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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

TIAGO MEDEIROS FÉLIX


0907036-2

O CULTIVO DE COGUMELO AGARICUS BLAZEI COMO ALTERNATIVA DE


RENDA PARA PEQUENOS PRODUTORES

São João del-Rei


2015
TIAGO MEDEIROS FÉLIX

O CULTIVO DE COGUMELO AGARICUS BLAZEI COMO ALTERNATIVA DE


RENDA PARA PEQUENOS PRODUTORES

Monografia apresentada para obtenção de créditos da


disciplina de Monografia II do Curso de Ciências
Econômicas da Universidade Federal de São João del-Rei.

Orientador: Prof. Dr. Múcio Tosta Gonçalves

São João del-Rei


2015
TIAGO MEDEIROS FÉLIX

O CULTIVO DE COGUMELO AGARICUS BLAZEI COMO ALTERNATIVA DE


RENDA PARA PEQUENOS PRODUTORES

Monografia apresentada para obtenção de Créditos da


disciplina de Monografia II do curso de Ciências
Econômicas da Universidade Federal de São João del-
Rei.

São João del-Rei, 25 de novembro de 2015

______________________________________________________
Prof. Dr. Múcio Tosta Gonçalves (UFSJ)

______________________________________________________
Prof. Thiago Periardi do Amaral (UFSJ)
“Os professores abrem a porta, mas você deve entrar por você
mesmo.”
(Provérbio Chinês)
RESUMO

O trabalho a seguir analisa a expectativa de retorno e risco associado à produção do cogumelo


Agaricus Blazei em escala comercial para pequenos produtores. Detalham-se os investimentos,
custos, rentabilidade e riscos pertinentes ao negócio, além de abordar o mercado brasileiro e
mundial de cogumelos, em especial do cogumelo Agaricus Blazei. Utilizou-se um fluxo de
caixa projetado de cinco anos e uma taxa mínima de atratividade de 14% ao ano, os
instrumentos utilizados para analise foram a Taxa Interna de Retorno (TIR), o Valor Presente
Líquido (VPL), o Período de Retorno do Capital (Payback) e o Ponto de equilíbrio. Os
resultados apontam para uma TIR de 115% no período, acima da TMA e compatível com o
risco, corroborando na decisão de investir nesse agronegócio.

Palavras-Chave: Cogumelo; Agaricus Blazei; Análise Econômico-financeira.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Dez principais produtores de cogumelos e trufas, 2000/2013...................... 14


Tabela 2 - Espécies de cogumelos cultivadas no Brasil, 2011........................................15
Tabela 3 - Investimentos iniciais requeridos, a preços de 2015......................................20
Tabela 4 – Custo Variável para produção de 60 kg de Agaricus Blazei desidratado, a
preços de 2015................................................................................................................ 20
Tabela 5 – Custo Fixo para produção de 60 kg de Agaricus Blazei desidratado, a preços
de 2015............................................................................................................................21
Tabela 6 - Resultado da empresa.....................................................................................21
Tabela 7 – Fluxo de Caixa.............................................................................................. 22
Tabela 8 - Fluxo de Caixa...............................................................................................24
Tabela 9 - Rentabilidade de aplicações financeiras nos últimos 12 meses.....................25
Tabela 10 - Indicadores Financeiros...............................................................................26
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Importação de cogumelos originados da China, 2008/2013.......................... 13


Figura 2 - Cinco principais produtores de cogumelos e trufas, 2000/2013..................... 15
SUMÁRIO

RESUMO...................................................................................................................5
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................9
1 - Problema de pesquisa .........................................................................................9
2 - Hipótese ...............................................................................................................9
3 - Justificativa......................................................................................................... 10
4 – Objetivos ........................................................................................................... 10
4.1-Objetivos Gerais ................................................................................................ 10
4.2 –Objetivos Específicos ...................................................................................... 10
5 - Metodologia........................................................................................................ 11
Capítulo 1 ................................................................................................................ 13
Revisão bibliográfica ............................................................................................... 13
1.1 – O mercado...................................................................................................... 13
1.2 – O Agaricus Blazei ........................................................................................... 16
Capítulo 2 ................................................................................................................ 19
Viabilidade Econômica ............................................................................................ 19
2.1- Avaliação Financeira ........................................................................................ 22
2.2 - Avaliação de Risco .......................................................................................... 25
CONCLUSÃO.......................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 29
INTRODUÇÃO

A terminologia cogumelo é uma denominação genérica dadas aos corpos frutíferos de


algumas espécies de fungos (ABE, 2002). Os cogumelos são tidos como alimentos especiais
desde tempos remotos. Eles pertencem às classes dos Ascomycetes e Basidiomycetest, sendo
um dos primeiros alimentos colhidos pelos povos pré-históricos (MIYAJI et al., 2001).
Os cogumelos fornecem proteína de alta qualidade, são ricos em fibra, minerais,
vitaminas e possuem baixo teor de gordura total (MIYAJI et al., 2001). Além disso, muitas
espécies não são apenas nutritivas, possuindo também propriedades terapêuticas e medicinais.
Embora os cogumelos possuam um elevado valor gastronômico, sejam uma importante
fonte de proteínas, além de apresentarem propriedades medicinais e capacidade de degradar
resíduos agroindustriais, a fungicultura ainda é muito restrita no território nacional brasileiro,
devido principalmente a aspectos da cultura culinária nacional e à falta de informação sobre o
produto e suas aplicações gastronômicas e medicinais (ABE, 2002). Nesse sentido, estudos que
possam divulgar a cultura e suas vantagens agronômicas e econômicas, além de destacar a
possibilidade da sua viabilidade comercial são relevantes.
O trabalho descreve a seguir um histórico da fungicultura no Brasil, elabora uma análise
sobre o mercado consumidor, apresenta as características do Agaricus Blazei e estuda a
viabilidade financeira do cultivo de cogumelos.

1 - PROBLEMA DE PESQUISA

Qual é a viabilidade econômica do cultivo de cogumelo Agaricus Blazei em escala


comercial para pequenos produtores?

2 - HIPÓTESE

Pela simplicidade no cultivo, alto valor de mercado, custo de implantação reduzido,


rápido retorno e demanda internacional crescente, o Agaricus Blazei é uma alternativa de renda
para pequenos produtores.
Embora devam ser levados em consideração as vantagens que ganhos de escala
proporcionam na atividade agrícola, é viável para o pequeno produtor entrar nesse ramo com
um baixo risco, adquirindo insumos de produtores maiores e escoando a sua produção para
atravessadores, além de poder contar como apoio de financiamentos governamentais.

3 - JUSTIFICATIVA

O cultivo de cogumelos no Brasil, embora de pequena dimensão, apresenta um


crescimento substancial, principalmente de espécies como o Shimeji (Pleurotus Ostreatus),
Shitake (Lentinula Edodes) e o Cogumelo do Sol (Agaricus Blazei), que muitas vezes
apresentam uma demanda maior do que a oferta atual, assim abrindo espaço para Novos
produtores, ainda que sem o apoio tecnológico necessário (GUIRRA, 2014).
O Agaricus Blazei é muito apreciado na cultura oriental e europeia, porém o custo de
produção desse fungo nessas regiões é elevado, o que coloca o Brasil como um produtor dotado
de vantagens na produção e oferta do mesmo. Esse trabalho visa aumentar o leque de
informações disponíveis sobre o cultivo, trazendo uma fonte alternativa de renda para pequenos
produtores bem como uma alternativa para os resíduos gerados pelo setor agrícola (ABE, 2002).

4 – OBJETIVOS

4.1-OBJETIVOS GERAIS

Este trabalho visa avaliar a viabilidade econômica de cultivo do cogumelo Agaricus Blazei
como uma alternativa de renda para pequenos produtores.

4.2 –OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Descrever a cultura de cogumelos, em especial a do cogumelo Agaricus Blazei.


2) Analisar o mercado de cogumelos no Brasil e no mundo, com ênfase no cogumelo
Agaricus Blazei.
3) Avaliar a viabilidade econômica do cultivo de cogumelo Agaricus Blazei.
5 - METODOLOGIA

Esta seção apresenta as etapas desenvolvidas na pesquisa, desde a especificação do tipo


de pesquisa bem como as técnicas utilizadas na análise dos dados obtidos.
Como já se conhece o tema proposto, neste projeto optou-se pela pesquisa descritiva
conclusiva, que segundo Vergara (1997):

Expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno.


Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza.
Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva
de base para tal aplicação (VERGARA, 1997, p. 45).

Segundo Lakatos e Marconi (1990) o levantamento de dados de uma pesquisa cientifica


é feito por meio de pesquisa documental, ou fontes primárias, e pesquisa bibliográfica, ou fontes
secundarias.
Os dados e informações primários deste projeto foram coletados junto a fornecedores,
concorrentes e clientes. Os dados e informações secundários foram coletados por intermédio de
pesquisa bibliográfica em revistas, livros, publicações, dissertações que abordam técnicas de
cultivo, valor nutricional e medicinal, estrutura para plantação de cogumelos.
A análise de viabilidade econômica foi realizada segundo as técnicas recomendadas de
avaliação econômico-financeira. Foi construído o fluxo de caixa do negócio para que se possa
calcular os indicadores de rentabilidade e retorno, tais como a Taxa Interna de Retorno (TIR),
o Valor Presente Líquido (VPL) e o Payback, ou tempo de retorno do investimento.
O valor presente líquido, também é conhecido como valor atual líquido ou método do
valor atual, é a fórmula matemático-financeira capaz de determinar o valor presente de
pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros, menos o custo do investimento inicial
(SAMANEZ, 2002).
A Taxa Interna de Retorno é uma taxa de desconto hipotética que, quando aplicada a
um fluxo de caixa, faz com que os valores das despesas, trazidos ao valor presente, seja igual
aos valores dos retornos dos investimentos. Assim, a TIR é a taxa necessária para igualar o
valor de um investimento com os seus respectivos retornos futuros, e significa a taxa de retorno
de um projeto.
O Payback é o tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento no qual o lucro
líquido acumulado se iguala ao valor desse investimento (SAMANEZ, 2002).
A monografia está dividida em dois capítulos, além da presente Introdução e das
Conclusões. No primeiro capítulo é apresentada uma revisão bibliográfica sobre a produção e
comercialização de cogumelos e sobre o objeto do presente trabalho, o cogumelo do Sol.
No segundo capítulo é apresentada a análise de viabilidade financeira de um projeto
idealizado pelo autor do trabalho.
CAPÍTULO 1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Podemos dizer que os fungos são organismos que possuem características animais e
vegetais, sendo sua reprodução semelhante aos vegetais e seu metabolismos parecido aos
animais (ABE, 2002).
Atualmente, são conhecidas mais de dez mil espécies de cogumelos, das quais cerca de
duas mil são consideradas comestíveis. Destas, vinte são cultivadas comercialmente e metade
industrializadas (Braga, 1998). O mercado brasileiro de cogumelos é formado basicamente pela
oferta e demanda do Champignon de Paris (Agaricus Bisporus), e a demanda do Shimeji, do
Shitake e do Agaricus Blazei tem crescido além da oferta atual.

1.1 – O MERCADO

O setor de fungicultura brasileiro sofreu uma forte crise após 2008 com a entrada dos
produtos chineses no mercado nacional, o produto chinês inundou o mercado brasileiro com
produtos a preço abaixo do custo de produção nacional. Essa concorrência, agravada também
pelo reduzido nível tecnológico empregado pelos produtores brasileiros, obrigou muitos dos
produtores, em sua maioria micro e pequenos, a encerrarem atividade por não conseguirem
preços competitivos (ANPC, 2013). A Figura 1, apresentada em seguida, indica o
comportamento das importações do produto chinês entre 2008 e 2013.

Evolução da importação de cogumelos


originados da China em toneladas.
12000
10.157
10000
8000
6000
4000
2000 705
0
2008 2013

Figura 1 – Importação de cogumelos originados da China, 2008/2013


Fonte: Associação Brasileira de Produtores de Cogumelos (ANPC) (2011).
Para contornar esta concorrência, o produtor brasileiro começou a investir nos produtos
in natura os quais, além de exigirem reduzido níveis de investimentos, possuem um custo de
produção menor, pois não é necessário equipamento para secagem, cozimento e processamento.
Além disso, os cogumelos frescos ainda possuem o dobro de valor de venda no mercado, o que
aumentou a renda do produtor em cerca de 40%, segundo a Agência Paulista de Tecnologia nos
Agronegócios (APTA, 2013).
Outro benefício do produto in natura são seus nutrientes, pois no processo para colocá-
lo em conserva são perdidas várias vitaminas e propriedades do cogumelo, assim a produção
atende diretamente aos interesses dos consumidores de produtos orgânicos e pessoas que
buscam alternativas para substituir as proteínas encontradas na carne.
Pode-se então supor que existe uma tendência do produtor brasileiro em optar pelo
produto in natura - assim, por exemplo, desde 2008 o consumo aumentou em 80%, saltando
para 1.171toneladas, segundo a CEAGESP (2013).
A Tabela 1, apresentada em seguida, ilustra quais são os principais produtores de
cogumelos no mundo.

Tabela 1 – Dez principais produtores de cogumelos e trufas, 2000/2013


Países Quantidade Produzida (Ton.)
2000 2011 2013
China 2.400.000 5.658.972 7.068.102
Itália 72.492 761.858 792.000
EUA 383.830 390.902 406.198
Holanda 265.000 304.000 323.000
Polônia 113.479 220.000 220.000
Espanha 63.254 146.100 149.700
França 203.811 115.696 104.621
Canadá 80.241 78.930 81.788
Reino Unido 89.900 70.740 79.500
Irlanda 59.800 57.700 63.600
Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations. Statistics Division.
Disponível em <http://faostat3.fao.org/search/*/E>. Acesso em 17/09/2015.

É nítida a crescente produção ao longo do tempo, em destaque para o mercado Europeu


que vem amadurecendo suas técnicas no cultivo de cogumelos e trufas, porém a China ainda
controla o mercado mundial de cogumelos.
8.000.000
7.000.000
6.000.000
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
0
2000 2011 2013

China Itália EUA Holanda Polônia

Figura 2 – Cinco principais produtores de cogumelos e trufas, 2000/2013


Fonte: Produzido a partir dos dados da Tabela 1 anterior.

No Brasil a produção ainda é pequena quando comparada à dos grandes produtores. De


acordo com a ANPC, estima-se que o país produza 12 mil toneladas/ano de produtos in natura.
A produção está concentrada principalmente na região de Mogi das Cruzes, no estado de São
Paulo e em Castro, no Paraná, que são responsáveis por 95% da produção dos fungos in natura
brasileira (ANPC, 2013).
É estimado que o Brasil possua em sua maioria micro e pequenos agricultores que tem
na atividade a sua principal fonte de renda, gerando 3.000 empregos diretos (ANPC, 2013).
Os principais produtos comercializados no Brasil são o Champignon de Paris,
responsável por 70% da produção de fungos brasileira, o Shimeji, o Shitake e o Agaricus Blazei
(ANPC, 2013). A Tabela 2, apresentada em seguida, ilustra a produção brasileira desses
cogumelos por ano em 2011.

Tabela 2 - Espécies de cogumelos cultivadas no Brasil, 2011


Espécies de cogumelos Produção (Ton./Ano)
Agaricus Bisporus (Champignon de Paris) 8.000
Pleurotus Ostreatus (Shimeji) 2.000
Lentinula Edodes (Shitake) 1.500
Agaricus Blazei (Cogumelo do Sol) 500
Fonte: Associação Brasileira de Produtores de Cogumelos (ANPC) (2011).

O maior consumidor mundial de fungos é a China, seguido da Coréia do Sul, Estados


Unidos e Alemanha. O consumo per capita de cogumelos no Brasil é baixo, já que o mercado
consumidor ainda é muito restrito. Segundo a ANPC o consumo é de aproximadamente 160
gramas per capita anuais, o que decorre da falta de tradição culinária e do desconhecimento em
relação aos cogumelos, seus benefícios e até mesmo de como prepará-los (ANPC, 2013).
O consumo em alguns países europeus como a França, a Itália e a Alemanha é superior
a 2 kg per capita por ano e em países asiáticos como a China e a Coréia do Sul o consumo pode
chegar a 8 kg de cogumelos por habitante. Segundo dados da Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) o consumo do produto cresceu expressivamente
nos últimos cinco anos.
O consumo de Agaricus Blazei no Brasil, embora seja nativo da região, ainda é
considerado inexpressivo porque ele é reconhecido somente como complemento alimentar,
enquanto nos EUA e Japão é considerado um medicamento. Desta maneira, 95% da produção
de Agaricus Blazei no Brasil é exportada (ANPC, 2013).
Assim este estudo foi feito sobre o cultivo de Cogumelo do sol e sua venda para
intermediários com a finalidade de exportação, que é diretamente beneficiado pelo aumento do
Dólar frente a moeda brasileira. O estudo, portanto, aborda uma oportunidade criada pela baixa
produção nacional de Agaricus Blazei e uma alta demanda internacional que não é suprida
(GUIRRA, 2014).

1.2 – O AGARICUS BLAZEI

O Agaricus Blazei, popularmente conhecido como Cogumelo do Sol, é um


decompositor primário de madeira e de resíduos vegetais, podendo ocorrer naturalmente em
florestas tropicais e subtropicais ou então ser cultivado artificialmente (MAZIERO,1990; WU
et al., 2004). É nativo da região sudeste do Brasil, trata-se de um fungo saprófita do grupo dos
basidiomicetos que se desenvolvem em clima ameno e úmido (ABE, 2002).
Atualmente sua utilização principal é como complemento alimentar, sendo uma das
espécies mais difundidas no mundo, consumido desidratado em chás, pedaços ou cápsulas,
porém ainda em pouca escala no Brasil. Este fungo frutifica em cogumelos muito frágeis e
sensíveis ao toque (ABE, 2002). Também possui níveis nutricionais elevados e baixo índice de
calorias, o que o torna ideal para dietas. Outro benefício apontado por estudos clínicos refere-
se à sua eficiência no combate a diversas doenças, como o câncer, e no controle do colesterol,
além de fortalecer o sistema imunológico central (COGUMELO ON LINE, 2014).
O Cogumelo do Sol pode ser produzido em praticamente qualquer lugar do Brasil, se
alimenta principalmente da decomposição da madeira e outros matérias orgânicas, podendo ser
produzido em sacos com substratos ou canteiros (ABE, 2002).
O substrato é a principal fonte de nutrientes do fungo, pode ser formado de serragem,
palha, bagaço de cana ou folha de bananeira enriquecida com farelos de trigo, de arroz, de
mandioca, de soja ou de aveia, sendo também acrescentado a cal ou o carbonato de cálcio para
regular o pH. O cultivo em serragem tem uma produtividade substancialmente melhor do que
a obtida com a utilização dos outros elementos devido à alta concentração de nitrogênio
(CARDONCELLO, 2003).
Quanto maior for a quantidade de farelo utilizada, mais rápida será a produção, porém
maior será o risco de que outros fungos se desenvolvam com velocidade superior à do Agaricus
Blazei, tornando-se então ainda mais importante o controle do ambiente para evitar
contaminação (CARDONCELLO, 2003).
O cogumelo produzido em substrato possui um curto período de produção,
aproximadamente 20 a 35 dias em condições ideias, e frutifica três vezes com o mesmo
composto, com produção cada vez menor, sendo o substrato descartado ou vendido como adubo
após esse tempo (OIE, 2013). Em média espera-se que o substrato venha a gerar 1,5% de
cogumelos desidratados (GUIRRA, 2014).
As frutificações ocorrem em intervalos irregulares, com picos de produção a cada sete
dias. Após estar no ponto de colheita existe o prazo máximo de três dias até que o mesmo seja
colhido, lavado, cortado e desidratado ou perderá totalmente seu valor comercial.
Quando produzido a partir de composto é conhecido como cultivo axênico, uma técnica
que permite a produção continuamente durante todo o ano, devido a um melhor controle do
ambiente. O cultivo axênico ainda propicia uma frutificação mais rápida e uma produtividade
melhor, podendo ser produzido em salas e barracões (GUIRRA, 2014).
O cultivo axênico é uma nova tendência que vem sendo amplamente utilizada pelos
produtores nacionais. Na década de 1980 somente o Champignon de Paris possuía técnicas
avançadas de produção e os cogumelos como Shimeji e Shitake eram produzidos em toras, o
que prejudicava muito sua produção em escala comercial (OIE, 2013).
O principal risco da produção do Agaricus Blazei está relacionada a fatores externos ao
controle do produtor, demandando cuidados específicos como garantia de ar puro, clima ideal
e umidade alta para que a oferta seja estável. Assim, por exemplo, uma variação de temperatura
persistente acima dos 31º C ou abaixo dos 5º C pode levar à perda total da produção. Pela
mesma razão, precisa de um ambiente controlado para que o composto onde se reproduz não
fique exposto à contaminação por outros fungos. Nesse sentido, o sucesso do negócio também
está intimamente ligado a qualidade do composto adquirido, sendo necessárias garantias da
origem do mesmo (ABE, 2002).
Por estas e outras peculiaridades, o cogumelo é uma especiaria que possui um alto valor
agregado e é uma atividade de alto risco, pois está intimamente ligado a condições climáticas,
conforme informações passadas pelo consultor de cultivo, produtor e fornecedor atacadista de
composto do cogumelo, Carlos Abe, da cidade de São José dos Campos, São Paulo1.

1
Entrevista realizada em São José dos Campos, São Paulo, no treinamento de cultivo de Agaricus Blazei realizado
na Fazenda Guirra por Tiago Félix no dia 26 de setembro de 2015.
CAPÍTULO 2
VIABILIDADE ECONÔMICA

O cultivo do cogumelo Agaricus Blazei exige investimento baixo e é muito rentável,


podendo ser produzidos sem climatização em regiões com temperaturas favoráveis e em
algumas épocas do ano (GUIRRA, 2014).
O produtor pode começar na atividade com pouca estrutura se iniciado na época certa
do ano, não sendo possível produzir com bom resultado nos meses entre Fevereiro e Maio sem
a estrutura adequada, conforme informações obtidas com o consultor de cultivo e produtor, José
Carlos Pereira, da cidade de Mairiporã, São Paulo.
Para iniciar a produção em ambiente aberto, os investimentos iniciais em estrutura para
um cultivo de 200 m² são estimados em R$7.601,00, a preços de 2015, para uma estufa de
madeira com canteiros, higrômetros, balança e um desidratador com capacidade para produzir
60 kg de Agaricus Blazei desidratado ao longo de 120 dias (GUIRRA, 2014).
O substrato, já inoculado, pode ser adquirido de produtores maiores ao custo de R$0,95
o quilo, a preços de 2015, mais o custo do transporte, conforme informações obtidas
diretamente junto ao consultor de cultivo, produtor e fornecedor atacadista de composto do
cogumelo, Carlos Abe.
Os custos variáveis como o composto, o transporte, o gás e o frete para distribuição
podem ser estimados em R$6.375,00, enquanto os gastos fixos se situam em R$2.101,60, a
preços de 2015, conforme dados coletados na cidade de São João Del Rei e descriminados a
seguir.
Sendo assim, o investimento inicial para o cultivo é de aproximadamente R$16.000,00,
a preços de 2015. A mão de obra pode ser suprida pelo próprio produtor e sua família, haja vista
que a produção de cogumelos não necessita de um grande volume de cuidados por pessoal
(SILVEIRA, 2012).
A Tabela 3, apresentada em seguida, lista os elementos e os valores de custo que
compõem o valor total dos investimentos iniciais que devem ser realizados pelo produtor
interessado nesse tipo de empreendimento.
A produtividade média do composto é de 1,5% de cogumelos desidratados, portanto os
5.000 kg de substrato produzirão 600 kg de Agaricus Blazei tipo A entre os primeiros 40 e 60
dias. Após desidratada, essa produção renderá 60 kg de cogumelo desidratado com valor de
mercado no atacado de R$250,00/kg, o que permitirá gerar um faturamento bruto por período
de R$15.000,00 (SEBRAE, 2014).

Tabela 3 - Investimentos iniciais requeridos, a preços de 2015.


Item de Custo Quantidade Valor Unitário (R$) Valor Total (R$)
Mourões – Serraria Agostini ltda 28 unidades 8,00 224,00
Lona – Ferbom ltda 200 metros 12,00 840,00
Armação metálica – Ferro Velho
2 unidades 500,00 1000,00
São João ltda
Pallets para canteiros - Serraria
100 unidades 3,00 300,00
Agostini ltda
Higrômetros – Mercado Livre 2 unidades 106,00 212,00
Desidratador – Meloni ltda 1 unidade 5000,00 5000,00
Balança – Mercado Livre 1 unidade 25,00 25,00
Total 7601,00
Fonte: Dados coletados na cidade de São João Del Rei em 28 de Outubro de 2015.

A Tabela 4, apresentada em seguida, indica os itens de custo variável para a produção


do Cogumelo do Sol.

Tabela 4 – Custo Variável para produção de 60 kg de Agaricus Blazei desidratado, a preços de


2015.
Valor Total (em
Item de Custo Quantidade
Valor Unitário (em R$1,00) R$1,00)
Composto – Produtor
5000 kilos 0,95 4750,00
Ricardo Carvalho
Frete do composto – São
1 frete 1000,00 1000,00
Sebastião do Paraiso, MG
Botijão de gás 45 kg –
4 unidades 55,00 220,00
Super Gas Bras ltda
Sacos de polipropileno –
150 unidades 0,70 105,00
Fazenda Guirra ltda
Frete dos produtos prontos
1 frete 300,00 300,00
– Camilo dos Santos ltda
Total 6375,00
Fonte: Dados coletados na cidade de São João Del Rei em 28 de Outubro de 2015.

O composto exaurido, subproduto da produção de cogumelos, também pode ser vendido


como adubo orgânico para utilização em hortas por até R$500,00/ton., gerando uma receita
indireta de até R$2.500,00.
No presente trabalho não foi realizada uma análise dos retornos econômicos da
utilização deste composto exaurido, tecnicamente identificado como biomassa residual do pós-
cultivo dos cogumelos comestíveis (SIQUEIRA et alii, 2015). Segundo os autores, esse
material é “rico em carboidratos (celulose, hemicelulose e hexoses/pentoses solúveis), proteínas
microbianas, enzimas e bioativos, que poderiam ser explorados comercialmente, interagindo
assim com outras atividades agroindustriais e biotecnológicas” tais como (SIQUEIRA et al.,
2015, p. 138).
A Tabela 5, apresentada em seguida, indica a composição dos custos fixos para a
produção de 60 Kg do Cogumelo do Sol desidratados. Com faturamento anual estimado em R$
50.000,00 o pequeno produtor pode se enquadrar no Simples Nacional optando por ser Micro
Empreendedor Individual (MEI) (SEBRAE, 2014).

Tabela 5 – Custo Fixo para produção de 60 kg de Agaricus Blazei desidratado, a preços de


2015.
Item de Custo Quantidade Valor Unitário (R$) Valor Total (R$)
Agua / Luz 4 meses 50,00 200,00
Manutenção e Depreciação 4 meses 126,00 504,00
Custo de oportunidade 4 meses 300,00 1200,00
Imposto ( MEI ) 4 meses 49,40 197,60
Total 2101,60
Fonte: Dados coletados na cidade de São João Del Rei em 28 de Outubro de 2015.

Como o terreno de 200m² também poderia ser utilizado para outros fins, foi considerado
um custo de oportunidade no valor de R$ 300,00 mensais, portanto espera-se que o produtor,
com um investimento inicial de R$16.000,00 tenha um faturamento de R$16.250,00
comercializando a produção no atacado. A Tabela 6, apresentada em seguida, ilustra os
resultados obtidos com a produção e comercialização do Cogumelo do Sol, de acordo com os
dados apresentados até o momento.

Tabela 6 - Resultado da empresa


Descrição Valor Total (em R$1,00) %
Receitas diretas 15.000,00 92%
Receitas indiretas 1.250,00 8%
Receitas totais 16.250,00 100%
Custos variáveis 6.375,00 39%
Margem de contribuição 9.875,00 61%
Despesas fixas 2.101,60 13%
Resultado 7.773,40 48%
Fonte: Produzido a partir dos dados das Tabelas 3, 4 e 5 anteriores.
O fluxo de caixa é uma ferramenta que representa as entradas, receitas efetivas, saídas
e dispêndios efetivos, cuja diferença é denominado fluxo líquido (NORONHA, 1987). A Tabela
7, apresentada em seguida, ilustra o fluxo de caixa para um período de cinco anos do
empreendimento de produção do cogumelo Agaricus Blazei, conforme os dados demonstrados
até o momento.

Tabela 7 – Fluxo de Caixa


ANO 0 ANO 1 ANO 2
Caixa da empresa R$ 16.000,00 R$ 8.399,00 R$ 23.242,60
Invest. inicial -R$ 7.601,00
Despesas operacionais -R$ 33.906,40 -R$ 25.429,80
Receita R$ 48.750,00 R$ 48.750,00
Receita residual
Resultado do exercício R$ 14.843,60 R$ 23.320,20
ANO 3 ANO 4 ANO 5
Caixa da empresa R$ 46.562,80 R$ 69.883,00 R$ 93.203,20
Invest. inicial
Despesas operacionais -R$ 25.429,80 -R$ 25.429,80 -R$ 25.429,80
Receita R$ 48.750,00 R$ 48.750,00 R$ 48.750,00
Receita residual R$ 1.520,20
Resultado do exercício R$ 23.320,20 R$ 23.320,20 R$ 24.840,40
Fonte: Produzido a partir dos dados das Tabelas 3 a 6 anteriores.

2.1- AVALIAÇÃO FINANCEIRA

Antes de proceder à avaliação financeira desse tipo de empreendimento, deve-se


ressaltar que todo negócio agrícola está intimamente ligado às variações nas condições
climáticas, podendo portanto existir períodos com produção zero. Cogumelos são produtos
delicados, podendo existir perda de produtos caso sejam manuseados da maneira incorreta
sendo este outro risco a ser considerado (ABE, 2002).
De acordo com Azevedo et alii (2013), podem também ser apontados outros riscos, tais
como o fornecimento irregular de matéria-prima e de suporte de base (substratos e sementes)
de boa qualidade para a formação do composto; o acesso a assistência técnica; e o acesso aos
principais canais de comercialização, que de acordo com os autores são os supermercados e
hipermercados. Para o produtor rural, que geralmente não tem conhecimentos específicos
sobre comercialização e vendas, a ausência de acesso aos principais canais de comercialização
dificultaria a viabilidade do projeto. Por esse motivo, inclusive, a comercialização é feita
principalmente com atravessadores para suprir a demanda externa (visto que a demanda
nacional não é grande).
Portanto, o exercício financeiro apresentado em seguida leva em consideração a
existência de condições favoráveis, por não ser possível mesmo para o produtor prever com
certeza em que momentos poderá sofrer com mudanças naturais.
Outra observação importante é que o produtor pode também ter seu faturamento
maximizado se vender diretamente para exportação, já que existe uma alta demanda e o valor
do quilo do Agaricus Blazei pode chegar a R$500,00, aumentando de forma substancial o
faturamento (ABE, 2002). A produção de Agaricus Blazei se enquadra no Exporta Fácil da
Empresa Brasileira de Correios (CORREIOS, 2015), o que facilita o processo de exportação e
pode constituir fonte de aumento de receitas.
É por meio da avaliação financeira que se verifica a viabilidade de investir no projeto,
ou seja, fazer a análise de lucratividade e estabilidade dos recursos financeiros utilizados.
Conforme sugerem Noronha e Duarte (1995), investir em um projeto produtivo de vida limitada
– isto é, realizar um projeto de investimento que requeira a mobilização de bens de produção
num determinado prazo com a expectativa de gerar retornos econômicos (lucros) – implica a
necessidade por parte do gestor do projeto de realizar a quantificação monetária dos insumos e
produtos associados a ele.
Para Gitman (2001) a análise de qualquer projeto de investimento exige que se faça uma
avaliação da viabilidade econômico-financeira. Para isso, é importante compreender o tempo
dos fluxos de caixa, ou seja, o movimento do valor do dinheiro ao longo do tempo (já que uma
unidade monetária no momento presente vale mais do que outra que será recebida em um
momento futuro). Nesse sentido, tendo em vista o montante de recursos monetários a serem
dispendidos pelo investidor podem representar um volume considerável que podem
comprometer o desenvolvimento da própria atividade, Gitman (2001) aponta que é necessário
adotar procedimentos para analisar e selecionar apropriadamente as decisões a serem tomadas
– e por isso é também fundamental mensurar os fluxos de caixa relevantes e aplicar as técnicas
de decisão apropriadas para cada projeto.
No caso da presente monografia, para realizar esse mapeamento serão utilizados alguns
métodos. Os principais instrumentos utilizados para fazer a análise serão: a Taxa Interna de
Retorno (TIR), o Valor Presente Líquido (VPL), o Período de Retorno do Capital (Payback) e
o Ponto de equilíbrio.
O Valor Presente Líquido (VPL), também conhecido como Valor Atual Líquido (VAL)
ou método do Valor Atual, é a fórmula matemático-financeira capaz de determinar o valor
presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do
investimento inicial.
Basicamente, é o cálculo de quanto os futuros pagamentos somado a um custo inicial
estariam valendo atualmente. Para calcular o Valor Presente Líquido foi utilizada uma taxa de
14%, taxa mais próxima à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
(Selic). Com base no fluxo de caixa da empresa, o VPL encontrado foi de R$51.240,41.
Esse valor, por ser maior que zero, significa que o projeto é viável. Ou seja, a empresa
vai obter um retorno maior que o seu investimento (SAMANEZ, 2002). A Tabela 8, apresentada
em seguida, indica o comportamento do fluxo de caixa de acordo com o método do VPL.

Tabela 8 - Fluxo de Caixa


PERÍODO FLUXO DE CAIXA (R$)
ANO 0 -16.000,00
ANO 1 14.843,60
ANO 2 23.320,20
ANO 3 23.320,20
ANO 4 23.320,20
ANO 5 24.840,40
Fonte: Produzido a partir dos dados da Tabela 7 anterior.

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é uma taxa de desconto hipotética que, quando
aplicada a um Fluxo de caixa, faz com que os valores das despesas, trazidos ao valor presente,
seja igual aos valores dos retornos dos investimentos, também trazidos ao valor presente
(SAMANEZ, 2002).
A Taxa Interna de Retorno do empreendimento analisado foi de 115% em cinco anos.
Isso mostra que vale a pena investir porque se ganhará mais investindo no projeto do que em
outras fontes como Fundos de Renda Fixa, Fundos baseados na Selic etc.
Tabela 9: Rentabilidade de aplicações financeiras nos últimos 12 meses
Referência 12 meses
Dólar 37%
Ouro 30%
Selic 14%
Inflação 9%
Poupança 8%
CDI 8%
Ibovespa -10%
Desempenho médio das empresas de agronegócio listados na Bovespa -11%
Fonte: Produzido a partir de dados disponíveis em <http://br.advfn.com/>. Acessado em
28/10/2015.

O Payback teve como resultado 8 meses. Como este mostra o tempo que uma empresa
necessita funcionar para que o capital investido seja recuperado, percebemos que o valor
investido será recuperado em pouco menos de sete meses, o que é outro indicador de ótimo
investimento.
Na análise empírica a ferramenta utilizada foi a chamada de Ponto de Equilíbrio, por
meio da qual é possível medir o nível mínimo de produção e de venda em que o cultivo pode
funcionar sem prejuízos. O Ponto de Equilíbrio é igual ao custo fixo sobre a diferença entre a
receita e o custo variável. Assim, tem-se:

N=Custo Fixo/ (Receita-Custo Variável) = 2.101,60/(16.250,00-6.375,00) = 21%

Então, a produção poderá funcionar com apenas 21% da sua capacidade projetada sem
obter prejuízos. Portanto, o empreendimento é de baixo risco.

2.2 - AVALIAÇÃO DE RISCO

O valor encontrado para a lucratividade da empresa foi de 48%, conforme os dados


apresentados até o momento. Isso mostra que a cada R$100,00 vendidos, a empresa terá um
ganho de R$48,00.
As despesas fixas representam somente 13% da despesa total, com margem e
lucratividade expressivas sendo o ponto de equilíbrio de R$3.445,25, o que torna o risco do
negócio aproximadamente 21%.
A rentabilidade para os sócios é de aproximadamente 12% ao mês, tornando assim um
negócio de baixo risco e alto retorno segundo a avaliação do gestor de projeto de cogumelos do
Sebrae/MG, Armírio Duque de Oliveira Neto (SEBRAE, 2014).
A Tabela 10, apresentada em seguida, ilustra os indicadores financeiros desse
empreendimento.

Tabela 10 – Indicadores Financeiros


MARGEM NAS VENDAS 61%
LUCRATIVIDADE 48%
PONTO DE EQUILIBRIO 3.445,25
RENTABILIDADE 12%
PAYBACK 8 meses
Fonte: Produzido a partir dos dados das Tabelas 3 a 8 anteriores.

A avaliação de risco do empreendimento mostrou-se favorável, ou seja, a produção de


cogumelos em pequena escala é um investimento viável. Essa análise demonstra que ao investir
nesse empreendimento existe grande probabilidade de obtenção de lucros.
Os resultados encontrados corroboram análises anteriores que indicaram resultados de
viabilidade econômica favoráveis para o cultivo de cogumelos no Brasil, ainda que não tenham
sido aplicadas ao mesmo tipo de cogumelo analisado no presente trabalho.
Assim, Paula, Tarsitano e Graciolli (2001) analisando o caso da produção de cogumelo
Shiitake no estado de São Paulo, indicam que o cultivo deste cogumelo é uma alternativa
rentável de diversificação de atividades agrícola e que a produção do mesmo é viável em
maiores escalas de produção.
Mafra (2005) aponta para a viabilidade do cultivo do Cogumelo do Sol em uma
propriedade estudada pelo autor com um ponto de equilíbrio de 32,63 kg por cultivo – valor
que é reduzido para 25,46 kg não sendo considerada a depreciação, o que torna o negócio
rentável.
Analisando o caso de um projeto de investimento sob a forma de um plano de negócios
para uma empresa produtora de Champignon de Paris, Santos (2011) concluiu que a mesma
apresenta 16% da receita líquida no primeiro ano de operação, aumentando essa participação
para 57% no quinto ano, um Payback de dois anos e dois meses, TIR de 4,6% ao mês e fluxos
de caixa positivos desde o início da operação.
Silva (2013), analisando um projeto de investimento para produção de cogumelo
Shiitake em Portugal, concluiu pela viabilidade da iniciativa discutida, que funde um projeto
agroecológico com as perspectivas do desenvolvimento de atividade turísticas em um contexto
de retração da renda rural, indicando que ela possui um risco global moderado.
CONCLUSÃO

Levando em consideração as características do negócio de produção de cogumelos,


exemplificado no caso da presente monografia pelo cultivo do cogumelo Agaricus Blazei, tendo
em vista o valor investido e os índices financeiros encontrados, foi identificada uma
rentabilidade expressiva levando em consideração o risco do investimento.
Analisando os indicadores de viabilidade encontra-se um Payback de 8 meses,
sinalizando um investimento com rápido retorno. A avaliação de risco mostra que somente 21%
da capacidade de produção e venda precisa ser utilizada para que o negócio encontre o ponto
de equilíbrio.
A lucratividade expressiva de 48% ao ano, somada aos excelentes indicadores de TIR e
de VPL, tornam esse um investimento muito atrativo, principalmente considerando as atuais
condições macroeconômicas.
Como sugestão para o desenvolvimento futuro do presente trabalho, fica a reflexão
apresentada por Silva (2013):

Analisados os mais importantes e mais amplamente utilizados métodos,


critérios e métricas (VAL, TIR e PRI), podemos concluir que uma análise
financeira não é um simples exercício de matemática, exige uma aproximação
cuidadosa, pois nem sempre os projetos têm uma métrica financeira que dita
com certeza absoluta o sucesso ou insucesso de um projeto, mas várias que se
conjugam para dar uma melhor visão ao gestor do escopo financeiro do
projeto. Conclui-se ainda, que um projeto deve ser apreciado também pelo
lado intangível, sendo que nem todo o sucesso se deve à parte financeira do
projeto, mas sim à conjugação do seu âmbito com os demais benefícios que
fazem a sua realização viável ou não dentro da política interna da empresa que
espera desenvolvê-los.
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