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CENTRO EDUCACIONAL SESI – CE 162

(Fonte: Times 16)

Ana Clara Pereira Ribeiro


Giovanna Aparecida Custodio de Araújo Faria
Maria Eduarda da Silva Costa Borges
Maria Eduarda Oliveira
Maria Isabelly dos Santos Silva Ribeiro
Maria Vitória de Carvalho Pereira

“A Descriminalização do uso recreativo da Cannabis”

Lorena - SP
2022
CENTRO EDUCACIONAL SESI – CE 162
(Fonte: Times 16)

“A descriminação do uso recreativo da Cannabis”

Relatório Técnico - Científico apresentado na


disciplina de Projeto Integrador para o curso de
(incluir seu curso) do Centro Educacional SESI –
Lorena/SP. (Fonte: Times 12)

Lorena - SP
2022
Pereira Ribeiro, Ana Clara; Aparecida Custodio de Araújo Faria, Giovanna; Silva
Costa Borges, Maria Eduarda; SOBRENOME, Prenomes; Santos Silva Ribeiro, Maria
Isabelly; Carvalho Pereira, Maria Vitória. Título do trabalho. 00f. Relatório Técnico-
Científico. Ensino Médio – Centro Educacional SESI – CE 162. Tutor: Rodrigo Albarrelo.

2022.

RESUMO

Mais do que saber o que é a planta, terá que entender como as substâncias extraídas
deste tipo de planta podem agir em benefício com o corpo humano, no tratamento de diversas
doenças. Tudo começa no sistema endocanabinóide, em que seus compostos atuam
promovendo vários benefícios terapêuticos e entre outros. O sistema endocanabinóide é um
importante aliado da regulação e equilíbrio de uma série de processos fisiológicos no corpo
humano. Ele oferece as condições naturais para que o organismo se favoreça das propriedades
terapêuticas da Cannabis no enfrentamento de uma série de doenças. A cannabis é utilizada de
várias maneiras por muitos anos, como uso recreativo, podendo ser apontado como uso
terapêutico e em tratamentos. A sua discriminação no Brasil se deve por motivos de
discriminação racial e infelizmente os dados que hoje possuímos foram escritos em uma visão
preconceituosa. Hoje em dia a planta é vista por muitos como uma droga, e se popularizou
entre os jovens, a utilizando assim de forma incorreta e gerando violência por conta do tráfico
para o uso recreativo. Para o uso medicinal, diversos países legalizados estudam a planta e
conseguiram obter tratamentos com o seu uso. No Brasil pessoas que necessitam do uso de
medicamentos à base de cannabis passam por muitas dificuldades para adquiri-lo. Assim, está
pesquisa pretende compreender, analisar e verificar a sua descriminação e ilegalização, mas
mostrar seu diferencial no contexto medicinal que auxilia a população.

PALAVRAS-CHAVE: Palavra 1; Palavra 2; Palavra 3; Palavra 4.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES (opcional)

FIGURA 1– BRAINSTORM.......................................................................................... 18
FIGURA 2– BRAINSTORM.......................................................................................... 18
LISTAS DE TABELAS (opcional)

TABELA 1 - ALGUNS PROBLEMAS IDENTIFICADOS.................................................... 17


TABELA 2 - ALGUNS PROBLEMAS IDENTIFICADOS.................................................... 17
SUMÁRIO
(Fonte: Times 12; títulos em negrito/ subtítulo sem negrito)

1. INTRODUÇÃO 1
2. DESENVOLVIMENTO 2
2.1 OBJETIVOS...........................................................................................................................2
2.2. JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA..................................................................2
2. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................................3
2.4. METODOLOGIA..................................................................................................................22
REFERÊNCIAS 24
ANEXOS (OPCIONAL) 25
APÊNDICES (OPCIONAL) 26
APÊNDICE A –..........................................................................................................................26
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1. INTRODUÇÃO

Visto que na atualidade a planta cannabis, mais conhecida como maconha, é vista em
grande parte da sociedade como maleficio e popularizada entre o público juvenil por meio
de sua exploração através de seu consumo por usuários de drogas. Muito tem se discutido
sobre a sua ilegalidade na sociedade para seu uso medicinal. “Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), o uso médico da canabidiol pode ser indicado para o controle da
epilepsia e tratamento da ansiedade, além de servir como medicamento anti-inflamatório,
antiasmático e para propriedades antitumorais” (Neitzke,2021, CNN).
Nota-se que uma vez que o conhecimento seja adquirido é imprescindível para a
sociedade ter uma melhora de vida. No Brasil a planta é ilegal desde 1930, por motivos
raciais influenciado pelos Estados Unidos, país que hoje tem 76% de seus estados
legalizados para o uso medicinal da planta e aponta como pontos positivos dessa
legalização o aumento em sua economia e na California, estado onde o uso medicinal e
recreativos são legalizados, houve a redução de acidentes de trânsito causados por
embriagues alcoólica.
Sendo assim delinearam-se os seguintes objetivos da pesquisa: o intuito geral mostrar o
lado positivo da planta e trabalhar o seu uso consciente para a sociedade; perante a esse
objetivo, para se ter respostas mais eficazes traçou-se os seguintes propósitos específicos: o
seu uso medicinal e o seu impacto positivo na sociedade. Os métodos bibliográficos desta
pesquisa são de cunho exploratória, descritiva e explicativa.
Portanto nos capítulos deste trabalho verificam-se primeiramente os conceitos e a
história da ilegalidade no Brasil que trouxe um grande nível de tráfico e violência para a
sociedade, já que o governo investe na luta da guerra contra as drogas e também vários
problemas associados a saúde, pois o material comercializado para o uso recreativo da
planta está longe de ser de boa qualidade e não é controlado, outo problema encontrado na
sociedade é a falta de acesso de pessoas que necessitam do uso de medicamentos à base
canabidiol e que acabam adquirindo por meios ilegais.
O uso medicinal da planta cannabis vem sendo muito estudado em países legalizados,
ela é utilizada para tratamentos de diversas doenças e o fator primordial para entendermos
sua eficácia, é o sistema endocanabinóide, presente no corpo de nós. Dessa forma
apresenta-se a seguinte pergunta norteadora dessa pesquisa: qual é a importância do estudo
da cannabis para a sociedade? Entende-se, o quanto é importante o uso da cannabis no
intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida para todos nós.
Além do interesse dos pesquisadores pela temática, o estudo justifica-se pelas razões: a
popularização de seu uso recreativo de forma ilegal e não controlada pelo público juvenil e
a sua ilegalidade medicinal afetando as pessoas que precisam usufruir para tratamentos de
doenças.
Assim, está pesquisa pretende compreender, analisar e verificar a sua descriminação e
ilegalização, mas mostrar seu diferencial no contexto medicinal que auxilia a população.
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Objetivos

Está pesquisa tem como o seu objetivo geral mostrar para as pessoas que elas possuem
uma visão negativa e preconceituosa com a planta cannabis, logo a vida de muitos que
necessitam de tratamentos com remédios provenientes da planta é afetada na hora de se
conseguir acesso a esses medicamentos; também pretendemos mostrar os benéficos de sua
legalização com o seu uso consciente para o desenvolvimento da sociedade, visto que a planta
vem se popularizando principalmente entre os jovens.
Perante a esse objetivo, para se ter respostas mais eficazes traçou-se os seguintes
propósitos específicos: o seu uso medicinal, conhecendo e descobrindo pesquisas que buscam
pelo o seu uso consciente e para a saúde, assim identificando em que ela pode ajudar na vida de
brasileiros que sofrem com problemas e doenças (ex: endometriose e autismo) e traçar soluções
palpáveis para que se possam ser realizadas; e o seu impacto positivo na sociedade, por meio
de levantamentos e analises de dados de pesquisas de países legalizados.

2.2. Justificativa e delimitação do problema

Compreende-se que é de suma importância o uso da cannabis, que tem como intuito
proporcionar uma melhor qualidade de vida para o corpo social. Dessa forma apresenta-se a
seguinte pergunta norteadora dessa pesquisa: qual é a importância do estudo da cannabis
para a sociedade?
É notório o interesse dos pesquisadores pela temática, contudo, o estudo justifica-se
pelas razões: a popularização de seu uso recreativo de forma ilegal e não controlada pelo
público juvenil e a sua ilegalidade medicinal afetando as pessoas que precisam usufruir para
tratamentos de doenças, já que por sua vez, a Cannabis é capaz de tratar um grande número de
doenças com suas propriedades anticonvulsivantes, anti-inflamatórias, ansiolíticas,
antipsicóticas, neuroprotetoras e até antitumorais, além do efeito analgésico, pois o canabidiol,
por exemplo, ajuda a aliviar sintomas como dores e náuseas.
Com isso, está pesquisa pretende compreender, analisar e verificar a sua discriminação
e ilegalização, mas também mostrar seu diferencial no contexto medicinal que segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso médico do canabidiol pode ser indicado para o
controle da epilepsia e tratamento da ansiedade, além de servir como medicamento anti-
inflamatório, antiasmático e para propriedades antitumorais, trazendo assim, benefícios para a
sociedade, ajudando tais indivíduos.
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2. 3. Fundamentação teórica
3.
2.3.1. Planta Cannabis e suas substâncias
Mais do que saber o que é Cannabis, vale muito a pena entender como as substâncias
extraídas desse gênero de planta agem em benefício do corpo humano, no tratamento de
doenças diversas. Na verdade, tudo começa no sistema endocanabinóide, em que os compostos
ativos dela atuam, promovendo os benefícios terapêuticos esperados. Tal sistema foi
descoberto somente na década de 1960 e, desde então, não param de surgir novas aplicações
que comprovam os benefícios das substâncias extraídas da Cannabis. A Cannabis é
popularmente conhecida como a planta da maconha, tendo grande potencial de uso para fins
medicinais. Isto porque o maior responsável pela fama da cannabis de tratar muitas doenças, e
fator primordial para entendermos sua eficácia, é o sistema endocanabinóide, presente no corpo
de cada um de nós. Mas o que é o sistema endocanabinóide?

2.3.2. Sistema endocanabinóide e propriedades medicinais


O sistema endocanabinóide é um importante aliado da regulação e equilíbrio de uma
série de processos fisiológicos no corpo humano. Ele oferece as condições naturais para que o
organismo se favoreça das propriedades terapêuticas da Cannabis no enfrentamento de uma
série de doenças. ️ ou seja, o nosso corpo tem localizado em vários pontos, um sistema único e
exclusivo para receber e absorver os canabinóides. O que se juntarmos os pontos já é o
suficiente para uma maior eficácia em relação a outros medicamentos, que não têm um sistema
somente para recebê-los.
A localização do sistema endocanabinóide é também de extrema importância para a
eficácia da cannabis. Os canabinóides e seus receptores se encontram espalhados por todo o
nosso corpo, em membranas celulares do cérebro, órgãos, tecidos conjuntivos, glândulas e
células do sistema imunológico. Em cada parte do organismo o sistema executa tarefas
diferentes. Mas o seu objetivo é bem claro: Manter o equilíbrio e impedir que agentes de fora
interfiram. É por isso que a cannabis é capaz de agir em tantas doenças distintas, já que os seus
receptores estão também presentes em partes distintas do nosso corpo.
Desse modo, a Cannabis é capaz de tratar um grande número de doenças com suas
propriedades anticonvulsivantes, anti-inflamatórias, ansiolíticas, antipsicóticas, neuroprotetoras
e até antitumorais, além do efeito analgésico, pois o canabidiol ajuda a aliviar sintomas como
dores e náuseas.
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Ilustração: Rodrigo Damati / Foto: Amax Photo - Getty Images / Tratamento de


imagem: Marisa Tomas/SAÚDE é Vital
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Os vegetais do gênero Cannabis pertencem à ordem das Rosales e sua família é a


Cannabaceae. Embora seu uso como fármaco industrializado seja relativamente recente, ela
vem sendo empregada em tratamentos alternativos há milhares de anos — os primeiros
registros de utilização da planta com fins medicinais datam de 10 mil anos. Por sua vez, os
primeiros registros de cultivo organizado são de 6 mil anos.
Gênero de angiospermas que conta com três subespécies, a Cannabis foi catalogada
pela primeira vez em 1753 por Carl Linnaeus. É por isso que o nome científico da mais
conhecida, a Cannabis sativa L., leva a inicial do seu “pai”. Além desta, temos também as
subespécies Cannabis indica e Cannabis ruderalis, nativas do centro e do sul da Ásia.
As propriedades medicinais dessa planta estão nos muitos canabinóides que podem ser
extraídos das folhas, flores e do caule, assim como em outras de suas substâncias, como
flavonoides e terpenos. O mais abrangente deles é o canabidiol, ou CBD, como é mais
conhecido. Outra substância com atuação terapêutica que vem da Cannabis é o
tetrahidrocanabinol, ou THC. Embora possa ser usado na fabricação de medicamentos, esse
composto também tem propriedades psicoativas. Algumas das substâncias que podem ser
extraídas da Cannabis e seus principais seus efeitos:
 O tetrahidrocanabinol é a forma neutra do THCA, o ácido tetrahidrocanabinol, e
é obtida primariamente pela exposição ao calor. Ainda que exerça efeito
psicoativo, ele é usado na fabricação de fármacos como o Sativex, indicado no
tratamento de esclerose múltipla.
 O canabidiol se diferencia do THC por não causar efeitos psicoativos. Inclusive,
os pesquisadores da área da saúde têm se dedicado ao seu estudo em virtude da
efetividade terapêutica e das raras reações adversas.
 O CBD tem sido apresentado como proposta de tratamento para uma série de
doenças, e há cada vez mais ensaios clínicos que investigam suas propriedades
medicinais.
 O THC, na realidade, nada mais é do que um “produto” do THCA, o ácido
tetrahidrocanabinol, que é produzido pela Cannabis. Contudo, diferentemente do
primeiro, ele não apresenta efeitos psicoativos, destacando-se principalmente
por suas propriedades neuro protetoras.
 O canabicromeno é um dos compostos da Cannabis mais estudados pela
medicina. Isso porque ele tem propriedades fungicidas e bactericidas que nem
mesmo o CBD e o THC apresentam. Além disso, pode ser usado como substrato
para fabricação de sedativos, anti-inflamatórios e hipotensores.
 THCV é a sigla para tetrahidrocannabidivarina, um canabinóide semelhante ao
THC, mas que não é criado na forma de ácido. Ele atua na supressão do apetite,
podendo ser útil no combate à obesidade, ainda que possa apresentar efeito
psicoativo de curta duração. Também vem sendo indicado para tratar da
diabetes, já que regula os níveis de açúcar no sangue.
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Todos os componentes da Cannabis podem ser extraídos das três subespécies


conhecidas dessa planta, apesar das diferentes concentrações em cada uma delas. Cabe ressaltar
que há também as espécies híbridas, resultantes do cruzamento de diferentes cepas. São plantas
produzidas artificialmente, visando a manipulação de genes para obtenção de concentrações
maiores ou menores dos compostos ativos.

Imagem fonte: Instagram @ubntu_saude_integrativa Dra. Cibele Nóbrega


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2.3.3. Tipos de Cannabis catalogadas cientificamente

Espécie nativa da Ásia Central e do subcontinente indiano, a origem provável da


Cannabis indica é a região em que estão hoje o Afeganistão, o Paquistão e a Índia. Nesses
países, está a cordilheira Indocuche, onde a planta prolifera com mais abundância. Trata-se de
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uma espécie larga e baixa, de crescimento mais rápido que a Cannabis sativa, com níveis mais
altos de CBD e menores de THC. Seu tempo de floração estimado está entre 45 e 65 dias.
A mais conhecida espécie de Cannabis é encontrada principalmente em lugares com
clima quente e seco e longos dias de sol. Por isso, a sativa é mais comum em regiões da África,
da América Central, do Sudeste Asiático e de algumas partes da Ásia Ocidental. É uma planta
alta e fina, que leva mais tempo para amadurecer. Essa variedade geralmente apresenta doses
mais baixas de CBD e maiores de THC e requer um tempo de floração que fica entre 60 e 90
dias.
Subespécie menos abundante entre as do gênero Cannabis, a ruderalis se caracteriza
pela baixa taxa de crescimento, sendo a menor entre as suas “irmãs”. Adapta-se bem a regiões
com climas mais rigorosos, como Europa Oriental, Himalaia e Sibéria. Ela apresenta níveis
mais baixos de THC e maiores de CBD e, diferentemente das espécies sativa e indica, seu
tempo de floração é automático, ou seja, depende do seu ciclo de vida. Em geral, a ruderalis faz
brotar as primeiras flores dentro de 48 dias.
Agora já as conhecendo, embora parecidas, as canabiáceas apresentam diferenças
consideráveis entre si. Conhecê-las é fundamental, porque ajuda a orientar quanto ao cultivo e
ao que esperar em termos de concentração dos compostos ativos. Nesse sentido, o cânhamo é
uma variação de Cannabis sativa que se caracteriza por teores baixos de THC, sendo cultivado
principalmente para produção de fibras. Já a maconha nada mais é do que o nome “popular”
para as plantas do gênero Cannabis, associado de maneira preconceituosa ao consumo
recreativo e ilegal no Brasil – afinal, seu grande potencial medicinal é o que de fato importa.

2.3.4. Uso recreativo e sua discriminação no Brasil

A Cannabis vem sendo utilizada há milhares de anos para as mais diversas finalidades.
O potencial dessa poderosa planta é alvo de estudos mundo afora e tudo leva a crer que o que
sabemos é ainda muito pouco.
Há, ainda, a discriminação social de grupos que tinham o costume de consumi-la de
forma recreativa. Esse era o caso dos negros escravizados no Brasil do século 19 e dos
imigrantes e descendentes de mexicanos nos Estados Unidos do começo do século 20.
No Brasil durante muito tempo foi utilizada apenas pela população negra, enquanto os
brancos começaram a fazer uso somente em 1960, após o início do movimento hippie e
contracultura. No Brasil, a Cannabis é cultivada há quase cinco séculos. Usada para fins
recreativo, terapêutico e religioso, as primeiras sementes chegaram dentro de bonecas de pano
em 1549, conforme registro histórico do Ministério das Relações Exteriores, por intermédio
dos africanos. Conhecida por fumo de Angola, pango, diamba, riamba, fumo brabo, fumo de
caboclo e até macumba, a Cannabis no Brasil sempre teve referência às origens africanas em
todos os documentos históricos. Além do recreativo, a planta era tida como um ato de
resistência à dominação dos brancos, com um grande poder de curar doenças, a ganja era
utilizada pelos negros para combater dor de estômago e dente, cólicas menstruais, alívio de
câimbras, estímulo do apetite, cicatrizante, analgésico e melhorar o humor, benefícios
comprovados pela ciência hoje, que são conhecimentos milenares da população negra
brasileira. Na espiritualidade era utilizada pôr babalorixás e seus filhos, a Cannabis estava
presente nos cultos de candomblé e religiões de matriz africana. Acreditava que seu uso abria
um canal espiritual, fechava o corpo e provocava sonhos felizes.
Primeiro país no mundo a criminalizar o uso da ganja, o Brasil escancara a origem
racista de perseguição à erva. Instaurada em 1830, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a "
lei de posturas” penalizava “Escravos e outras pessoas” consumidoras do " pito do pango ".
Criada em um momento de instabilidade política com a vinda da corte portuguesa ao país,
aumento do tráfico de escravos e revolta da população escravizada, a proibição foi inserida em
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um contexto de controle social. Infelizmente, grande parte do registro histórico brasileiro


referente à ganja foi escrito a partir da visão racista de intelectuais brancos higienistas, como
José Rodrigues Dória, que dizia que o terrível vício a diamba, se não fosse repreendido,
poderia se espalhar pelas classes supostamente superiores brancas, " contaminando os
elementos sustentadores de uma boa raça”, que a maconha destruiria o futuro promissor da
nação. Após a lei Áurea e o advento da República, no final do século 19, criminalizar as
atividades de origem africana foi a maior arma de opressão nesse sistema. Em 1890 foi criado
um código penal para perseguir o samba, candomblé, capoeira e o conhecimento fitoterápico
africano. A norma proibia a atuação ilegal da medicina. A sabedoria milenar sobre o uso de
plantas para tratar diversas doenças que as mães de santo detinham era combatida pela elite
branca conservadora, que não valorizava tais conhecimentos, taxados de “feitiçaria ". Em
jornais baianos de 1930, por exemplo, artigos se referiam a maconha como uma planta africana
extremamente tóxica e perigosa. Nesse contexto, o Decreto 20.930 de 1932 agregou a cannabis
junto da cocaína e ópio no grupo das substâncias tóxicas a serem perseguidas conforme
indicação do Departamento Nacional de Saúde.
Faz tempo que a humanidade a utiliza não só pelos efeitos recreativos, mas também
terapêuticos — uma lista de indicações que incluía de bronquite a insônia.
Na década de 1920, um brasileiro podia ir à farmácia comprar cigarros de cannabis
numa boa. A história começou a mudar nos anos 1930. Leis proibicionistas restringiram as
vendas e a utilização. Em 1961, num cenário de convulsões culturais, ela passou a ser
considerada " substância extremamente prejudicial à saúde " pela Organização das Nações
Unidas (ONU). Virou " droga ", na acepção mais comum da palavra. A decisão, considerada
equivocada por especialistas, empacou as pesquisas que exploravam o caráter medicinal da
planta. Como sabemos, os predicados “antigo " e " natural " não são sinônimos de " seguro " e
" eficaz “. Mas a cannabis prometia. Assim, cientistas seguiram estoicamente testando a erva a
despeito das restrições. O Brasil inclusive virou referência no assunto. Nos anos 1970, o
médico Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), usava plantas
apreendidas pela polícia e chegou a fazer seu próprio cultivo para estudar as propriedades da
cannabis. “Já naquela época, ele ensinava que era necessário romper barreiras e enfrentar
dogmas “, recorda o farmacêutico Paulo Eduardo Orlandi Mattos, pesquisador da Unifesp que
colaborou com Carlini. O professor que desafiou o establishment faleceu em 2020, aos 90 anos,
e foi citado em mais de 12 mil trabalhos científicos. A medicina está colhendo agora os frutos
da dedicação de Carlini e de outros estudiosos, como o bioquímico israelense Raphael
Mechoulan, que, nos anos 1960, descreveu os principais componentes ativos da maconha. Dois
meses depois da morte do médico brasileiro, em dezembro de 2020 a mesma ONU reconheceu
as propriedades terapêuticas da cannabis e a retirou da lista de substâncias perigosas como o
crack. Pesquisas clínicas de qualidade atestam sua eficácia para algumas doenças e sintomas. E
a legislação brasileira também mudou. Hoje é possível comprar, com receita médica, produtos
à base de cannabis nas drogarias. Por outro lado, a merecida empolgação e um mercado em
expansão também deram origem a um rótulo de panaceia, como se a planta resolvesse qualquer
parada - e relatos individuais estouraram na mídia se sobrepondo a estudos e incertezas.
Estamos diante de um admirável e promissor mundo novo estrelado por essa velha conhecida,
só que a banalização sem chancela científica pode queimar (de novo) o filme dela.
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Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital

Em 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação


de produtos derivados de cannabis para terapêuticos por meio de prescrição médica. No
primeiro ano, foram 850 pedidos. Em 2021, quase 40 mil. O crescimento do interesse partiu
primeiro dos pacientes, chegou aos médicos - que, aos poucos, começaram a se interessar em
prescrever e buscar cursos de especialização -e é pautado, antes de tudo, pela ciência. " Nos
últimos cinco anos, o número de estudos clínicos cresceu consideravelmente. Com isso, há
patologias em que temos o grau máximo de evidência, que são os ensaios randomizados
controlados comparando os compostos da cannabis com um placebo, e outras em que esse nível
não foi atingido , mas há indícios consideráveis do benefício, corroborados por estudos pré-
clínicos e observacionais ", contextualiza o médico Wellington Briques, fundador do Centro
Brasileiro de Referência em Medicina Canabinóide.
A aplicação mais referendada pelas provas científicas hoje é a é a prescrição de
canabidiol (CBD), um dos princípios ativos da planta, para o controle de algumas epilepsias
que não são resolvidas com medicamentos. Esse uso foi viabilizado em maior escala com uma
mobilização social pela liberação da cannabis no Brasil, liderada principalmente por mães de
crianças que convulsionavam dezenas de vezes ao dia e, com o extrato de CBD, passaram a
viver melhor. Uma revisão sistemática a respeito, publicada no periódico Scientific Reports, do
grupo Nature, mostrou que o canabidiol reduz em até 50 % as crises de crianças com síndrome
de Dravet. O quadro, progressivo e incapacitante, limita o desenvolvimento cognitivo e motor
da criança, e não costuma responder à abordagem farmacológica padrão. O CBD também atua
com sucesso na síndrome de Lennox - Gastaut, que tem repercussões similares. " Além disso,
temos outros bons estudos que demonstram o poder de reduzir crises espontâneas em pacientes
que sofrem de epilepsia. refratária. Esse foi um ganho muito significativo , pois temos mais de
150 anos de uso da cannabis como anticonvulsionante , mas esse tipo de pesquisa estava
adormecido e ainda existe uma população desassistida , apesar dos avanços da indústria
farmacêutica ", conta o neurocientista Claudio Queiroz, do Instituto do Cérebro da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte ( UFRN ). Outra indicação bem consolidada é o
controle da espasticidade, um sintoma da esclerose múltipla. Definida como excesso de tônus
muscular com reflexos hiper acentuados, ela é fruto de uma pane no sistema nervoso que
prejudica a movimentação, leva a contraturas, deformidades e dores intensas. O CBD aqui é
coadjuvante. O principal responsável pelo benefício nesse caso é o tetra - hidrocanabinol, ou
THC, composto mais famoso por ser responsável pelo barato da maconha, mas também com
potencial terapêutico - e não só nesse campo. O uso na esclerose múltipla é paradigmático
porque, a exemplo de outras situações, a cannabis não trata a doença em si, mas suas
manifestações que emperram a qualidade de vida. " O que acontece é o controle de um dos
sintomas que talvez seja o mais incapacitante da doença ", diz a farmacologista Alline Cristina
de Campos, professora da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, principal polo
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mundial de estudos canábicos. Em 2017, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e


Social (BNDES), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a farmacêutica Prati -
Donaduzzi investiram mais de 30 milhões de reais na instituição para criar o Centro de
Pesquisa em Canabinóides, o nome técnico das moléculas presentes na planta. Dessa parceria,
também nasceu o primeiro e único produto 100 % brasileiro à base de cannabis, o Canabidiol,
da Prati - Donaduzzi.
Outra aplicação promissora da cannabis tem a ver com suas propriedades analgésicas. "
Enquanto o THC é mais indicado para dores crônicas e agudas de caráter neuropático (devido a
problemas no sistema nervoso), o CBD atua nas dores de origem inflamatória, com destaque
para as queixas nas articulações, como as artrites “, diferencia Orlandi Mattos. Não se trata de
uma cura, mas de alívio. Em revisões sistemáticas, os efeitos imediatos parecem mais
significativos do que os de longo prazo -o que parece ser uma constante, aliás, em tratamentos
para dor crônica. Ainda falta entender as melhores vias de administração, formulação e doses,
algo que ocorre em diversas aplicações dos canabinóides, feitas na base da tentativa e erro. Até
por isso, hoje essa estratégia é cogitada quando outras terapias falham. " Temos estudos
avançados sendo conduzidos no momento e outros, não tão robustos, já disponíveis, além de
uma boa experiência na prática clínica “, esclarece a anestesiologista Mariana Camargo
Palladini, da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (Sbed). " O problema é que hoje o
paciente já chega ao consultório querendo CBD, mas não é todo mundo que se beneficia do
produto. A resposta a ele é muito individual “, pondera a médica.
No universo da dor, a cannabis também tem sido testada e até prescrita contra a
fibromialgia, uma condição ainda não bem compreendida pela medicina que aumenta a
sensibilidade do indivíduo e provoca incômodos intensos pelo corpo. Só que os estudos nessa
linha ainda são bem incipientes. O que parece mais certo é uma melhora no sono e na
qualidade de vida dos portadores dessa e de outras condições que provocam dor crônica. Mais
qualidade de vida é outro relato constante, a ser validado por pesquisas controladas, no uso em
quadros severos de autismo. " Estamos colhendo dados de um grupo de famílias e os pais
descrevem melhora nos sintomas. Além disso, já registramos indícios menos subjetivos, como
a diminuição da necessidade de usar medicamentos mais fortes, como antipsicóticos, nesses
pacientes ", relata o biólogo Renato Malcher Lopes, da Universidade de Brasília (UnB), que há
mais de 20 anos destrincha a ação fisiológica dos canabinóides. Já na redução de náuseas e
enjoos relacionados às sessões de quimioterapia contra o câncer, as evidencias são
consideradas robustas o suficiente para apoiar a prescrição. E o THC também parece ter efeito
nas dores associadas à doença. " Porém, como faltam estudos comparando a molécula com
outras drogas, então não usamos como primeira linha de tratamento, somente quando outras
alternativas já falharam ", comenta o oncologista Igor Morbeck, da Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica (Sboc). Falando em câncer, dada a ação sistêmica da cannabis (inclusive na
imunidade), ela também protagoniza experimentos que avaliam uma possível propriedade
antitumoral. Na mesma linha, estudos iniciais testam seu potencial para enfrentar condições tão
diversas como endometriose e glaucoma. Mas a lógica atual não é erradicar o problema em
si ... “A ideia não é tratar a doença, mas seus sintomas. É como estar com Covid e tomar um
remédio para febre ", compara Queiroz.
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Ilustração: Rodrigo Damati / Foto: colnihko - Getty Images / Tratamento de imagem: Marisa
Tomas/SAÚDE é Vital
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2.3.5. Pesquisas recentes sobre cannabis e seus benefícios

Maconha é eficaz no tratamento da fadiga: Pesquisadores da Universidade do Novo


México descobriram em um estudo inédito cerca de 91% dos 1.124 participantes disseram ter
melhorado os sintomas de fadiga após o consumo de cannabis. Outro dado interessante é que o
THC e o CBD não foram relacionados às mudanças na sensação de fadiga, o que sugere que
outros canabinóides e fitoquímicos menores, como terpenos, podem ser mais influentes do que
se imaginava.

Estudo indica a cannabis como potencial opção terapêutica para psoríase:


pesquisadores da Tailândia avaliaram a aplicação de CBD em 51 pacientes que sofrem de
psoríase. Em um grupo, administraram CBD em pomada duas vezes ao dia, durante 3 meses,
em pacientes com psoríase em placas ou vulgar. Ao outro grupo, deram placebo. No final dos 3
meses, notaram que áreas tratadas com CBD apresentaram melhorias significativas em
comparação com as tratadas com placebo.

Quase 10% dos sobreviventes de câncer usam cannabis: pesquisadores da Southern


Illinois University School of Medicine descobriram que 9,2% dos sobreviventes de câncer
disseram consumir cannabis atualmente. Desses, mais da metade (51,3%) consome a erva
apenas para fins medicinais. A pesquisa revelou outro dado interessante: 65,2% do total disse
que fumar é sua principal modalidade de uso.

Cannabis pode ajudar na insônia causada por ansiedade e depressão: um estudo


publicado na BMC Psychiatry, onde pesquisadores usaram um aplicativo para rastrear usuários
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de cannabis em tratamento para insônia causada por depressão, ansiedade ou ambas, foi
descoberto que a cannabis foi eficaz em todos os grupos. Isso ocorria, sobretudo, com cepas da
espécie sativa.

Formulação com cannabis e fungos matariam 100% das células de câncer de


pâncreas em um estudo in vitro: A startup israeli Cannabotech realizou um estudo in vitro
junto com a Universidade de Haifa e identificou que quando a cannabis foi consumida em
conjunto com um extrato do fungo Cyathus striatus 100% das células cancerígenas do pâncreas
foram eliminadas sem afetação das células saudáveis. A próxima etapa do estudo, pelos
próximos 12 meses, se concentrará em identificar a eficácia anticancerígena combinada do
fungo e dos canabinóides em células e animais.

Em testes iniciais, canabidiol combinado a antibióticos mostra potencial contra


superbactérias: Um estudo da USP em parceria com um instituto espanhol demonstrou o
efeito antibacteriano sinérgico do canabidiol (CBD) em combinação com um antibiótico já
usado nos hospitais para o tratamento de infecções hospitalares graves. Os resultados
preliminares foram obtidos em testes laboratoriais e publicados em abril, na revista Scientific
Reports. Os pesquisadores também observaram que o canabidiol sozinho foi antibacteriano
contra diversas bactérias causadoras de doenças como faringite, escarlatina, febre reumática,
meningite e até pneumonia, além de infecções respiratórias e sexualmente transmissíveis.

Abelhas podem produzir mel canábico, mostra estudo: um estudo realizado por
pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA), publicado na revista Environmental
Entomology, descobriu que as abelhas são super atraídas pelas plantas de cannabis, através do
seu pólen doce. O estudo descobriu que quanto mais altas as plantas de cannabis são e quanto
maior a área que cobrem, mais abelhas se reúnem. O que é ainda mais legal é que existem 16
variedades diferentes da planta de maconha que podem sustentar essas populações de abelhas.
Outro ponto muito interessante na relação entre abelhas e maconha é que esses insetos
podem produzir mel com canabinóides, de forma natural. Os apicultores, ao longo dos tempos,
notaram diferenças de sabor entre mel derivado de diferentes plantas. As abelhas que coletam o
néctar das flores de lavanda, por exemplo, produzirão um mel perfumado, enquanto o mel
produzido de plantas de abacate é considerado bastante amanteigado.
Então, o que aconteceria se uma abelha fosse alimentada com um néctar infundido com
canabinóides? Produziria mel com a infusão dos compostos da maconha?
A PhytoPharma International, uma empresa israelense de tecnologia de cannabis, juntou-se ao
Professor Dedi Meiri – chefe do Laboratório de Pesquisa de Câncer e Cannabinóides do
Technion (Instituto de Tecnologia de Israel) para descobrir se é possível que as abelhas
cultivem mel com os benefícios medicinais dos fitocanabinóides a partir de cannabis.
Após extensa pesquisa, a equipe descobriu, com sucesso, um método que permite que
as abelhas expressem naturalmente canabinóides ativos em seu mel, fornecendo um produto
medicinal poderoso, com os benefícios terapêuticos do CBD e THC.
“O mel serve como um vetor de alta eficiência para atravessar a barreira
hematoencefálica. Ao produzir o mel, os canabinóides são transformados no estômago das
abelhas em moléculas altamente eficientes”, comenta o CEO da PhytoPharma em entrevista
para Forbes.

Cannabis e Endometriose: a endometriose é muito comum no Brasil, uma a cada dez


mulheres possuem a doença; geralmente o tratamento é feito com o uso de muitos remédios ou
cirurgia e ela pode voltar. Mas a cannabis por ser uma grande aliada da mulher ela pode
melhorar a qualidade de vida de quem sofre dessa condição.
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Segundo o artigo do Laboratório de Neurofarmacologia da Universidade Pompeu


Fabra, na Espanha, o efeito do THC em endometriose em camundongos reduziu as medicações
da dor e limitou o desenvolvimento de cistos endometriais.
Um estudo na Austrália indicou que 70% das mulheres que sofrem com a condição de
dores durante as relações sexuais, que uma complicação que a doença afeta nas mulheres,
utilizaram e utilizam a cannabis para reduzir as dores e diminuir o uso de hormônios artificiais.
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Ilustração: Rodrigo Damati / Foto: Francesco Carta fotografo - Getty Images / Tratamento de
imagem: Marisa Tomas/SAÚDE é Vital
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O fato é que se vive um boom da cannabis. Apesar dos dados tímidos em algumas
searas médicas, já tem congresso, pós-graduação e até dossiê sobre o tema surgindo para tentar
guiar os profissionais brasileiros. Em agosto, foi lançado o Tratado de Cannabis Medicinal:
Fundamentos para a Prática Clínica (Farol 3 Editores), primeira grande obra técnica em
português, escrita pela psiquiatra Ana Gabriela Hounie, representante do Brasil no Conselho
Consultivo da Associação Pan-Americana de Medicina de Canabinóide. Como pano de fundo,
um dos pontos que animam os médicos a prescrever a cannabis como alternativa para quem já
esgotou opções terapêuticas é sua segurança. No caso do CBD, que vem sendo usado há anos
mundo afora, não há grandes contraindicações, exceto um potencial risco ao fígado (comum a
diversos fármacos), efeitos colaterais como sonolência, perda de apetite e diarreia, além de
interações medicamentosas, aumentando ou diminuindo a disponibilidade de remédios já sendo
tomados.

O THC exige um pouco mais de cuidado, pois há risco de dependência e o uso por
longos períodos já foi associado ao desenvolvimento de quadros de esquizofrenia em
indivíduos suscetíveis. Também desperta reações como euforia, alterações de apetite e
consciência, aumento da frequência cardiovascular ... E não se recomenda a utilização por
jovens, devido ao risco de interferências no desenvolvimento cognitivo na infância e na
adolescência. FS Compostos isolados, concentrações novas e outros avanços por vir, como
moléculas sintéticas que imitam a ação dos canabinóides, exigem tanto ou mais rigor científico.
No passado, um medicamento que atuava no receptor CB1 para controlar o apetite e o peso, o
rimonabanto (não se trata de um fitocanabinóide!), foi retirado do mercado por poder levar a
depressão e ideação suicida.

2.3.6. Mercado e acesso

Hoje, há 20 produtos à base de cannabis já autorizados pela Anvisa para


comercialização no Brasil, além da possibilidade de importar diretamente tantas outras
formulações, com prescrição médica.
Essa ainda é a via mais escolhida, pois nas farmácias o preço é mais alto e o produto
não é facilmente encontrado. O que é, aliás, um entrave, já que o farmacêutico, profissional que
deve orientar a população sobre o uso apropriado, não entra em cena. Empresas novas fazem o
meio de campo entre médico, remédio e paciente. É o caso da Cannect, startup criada em 2021
que oferece uma plataforma virtual para conectar essas três pontas. " Temos mais de 600
produtos e uma ferramenta que ajuda o profissional a escolher o melhor para cada situação
além de atuarmos com a importação ", resume Allan Paiotti, CEO da healthtech, que atendeu,
nos últimos seis meses 3 mil pessoas.
O florescimento do mercado é notável. E, enquanto uns se animam demais, outros têm
postura mais conservadora, como o Conselho Federal de Medicina (CFM), que aceita apenas o
uso compassivo nas epilepsias pediátricas, e só recentemente abriu consulta pública para rever
seu posicionamento. Enquanto isso, a indústria farmacêutica tenta conquistar um novo nicho. "
As inovações vão na linha de diminuir o frasco, aumentar a concentração e melhorar a
qualidade dos produtos ", diz Matheus Patelli, diretor da HempMeds Brasil, uma das pioneiras
no setor. Só que tanta efervescência tem seu efeito colateral negativo, a banalização e a
prescrição como solução miraculosa.
Nos Estados Unidos e em outros países, o canabidiol é comercializado como
suplemento alimentar, com pouca regulação , até em forma de balinha de goma, facilitando a
automedicação, que, mesmo que não seja perigosa, pode levar alguém a gastar dinheiro à toa
em vez de procurar assistência adequada para seu problema de saúde .
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Enquanto isso, os pesquisadores de e em dificuldades burocráticas. O lobby vem aí, e


vem forte: empresas gigantes, incluindo fabricantes de bebidas açucaradas, já estão investindo
em produtos enriquecidos com CBD que seriam mais " saudáveis ". Já assistimos a esse filme
antes, não? Com o aumento da concorrência, o custo médio do tratamento tem caído, mas
ainda é proibitivo para boa parte dos brasileiros. Como contraponto, as associações de cultivo
oferecem, por meio de autorizações da Justiça, o extrato a preços mais baixos - hoje são 50
entidades no país. Um dos desafios aqui é garantir a qualidade dos produtos oferecidos. Nesse
sentido, a Abrace Esperança, uma das principais vozes da área, com 35 mil beneficiários, criou
um sistema de controle próprio e se ajusta para fabricar o primeiro óleo certificado pela
Anvisa. " Todos os lotes são testados para garantir o teor dos canabinóides e a ausência de
contaminantes ", aponta Cassiano Gomes, fundador da Abrace. Para ele, contudo, a legislação
para as associações poderia ser mais branda, como a das farmácias vivas do Sistema Único de
Saúde (SUS), que permite no mesmo local o plantio, a extração e a dispensação de produtos
vindos de plantas medicinais.
Seja como for, a discussão precisa avançar, romper estigmas e se ancorar em ciência.
Só assim evitaremos que as promessas e o esforço de inúmeros pesquisadores e instituições
sérias virem fumaça.
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Ilustração: Rodrigo Damati / Foto: Maren Caruso - Getty Images / Tratamento de imagem:
Marisa Tomas/SAÚDE é Vital
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2.3.7. THC, mocinho ou bandido?


É essa substância que dá o efeito psicoativo da planta e, portanto, está associada a riscos
pelo uso recreativo abusivo. Não à toa, acabou sendo menos estudada que o outro principal
componente, o canadibidiol. Ⓒ A tendência, contudo, é que isso mude com o tempo, porque,
enquanto a ação do CBD é mais indireta, o THC atua diretamente nos receptores canabinóides
do organismo. Não é preciso atingir o estado “chapado” para obter benefícios, mas mesmo ele
poderia ser menos demonizado. " A atividade psicoativa pode promover bem estar e melhorar o
desejo e o apetite. Ela deveria ser vista não como vilã, mas como uma qualidade a ser
explorada ", diz o pesquisador Paulo Orlandi Mattos, da Unifesp.

2.3.8. Formas de administração


Veja como ela é empregada de maneira terapêutica:
 Solução oral: Com uma base de óleo, pode conter canabidiol, baixíssimas doses de
THC e outros princípios.
 Extrato artesanal: Parecido com a solução oral, mas extraído direto da planta. É o mais
barato.
 Cápsulas: Estão disponíveis, mas o aproveitamento no organismo é considerado mais
baixo. Cremes e loções: Um estudo recente mostrou que a qualidade da categoria deixa
a desejar.
 Vaporização: Aquecer a erva in natura parece um dos melhores jeitos de obter o efeito
analgésico.

2.3.9. A situação regulatória

Em 2019, a Anvisa criou uma norma especial para aprovar o comércio de produtos
derivados de cannabis sem indicação terapêutica específica, para indivíduos cujas opções
convencionais já se esgotaram. É uma norma de transição, que garante algum controle na
qualidade e na distribuição, mas não exige estudos completos de segurança e eficácia. A
próxima evolução legal deve envolver a liberação do cultivo controlado no país, defendido por
muitos especialistas, tanto pelo potencial econômico quanto pelo farmacológico. O Projeto de
Lei 399/2015, que trata dessa questão, está parado na Câmara dos Deputados há anos.
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Ilustração: Rodrigo Damati / Foto: Maren Caruso - Getty Images / Tratamento de imagem:
Marisa Tomas/SAÚDE é Vital
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2.3.10. Formas de administração

Veja como ela é empregada de maneira terapêutica:


 Solução oral: Com uma base de óleo, pode conter canabidiol, baixíssimas doses de
THC e outros princípios.
 Extrato artesanal: Parecido com a solução oral, mas extraído direto da planta. É o mais
barato.
 Cápsulas: Estão disponíveis, mas o aproveitamento no organismo é considerado mais
baixo. Cremes e loções: Um estudo recente mostrou que a qualidade da categoria deixa
a desejar. Vaporização: Aquecer a erva in natura parece um dos melhores jeitos de obter
o efeito analgésico.

2.3.11. A situação regulatória

Em 2019, a Anvisa criou uma norma especial para aprovar o comércio de produtos
derivados de cannabis sem indicação terapêutica específica, para indivíduos cujas opções
convencionais já se esgotaram. É uma norma de transição, que garante algum controle na
qualidade e na distribuição, mas não exige estudos completos de segurança e eficácia. A
próxima evolução legal deve envolver a liberação do cultivo controlado no país, defendido por
muitos especialistas, tanto pelo potencial econômico quanto pelo farmacológico. O Projeto de
Lei 399/2015, que trata dessa questão, está parado na Câmara dos Deputados há anos.

2.3.12. O uso recreativo

Ele é amplamente difundido no Brasil e no mundo, mas não dá para fumar um baseado
esperando obter benefícios terapêuticos. Primeiro porque não se sabe o nível de canabinóides
presentes nas plantas vendidas ilegalmente. Segundo porque fumar, seja tabaco, seja maconha,
faz mal à saúde, como comprovam diversos estudos. Entretanto, falar de ampliação do uso
medicinal sem discutir a legalização mais ampla da erva é ignorar todo um contexto social de
violência justificada pela "guerra às drogas", que tem custos à saúde pública, estigmatiza a
planta, inclusive na ciência, e segue marginalizando populações, em especial as pessoas negras
e pobres.

2.4. Metodologia
Este trabalho teve como finalidade a realização de uma pesquisa e estudo com o intuito
geral mostrar o lado positivo da planta e trabalhar o seu uso consciente para a sociedade;
perante a esse objetivo, para se ter respostas mais eficazes traçou-se os seguintes propósitos
específicos: o seu uso medicinal e o seu impacto positivo na sociedade.
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O tipo de pesquisa utilizada no presente trabalho foi descritivo e exploratório em


relação aos propósitos específicos: o seu uso medicinal e o seu impacto positivo na sociedade,
visto a popularização de seu uso recreativo de forma ilegal e não controlada pelo público
juvenil e a sua ilegalidade medicinal afetando as pessoas que precisam usufruir para
tratamentos de doenças.
Neste sentido a pesquisa tem um cunho exploratório envolvendo pesquisas e coletas de
dados referente a planta Cannabis, conhecida popularmente como maconha. Os procedimentos
de coletas de dados supracitados, foi através de pesquisas bibliográficas, documental e através
de informações de paginas em redes sociais sobre o tema.
A pesquisa descritiva tem como objetivo de descrever as características de um
fenômeno, e utiliza técnicas padronizadas de coletas de dados. Esta pesquisa apresentada teve
com a abordagem quali-quantitativa e teve como foco o estudo da plana Cannabis e o seu uso
medicinal e recreativo.
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REFERÊNCIAS
Site : https://www.cannabisesaude.com.br/o-que-e-cannabis/-
Revista: Veja Saúde- Cannabis medicinal: o que esperar dela?
https://saude.abril.com.br/medicina/cannabis-medicinal-o-que-esperar-dela/?
utm_campaign=later-linkinbio-veja_saude&utm_content=later-
29108732&utm_medium=social&utm_source=linkin.bio
Perfis de paginas em redes sociais:
@ubuntu_saude_integrativa
@cannabs_associacao
@highbreezybr
@cbdcannaja
@amanda.med2020
@girlsingreen710
@cannabishoje
@clinicagravital

ANEXOS (opcional)
(Materiais coletados por meio de pesquisas em diversas fontes)

Você pode anexar qualquer tipo de material ilustrativo, tais como tabelas, lista de abreviações,
documentos ou parte de documentos, resultados de pesquisas etc.
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APÊNDICES (opcional)
(Apêndices são criações do autor ou grupo de autores)

Apêndice A –

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