobrevivência e existência
humana. Isso foi há cerca de 10.000 anos. A agricultura assim iniciada deu origem ao
assentamento humano, à cultura e à civilização.

Incontáveis variedades de sementes foram adotadas para a agricultura e uma


infinidade de plantas comestíveis foi cultivada e domesticada pelo ser humano. As plantas
mudaram o homem e vice-versa. A variedade de sementes e espécies foi o que permitiu à
raça humana prosperar e superar todos os incidentes geológicos e cosmológicos aos quais
fomos sujeitos durante a história.

Apesar de grande parte da diversidade ter sido perdida durante a Revolução


Verde, o método KNF é consciente dessa sinergia sagrada, entre todos os seres vivos.
Assim, utiliza-se de materiais facilmente disponíveis e restos de colheitas como insumos
para a produção de “fertilizantes”, além de se amparar no conceito de abundância do ciclo
natural, reduz consideravelmente os custos de produção e permite uma bruta diminuição
no desperdício de matéria prima, tornando-o um método altamente sustentável e muito
barato. Além de reproduzir e se beneficiar de mecanismos e procedimentos que a
Natureza realiza há bilhões de anos para manutenção harmoniosa do ciclo da vida e
aumento qualitativo e quantitativo das colheitas, em comparação ao insalubre método
tradicional que depende de venenos, intervenção humana recorrente e ignora os
fundamentos da diversidade natural.

Baseado na utilização de micro-organismos nativos (IMO – indigenous micro


organisms), o método chama atenção pela simplicidade e harmonia que se apresenta. Os
micróbios podem se reproduzir aos trilhões em diversos meios que podem ser preparados
com materiais amplamente disponíveis localmente, sem maiores dificuldades.

6
Trabalhando em sinergia com o solo e com a planta, uma população microbial
benéfica pode não só proteger as plantas, mas também aumentar o raio de absorção de
suas raízes em troca de exsudatos (açucares) liberados no processo de fotossíntese.
Ajudam também ao acelerar o processo de decomposição e humificação da matéria
orgânica presente no solo, biodisponibilizando os nutrientes de alto valor nutricional para
o cultivo. Não é de se espantar que DARWIN afirmava que “a civilização deve sua
existência para os micróbios” 2.

Outra maravilha da tecnologia revolucionária proporcionada pelos micróbios é que


pode beneficiar não só a agricultura, mas também os setores aviário, suíno e bovino. De
tão revolucionário, o método já rendeu a Dr. CHO alguns problemas com a polícia, sendo
preso algumas vezes sob a acusação de ser comunista.

O sistema de cultivo natural conecta a semente à uma parte extraordinária do


mundo microbiano da natureza. Diz-se que a própria vida na Terra é majoritariamente
microbiana, visto que é quase impossível pensar em vida sem micróbios. O corpo humano,
por exemplo, consiste em 100 trilhões de células e dessas, 90 trilhões de células pertencem
a micróbios3! A agricultura natural propagada por DR. CHO enfatiza a multiplicação de
IMO de várias maneiras. As tecnologias de captura de microrganismos são relevantes para
preservar as variedades nativas e a biodiversidade da comunidade agrícola.

A Agricultura Natural usa métodos que observam e se espelham nas leis da


natureza e utiliza materiais e produtos naturais. É baseado no princípio da
interdependência entre todas as coisas vivas. Visa ter um impacto estimulante sobre o
meio ambiente, em contraste com os efeitos desvantajosos que muitas vezes acompanham
agricultura modernizada e comercializada.

A observância de um ciclo natural, favorável ao meio ambiente, de práticas


agrícolas aplicadas em um cenário moderno, atualizam as perspectivas estabelecidas sobre
a agricultura e fornece uma alternativa aos métodos intensivos utilizados atualmente.

2
REDDY, Rohini. Cho´s Global Natural Farming, p. 14.
3
Idem.
7
A filosofia é maximizar o potencial inato de uma forma de vida e sua harmonia com
o meio ambiente ao não interferir com seu crescimento e desenvolvimento ou forçando as
safras a render mais do que eles podem. Agricultores naturais acreditam que a melhor
maneira de obter rendimento de alta qualidade é respeitar a natureza da vida.

A metodologia da KNF é baseada na Teoria do Ciclo Nutritivo, que orienta o


fazendeiro natural sobre quais insumos aplicar e com que frequência, aplicando o
princípio de interdependência em que nós, humanos, deveríamos nos enquadrar, em vez
de tentar suprimi-lo.

A Agricultura Natural também está prevista de forma a contribuir para a redução


da pobreza, doenças e destruição ambiental fornecendo um meio alternativo de sustento,
alimentação e produção.

3.1 PONTOS FORTES E BENEFÍCIOS

BENÉFICO AO MEIO AMBIENTE: suas “entradas” são feitas de materiais facilmente


encontrados quando não de excedentes e restos da própria colheita, protegendo as
plantações de produtos químicos prejudiciais usados como fertilizantes na agricultura
moderna. Na pecuária, a agricultura natural é considerada um avanço revolucionário,
cumprindo a meta dos sonhos de “emissão zero”. Não há emissão de águas residuais e os
sólidos são reciclados e convertidos em recursos.

BAIXO CUSTO: ajuda a diminuir as despesas dos agricultores com o uso de materiais
caseiros, aproveitamento de recursos da fazenda e restos de colheitas passadas.

ALTA QUALIDADE: Culturas e gado de melhor qualidade é resultado da não


utilização de produtos químicos prejudiciais à produção, bem como ao meio ambiente.

SAFRAS MAIS ROBUSTAS: segue estritamente a Teoria do Ciclo Nutritivo, usando


quantidades precisas de nutrientes de acordo com o estágio de evolução de cada planta, se
preocupando em nutrir o solo com uma microbiota rica que facilite a alta disponibilidade
de nutrientes.

8
ADAPTÁVEL: NF pode ser replicado em ingredientes de qualquer região e produtos
de acordo com os recursos naturais distintos para cada região ou ecossistema.

AMIGÁVEL AO (À) FAZENDEIRO (A): Os métodos são livres de produtos químicos


tóxicos, que são perigosos para a saúde do usuário, além de serem de fácil produção.

RESPEITO PELA VIDA: a agricultura natural oferece o maior respeito e cuidado com as
plantações e animais seguindo o ciclo natural de vida. Melhor produtividade e colheitas
ainda melhores podem ser feitas quando se nutri e dá atenção ao seu ambiente.

Na Agricultura Natural, os agricultores cultivam o solo propriamente dito, e os


microrganismos que nele habitam para metabolizar os nutrientes para às plantas, sem
prejudicar a harmonia da vida. É semelhante à agricultura orgânica no sentido de que
ambos os métodos usam ingredientes não químicos para o cultivo ou criar animais. No
entanto, a Agricultura Natural se relaciona estritamente com os estudos e conhecimentos
que deram origem ao método desenvolvido pelo DR. CHO HAN KYU no Janong Natural
Farming Institute na Coreia do Sul.

3.2 TEORIA DO CICLO NUTRITIVO

Buscando o equilíbrio natural, a Teoria do Ciclo Nutritivo entende que as plantas e


precisam de variados nutrientes durante os diferentes estágios de crescimento. Como os
humanos, vegetais também precisam de diferentes tipos de alimentos em estágios
distintos. Assim como um bebê só pode comer papinha, as plantas jovens só podem ser
alimentadas com nutrientes que são apropriados para sua idade. O Ciclo Nutritivo orienta
os agricultores na obtenção dos melhores resultados de suas safras e evitando doenças em
por meio do manejo adequado de nutrientes.

O estágio de crescimento vegetativo é o período em que as plantas desenvolvem


suas raízes e brotos ao longo do tempo até amadurecerem. É quando as plantas consomem
hidratos de Carbono ou carboidratos (C) e os convertem em Nitrogênio (N), que é seu
principal requisito de crescimento neste palco.

9
Quando em transição do período vegetativo para a floração, os cultivares
demandam boas quantidades de Fósforo (P). Já durante o estágio de florescimento, as
plantas começam a produzir inflorescências ao se preparar para a reprodução,
armazenando carboidratos em frutas ou outros órgãos de armazenamento. Para
desenvolvimento adequado da cor e sabores das frutas, uma boa quantidade de Potássio
(K) também é necessária.

O bom senso agrícola e métodos de cultivo atuais enfatizam unilateralmente apenas


as condições externas e subestimam os fatores intrínsecos das condições internas de
plantas. Não podemos esperar a melhor colheita quando apenas enfatizar as condições
externas (fatores extrínsecos) que mudam constantemente a cada ano.

O mais importante para os agricultores é compreender a fisiologia de crescimento


exata de cada estágio e para incentivar as plantas para aproveitar ao máximo as condições
mais adequadas.

4. RECEITAS DE ENTRADAS:

A Agricultura Natural (NF) tem uma abordagem concreta sobre a melhor


forma de praticar a agricultura, observando e respeitando as leis naturais utilizando
apenas o que a natureza proporciona. A NF possuí insumos agrícolas que se comprovam
muito eficazes no cultivo das culturas. Esses insumos podem aumentar a produtividade
melhor do que os fertilizantes comerciais prejudiciais.

Inspirado nos ensinamentos de mestre CHO, publicados por REEDY ROHINI, bem
como no conhecimento compartilhado digitalmente por CHRIS TRUMP do Natural Farming
Co., e do DRAKE PUREKNF, do Natural Farming Hawaii, trago a seguir as principais entradas
da KNF, com uma breve explicação dos extratos e de como utilizá-los 4.

4
ROHINI, Reedy. Cho´s Natural Global Farming.
10
4.1 IMO (microrganismos eficientes, indigenous microrganisms)

4.1.1 O que são?

Como dito, a ideia principal por trás do KNF é reconhecer a abundância da


Natureza e utilizá-la a nosso favor na agricultura. Assim, um dos pilares de toda
agricultura regenerativa são os microrganismos, constituindo o fundamento para
fertilidade do solo, produtividade e saúde das plantas. O sistema apresenta uma série de
técnicas que fazem a captura, cultivo, multiplicação e posterior inoculação de
microrganismos nativos no solo a ser utilizado para cultivo. Buscando uma diversidade
microbial é recomendado que sejam capturados de variados pontos próximos ao local de
cultivo. Pela resiliência aos fatores climáticos mais adversos, os micróbios se tornam muito
potentes e eficazes. A utilização dos microrganismos é capazes de regenerar solos pobres
ou esgotados, despoluir corpos d’água e combater fedores decorrente da prática de
atividades pecuárias variadas.

Os microrganismos têm duas funções principais na agricultura natural: 1.


Decomposição de compostos complexos, como restos orgânicos e resíduos em nutrientes,
tornando-os facilmente absorvíveis pelas plantas. 2. Podem criar compostos como
antibióticos, enzimas e ácidos lácticos que promovem condições saudáveis do solo, bem
como, podem suprimir várias doenças, impedindo a proliferação de patógenos.

Na técnica IMO-1 o cultivador captura microrganismos nativos em diferentes


pontos da região de cultivo utilizando uma “armadilha” de arroz cozido, montada numa
cesta de palha/bambu ou caixa de madeira/papelão coberta com um papel toalha. O
melhor material que pode ser usado na cultura de IMO é o arroz cozido no vapor. O arroz
não deve ser muito macio ou muito pegajoso, já que os microrganismos aeróbicos não
preferem viver nele. O arroz colonizado com microrganismos é misturado em partes
iguais com açúcar mascavo, isso faz com que os microrganismos entrem em estado de
dormência. Essa mistura de arroz colonizado com açúcar é chamada de IMO-2. O IMO-2
diluído em água com outras entradas KNF é misturado com carboidratos de qualidade
como farelo de arroz, farelo de trigo ou outro alimento propício para servir de alimento
aos microrganismos. Essa mistura fermenta por alguns dias e é chamada IMO-3. Ela pode
11
ser aplicada como cobertura de solo para melhorar e inocular a área de cultivo. Quando
misturado em partes iguais com solo nativo e irrigado com outras entradas KNF, o IMO-3
é chamado de IMO-4. O objetivo final é utilizar o IMO-4 como substrato de cultivo ou
cobertura de solo para área a ser cultivada.

4.1.2 Capturando os microrganismos

Materiais necessários:

1. Caixa de madeira (feita de madeira natural / bambu / cedro, etc.)

2. Arroz cozido ao dente (menos umidade para coletar micróbios aeróbicos)

3. Papel toalha (papel toalha)

4. Elástico/ fio

5. Melaço/açúcar mascavo

7. Pote de vidro

Procedimento - coletando IMO-1:

1. Use uma caixa de madeira de comprimento de 30 cm x 20 cm x 10 cm, com


madeira de 1 cm de espessura. Encha a caixa de madeira com arroz cozido no vapor. Seu
teor de umidade atrairá os microrganismos indígenas que vivem no solo local. Permita o
fornecimento adequado de ar não recheando o arroz acima de ¾ da capacidade total da
caixa de coleta, pois, sem o fornecimento suficiente de ar, os IMO anaeróbicos serão
coletados;

2. Cubra a caixa de madeira com papel toalha e use um elástico ou linha para
segurar o papel na caixa;

3. De preferência, procure uma área com solo feito de serapilheira (amontoados de


folhas em decomposição), marque uma área 30 cm x 20 cm no solo e escave 05 cm de solo.
Coloque a caixa de madeira cheia de arroz nesta cova, local onde muitos fungos de folhas
em decomposição são encontrados. Cubra a caixa com folhas;

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4. Se possível e necessário, cubra a caixa coletora com plásticos contra chuva e a
proteja de animais indesejados como roedores; Dependendo da temperatura, a coleta pode
variar de 02 dias a uma semana, quanto mais quente o ambiente menos tempo será
necessário;

5. Após coletado, o arroz coberto com microrganismos deverá ser movido para um
pote de argila/vidro. Este é o tal do IMO-1;

6. Misture melaço/açúcar mascavo com o IMO-1 na proporção 1:1. Assim,


chegamos ao IMO-2. Quanto mais perto o estado do açúcar estiver da natureza, melhor.
Quanto menos processo o açúcar sofrer, mais eficaz ele é;

7. Cubra o recipiente usando papel e mantenha a posição usando um elástico ou


rosca.

4.1.3 Como usar?

Para serem eficazes, os IMO devem ser usados de forma adequada.

1. Use IMO continuamente. Uma vez que IMO são usados para fazer solos férteis e
saudáveis, estes devem ser capturados e preparados todo ano de modo que estejam no
solo permanentemente, a fim de obter resultados contínuos.

2. Mantenha a diversidade dos IMO. Evite ser exigente na coleta microrganismos.


Em vez disso, microrganismos de diferentes ambientes devem ser coletados e misturados.
É recomendado coletar IMO de todas as quatro direções do local de cultivo. Também
podemos coletar micróbios da montanha, cume, vale e trincheira.

3. Use os micróbios mais resilientes. Os tipos de microrganismos presentes em uma


área irão variar, uma vez que cada área tem diferentes condições ambientais. Por exemplo,
um local mais ensolarado abriga diferentes espécies de IMO do que um sombreado. A
altitude também afetará a variedade de microrganismos em cada nível de solo.

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4.2 LABS (soro de bactérias ácido lácticas, lactic acid bacteria
serum)

4.2.1 O que é?

As bactérias do ácido láctico são microrganismos anaeróbios. Na ausência de


oxigênio, eles quebram o açúcar transformando-o em ácido láctico. LABS é muito eficaz na
melhoria da oxigenação do solo, promovendo o rápido crescimento de árvores frutíferas e
vegetais de folhas e reforça a capacidade de anabolismo de micróbios vivos no caule e na
folha da planta, uma condição que surgiu do abuso de inseticidas e fungicidas. O LABS
solubiliza fosfato em 100-200 PPM (partes por milhões). Usando LAB em solo com fosfato
acumulado aumentará sua capacidade de absorver a forma insolúvel de fosfatos e ajudar
superar o distúrbio salino como resultado da decomposição dos fosfatos.

Buscando aperfeiçoar os recursos, para esta entrada podemos usar a água de


lavagem do arroz utilizado para a captura do IMO.

4.2.2 Como fazer?

Materiais necessários:

1. Água lavada do arroz;

2. Leite (não processado e não fervido);

3. Melaço/açúcar mascavo;

4. Pote de vidro;

5. Papel toalha;

6. Elástico/fio;

Procedimento

14
1. Coloque água lavada com arroz em uma jarra. Cubra a boca da jarra com papel
toalha e deixe na sombra.

2. Atraídos do ar para se alimentar no carboidrato do amido do arroz presente na


água, o complexo de bactérias do ácido láctico se propagará de 23º a 25º C, e a solução
começará a cheirar azedo.

3. Adicione esta água de arroz ao leite. A proporção ideal entre leite e a água de
arroz é uma proporção de 9: 1. O melhor leite para ser usado é o leite de vaca, mas vale
usar o que você tive à sua disposição. Já que o leite tem mais nutrientes do que a água
lavada com arroz, as bactérias do ácido láctico se proliferarão vigorosamente.

4. Em 3 a 4 dias, o frasco terá três camadas divididas: a) matéria flutuante,


semelhante à uma coalhada; b) líquido claro (LABS); e c) detritos (resíduos).

Amido, proteína e gordura vão flutuar na superfície e ficar amarelados e podem ser
consumidos, sendo uma ótima fonte de organismos pró-bióticos. O líquido esbranquiçado
será depositado no meio é o tal desejado soro de bactérias lácticas. Os resíduos serão
depositados no fundo do recipiente e devem ser descartados.

4.2.3 Como usar o LABS?

1. A razão de diluição básica é 1: 1000, ou seja, 01 ml para cada litro d’água.

2. Ao usar o LABS, é mais eficaz usá-lo com FPJ.

3. Os campos irão recuperar a fertilidade e o solo ficará macio e fofo se IMO


misturado com LAB for pulverizado no campo.

4. Para gado, use LABS (1: 500) com FPJ (1: 300) como água potável para recuperar a
função digestiva.

5. LAB é extremamente eficaz na fabricação de frutas e folhas grandes, mas a


quantidade de LAB usada deve ser reduzida enquanto se aproxima aos estágios
avançados de floração.
15
6. Se o LAB for usado junto com composto misto ou IMO, o processo de
fermentação ocorre rápido, levando a resultados muito mais eficazes.

4.2.4 Como armazenar o LABS?

1. Para armazenar o LABS por período indefinido, é recomendado guarda-lo


fechado em geladeira. A baixa temperatura conserva a microbiota cultivada no soro;

2. Caso opte em manter o soro em temperatura ambiente, deve-se saturar o LABS


com açúcar mascavo para estabilizar a solução. Para saturar o soro, basta colocar açúcar
mascavo até que ele pare de afundar ao despejá-lo sobre o líquido. Uma vez saturada a
mistura, guarde em um recipiente fechado à sombra, abrindo a tampa uma vez ao dia para
a troca de gases até que a solução se estabilize,

4.3 FPJ (extrato fermentado de plantas, fermented plant juice)

4.3.1 O que é?

FPJ é um extrato fermentado da seiva e clorofilas de uma planta. É uma solução


enzimática rica em microrganismos como as bactérias ácido-lácticas e leveduras que
revigora plantas e animais.

Não há uma planta ideal para a extração de FPJ. Em tese qualquer planta recém-
colhida poderá ser usada. Dê preferência às plantas que tenham características específicas,
como por exemplo, o dill/endro que possui um cheiro particular que pode servir como
repelente aos temidos spidermites ou ácaro-aranha, ou ainda, plantas que crescem rápido e
são vigorosas que têm hormônios de crescimento muito ativos, como o bambu.

Particularmente, o FPJ de bambu é uma das melhores entradas para crescimento


vegetativo, visto que é rico em silício. Nutriente utilizado para estimular a defesa da
planta e também para aumentar a resistência da folha e outros tecidos da planta, ajudando
no controle de pragas e doenças.
16
Para a coleta das plantas a serem usadas, o ideal é que isto seja feito pouco antes do
amanhecer, evitando dias de sol e chuva excessiva. A luz solar muito intensa pode
evaporar alguns nutrientes e a chuva pode lavá-los embora. Ao colher os vegetais, não os
lave, apenas sacuda para retirar o excesso de terra das raízes. A lavagem removerá
microrganismos úteis.

4.4 Como fazer FPJ?

Materiais necessários:

1. Broto de bambu / Babosa / Cannabis/ etc.;

2. Açúcar mascavo/melaço;

3. Pote de vidro;

4. Papel toalha (papel toalha);

5. Elástico / linha;

Procedimento

1. Colha e apenas sacuda a terra das plantas, mas não lave com água. Se os
ingredientes forem muito grandes, corte-os em tamanhos adequados, cerca de 3 a 5 cm.
Isso aumenta a área de superfície de contato e promove a pressão osmótica, facilitando a
troca de nutrientes, enzimas e hormônios. Use recipientes separados para cada
ingrediente.

2. Meça o peso do ingrediente e o peso de açúcar mascavo. A princípio, o açúcar


mascavo deve estar entre a metade do peso do ingrediente. Caso a planta seja muito
úmida, pode se adicionar mais açúcar.

3. Coloque a planta cortada e o açúcar mascavo em um grande recipiente e misture-os


bem com as mãos de modo que o açúcar esteja em contato com toda a superfície da planta.

17
4. Coloque a mistura no pote de vidro. Atente-se para preencher apenas ¾ do pote. É
importante que o recipiente não esteja muito cheio, o espaço aparentemente “vazio” está
preenchido com ar, para otimizar o processo de fermentação.

5. Coloque peso (pedra) sobre a mistura para controlar a quantidade de ar dentro dela.

6. Com a ajuda do elástico, cubra o pote com papel toalha para prevenir insetos de
entrar na mistura e permitir a troca gasosa.

7. Coloque o frasco em local fresco e com sombra. Não abra, mova ou mexa os
ingredientes durante o processo de fermentação. Remova o peso após 1 ou 2 dias.

8. Após 5 a 7 dias, coar e estocar.

4.4.1 Como usar FPJ?


1. FPJ normalmente é usado em uma taxa de diluição de 1: 500, ou seja 2 ml por litro
d’água;
2. Podem ser utilizados via foliar semanalmente e via rega quinzenalmente. São
altamente recomendados durante todo o período vegetativo.
3. Utilize FPJ das mesmas safras para obter melhores resultados. Por exemplo, usando
as folhas retiradas nas desfolhações.
4. Os restos sólidos da extração podem ser utilizados para fazer vinagre orgânico.
Para tanto, uma vez coado e estocado o extrato fermentado, basta adicionar 3 partes
de agua sobre os restos, tampar com papel toalha e esperar 3 meses.

4.4.2 Como armazenar FPJ?

1. Produtos de vidro podem ser usados para conservar o extrato. Ao usar garrafas de
vidro, dê preferência aos recipientes de vidro marrom

2. Guarde em local fresco e arejado. Selecione uma área sombreada onde não haja
luz solar direta e onde a temperatura não flutuar. A faixa de temperatura ideal é de 15º C
para armazenamento. Use uma geladeira, se possível.
18
4.5 FFJ (extrato fermentado de frutas, fermented fruit juice)

4.5.1 O que é FFJ?

O extrato fermentado de frutas (FFJ) é rico em enzimas de ativação e muito eficaz


na nutrição da microbiota do solo, e nesse sentido, muito semelhante ao FPJ, mas que
utiliza apenas frutas como ingredientes principais de fermentação. Muito utilizado para
revitalizar plantações, gados e seres humanos. Como principais ingredientes de frutas
podemos usar banana, mamão, manga, maçã, melão, etc.

4.5.2 Como fazer FFJ?

Materiais necessários:

1. Frutas

2. Açúcar mascavo

3. Pote de vidro

4. Colher de pau

5. Tábua de cortar

6. Papel toalha

7. Elástico/fio

Procedimento

1. Prepare pelo menos 03 frutas totalmente maduras, colhidas ou caídas.

Procure frutas que crescem em sua localidade. Se a quantidade de frutas não são
suficientes, você pode adicionar suplementos ingredientes como raízes de batata doce,
espinafre, inhame selvagem, repolho, pepino, abobrinha e rabanete.

19
2. Para cada 1 kg de ingrediente de frutas, use 1,2 a 1,3 kg de açúcar mascavo no
verão e 1 kg no inverno. Uma das funções do açúcar mascavo é controlar a umidade.
Durante o inverno, a temperatura é mais baixa, portanto, há pouca necessidade de
controlar o umidade.

3. Lave e seque o pote ao sol, ou use água bem quente para desinfetar.

4. Espalhe o açúcar na tábua de cortar.

5. Corte os ingredientes das frutas em cubos, começando pelos mais doces. Depois
de picar, espalhe mais açúcar nas frutas e coloque-as em um recipiente. Esta etapa deve ser
realizada rapidamente para evitar a perda de substâncias essenciais. Frutas que são
difíceis de cortar como uvas e morangos podem ser ligeiramente esmagados com dedos.

6. Use metade do açúcar enquanto corta e despeje a metade restante depois que
todas as frutas foram cortadas e colocadas no recipiente.

7. Lentamente mexa a mistura com uma colher de pau, até que o açúcar se aparente
estar em estado líquido.

8. Cubra com papel toalha e feche com o elástico o recipiente. O papel toalha
permite uma boa quantidade de suprimento de ar e ao mesmo tempo impede a entrada de
moscas e insetos indesejados.

9. Deixe a mistura fermentar. Durante o verão, fermentação geralmente leva 4 a 5


dias para acontecer. No inverno, o mesmo processo pode levar de 7 a 10 dias.

10. Após a fermentação , polvilhe um pouco mais de açúcar no mistura e guarde em


local fresco e com sombra. É normal, que algum açúcar ainda pode ser encontrado na
superfície.

11. Coar e estocar.

4.5.3 Como usar FFJ?

20
1. FFJ normalmente é usado em uma taxa de diluição de 1: 500, ou seja 2 ml por litro
d’água;
2. Podem ser utilizado na rega quinzenalmente ou via foliar semanalmente. São
altamente recomendados durante todo o período de floração e reprodução.
3. Os restos sólidos da extração podem ser utilizados para fazer vinagre orgânico.
Para tanto, uma vez coado e estocado o extrato fermentado, basta adicionar 3 partes
de agua sobre os restos, tampar com papel toalha e esperar 3 meses.

4.5.4 Como armazenar FFJ?

1. Produtos de vidro podem ser usados para conservar o extrato. Ao usar garrafas de
vidro, dê preferência aos recipientes de vidro de cor escura.

2. Guarde em local fresco e arejado. Selecione uma área sombreada onde não haja
luz solar direta e onde a temperatura não flutuar. A faixa de temperatura ideal é de 15º C
para armazenamento. Use uma geladeira, se possível.

4.6 BRV (vinagre orgânico, brown rice vinegar)

4.6.1 O que é BRV/vinagre orgânico?

O BRV, original da receita do mestre CHO, nada mais é do que um vinagre orgânico
feito de arroz vermelho. Levando em consideração os princípios da KNF sobre
versatilidade e reaproveitamento de recursos, entendo por bem expandir as diversas
possibilidades de extrairmos vinagre de inúmeros insumos possíveis.

Por exemplo, os restos sólidos das extrações de FPJ e FFJ, já estão praticamente
prontos para avinagrarem. Para tanto, uma vez coado e estocado o extrato fermentado,
basta adicionar 3 partes de agua sobre os restos, tampar com papel toalha e esperar 3
meses.

21
A bactéria do ácido acético do vinagre orgânico afeta as células do fígado e as
auxilia na esterilização, neutralização, diurese, síntese e obras para prevenir e curar várias
doenças em animais vivos. O próprio BRV e todos os vinagres orgânicos em geral são
ácidos, mas se transformam em alcalinos quando são absorvido por seres humanos, gado
ou colheitas, o que significa que tem a propriedade de renovar o corpo de uma forma
saudável. Por ser rico em aminoácidos e ácidos orgânicos, é excelente para combater ácido
láctico em decomposição, prevenindo o envelhecimento.

Nas safras, o vinagre orgânico em baixas concentrações facilita o crescimento vegetativo e


favorece o crescimento inicial das folhas, ajudando-as a formar a camada de cera, que cria
folhas mais grossas, aumentando a resistência contra pragas e doenças. Melhora também a
flexibilidade da árvore. Devido à atividade da bactéria do ácido acético, o BRV tem um
capacidade de esterilizar e conter o crescimento bacteriano patógeno.

4.6.2 Como fazer BRV?


Materiais necessários:

1. Restos de FPJ/FFJ

2. Água

3. Pote de vidro

4. Papel toalha

5. Elástico/fio

Procedimento

1. Uma vez coado e estocado os extratos fermentados, utilizando o mesmo


recipiente, basta adicionar 3 partes de agua sobre os restos, tampar com papel toalha e
esperar 3 meses;

22
2. Caso possua uma mãe de vinagre ou SCOBY5, o processo é acelerado, podendo
levar apenas 15 dias para fermentação.

4.6.3 Como usar BRV?

1. BRV/ vinagre orgânico normalmente é usado em uma taxa de diluição de 1: 500, ou


seja, 02 ml por litro d’água;
2. Pode ser utilizado na rega quinzenalmente ou via foliar semanalmente. Altamente
recomendado durante todo o período de cultivo.
3. Para fazer cálcio solúvel em água (WCA), basta adicionar cascas de ovos torradas
ao vinagre;
4. Para fazer fosfato de cálcio solúvel em água (WCP), basta adicionar ossos animais
carbonizados ao vinagre;
5. BRV é usado para fazer trabalho IMO-3, IMO-4, manutenção de solos e tratamento
de sementes.

4.6.4 Como armazenar BRV?

1. É recomendada a utilização de produtos de vidro , de preferência marrom, para


conservar o vinagre.

2. Guarde em local fresco e arejado.

4.7 FAA (aminoácidos de peixe, fish aminoacids)

4.7.1 O que é FAA?

O aminoácido de peixe (FAA) é um líquido fermentado feito de peixes. Além de ser


rico em nitrogênio, o FAA é grande valor para o crescimento de plantas e microrganismos,
por conta de sua abundância nutricional e pela presença de vários tipos de aminoácidos

5
Symbiotic Colony Of Bacteria and Yeast, ou cultura simbiótica de bactérias e leveduras, em tradução livre.
23
que favorecem a produção de DNA. É absorvido diretamente pelas lavouras e também
estimula a atividade dos microrganismos. Para vegetais folhosos, é possível usar FAA
continuamente para aumentar o rendimento e melhorar o sabor e a fragrância.

4.7.2 Como fazer FAA?

Materiais necessários:

1. Restos de peixe (cabeça, osso, intestino, etc.)

2. Açúcar mascavo

3. IMO-3 (de preferência, use o que tiver)

4. Papel toalha

5. Elástico / fio

6. Pote de vidro

Procedimento

1. Corte o peixe em pequenos pedaços e coloque em um pote de vidro;

2. Adicione açúcar mascavo na mesmo quantidade de peixe (proporção de peso de


1:1). Preencha o pote até 2/3 de seu volume e deixe o restante com ar;

3. Cubra com papel toalha. Caso verifique a presença de gordura na superfície da


solução, coloque 2 a 3 colheres de chá de IMO-3 para dissolver a gordura.

4. Recomenda-se esperar 6 meses para a finalização do processo. Contudo, já é


possível utilizar o líquido após algumas semanas. Extraia a solução e estoque.

24
4.7.3 Como usar FAA?

1. FAA normalmente é usado em uma taxa de diluição de 1: 1000, ou seja, 01 ml por


litro d’água;
2. Pode ser utilizado na rega quinzenalmente ou via foliar semanalmente, sendo
altamente recomendado durante todo o período de crescimento vegetativo. Não é
recomendável usar FAA durante o período de crescimento reprodutivo, porque
pode induzir mais crescimento;
3. O FAA feito de cavala é muito eficaz para se livrar dos ácaros e da mosca-branca.

4.7.4 Como armazenar FAA?

1. Produtos de vidro podem ser usados para conservar o extrato. Ao usar garrafas de
vidro, dê preferência aos recipientes de vidro marrom;

2. Guarde em local fresco e arejado. Selecione uma área sombreada onde não haja
luz solar direta e onde a temperatura não flutuar. A faixa de temperatura ideal é de 23-25º
C para armazenamento.

4.8 OHN (tinturas alcóolicas de ervas orientais, oriental herbs


nutrients)

4.8.1 O que é OHN?

Uma das entradas mais importantes da Agricultura Natural, o OHN é uma tintura
alcoólica de feita de ervas e raízes orientais de cura que são tradicionalmente utilizadas há
milênios. Tem a função de manter homeostase térmica das plantas e melhorar as condições
aeróbicas do solo, favorecendo o ambiente aos micróbios benéficos que aumentam a
robustez da planta, esterilizando, revitalizando e ativando o crescimento das colheitas.

Em sua composição estão presentes os extratos alcoólicos e fermentados das


seguintes ervas: gengibre, alho, angélica, alcaçuz e canela (cúrcuma, opcional). Ao

25
fermentar os ingredientes, antes de realizar a extração alcóolica, aumenta-se
consideravelmente a potência das tinturas.

4.8.2 Como fazer OHN?

A tintura de ervas orientais (OHN) é definitivamente a entrada de KNF mais


trabalhosa de se fazer. O processo se divide em três etapas: hidratação dos ingredientes
secos (canela, alcaçuz, angélica), fermentação e extração alcóolica. Atentar para a extração
da angélica que deve ser feita em dobro como explicado abaixo.

Materiais necessários:

1. Ervas: canela, angélica (em dobro), alcaçuz, gengibre, alho (cúrcuma opcional)6

2. Cerveja (para hidratação);

3. Açúcar mascavo;

4. Vodka ou cachaça (para extração alcóolica);

3. 06 Potes de vidros com tampa de tamanhos iguais (07, se for utilizar cúrcuma)

4. Colher de pau;

5. Peneira;

6. Elásticos

7. Papel toalha

Procedimento – hidratação e fermentação dos ingredientes secos

1. Preencha 04 potes de vidro individualmente com os materiais secos (angélica,


angélica, alcaçuz e canela) até atingir um pouco menos de 2/3 da capacidade total dos
potes e cubra levemente com qualquer cerveja;

26
2. Após 03 dias, adicione a quantidade de açúcar mascavo equivalente ao peso
década ingrediente. Atentando para não ultrapassar 2/3 da capacidade total;

3. Cubra os potes com papel toalha, feche com elástico e deixe de 3 a 5 dias para
fermentar;

Procedimento – hidratação e fermentação dos ingredientes frescos

1. Cortar em pequenos pedaços ou esmagar os ingredientes. Descartar as cascas de


alho excessivas;
2. Adicionar o equivalente a 1/3 do peso de cada material de açúcar mascavo
misturar bem;
3. Preencher 02 potes de vidro (03, para cúrcuma) até 2/3 da capacidade plena;
4. Cubra os potes com papel toalha, feche com elástico e deixe de 3 a 5 dias para
fermentar;

Procedimento – extração alcóolica de todos os ingredientes

1. Preencha totalmente, ou seja, o 1/3 restante de cada um dos 06 potes com vodka ou
cachaça e feche com a tampa;
2. Mexa diariamente, durante 14 dias. Tenha o cuidado de limpar a colher de pau ao
mexer cada pote;
3. Coe todo o líquido para outro recipiente, de forma individual para não misturar os
ingredientes;
4. Devolva a tintura até preencher 2/3 da capacidade total do pote. Estoque
individualmente a quantidade retirada, ou seja, 1/3 do extrato;
5. Preencha novamente o 1/3 faltante com vodka e repita todos os passos por mais 04
vezes, totalizando 05 extrações;
6. Ao final da última extração, guarde cada ingrediente separado individualmente
(gengibre, alho, canela, alcaçuz, angélica e angélica7).

Atenção para a angélica que deve ter duas extrações feitas individualmente, como se fossem ingredientes
diferentes.
27
7. Com todas as extrações feitas, basta misturá-las na proporção de 1:1:1:1:1:1, ou seja,
uma parte de cada ingrediente. Uma vez, adicionado todas as tinturas, recomenda-
se usar o OHN em 01 mês.

4.8.3 Como usar OHN?

A taxa de diluição do OHN em água é de 1:1000, ou 01 ml por litro. Por ser uma
tintura alcóolica, o OHN aumenta sua potência com o tempo. Para cada ano de idade da
extração adicionamos mais um litro (1000 ml) na proporção, ou seja, 01 ml de OHN de 02
anos deve ser diluído 2 litros d’água (1:2000).

Uma das entradas mais versáteis do método KNF, o OHN é utilizado em todos os
estágios de crescimento das safras, na confecção IMO-3, IMO-4, no tratamento de
manutenção de solo e na solução de tratamento de sementes. Usado também, para
revigorar as safras enfraquecidas, com aplicação de uma mistura de OHN (1: 1000) com
FPJ (1: 500) e BRV (1: 500).

4.8.4 Como armazenar OHN?

As tinturas de cada ingrediente guardadas separadamente podem ser estocadas


indefinidamente, mais uma vez, atentando para a angélica que conterá duas extrações que
devem ser guardadas individualmente, assim como todas outras extrações.

Ao se misturar todas as tinturas proporção de 1:1:1:1:1:1 (gengibre, alho, canela,


alcaçuz, angélica e angélica), recomenda-se usar o OHN em 01 mês.

28
4.9 WCA (cálcio solúvel, water soluble calcium)

4.9.1 O que é WCA?

Extraído das cascas de ovos torradas imersas em vinagre orgânico ou BRV, o cálcio
solúvel em água (WCA) é uma solução extremamente eficiente, eficaz e barata na
Agricultura Natural. É tão simples de ser feita quanto é importante para as plantas e para
os humanos. É uma das substâncias mais comuns no mundo ao lado do oxigênio e silício e
a maior parte do cálcio existe na forma de carbonato de cálcio (CaCO3), principal
componente da casca do ovo.

Através deste processo de carbonatação no vinagre, o carbonato de cálcio é


transformado em cálcio solúvel, que pode ser rapidamente absorvido pela cultura.

O cálcio na agricultura desempenha um papel muito importante na manutenção da


saúde da planta. Tem a função de impedir o crescimento excessivo de safras, endurecer os
frutos, prolongar período de armazenamento, promover a absorção de ácido fosfórico e
ajudar as safras a acumular mais nutrientes. Contribui também para uma melhor
utilização dos carboidratos e das proteínas, sendo o principal componente na formação de
membranas celular.

4.9.2 Como fazer WCA?

Materiais necessários

1. Cascas de ovo/conchas do mar;

2. Ferramenta de trituração/martelo;

3. Vinagre orgânico ou BRV;

4. Pote de vidro ou polietileno (PEAD4)

5. Papel toalha;

6. Elástico / fio
29
Procedimento

1. Recolher e limpar bem as cascas dos ovos, retirando a película interior;

2. Esmague ou triture levemente as cascas em pedaços pequenos;

3. Torre ligeiramente as cascas até que fiquem suavemente douradas, para remover
quaisquer substâncias orgânicas que podem apodrecer e se deteriorar durante o processo;

4. Coloque as cascas assadas, aos poucos para evitar transbordar pela reação, em
um recipiente cheio de vinagre orgânico ou BRV. A proporção ideal é uma parte de casca
de ovo para 10 partes de vinagre (1:10);

5. As cascas vão se mover para cima e para baixo, emitindo muitas bolhas. Quando
não houver mais movimento das cascas ou bolhas, a solução está saturada e o processo
está concluído.

4.9.3 Como usar WCA?

A razão de diluição básica do WCA é de 1: 1000. Pode ser utilizado na rega


quinzenalmente ou via foliar semanalmente.

Muito utilizado no período de mudança de crescimento vegetativo para floração. O


WCA além de poder ser usado com WCP, FPJ, OHN e água do mar para melhorar o sabor
e frutas mais aromáticas, também faz com que os botões de flores se tornam fortes ao
acumular os nutrientes nestes.

4.9.4 Como armazenar WCA?

1. Produtos de vidro ou polietileno (PEAD4) podem ser usados para conservar o


extrato. Ao usar garrafas de vidro, dê preferência aos recipientes de vidro marrom.

30
2. Guarde em local fresco e arejado. Selecione uma área sombreada onde não haja
luz solar direta e onde a temperatura não flutuar. A faixa de temperatura ideal é de 23-25º
C para armazenamento.

4.10 WCP (fosfato de cálcio solúvel, water soluble calcium


phosphate)

4.10.1 O que é WCP?

O fosfato de cálcio solúvel em água (WCP) é extraído de osso de animais


vertebrados. WCP é uma substância essencial para o crescimento das plantas e
amplamente distribuída no solo. O fosfato de cálcio é insolúvel em água, mas solúvel em
ácidos, e assim como na receita de WCA, usamos o ácido acético do vinagre orgânico ou
BRV para solubilizarmos este nutriente.

4.10.2 Como fazer WCP?

Materiais necessários

1. 200 g de ossos de animais (bovinos, suínos, peixes, frangos);

2. 01 litro de vinagre orgânico ou BRV;

4. Pote de vidro ou polietileno (PEAD4)

5. Papel toalha;

6. Elástico / fio

Procedimento

1. Ferva os ossos durante 10 minutos para remover qualquer resquício de carne ou


matéria orgânica. Não use ossos crus, nos quais a carne e a gordura estejam presentes.

31
2. Depois de secos, queime-os a baixa temperatura para transformá-los em estado
de carvão.

3. Triture levemente os ossos, cuidando para não pulverizá-los;

4. Coloque-os, aos poucos para não transbordar com a reação, no pote de vidro com
vinagre orgânico ou BRV;

4. Quando a atividade das bolhas cessar, a solução está saturada e o processo está
concluído (pode levar até 07 dias).

4.10.3 Como usar WCP?

O fosfato de cálcio solúvel (WCP) é diluído em 1: 800 vezes para utilização em


colheitas. Uma taxa de diluição mais forte pode ser usada quando necessário. Use como
água potável (1: 500) para as animais prenhas ou ovulando.

Pode ser utilizado na rega quinzenalmente ou via foliar semanalmente durante os


períodos de cruzamento e crescimento vegetativo, quando a safra crescer demais ou
quando o crescimento inicial for lento, ou ainda, quando os botões de flores estão fracos.

4.10.4 Como armazenar WCP?

1. Produtos de vidro ou polietileno (PEAD4) podem ser usados para conservar o


extrato. Ao usar garrafas de vidro, dê preferência aos recipientes de vidro marrom.

2. Guarde em local fresco e arejado. Selecione uma área sombreada onde não haja
luz solar direta e onde a temperatura não flutuar. A faixa de temperatura ideal é de 23-25º
C para armazenamento.

32
4.11 INSTRUÇÕES GERAIS DE APLICAÇÃO DAS ENTRADAS

Baseando-se na Teoria do Ciclo Nutritivo, a qual estabelece que a planta demanda


variados nutrientes em diferentes estágios de vida, o método KNF busca aperfeiçoar as
colheitas pelo manejo adequado de nutrientes, enzimas e microrganismos de acordo com
cada período de evolução das plantas.

Diferentemente das soluções fertilizantes utilizadas para cultivos em solo inerte, a


KNF deve ser utilizada com certa moderação. Caso queira aplicar via rega, recomenda-se
fazer quinzenalmente. A Natural Farming Hawaii recomenda a aplicação foliar,
semanalmente, das entradas seguindo as razões de diluição previstas na tabela anexa:

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em resumo, o sistema de cultivo orgânico desenvolvido por CHO HAN KYU em 1965
na Coréia do Sul utiliza-se de variadas técnicas de fermentação naturais, reconhecendo a
abundância da Natureza e utilizando-a ao nosso favor na agricultura.

Com presença marcante do uso de microrganismos, como fundamento para


fertilidade do solo, saúde e, consequentemente, produtividade das plantas. O sistema
apresenta, ainda, uma série de técnicas responsáveis por fazer a captura, cultivo,
proliferação e posterior inoculação de microrganismos nativos do solo que virá s ser
utilizado para cultivo. Como forma de orientar o manejo das “entradas”, o método KNF é
fundamentado na Teoria do Ciclo Nutritivo, que por sua vez identifica quais diferentes
nutrientes devem ser disponibilizados para as plantas nos diversos estágios do ciclo de
cultivo.

Por fim, apresenta uma série de receitas para produção de insumos valiosos que
visam beneficiar e fortalecer a ação dos microrganismos, assim como, de forma
coadjuvante, atender as necessidades das plantas de acordo com seus ciclos nutritivos.

33
Desenvolvido para ser uma alternativa saudável e sustentável em relação à
agricultura moderna, que faz uso intensivo de fertilizantes e pesticidas altamente tóxicos
para toda a Natureza, o sistema KNF tem como objetivo ser barato, ecológico, simples de
produzir e usar, com técnicas extremamente fáceis e insumos que podem ser facilmente
adaptados por alternativas locais, além de proporcionar colheitas orgânicas de altíssima
qualidade.

As técnicas KNF são capazes de regenerar solos pobres ou esgotados e junto às


demais técnicas de cultivos regenerativos como as agroflorestas, podem ser uma tábua de
salvação à humanidade que, infelizmente, hoje se encontra literalmente doente. Que
possamos utilizar a sabedoria da Natureza, que há bilhões de anos vem reproduzindo os
métodos, que hoje pode nos beneficiar e, quem sabe, nos abrir os olhos para um futuro em
que a raça humana esteja devidamente integrada ao ciclo ecológico.

6. BIBLIOGRAFIA

CHEIROSO, Matinho. KNF para além das receitas. Disponível em


<https://www.matinhocheiroso.com/blog/knf-korean-natural-farming/>. Acessado em
13 de junho de 2020.

FILGUEIRAS, Otto. Silício na agricultura. Revista Pesquisa FAPESP, edição 140. Outubro,
2007. Disponível em < https://revistapesquisa.fapesp.br/silicio-na-agricultura/>.
Acessado em 08 de novembro de 2020.

HAWAII, Natural Farming. KNF Solutions Application Guide. Disponível em: <
https://naturalfarminghawaii.net/product/knf-solutions-application-guide/>. Acessado
em 04 de outubro de 2020.

TRUMP, Chris. Korean Natural Natural Farming How to: LAB (vídeo). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=1Ke4OQljVmg>. Acessado em 10 de setembro de
2020.

34
_____. Korean Natural Natural Farming How to: OHN (vídeo). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=iQSOCoyMmMU>. Acessado em 05 de setembro de
2020.

_____. Korean Natural Natural Farming How to: FPJ (vídeo). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=cp6ZAmtbDj8>. Acessado em 27 de setembro de
2020.

_____. Korean Natural Natural Farming How to: FAA (vídeo). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=Q9QbfzUnGSQ>. Acessado em 16 de outubro de
2020.

_____. Korean Natural Natural Farming How to: WCA with eggshells (vídeo). Disponível
em: < https://www.youtube.com/watch?v=yPARtxlNrjo>. Acessado em 06 de setembro
de 2020.

_____. Korean Natural Natural Farming How to: Vinegar with Chris Trump (vídeo).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aUQ6CM665sM>. Acessado em 11
de setembro de 2020.

_____. Korean Natural Natural Farming How to: WCP (vídeo). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=bi9vbLWzEqY>. Acessado em 06 de setembro de
2020.

_____. Korean Natural Natural Farming How to: IMO-1 KNF (vídeo). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=6MRLrKA1vXc>. Acessado em 29 de setembro de
2020.

_____. Korean Natural Natural Farming How to: IMO-2 KNF (vídeo). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=6MRLrKA1vXc>. Acessado em 03 de setembro de
2020.

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7. ANEXOS

Tabela de utilização KNF, via foliar8:

8
https://www.dropbox.com/sh/tfz70mtdds3k7rb/AABWnhKm7mlo3XboPC-
1XhCBa/Cultivo%20Natural%20Regenerativo/KNF?dl=0&preview=KNF.jpg&subfolder_nav_tracking=1.
Tabela original disponível em: < https://naturalfarminghawaii.net/product/knf-solutions-application-guide/>.
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