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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

COGUMELO
SHIMEJI -
PRODUÇÃO E
COLHEITA
“O SENAR-AR/SP está permanentemente
empenhado no aprimoramento profissional e
na promoção social, destacando-se a saúde
do produtor e do trabalhador rural.”
FÁBIO MEIRELLES
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Gestão 2020-2024

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

JOSÉ CANDEO SERGIO ANTONIO EXPRESSÃO


Vice-Presidente Diretor 2º Secretário

EDUARDO LUIZ BICUDO FERRARO MARIA LÚCIA FERREIRA


Vice-Presidente Diretor 3º Secretário

MARCIO ANTONIO VASSOLER LUIZ SUTTI


Vice-Presidente Diretor 1º Tesoureiro

TIRSO DE SALLES MEIRELLES PEDRO LUIZ OLIVIERI LUCCHESI


Vice-Presidente Diretor 2º Tesoureiro

ADRIANA MENEZES DA SILVA WALTER BATISTA SILVA


Diretor 1º Secretário Diretor 3º Tesoureiro

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL


ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONSELHO ADMINISTRATIVO

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

DANIEL KLÜPPEL CARRARA SUSSUMO HONDO


Representante da Administração Central Representante do Segmento das Classes Produtoras

ISAAC LEITE JOSÉ MAURÍCIO DE MELO LIMA VERDE


Presidente da FETAESP GUIMARÃES
Representante do Segmento das Classes Produtoras

MÁRIO ANTONIO DE MORAES BIRAL


Superintendente

JAIR KACZINSKI
Gerente Técnico
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

COGUMELO SHIMEJI -
PRODUÇÃO E COLHEITA

São Paulo - 2020


IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

SUPERVISÃO GERAL
Teodoro Miranda Neto
Chefe da Divisão de Formação Profissional Rural do SENAR-AR/SP

RESPONSÁVEL TÉCNICO
Elton Hidemitsu Koroiva
Técnico da Divisão Técnica SENAR-AR/SP

AUTORES
Giani Miwa Nibu
Suzana Lopes de Araújo
Wladir Vieira

COLABORADOR
Sítio ______

REVISÃO GRAMATICAL
André Pomorski Lorente

DIAGRAMAÇÃO
Felipe Prado Bifulco
Diagramador do SENAR-AR/SP

Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO..............................................................................................................................................7
I - CONHECER A ATIVIDADE .......................................................................................................................... 9
1. Histórico geral...................................................................................................................................... 9
2. Histórico do cogumelo Shimeji............................................................................................................. 9
3. Importância econômica dos cogumelos............................................................................................. 10
II - CONHECER A BIOLOGIA DOS COGUMELOS........................................................................................ 12
1. Morfologia.......................................................................................................................................... 13
2. Ciclo de vida....................................................................................................................................... 15
3. Habitat................................................................................................................................................ 16
4. Nutrição.............................................................................................................................................. 17
5. Linhagem........................................................................................................................................... 17
III - IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL E ............................................................................................................ 19
TERAPÊUTICA DOS COGUMELOS AGARICALES...................................................................................... 19
IV - CONHECER AS ETAPAS DE PRODUÇÃO DO COGUMELO SHIMEJI................................................. 21
1. Conheça o preparo do meio de cultivo.............................................................................................. 21
Exercício 1............................................................................................................................................. 25
Exercício 2............................................................................................................................................. 31
Exercício 3............................................................................................................................................. 31
2. Conheça a compostagem.................................................................................................................. 32
3. Conheça o envasamento do meio de cultivo..................................................................................... 33
4. Conheça o tratamento térmico do meio de cultivo............................................................................. 33
5. Conheça a inoculação do micélio...................................................................................................... 37
6. Conheça a incubação........................................................................................................................ 39
7. Conheça a frutificação....................................................................................................................... 39
8. Conheça a colheita............................................................................................................................ 42
9. Conheça a embalagem...................................................................................................................... 43
10. Conheça o descarte do meio de cultivo exaurido............................................................................ 44
V - CONHECER AS PRAGAS E DOENÇAS NA PRODUÇÃO DO COGUMELO SHIMEJI........................... 45
1. Fungos .............................................................................................................................................. 45
2. Outras pragas.................................................................................................................................... 47
VI - FAZER A PRODUÇÃO DE COGUMELO SHIMEJI EM SUBSTRATO..................................................... 51
1. Prepare o substrato............................................................................................................................ 51
2. Envase o substrato............................................................................................................................ 61
3. Faça o tratamento térmico................................................................................................................. 66
4. Faça a inoculação.............................................................................................................................. 72
5. Faça a incubação............................................................................................................................... 76

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6. Faça a frutificação.............................................................................................................................. 79
7. Faça a colheita................................................................................................................................... 81
8. Faça a embalagem............................................................................................................................ 84
9. Descarte o material exaurido............................................................................................................. 89
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................91

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APRESENTAÇÃO

O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23
de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992,
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve
a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.

Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São


Paulo - FAESP, Edifício Barão de Itapetininga - Casa do Agricultor Fábio de Salles
Meirelles, o SENAR-AR/SP tem, como objetivo, organizar, administrar e executar, em todo
o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais
dos trabalhadores e produtores rurais que atuam na produção primária de origem animal e
vegetal, na agroindústria, no extrativismo, no apoio e na prestação de serviços rurais.

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e


econômico do Homem do Campo e, consequentemente, a melhoria das suas condições
de vida, o SENAR-AR/SP elaborou esta cartilha com o objetivo de proporcionar, aos
trabalhadores e produtores rurais, um aprendizado simples e objetivo das práticas agro-
silvo-pastoris e do uso correto das tecnologias mais apropriadas para o aumento da sua
produção e produtividade.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento
para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.

Fábio de Salles Meirelles


Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

“Plante, Cultive e Colha a Paz”

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I - CONHECER A ATIVIDADE

1. HISTÓRICO GERAL

Os cogumelos são conhecidos pela humanidade desde os primórdios da sua história, por
sua toxidez ou pelas suas propriedades nutricionais e medicinais.

Na grande maioria das civilizações, os cogumelos têm sua maior utilização no consumo
alimentar; no entanto, ao longo do tempo, muitas lendas foram criadas sobre os cogumelos,
sendo que algumas civilizações os tinham até como uma entidade divina.

No Brasil, a fungicultura teve início por volta de 1950 na região de Mogi das Cruzes – SP,
em decorrência da imigração japonesa, italiana e chinesa, que trouxe o hábito do consumo
de cogumelos na alimentação, levando, consequentemente, ao início da sua produção para
atender a esta nova demanda no país.

O início da produção de cogumelos no Brasil deu-se com a implantação de sistemas de


cultivos mais rústicos e com baixa eficiência e, com o aumento da demanda, viu-se a
necessidade de implantar novas tecnologias para o aumento da eficiência da produção, as
quais exigiam investimentos mais altos.

No entanto, mesmo com o aumento da demanda, o consumo de cogumelos no Brasil ainda


não era grande o suficiente para justificar grandes investimentos na produção, sendo este
um fator limitante no desenvolvimento da atividade fungícola à época.

No Brasil são produzidas em escala comercial apenas as espécies: Agaricus sp (Champignon


de Paris, Agaricus blazei), Pleurotus sp (Shimeji) e Lentinula edodes (Shiitake).

Atualmente percebe-se um crescimento no consumo de cogumelos pelo país devido à


procura de alimentos saudáveis e à popularização da culinária oriental. Concomitante a
esse fato, houve um incremento na produção, especificamente, do cogumelo Shimeji pela
facilidade no seu cultivo.

2. HISTÓRICO DO COGUMELO SHIMEJI

A produção do cogumelo Shimeji teve início no Japão onde, dentre todas as espécies, é
considerado o mais saboroso e aromático. No Japão, o “verdadeiro Shimeji” é conhecido
como Hon-shimeji e refere-se ao cogumelo do gênero Lyophyllum shimeji, o qual não é
comercialmente cultivado pela sua alta complexidade de produção.

O shimeji produzido no Brasil é o cogumelo do gênero Pleurotus SP, devido a sua melhor
adaptação às condições climáticas, à facilidade de cultivo e por apresentar grande
semelhança ao Hon-shimeji.

Os cogumelos do gênero Pleurotus sp apresentam um menor custo de cultivo devido a sua


maior capacidade de colonizar uma imensa variedade de materiais, por se desenvolver em
uma grande amplitude térmica e, portanto, apresentar uma maior viabilidade produtiva. Por
esse motivo é a segunda variedade de cogumelo mais cultivada no mundo.
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3. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DOS COGUMELOS

A produção comercial de cogumelos no mundo todo está em plena expansão. Inúmeras


pesquisas indicam que no ano de 1996 havia uma produção de 4,3 milhões de toneladas
de cogumelo por ano, já em 2010 a produção atingiu a marca de 25 milhões de toneladas.

No gráfico abaixo é possível verificar a evolução mundial na produção de cogumelos:

Segundo dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o


Estado de São Paulo passou de 265 produtores de cogumelos distribuídos em 30 municípios
em 2008 para 505 produtores em 93 municípios no ano de 2016, com uma produção de
aproximadamente 12 mil toneladas ao ano.

Diversos fatores justificam o aumento da demanda de cogumelos no mercado brasileiro.


Entre elas podemos citar:

• Expressivo aumento de restaurantes voltados para a culinária oriental;

• Melhor eficiência no cultivo de alguns cogumelos e, consequentemente, uma redução


no custo de produção;

• Aumento da divulgação em diversos meios de comunicação, levando informações sobre


as propriedades nutritivas e medicinais dos cogumelos;

• Aumento do consumo de produtos naturais.

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Outro fator relevante refere-se ao consumo per capita de cogumelos no Brasil, o qual pode
ser considerado muito baixo quando comparado a outros países, conforme o gráfico abaixo.

Atualmente, o mercado mundial de cogumelos movimenta cerca de US$ 35 bilhões/ano e


a estimativa é de que a atividade apresente um crescimento de 9% até 2021.

Para o Brasil esta expectativa é ainda maior, uma vez que o país produz internamente
o suficiente para atender apenas 51% do consumo, sendo o restante proveniente de
importações de outros países, principalmente da China.

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II - CONHECER A BIOLOGIA DOS COGUMELOS

Os cogumelos são organismos do reino Fungi, isto é, não pertencem ao reino vegetal (Flora)
e nem ao reino animal (Fauna), pois apresentam características de ambos os reinos, além
de suas próprias.

Os cogumelos são seres heterótrofos, ou seja, são organismos que necessitam ingerir ou
absorver moléculas orgânicas, minerais de outros seres vivos para obtenção de energia
e síntese das biomoléculas de que necessitam para o seu desenvolvimento. São também
saprófitas, pois absorvem moléculas orgânicas de organismos em decomposição. Estes
são os principais organismos recicladores de nutrientes do ecossistema global.

Existem inúmeros estudos para aprofundar os conhecimentos das características dos


cogumelos e para avaliar a sua aplicabilidade ao consumo humano. Em decorrência dessas
pesquisas, já foram confirmadas espécies de cogumelos consideradas como tóxicas,
venenosas, medicinais e comestíveis.

Atualmente, existem cerca de 45.000 espécies catalogadas de cogumelos; destas, 2.000


são consideradas comestíveis e 4.500, venenosas, sendo 30 letais aos seres humanos.
Apenas 10 espécies são cultivadas comercialmente no mundo.

De acordo com a sua morfologia, os cogumelos são classificados em diferentes grupos. Na


tabela 1 observa-se a classificação dos três cogumelos produzidos em escala comercial no
País, a saber: Agaricus sp (Champignon de Paris), Pleurotus ostreatus (Shimeji) e Lentinula
edodes (Shiitake).

Tabela 1: classificação de três espécies da ordem Agaricales


Classificação/
Shiitake Shimeji Champignon de Paris
Cogumelo
Reino Fungi Fungi Fungi
Divisão Eumycota Eumycota Eumycota
Subdivisão Basidiomycotina Basidiomycotina Basidiomycotina
Classe Hymenomycetes Hymenomycetes Hymenomycetes
Ordem Agaricales Agaricales Agaricales
Família Agaricaceae Agariacaceae Agaricaceae
Gênero Lentinula Pleurotus Agaricus
Espécie tipo Lentinula edodes Pelurotus ostreatus Agaricus bisporus
Adaptado de Urben et all (2017)

Como pode se observar, as três espécies apresentam classificações semelhantes, sendo


todas pertencentes à ordem Agaricales, só se diferenciando em nível de gênero.

Para compreendermos melhor a biologia dos cogumelos da ordem Agaricales, precisamos


conhecer a sua morfologia, seu ciclo de vida, seu habitat, sua nutrição e linhagens.

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1. MORFOLOGIA

Os cogumelos da ordem Agaricales apresentam basicamente a mesma estrutura morfológica,


conforme a figura 1.

Figura 1: Estrutura morfológica da ordem Agaricales

• Píleo - é a parte superior do cogumelo, conhecida também como chapéu;

• Estipe - é o “caule” do cogumelo;

• Lamelas ou himênio - estão localizadas na parte inferior do píleo e é onde ficam abrigados
os esporos;

• Esporos - também conhecidos como “sementes”, são a estrutura reprodutiva sexuada


dos cogumelos e ficam situados dentro das lamelas.

• Micélio - parte filamentosa subterrânea dos fungos, constituído pelas hifas.

• Hifas - parte filamentosa simples ou ramificada, semelhante a raízes das plantas. São a
estrutura reprodutiva assexuada dos fungos.

Conhecer os aspectos morfológicos dos cogumelos é importante para que possamos


determinar fatores como ponto e modo de colheita e forma de embalagem para as condições
de cultivo comercial.

Do ponto de vista morfológico, as três espécies mais produzidas no país (Pleurotus sp,
Lentinula sp e Agaricus sp) são da ordem Agaricales e apresentam algumas variações, a
saber:

1.1. Pleurotus sp

Nesse gênero encontram-se os cogumelos das espécies ostreatus, sajor caju, ostreatus
roseus, citrinopileatus e eryngii.

De maneira geral, os cogumelos desse gênero apresentam uma estipe curta, de formato
cilíndrico, e crescem em conjunto, geralmente no formato de cachos grandes. Além disso,
possuem uma grande variedade na coloração, podendo ser encontradas espécies nas cores
branca, creme, rosa ou salmão, marrom, cinza e amarela.

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Tipos de Pleurotus sp

Pleurotus citrino pileatus Pleurotus ostreatus roseus

Pleurotus sajor-caju Pleurotus ostreatus var

Pleurotus eringii
1.2. Lentinula sp

Dentre os cogumelos desse gênero pode-se destacar o Lentinula edodes, comumente


conhecido como cogumelo Shiitake.

Os cogumelos desse gênero caracterizam-se por apresentar estipe central de formato


cilíndrico, além de um chapéu carnoso, convexo, com a cor da superfície variando de pardo
a marrom escura, liso e com escamas triangulares.

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1.3. Agaricus sp

Nesse gênero destacam-se as espécies Agaricus bisporus e Agaricus blazei, conhecidos


comercialmente como champignon de Paris e cogumelo blazei, respectivamente.

Como características dos cogumelos desse gênero, verifica-se o estipe central com formato
cilíndrico, chapéu carnoso, convexo, liso e cor da superfície variando entre branca, parda
ou marrom clara.

2. CICLO DE VIDA

A forma de propagação dos cogumelos é composta por duas etapas, vegetativa e reprodutiva.

Na etapa reprodutiva, o cogumelo adulto produz e libera os esporos, os quais vão germinar
em ambiente apropriado e formar estruturas denominadas hifas. Por sua vez, as hifas vão
se fundir entre si formando o micélio, estrutura semelhante a raízes das plantas.

Na etapa vegetativa o micélio absorve nutrientes, água do substrato e, com isso, se


desenvolve formando estruturas diferenciadas denominadas brotos, os quais formarão os
cogumelos adultos.

Na natureza, ambas as etapas ocorrem concomitantemente, uma vez que ao mesmo tempo
em que há cogumelos adultos há também os micélios em desenvolvimento. Já nos sistemas
de cultivo comercial, ocorre apenas a etapa vegetativa, pois o ciclo é interrompido com a
colheita dos cogumelos adultos para a comercialização. Ocorre a liberação de esporos, mas
o ambiente é inapropriado à germinação.

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A figura 2 abaixo representa o ciclo de vida dos cogumelos na natureza, onde ocorrem as
etapas vegetativas e reprodutivas.

3. HABITAT

O habitat dos cogumelos é bastante diversificado, pois cada cogumelo apresenta condições
diferentes, que estão relacionadas com o seu modo de nutrição e com características
ambientais do local. Desta forma, podemos encontrar um maior número de espécies
em ambientes que possuem condições mais favoráveis, como florestas, e outras que só
aparecem em locais mais restritos, como pântanos.

Outros ambientes que podemos observar seu crescimento são: pastos, prados, dunas de
areia, regiões glaciares, alpinas, margens de estradas, parques e jardins. Abaixo é possível
observar alguns exemplos de habitat com o crescimento de cogumelos.

Possíveis habitats de cogumelos

Floresta Jardins Calçada

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4. NUTRIÇÃO

Os cogumelos, sendo organismos heterótrofos, têm a sua nutrição dependente de outros


seres vivos.

A nutrição dos cogumelos dá-se através dos micélios e das hifas. Os micélios, durante o seu
desenvolvimento, liberam enzimas no meio fazendo a degradação das matérias orgânica
e inorgânica, enquanto as hifas são responsáveis pela absorção dos nutrientes através da
sua parede celular.

Os cogumelos podem ser classificados quanto a sua nutrição em sapróbios e saprófitos.

Sapróbios - Cogumelos que decompõem restos de matéria orgânica de origem animal;

Saprófitos - Cogumelos que têm a sua nutrição proveniente da decomposição de material


vegetal.

Os cogumelos da ordem Agaricales são classificados como saprófitos e se alimentam de


materiais lignocelulósicos, ou seja, ricos em fibras vegetais. São destes materiais que os
cogumelos retiram todo o carbono, nitrogênio e minerais para o seu desenvolvimento. O
equilíbrio entre estes nutrientes é importante para o desenvolvimento adequado de cada
espécie de cogumelo. Para condições naturais tais relações dão-se ao acaso, sem controle,
mas podem ser indicadores dos melhores materiais, a fim de buscar uma melhor eficiência
produtiva em condições de cultivo.

Por exemplo, as espécies de Pleurotus sp desenvolvem-se de modo mais satisfatório


para materiais, ou combinação de materiais, que apresentam uma relação entre carbono
e nitrogênio de 50/1 a 60/1, isto é, 50 a 60 partes de carbono para 1 parte de nitrogênio.

Já nos minerais, em condições de cultivo do Pleurotus sp, a presença de níveis adequados


de cálcio favorece a produção de cogumelos.

5. LINHAGEM

Os cogumelos são classificados até o nível de espécie, podendo-se observar em cada


espécie a existência de indivíduos que apresentam características semelhantes. Tais
indivíduos são denominados de linhagem, cepa, estirpe ou isolado.

Dentro de uma grande variabilidade genética existente na espécie, a linhagem acaba por
concentrar determinadas características que podem ser favoráveis ou não para o seu
desenvolvimento comercial. Estas características podem ser cor, forma, tamanho e espessura
do chapéu, tamanho do estipe, características de pós-colheita, faixas de temperatura ótima
de frutificação, tipos de materiais que colonizam, produtividade, entre outras.

Estas linhagens ocorrem naturalmente no ambiente, sendo coletadas e estocadas em


bancos de sementes em empresas privadas ou órgãos públicos de pesquisa. Através de
técnicas modernas, executadas em laboratórios, são produzidas novas linhagens agregando
características desejáveis para a produção comercial de cogumelos.

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Linhagens de Lentinula edodes (Shiitake) oriundas do banco de linhagens do Centro de
Treinamento de Cogumelos Comestíveis da empresa Chinesa Ásia-Pacífico podem ilustrar
algumas destas características, como descrito na tabela 2.

Tabela 2: linhagens de Lentinula edodes da empresa Chinesa Ásia-Pacífico

Tipo de Faixa Substrato Tamanho


Linhagem nº
Temperatura Temperatura (°C) Adequado Chapéu (cm)
LC 214 BAIXA 11-15 Gramínea e serragem 11-15
LC 202 MÉDIA 10-21 Gramínea e serragem 5-10
LC 206 MEDIA 8-21 Gramínea e serragem 5-10
LC 207 MEDIA 8-21 Gramínea e serragem <5-10
JINXUAN 1 ALTA 14-26 Gramínea e serragem 5-15
JINXUAN 2 ALTA 13-26 Gramínea e serragem 5-15

Pode-se verificar as diferentes faixas de temperatura em que as linhagens produzem


seus cogumelos, tipos de substrato e tamanho do chapéu. Todos esses fatores são muito
importantes na tomada de decisão para a seleção da linhagem que será utilizada na produção
comercial.

É importante verificar junto ao laboratório todas as informações existentes da linhagem


adquirida, como: origem, substrato adequado, faixa de temperatura de frutificação, eficiência
biológica (peso de cogumelo fresco/peso seco do substrato inicial), tempo de repicagem
da linhagem pelo laboratório, isto é, por quanto tempo em meses a linhagem está sendo
multiplicada sem o recebimento de material do laboratório de origem.

Essa verificação é importante para que se possa auxiliar na identificação das prováveis
causas de problemas com a produção de cogumelos.

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III - IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL E
TERAPÊUTICA DOS COGUMELOS AGARICALES
Com o crescimento da população mundial, faz-se cada vez mais necessária a produção de
alimentos no mundo. Os seres humanos necessitam basicamente de 4 grupos nutricionais
para buscar um melhor desenvolvimento, sendo eles: proteínas, carboidratos, vitaminas e
minerais. Dentre estas 4 categorias, as proteínas são as mais importantes. Mundialmente,
são os nutrientes que apresentam menor disponibilidade para a população, sendo que os
cogumelos, por apresentarem alto valor nutricional, podem suprir esta demanda.

Os cogumelos da ordem Agaricales apresentam altos teores de proteínas, que podem variar
de 3 a 4% no cogumelo fresco e de 30 a 50% no cogumelo seco. Esta concentração é muitas
vezes maior quando comparada aos vegetais e, se comparados às frutas, os cogumelos
podem apresentar concentração de proteínas até 12 vezes maior. Os cogumelos representam
uma fonte de proteína essencial para a saúde humana, entre outros nutrientes.

Observa-se que, além do alto índice de proteínas, os cogumelos também apresentam na


sua composição média valores elevados de fibra e minerais (macro e microminerais), como
o fósforo.

Com relação à proteína, na carne bovina encontramos valores médios de 14,8% na matéria
seca, portanto abaixo dos valores encontrados para os cogumelos analisados na tabela 3
abaixo.

Outro fator importante referente às proteínas está relacionado à sua qualidade. Dos 21
aminoácidos existentes, 9 são essenciais, isto é, não são produzidos pelo corpo humano
e, portanto, necessitam ser ingeridos de alguma fonte. Os cogumelos da ordem Agaricales
apresentam todos os nove aminoácidos em valores significativos.

A importância dos cogumelos na alimentação humana é, portanto, devida não somente pela
presença de proteínas em alta quantidade, mas especialmente pela sua qualidade, bem
como pela existência de fibras, vitaminas e minerais, conforme também podemos observar
na tabela abaixo.

Deve se observar que a análise do valor nutricional de um alimento envolve mais que a
simples estimativa de percentagem de cada nutriente presente. A digestibilidade é um fator
importante na qualidade do alimento. Os cogumelos apresentam uma melhor digestão
quando comparados a outros alimentos como, por exemplo, a carne bovina.

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Tabela 3: quadro comparativo de aspectos nutricionais dos cogumelos com legumes e frutas

Proteína Carboidratos Fibra Lipídios Minerais Fósforo


Produtos
(%) MS (%) MS (%) MS (%) MS (%) MS mg/100g
Shiitake 18,09 68,58 41,92 4,39 7,04 89,4
Shimeji 22,22 65,82 39,62 4,30 7,65 109,7
Champignon
28,45 54,12 20,44 5,42 11,98 113,3
de Paris
Couve-flor 1,9 4,5 2,4 0,2 0,6 ---
Brócolis 2,9 4,0 2,9 0,3 0,8 ---
Cenoura 1,3 7,7 3,2 0,2 0,9 ---
Beterraba 1,9 11,1 3,4 0,1 0,9 ---
Batata 1,8 14,7 1,2 -- 0,6 ---
Espinafre 2,0 2,6 2,1 0,2 1,2 ---
Banana 1,3 26 2,0 0,1 0,8 ---
Laranja 1,0 8,9 0,8 0,1 0,3 ---
Manga 0,4 16,7 1,6 0,3 0,4 ---

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IV - CONHECER AS ETAPAS DE PRODUÇÃO DO
COGUMELO SHIMEJI
A produção comercial do cogumelo Shimeji tem início com o preparo do meio de cultivo,
seguindo para as etapas de tratamento térmico, inoculação do micélio, incubação, frutificação,
colheita, embalagem e descarte do meio de cultivo exaurido.

1. CONHEÇA O PREPARO DO MEIO DE CULTIVO

Meio de cultivo é o material em que será inoculado o micélio da espécie de cogumelo a ser
produzido. Para a produção comercial de Shimeji, existem dois meios de cultivo possíveis
de utilização, o substrato e o composto.

A produção do substrato envolve um processo mais simples, em que é feito somente o


ensacamento da mistura dos materiais ricos em fibras e os suplementos orgânicos e minerais.
Já a produção do composto é realizada através de um processo mais complexo em que,
além da mistura dos componentes, é necessário realizar a compostagem dessa mistura por
um período de, no mínimo, 30 dias.

Tanto o substrato quanto o composto é proveniente da mistura de materiais lignocelulósicos


com suplementos orgânicos e minerais, de forma que o meio de cultivo apresente uma relação
de C/N e tamanho de partículas adequadas para o melhor desenvolvimento dos cogumelos.

Em ambos os casos, substrato ou composto, podem ser utilizadas matéria-prima de fácil


acesso e baixo custo, encontrada em resíduos agroindustriais.

1.1. Conheça o material lignocelulósico

Material lignocelulósico são materiais ricos em fibras de origem vegetal. Tais materiais são
resíduos oriundos do processo de produção agrícola, da agroindústria ou outras fontes,
como por exemplo resíduos de podas de áreas urbanas.

É importante salientar que estes materiais apresentam variações na sua composição química,
mesmo dentro de um mesmo tipo de material.

Como exemplo disso, podemos citar a serragem, uma vez que existem muitas espécies de
madeiras que são serradas para os mais diversos fins, como indústria moveleira, construção
civil entre outras. Tais madeiras apresentam diferentes composições, que podem apresentar
diferentes resultados na produção dos cogumelos.

Outro bom exemplo de variações químicas que podem ocorrer no mesmo tipo de material
pode ser observado nos capins. Nesse material é importante observarmos em que fase de
desenvolvimento ele se encontra, pois em cada fase de seu crescimento é possível verificar
uma composição química. Na tabela 4 abaixo pode-se observar a composição química do
capim Brachiaria (Brachiaria decumbens) em várias fases do seu crescimento:

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Tabela 4: Composição química em várias fases do desenvolvimento da Brachiaria decumbens
Estágio de
Tipo de Capim PB (%) N(%)
crescimento

Brachiaria Vegetativo 12,19 1,95

Brachiaria Início da floração 11,30 1.8


Inflorescência
Brachiaria 7,64 1,2
completa
Brachiaria Com sementes 5,00 0,8

PB (%):Proteína bruta, N(%) nitrogênio. PB (%) = 6,25 x N(%)

Na tabela é possível observar que a concentração de nitrogênio se reduz à metade da fase


denominada vegetativa para a fase com sementes. A concentração de nitrogênio do material
é de muita importância na formulação do meio de cultivo, pois em altas quantidades pode
acelerar o desenvolvimento micelial, porém impede a formação dos cogumelos.

Existem bibliografias que podem nos ajudar a conhecer melhor o material que estamos
utilizando, servindo como fonte de referência para iniciarmos o cultivo de cogumelos.

Na tabela 5, estão relacionadas a composição química dos principais tipos de materiais


lignocelulósicos utilizados na produção do substrato e do composto para o cultivo de
cogumelos.

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Tabela 5: Materiais lignocelulósicos e sua composição química de referência

Material/Nutriente MO (%) C(%) PB (%) N(%) MM(%) C/N

Cana-de-açúcar (bagaço) 93 52 1,8 0,3 1,8 173

Brachiaria vr. Marandu 92,1 51,1 6,8 1,1 7,9 46,51

Capim Napier 90,3 50,1 12,1 1,93 2,81 25,9

Café (casca, pergaminho) 94,4 46 6,9 1,1 6,3 41,8

Café (borra de café solúvel) 89 50 10 1,6 3,1 32


Pupunha (bainha, folha,
94,2 52,3 6,3 1,0 5,8 52,3
colmo)
Tifton 85 92,18 46,09 12,75 2,04 7,92 22,59

Amendoim (casca) 85 47 8,75 1,4 7,6 33,5

Arroz (casca) 77 43 2,5 0,4 14,4 112

Eucalipto (serragem) 81,9 45,5 0,81 0,13 1,8 350

Coco Verde 84 47 3,75 0,6 5,5 78

Banana (folha, colmo) 79 44 12 1,9 4,9 41,57

Dendê (Fibras de prensa) 93,84 52,13 7,84 1,25 6,16 41,7


Teor de matéria orgânica (MO%); Carbono total (%C); Proteína bruta (PB%); Nitrogênio (N%); Minerais (MM%); Relação C / N (carbono
/ nitrogênio)

Além desses materiais listados, existem diversos outros que podem ser utilizados no cultivo
do Shimeji. No entanto, para a sua correta utilização na formulação do meio de cultivo, é
necessário identificar a composição química do material, especialmente no que diz respeito
à quantidade de Carbono Total e Nitrogênio.

A quantidade de Carbono Total pode ser identificada a partir do momento em que se tem
conhecimento da quantidade de matéria orgânica (MO%) presente no material. Sabendo-se
a quantidade de matéria orgânica (MO%), é possível identificar a quantidade de Carbono
do material aplicando-se a seguinte fórmula:

Carbono Total (C%)= Matéria Orgânica (MO%)


1,8

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A quantidade de Nitrogênio pode ser identificada a partir da concentração de Proteína Bruta
(PB%) presente no material. Tendo conhecimento da quantidade de Proteína Bruta (PB%)
do material, pode-se identificar a quantidade de Nitrogênio aplicando-se a seguinte fórmula:

Nitrogênio (N%)= Proteína Bruta (PB%)


6,25

Considerando que pode haver variação na composição química do mesmo material,


decorrente de inúmeros fatores, é importante que seja realizada uma análise laboratorial
para a identificação mais confiável da quantidade de Carbono e Nitrogênio.

Para escolha da matéria-prima a ser utilizada no meio de cultivo, além da sua composição
química, é importante considerar a disponibilidade em quantidade e qualidade, padronização
do material e viabilidade econômica para atendimento da produção.

De maneira geral, o material lignocelulósico utilizado para a produção do meio de cultivo


necessita de uma suplementação para se atingir uma relação mais adequada de C/N para
o melhor desenvolvimento dos cogumelos.

1.2. Conheça os suplementos orgânicos

Suplementos orgânicos são materiais oriundos do beneficiamento de produtos de origem


vegetal, os quais são adicionados ao material lignocelulósico para adequação da relação
de C/N na mistura.

Além da adequação da relação C/N da mistura, os suplementos orgânicos também contribuem


para o fornecimento de minerais como, por exemplo, o fósforo, o selênio e o manganês.

Entre os diversos suplementos orgânicos existentes, os mais utilizados estão listados na


tabela 6.

Tabela 6: Suplementos orgânicos e suas composições químicas na matéria seca (MS)

MO (%) PB (%) MM(%)


Material C(%) MS N(%) MS C/N
MS MS MS

Farelo de soja 82,68 45,9 50,4 8,06 5,94 6/1

Farelo de algodão 94,03 52,2 38,4 6,14 5,97 9/1

Farelo de girassol 95,36 52,09 32,50 5,2 4,64 10/1

Farelo de trigo 88,9 49,3 15,69 2,5 5,44 20/1

Farelo de arroz 90,3 50,1 14,9 2,3 9,7 22/1

Munha de carvão 88 49 1,87 0,3 5,6 163/1

Teor de matéria orgânica (MO%); Carbono total (%C); Proteína bruta (PB%); Nitrogênio (N%); Minerais (MM%); Relação C / N (carbono
/ nitrogênio)

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1.3. Conheça os suplementos minerais

Suplementos minerais são produtos adicionados à mistura com o objetivo de corrigir o pH


e fornecer minerais, especialmente cálcio e enxofre, para o meio de cultivo.

De maneira geral, não há uma fórmula utilizada para o cálculo exato da quantidade de
suplemento mineral a ser adicionado no meio de cultivo. Na prática, utiliza-se uma média
de 2% de suplementação mineral, ou seja, para cada 1 Kg do meio de cultivo adiciona-se
20g de suplemento mineral.

Deve-se observar a correção do pH do meio onde será realizado o cultivo do cogumelo,


sendo que o mesmo deverá estar entre 6,0 e 7,0. Esta correção é importante, pois quando
o micélio inoculado começar a se desenvolver haverá uma acidificação do meio e, sem
essa correção de pH inicial, o meio de cultivo pode atingir um nível de acidez que impedirá
o processo de formação de cogumelos.

Os principais suplementos minerais utilizados na produção de Shimeji são o sulfato de cálcio


(gesso agrícola), calcário calcítico e carbonato de cálcio, devendo-se evitar a utilização
do calcário dolomítico, uma vez que esse possui magnésio na sua composição e, em alta
concentração, tem ação inibidora para o desenvolvimento dos cogumelos.

No caso do Shimeji, a relação de C/N ideal para o seu desenvolvimento é de 50 partes de


Carbono para 1 parte de Nitrogênio (C/N = 50/1) no momento da inoculação do micélio.

1.4. Conheça a formulação do meio de cultivo

A formulação do meio de cultivo é a identificação da quantidade de materiais lignocelulósicos,


suplemento orgânico, suplemento mineral e água a serem utilizados na mistura. Para
a formulação do substrato é necessário escolher os materiais lignocelulósicos a serem
utilizados, considerando seus teores de carbono e nitrogênio, de forma que no final a mistura
apresente uma relação de 50 partes de carbono para 1 de nitrogênio e umidade de 50% a
65% para a colonização eficiente do micélio.

Para que a formulação forneça as condições ideais ao melhor desempenho da produção, é


importante considerar que cada linhagem e espécie de cogumelo têm as suas características
específicas. Sendo assim, esse conhecimento é primordial para escolha dos materiais a
serem utilizados na formulação.

No exercício abaixo será feito o cálculo da quantidade de materiais a serem utilizados na


formulação.

EXERCÍCIO 1

Calcular a quantidade de cada material a ser utilizado na formulação do substrato conforme


os seguintes dados:

• Considerando que a linhagem e espécie do cogumelo a ser produzida têm o seu melhor
desempenho em meios de cultivo com uma relação de C/N de 50/1

• Serão produzidos 100 Kg de substrato

• Serão utilizados como suplementação mineral: 1% de CaOH² (hidróxido de cálcio ou cal


hidratada) e 1% de CaSO⁴ (Sulfato de Cálcio)

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• Será utilizado como suplementação orgânica: Farelo de arroz (K) % C= 50,1% N= 2,3%

• Serão utilizados 2 materiais lignocelulósicos: Serragem de Eucalipto (Y) % C= 45,5 %


N= 0,13% e Brachiariavr. Marandu (Z) % C= 51,1%, N= 1,1%.

A quantidade de carbono e nitrogênio presente nos materiais serragem de Eucalipto (Y) e


Brachiaria vr. Marandu (Z), bem como no suplemento orgânico (K), é diferente. Portanto, em
função das concentrações destes nutrientes, será necessário calcular a quantidade desses
materiais a ser utilizada na produção de 100 Kg de substrato.

Matematicamente, nesse exemplo de formulação tem-se 3 incógnitas a serem identificadas, a


quantidade de Y, Z e K. Para a solução desse exercício é necessária a aplicação do seguinte
cálculo matemático com a utilização de 7 equações.

a) Identificar a Equação I através da quantidade total da formulação menos a suplementação


mineral.

A suplementação mineral representa 2% do total da mistura. Desta forma, a soma dos


materiais (Y + Z + K) é representada pela diferença entre o total de substrato menos a
quantidade de suplemento mineral, ou seja:

Equação I = (Y + Z + K) – 2%

Sendo assim:

Equação I: Y + Z + K = 0,98 (ou 98%)

b) Identificar a Equação II através da quantidade de Carbono presente nos materiais.

Para identificar a Equação II através da quantidade de Carbono dos materiais é necessário


encontrar a média da concentração de Carbono presente na formulação do substrato.

Para obter a média da concentração de Carbono aplica-se a seguinte fórmula:

Média de Carbono = Soma da quantidade de Carbono dos materiais / Número de


materiais

Como informado nos dados para esse exercício 1, temos as seguintes quantidades de
Carbono:

Material (K) : C =50,1%

Material (Y) : C =45,5%

Material (Z): C = 51,1%

Sendo assim, a média de Carbono na formulação será igual a (K + Y + Z) / 3 = (50,1% +


45,5% + 51,1%) / 3 = 146,7%/3 = 48,9%

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Portanto, a média de Carbono na formulação deste exercício 1 é de 48,9%. Após identificar
a média de Carbono presente, deve-se identificar a Equação II aplicando a seguinte fórmula:

Equação II = (Material Y x Quantidade de Carbono do material Y) + (Material Z x


Quantidade de Carbono do matéria Z) + (Suplemento orgânico K x Quantidade de
Carbono do suplemento orgânico K) = 0,489 (ou 48,9%)

Ou seja:

Equação II: (Y x 0,455) + (Z x 0,511) + (K x 0,501) = 0,489 ou 48,9%

c) Identificar a Equação III através da quantidade de Nitrogênio presente nos materiais.

Para identificar a Equação III através da quantidade de Nitrogênio dos materiais é necessário
encontrar a quantidade de nitrogênio total da formulação.

Para isso vamos aplicar a seguinte fórmula:

Média do carbono total / valor da relação carbono-nitrogênio desejada

Valor médio do carbono = 48,9%

Valor da relação carbono-nitrogênio desejado = 50/1.

Portanto:

N = 48,9/50 = 0,97% ou 0,0097

Após obter a quantidade de Nitrogênio da formulação, pode-se identificar a Equação III


aplicar a fórmula:

Equação III = (Material Y x Quantidade de Nitrogênio do material Y) + (Material Z x


Quantidade de Nitrogênio do material Z) + (Suplemento orgânico K x Quantidade de
Nitrogênio do suplemento orgânico K) = 0,97% (ou 0,0097)

Ou seja:

Equação III: (Y x 0,0013) + (Z x 0,011) + (K x 0,023) = 0,0097

d) Identificar a Equação IV

Equação IV = Equação I multiplicado pelo valor negativo da quantidade de Carbono


do material Y

Neste exercício, a Equação IV = (Y + Z + K = 0,98) x -0,455

Portanto,

Equação IV:- (Y x 0,455) – (Z x 0,455) – (K x 0,455) = -0,45

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e) Identificar a Equação V

Equação V = Equação IV + Equação II

Equação V: 0 + (Z x 0,056) + (K x 0,046) = 0,039

Com isso, obtém-se o coeficiente dos materiais Z (0,056) e K (0,046) na Equação V.

f) Identificar a Equação VI

Equação VI = Equação I multiplicado pelo valor negativo da quantidade de Nitrogênio


do material Y

Equação VI = (Y + Z + K = 0,98) x -0,0013

Portanto,

Equação VI: - (Y x 0,0013) – (Z x 0,0013) – (K x 0,0013) = -0,0013

g) Identificar a Equação VII

Equação VII = Equação VI + Equação III

Conforme os resultados já obtidos:

Equação VII: 0 + (Z x 0,0097) + (K x 0,022) = 0,0084

Com isso, obtém-se o coeficiente dos materiais Z (0,0097) e K (0,022) na Equação VII.

h) Identificar o valor de K

Para identificação da quantidade do material K a ser utilizada na formulação realiza-se 3


operações matemáticas conforme os resultados obtidos anteriormente.

• Operação 1 - Multiplica-se a Equação V pelo valor negativo do coeficiente do material Z


da Equação VII

(0 + (Z x 0,056) + (K x 0,046) = 0,039) x (– 0,0097)

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-(Z x 0,00054) – (K x 0,00045) = -0,00038

• Operação 2 - Multiplica-se a Equação VII pelo valor do coeficiente do material Z da


Equação V

(0 + Z x 0,0097 + K x 0,022 = 0,0084) x 0,056

(Z x 0,00054) + (K x 0,0012) = +0,00047

• Operação 3 – Realizar a soma do resultado das operações 1 e 2

K = 0,00009 / 0,00075

K = 0,12 ou 12%

i) Identificar o valor de Z

Incluir o valor de K na Equação VII

0 + (Z x 0,0097) + (K x 0,022) = 0,0084

Sendo K = 0,12, temos

0 + (Z x 0,0097) + (0,12 x 0,022) = 0,0084

(Z x 0,0097) + 0,0026 = 0,0084

(Z x 0,0097) = 0,0084 - 0,0026

(Z x 0,0097) = 0,0058

Z = 0,0058 / 0,0097

Z= 0,59 ou 59%

j) Identificar o valor de Y

Incluir o valor de K e de Z na Equação I

Equação I: Y + Z + K = 0,98 (ou 98%)

Y + 0,59 + 0,12 = 0,98

Y + 0,71 = 0,98

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Y = 0,98 – 0,71

Y = 0,27 ou 27%

Portanto, nesse exercício 1, as quantidades dos materiais utilizados na produção do substrato


de produção serão de:

• Serragem de eucalipto: 27 Kg

• Brachiaria vr marundu: 59 kg

• Farelo de arroz: 12 kg

• Suplementação mineral: 2 Kg (1Kg de cal hidratada e 1 kg de Sulfato de Cálcio).

Após determinarmos as quantidades dos materiais utilizados para a formulação do substrato,


estes serão misturados com um misturador (betoneira, mixer para ração) ou com uma pá
comum. Após a mistura devemos adequar sua umidade para o cultivo.

Além da identificação das quantidades de materiais lignocelulósicos, suplementos orgânicos


e minerais a serem utilizados na formulação, outro fator importante no preparo do meio de
cultivo refere-se à quantidade de água a ser utilizada para que o substrato ou o composto
apresentem a umidade ideal para a colonização eficiente do micélio.

Para que se possa atingir a umidade desejada, necessita-se identificar o teor de umidade
dos materiais já misturados e realizar, se necessário, a sua correção.

Existem diversas técnicas para identificação da umidade no meio de cultivo, sendo a mais
utilizada a técnica de desidratação até peso constante, que consiste basicamente em:

• Pesar uma quantidade do meio de cultivo, determinando o peso inicial (Pi);

• Colocar o meio de cultivo pesado em processo de desidratação. Este processo pode ser
realizado em estufa de laboratório ou em um forno comum de cozinha. A temperatura
deve ficar em torno de 65ºC .

• Monitorar o peso até a verificação de não ocorrer mais sua alteração. Neste momento é
obtido o peso final (Pf);

• Pesar o meio de cultivo desidratado para identificação do peso final (Pf);

• Utilizar os dados coletados na fórmula:

Ao final da técnica de desidratação obtêm-se o peso da matéria seca do substrato e o valor


de sua umidade relativa.

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Como exemplo, estaremos realizando a determinação do teor de umidade, bem como a
determinação da matéria seca do substrato, no exercício 2 abaixo:

EXERCÍCIO 2

• 100 Kg de substrato (Pi)

• Após o processo de desidratação obteve-se o peso de 85Kg (Pf);

Aplicando-se os valores obtidos na fórmula:

Resultado:

Umidade (UR%) = 15%

Sendo assim, a Umidade Relativa do Substrato no exercício 2 é de 15% e o peso da matéria


seca (substrato sem umidade) é de 85Kg.

Obtendo o valor da umidade do substrato, é possível determinar a quantidade de água que


deve ser adicionada para elevar a umidade do substrato a condições ideais de cultivo, em
torno de 60%. Para tanto, é necessário fazer o cálculo conforme exercício 3 que segue:

EXERCÍCIO 3

Para que o mesmo substrato do Exercício 1 tenha 60% de umidade relativa, é necessário
acrescentar água, sendo a quantidade calculada da seguinte forma:

Após identificação da umidade relativa e da matéria seca pelo processo de desidratação,


observou-se que cada 100 Kg do substrato possui aproximadamente 85 kg de matéria seca
e 15 kg de água.

Para que esse substrato atinja 60% de umidade é necessário o acréscimo de água, sendo
a quantidade calculada da seguinte forma:

Quantidade de água = 56,66 Kg

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Essa seria a quantidade de água a ser acrescida na matéria seca do substrato para que o
mesmo chegue a 60% de umidade.

Considerando que o substrato, na forma original, já possui 15% de umidade ou 15 kg de


água, para que esse substrato tenha 60% de umidade é necessário fazer a seguinte conta:

Quantidade de água a ser acrescida na matéria seca para 60% de umidade –


Quantidade de água já presente no substrato

56,66 Kg – 15 Kg = 41,66 Kg

Resultado:

A quantidade de água a ser acrescentada nesse substrato para que o mesmo tenha 60%
de umidade é de 41,66 Kg de água para cada 100 Kg de substrato.

2. CONHEÇA A COMPOSTAGEM

A compostagem é o processo em que os microrganismos presentes na mistura se


desenvolvem e, com isso, realizam a quebra dos materiais mais fibrosos, facilitando a
utilização dos nutrientes pelo micélio. Esse processo ocorre dentro de um período de,
aproximadamente, 30 dias e se faz necessário para atingir a relação ideal de C/N na mistura.

Uma vez definida a matéria-prima a ser utilizada no meio de cultivo, é realizada a mistura
do material lignocelulósico com os suplementos orgânicos e minerais. Após essa mistura, é
feita a verificação e execução da correção do teor de umidade do material a ser compostado,
a qual deve estar em torno de 75%.

O material a ser compostado deve ser acomodado no formato de pilhas de no máximo 1,5m
de altura, em local coberto, e ter a sua temperatura monitorada.

Pilha de compostagem Local para a produção de compostagem

Quando o interior da pilha atingir uma temperatura de aproximadamente 80ºC, é feito um


“tombamento” da pilha, de forma que a parte mais externa passe a ser a parte interna da
nova pilha. Esse processo de “tombamento” da pilha é repetido diversas vezes até que no
monitoramento da temperatura verifique-se que não há mais aumento da temperatura na
parte interna da pilha.

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Todo este processo de compostagem é realizado somente para a produção em composto,
sendo que, para a produção de substrato, o material irá, após a correção da umidade, direto
para o envase.

3. CONHEÇA O ENVASAMENTO DO MEIO DE CULTIVO

Após realizar a mistura é necessário envasar o meio de cultivo para criar um ambiente
favorável ao desenvolvimento do micélio. O envasamento deve ser realizado logo em seguida
e no mesmo dia em que foi feita a correção da umidade, a fim de evitar um aumento no
potencial de contaminação e perdas de nutrientes por parte do substrato.

Existem diversos recipientes disponíveis para o envasamento do meio de cultivo, sendo o


de melhor custo benefício os sacos de polipropileno, polietileno de alta ou baixa densidade.

Para a produção de substrato, o envasamento ocorre antes do tratamento térmico, enquanto


na produção de composto o envasamento ocorre após o tratamento térmico. Por esse motivo,
recomenda-se que na produção de substrato sejam utilizados sacos de polipropileno ou
polietileno de alta densidade, pois esse tipo de material suporta temperaturas mais elevadas.
Por outro lado, na produção de composto é possível a utilização de sacos de polietileno
de baixa densidade, semelhante ao saco de lixo, pois não é necessário que a embalagem
suporte altas temperaturas.

Tipos de sacos para envase

Polietileno de alta
Polipropileno com filtro Polietileno de baixa densidade
densidade

4. CONHEÇA O TRATAMENTO TÉRMICO DO MEIO DE CULTIVO

O tratamento térmico do meio de cultivo é realizado para reduzir ou eliminar os possíveis


contaminantes existentes, os quais podem competir com os cogumelos pelos nutrientes do
meio.

O tratamento térmico é feito considerando o binômio tempo x temperatura, podendo ser


realizado utilizando-se técnicas como a esterilização, a pasteurização ou o tratamento em
água quente.

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4.1. Esterilização

É um método com custo mais elevado, pois envolve a utilização de um equipamento de alto
custo semelhante a uma panela de pressão, conhecido como autoclave.

Nesse método, o material é colocado na autoclave e submetido a uma temperatura de


aproximadamente 121°C, durante o período mínimo de 1 hora, sob 1,0 atmosfera de pressão.

A utilização desse método elimina todo tipo de microrganismos presentes no meio de cultivo.
Por se tratar de um método que exige maior investimento, é recomendado para produções
em alta escala.

A esterilização é realizada somente para a produção em substrato.

Foto Autoclave

4.2. Pasteurização

É um método de tratamento térmico em que não há a eliminação de todos os microrganismos


do material. Esse método consiste em elevar a temperatura durante um determinado tempo
com o propósito de reduzir a carga microbiana e eliminar os principais microrganismos
competidores do meio de cultivo.

Esta técnica de pasteurização pode ser utilizada tanto para a produção de substrato como
para a produção de composto.

No caso da produção de substrato, o principal objetivo é a eliminação dos microrganismos


termófilos, os quais não sobrevivem a uma temperatura de 100ºC por mais de 5 horas.
Portanto deve-se deixar pelo tempo de 6 horas.

Já no caso da produção de composto, não há a necessidade de eliminação dos


microrganismos termófilos e o principal objetivo do tratamento térmico, neste caso, é a
eliminação de microrganismos competidores e ovo/larvas de insetos provenientes da
compostagem, os quais não sobrevivem a uma temperatura de 65°C por mais de 3 horas.

O Pasteurizador é um equipamento semelhante a uma sauna, onde o vapor d’água é injetado


dentro do equipamento e, através do sistema de circulação, passa pelo interior do composto
conforme demonstrado no esquema de ventilação e recirculação do vapor no pasteurizador
para produção de composto.

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Esquema de ventilação e recirculação do vapor no pasteurizador para produção de composto
O pasteurizador pode ser de várias formas, desde uma sala de pasteurização (semelhante
a uma sauna) com um sistema de ventilação e exaustão, ou até mesmo um simples tambor
metálico com estrutura interna para suporte dos sacos.

Sala de pasteurização
A sala de pasteurização é mais utilizada para a produção de composto em virtude do volume
de produção e consiste basicamente em uma sala com fundo falso, entrada e saída de ar
e um sistema para forçar a circulação do ar no interior da sala.

Sala de pasteurização, com fundo falso.

Tambor de pasteurização

Esse método é mais utilizado para a produção de substrato em pequena e média escala
por tratar-se de uma tecnologia mais acessível e com uma boa relação de custo-benefício.

A pasteurização em tambor tem o mesmo conceito da sala de pasteurização, porém com


um sistema mais simples que apresenta somente uma saída de ar sem um mecanismo
para a circulação do mesmo.

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Esquema do tambor de pasteurização

Tambor de metal utilizado para pasteurização Fonte de calor para a pasteurização

Base de metal interna do tambor

Do ponto de vista econômico, a pasteurização se mostra mais viável na produção comercial


de shimeji, por apresentar um baixo custo fixo, sem redução de produtividade para o cultivo.

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4.3. Tratamento em água quente

O processo consiste em mergulhar o substrato em água aquecida a 65ºC durante 10


minutos, no mínimo. Dessa forma, a água aquecida penetrará nas camadas mais profundas
do substrato destruindo os possíveis contaminantes.

Trata-se de um método eficiente para a produção em escala muito pequena; no entanto,


apresenta como principal desvantagem a necessidade de remover o excesso de água do
meio de cultivo após o tratamento, o que pode acarretar a perda de nutrientes. Por esse
motivo é um método pouco utilizado, mesmo em pequena escala de produção.

Para a realização deste processo poderão ser usados os mesmos tambores mencionados no
processo de pasteurização, sem a necessidade de se utilizar a estrutura interna de suporte,
pois todo o substrato será colocado dentro do tambor e imerso na água.

Este processo de tratamento térmico pode ser utilizado tanto para a produção em composto
como para produção em substrato.

5. CONHEÇA A INOCULAÇÃO DO MICÉLIO

O processo de inoculação é a transferência da semente para os recipientes onde está o


meio de cultivo (substrato ou o composto) e tem início após o final do tratamento térmico.
É importante observar que a inoculação deve ser iniciada somente após o resfriamento do
meio de cultivo até a temperatura ambiente, sendo recomendado que a temperatura do
meio de cultivo esteja abaixo de 30°C.

A inoculação representa a fase mais importante dentro de todo o cultivo do cogumelo Shimeji,
uma vez que nesta etapa ocorre a transferência da semente para o meio de cultivo já estéril,
o qual é altamente suscetível à contaminação. Desta forma, é extremamente importante a
rigorosa aplicação de procedimentos de limpeza e higiene no ambiente em que a inoculação
é realizada.

A semente a ser inoculada no meio de cultivo tem a sua produção inicial em laboratório,
onde o micélio é cultivado em meio de cultura e, posteriormente, inoculado em materiais
lignocelulósicos, os quais são denominados de semente inóculo.

No caso de Shimeji, os materiais mais utilizados na produção da semente inóculo são o


grão de trigo, serragem ou cavilhas de eucalipto.

Sementes em cavilhas Semente em grão de trigo

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A forma de apresentação da semente inóculo vai determinar como será feito o processo
de inoculação, sendo que o processo utilizado para a inoculação de semente inóculo em
cavilhas apresenta um menor risco de contaminação do meio de cultivo devido a sua menor
exposição.

Na realização da inoculação são necessários alguns cuidados para se evitar a contaminação


do meio de cultivo, especialmente com fungos competidores que estão presentes no ar. Para
tanto, é ideal que o procedimento seja realizado sobre uma mesa, em sala fechada, com
ventilação reduzida. A mesa deve ser higienizada com álcool 70% e todo o ambiente deve
ser higienizado com água sanitária para se reduzir o índice de contaminantes no momento
da inoculação.

O local de inoculação não necessita apresentar uma estrutura sofisticada, desde que
possibilite um ambiente mais protegido contra fungos contaminantes que se deslocam
através do ar e que possa ser devidamente higienizado no momento da inoculação. Nesse
sentido, pode-se utilizar estruturas mais simples como, por exemplo, estruturas de madeira
e plástico.

Como alternativa para a criação de um ambiente isento de contaminações, existe a


possibilidade de se utilizar equipamentos como, por exemplo, o fluxo laminar contínuo. Este
equipamento filtra o ar retirando os contaminantes em até 99,9%, criando em seu interior
uma faixa de ar limpa. Com isso é criado um local seguro para se abrir o saco e inocular a
semente.

Por se tratar de um equipamento de custo muito elevado, é normalmente utilizado em


procedimentos laboratoriais e no manuseio de materiais em que não é admitido o risco de
contaminações.

Câmara de Fluxo Laminar

Além do ambiente apropriado, outro fator importante a ser considerado ao realizar o processo
de inoculação é a utilização de máscara, touca, luva e avental, todos limpos com o objetivo
de reduzir o risco de contaminação do meio de cultivo.

Após a inoculação, os sacos devem ser transferidos para o ambiente em que se realizará
o processo de incubação.

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6. CONHEÇA A INCUBAÇÃO

O processo de incubação é o período em que ocorre o crescimento do micélio por todo o


substrato.

Durante esse período, o meio de cultivo inoculado deve ser armazenado em prateleiras com
ambiente favorável para o desenvolvimento da espécie cultivada. No caso do Shimeji, para
um melhor desenvolvimento do micélio, o ambiente deve apresentar baixa luminosidade,
temperatura entre 20°C e 28°C, umidade relativa de 65% a 75% e circulação de ar reduzida,
para que haja uma maior concentração de CO².

No cultivo do cogumelo Shimeji, o período de incubação é de aproximadamente 15 a 20


dias. Durante esse período deve-se observar o possível surgimento de contaminantes no
meio de cultivo, que podem ocorrer em virtude de alguma falha no tratamento térmico, falha
ocorrida na inoculação ou em decorrência de alguma avaria no saco.

A identificação de contaminantes dá-se de modo visual com a verificação do aparecimento de


micélios das mais variadas cores. Quando isso acontecer, tal material deve ser descartado
imediatamente a fim de evitar a disseminação da contaminação para outros sacos e para
o ambiente.

Sala de incubação

Após o meio de cultivo estar totalmente colonizado pelo micélio, será iniciada a etapa da
frutificação.

7. CONHEÇA A FRUTIFICAÇÃO

A frutificação é o momento em que os cogumelos estão nascendo e, normalmente, ocorre no


mesmo local onde o meio de cultivo inoculado foi armazenado para a incubação. Para que
os cogumelos possam nascer com qualidade é crucial observar as condições ambientais
necessárias para cada espécie. Por isso, é de vital importância escolher uma linhagem que
se desenvolva de forma adequada, principalmente no que diz respeito à temperatura do
local de cultivo.

Alguns fatores ambientais, como a temperatura, a umidade, a concentração de CO² e a


luminosidade, são primordiais para uma frutificação de qualidade. Conhecendo estes fatores
e a escala de produção, é possível determinar a estrutura e equipamentos necessários para
se obter uma produtividade adequada.

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O local onde ocorrerá a frutificação dos cogumelos deve ser construído de forma que permita
a limpeza e higienização de todo o ambiente, além de criar as condições ideais para o
desenvolvimento do Shimeji. Para tanto, é necessário que a construção atenda a alguns
requisitos e características mínimas, como:

• Pé direito (altura menor do chão até o forro) de 4 m;

• Laterais com telas de sombreamento 80%;

• Cortina com lona dupla face (lona branca do lado de fora e preta do lado de dentro) nas
faces em que há incidência solar;

• Cobertura de material que reflita calor;

• Sistema de irrigação por nebulização;

• Termo higrômetro;

• Pedilúvio (caixa com cal e água) na entrada da estrutura, e

• Piso de alvenaria ou de pedriscos

Estruturas rústicas para frutificação de cogumelos

Estruturas com alta tecnologia para frutificação de cogumelos

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7.1. Temperatura

Como todo ser vivo, o cogumelo Shimeji tem um melhor desenvolvimento dentro de uma
faixa específica de temperatura, sendo de 20°C a 28°C.

Temperaturas muito baixas ou muito elevadas podem ocasionar deficiências na frutificação


e na coloração dos cogumelos.

7.2. Umidade

A umidade relativa do ar no ambiente deve estar entre 80 e 90%. Isto é necessário para um
pleno desenvolvimento do cogumelo, uma vez que a água representa 90% da sua estrutura.
Quando a umidade do ambiente não é adequada, são observados “abortos” ou estruturas
que interrompem o seu desenvolvimento. Já quando a umidade do ambiente é adequada,
pode-se observar a totalidade das estruturas com o seu pleno desenvolvimento.

É importante salientar que a água necessária para o melhor desenvolvimento dos cogumelos
deve ser absorvida do ambiente e não se deve aplicar a água diretamente ao cogumelo,
pois isto acarretará a sua rápida deterioração.

Diferença de desenvolvimento em ambiente com pouca umidade e com umidade adequada

Umidade relativa (UR%) 60% Umidade relativa (UR%) 90%

Na primeira foto são observados cogumelos que estão em ambiente com umidade baixa:
inúmeros cogumelos com a coloração alterada e com desenvolvimento irregular ou até
interrompido. Já na segunda foto observam-se cogumelos que estão em ambiente com
umidade adequada, apresentando um ótimo desenvolvimento.

7.3. Concentração de CO²

Na fase de frutificação, diferente da incubação, é necessária a redução da concentração


de CO² para induzir a formação do cogumelo. Isso pode ser feito elevando a circulação de
ar no ambiente.

Caso não ocorra a diminuição do CO² no ambiente de frutificação, ocorrerá deficiência no


desenvolvimento do cogumelo, o que pode ser verificado visualmente pelo alongamento do
estipe (caule) e pela deformação ou não desenvolvimento do chapéu.

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Deficiências na frutificação do Shimeji em decorrência das concentrações de CO²

0,03% CO² 0,3% CO² 0,5% CO²


7.4. Luminosidade

O Shimeji necessita de luz para o seu desenvolvimento. A deficiência ou ausência de


luminosidade pode acarretar uma alteração da coloração do cogumelo e até mesmo a
inibição do seu crescimento. A luminosidade adequada do ambiente de frutificação é de,
no mínimo, 1000 lux.

8. CONHEÇA A COLHEITA

Colheita é o momento da retirada do cogumelo do substrato, no qual ele se desenvolveu.

No processo produtivo do Shimeji a colheita é feita manualmente, após a verificação visual


do ponto de colheita.

O ponto de colheita do cogumelo varia conforme a exigência ou preferência do mercado


consumidor, sendo que, para o Shimeji, geralmente se considera o ponto ideal para colheita
quando o cogumelo apresentar cerca de 80% do píleo (chapéu) aberto.

Ponto ideal da colheita do Shimeji Shimeji colhido e limpo

Após a colheita é feita uma toalete para a retirada de sujidades encontradas principalmente
na base do cogumelo colhido. Os cogumelos colhidos e limpos são acondicionados em
recipientes adequados, devendo ser transferidos para a refrigeração em no máximo 30
minutos após sua colheita, para evitar o processo de decomposição e elevar a vida útil do
cogumelo no ponto de venda.

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A refrigeração do Shimeji após a colheita deve ocorrer em temperatura de 2 a 5°C por, no
mínimo, 3 horas ou, se realizado em refrigerador comum (12°C a 18°C), por, no mínimo, 6
horas.

Após o término do tempo de refrigeração, os cogumelos irão para a sala de embalagem.

9. CONHEÇA A EMBALAGEM

A embalagem é o processo de acondicionamento do produto em um recipiente a fim de


melhor apresentação e proteção do cogumelo para a comercialização.

A embalagem deve ser realizada em um ambiente limpo e os responsáveis pelo procedimento


devem estar utilizando touca, máscara e luva a fim de reduzir os riscos de contaminação.

Para os cogumelos “in natura” utilizam-se sacos de polipropileno e bandejas de isopor


cobertas com filme pvc esticável.

Saco de polipropileno Bandeja de isopor com filme de pvc esticável

Logo após a embalagem, os produtos devem ser acondicionados em ambiente refrigerado


para que o metabolismo dos cogumelos se mantenha reduzido, a fim de aumentar a
durabilidade (tempo de prateleira) até o seu consumo.

Conforme a legislação, o cogumelo Shimeji embalado deve apresentar as seguintes


informações em seu rótulo:

• Data de colheita

• Validade

A própria legislação determina que o consumo do cogumelo Shimeji deve ocorrer em, no
máximo, 10 dias após a embalagem.

• Tipo de conservação (refrigerado de 2 a 5°C)

• Tabela nutricional

Os valores nutricionais do cogumelo Shimeji já foram determinados em análise laboratorial,


apresentando a seguinte tabela:

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Informação Nutricional - Porção de 20g
Quantidade por porção %VD*
Calorias 59kcal 3,0%
Carboidratos 15,1 g 5,0%
Proteínas 1,9 g 2,6%
Gorduras Totais 0,2 g 0,4%
Gorduras Saturadas 0,1 g 0,3%
Gordura Trans 0 n/a
Fibra Alimentar 2,3 g 9,2%
Sódio 2,6 mg 0,1%
* %Valores diários de referência com base em uma dieta de 2000 kcal ou 8400 kj. Seus Valores diários podem ser
maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.

Dados do produtor (CNPJ, IE, Nome da propriedade, Endereço, SAC)

10. CONHEÇA O DESCARTE DO MEIO DE CULTIVO EXAURIDO

O meio de cultivo exaurido é o meio de cultivo que já teve sua carga nutricional esgotada e,
portanto, não apresenta mais produção comercial. Geralmente esse momento ocorre após
a terceira colheita, dependendo do tamanho do substrato.

O material exaurido apresenta quantidades significativas de nitrogênio, oriundo do micélio


existente no meio, além de material fibroso e minerais em pequenas concentrações.

Devido a sua composição, o meio de cultivo exaurido pode ser descartado, utilizando-o para
a alimentação animal ou, ainda, diretamente no solo como adubação de hortaliças, jardins
e pomares. Por sua vez, os sacos em que se encontrava o material exaurido devem ser
dispostos em local adequado e destinados à reciclagem.

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V - CONHECER AS PRAGAS E DOENÇAS NA
PRODUÇÃO DO COGUMELO SHIMEJI
Na fungicultura é considerado como praga qualquer organismo que comprometa a produção
e traga prejuízo à atividade. A presença de uma praga pode ocasionar um distúrbio na saúde
do cogumelo, gerando uma doença, ou simplesmente comprometer de alguma forma o seu
desenvolvimento.

A ocorrência de pragas e doenças na produção do cogumelo Shimeji ocorre, principalmente,


em decorrência da deficiência na higienização dos equipamentos, do ambiente utilizado na
produção ou, ainda, em virtude de falhas no processo produtivo como, por exemplo: controle
inadequado da temperatura e umidade, falhas no tratamento térmico do meio de cultivo,
falhas no processo de inoculação e utilização de sementes com baixo controle de qualidade.

Existem ações para mitigar a ocorrência de pragas e doenças do cultivo de cogumelo shimeji,
sendo a prevenção e o controle as de melhor eficiência.

A prevenção de pragas no cultivo de cogumelos está relacionada a uma série de medidas


tomadas com o objetivo de evitar danos à produção. Essas medidas preventivas são comuns
a todas as pragas e doenças que podem ocorrer na produção de cogumelos shimeji e estão
relacionadas às questões de higiene dos equipamentos e do ambiente de produção, além
do correto manejo em todo o processo produtivo.

É importante ter um caderno de manejo em que são anotados todos os registros de pragas
que ocorreram no ambiente de cultivo, com data, tipo de ocorrência, fator desencadeador
da ocorrência e medidas adotadas para solucionar o problema.

No que diz respeito ao controle de pragas e doenças, adotam-se medidas diferentes para
fungos, insetos e outras pragas.

1. FUNGOS

1.1. Fungos causadores de doenças

São fungos que ocasionam um distúrbio na saúde do cogumelo levando a uma doença e,
consequentemente, a uma deficiência no desenvolvimento do Shimeji.

Existem diversas praga e doenças que podem ocorrer no cogumelo Shimeji, no entanto são
extremamente raras e não há qualquer registro de sua ocorrência no Brasil até o momento.

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No quadro abaixo estão relacionadas as pragas causadoras e doenças que podem ocorrer
na produção de cogumelo Shimeji:

Praga Causadora Doença

Mycogone perniciosa Bolha úmida

Verticillium fungicola Bolha seca

Dactyllum dendroides Doença da teia

Diehliomyces microsporus Falsa trufa

Chysosporium sp e Myceliophtora sp Mofo amarelo

1.2. Fungos competidores

Os fungos competidores encontram-se naturalmente em todo o ambiente e não são visíveis a


olho nu. Esse tipo de praga busca encontrar meios que apresentem condições favoráveis para
o seu desenvolvimento e encontra no meio de cultivo do Shimeji os requisitos necessários
para a sua proliferação.

Os fungos competidores apresentam uma melhor adaptabilidade e taxa de crescimento em


condições favoráveis, quando comparados ao Shimeji. Por esse motivo, quando presentes,
colonizam o meio de cultivo mais rapidamente e impossibilitam o desenvolvimento do Shimeji
no meio de cultivo.

Existem diversos fungos competidores que podem ocorrer na produção do cogumelo Shimeji,
os quais são apresentados na tabela abaixo.

Fungo competidor Forma de identificação

Chaetomium olivaceum Mofo verde oliva

Geotrichum sporodonema Mofo rosa

Aspergillus sp e Penicillium sp Mofo verde

Trichoderma sp Manchas de trichoderma

Botrytis cristallinum Mofo cinza

Neurospora sp Mofo alaranjado

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Dentre os diversos fungos competidores existentes, o de maior ocorrência no cultivo de
shimeji é o Trichoderma sp devido a sua alta capacidade de crescimento no meio de cultivo
e a sua capacidade de adaptação a grandes variações no ambiente.

Presença de trichoderma sp no meio de cultivo de Shimeji

O controle dos fungos competidores ou causadores de doença pode ser realizado de modo
convencional (tratamento químico) ou natural. Na produção do cogumelo Shimeji, recomenda-
se a adoção de métodos naturais, uma vez que os cogumelos são consumidos “in natura”.

2. OUTRAS PRAGAS

Além dos fungos causadores de doenças ou competidores, outros organismos de diferentes


classificações como insetos, moluscos e ácaros podem ser considerados como pragas na
produção do cogumelo Shimeji por trazerem prejuízo à atividade.

2.1. Insetos

O meio de cultivo com o micélio em desenvolvimento exala odor que atrai os insetos, os
quais depositam seus ovos no meio de cultivo por esse ser um ambiente favorável para o
desenvolvimento das larvas.

Quando ocorre a eclosão dos ovos, as larvas passam a se alimentar do micélio e do próprio
cogumelo, formando galerias no estipe e no chapéu, o que inviabiliza a sua comercialização.

Os insetos, além de serem transmissores de fungos causadores de doenças como o


Verticillium sp, também podem danificar os sacos de cultivo, expondo o substrato e
favorecendo a contaminação por outros fungos, competidores ou causadores de doenças,
comprometendo a produção.

Dentre todos os insetos existentes, aqueles que podem ser considerados como pragas na
produção do cogumelo Shimeji estão dentro da Família Dípteros (moscas), sendo que as
mais relevantes são a Brasydia matogrossensis (mosca dos fungos) e a Sciaridae sp.

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Brasydia matogrossensis (mosca dos fungos)

Mosca dos fungos fase larval Mosca dos fungos adulta

Sciaridae sp (Lycoriella mali)

Fase larval Fase adulta (com ovos)

Formas de prevenção

Além do bom manejo em todo o processo de produção, pode-se adotar outro procedimento
de prevenção à ocorrência de insetos: a utilização de repelentes naturais no entorno das
estruturas de produção.

Existem diversas plantas que atuam como repelentes naturais de insetos, sendo as mais
indicadas: a Hortelã (Mentha piperita), o Manjericão (Ocimum basilicum), o Cravo de defunto
(Tagetes patula), a Citronela (Cymbopogon winterianus), o Capim limão (Cymbopogon
citratu), a Arruda (Rutagraveolens), a Erva de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides) e
o Jasmim (Jasminum officinale).

Formas de controle

As principais formas de controle natural dos insetos são: as armadilhas e o controle biológico.

a) Armadilhas

As armadilhas utilizam um atrativo e um sistema para captura dos insetos adultos.

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Como exemplo de armadilhas para insetos pode-se mencionar as fitas com cola entomológica
e outra, mais artesanal, feita com garrafas Pet (500ml), com pequenos furos na parte superior
e cerca de 50ml de vinagre no seu interior.

Fita entomológica Armadilha com garrafa PET

b) Controle biológico

Trata-se de um método em que são utilizados microrganismos capazes de interromper o


ciclo de vida dos insetos. Como exemplo de controle biológico dos insetos pode-se citar a
utilização da bactéria Bacilos thuringienseis e do ácaro Hypoaspismiles.

• Bacillus thuringienseis - é uma bactéria que causa doença nas larvas dos insetos,
levando-as à morte.

• Hypoaspismiles - é um ácaro carnívoro inofensivo para o cogumelo e para o ser humano.


É utilizado no controle de praga na produção de Shimeji, pois ele se alimenta das larvas
dos insetos.

2.2. Molusco

As lesmas também podem ser consideradas como praga no cultivo de cogumelos, pois elas
atacam diretamente o cogumelo, comendo partes deles. Assim como os insetos, elas são
atraídas pelo cheiro exalado pelos cogumelos.

Lesma atacando cogumelo

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Como apresentam uma mobilidade lenta, são de fácil controle. O controle de lesma é feito
em armadilhas com um atrativo para ela e um sistema de captura. A armadilha é instalada
dentro do ambiente de cultivo, sendo armada durante a noite e retirada no dia seguinte de
manhã juntamente com as lesmas que foram capturadas.

2.3. Ácaros

Os ácaros (carrapatos), quando presentes, normalmente ocorrem em grande número e, por


se alimentarem do micélio, prejudicam a produtividade. Além disso, a presença de ácaro
pode causar uma mancha no píleo dos cogumelos, o que leva à desvalorização do produto.

Esse tipo de praga necessita de condições mais elevadas de temperatura e umidade para
a sua multiplicação; portanto, sua presença está associada diretamente ao ineficiente
tratamento térmico e deficiência no manejo durante o processo de produção do cogumelo
Shimeji.

Existem diversos tipos de ácaros; no entanto, na produção do cogumelo Shimeji não há


registro de ocorrência de ácaros diferentes do Tarsonemus sp.

A verificação da ocorrência dessa praga só é caracterizada pela observação do ácaro no


meio de cultivo. Cabe ressaltar que os ácaros são organismos de tamanho reduzido e para
sua visualização se faz necessária a utilização de uma lupa com aumento de, no mínimo,
10 vezes.

Havendo a contaminação do meio de cultivo por ácaros, o controle é feito através do descarte
do saco infectado em local adequado.

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VI - FAZER A PRODUÇÃO DE COGUMELO
SHIMEJI EM SUBSTRATO
1. PREPARE O SUBSTRATO

1.1. Separe os materiais

Álcool 70% Balança

Balde de 18 litros Caderno de anotações e caneta

Cal hidratada (CaOH²) Calculadora

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Enxada Facão

Farelo de arroz Feno

Forma Forno

Garfo Agricola Gesso agrícola

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Lona 4m x 4m Luva de procedimentos

Luva de raspa Luva térmica

Óculos de proteção Pá de Pedreiro

Peneira Serragem

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Vigota Vassoura

Caixa plástica Recipiente graduado

1.2. Coloque o EPI

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1.3. Faça a higienização dos equipamentos com álcool 70%

ATENÇÃO!!!
Todos os equipamentos deverão ser higienizados antes do uso, para diminuir o
risco de contaminação do substrato.

1.4. Limpe o local de preparo do substrato

1.5. Pegue a lona e estenda no chão

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1.6. Pegue os materiais para a preparação 1.7. Pegue a vigota
do substrato

1.8. Pegue o facão e triture o feno

ATENÇÃO!!!
Cuidado para não se ferir ao manusear materiais cortantes.

1.9. Peneire a serragem

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1.10. Pegue uma caixa plástica e recolha a serragem para pesagem

1.11. Calcule a quantidade de material a ser utilizado no substrato

Um fator importante que deve ser observado refere-se ao tamanho das partículas dos
materiais a serem utilizados na mistura, os quais não devem ser inferiores a 1,5mm, pois
prejudica a colonização do micélio no substrato. Isto ocorre devido a maior dificuldade de
trocas gasosas dentro do substrato. Por esse motivo, os materiais a serem utilizados na
mistura devem apresentar partículas superiores a 2,5mm para um melhor desenvolvimento
do micélio.

1.12. Pese os materiais

Pese o feno Pese a serragem

Pese o farelo de arroz Pese a cal hidratada

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Pese o gesso agrícola

ATENÇÃO!!!
Certifique-se de tarar a balança antes da pesagem de cada material.

1.13. Espalhe o material sobre a lona 1.14. Misture os materiais com o garfo agrícola

1.15. Verifique a umidade da mistura

1.15.1. Colete uma amostra da mistura na forma

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1.15.2. Coloque a forma com a amostra na 1.15.3. Coloque a forma com a amostra
balança e anote o Peso inicial da amostra no forno

1.15.4. Ligue o forno na posição mais baixa da chama possível

ATENÇÃO!!!
A tampa do forno deve ficar entre aberta para permitir a saída do vapor.

1.15.5. Após aproximadamente 1 hora retire a forma com a amostra do forno

ATENÇÃO!!!
Cuidado ao manusear materiais quentes.

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1.15.6. Coloque a forma com a amostra na balança e anote o peso

1.15.7. Verifique a variação de peso

Se não houve variação de peso comparado à pesagem após a primeira hora no forno
encontramos o peso final da amostra sem umidade.

Se houve variação mantenha a amostra no forno repetir os passos 1.15.3 a 1.15.6 até que
o peso não varie mais

1.15.8. Calcule a umidade relativa da mistura UR%

Lançar os valores do peso inicial e do peso final na fórmula:

1.16. Adicione água na mistura

1.16.1. Calcule a quantidade de água a ser adicionada na mistura

Lançar os valores obtidos na fórmula:

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1.16.2. Pegue a quantidade de água 1.16.3. Coloque a água na mistura
calculada

1.16.4. Homogeneize a mistura

2. ENVASE O SUBSTRATO

2.1. Separe os materiais

Algodão hidrófobo Balança

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Barbante Cano de PVC de água de 1 polegada

Luva de procedimento Luva de raspa

Papel kraft Saquinho de polipropileno (25cm x 40cm)

Serra de cano Tesoura

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2.2. Coloque o EPI

2.3. Pegue o saco de polipropileno e coloque o substrato no saco de polipropileno

2.4. Pese o saco com substrato

2.5. Pegue o cano de PVC e corte um anel

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ATENÇÃO!!!
Cuidado ao manusear materiais cortantes.
O anel de PVC deve ter no mínimo 2 cm de altura para uma boa eficiência na
vedação do saco com o algodão.

2.6. Passe a boca do saco pelo anel de PVC

ATENÇÃO!!!
Passar o saco pelo cano em quantidade suficiente para que, ao ser dobrado, possa
cobrir o anel de PVC.

2.7. Pegue o tufo de algodão e coloque no interior do anel de PVC

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ATENÇÃO!!!
A quantidade de algodão deve ser suficiente entrar bem justo no anel de PVC,
devendo-se deixar 1 cm do tufo de algodão para fora do anel para evitar que o
mesmo caia no interior do saco durante o processo de pasteurização.

2.8. Pegue o papel Kraft e corte

ATENÇÃO!!!
Cuidado ao manusear material cortante.
O tamanho do corte do papel deve ser suficiente para cobrir todo o anel de PVC.

2.9. Pegue o saco com substrato fechado com algodão e coloque o papel kraft cortado

2.10. Pegue o barbante e amarre

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3. FAÇA O TRATAMENTO TÉRMICO
3.1. Separe o material

Acendedor Balde

Bandeja Blocos de cimento

Fogareiro de alta pressão de 1 boca Luva de raspa

Luva térmica Relógio

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Saco com substrato Tambor de 200 L com tampa e presilha

Termômetro de espeto Trena

3.2. Coloque o EPI

3.3. Meça a base do tambor com a trena

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3.4. Pegue os tijolos e monte a base para apoio do tambor

ATENÇÃO!!!
A base deve ser do mesmo tamanho do tambor para que o mesmo fique bem
apoiado, sem risco de cair.

3.5. Pegue o fogareiro e coloque o fogareiro 3.6. Pegue o tambor e coloque o tambor
na base de tijolo sobre a base de tijolo com o fogareiro

3.7. Coloque água no tambor

ATENÇÃO!!!
A água deve ser colocada até atingir 1/3 da altura do tambor para que não falte até o
final do tratamento térmico, certificando que o nível de água está abaixo dos sacos.

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3.8. Pegue os sacos com substrato e coloque no interior do tambor sobre o suporte
de metal

ATENÇÃO!!!
Deve ser observado um pequeno espaço entre os sacos para uma melhor
circulação do vapor.

3.9. Coloque a tampa do tambor e verifique se ela está furada

ATENÇÃO!!!
O tamanho do furo deve ser de, pelo menos ½ “ (1/2 polegada), para permitir a saída
do vapor do tambor.

3.10. Feche o tambor com a presilha

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3.11. Ligue o fogareiro 3.12. Observe o momento de saída de
vapor

3.13. Coloque o termômetro de espeto no furo da tampa e meça a temperatura

ATENÇÃO!!!
A temperatura deve ser aferida até que se atinja 100°C.

3.14. Marque o tempo

ATENÇÃO!!!
A temperatura deve ser mantida em 100°C durante, pelo menos, 6h

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3.15. Desligue o fogo após as 6 horas e tire a cinta da tampa

ATENÇÃO!!!
Aguarde cessar a saída do vapor pelo furo antes de retirar a cinta da tampa
Cuidado para não se queimar

3.16. Tire os sacos do tambor

3.17. Leve os sacos para sala de inoculação ainda quente

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4. FAÇA A INOCULAÇÃO
4.1. Separe os materiais

Álcool 70% Caixa vazada

Estilete Fita adesiva

Luva de procedimentos Máscara

Papel toalha Pinça de metal

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Saco com substrato pasteurizado Semente-inoculo (cavilhas)

Tesoura ouca descartável

4.2. Coloque o EPI

4.3. Deixe os sacos esfriar na sala de inoculação

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ATENÇÃO!!!
Todo ambiente e equipamentos da sala de inoculação devem ser higienizados antes
do início das atividades. Para tanto, utiliza-se álcool 70% para a mesa e ambiente,
além de água sanitária para o piso.
4.4. Pegue o borrifador spray e borrife 4.5. Pegue o saco de cultivo e borrife
álcool 70% no ambiente álcool 70%

4.6. Tire o excesso de álcool no saco de cultivo com um papel toalha

ATENÇÃO!!!
Após borrifar o álcool no saco de cultivo passe um papel toalha para evitar que
a superfície do saco de cultivo fique úmida, o que dificultará a aderência da fita
adesiva que será colocada após a introdução da semente (cavilha) no saco de
cultivo.
4.7. Pegue o saco de cultivo e borrife 4.8. Pegue o estilete e faça furos no saco
álcool 70% de cultivo

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ATENÇÃO!!!
Cuidado para não se ferir ao manusear materiais cortantes.
Devem ser feitos 2 furos para cada Kg de substrato.

4.9. Pegue a pinça de metal e esterilize 4.10. Pegue o saco de semente e massageie
com álcool 70% para soltar as cavilhas

4.11. Pegue uma cavilha no saco de semente e coloque no furo feito no saco de cultivo

ATENÇÃO!!!
Deve ser inoculada 1 cavilha para cada furo.

4.12. Pegue a fita adesiva e feche os furos

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ATENÇÃO!!!
Certifique-se de que todos os furos foram fechados.

4.13. Transfira os sacos inoculados para a sala de incubação

5. FAÇA A INCUBAÇÃO

5.1. Separe os materiais

Cal hidratada Etiqueta adesiva e caneta

Luva de procedimento Termo higrômetro

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Touca descartável

5.2. Coloque o EPI

5.3. Desinfete as prateleiras com cal 5.4. Desinfete todo o chão com cal

5.5. Pegue os sacos inoculados e coloque na prateleira desinfetada

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ATENÇÃO!!!
Os sacos devem ser acomodados mantendo um espaçamento de, pelo menos, 10
cm entre si para permitir a frutificação.

5.6. Identifique o lote

ATENÇÃO!!!
O lote deve ser identificado com data de inoculação, espécie e o número de sacos
na prateleira.

5.7. Verifique a temperatura e umidade diariamente

ATENÇÃO!!!
A umidade da sala de incubação deve ser mantida em torno de 65 a 75 % e a
temperatura em torno de 25°C.

5.8. Verifique a colonização do substrato e se há algum contaminante dentro do saco.

A colonização do substrato pelo Shimeji é caracterizada pelo crescimento de micélios brancos


que, em condições ideais, devem se desenvolver em todo o substrato.

A identificação de contaminantes é feita de modo visual com a verificação do aparecimento


de micélios das mais variadas cores, sendo que na sua ocorrência o material deve ser
descartado.

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6. FAÇA A FRUTIFICAÇÃO.

6.1. Separe os materiais

Estilete Luva de procedimento

Termo higrometro Touca descartável

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6.2. Coloque o EPI 6.3. Pegue o estilete e fure os sacos

ATENÇÃO!!!
Devem ser feitos aproximadamente 2 furos para kg de substrato para que a
frutificação produza cachos maiores de cogumelos.

6.4. Verifique a umidade do ambiente

ATENÇÃO!!!
A umidade da sala de frutificação deve estar em torno de 90%.

6.5. Observe o surgimento dos primórdios

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7. FAÇA A COLHEITA

7.1. Separe os materiais

Caixa vazada Caixa plástica

Faca afiada Luva de procedimento

Máscara Touca descartável

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7.2. Coloque o EPI 7.3. Observe o ponto de colheita

ATENÇÃO!!!
O ponto de colheita é quando o chapéu estiver com 80% de abertura ou conforme
solicitação do cliente.

7.4. Pegue o todo o buque de Shimeji a ser colhido e faça uma leve torção no buque
para que se desprenda do saco de cultivo

ATENÇÃO!!!
Os sacos que já produziram devem ser mantidos na prateleira de frutificação, onde
será verificado o surgimento de novos primórdios

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7.5. Pegue uma faca bem afiada e limpe a base do buque, retirando restos de substrato

ATENÇÃO!!!
Cuidado ao manusear materiais cortantes.
ALERTA ECOLÓGICO!!!
Os restos do substrato retirados devem ser descartados em local apropriado

7.6. Coloque os buques já limpos em uma caixa vazada

ATENÇÃO!!!
Colocar no máximo duas camadas de buque na caixa para evitar que os cogumelos
amassem.

7.7. Transfira a caixa para a refrigeração 7.8. Após a refrigeração transfira os


cogumelos para a sala ou setor de
embalagem

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8. FAÇA A EMBALAGEM
8.1. Separe os materiais

Balança Bandejas de isopor

Caderno de anotações e caneta Caixa vazada

Cogumelos colhidos Embaladora

Filme de PVC esticável Luva de procedimento

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Máscara descartável Rótulo

Touca descartável

8.2. Coloque o EPI 8.3. Pegue a bandeja para os cogumelos


e coloque na balança

ATENÇÃO!!!
Antes de iniciar as atividades, certifique-se que o ambiente e os equipamentos
estão limpos e higienizados.

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8.4. Tare a balança

8.5. Pegue os cogumelos e coloque na bandeja até atingir o peso desejado

8.6. Leve a bandeja com os cogumelos para a embaladora

8.7. Passe o filme de PVC na bandeja com os cogumelos

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8.8. Pegue o rótulo e anote as informações de lote, data de produção e data de validade

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8.9. Coloque o rótulo nas embalagens

ATENÇÃO!!!
A etiqueta deve conter informações do produto, data de colheita, data de validade,
tabela nutricional, temperatura e forma de armazenamento, composição média para
cada 100g do produto e os dados do produtor.

8.10. Coloque as embalagens rotuladas na 8.11. Leve a caixa com as embalagens para
caixa vazada a refrigeração

8.12. Anote o lote e número do fluxo de produção, quantidade produzida e data

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9. DESCARTE O MATERIAL EXAURIDO

Após alguns ciclos de colheita é natural que ocorra uma queda de produção do saco
inoculado ou até mesmo que não seja verificado o surgimento de novos primórdios. Quando
isso ocorre, considera-se que o material está exaurido e o mesmo deve ser descartado.

9.1. Separe o material

Caixa vazada Material exaurido

Touca descartável

9.2. Coloque o EPI 9.3. Pegue o material exaurido e leve ao


local onde será descartado

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9.4. Abra o saco e retire o substrato de dentro do saco

9.5. Coloque o saco plástico na caixa para descarte em lixo reciclável

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sala de incubação, estrutura de frutificação de cogumelos rústicos, estruturas de frutificação
com alta tecnologia, ponto ideal de colheita, shimeji colhido e limpo, embalagem em saco
de polipropileno, embalagem de isopor com filme de PVC esticável, substrato contaminado
com trichoderma) pagina 5 ,6,7,8,20,22,27,28,29,31,32,35 : Fotos: Suzana L. Araújo – 2020
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• Ilustração 2 pagina 24: Fonte :https://sitiocurupira.files.wordpress.com/2009/07/
pasteorizador03.jpg
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de fevereiro 2020
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