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CAPITULO I : INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

As análises de evidências em cenas de crime e em materiais suspeitos são essenciais para o


andamento de investigações e resolução dos crimes. Iremos na presente apresentação abordar
sobre os diferentes procedimentos e técnicas para efeito do referido supra.

Nas últimas décadas, o uso do conhecimento científico como ferramenta não apenas
coadjuvante, porém muitas vezes decisiva na elucidação de crimes, tem se intensificado. Assim,
a chamada ciência forense estabeleceu-se de forma definitiva. Nela, a química forense tem um
papel de grande destaque.

Dessa forma, a ciência forense é uma área interdisciplinar que envolve física, biologia, química,
matemática e várias outras ciências de fronteira, com o objetivo de dar suporte as investigações
relativas à justiça civil e criminal.

Sendo assim, como o próprio nome indica, a química forense é a utilização ou aplicação dos
conhecimentos da ciência química aos problemas de natureza forense. Segundo Zarzuela (1995),
denomina-se química forense o ramo da química que se ocupa da investigação forense no campo
da química especializada, a fim de atender aspectos de interesse jurídico.

Farias (2008) refere que, cabe ao perito forense a identificação, coleta e análises dos vestígios
presentes no local do crime, sendo, portanto de fundamental importância sua atuação, visto que,
com frequência, a presença ou ausência de uma determinada prova material pode ser a diferença
entre resolver ou não um caso, prender ou não um criminoso.

Conforme refere CHEMELLO, 2006, os peritos especializados em química forense, quando se


deparam com uma investigação policial, trabalham primeiro no sentido de confirmar e descartar
suspeitos. As técnicas empregadas permitem que seja possível identificar, com relativa precisão,
se uma pessoa, por exemplo, esteve ou não na cena do crime a partir de uma simples impressão

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digital, deixada em algum lugar, ou então um fio de cabelo encontrado no local do crime. Hoje
em dia, pode-se também realizar a identificação humana através do DNA presentes na amostra.

Portanto, a ciência forense é a ciência utilizada no sistema jurídico, isto é, para finalidades da
lei. O trabalho de um químico forense é assim, encontrar pistas, rastros, vestígios e determinar os
seus significados.

Algumas das análises realizadas pelos profissionais dessa área são voltadas à identificação e
constituição dos elementos por meio do uso de técnicas e procedimentos para a análise de
substâncias entorpecentes como a cannabis sativa, a identificação das pessoas que possivelmente
estiveram no local de facto pela presença de fios de cabelo e o DNA no local de facto que
evidentemente irão fortemente contribuir na identificação do agente do facto e várias outras
apreciações que contribuem fortemente para solucionar os crimes, porém, direccionamos a nossa
pesquisa aos supra referidos.

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1.2 Objectivos
1.2.1 Objectivo geral

O presente trabalho tem como objectivo analisar as técnicas, procedimentos e os equipamentos


usados nas análises forenses das canabis, dos microvestígios como os fios de cabelos e o dna.

1.2.2 Objectivos específicos

 Conhecer as técnicas usadas para efeitos do referido supra;


 Analisar os referidos microvestígios e a substância psicoativa elencada para o tópico
desta;
 Identificar o que são tais elementos de interesse forense, como são, bem como,
proceder à sua classificação e procedimento de análise;
 Enquadrar as técnicas estudadas a lesgislação Moçambicana, para efeitos de
permissões e evidentemente proibições;

1.3 Metodologia
O presente trabalho de pesquisa foi fundamentado com o uso do método bibliográfico e
dispositivos legais, cujo ambos estão dispostos na referência bibliográfica da presente.

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CAPÍTULO II: TÉCNICAS, PROCEDIMENTOS E EQUIPAMENTOS DE ANÁLISE DA
CANNABIS

O consumo de substâncias psicoativas é uma característica comum à maioria das civilizações.


De modo geral, essas substâncias foram e ainda são utilizadas em diversas épocas e culturas com
finalidades terapêuticas, religiosas, lúdicas e para obtenção do prazer.
Porém, cabe ter a noção desta substância efectivamente, o que veremos em seguida.

2.1 Conceito e tipos da canabis

A palavra canabis vem do grego kávvabis (kánnabis). Nominado no Brasil como machonha, kif
em Marrocos, dagga na África do Sul, marijuana ou grass nos Estados Unidos e surruma em
Moçambique, de entre tantos outros termos usados nos diversos cantos do mundo.

Canabis, da família Cannabaceae, tem origem botânica relatada à mais de 5000 anos em algum
lugar com localização exata incerta entre o leste da China e a Ásia central (RUSSO, 1998).

Existem três espécies de Canabis conhecidas na literatura, a Canabis sativa, a Canabis índica e a
Canabis ruderalis (EVANS et al., 1974).

Figura 1. Tipos de Cannabis

A espécie canabis sativa linnaeus que originalmente foi utilizada como erva medicinal no
preparo de chás para combater dor de cabeça e fadiga, também é a mais comum e conhecida
entre as três espécies. Além de seu uso como erva medicinal, a canabis sativa l. tem sido

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consumida como droga de recreação desde muito tempo, seja na forma de cigarros, cachimbos
ou em receitas (ELSOHLY; SLADE, 2005; RUSSO, 1998).

Isso provavelmente decorre da sua fácil obtenção, rápida absorção das toxinas pelo organismo
dos usuários e o efeito psicológico dos tetra-hidro-cannabidiol (THC: tetrahydrocannabinol)
presentes nas folhas com elevadas concentrações (LEITE et al., 2018; WILLIAMSON; EVANS,
2000).

2.2 Classificação da cannabis sativa l.


A atividade farmacológica da planta está associada à classe terpenofenólica, composta por mais
de 60 canabinoides, os quais não são encontrados em outras espécies vegetais. Eles são os
responsáveis pelos efeitos da planta e classificados em dois grupos: os canabinoides psicoativos
(por exemplo, tetraidrocanabinol, trans-tetraidrocanabinol, etc) e os não psicoativos (por
exemplo, canabidiol e canabinol).

Dentre todos os canabinoides contidos na Canabis sativa L., o Δ9 -THC (tetraidrocanabinol) é


reconhecidamente, o principal composto químico devido ao seu pronunciado efeito psicoativo. É
encontrado na planta madura, em concentração maior nas flores, com valores decrescentes nas
folhas e somente em traços no caule e ramos, não sendo encontrado nas raízes, como ilustram as
figura abaixo.

Fig. 2. Estrutura quimica da tetraidrocanabinol

Fig. 3. Planta madura da cannabis sativa l.

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2.3 Analise forense da cannabis sativa l.
As análises toxicológicas com finalidade forense podem fornecer evidências preciosas para
materialização do crime e a base de um diagnóstico confiável é a realização de uma análise
eficiente, sendo de fundamental importância o conhecimento da abrangência da técnica analítica
empregada.

Os métodos de triagem são empregados para verificar a presença ou ausência de uma


determinada classe ou grupo de compostos. A escolha de um método de triagem é fundamental,
pois define a gama de analitos que serão procurados e detectados.

Os testes químicos mais utilizados para triagem da Canabis sativa L. são Fast Blue B e
Duquenóis-Levine. As reações colorimétricas que ocorrem nesses testes são atribuídas à natureza
fenólica da estrutura química dos canabinoides e, por isso, falta-lhes especificidade, pois outros
compostos análogos presentes nos vegetais podem se comportar de maneira semelhante.

2.3.1 Fast Blue B (reagente)


O teste de Fast Blue B trata-se de um spot test (é um teste prévio, ou seja, é a testagem do
produto na diluição indicada para determinada utilização) preparado a partir da dissolução do sal
em água deionizada. A reação do teste colorimétrico com um extrato vegetal pode ter como
resultado a coloração vermelho púrpura, se houver a reação deste com possíveis compostos de
natureza fenólica presentes na amostra vegetal, caracterizando, neste caso, o resultado positivo.

2.3.2 Duquenóis-Levine (reagente)


O teste de Duquenóis-Levine consiste num teste colorimétrico elaborado a partir de uma
solução de vanilina etanoica que, após adicionada ao tubo de ensaio que contém o extrato da
espécie vegetal em questão e com a posterior adição de ácido clorídrico concentrado resultará na
formação de um anel azul-violáceo para resultados positivos.

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CAPÍTULO III: TÉCNICAS, PROCEDIMENTOS E EQUIPAMENTOS DE ANÁLISE
DE FIOS DE CABELO

A utilização do cabelo como amostra biológica para a determinação de vários compostos tem
vindo a aumentar. Este tipo de amostra pode constituir uma mais valia face a outras matrizes
tradicionalmente escolhidas (sangue e urina), uma vez que tem capacidade de retenção e
armazenamento por um período de tempo relativamente longo, desde meses a anos, que várias
outras substâncias.

As análises de cabelo podem ser aplicadas em várias áreas que são referidas ao longo deste
capítulo, nomeadamente no controlo de doping, na exposição ocupacional ou acidental a
determinados xenobióticos, como auxiliar na avaliação do estado nutricional e no auxílio do
diagnóstico de doenças, na avaliação quanto à aptidão para a condução de veículos sob efeito de
drogas ou álcool, na toxicologia post mortem, etc.

3.1 Anatomofisiologia do cabelo e sua composição química


O cabelo difere de outras amostras biológicas utilizadas para análise (tais como sangue, urina,
suor ou saliva) pela sua capacidade de retenção e armazenamento por um período de tempo
relativamente longo de várias substâncias. Esta particularidade é bastante útil na avaliação do
consumo de drogas rapidamente metabolizadas e excretadas como é o caso da cocaína, opiáceos
e anfetaminas.

De facto, o sangue e a urina são as matrizes mais usadas e permitem a pesquisa de uma grande
quantidade de substâncias quando há uma exposição recente ou crónica. No entanto, a sua janela
de deteção varia das 36 às 72 horas, no sangue e na urina respetivamente, e as concentrações dos
compostos estão sujeitas a alguns condicionalismos que incluem entre outros, mecanismos
homeostáticos na amostra de sangue e o grau de hidratação do indivíduo na amostra de urina
(Kempson e Lombi, 2011).

Entretanto, no caso da fibra capilar, a janela de detecção é substancialmente mais longa (meses
à anos) o que permite uma investigação retrospetiva. Adicionalmente, o cabelo é uma matriz

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bastante estável, fácil de recolher, transportar e armazenar e pode ainda apresentar a vantagem de
a concentração de compostos ser 50 a 100 vezes superior nesta matriz às concentrações
encontradas no sangue ou na urina (Kempson e Lombi, 2011).

O cabelo é uma fibra heterogénea, que consiste num conjunto de células queratinizadas
aglomeradas em três estruturas concêntricas: a cutícula, o córtex e a medula conforme a figura
(Pragst e Balikova, 2006).

Figura 1. Estrutura da haste da fibra capilar

3.1.1 A medula, ou canal medular


É a parte central da fibra e pode estar ausente, ou ter uma presença descontínua ao longo do
cabelo, o que não leva a modificações na sua estrutura (Pragst e Balikova, 2006).

3.1.2 O córtex
É a parte principal da fibra capilar e da sua estrutura depende o grau de resistência e a
elasticidade do cabelo. Representa 65 a 95% do peso da fibra capilar e é formado por células
cilíndricas preenchidas por queratina. É também no córtex que os grãos de melanina, que dão cor
ao cabelo, se encontram (Pragst e Balikova, 2006).

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3.1.3 A cutícula
É a camada externa da fibra do cabelo sendo, por isso, a parte do cabelo sujeita às agressões
externas (sol, chuva, poluição, etc.), ações mecânicas (escovar, pentear, etc.) e transformações
químicas (permanente, colorações, reflexos, etc.). É constituída por várias camadas sobrepostas
(5 a 10 camadas), compostas por células extremamente pequenas e incolores que estão unidas
umas às outras por compostos lipídicos oferecendo uma excelente proteção ao córtex (Pragst e
Balikova, 2006).

O cabelo tem origem nos folículos pilosos situados 3 a 5 mm abaixo da superfície da pele. A
parte da fibra que sai da pele é designada de haste e a porção interna, de raiz. A raiz irrompe a
partir de uma expansão arredondada do folículo (o bolbo piloso) tendo na sua base uma
concavidade chamada papila dérmica rodeada por um sistema capilar sanguíneo que fornece o
material metabólico necessário para o crescimento do cabelo. Na parte mais profunda do folículo
piloso estão as células germinativas, responsáveis pela formação de queratina, melanina e outras
estruturas necessárias à formação do cabelo (Pragst e Balikova, 2006).

Figura 2. Formação do cabelo a partir das células matriz presentes na membrana basal até à
haste permanente do cabelo.

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3.2 Procedimento analítico para a análise de cabelo
Em um procedimento analítico para determinação de uma substância em cabelo, todo o
processo desde a amostragem deve ser bem organizado e realizado de forma correta de modo a
evitar potenciais erros (Pragst e Balikova, 2006).

3.2.1 Amostragem e armazenamento


O primeiro passo para a análise inicia-se com a colecta da amostra. A coleta deve ser efetuada
no vértice posterior da cabeça que é a zona onde o cabelo apresenta menor variabilidade, pois
existe menor influência do crescimento, da idade ou do sexo (Baciu et al, 2015).

Antes de ser cortada, a amostra de cabelo deve ser amarrada para garantir que é cortada o mais
próxima possível do couro cabeludo. O tamanho da amostra depende do objetivo da análise mas
normalmente deve ser uma quantidade de cabelo equivalente à espessura de um lápis. Para fins
forenses, é necessário a recolha de duas amostras: a primeira para que sejam efetuadas as
análises de rotina e a segunda que é armazenada para possibilitar uma eventual repetição para
confirmação dos resultados em casos onde se verifica a objecção do resultado final (Baciu et al,
2015; Cooper et al, 2012; Pragst e Balikova, 2006).

Após a recolha das amostras, estas devem ser enroladas em folhas de alumínio separadas e
colocadas com a extremidade da raiz além da extremidade da folha (Figura 3), de forma a evitar
o desalinhamento da amostra de cabelo e a facilitar a sua identificação (Baciu et al, 2015). Cada
folha de alumínio é dobrada longitudinalmente uma ou duas vezes de forma a segurar o cabelo
alinhado e colocada dentro de um envelope de papel selado, rubricado e datado (Baciu et al,
2015; Cooper, 2011; Cooper et al, 2012).

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Figura 3. Etapas do procedimento seguido para colheita das amostras (adaptado de Baciu et al,
2015)

As amostras devem ser armazenadas à temperatura ambiente, em locais secos e escuros (Baciu
et al, 2015).

Os procedimentos descritos permitem que grande parte dos xenobióticos e dos seus metabolitos
permaneçam estáveis ao longo do tempo, o que torna possível a sua deteção anos após o seu
armazenamento (Pragst e Balikova, 2006).

O armazenamento em frigoríficos ou congeladores, bem como em sacos plásticos não é


aconselhável devido à ocorrência de inchaço, libertação de conteúdo, ou, no caso de sacos
plásticos, devido à sua capacidade para extrair substâncias lipofílicas que possam estar presentes
no cabelo. As amostras que sejam colhidas húmidas deverão ser obrigatoriamente secas antes de
armazenadas e analisadas (Pragst e Balikova, 2006).

Frequentemente em acidentes rodoviários ou em cadáveres em decomposição, o cabelo


encontra-se embebido em sangue ou fluidos corporais. Nestas situações a técnica descrita pode
não ser a mais adequada, sendo necessário recorrer ao uso de frascos para a colheita da amostra.
Os frascos devem estar devidamente lavados, isentos de interferentes, contendo anticoagulante

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e/ou conservante apropriado e, devem estar bem tapados e fixos, para que não quebrem ao longo
do transporte (Cooper, 2011; Junior, 2012).

Nos casos de colheita post mortem, esta deverá ocorrer antes da autópsia (Cooper, 2011).

Em crimes sob efeito de drogas a colheita da amostra deverá ocorrer num período entre as
quatro e as seis semanas após a ocorrência. E, se o resultado for positivo dever-se-á proceder a
uma segunda colheita para verificação de resultados, sendo que o indivíduo não poderá efetuar
tratamentos cosméticos ou cortar o cabelo entre as colheitas (Cooper et al, 2012).

3.2.2 Preparação da amostra


A preparação da amostra é uma das etapas fundamentais de qualquer método analítico, tendo
uma influência relevante nos passos subsequentes da análise e na qualidade dos resultados
(Baciu et al, 2015).

Devido ao facto de ser uma matriz complexa, o cabelo requer uma preparação longa e detalhada
que envolve a descontaminação da amostra, para eliminar possíveis contaminações externas, a
extração de xenobióticos e os seus metabolitos, e, ainda uma etapa de lavagem adicional para
eliminar substâncias interferentes. A concentração dos xenobióticos ao longo do fio de cabelo
não é uniforme tornando-se necessário efectuar uma análise segmentar do cabelo (Baysal e
Akman, 2010).

A análise segmentar do cabelo assenta em dois pressupostos: o crescimento de forma linear


para a zona do vértice posterior (cerca de um centímetro por mês) e a sua colheita efetuada o
mais próximo possível da porção proximal do cabelo que emerge à superfície da pele (LeBeau et
al, 2011).

Diferentes estratégias na análise segmentar podem ser adotadas tendo em conta que,
geralmente, a concentração do xenobiótico diminui com o aumento da distância à raiz do cabelo
e por isso é recomendada uma análise de segmentos de tamanho cada vez maior à medida que se
distanciam desta (Pragst e Balikova, 2006).

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3.2.2.1 Descontaminação
A descontaminação da amostra de cabelo deve fazer-se por dois motivos, o primeiro motivo é
eliminar os resíduos de produtos utilizados para o cabelo (como champô, ceras, lacas) e remover
suor, sebo ou poeiras. O segundo motivo é o facto de a droga poder aderir à matriz a partir do
ambiente externo, o que pode contribuir para resultados não fidedignos (Baciu et al, 2015; Pragst
e Balikova, 2006).

Para excluir um resultado analítico positivo originado a partir deste tipo de contaminação do
meio ambiente, a primeira solução de lavagem deve ser analisada ou armazenada para posterior
análise (Baciu et al, 2015).

Os solventes utilizados para a descontaminação do cabelo devem, tanto quanto possível,


remover as impurezas externas sem remover as drogas presentes na matriz do cabelo (Pragst e
Balikova, 2006).

Diferentes estratégias são relatadas na literatura, no entanto todas elas incluem solventes
orgânicos, tampões aquosos, água, sabões ou uma combinação destas várias estratégias. Podem
demorar desde minutos a horas, a serem executadas e, o número de vezes que têm de ser
repetidas depende do grau de contaminação do cabelo (Baciu et al, 2015).

Não existe por isso, um procedimento consensual relativamente à lavagem das amostras de
cabelo. No entanto, no caso de a lavagem ser post-mortem é geralmente utilizada uma solução de
0,1% de laurilsulfato de sódio, água destilada e acetona (Pragst e Balikova, 2006). Outros
procedimentos incluem, por exemplo, uma ou duas lavagens com diclorometano, uma sequência
de solventes orgânicos, ou ainda, algumas lavagens com metanol (Pragst e Balikova, 2006).

Entretanto, solventes, tais como o diclorometano ou a acetona, são mais vantajosos do que o
metanol ou o tampão fosfato, uma vez que não provocam o inchaço do cabelo (Pragst e
Balikova, 2006). No caso concreto dos recém-nascidos os procedimentos de descontaminação
são muito importantes, já que o líquido amniótico tem capacidade de excretar xenobióticos
maternos que são depositados no cabelo (Lozano et al, 2007).

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3.2.2.2 Extracção/digestão
Os analitos que se encontram no interior da matriz capilar podem ser obtidos por diversas
técnicas, tais como digestão ácida ou alcalina, por extração com solvente, hidrólise enzimática,
ou incubação com vários sistemas tampão (Baciu et al, 2015).

O tratamento com ureia e tioglicolato, bem como o uso de fluidos supercríticos, encontram-se
igualmente mencionados na literatura (Pragst e Balikova, 2006).

Estas práticas envolvem por norma temperaturas elevadas e períodos de incubação que se
situam entre as 16 e as 20 horas (Baciu et al, 2015).

A escolha da técnica normalmente depende das propriedades químicas do xenobiótico, bem


como da sua estabilidade nas diferentes soluções de extração. Uma escolha incorreta da técnica
pode resultar na degradação do analito de interesse (Baciu et al, 2015; Pragst e Balikova, 2006).

A extração com metanol por um período de 5 a 18 h no banho de ultrassons é uma das técnicas
mais utilizadas, uma vez que é um procedimento compatível com quase todas as substâncias
(Pragst e Balikova, 2006).

O metanol é um composto hidrofílico que ao penetrar na matriz do cabelo leva a que esta se
dilate e liberte os compostos por um processo de difusão. Este, como solvente orgânico, tem a
capacidade para dissolvercompostos neutros e lipofílicos, sendo o processo facilitado com o
auxílio do ultrassons que degrada a estrutura do cabelo (Pragst e Balikova, 2006).

Relativamente à extração efetuada através de soluções de tampão fosfato ou por solução


aquosa, têm a principal vantagem de possuir uma elevada capacidade de extração de compostos
de natureza básica, como por exemplo, a cocaína e os seus metabolitos, as anfetaminas,
metadona (Pragst e Balikova, 2006).

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3.2.2.3 Limpeza e preconcentração
As técnicas utilizadas para a limpeza dos extratos são a extração líquido-líquido ou extração em
fase sólida (SPE, do inglês solid phase extaction). Este último é atualmente o mais usado devido
à disponibilidade de sistemas automatizados de materiais melhorados para a extração. Nesta
técnica, os xenobióticos contidos na matriz aquosa são extraídos, juntamente com os compostos
interferentes, após passarem por um cartucho que contém um solvente orgânico seletivo
geralmente utilizado para remover os interferentes (Baciu et al, 2015).

A microextração em fase sólida (SPME do inglês solid phase microextraction) permite uma
eliminação de interferentes e preparação da amostra para as técnicas usadas na confirmação de
resultados, devido à elevada sensibilidade do método e à possibilidade de automatização (Pragst
e Balikova, 2006).

Consiste num tubo de fibra ótica, de sílica fundida de 100 mm de diâmetro, com 10 mm de uma
extremidade recoberta com um filme fino de um polímero ou de um sólido adsorvente (Valente e
Augusto, 2000).

A fibra de SPME tem capacidade de captar substâncias lipofílicas, mesmo as de baixa


volatilidade, como por exemplo antidepressivos tricíclicos, fenotiazinas, lidocaína ou metadona e
os seus metabolitos (Pragst e Balikova, 2006).

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Figura 4. Uso de SPME para o processo de extração e
dessorção do material extraído para análise cromatográfica (adaptado de Valente e Augusto,
2000)
3.3 Técnicas analíticas mais comuns
A primeira análise ao cabelo para deteção de fármacos foi efetuada por radioimunoensaio
(RIA). No entanto, os RIA não foram bem aceites pelo facto de só serem sensíveis a um número
limitado de xenobióticos, de não possuírem especificidade relativamente ao analito que está a
analisar e de terem sensibilidade insuficiente para o uso de extratos de cabelo (Pragst e Balikova,
2006).

Ao longo dos últimos anos foram desenvolvidos testes ELISA, (do inglês EnzymeLinked
Immunosorbent Assay) para opiáceos, canabinóides, cocaína, benzodiazepinas e metadona que
provaram ser suficientemente sensíveis para uso em análise do cabelo (Pragst e Balikova, 2006).

Apesar disso, as técnicas de cromatografia líquida de elevada eficiência acoplada à


espectrometria de masas (HPLC-MS) e a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de
massa (GC-MS) são, hoje em dia, as metodologias de eleição para a confirmação devido à sua
elevada especificidade (Lima e Silva, 2007), uma vez que mesmo no caso dos testes de ELISA,
os resultados quando positivos têm sempre de ser confirmados, pois normalmente são colocados
em causa pelo individuo cuja análise a substâncias ilícitas foi efetuada (Pragst e Balikova, 2006).

3.3.1 Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (GC-MS)

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A GC-MS é o método mais utilizado para a análise de metabolitos no cabelo (Pragst e
Balikova, 2006). As caraterísticas de funcionamento do cromatógrafo gasoso são compatíveis
com a necessidade de uma velocidade reduzida da admissão do gás no espectrómetro de modo a
manter um vácuo suficientemente elevado no seu interior tornando a associação dos dois
equipamentos possível.

No entanto, para a realização de GC-MS é necessário que a substância seja volátil e estável a
elevadas temperaturas (Baciu et al, 2015).

Compostos que contenham grupos amina livres, grupos hidroxilo ou grupos carboxilos não
possuem estas caraterísticas, logo para que possam ser analisados por este método torna-se
necessário proceder a uma derivatização prévia dos mesmos por exemplo por reações com
compostos de anidrido pentafluoropropiónico e pentafluoropropanol (Pragst e Balikova, 2006).
A amostra é injetada no capilar do cromatógrafo, os seus componentes são separados na coluna,
e entram no espectrómetro de massa através da interface existente entre os dois equipamentos
(Qui et al, 2007).

A espectrometria de massa permite identificar quantidades de amostra muito reduzidas, o que a


torna num detetor ideal para a técnica cromatográfica. Os problemas de incompatibilidade de
acoplamento no que diz respeito às diferenças de pressão entre as duas técnicas (a cromatografia
gasosa opera à pressão atmosférica enquanto a espectrometria de massa funciona em condições
de alto vácuo necessárias para a conversão da maior parte das moléculas em iões, com um tempo
de retenção suficientemente longo para ser analisado) são ultrapassados através de uma interface
adequada que permita a associação destas duas técnicas (Qui et al, 2007).

Os analitos introduzidos no MS têm depois de ser ionizados. Posteriormente os iões formados


fragmentam-se e após separação no analisador de massas interatuam com um detetor
multiplicador de eletrões dando origem a uma corrente elétrica. A magnitude do sinal elétrico em
função da razão m/z é convertida por um processador de dados que gera os espectros de massa
correspondentes ao composto que se está a ser detetado (Pragst e Balikova, 2006).

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Existem diversos métodos de ionização, tais como:
 Ionização química (CI);
 Ionização por bombardeamento com átomos rápidos (FAB);
 Ionização por impacto eletrónico (EI) que são escolhidos de acordo com o tipo de
espécie (s) química (s) que se pretende analisar;

O método de ionização por impacto electrónico é atualmente o método mais empregue na GC-
MS devido à possibilidade de obtenção de uma informação mais detalhada sobre cada molécula
(Pragst e Balikova, 2006).

Na EI, as moléculas são bombardeadas com eletrões de elevada energia, sofrem ionização,
resultando na formação de iões moleculares que se fragmentam total ou parcialmente e são
separados pelo analisador de massas do espetrómetro de acordo com a relação massa/carga
(m/z). Tal como acontece nas cromatografias com os tempos de retenção, em MS os fragmentos
resultantes são caraterísticos de cada composto sendo assim possível a sua identificação e
quantificação (Pragst e Balikova, 2006).

Estes recursos permitem o desenvolvimento de procedimentos específicos e sensíveis para uma


grande variedade de drogas ou metabolitos com precisão suficiente mesmo em reduzidas
concentrações. Além disso, várias substâncias podem ser medidas na mesma corrida
cromatográfica, desde que o cromatograma seja divido em várias janelas de tempo com
diferentes massas (Pragst e Balikova, 2006).

A CI surge como alternativa à EI quando se pretende obter apenas um espectro simples do ião
molecular. Este processo implica a presença de um reagente gasoso em excesso que promove
uma fragmentação suave da molécula em análise sendo usada, por exemplo, na análise de
benzodiazepinas mas, devido a apresentar um menor grau de fragmentação, possui uma menor
especificidade quando comparada à IE (Pragst e Balikova, 2006).

3.3.2 Cromatografia líquida de elevada resolução acoplada à espectrometria de massa


(HPLC-MS)

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A cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massa é uma técnica
muito útil na análise do cabelo dado que são contornadas algumas das limitações associadas à
GC, nomeadamente no que diz respeito à volatilidade e estabilidade das moléculas (Pragst e
Balikova, 2006).

No entanto, a HPLC-MS apresenta também algumas restrições designadamente as que estão


associados com o efeito matriz dado que os espectros da matriz também são observados, levando
a uma maior complexidade na interpretação e análise dos resultados. Estes efeitos da matriz
podem provocar realce ou supressão de iões, o que afeta vários parâmetros de desempenho
analítico da metologia: o limite de deteção, o limite de quantificação, a linearidade, a exatidão e
a precisão. Considerando isto, é necessária a avaliação dessas possíveis interferências para que
haja validação dos resultados (Baciu et al, 2015).

A separação da amostra ocorre por distribuição diferencial entre os diversos componentes da


amostra e as duas fases imiscíveis (a fase móvel e a fase estacionária). A eluição/separação dos
solutos tem por base a diferença de solubilidade relativa destas espécies nas fases móvel e
estacionária que possuem polaridades distintas. Após esta separação os compostos seguem para o
espectrómetro de massa onde são ionizados e separados de acordo com a razão massa/carga
(Jickells e Negrusz, 2008).

3.3.3 Valores de cut-off


A designação de “cut-off” vem do inglês e é traduzido como “valor de corte’’. Estes valores de
cut-off são valores numéricos determinados durante o processo de validação dos métodos
analíticos ou que podem ser sugeridos por sociedades científicas (por exemplo, Substance Abuse
& Mental Health Services Administration ou a Society of Hair Testing) às quais resultados
analíticos são comparados para interpretação dos resultados finais. Sempre que os resultados da
análise se encontram abaixo dos valores estabelecidos como os valores de cut-off, os resultados
são considerados como “não detectados” ou “negativos”, sempre que valores se encontram acima
dos valores de cut-off são considerados “detectados” ou “positivos” (Tsanaclis et al, 2011).

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Os valores de cut-off na análise do cabelo não estão estabelecidos, tendo por base a literatura
disponível. No entanto, a Society of Hair Testing recomenda determinados valores cut-off para
os xenobióticos mais comummente encontrados no cabelo, permitindo por sua vez a
identificação do seu uso crónico (Tabela 1) (Cooper et al, 2012).

Tabela 1. Valores de cut-off para


drogas e metabolitos mais comumente analisados (adpatdado de Tsanaclis et al, 2011)

20
CAPÍTULO IV: TÉCNICAS, PROCEDIMENTOS E EQUIPAMENTOS DE ANÁLISE
DO DNA FORENSE

Um dos primeiros aprendizados dos recém-nascidos é reconhecer a mãe através de sons, odores
e imagens. Esta capacidade de identificar pessoas faz parte de elementos essenciais para a nossa
sobrevivência. De entre os diversos meios de identificação a visão é das mais utilizadas. As
imagens são um método fácil e eficaz de identificação, sendo adotada em sistemas de
monitoração da circulação de pessoas, por meio de câmeras, e em fotos nos documentos de
identificação por exemplo (Marta Lima, 2000).

Em situações de investigação de crimes, sempre que a câmera consegue filmar a ação e os


responsáveis, a identificação dos autores é facilitada. Mas, como esta gravação nem sempre é
viável, outros métodos para identificar características particulares das pessoas vem sendo
utilizados (Marta Lima, 2000).

O trabalho da perícia criminal é o de fornecer provas materiais do crime, baseado na análise de


vestígios encontrados no local do facto. Uma das questões importantes da criminalística é a
autoria, partindo de uma lista de suspeitos e a ligação deste ao facto outrora praticado. Neste
contexto, a associação de um vestígio a um possível autor ajuda no entendimento dos eventos
ocorridos naquele local de facto (Marta Lima, 2000).

Um método muito utilizado é baseado nas impressões digitais deixadas em alguns vestígios,
que após tratamento adequado podem ser comparadas com um banco de dados presente nos
diversos institutos de identificação. O método porém, é passível de falhas já que as impressões
digitais nem sempre estão presentes para serem resgatadas, como no caso de ossadas antigas
enterradas, quando há crimes de violência sexual ou ainda quando o objeto que é suporte da
impressão digital não se apresenta adequado, como superfícies ásperas ou tecidos. Nestes casos,
mesmo sabendo que houve o contato direto com os objetos não é possível recuperar as
impressões digitais (Marta Lima, 2000).

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Com o avanço da tecnologia e de estudos científicos, uma nova forma de reconhecer os
vestígios deixados pelos criminosos vem sendo utilizada em larga escala e com resultados
bastante satisfatórios. Esses vestígios, moléculas presentes nas suas células e que são únicas para
cada ser humano, é o DNA, e, através dele tem sido possível produzir análises que resultaram em
importantes subsídios para o reconhecimento da autoria de um crime. Mas, o que vem de facto a
ser o DNA, onde está e como pode ser utilizado e analisado na perícia criminal e quais os
procedimentos para efeitos do supra?

4.1 Conceito, estrutura e função do DNA


O DNA (sigla em inglês de Ácido Desoxirribonucléico) é uma molécula presente no interior do
núcleo da célula, responsável por conter todas as informações necessárias à formação de um
organismo vivo. A cadeia do DNA é constituída por desoxirribonucleotídeos ligados um ao
outro, cada um deles composto por um açúcar (desoxirribose), um grupo fosfato e uma base
nitrogenada (Adenina, Citosina, Guanina ou Timina) (Marta Lima, 2000).

Figura 1. Estrutura do DNA

22
Cada conjunto de três destas base (A, C, G e T) forma um códon, unidade responsável por
codificar cada um dos vinte aminoácidos existentes, que virão a formar todas as proteínas
necessárias para o funcionamento dos seres vivos. Dada a propriedade destas bases poderem se
ligar por “pontes de Hidrogênio”, duas cadeias de DNA geralmente são encontradas unidas,
numa conformação denominada “dupla hélice”, onde estão dispostas enroladas uma à outra. Na
célula humana, o DNA genômico (a cadeia de DNA completa) está distribuído por 46
cromossomos, compactado para ocupar o menor espaço possível no núcleo celular, ao mesmo
tempo protegendo as informações ali contidas (Marta Lima, 2000).

Figura 2. DNA Genômico

Estas cadeias de milhões de nucleotídeos enrolam-se uma na outra, formando a dupla-hélice


que, complexada a proteínas, pode ser visualizada em um microscópio, com um dos
cromossomos dentro do núcleo da célula. As informações genéticas do núcleo da célula são
transcritas na forma de RNA mensageiro (ácido ribonucléico, macromolécula semelhante ao
DNA), para ser levada ao citoplasma, onde esta informação é decodificada em um processo

23
denominado “tradução”. Cada trinca de nucleotídeos de RNA codifica um dos 20 diferentes
aminoácidos (Marta Lima, 2000).

Figura 3. Estrutura do RNA

4.2 Procedimentos técnicos para a análise de DNA


Quando um teste de DNA é feito, vários passos básicos são realizados independentemente da
metodologia aplicada e do tipo de amostra que está sendo analisada. Os procedimento incluem:

 O isolamento da amostra que contém DNA de origem desconhecida e, geralmente mais


tarde, o isolamento da amostra, por exemplo, sangue de um indivíduo conhecido;
 O processamento do DNA para que os resultados do teste poddam ser obtidos;
 A determinação dos resultados do teste ou tipagem de regiões específicas do DNA;
 A comparação e interpretação dos resultados dos teste, da amostra de origem biológica
desconhecida (amostra questionada) e da amostra de origem conhecida (amostra-
referência), para determinar se o indivíduo conhecido está excluído como fonte do DNA
ou está incluído como a possível fonte do DNA encontrado na amostra questionada
(Marta Lima, 2000).

Devido à baixa qualidade e à insuficiência das amostras biológicas que costumeiramente


aportam em um laboratório de DNA forense voltados à elucidação de delitos e à identificação de
pessoas, a metodologia preferencialmente aplicada é a baseada na análise de STRs através da
PCR. A ssim sendo, a análise de DNA obedece os seguintes procedimentos:

 A coleta de amostras com DNA;

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 A extração do DNA;
 Ampliação do DNA;
 Análise do DNA;

A técnica utilizada nos laboratórios Biogenéticos é por PCR (reação em cadeia da polimerase).
Em simples palavras, é uma técnica que faz milhares de cópias de uma região específica do DNA
(STR) e permite identificar com 99,999% de precisão se há vínculo genético entre duas amostras
ou mais (Marta Lima, 2000).

4.2.1 A coleta de amostras com DNA


O primeiro passo para o processo de identificação é a coleta de uma amostra de DNA. Essa
amostra pode ser feita através de saliva, sangue, fios de cabelo, mucosa bucal ou até amostras de
tecido. Uma vez obtida a amostra, ela é enviada ao laboratório para análise e segue-se ao passo
subsequente (Marta Lima, 2000).

4.2.2 A extração do DNA


No laboratório, a amostra é processada para extrair o DNA. Isso geralmente envolve a quebra
das células e a separaçãos do DNA de outros componentes celulares e para efeito desta etapa,
equipamentos comuns incluem centrifugas e kits de extracção de DNA (Marta Lima, 2000).

4.2.3 Ampliação de DNA


O passo seguinte é a amplificar o DNA. O que é feito através de uma técnica chamada reacção
em cadeia da polimerase (PCR) conforme mencionado anteriormente. Um termociclador é usado
para realizar ciclos de aquecimento e resfriamento permitindo que pequenas quantidades de
DNA se multipliquem em milhões de cópias (Marta Lima, 2000).

4.2.4 Análise do DNA


Pode-se dizer, que na análise de DNA é onde a mágica acontece. E, equipamentos como
sequenciadores de DNA ou eletroforense em gel são utilizados para determinar a frequência dos
nucleotídeos no DNA. Essas máquinas permitem que os cientistas identifiquem variações
genéticas, como mutações ou marcadores genéticos específicos (Marta Lima, 2000).

25
4.3 Equipamentos laboratoriais para o procedimento de análise do DNA
A realização de testes de DNA em laboratório envolve uma série de equipamentos
especializados para cada uma das etapas dos procedimentos a serem efectuados nas amostras
(extracção, ampliação e análise do DNA), dos quais elencamos os já referidos nos procedimentos
acima descritos.

4.3.1 Centrífuga

Figura 4. Centrífuga para extracção de DNA e RNA

A centrífuga é usada para separar componentes de uma amostra, como células e proteínas, por
meio da rotação a alta velocidade.

4.3.2 Termociclador

Figura 5. Termociclador de DNA

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Um termociclador é usado para realizar a reação em cadeia da polimerase (PCR), que amplifica
o DNA. Ele controla a temperatura da amostra, alternando entre ciclos de aquecimento e
resfriamento.

4.3.3 Sequenciador de DNA

Figura 6. Sequenciador de DNA

O sequenciador de DNA é essencial para determinar a ordem das bases nitrogenadas no DNA,
havendo diferentes tecnologias de sequenciamento. O sequenciamento de DNA é o processo
realizado para se determinar a sequência exata de nucleotídeos em uma molécula de
DNA (ácido desoxirribonucleico). Isso significa que, ao sequenciar um fragmento de
DNA, será possível conhecer a sequência em que as quatro bases nucleotídicas
(Adenina, Guanina, Citosina e Timina) ocorrem dentro dessa molécula de ácido
nucleico.

A sequência nucleotídica é a base para o conhecimento de um gene ou genoma. Ela


contém as informações sobre as propriedades hereditárias e bioquímicas da vida.
Através dela é possível compreender a construção e estrutura das células e
organismos.

4.3.4 Eletroforense

Figura 7. Eletroforense em gel

27
Este equipamento é usado para separar fragmentos de DNA com base em seu tamenho. É útil
para verificar a qualidade do DNA e para realizar os resultados de certos tipos de análise
genética.

4.3.5 Espectrofotômetro
Usado para medir a concentração de DNA em uma amostra e verificar a pureza do DNA
detenctando impurezas que podem afectar os resultados.

4.3.6.Pipetas
As pipetas são instrumentos de medição de volume usados para dispensar com precisão líquidos
dirantes várias etapas do processo de teste de DNA.

4.3.7 Incubadoras
As incubadoras controlam a temperatura e as condições de incubação necessárias para o
crescimento de culturas de bactérias usadas em alguns métodos de análise genética.

4.3.8 Computadores e software de análise


Os Computadores são usados para analisar e interpretar dados genéticos. Softwares
especializados são usados para identificar variações genética, fazer comparações com bancos de
dados e gerar relatórios.

4.3.9 Cabine de segurança biológica


São estruturas que protegem tanto os operadores quanto as amostras de contaminação cruzada
durante procedimentos sensíveis.

4.3.10 Equipamentos de armazenamento


Os dados genéticos e amostras biológicas são armazenados em freezers de ultra-baixa
temperatura, tanque de nitrogênio líquido e sistemas de gerenciamento de amostras.

28
CAPITULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Conclusão

A cannabis é uma planta que pertence a família cannabaceae, de origem botânica e se apresenta
em espécies conhecidas na literatura, a cannabis sativa , a cannabis índica e cannabis ruderalis.

Porém, direcionamos a nossa pesquisa a espécie cannabis sativa linnaeus que originalmente foi
utilizada como erva medicinal e é a mais comum e conhecida entre as três espécies, e por ser
consumida seja na forma de cigarros, cachimbos,etc, sendo considerada como droga de recreação
desde muito tempo, bem como por sua actividade farmacológica estar associada à classe
terpenofenólica, cuja forte adesão a esta espécie decorre da fácil obtenção pelos consumidores e
rápida absorção das toxinas pelo organismo dos usuários.

Esta espécie está composta por mais de 60 canabinoides, que se classificam em dois grupos: os
canabinoides psicoativos (por exemplo, tetraidrocanabinol, trans-tetraidrocanabinol) e os não
psicoativos (por exemplo, canabidiol e canabinol) os quais não são encontrados nas outras
espécies e são os responsáveis pelos efeitos psicoativos da erva.

Ao que diz respeito a análise forense para a detecção da presença desta toxina esta é feita por
meio de métodos de triagem que são empregados para verificar a presença ou ausência de uma
determinado grupo de compostos da mesma e deles destacam-se 2, o fast blue b que consiste na
dissolução de sal em água deionizada forma uma coloração vermelho púrpura e o duquenóis-
levine que consiste em um reagente que quando adicionado em ácido cloridrico e a amostra com
vestígio da droga gera uma colocação azul-violáceu a fim de se concluir a presença ou ausência
da substância.

Posto isso, entende-se que a cannabis sativa é uma planta complexa e a sua composição apesar
de útil à área farmacêutica, actualmente, é considerada substância ilícita, causando temor tanto
para quem consume quanto para o porta ou transporta (tráfico, dependendo dos seus valores
quantitativos), gerando ainda tensão entre os que defendem a sua legalização, proibição ou
mesmo o consumo com finalidades medicinais.

29
Cabendo certamente ao tempo e ao desenvolvimento de novos estudos poder-se então sanar este
impasse que decorre.

A presente teve também um olhar conclusivo no que respeita as técnicas, procedimentos e


equipamentos de análise de fios de cabelo, tendo-se podido concluir que o cabelo como matriz
biológica tornou-se fundamental com o decorrer dos anos em alternativa às matrizes mais
comummente utilizadas, o sangue e a urina por exemplo. Vindo a receber especial importância
devido à sua janela de retenção e armazenamento ser substancialmente mais longa (meses à
anos) o que permite uma investigação retrospectiva de por exemplo abuso crónico de drogas e a
possibilidade de identificar se está perante uma exposição de curto ou longo prazo e, ainda
devido ao facto de ser uma matriz bastante estável, fácil de recolher, transportar e armazenar,
sendo ainda destacada por ser o melhor método nos casos em que as análises sejam realizadas em
cadáveres visto que já em decomposição dificilmente se poderia obter amostras como sangue,
urina e outras corriqueiramente usadas.

Vejamos que, em uma situação hipotética de se ter em mãos um suspeito de um crime, porém,
quando durante a instrução se tiver notícia de que tal arguido era ou é toxicodependente à data
dos factos que lhe sejam imputados, dever-se-á ordenar o adequado exame pericial a fim de se
poder então determinar o seu estado (a longo prazo). Assim, caberá ao perito na medida do
possível pronunciar-se sobre a natureza e espécie dos produtos consumidos pelo arguido e seu
estado no momento da realização do exame pericial e os eventuais reflexos do consumo de
alguma substância tóxica na capacidade do arguido de evaliar e entender a ilicitude dos actos ou
de se determinar de acordo com a avaliação feita. Concluindo-se assim, que os fios de cabelo,
são de grande ajuda às averiguações de, se por exemplo tiverem sido efetuados consumos
regulares de drogas no período de tempo a que se reporta o crime quer pelo arguido, ou em caso
de serem analizados vestígios em cadáveres.

Pudemos também no decorrer deste fazer à análise ao que se refere igualmente as técnicas,
procedimentos e equipamentos de análise do dna forense, que entendemos que é uma molécula
presente no interior do núcleo da célula, responsável por conter todas as informações necessárias
à identificação humana e está composto por 4 elementos, adenina, citosina, guanina e timina, que
são observados através do microscópio e pode ser efectuada a sua análise em amostra biológicas
como sangue, saliva, etc. Quanto a realização do exame de DNA são seguidos certos procedimos

30
nomeadamente a coleta de amostras, a extração e a ampliação finalizando-se com a análise dos
resultados obtivos nos passos antecedentes. Entretanto, para a realização de tais procedimentos
são necessários equipamentos adequados ao efeito, como as centrífugas usadas para separar
componentes , o termociclador que serve para controlar a temperatura da amostra alternando
entre ciclos de aquecimento e resfriamento, o sequenciador de DNA que serve para determinar a
ordem das bases nitrogenadas no DNA para o conhecimento de um gene ou genoma de entre
outros equipamentos mencionas no IV capítulo deste.

Em suma, concluímos que estes vestígios, constituem ferramentas estremamente importantes


em qualquer investigação criminal, pois são capazes de ligar pessoas e objetos à cena do crime
com um alto grau de confiabilidade, além de ser de extrema importância na identificação humana
e de restos mortais, bem como, no controlo de consumos de substância psicotrópicas com o caso
da analisada cannabis sativa. Tendo-se podido perceber a extrema relevância da problemática
deste a quimica forense e a investigação criminal no geral.

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Referências bibliográficas
DOMINGUES, Marina Isabel da Silva, 2015, Análise de cabelo, Procedimentos e aplicações,
Universidade Fernando Pessoa, Portugal

LIMA, Maria Marta Vieira de Melo, apud. COSTA, Mônica de Brito, apud. MAIA, Flávia
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BONACCORSO, Norma Sueli, 2005, Aplicação do exame de dna na elucidação de crimes,


Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Brazil

RAIMUNDO, Joana Filipa Antunes,2022, Desenvolvimento de uma cannabis, Instituto


Universitário Egas Moniz, Portugal

FARIAS, R.F. de, 2008, Introdução a quimica forense, 2° edição, Editora Átomo, Brazil

SILVA, Luis António Ferreira, apud. PASSOS, Nicolas Soares, 2006, DNA forense, Colecta de
amostras biológicas em locais de crimes para estudo do DNA, UFAL

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